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www.cers.com.br TJ/BAHIA Direito Civil Luciano Figueiredo 1 Direito Civil Parte Geral Analista Judiciário Área Judiciária. Curso de Reta Final TJ/BA. Elaboração: Luciano L. Figueiredo 1 . Das Pessoas e sua Personalidade. Tema I 1. Personalidade Jurídica O que é? 2. Pessoa Natural Ente dotado de estrutura, complexidade biopsicológica. 2.1 Aquisição da Personalidade Jurídica pela Pessoa Natural Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Personalidade da Pessoa Física Requisitos Nascimento + Vida # Qual a natureza jurídica do registro da Pessoa Física? 2.2 Aquisição da Personalidade Jurídica pela Pessoa Jurídica Art. 45 Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do poder executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. #Qual a teoria adotada pelo CC/02? # Faz-se necessária alguma outra autorização? # Qual a natureza jurídica do registro da Pessoa Jurídica? 3.Princípio da Separação ou Independência ou Autonomia das Pessoas Físicas em Relação as Jurídicas Desprovido de artigo específico versando sobre ele no Código Civil, decorre da inteligência dos artigos 46, V e 1052, ambos do Código Civil. Art. 46. O registro declarará: V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. 3.1 Desconsideração da Pessoa Jurídica: (“Disregard Doutrine”) Código de Processo Civil (Informativo 282, STJ): Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens: I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando em poder de terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. Código Civil: Art. 50. Em caso de abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode

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Luciano Figueiredo

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Direito Civil

Parte Geral Analista Judiciário – Área Judiciária. Curso de

Reta Final TJ/BA. Elaboração: Luciano L. Figueiredo1.

Das Pessoas e sua Personalidade.

Tema I 1. Personalidade Jurídica O que é? 2. Pessoa Natural Ente dotado de estrutura, complexidade biopsicológica. 2.1 Aquisição da Personalidade Jurídica pela Pessoa Natural Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Personalidade da Pessoa Física Requisitos

Nascimento + Vida # Qual a natureza jurídica do registro da Pessoa Física? 2.2 Aquisição da Personalidade Jurídica pela Pessoa Jurídica Art. 45 – Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do poder executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

#Qual a teoria adotada pelo CC/02? # Faz-se necessária alguma outra autorização? # Qual a natureza jurídica do registro da Pessoa Jurídica? 3.Princípio da Separação ou Independência ou Autonomia das Pessoas Físicas em Relação as Jurídicas Desprovido de artigo específico versando sobre ele no Código Civil, decorre da inteligência dos artigos 46, V e 1052, ambos do Código Civil. Art. 46. O registro declarará: V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. 3.1 Desconsideração da Pessoa Jurídica: (“Disregard Doutrine”) Código de Processo Civil (Informativo 282, STJ): Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens: I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando em poder de terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. Código Civil: Art. 50. Em caso de abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode

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o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. O CC adota uma teoria maior e objetiva. E os outros ramos do direito? # A jurisprudência do STJ tem diferenciado a “teoria maior” da “teoria menor” da desconsideração da pessoa jurídica: (Idem no Informativo 415, STJ). Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público.Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º. - Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, possui o Órgão Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de origem comum. - A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). - A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e

no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica. - A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. - Recursos especiais não conhecidos. (RESP 279.273/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI,TERCEIRA TURMA, julgado em 04.12.2003, DJ 29.03.2004 p. 230) - Como fica no CDC? # Questões polêmicas sobre desconsideração: a) Extingue a pessoa jurídica? b) Pode atingir qualquer modalidade de pessoa jurídica? (Enunciado 284, CJF) c) Pode ser pela própria pessoa jurídica? (Enunciado 285, CJF) d) Cabe na modalidade indireta ou inversa? (Enunciado 283 do CJF) O Superior Tribunal de Justiça admitiu a hipótese, afirmando que “Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização indevida do ente

