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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Tiago de Melo Araujo ACOMPANHAMENTO DE USUÁRIOS DE APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL EM UM SERVIÇO DE SAÚDE AUDITIVA: MOTIVOS DO RETORNO E CONDUTAS ASSOCIADAS MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA São Paulo 2010

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Page 1: Tiago de Melo Araujo ACOMPANHAMENTO DE USUÁRIOS DE ... de Melo... · Aos meus pais, Nelson e Sílvia, pelo amor, educação, apoio, dedicação ... Foi um prazer ser seu aluno e

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Tiago de Melo Araujo

ACOMPANHAMENTO DE USUÁRIOS DE APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL EM UM

SERVIÇO DE SAÚDE AUDITIVA: MOTIVOS DO RETORNO E CONDUTAS ASSOCIADAS

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

São Paulo 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Tiago de Melo Araujo

ACOMPANHAMENTO DE USUÁRIOS DE APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL EM UM

SERVIÇO DE SAÚDE AUDITIVA: MOTIVOS DO RETORNO E CONDUTAS ASSOCIADAS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como

exigência parcial para obtenção do título de MESTRE

em Fonoaudiologia, sob a orientação da Profa. Dra.

Beatriz Cavalcanti de Albuquerque Caiuby Novaes.

São Paulo 2010

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Araujo, Tiago de Melo. Acompanhamento de Usuários de Aparelhos de Amplificação Sonora

Individual em um Serviço de Saúde Auditiva: motivos do retorno e condutas associadas / Tiago de Melo Araujo. – São Paulo, 2010. 105f.

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia. Área de Concentração: Clínica Fonoaudiológica. Linha de Pesquisa: Audição na Criança. Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Cavalcanti de Albuquerque Caiuby Novaes.

Hearing Aids Users Follow-up in a Hearing Health Service: reasons to return

and conduct associated 1. Auxiliares de Audição 2. Continuidade da Assistência ao Paciente 3.

Necessidades e Demandas de Serviços de Saúde

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução parcial ou total desta dissertação através de fotocópias ou meios

eletrônicos

________________________________ Tiago de Melo Araujo

São Paulo, novembro de 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia

Coordenadora do Curso de Pós-Graduação

Profa. Dra. Léslie Piccolotto Ferreira

Vice-coordenadora do Curso de Pós-Graduação

Profa. Dra. Dóris Ruth Lewis

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Tiago de Melo Araujo

ACOMPANHAMENTO DE USUÁRIOS DE APARELHOS DE

AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL EM UM SERVIÇO DE

SAÚDE AUDITIVA: MOTIVOS DO RETORNO E CONDUTAS ASSOCIADAS

Banca examinadora:

_______________________________________

Profa. Dra. Beatriz C. A. C Novaes

_______________________________________

Profa. Dra. Beatriz de Castro Andrade Mendes

_________________________________

Profa. Dra. Maria Cecília Martinelli Iório

_________________________________

Profa. Dra.

_________________________________

Profa. Dra.

Aprovada em: ___/___/___

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A Deus, por me guiar, proteger e permitir a realização deste sonho. Obrigado pela

força, meu pai !!! Consegui !!!

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Aos meus pais, Nelson e Sílvia, pelo amor, educação, apoio, dedicação, enfim, por

serem o que de mais importante tenho nesta vida.

Amo vocês !!!

Ao meu irmão Thomaz, meu grande e maior amigo, tenho muito orgulho de

você, cara !!! Obrigado pela força !!!

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A minha orientadora, Profa Dra Beatriz Novaes, pessoa querida que acreditou no

meu potencial. Obrigado pelos ensinamentos, pela força

nos momentos difíceis, pela compreensão, carinho, e por contribuir enormemente

com o meu crescimento pessoal e profissional.

Jamais esquecerei o ser humano brilhante que és !!!

Obrigado por tudo !!!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e por estar sempre comigo.

À Profa Dra Beatriz C. A. C. Novaes, minha orientadora, pela

disponibilidade, carinho e acolhimento. Nunca esquecerei a confiança

que depositou em mim, seus ensinamentos, sua dedicação e o apoio nos

momentos mais importantes, sempre me incentivando para que eu

seguisse firme em meu objetivo.

À Profa Dra Beatriz de Castro Andrade Mendes, pela participação

durante todo este trabalho, por suas brilhantes idéias, seu carinho, simpatia

e por despertar em mim a paixão profissional dentro de um Serviço de

Saúde Auditiva. Bia querida, você é o máximo! Obrigado por tudo o que

fez por mim!

À Profa Dra Maria Cecília Martinelli Iório, por toda sua atenção,

disponibilidade e significativas reflexões na Banca de Qualificação. Espero,

em breve, compartilharmos mais idéias.

À Mestre Fga. Maria Carolina Versolatto Cavanaugh, pela amizade,

contribuição na pré-qualificação e dia-a-dia de aprendizados durantes os

atendimentos em Audiologia Infantil. Você é um verdadeiro exemplo de

profissionalismo.

À Mestre Fga. Marina Morettin, pela amizade, contribuição no período

de pré-qualificação e por todos os ensinamentos em Saúde Pública.

À Profa Dra Maria Angelina Nardi de Souza Martinez, por incentivar

minha vinda à São Paulo em busca do aperfeiçoamento profissional. Suas

explicações, ensinamentos e o amor a Fonoaudiologia ficarão registrados.

A oportunidade em realizar o estágio docência ao seu lado foi magnífica.

À Profa Dra Dóris Ruth Lewis, pelo carinho e por estar sempre disposta

a ajudar. Admiro seu trabalho, inteligência e garra.

Page 11: Tiago de Melo Araujo ACOMPANHAMENTO DE USUÁRIOS DE ... de Melo... · Aos meus pais, Nelson e Sílvia, pelo amor, educação, apoio, dedicação ... Foi um prazer ser seu aluno e

À Profa Dra Luísa Barzaghi Ficker, pelos ensinamentos durante os

atendimentos aos nossos pacientes no CeAC.

À Profa Dra Ana Cláudia Fiorini, pelas aulas e ensinamentos preciosos

sobre Epidemiologia. Obrigado pelo carinho que sempre demonstrou por

mim. Gosto demais de você!

À Profa Dra Maria Cecília Bevilacqua, por toda a garra em benefício

da Fonoaudiologia. Foi um prazer ser seu aluno e compartilhar de seus

ensinamentos sobre Políticas Públicas em Saúde.

Ao Prof. Dr. Orozimbo Costa Filho, por demonstrar o amor pelo ensino.

Agradeço pelos conhecimentos sobre Eletroneurofisiologia da Audição e

Implante Coclear.

Á Profa Dra Iêda Chaves Pacheco Russo, por estar sempre disposta a

ajudar, compartilhar e motivar. Minha admiração será eterna!

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em

Fonoaudiologia por despertarem em mim o amor pelo ensino e pela

pesquisa. Obrigado à Profa Dra Regina Freire, Profa Dra Silvia Friedman,

Profa Dra Teresa Momensohn, Profa Dra Maria Cláudia Cunha, Profa Dra

Léslie Piccolotto e ao Prof. Dr. Luiz Augusto Souza (Tuto).

À fonoaudióloga e amiga Tatiane Alencar Silva, minha parceira

incondicional durante todo o mestrado. Obrigado pela amizade

verdadeira, momentos divertidos, atendimentos juntos, discussões sobre

nossos estudos e força dada a cada instante. Além de amigo, sou seu fã!

Ás fonoaudiólogas mestres Aline Pessoa, Bruna Marcondes, Renata

Figueiredo e Renata Padilha, pelos conhecimentos adquiridos durante

nossos atendimentos e apoio durante toda esta caminhada. Vocês são

pessoas queridas e excelentes profissionais!

