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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N° ACÓRDÃO I miii mil mil um mu um mu um m m *03466158* Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n° 9083568-53.2003.8.26.0000, da Comarca de Limeira, em que é apelante I G E IND E COM LTDA sendo apelado BANCO DO BRASIL S/A. ACORDAM, em 23 a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ROBERTO DE SANTANA (Presidente sem voto) , ELMANO DE OLIVEIRA E J. B. FRANCO DE GODÓI. São Paulo, 23 de março de 2011. SÉRGIO SHIMURA RELATOR

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Page 1: Tjsp des sérgio shimura   23ª câmara

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA

REGISTRADO(A) SOB N°

A C Ó R D Ã O I miii mil mil um mu um mu um m m *03466158*

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

Apelação n° 9083568-53.2003.8.26.0000, da Comarca de

Limeira, em que é apelante I G E IND E COM LTDA sendo

apelado BANCO DO BRASIL S/A.

ACORDAM, em 23a Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte

decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de

conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra

este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores PAULO ROBERTO DE SANTANA (Presidente

sem voto) , ELMANO DE OLIVEIRA E J. B. FRANCO DE

GODÓI.

São Paulo, 23 de março de 2011.

SÉRGIO SHIMURA RELATOR

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO N° 852

Apelação n. 991.03.078931-2

Comarca: LIMEIRA

Apelante: IRMÃOS GALZERANO INDÚSTRIA E COMÉRCIO

LTDA.

Apelado: BANCO DO BRASIL S/A

AÇÃO DE COBRANÇA - Contrato de desconto de bancário -

Duplicatas mercantis transferidas por endosso ao Banco -

Prorrogação do prazo de pagamento concedida pelo endossatário

que não desnatura o endosso. Transferência pro solvendo do

título de crédito - Responsabilidade do endossante pelo

pagamento das duplicatas vencidas e não pagas. RECURSO

DESPROVIDO.

Na ação de cobrança, proposta por

Banco do Brasil S/A contra Irmãos Galzerano Indústria e

Comércio Ltda., sobreveio sentença de procedência, cujo relatório

se adota, com base na responsabilidade do endossante pelas

duplicatas mercantis vencidas e não pagas.

|Ap. n" 991.03.078931-2 - 23a Câmara de Direito Privado - TJSP - voto 852 - akn|

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Inconformado, a ré vem recorrer,

sustentando, em resumo, que as duplicatas mercantis foram

transferidas por cessão civil e não por endosso, inexistindo

qualquer responsabilidade da cedente com relação ao crédito

cedido, pois houve transferência integral da relação jurídica

cedida. Aduz ainda que o autor, ao conceder a prorrogação do

prazo para pagamento do título, o sucedeu não apenas na

propriedade do título, mas também na relação jurídica, até porque

esta se deu sem a sua anuência.

Recurso devidamente processado e

respondido. É o relatório.

Trata-se de duplicatas mercantis

transferidas ao Banco por intermédio de contrato de desconto de

títulos em que se discute a natureza dessa transação, ou seja, se

os títulos foram transferidos por endosso ou por cessão de

crédito.

É necessário analisar a própria natureza

do contrato de desconto bancário. Com efeito, o "desconto

bancário é contrato pelo qual o banco, denominado descontador,

|Ap. n° 991.03.078931-2 - 23a Câmara de Direito Privado - TJSP - voto 852 - akn[

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

antecipa ao cliente, denominado descontário, o valor de crédito

deste (v.g., duplicatas) contra terceiros, ainda não vencido,

recebendo-o em cessão. Quando a instituição financeira paga o

crédito descontado ao cliente, deduz do valor total representativo

da cártula as "taxas" e os juros relativos ao lapso temporal entre a

data da antecipação e a do vencimento" ("Contratos bancários :

aspectos jurídicos e técnicos da matemática financeira para

advogados" - Lima, Roberto Arruda de Souza e Nishiyama,

Adolfo Mamoru - São Paulo : Atlas, 2007, p. 198).

E os mesmos autores, ao citarem os

principais elementos deste contrato, observam: "c) o cliente deve

endossar o título ao banco, sem, contudo, exonerar-se da divida

se o terceiro não quitar o título em seu vencimento. É por essa

razão que o banco não aceita a inserção, pelo descontário, da

cláusula 'sem garantia'. Assim, 'dá-se a cessão pro solvendo, de

sorte que se o terceiro não resgatá-la no tempo devido, quem o

descontou fica obrigado a restituir ao banco a importância dele

recebido por antecipação' (OLIVEIRA, 2006, P. 411)" (Lima,

Roberto Arruda de Souza e Nishiyama, Adolfo Mamoru, op. cit.,

p. 199).

|Ãp. n° 991.03X178931-2 - 23a Câmara de Direito Privado - TJSP - voto 852 - akn[

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO pÍlÍJl:

Portanto, é da natureza do próprio

contrato que os títulos sejam transferidos por endosso ao Banco,

que os adquire pro solvendo, ou seja, fica na dependência de

pagamento pelo devedor ao endossatário. Tal transação não

implica novação no que se refere à relação causai, que subsiste

com a relação cambiaria. Assim, a relação causai só se extingue

com o efetivo pagamento do título.

Ademais, como bem salientado pelo MM.

Juiz sentenciante, a prorrogação do prazo para pagamento

concedida pelo endossatário não tem o condão de desnaturar o

endosso, ainda que sem a anuência do endossante.

Do exposto, pelo meu voto, nego

provimento ao recurso.

SÉRGIO SHIMURA Desembargador Relator

^p . nQ 991.03.078931-2 - 23a Câmara de Direito Privado - TJSP - voto 852 - akn]

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