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societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/2002, ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os requisitos previstos na norma. A desconsideração da personalidade jurídica configura-se como medida excepcional. Sua adoção somente é recomendada quando forem atendidos os pressupostos específicos relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/2002. REsp 948.117 (Info 440)” e) Tem prazo? O STJ decidiu em 2011 que não há prazo decadencial para pleitear a desconsideração, pois se trata de um direito potestativo sem prazo para o seu exercício. Dessa forma, é possível que a desconsideração ocorra em qualquer fase do processo. Aliás, o projeto do novo Código de Processo Civil prevê, atév mesmo, um incidente de desconsideração, para ser assegurado o devido processo legal. Vide o REsp 1.180.191/RJ (Informativo 468). 4. Nascituro É aquele já concebido e ainda não nascido, dotado de vida intrauterina. Como fica a personalidade? Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 4.1 Direitos Conferidos ao Nascituro a) o nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida e direitos da personalidade, proteção pré-natal). b) pode receber doação aceita pelo seu representante (curador);

Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal. c) pode ser beneficiado por herança Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. d) pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877, 878 do CPC e art. 1779 do CC); Art.877 - A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do Ministério Público, mande examiná-la por um médico de sua nomeação. §1º - O requerimento será instruído com a certidão de óbito da pessoa, de quem o nascituro é sucessor. §2º - Será dispensado o exame se os herdeiros do falecido aceitarem a declaração da requerente. §3º - Em caso algum a falta do exame prejudicará os direitos do nascituro. Art.878 - Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença, declarará a requerente investida na posse dos direitos que assistam ao nascituro. Parágrafo único Se à requerente não couber o exercício do pátrio poder, o juiz nomeará curador ao nascituro. Art. 1.779. Dar-se-á curadora o nascituro, se o paifalecer estando grávida a mulher, e nãotendo o poder familiar. Parágrafo único. Se a mulheres tiver interdita, seu curador será o do nascituro. e) O STJ já deferiu danos morais ao nascituro em mais de uma oportunidade: 1. STJ/ 4 Turma/ Resp 399028/SP/ Rel Min Sálvio de Figueiredo/ Data: 26.02.02: “DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA.

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NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Nos termos da orientação da Turma, o direito à indenização por dano moral não desaparece com o decurso de tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na fixação do quantum. II - O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. III - Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional.”(STJ, QUARTA TURMA, RESP 399028 / SP ; RECURSO ESPECIAL 2001/0147319-0, Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Julg. 26/02/2002, DJ 15.04.2002 p.00232) 2. STJ / 3 Turma / RESP: 9315566/RS / Rel Min Nancy Andrighi / 17/06/2008: RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. MORTE. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. FILHO NASCITURO. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. DIES A QUO. CORREÇÃO MONETÁRIA. DATA DA FIXAÇÃO PELO JUIZ. JUROS DE MORA. DATA DO EVENTO DANOSO. PROCESSO CIVIL. JUNTADA DE DOCUMENTO NA FASE RECURSAL. POSSIBILIDADE, DESDE QUE NÃO CONFIGURDA A MÁ-FÉ DA PARTE E OPORTUNIZADO O CONTRADITÓRIO. ANULAÇÃO DO PROCESSO. INEXISTÊNCIA DE DANO. DESNECESSIDADE. - Impossível admitir-se a redução do valor fixado a título de compensação por danos morais em relação ao nascituro, em comparação com outros filhos do de cujus, já nascidos na ocasião do evento morte, porquanto o fundamento da compensação é a existência de um sofrimento impossível de ser quantificado com precisão. - Embora sejam muitos os fatores a considerar para a fixação da satisfação

compensatória por danos morais, é principalmente com base na gravidade da lesão que o juiz fixa o valor da reparação. - É devida correção monetária sobre o valor da indenização por dano moral fixado a partir da data do arbitramento. Precedentes. - Os juros moratórios, em se tratando de acidente de trabalho, estão sujeitos ao regime da responsabilidade extracontratual, aplicando-se, portanto, a Súmula nº 54 da Corte, contabilizando-os a partir da data do evento danoso. Precedentes - É possível a apresentação de provas documentais na apelação, desde que não fique configurada a má-fé da parte e seja observado o contraditório. Precedentes. - A sistemática do processo civil é regida pelo princípio da instrumentalidade das formas, devendo ser reputados válidos os atos que cumpram a sua finalidade essencial, sem que acarretem prejuízos aos litigantes. Recurso especial dos autores parcialmente conhecido e, nesta parte, provido. Recurso especial da ré não conhecido. Obs.: E o Natimorto? Enunciado 01 (Jornadas de Direito Civil – CJF): “Art. 2º. A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”.