Às fonoaudiólogas mestres Elisa Hopman, Mabel Gonçalves, Lílian

Pereira, Juliana Habiro, Edlene Ralo, Millena Nóbrega, Lia Hoshii, Talita

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Donini, Gabriela Ivo, Isabela Andrade, Kilza Arruda, Michele Picanço,

Nayara Costa, Monique Lopes e às fonoaudiólogas Érika Laperuta e Laysa

Barbosa, parceiras do mestrado, agradeço pelo apoio constante de todas

vocês, as trocas de idéias, papos divertidos, trabalhos desenvolvidos e

disponibilidade. Vocês são inesquecíveis!

Às fonoaudiólogas Natally Ribeiro, Mabile Silva, Glícia Ribeiro, Edlayne

Borges, Hélen Kopper, Kely Cordeiro, Natália Ramos, Daniela Bento, Daniela

Siqueira, Taíse Argolo e Bárbara Rosa, amigas e parceiras durante toda esta

trajetória. Obrigado por tudo!

Às fonoaudiólogas das empresas de AASI, em especial às queridas

Patrícia de Rissio, Elisabetta Radini e Fabiana Camillo, exemplos de

profissionalismo!

À galera da graduação, em especial, Jackeline Detullio, Camila

Santos, Ana Luíza Marques, Juliana Shoji, Cláudia Esquilante, Hádassa

Batista e Ana Luísa Cavalieri.

À Marilei e ao Caio, secretários do CeAC, sempre parceiros! Foi um

prazer trabalhar com vocês!

À Margarida, Cris, Fernanda, Jéssica e Ciça, secretárias da DERDIC,

por todo o apoio durante a minha pesquisa. Vocês são pessoas

maravilhosas!

À Sueli e Priscila, do setor de prontuários da DERDIC, que me ajudaram

imensamente durante o período de coleta de dados. Muitíssimo obrigado!

À Virgínia, secretária da Pós-Graduação em Fonoaudiologia da PUC-

SP, uma pessoa de coração imenso. Obrigado por tudo o que você fez por

mim!

Aos meus pais Nelson e Sílvia e ao meu irmão Thomaz. Minha família,

meu porto seguro!

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Aos meus tios Antônio Carlos e Eliana, por todo o suporte durante

minha estadia em São Paulo. Sou muito grato a tudo o que fizeram por

mim, pois sem vocês talvez não conseguisse ir tão longe.

Aos meus primos queridos Caio e Ana Luísa, por serem parceiros,

amigos, divertidos e estarem comigo nos bons e nos maus momentos. A

força de vocês foi essencial.

Aos meus avós José Bastos e Nelsa (in memorian), que mesmo em

outro plano, tenho certeza, mandaram energia positiva e torceram muito

por mim. Amor e saudade!

Aos meus avós Messias e Martha, queridos que me apóiam, torcem e

me amam verdadeiramente. É recíproco!

Aos meus tios Benedito e Nelma, e aos meus primos Daniel e Davi,

pessoas maravilhosas que sempre estiveram comigo. O meu amor a vocês!

Aos meus tios José Nelson e Iany, e a minha prima Juliana, o meu

agradecimento por serem pessoas tão especiais, amo muito vocês!

A minha cunhada Liane, uma querida! Muito orgulho por tê-la em

nossa família! Obrigado pela força!

A querida Fran, por cuidar tão bem de mim durante as férias em

Fortaleza. Gente boa demais!

As fonoaudiólogas e amigas Bruna Gabriela Porto, Patrícia Pereira,

Carolina Bruno e Ana Paula Corrêa pela amizade sincera desde a

graduação na UNIFOR. Amo demais!

Às fonoaudiólogas e amigas Juliana Mota, Ana Roberta Pimentel,

Rafaela Brasil, Rachel Cassiano, Nívea Nóbrega, Elaine Fernandes e Melissa

Pinheiro, por estarem sempre presentes!

Ao Jonny, pessoa que, mesmo na distância, é presente em todos os

momentos. Sintonia eterna, conte sempre comigo!

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À querida Dona Celina, que mora no meu coração. Tenho um carinho

muito especial por você! Obrigado pela força e pelos papos nos

momentos mais difíceis!

Aos queridos amigos, Lenin e Sandra Elís, pessoas por quem tenho a

mais profunda admiração. A força de vocês foi tudo!

Aos AMIGOS de Fortaleza: Ana Flávia Facundo, Priscilla Pontes, Lia

Anjos, Carol Anjos, Lisiane Lopes, Lorena Lopes, Gislane Cavalcante, Thaís

Toscano, Ticiana Mesquita, Fabiana Mesquita, Luciana Mesquita, João

Verçosa, Adelmo Freitas, Gledson Araujo, Humberto Mascarenhas, Bruno

Paulino... a energia positiva de vocês se transformou em combustível para

que eu vencesse mais essa!

À Carmen Saldiva, pela análise estatística realizada no trabalho.

À Claudia Perrotta, pela belíssima revisão do português.

À Jane, pela excelente formatação feita no trabalho.

À Capes, pela bolsa de estudos concedida.

À DERDIC, por possibilitar e permitir a realização desta pesquisa.

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RESUMO

Introdução: A problemática da deficiência auditiva mobilizou profissionais da saúde, culminando na instituição da PNASA (2004), que garantiu atendimento integral aos deficientes auditivos. Assim, os pacientes são submetidos há uma série de procedimentos durante o processo de seleção e adaptação do AASI por meio de um serviço de atenção à saúde auditiva credenciado. Após quase seis anos de implantação da PNASA, cresce o número de pacientes que solicitam retorno aos serviços, e muitas vezes este retorno está relacionado há procedimentos simples que podem ser prontamente realizados em benefício destes pacientes. Esta questão idealizou a organização de uma agenda de Pronto Atendimento como estratégia para atender esta demanda. Objetivo: Estabelecer as características demográficas e audiológicas, identificar e analisar os motivos do retorno e as respectivas condutas, assim como relacionar a referida análise com as variáveis: tempo de uso do AASI e intervalo de tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento. Método: Participaram do estudo 440 sujeitos que atenderam aos critérios de seleção da pesquisa, realizada na DERDIC durante o período de quatro meses. Estes pacientes, que solicitaram retorno ao serviço, foram atendidos por meio do Pronto Atendimento, e os dados coletados por meio de ficha específica elaborada pelos pesquisadores. A análise de resultados foi realizada, considerando-se: dados demográficos e audiológicos dos sujeitos, o motivo do retorno e as condutas geradas. Resultados: Com relação às características demográficas e audiológicas dos 440 sujeitos, verificamos que: 58,6% eram do gênero feminino, 38,4% eram idosos (acima de 60 anos), 40,4% possuíam nível de escolaridade no ensino fundamental incompleto, 47% tinham grau de perda auditiva moderada (na melhor orelha), 85% tinham perda auditiva do tipo neurossensorial bilateral, 88,2% eram usuários de AASI do tipo retroauricular, 86,1% faziam uso de adaptação binaural, 70,7% faziam uso do AASI pela primeira vez, 38,1% faziam uso do AASI por um período de até 12 meses contados a partir da data de recebimento dos dispositivos e 65,5% referiram uso do AASI por um período igual ou maior que 8 horas/diárias. As combinações mais ocorrentes de motivo do retorno e conduta, observadas em 386 sujeitos, foram, respectivamente: O e O com 80%; Ac e Ac com 58%; M e M com 47,5%; Ass e Ass com 46% e Aj e Aj com 36,3%. As condutas Aj, M e O foram mais ocorrentes para sujeitos com menor tempo de uso do AASI e menor intervalo de tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento concomitantemente. Conclusão: As características da população que solicita retorno ao Serviço de Atenção a Saúde Auditiva da DERDIC/PUCSP, os motivos do retorno e as condutas profissionais realizadas, refletiram implicações significativas para a organização de processos envolvidos no acompanhamento de usuários de AASI. A criação de um protocolo de acompanhamento para sessões de orientação nos primeiros meses de uso do AASI, o agendamento do retorno para acompanhamento realizado pela própria secretaria com base na data da última avaliação audiológica e a criação de datas de rotina, sem necessidade de marcação para confecção de pré-moldes são sugestões de estratégias que almejam maior resolubilidade dos retornos e benefício ao usuário de AASI, assim como a melhora na qualidade do serviço prestado.

Palavras-Chaves: Auxiliares de audição; Continuidade da assistência ao paciente; Necessidades e demandas de serviços de saúde.

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ABSTRACT

Introduction: The problem of hearing loss mobilized health professionals, culminating in the establishment of PNASA (2004), which guaranteed full assistance for the hearing impaired. Thus, patients undergo a number of procedures during the process of selection and fitting of hearing aids through a service hearing healthcare professional. After nearly six years of implementation of PNASA, a growing number of patients seeking feedback on services, and often this is related return is simple procedures that can be readily achieved for the benefit of patients. This question envisioned the organization of an Emergency Care agenda as a strategy to meet this demand. Goal: Establish the demographic and audiological, identify and analyze the reasons of return and the respective managements as well as linking this analysis with the variables of time of use of HA and the time interval between the last day of the hearing evaluation and the Emergency Care. Method: The study included 440 subjects who met the selection criteria of the survey, conducted in DERDIC during the period of four months. These patients, who asked for return to service, were served through the emergency department, and the data collected through a specific form developed by the researchers. The outcome analysis was performed considering: audiological and demographic data of the subjects, the reason for return and pipelines generated. Results: With regard to demographic characteristics and audiologic of 440 subjects, we observed that 58.6% were female, 38.4% were elderly (over 60), 40.4% had schooling in primary school, 47 % had moderate hearing loss (in the better ear), 85% had sensorineural hearing loss bilaterally, 88.2% were users of BTE type hearing aid, 86.1% were using ears, 70.7% were use of hearing aids for the first time, 38.1% were using the hearing aid for a period of up to 12 months from the date of receipt of the devices and 65.5% reported use of hearing aids for a period equal to or greater than 8 hours / daily. The combinations occurring more reason to return and conduct, observed in 386 subjects were, respectively: O and O with 80% Ac and Ac with 58%, M and M 47.5%; Ass Ass and a 46% and Aj and Aj with 36.3%. Ducts Aj, M and O have been occurring for most subjects with shorter duration of use of hearing aids and shorter interval of time between the last day of the hearing evaluation and emergency department concurrently. Conclusion: The characteristics of the population that calls back to the Hearing Health Service DERDIC / PUCSP, reasons for returning and professional conduct, reflected significant implications for organization of processes involved in follow up of hearing aid users. A protocol for orientation in early use of hearing aids, the scheduling of follow up visits based on the date of last hearing evaluation and other changes in routine can result in better efficacy of the consultation, therefore greater benefit to the user of hearing aids, as well as improved quality of service provided.

Keywords: Hearing aids; Continuity of patient care; Health services needs and demand.

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LISTA DE ABREVIATURAS

Ac Acompanhamento

AASI Aparelho de Amplificação Sonora Individual

APAC Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade

CeAC Centro Audição na Criança

CF Constituição Federal

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

DERDIC Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação

DVD Digital Video Disc

GM Gabinete do Ministério

IESP Instituto Educacional de São Paulo

LIBRAS Língua Brasileira de Sinais

MEC Ministério da Educação

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

ORL Avaliação Otorrinolaringológica

PA Pronto Atendimento

PHAST Practical Hearing Aid Skills Test

PNASA Política Nacional de Atenção a Saúde Auditiva

PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo RS Rio Grande do Sul

RO Roraima

SASA Serviço de Atenção a Saúde Auditiva

SGEC Sistema de Gerenciamento de Cadastro

SIA Sistema de Informação Ambulatorial

SUS Sistema Único de Saúde

UF Unidade Federada

WHO World Health Organization

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Matriz motivo do retorno x conduta (configura a concentração de

indivíduos conforme as combinações entre motivo do retorno e a

conduta).................................................................................................. 77

FIGURA 2 - Tempo de uso do AASI (meses) em relação às categorias de cada

conduta (referente à tabela 16)............................................................... 82

FIGURA 3 - Tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do

Pronto Atendimento em relação às categorias de conduta (referente à

tabela 17)................................................................................................ 86

FIGURA 4 - Relação do tempo de uso do AASI e o tempo decorrido entre a última

avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento com as

condutas. ................................................................................................ 87

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Legenda de códigos para motivo do retorno e conduta......................... 76

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Distribuição dos sujeitos quanto ao gênero, em comparação ao

universo da DERDIC. (N=440). .............................................................. 60

TABELA 2 - Distribuição dos sujeitos quanto à faixa etária, em comparação ao

universo da DERDIC. (n=440)................................................................ 61

TABELA 3 - Distribuição dos sujeitos com idade igual ou superior a 15 anos

(N=349) quanto ao nível de escolaridade............................................... 62

TABELA 4 - Distribuição dos sujeitos quanto ao grau de perda auditiva na melhor

orelha. (N=440). ..................................................................................... 63

TABELA 5 - Distribuição dos sujeitos quanto ao grau de perda auditiva por orelha.

(N=440).................................................................................................. 64

TABELA 6 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tipo de perda auditiva. (N=440). ...... 65

TABELA 7 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tipo de perda auditiva por orelha.

(N=440).................................................................................................. 66

TABELA 8 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tipo de AASI concedido em

comparação ao universo da DERDIC. (N=440)...................................... 67

TABELA 9 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tipo de adaptação do AASI.

(N=440).................................................................................................. 68

TABELA 10 - Distribuição dos sujeitos quanto ao uso, ou não, do AASI pela

primeira vez. (N=440)........................................................................... 69

TABELA 11 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tempo de uso do AASI a partir

da data de recebimento da aparelho de amplificação. (N=440). ........... 70

TABELA 12 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tempo de uso diário do AASI.

(N=440). ............................................................................................... 71

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TABELA 13 - Distribuição dos sujeitos quanto ao intervalo de tempo decorrido

entre a última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento.

(N=440). ............................................................................................... 74

TABELA 14 - Estatística descritiva para o intervalo de tempo decorrido entre a

última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento.

(N=440). ............................................................................................... 75

TABELA 15 - Distribuição de frequências conjuntas entre motivo do retorno e

conduta. (N=386).................................................................................. 78

TABELA 16 - Estatística descritiva para o tempo de uso do AASI, em meses, em

cada categoria de conduta. (N=386)..................................................... 80

TABELA 17 - Estatísticas descritivas para o intervalo de tempo decorrido entre a

última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento em

cada categoria de conduta. (N=386)..................................................... 83

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO I - Termo de Compromisso de Utilização de Dados dos pacientes da

DERDIC.................................................................................................... 93

ANEXO II - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-SP ........................ 94

ANEXO III - Ficha para Pronto Atendimento em AASI................................................ 95

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 23

2 OBJETIVOS................................................................................................. 27

3 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................ 29

3.1 A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA ..................... 30

3.2 QUALIDADE EM SERVIÇO COM ENFOQUE NA SAÚDE AUDITIVA.......... 35

3.2.1 Características de sujeitos usuários de AASI................................................ 40

4 MÉTODO...................................................................................................... 50

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ........................................................................ 51

4.2 LOCAL DO ESTUDO.................................................................................... 51

4.3 SUJEITOS.................................................................................................... 54

4.4 MATERIAL ................................................................................................... 54

4.5 PROCEDIMENTOS...................................................................................... 55

4.5.1 Instruções aos profissionais da recepção da DERDIC.................................. 55

4.5.2 O Pronto Atendimento em AASI ................................................................... 55

4.5.3 Condutas no Pronto Atendimento em AASI .................................................. 56

4.5.3.1 Análise do AASI e de seus componentes realizada independente do

motivo do retorno do paciente ...................................................................... 56

4.5.3.2 Condutas adotadas conforme o motivo do retorno do paciente .................... 56

4.6 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................ 57

4.6.1 Caracterização demográfica, audiológica e quanto ao uso do AASI pela

população estudada ..................................................................................... 57

4.6.2 Análise descritiva dos motivos do retorno e condutas adotadas mais

ocorrentes nesta população.......................................................................... 57