Questões

01. (2011 - TJ-ES - Analista Judiciário) Certo ou errado? De acordo com a sistemática adotada pelo Código Civil, a personalidade da pessoa natural tem início com o nascimento com vida. Por outro lado, no que tange às pessoas jurídicas de direito privado, em especial as sociedades, a personalidade tem início com a formalização de seus atos constitutivos, mediante a assinatura do contrato social pelos seus sócios ou fundadores. 02. (2013 - TJ-RR/Adaptada). Certo ou errado?

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A proteção que o Código Civil/2002 confere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos não estão incluídas no conceito de abuso da personalidade jurídica e, portanto, não sofrem incidência da chamada teoria da desconsideração da personalidade jurídica. A pessoa física é o ente dotado de estrutura e complexidade biopsicológica, capaz de praticar os atos da vida civil. Nesse contexto, é correto afirmar que o Código Civil/2002 ainda trata da pessoa física como o ente biologicamente criado, não englobando, portanto, os métodos artificiais de criação, como a fertilização in vitro e a inseminação artificial. 03. (2012 - TJ-RO/Adaptada). Certo ou errado? O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica caracteriza abuso da personalidade. O passar do tempo não consolida a personalidade de associação se houver defeito no ato constitutivo. Os direitos da personalidade não são concedidos ao natimorto, somente ao nascituro. Resposta: Errado O nascituro possui direitos aos danos morais pela morte do pai mesmo sem conhecê-lo. Resposta: Certo 04. (2012 - TJ-BA/Adaptada) Certo ou errado? As novas disposições sobre a desconsideração da personalidade jurídica constantes no Código Civil implicaram mudança nas disposições relativas a essa matéria constantes no CDC.

Domicílio e Bens Jurídicos.

Tema II

Domicílio 1. Introdução 2. Domicílio da Pessoa Natural 2.1 Domicílio Pessoal Domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde estabelece residência com ânimo definitivo. Art. 70 do CC: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. # Morada, Residência e Domicílio: Distinções Necessárias > MORADA é provisória. > RESIDÊNCIA: pressupõe maior estabilidade. É o lugar onde a pessoa natural se estabelece habitualmente. > DOMICÍLIO: (art. 70, CC) O domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo. Requisitos: a) Objetivo: local onde a pessoa estabelece residência (habitualidade) b) Subjetivo: intenção de ficar – animus definitivo. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 2.2 Domicílio Profissional Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 2.3 Domicílio Aparente ou Ocasional

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O Domicílio aparente ou ocasional está previsto no art. 73 do NCC, que mantém a mesma ideia do art. 33 do CC anterior: “considerar-se-á domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada” - Cria-se uma “aparência de domicílio”. 3. Domicílio da Pessoa Jurídica de Direito Público e Privado Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. 4. Classificação do Domicílio 4.1 Domicílio Voluntário ou Convencional Decorre de ato de vontade, e se subdivide em: a)Geral b) Especial ou de eleição (art 78, CC / 111, CPC / 424 CC / 51 e 101 CDC) Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes Art.111 - A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção

das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. §1º - O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. §2º - O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 4.2 Domicílio Legal ou Necessário Decorre de mandamento da lei, em atenção à condição especial de determinadas pessoas. Nesse sentido, leiam-se os seguintes artigos: Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federalou no último ponto do território brasileiro onde o teve.