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 58

5.1 CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS SUJEITOS............................... 59

5.1.1 População do Estudo.................................................................................... 59

5.1.2 Gênero ......................................................................................................... 59

5.1.3 Faixa Etária .................................................................................................. 60

5.1.4 Nível de Escolaridade................................................................................... 62

5.2 CARACTERIZAÇÃO AUDIOLÓGICA E REFERENTE AO USO DO AASI ... 63

5.2.1 Grau da Perda Auditiva ................................................................................ 63

5.2.2 Tipo da Perda Auditiva ................................................................................. 64

5.2.3 Dados referentes ao uso do AASI................................................................. 66

5.3 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS MOTIVOS DO RETORNO E DAS

CONDUTAS ADOTADAS............................................................................. 72

5.3.1 A importância do reconhecimento da demanda de usuários que solicitam

retorno ao SASA........................................................................................... 72

5.3.2 Motivo do Retorno ao Serviço....................................................................... 73

5.3.3 Conduta do Fonoaudiólogo do Serviço......................................................... 73

5.4 ASSOCIAÇÃO DAS CONDUTAS COM O TEMPO DE USO DO AASI

(EM MESES) E O INTERVALO DE TEMPO DECORRIDO ENTRE A

ÚLTIMA AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA E O DIA DO PRONTO

ATENDIMENTO ........................................................................................... 79

6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................... 88

ANEXOS.................................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 97

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1 INTRODUÇÃO

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Introdução 24

Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), no

ano de 2005, o número de pessoas com deficiência auditiva incapacitante (de

graus moderado, severo ou profundo) no mundo era de 278 milhões (WHO,

2006). No Brasil, dois estudos de base populacional também abordaram a

prevalência desse tipo de deficiência - um deles, desenvolvido em Canoas

(RS), indicou 6,8% (BÉRIA et al., 2007); o outro, realizado em Monte Negro

(RO), apontou uma prevalência de 4,8% (BEVILACQUA et al., 2009).

Estes números refletem a magnitude da problemática da deficiência

auditiva no Brasil e no mundo. Em nosso país, a mobilização e o empenho de

profissionais da área da saúde, culminaram na instituição da Política Nacional

de Atenção à Saúde Auditiva (PNASA) por meio da portaria no 2073/GM, de 28

de setembro de 2004, possibilitando, assim, o atendimento integral aos

deficientes auditivos: identificação do problema, diagnóstico, seleção e

adaptação do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), além de um

sistema de acompanhamento.

Para operacionalização da PNASA, outras duas portarias foram

instituídas: Portaria no 587, de 7 de outubro de 2004 e Portaria no 589, de 8 de

outubro de 2004, que, dentre outras atribuições, regulamentaram,

respectivamente, as ações da Atenção Básica, Média e Alta Complexidade e o

cadastramento dos Serviços de Atenção à Saúde Auditiva (SASA) no Cadastro

Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES).

A PNASA foi instituída a partir do momento em que o Ministério da

Saúde (MS) constatou um desequilíbrio entre o número de procedimentos

referentes ao diagnóstico e a concessão do AASI, em comparação com a

produção ambulatorial dos procedimentos de acompanhamento e reabilitação

auditiva, o que, além de não oferecer um atendimento completo ao deficiente

auditivo, culminava muitas vezes no abandono dos dispositivos de amplificação

por parte de seus usuários (CARVALHO, 2007).

Para que os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) recebam o

AASI por meio de um SASA credenciados e sejam acompanhados por estes, a

PNASA propõe uma série de procedimentos a serem seguidos a partir da

entrada no serviço, como avaliação de equipe multiprofissional composta de

otorrinolaringologista, pediatra, neurologista, fonoaudiólogo, psicólogo e

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Introdução 25

assistente social. O fonoaudiólogo é profissional responsável pelos

procedimentos de avaliação audiológica, seleção, indicação e adaptação do

AASI, verificação do desempenho e benefício do mesmo, validação quanto ao

uso deste dispositivo de amplificação, terapia fonoaudiológica e

acompanhamento.

O acompanhamento (Ac) é o foco deste trabalho. Segundo consta

no Anexo IV da Portaria no 589, trata-se de um procedimento periódico que

consiste em avaliações otorrinolaringológicas, audiológicas e outras, tendo

como objetivos: verificar possíveis alterações nas características audiológicas

do paciente, bem como necessidades de ajustes nos moldes auriculares ou

nas características eletroacústicas do AASI, e orientar o paciente e seus

familiares, aferindo o grau de satisfação e resolubilidade com o uso do AASI. A

periodicidade do Ac depende da faixa etária do indivíduo.

Após quase seis anos da implantação da PNASA, realizar os

acompanhamentos previstos para os usuários de AASI têm sido o grande

desafio. A cada ano, conforme mais AASI são concedidos, cresce o número de

pacientes que regressam ao serviço, o que acaba gerando atrasos nos

agendamentos de retornos. Além disso, algumas demandas, como troca de

tubo do molde, confecção de novos moldes, orientação de uso e manuseio,

pequenos ajustes no AASI, poderiam ser resolvidas rapidamente em benefício

do usuário.

A tendência de crescimento da demanda para Ac e a resolução de

problemas relacionados ao uso do AASI, dado o número de concessões

anuais, proporcionaram uma reflexão sobre estas questões. Desta maneira,

conhecer os motivos do retorno que geram solicitações de agendamento,

fornecer atendimentos imediatos e triar diferentes necessidades dos usuários,

levaram à organização de uma agenda de Pronto Atendimento (PA), no Serviço

de Audiologia Educacional da Divisão de Educação e Reabilitação dos

Distúrbios da Comunicação (DERDIC), com marcação de consulta em, no

máximo, duas semanas.

Vale ressaltar que o PA não elimina a necessidade do Ac, mas

permite a pronta resolução de problemas relacionados ao uso do AASI,

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Introdução 26

propiciando benefício e satisfação a estes usuários, evitando longas esperas e

garantindo, muitas vezes, o uso contínuo do dispositivo de amplificação.

Esta pesquisa foi então idealizada considerando-se que é papel do

serviço acompanhar o usuário de AASI para um melhor benefício e satisfação

com este dispositivo e também que a definição dos processos e o fluxo de

pacientes têm sido um desafio para que os retornos tenham maior

resolubilidade, ocorrendo no menor prazo possível e evitando deslocamentos

desnecessários dos pacientes. Além disso, motivaram este estudo as

discussões com representantes de SASA de todo o território nacional, nos

seminários de políticas públicas, que apontaram a necessidade de

investigações dos resultados em usuários de AASI.

Importante destacar que a PNASA autoriza a contribuição para o

desenvolvimento de processos e métodos de coleta, análise e organização dos

resultados das ações, permitindo que, a partir de seu desempenho, seja

possível um aprimoramento da gestão, da disseminação das informações e

uma visão dinâmica do estado de saúde das pessoas deficientes auditivas.

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2 OBJETIVOS

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Objetivos

28

1. Estabelecer as características demográficas, audiológicas e relativas ao

uso de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual de sujeitos que

solicitam retorno a um Serviço de Atenção à Saúde Auditiva

2. Identificar e analisar os motivos do retorno de usuários de Aparelhos de

Amplificação Sonora Individual, concedidos em um Serviço de Atenção à

Saúde Auditiva, e as respectivas condutas adotadas;

3. Relacionar as condutas de maior ocorrência com o tempo de uso do

AASI, em meses, e o intervalo de tempo decorrido entre a última

avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

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Revisão da Literatura

30

Este capítulo foi dividido em duas partes: na primeira - A Política

Nacional de Atenção à Saúde Auditiva - são apresentadas as portarias que a

compõem, assim como os procedimentos envolvidos. Na segunda - Qualidade em serviço com enfoque na Saúde Auditiva - são discutidos aspectos de

qualidade em serviço e apresentados alguns estudos que abordam

características de sujeitos usuários de AASI.

3.1 A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA

No início da década de 90, a Lei Orgânica de Saúde, baseada no

artigo 198 da Constituição Federal (CF) de 1988, estabeleceu os princípios do

SUS, criado para que toda a população brasileira tivesse acesso ao

atendimento público de saúde.

O SUS é financiado com recursos arrecadados por meio de

impostos e contribuições sociais pagos pela população aos governos federal,

estadual e municipal, e tem como objetivo promover o atendimento às

necessidades de todos os cidadãos, oferecendo serviços adequados e de

qualidade.

Baseada nos preceitos constitucionais, a construção do SUS foi

norteada pelos seguintes princípios doutrinários: universalidade (a saúde

como direito de todo cidadão), equidade (todo cidadão deve ter igualdade de

assistência à saúde) e integralidade (todo cidadão deve ter suas

necessidades de saúde levadas em conta, seja por meio de ações individuais

ou coletivas).

Segundo Daher e Pisaneschi (2010), em se tratando da deficiência

auditiva, até o ano 2000, o atendimento no SUS estava restrito a

procedimentos hospitalares de internação, quando foram regulamentados pelo

MS, no âmbito ambulatorial, o diagnóstico, o Ac e a concessão de AASI,

registrados como procedimentos no Sistema de Informações Ambulatoriais do

SUS - SIA/SUS.

De acordo com a análise da produção ambulatorial em saúde

auditiva no 1° semestre de 2004, registrada no SIA/SUS, as autoras concluíram

que, dos 138 estabelecimentos de saúde credenciados pelas Secretárias

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Revisão da Literatura

31

Estaduais de Saúde em 22 Unidades Federadas (UF), apenas 16%

registravam todos os procedimentos (diagnóstico, seleção e concessão de

AASI, Ac e terapia fonoaudiológica), enquanto 25% apresentavam apenas o

registro de um tipo deles (apenas concessão de AASI ou diagnóstico ou

terapia). Mencionaram, ainda, que a fragmentação do atendimento na rede de

serviços do SUS, com o predomínio do atendimento centrado na concessão do

AASI, foi questionada pelos gestores locais.

Assim, o MS, ciente da necessidade de organização do atendimento

às pessoas com deficiência auditiva nos diversos níveis de atenção do SUS e

reconhecendo essa deficiência como questão de saúde pública, instituiu por

meio da Portaria n° 2073/GM, de 28 de setembro de 2004, a PNASA,

implantada de forma articulada entre o MS, as Secretarias de Estado de Saúde

e Secretarias Municipais de Saúde, objetivando o atendimento integral ao

deficiente auditivo: promoção, prevenção, tratamento e reabilitação.

Após instituição da PNASA, foram publicadas outras duas portarias

para viabilizar sua operacionalização:

A primeira, Portaria n° 587, de 7 de outubro de 2004, foi dividida em

cinco anexos:

Anexo I: Normas para o atendimento em saúde auditiva, incluindo as ações na

Atenção Básica, Média e Alta Complexidade.

Anexo II: Normas gerais para credenciamento e habilitação de SASA na Média

e na Alta Complexidade.

Anexo III: Formulário para vistoria do gestor aos SASA.

Anexo IV: Diretrizes para o fornecimento de AASI.

Anexo V: Quantitativo de SASA necessário a cada região e estado brasileiro,

considerando o número de habitantes em cada um deles.

A segunda, Portaria n° 589, de 8 de outubro de 2004, considerou

principalmente:

O direcionamento do cadastro dos serviços no CNES;

A definição e operacionalização dos procedimentos de atenção à saúde

auditiva no SIA/SUS por meio de um documento denominado Autorização

de Procedimentos Ambulatoriais de Alta Complexidade (APAC).

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Revisão da Literatura

32

Os SASA credenciados ao SUS seguem o processo para indicação

do AASI e Ac pós-adaptação, conforme tópicos descritos no anexo IV da

Portaria n° 587 (2004): 1. Avaliação diagnóstica para identificação das características audiológicas do paciente:

Avaliação otorrinolaringológica (ORL);

Avaliação audiológica (anamnese fonoaudiológica, audiometria tonal limiar

ou audiometria condicionada por via aérea e via óssea, logoaudiometria,

imitanciometria e pesquisa do nível de desconforto para tom puro e fala);

Testes de percepção de fala;

Avaliação de linguagem;

Questionários de avaliação do desempenho auditivo;

Exames complementares, quando necessários: potencial evocado auditivo

de curta, média ou longa latência, emissões otoacústicas evocadas

transiente e/ou produto de distorção e testes de processamento auditivo.

2. Critérios de indicação do uso do AASI:

Classe I: há consenso quanto à indicação do AASI;

Classe II: há controvérsia quanto à indicação do AASI;

Classe III: há contra-indicação do AASI.

3. Seleção e adaptação do AASI:

Escolha do tipo de aparelho (retroauriculares, intra-aurais etc);

Escolha do tipo de adaptação do aparelho (por via aérea ou por via óssea,

se monoaural ou binaural);

Confecção do molde auricular;

Seleção das características eletroacústicas do AASI;

Verificação do desempenho e benefício fornecido pelo AASI;

Validação da amplificação.

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Revisão da Literatura

33

4. Acompanhamento:

Definição: Seguimento periódico (periodicidade que varia conforme a faixa

etária do indivíduo) dos pacientes usuários de AASI para monitoramento

da perda auditiva e da efetividade do uso do dispositivo de amplificação;

Cada serviço é responsável por realizar o Ac em todos os pacientes para

os quais foram concedidos AASI;

Para crianças com até três anos de idade, o Ac deve ser realizado até

quatro vezes por ano, incluindo: ORL e avaliação audiológica, reposição

de molde auricular, orientação às famílias e aplicação de protocolos de

avaliação da função auditiva e do desenvolvimento de linguagem.

Para pacientes de três a catorze anos e onze meses, o seguimento pode

ser realizado semestralmente, contendo ORL e avaliação audiológica,

pesquisa do ganho funcional ou ganho de inserção com AASI; checagem

do AASI e moldes, reposição do molde; avaliação do desenvolvimento de

linguagem por meio de protocolos, orientação a família quanto ao

manuseio e importância da terapia fonoaudiológica.

Para adultos (acima de catorze anos e onze meses), o retorno para Ac

deve ocorrer uma vez por ano: ORL e avaliação audiológica, ganho

funcional ou de inserção com o AASI; testes de percepção de fala;

checagem do AASI e moldes; aferição do benefício e satisfação;

aconselhamento e orientações sobre estratégias de comunicação e

reposição de molde auricular.

5. Terapia Fonoaudiológica:

Cada serviço é responsável pela reabilitação integral dos pacientes

usuários de AASI devendo garantir a terapia fonoaudiológica;

A terapia fonoaudiológica é realizada com sessões individuais de 45

minutos cada, sendo;

Para adultos, durante quatro semanas (uma vez por semana);

Para crianças, com duas sessões semanais sem definição prévia do

período de duração.

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Revisão da Literatura

34

Dentro deste processo, o Ac é um procedimento periódico; porém,

muitas vezes o usuário de AASI solicita retorno ao serviço fora desse período,

por motivos relacionadas ao uso do dispositivo de amplificação. O que o

paciente deve fazer, então? Esperar até o próximo acompanhamento para

resolver seu problema? Aguardar um semestre ou até mesmo um ano? De

acordo com Corrêa e Caon (2006), isso favoreceria o acúmulo de pacientes,

gerando filas de espera, o que prejudicaria a qualidade do serviço em tempo,

produtividade, influenciando negativamente na percepção do cliente quanto ao

serviço prestado.

Scholze, Pagnossim e Fialho (2010) ressaltam que, muitas vezes, o

motivo do retorno do indivíduo ao SASA não demanda, obrigatoriamente, um

Ac como o descrito na Portaria Ministerial: ORL, avaliação audiológica,

avaliação do benefício obtido com o uso do AASI. O usuário necessita, antes,

de pequenos ajustes nos AASI ou nos moldes auriculares, bem como

orientações sobre o uso e manuseio destes.