Questões 05. (FGV- MP/ MS- 2012 – Analista). Felipe reside e é proprietário de uma casa em Salvador. Ele recebeu uma proposta de trabalho irrecusável e decidiu se mudar para Campo Grande- MS, onde residirá e trabalhará em Dourados, cidade próxima de Campo Grande, deixando a casa de Salvador fechada. Após despachar todos os seus pertences para Campo Grande- MS viaja de carro, pernoitando em Brasília. Chegando a Campo Grande – MS, só teve uma semana para arrumar a casa nova,

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pois já começa a trabalhar em Dourados como advogado. Considerando o Contexto fático apresentado, assinale a afirmativa correta. a) Felipe mudou de morada ao se transferir para o Campo Grande – MS. b) Felipe está domiciliado em Brasília, pois pernoitou nesta cidade. c) Felipe não tem domicilio profissional em Dourados, apesar de trabalhar nesta cidade. d) Felipe ainda está domiciliado em Salvador, pois possui imóvel nesta cidade. e) Felipe alterou seu domicilio de forma voluntária, ao se transferir para Campo Grande - MS . 06. (FGV - TRE-PA- Analista Judiciário) Pessoa jurídica de direito privado com estabelecimento na cidade de Belém, no Pará, onde se reúne a diretoria, possuindo outros estabelecimentos em municípios de diversos Estados e em Brasília, tem por domicílio a) qualquer cidade do País onde tiver realizado negócios. b) necessária e exclusivamente a cidade de Belém, no Pará. c) cada uma das capitais dos Estados em cujos Municípios possuir estabelecimentos. d) cada um dos estabelecimentos para os atos nele praticados. e) Brasília, por ser a Capital Federal.

Bens Jurídicos 1. Conceito e Pilares Classificatórios

Questões

07. (2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária) Assinale a opção correta em relação a bens. a) O direito à sucessão aberta é considerado, por disposição legal, um bem imóvel. b) A universalidade de fato refere-se ao conjunto de bens singulares corpóreos ou incorpóreos, aos quais a norma jurídica confere unidade.

c) Bens infungíveis são aqueles suscetíveis de substituição por outro da mesma espécie d) A indivisibilidade dos bens somente ocorre por sua natureza ou por determinação legal. e) Aquilo que poderia ser mantido intencionalmente no imóvel, para sua exploração, aformoseamento ou comodidade, como, por exemplo, o trator, é considerado pelo Código Civil bem imóvel por acessão intelectual. 08. (FGV - TRE-PA - Analista Judiciário) Maria foi buscar seu filho na Escola Estadual Pereira Flores, passando pela Avenida das Rosas. No caminho, passou pelo prédio do Tribunal Regional Eleitoral e pela Praça das Árvores Frondosas, que fica em frente a um terreno desocupado de propriedade do Estado do Pará. De acordo com o Código Civil, a escola, a avenida, o prédio do TRE, a praça e o terreno são bens públicos, respectivamente classificados como a) especial, especial, especial, de uso comum do povo, dominical. b) de uso comum do povo, especial, dominical, de uso comum do povo, dominical. c) dominical, de uso comum do povo, de uso comum do povo, especial, de uso comum do povo. d) de uso comum do povo, de uso comum do povo, especial, de uso comum do povo, dominical. e) especial, de uso comum do povo, especial, de uso comum do povo, dominical.

Negócios Jurídicos

Tema III 1. Conceito de Negócio Jurídico 2. Planos dos Negócio Jurídico

Questões

09. (2013 – MPE-SE – Analista) Em relação à nulidade e à anulabilidade dos negócios jurídicos: a) A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de

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ofício; só os interessados a podem alegar, beneficiando exclusivamente aos que a alegarem, salvo os casos de solidariedade ou indivisibilidade. b) O negócio nulo pode ser confirmado ou ratificado pelas partes, salvo direito de terceiro. c) É anulável o negócio jurídico por vício resultante de erro, dolo, coação e simulação, além de outros casos previstos expressamente em lei. d) Pode-se reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou-se a um incapaz, desde que se reclame diretamente a seu representante legal. e) Para eximir-se de uma obrigação contraída irregularmente, basta ao menor entre dezesseis e dezoito anos invocar a sua idade, em qualquer situação ou circunstância, o que o isentará de responsabilidade. 10. (2007 - TJ-PE - Analista Judiciário) O negócio jurídico NÃO é nulo quando: a) for preterida alguma solenidade que a lei considera essencial para sua validade. b) for indeterminável o seu objeto. c) celebrado por pródigos. d) o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito. e) não revestir da forma prescrita em lei. 11. (FGV - TJ/GO –Analista). Vanildo, ciente de que seu veículo apresentava sério problema no motor, que se manifestaria a qualquer momento, cujo conserto seria quase o valor do carro, colocou-o à venda. Eduardo, tomando conhecimento de que o carro seria vendido, procurou Vanildo, que disponibilizou totalmente o automóvel para que Eduardo o experimentasse e o analisasse. Por fim, Eduardo realizou a compra, mantendo-se Vanildo em silêncio quanto ao problema no motor. É correto afirmar que esse negócio jurídico é: a) inexistente; b) nulo de pleno direito; c) ineficaz; d) anulável; e) perfeitamente válido. 12. (FGV – Analista - MP/MS – 2012 ).

Pedro, insolvente notório, sabendo que não terá condições de arcar com o pagamento de todas as suas dívidas, resolve vender todos os seus bens com o objetivo de causa prejuízos aos seus credores, impossibilitado—os de receber o respectivo créditos. a) Lesão b) Dolo c) Estado de Perigo d) Fraude Contra Credores e) Simulação 13. (2012 - TJ-PA - Analista)Pedro, percebendo que seu patrimônio seria consumido pelas dívidas que havia contraído com Marcos, decidiu doar ao seu irmão, sem qualquer encargo, seu único imóvel. Considerando-se essa situação hipotética, é correto afirmar que a) Marcos somente poderá promover a anulação da doação se houver ação executiva em andamento. b) qualquer credor de Pedro poderá promover a anulação da doação. c) não é necessária a demonstração da má-fé do irmão, para que Marcos anule a doação. d) o negócio realizado é, à luz do Código Civil, ineficaz em relação a Marcos. e) não é necessário, para anular a doação, que Marcos demonstre que o prejuízo por ele sofrido tenha dela decorrido. 14. (2012 - TJ-RR – Analista) Com base no Código Civil e na jurisprudência pertinente, julgue os itens seguintes, relativos à personalidade jurídica e aos negócios jurídicos. A coação consiste em defeito do ato jurídico que vicia a declaração de vontade e incute no paciente o fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família ou a seus bens. Em consequência, a pessoa jurídica não pode ser vítima da coação. 15. (2013 - TJ-DF - Analista Judiciário - Área Judiciária). Considere que Roberto, com o objetivo de fraudar seus credores, tenha alienado

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seus bens a Flávio. Nessa situação, o prazo decadencial para que esse negócio seja anulado será contado do dia em que os credores tiverem ciência da alienação dos bens. 16. (2013 - TJ-DF - Analista Judiciário - Área Judiciária). Considere que Cláudio tenha vendido seu veículo, por R$ 35.000,00, à sua irmã Matilde. Nessa situação hipotética, o negócio jurídico é classificado como aquisição por ato inter vivos, derivada, bilateral, a título oneroso e consensual. 17. (2013 - TJ-PB/Adaptado). Certo ou errado: O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. A coação exercida por terceiro não é capaz de viciar o negócio jurídico. Constatada a existência de fraude contra credores, o negócio jurídico é nulo. O dolo acidental é anulável. Resposta: Errado A lesão ocorre quando alguém, premido da necessidade de salvar-se de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Resposta: Errado

Prescrição e Decadência Tema IV

1. Noções Introdutórias O tempo, como fato jurídico natural. Análise do tema em correlação com as modalidades de direitos e ações. 2. Conceitos

Questões 18. (FGV - TJ/GO – 2014 – Analista).