Considerando ainda que a quantidade de procedimentos de Ac

aumenta de maneira significativa e que a cada ano cresce a quantidade de

AASI concedidos pelos SASA em todo o Brasil, pois o acesso da população a

esse tipo de assistência tem sido ampliado gradativamente (DAHER;

PISANESCHI, 2010), a adoção de estratégias que implementam o Ac das

pessoas beneficiadas pelas ações dos serviços é um grande desafio à saúde

auditiva. (ALMEIDA; REIS, 2010).

Um projeto como a PNASA, de grande dimensão e abrangência

nacional, torna essencial a execução de estratégias que visem o estudo de seu

custo-efetividade, eficácia e qualidade. O aprimoramento dessa política é uma

consequência natural, depois do início de sua implantação, a fim de constituir

serviços públicos de saúde auditiva com qualidade, não somente no ato de sua

criação, mas também e, principalmente, na manutenção e no aprimoramento

constante de processo de atendimento de pessoas com deficiência auditiva.

(NOVAES; RALO; MENDES, 2010).

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Revisão da Literatura

35

3.2 QUALIDADE EM SERVIÇO COM ENFOQUE NA SAÚDE AUDITIVA

No Brasil, diversas iniciativas voltadas para avaliação em saúde vêm

sendo desenvolvidas nas últimas décadas, tanto no âmbito das pesquisas

acadêmicas, como de políticas públicas, em especial por parte do Ministério da

Saúde, com vistas a subsidiar a elaboração de programas setoriais e a difusão

de seus resultados (FELISBERTO, 2006).

A avaliação de serviços favorece o desenvolvimento de diretrizes

que contribuem para a melhoria contínua da qualidade, ocupando posição de

destaque no planejamento e gestão em saúde e reordenando a execução das

ações e serviços de modo a contemplar as necessidades da população alvo e

otimizar os recursos financeiros (BEVILACQUA et al., 2009).

A incorporação da avaliação como prática sistemática nos serviços

de saúde é um recurso válido não só para os usuários e profissionais que

atuam no serviço (MARTINEZ; GONÇALVES, 2000), como também para os

gestores, que terão informações úteis e concretas para definição de prioridades

e, consequentemente, reorientação das práticas, além do monitoramento dos

programas (SILVA; FORMIGLI, 1994).

Qualidade é o nível com que os serviços de assistência à saúde

prestados às pessoas ou populações aumentam a probabilidade de resultados

desejáveis em saúde, provendo assistência cuja qualidade não varie em função

de características pessoais (BERWICK, 2002).

Trata-se, pois, de uma responsabilidade inerente à ética profissional

e social, além de um requisito indispensável de sobrevivência econômica

(NOGUEIRA, 1999; ADAMI, 2000).

O conceito de qualidade está ancorado em sete pilares: eficácia (o

melhor que pode ser feito, em possíveis condições mais favoráveis);

efetividade (foi alcançado o melhor, porém as condições não foram ideais);

eficiência (efeito máximo, no menor custo); aceitabilidade (relaciona-se a

expectativa do usuário: conformidade dos serviços com as aspirações e

expectativas do paciente e de sua família); otimização (criação de condições

mais favoráveis para a solução de algum problema); legitimidade (aceitação e

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Revisão da Literatura

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aprovação dos serviços de saúde pelos usuários) e equidade (esforço para

diminuir desigualdades) (DONABEDIAN, 1990).

A melhor forma de avaliar a qualidade dos serviços de saúde requer

um conjunto de indicadores representativos de três seguimentos: estrutura,

processo e resultado (DONABEDIAN, 1990; SILVA; FORMIGLI, 1994).

A definição das ações a serem desenvolvidas nos serviços deve

partir dos resultados específicos a serem alcançados, para os quais devem ser

pensados as estruturas e processos necessários, e não o contrário (NOVAES;

TANAKA, 1995).

Ao identificar os fatores que contribuem para a satisfação e ao tentar

prover tais atributos aos processos envolvidos, tem-se a possibilidade de obter

um resultado mais efetivo nos serviços de saúde (CROW et al., 2002). Com

isso, devem ser ativados mecanismos para melhorar constantemente cada

uma das facetas da organização, com o intuito de criar um grau cada vez maior

de satisfação dos clientes (SILVA, 2002).

O que determina a procura por serviços de saúde é uma

necessidade gerada pela existência de um problema de saúde. A partir da

utilização do serviço, o indivíduo terá ou não satisfeitas suas necessidades ou

expectativas, sendo este nível de satisfação o que possibilitará inferir a

qualidade nos diversos momentos do atendimento (JUNQUEIRA; AUGE,

1996).

A oferta de serviços de saúde está relacionada, pois, à

disponibilidade, ao tipo e à quantidade de serviços e de recursos destinados à

atenção à saúde. Já a demanda diz respeito à atitude do indivíduo de procurar

serviços de saúde, obter acesso e se beneficiar com o atendimento recebido

(RALO, 2010).

A distância da unidade de saúde e o local da moradia do indivíduo,

tempo e meios utilizados para o deslocamento, dificuldades a enfrentar para a

obtenção do atendimento (filas, local e tempo de espera), possibilidade de

agendamento prévio são fatores a serem considerados por aqueles que atuam

diretamente junto ao usuário, que devem então se colocar no lugar destes para

sentir quais são suas necessidades e, na medida do possível, atendê-las ou

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Revisão da Literatura

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direcioná-las para o ponto do sistema que seja capaz de respondê-las

(JUNQUEIRA; AUGE, 1996; RAMOS; LIMA 2003; FERNANDES, 2008).

As filas de espera por serviços, por exemplo, fazem parte do dia-a-

dia dos indivíduos na sociedade moderna e, como não podem ser evitadas,

tendem a ser toleradas, apesar dos atrasos e inconveniências que causam,

além de prejuízos em tempo e produtividade, assim como perdas financeiras

para o serviço (FOGLIATTI; MATTOS, 2007).

Sendo assim, é importante considerar que uma má gestão de filas

conduz a um stress generalizado, insatisfação do cliente, gerando ineficiências

dentro da organização, diminuindo a produtividade de seus atendentes e

impedindo que ajustes e modificações sejam feitos nas rotinas e processos

envolvidos (COGAN, 1998).

Outro aspecto a ser ressaltado diz respeito à dificuldade dos

usuários em identificar ou reconhecer problemas de saúde, pelo

desconhecimento daquilo que necessitam, pela desinformação sobre a

existência da solução de seus problemas e pela insuficiência ou ausência de

oferta dos serviços desejados (RALO, 2010).

Por isso, vale ressaltar a importância de observar, na avaliação dos

serviços de saúde de caráter público, o viés gratidão, que ocorre,

principalmente, em países em desenvolvimento, cujos usuários são, em sua

maioria, de baixa escolaridade (GOUVEIA et al 2005; RIBEIRO et al, 2006).

Trata-se da omissão, por parte desses usuários, de questionamentos e críticas

negativas, tanto pelo medo de perder o acesso, quanto pela relação de

dependência e afetividade com os profissionais da saúde. Assim, o simples fato

de ser atendido já pode produzir satisfação, o que não quer dizer que o serviço

de saúde tenha atingido às expectativas do paciente (ARMIGLIATO et al.,

2010).

No que diz respeito à Audiologia, por muitos anos, a concessão do

AASI foi realizada por Postos de Saúde Regionais, sendo que, na maioria das

vezes, esses locais não dispunham de profissionais em condições de realizar a

(re)habilitação do deficiente auditivo, e nem avaliações para a seleção

adequada do AASI. Esta indicação era frequentemente efetivada por

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Revisão da Literatura

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assistentes sociais do Posto de Saúde, não havendo acompanhamento do

paciente no processo de adaptação do dispositivo (SILMAN et al., 2004).