Em virtude de contrato de Seguro Saúde, Silvio, após submeter-se a uma cirurgia de emergência, solicitou a restituição das despesas médicas e hospitalares à seguradora. A resposta negativa à restituição por parte da seguradora foi enviada a Silvio sete meses depois da cirurgia, o que o levou a contratar um advogado para que fossem tomadas as devidas providências. A ação objetivando a condenação da Seguradora a reembolsar os valores gastos com a cirurgia foi ajuizada oito meses após a data da ciência da recusa da seguradora. Considerando que o prazo prescricional para o exercício do direito do segurado é de um ano, é correto afirmar que: a) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data da cirurgia; b) transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia posterior à data da cirurgia; c) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início no dia que Silvio tomou ciência da recusa da seguradora em reembolsar os valores; d) não transcorreu o prazo prescricional, cujo cômputo teve início na data do ajuizamento da ação; e) não transcorreu o prazo prescricional, pois em caso de enfermidade o cômputo é em dobro. 19. (TJ – 2013 - Analista). Considere as seguintes situações hipotéticas: I. Minerva emprestou R$ 10.000,00 para sua amiga Glaucia, uma vez que a mesma necessitava saldar despesas hospitalares de seu filho. As amigas celebraram confissão de dívida assinada por duas testemunhas idôneas, dívida esta não saldada por Glaucia. II. Lurdes Maria é contadora. No ano de 2012, Lurdes prestou seus serviços profissionais para a Família Silva, elaborando as declarações de imposto de renda do Sr. e Sra. Silva, bem como de seus dois filhos, cobrando pelos serviços o valor de quatro salários mínimos. A família Silva não efetuou o pagamento dos serviços de Lurdes Maria. III. Hortência alugou seu conjunto comercial para Amanda que está lhe devendo R$

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20.000,00 pelo não pagamento do aluguel referente aos últimos quatro meses. Nestes casos, de acordo com o Código Civil brasileiro, em regra, prescreverá em cinco anos, APENAS a) as pretensões de Minerva e Hortência. b) as pretensões de Lurdes Maria e Hortência. c) as pretensões de Minerva e Lurdes Maria. d) a pretensão de Minerva. e) a pretensão de Hortência. 20. (2013 - TJ-MA/Adaptada) Certo ou errado: A pretensão de a vítima de acidente automobilístico acionar a seguradora pelo seguro DPVAT prescreve em um ano. 21. (2013 - TJ-PB - Analista) . Certo ou errado? A suspensão da prescrição só pode ocorrer uma vez. Em regra, o prazo decadencial é interrompido por protesto cambial. A renúncia à prescrição pode ocorrer mesmo antes de sua consumação. Os prazos de prescrição podem ser alterados somente por acordo das partes. A pretensão relativa à tutela prescreve em quatro anos, a contar da data da aprovação das contas. 22. (2012 - TJ-AL/Adaptada). Certo ou errado?. Os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes, desde que haja homologação judicial. A prescrição só pode ser alegada em primeiro grau de jurisdição. A prescrição iniciada contra uma pessoa não

continua a correr contra o seu sucessor, pois a fluência do prazo prescricional deve ser reiniciada no momento da sucessão. A renúncia da prescrição pode ser tácita, que ocorre quando se presume de fatos do interessado incompatíveis com a prescrição. 23. (2012 - TJ-AL/Adaptada) Certo ou errado: Apenas a parte beneficiada pode renunciar à decadência, desde que o prazo decadencial esteja fixado em lei. Ao contrário do que ocorre com os prazos prescricionais, é vedado ao juiz, de ofício, conhecer da decadência, ainda que esta esteja estabelecida por lei. Tratando-se de decadência convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, vedando-se ao juiz suprir a alegação. Conforme previsão do Código Civil, em regra, aplicam-se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. 24. (TJ-SC - Analista Jurídico). Segundo o Código Civil, o prazo de quatro anos para o interessado pleitear a anulação de negócio jurídico originado de coação é considerado: a) Decadencial b) Peremptório c) Preclusivo d) Condicional e) Prescritivo

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GABARITO

1. ERRADO

2. CERTO, ERRADO E ERRADO

3. ERRADO, ERRADO, ERRADO E CERTO

4. ERRADO

5. E

6. D

7. A

8. E

9. A

10. C

11. D

12. D

13. C

14. ERRADO

15. ERRADO

16. CERTO

17. CERTO, ERRADO, ERRADO E ERRADO

18. C

19. C

20. ERRADO

21. ERRADO, ERRADO, ERRADO, ERRADO E CERTO

22. ERRADO, ERRADO, ERRADO E CERTO

23. ERRADO, ERRADO, CERTO E ERRADO

24. A