Porém, com o passar dos anos e com a instituição da PNASA, a

qualidade deste tipo de serviço tornou-se um pré-requisito essencial para a

obtenção de benefício e satisfação dos usuários de AASI. Nesta perspectiva, a

medida de resultados em Audiologia objetiva comprovar o tratamento eficaz

para os consumidores, analisar o custo-benefício e justificar a alocação de

recursos (GATEHOUSE, 2000; SAUNDERS; CHISOLM; ABRAMS, 2005).

A avaliação das necessidades individuais de cada paciente deve ser

considerada ao longo do processo de intervenção por meio do

acompanhamento e reavaliações periódicas, pois somente o usuário de AASI

poderá deliberar quais as dificuldades encontradas com o uso sistemático da

amplificação, no transcorrer da reabilitação (FREITAS; COSTA, 2007;

MORETTIN, 2008).

Os resultados obtidos são valiosos, uma vez que podem levar à

criação de novas estratégias de atendimento garantindo o sucesso do

programa (CARVALHO, 2007).

De fato, a simples aquisição deste dispositivo, seja por meio de

serviços públicos ou privados, não garante seu uso efetivo. Segundo Kochkin

(2005), cerca de 30% dos indivíduos acabam por desistir do tratamento.

Embora o avanço no conhecimento técnico-científico tenha

possibilitado aos AASI recursos cada vez mais sofisticados, permitindo ajustes

que personalizam as necessidades de amplificação de cada paciente (HELOU;

NOVAES, 2004), e mesmo sendo o uso desse dispositivo apontado como

auxiliar na melhoria da qualidade de vida do deficiente auditivo no que se refere

aos aspectos lingüísticos, sociais e emocionais, sabe-se que muitos indivíduos

não aceitam utilizá-lo na freqüência necessária (FIALHO et al., 2009).

A literatura mostra que a prevalência do uso do AASI, principalmente

em idosos, é baixa, e que o primeiro ano após a aquisição é considerado o

período crítico de adaptação, dentro do qual há risco de desistência

(TSCHIEDEL, 2003).

Além do bom funcionamento do AASI, do uso constante e de

condições acústicas favoráveis para que haja benefício e satisfação por parte

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Revisão da Literatura

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do deficiente auditivo (BEVILACQUA; FORMIGONI, 1997; ROSLYNG-

JENSEN, 2001), a adaptação costuma ser um processo complexo,

especialmente para os idosos que, geralmente, requerem mais tempo para

assimilar todas as etapas do processo de adaptação e ajustamento à

amplificação (MIRANDA et al., 2008).

Vários autores afirmam que as etapas de orientação,

aconselhamento e acompanhamento são importantes para uma boa

reabilitação (BOÉCHAT; RUSSO; ALMEIDA, 2003; SOUZA; WIESELBER,

2005; BOOTHROYD, 2007; FREITAS; COSTA, 2007; RUSCHEL; CARVALHO;

GUARINELLO, 2007).

O acompanhamento sistemático de pacientes quanto à adaptação e

o benefício do AASI, a identificação de dificuldades e a orientação oportuna a

cada caso diminuem o índice de abandono do dispositivo (COSTA; SAMPAIO;

OLIVEIRA, 2007).

Os pacientes devem ser orientados em vários aspectos, tais como:

uso, manuseio e higienização do AASI, de seus componentes e do molde

auricular, inserção, remoção dos mesmos e troca de pilhas do dispositivo;

estratégias para uma melhor comunicação em ambientes ruidosos; reutilização

do telefone e orientações sobre as condições psicossociais decorrentes da

perda auditiva (OLIVEIRA et al., 2001; RUSCHEL; CARVALHO; GUARINELLO,

2007; ALMEIDA; GUARINELLO, 2009).

Teixeira (2007) destaca que os indivíduos com mais de 60 anos de

idade, principalmente aqueles com pouca escolaridade, têm dificuldades de

compreender as orientações sobre uso e manipulação do AASI, colocação,

troca de pilhas, higiene do molde etc.

O processo de orientação é, portanto, fundamental, especialmente

no período inicial de adaptação, para que se aproveite ao máximo os

benefícios da amplificação sonora, garantindo a manipulação e inserção do

AASI de forma correta, além de auxiliar o clínico no planejamento de

estratégias de comunicação.

O paciente que solicita retorno ao SASA por algum motivo deve ser

prontamente acolhido; e este acolhimento visa à escuta, valorização das

queixas do paciente/família, identificação de suas necessidades, orientação e,

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Revisão da Literatura

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quando for o caso, ao encaminhamento do paciente e/ou da família para

continuidade da assistência em outro serviço (NEVES; ROLLO, 2006;

SCHNEIDER et al., 2008). Deve-se garantir a resolubilidade, que é o objeto

final do trabalho em saúde; ou seja, resolver efetivamente o problema do

usuário (SOLLA, 2005).

Isso porque se sabe que usuários de AASI satisfeitos são

provavelmente usuários freqüentes e base de referência para outras pessoas

com perda auditiva (WONG; HICKSON; McPHERSON, 2003).

3.2.1 Características de sujeitos usuários de AASI

A literatura que se segue aponta características demográficas,

audiológicas, aspectos referentes ao uso do AASI, assim como as principais

dificuldades dos sujeitos deficientes auditivos durante o processo de

adaptação.

A população feminina acima de 60 anos de idade no Brasil passou

de 0,9 milhões em 1940 para 8 milhões em 2000, ou seja, quase decuplicou

em 60 anos. Em termos proporcionais, as mulheres idosas respondiam por

2,2% do total da população brasileira em 1940, passando a 4,7% em 2000. A

proporção comparável para os homens em 2000 foi de 3,8%. Estudos apontam

o gênero feminino como de maior longevidade. (CAMARANO, 2003; CAMPOS,

2004).

Esse aumento na porcentagem de idosos pode ser explicado pelo

aumento da longevidade da população na maior parte do planeta (NEVES;

FEITOSA, 2002).

Em estudo com 2.143 sujeitos com 60 anos ou mais, Morettin et al.

(2008), identificaram que a chance de autopercepção ruim da audição aumenta

com a idade e que a perda auditiva é um dos problemas mais comuns da

população idosa, com sério impacto negativo na sua qualidade de vida.

Em relação ao gênero, Jurca et al. (2002) mostram que há maior

ocorrência de normalidade da audição para o sexo feminino e de perda

neurossensorial para o masculino. Gates (2004) atribuiu a pior audição dos

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Revisão da Literatura

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homens à exposição ao ruído em ambiente de trabalho e de lazer. Além disso,

como destacou Bavaresco (2006), os homens apresentam mais resistência,

tanto durante a fase de diagnóstico quanto durante a fase de adaptação ao uso

do AASI.

Quanto aos aspectos psicossociais, Espmark et al. (2002)

demonstraram em sua pesquisa que, dentre indivíduos com presbiacusia, as

mulheres manifestam maior preocupação quanto à deterioração auditiva em

relação aos homens, assim como com a saúde geral.

Já no que se refere aos indivíduos jovens e adultos, que vivem o

auge de suas vidas na educação, profissão, casamento e educação dos filhos,

Francelin, Motti e Morita (2010) destacaram que a deficiência auditiva traz

discriminação e vergonha, o que muitas vezes dificulta a aceitação do

problema

Quanto às características audiológicas e de uso do AASI, Silva et al.

(2007), verificaram em pesquisa realizada com 163 prontuários de indivíduos

com idade entre 60-89 anos em uma clínica particular que cerca de 64,2%

deles apresentavam perda auditiva neurossensorial bilateral.

Tendo em vista que a indicação ao uso do AASI é o meio primário

de reabilitação para os deficientes auditivos com esse tipo de perda, a

quantidade de pacientes adaptados é bem maior (CAMPOS; RUSSO;

ALMEIDA, 2003), assim como a quantidade de adaptações com AASI

retroauricular, pois este permite níveis de amplificação importantes, controles

maiores e mais visíveis, muitas possibilidades de ajustes e estética aceitável

(MENEGOTTO; IÓRIO; BORGES, 1993; RUSSO; ALMEIDA; FREIRE, 2003).

Por outro lado, os intra-aurais são de mais fácil manuseio por possuírem

apenas uma peça. (RUSSO; ALMEIDA; FREIRE, 2003).

Em pesquisa que propôs um programa de treinamento de

estratégias de comunicação para indivíduos idosos, portadores de deficiência

auditiva, usuários de AASI e seus familiares, Ruschel, Carvalho e Guarinello

(2007) dividiram os sujeitos em dois grupos: um grupo controle constituído por

quinze indivíduos que receberam uma única sessão de orientação e um grupo

experimental com quinze indivíduos que participaram de um programa de

reabilitação fonoaudiológica fracionado em seis sessões. Os pacientes do

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Revisão da Literatura

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grupo controle continuaram com dúvidas em relação à colocação do AASI, o

que não aconteceu com o grupo experimental, que após seis sessões, não

apresentavam mais nenhuma dificuldade quanto à higienização do molde, a

colocação do AASI, a recolocação do molde após a higienização, a dificuldades

para trocar as pilhas etc. O estudo demonstrou a importância de programas de

treinamento e orientação no uso efetivo do AASI e de seus componentes,

contribuindo para que estes indivíduos obtenham benefício e satisfação com o

dispositivo.

Freitas e Costa (2007) realizaram estudo no Ambulatório de

Audiologia do Serviço de Atendimento Fonoaudiológico da Universidade

Federal de Santa Maria com o intuito de verificar as dificuldades relacionadas

ao uso e manuseio de pilhas e moldes auriculares e às características da

amplificação, além de discutir os aspectos envolvidos no processo de

adaptação do AASI, orientação e acompanhamento. Participaram da pesquisa

31 sujeitos, na faixa etária de 12 a 77 anos, com tempo mínimo de três meses

de uso da amplificação. Como resultados, as autoras observaram que somente

dezoito indivíduos (58%) faziam uso do AASI em tempo integral; nove (28%)

mencionaram queixas referentes ao manuseio de moldes, cápsulas, ao

desconforto para inseri-los no conduto auditivo externo e à limpeza do molde, e

em dez (32%) indivíduos os moldes/cápsulas encontravam-se obstruídos por

cera ou danificados, além de tubos estarem rígidos ou rachados e as cápsulas

quebradas. Além disso, vinte e um (64%) deles referiram queixas quanto às

características de amplificação: intensidade forte; intensidade fraca;

desconforto; dores de cabeça; dificuldade no ruído; ouve, mas não entende e

não ouve de longe, deixando de utilizar o AASI. Por fim, sete (33%)

apresentavam AASI sem funcionamento e/ou com som distorcido.

As autoras referem que, embora todos os indivíduos tenham

recebido, durante as etapas de adaptação, orientação e aconselhamento,

informações quanto ao uso e manipulação das pilhas, moldes e AASI, bem

como disponibilidade de acompanhamento ao longo do tempo, foram

encontrados problemas advindos do nível intelectual e social dos pacientes.

Desjardins e Doherty (2009) realizaram estudo por meio da

aplicação de um teste objetivo composto de oito tarefas denominado Practical

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Revisão da Literatura

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Hearing Aid Skills Test (PHAST), com o intuito de avaliar a capacidade de

antigos usuários de AASI saberem utilizar o dispositivo de amplificação

corretamente. Foram avaliados 50 participantes entre 46 e 89 anos. As

principais dificuldades observadas foram quanto ao uso do telefone e quanto à

limpeza do dispositivo e molde auricular (principalmente causada pelo acúmulo

de cera). Os indivíduos mais velhos não tiveram um bom desempenho no teste

mostrando a necessidade de mais orientação e apoio para lidar com seu AASI,

provavelmente pela dificuldade de processar e armazenar as informações. A

maioria dos sujeitos utilizava o AASI há mais de cinco anos e por mais de cinco

horas diárias; porém, curiosamente, apenas 18% deles obtiveram resultado

excelente no teste, sendo estes, os que utilizavam o AASI por um período de

tempo ainda maior.

Em pesquisa, Almeida e Guarinello (2009) compararam o perfil de

idosos em um centro auditivo que participaram de cinco sessões de orientação,

com pacientes idosos que não retornaram após a primeira ou segunda sessão.

Fizeram parte desta pesquisa 45 idosos (idade entre 62-93 anos) divididos

então em dois grupos: grupo controle, composto por trinta sujeitos que

realizaram cinco sessões de orientação, e grupo experimental, formado por

quinze pacientes que não retornaram após a primeira ou a segunda sessão. As

cinco sessões de aconselhamento eram assim organizadas: as duas primeiras

destinavam-se à aplicação da entrevista inicial e à orientação ao paciente

sobre os cuidados e o manuseio do seu aparelho; nas outras, eram fornecidas

estratégias facilitadoras de posicionamento em conversas e de leitura orofacial,

a fim de minimizar as dificuldades de comunicação e maximizar os benefícios

do AASI.

As autoras observaram que a maioria dos indivíduos do grupo

controle nunca havia utilizado AASI, contrariamente aos integrantes do grupo

experimental, no qual 60% já eram usuários, o que pode ter sido decisivo na

falta de interesse deste grupo pelas sessões de aconselhamento; ou seja, por

já serem usuários, estavam adaptados e não consideraram necessário receber

novas informações a respeito. Com relação ao lado predominante da colocação

do AASI, a maioria optou pela adaptação unilateral devido ao custo elevado da

bilateral, à experiência ruim em teste com dois AASI e por opção pessoal.

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Revisão da Literatura

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Quanto às habilidades de manuseio do aparelho, tais como: retirar e colocar a

pilha, controlar o volume e colocá-lo no ouvido, verificou-se que a maioria dos

sujeitos que participaram de todas as sessões (80%) já sabia como lidar com o

AASI; enquanto que a maior parte dos que não compareceram a todos os

encontros (60%) não manipulava corretamente seus dispositivos.

Ribas e Rocha (2002) e Ribas et al. (2006); abordaram a importância

do uso do AASI por indivíduos adultos e idosos por meio de um programa de

acompanhamento denominado SOS Prótese Auditiva, criado pela clínica de

Fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Antes desse

programa, os sujeitos tinham direito a apenas uma consulta anual para

verificação de uso; desta forma, ao receberem seus aparelhos, ficariam um

longo período sem contato com a equipe de fonoaudiólogos e, provavelmente,

teriam dificuldades de adaptação.

O objetivo do programa é ajudar esses pacientes a resolverem

possíveis dúvidas na fase de adaptação, bem como esclarecer sobre a melhor

forma de utilizar o aparelho auditivo. O programa consiste de encontros em que

são ministradas palestras que abordam: manutenção e limpeza dos AASI;

funcionamento da audição e esclarecimentos quanto aos tipos de perdas

auditivas que os pacientes apresentam; manuseio do aparelho, quais seus

componentes e suas regulagens; dificuldades referentes à comunicação e

dicas para facilitação deste processo. Após as palestras, os profissionais

abrem espaço para que os pacientes coloquem suas dúvidas e promovem uma

atividade de ordem prática em que cada um treina a colocação do aparelho na

orelha, troca de pilhas e ajustes. Por fim, os participantes recebem um manual

com o resumo das palestras e orientações práticas sobre o aparelho. Caso

algum paciente tenha problemas com as regulagens, ele é atendido

individualmente após o trabalho com o grupo.

Com o estudo, as autoras concluíram que programas de

acompanhamento e orientação a usuários de AASI são primordiais para uma

boa adaptação.

Campos, Oliveira e Blasca (2010) realizaram um estudo com o

objetivo de verificar as dificuldades apresentadas por dez idosos deficientes

auditivos novos usuários de AASI, com idade entre 65-80 anos e com

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Revisão da Literatura

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deficiência auditiva do tipo neurossensorial de grau leve a moderado. Após o

período de adaptação, os autores aplicaram um questionário de múltipla

escolha para avaliar as dificuldades encontradas. Os resultados demonstraram

que, durante processo de adaptação do AASI, o idoso apresenta maior

dificuldade no uso e manuseio do aparelho e, principalmente, na inserção e

remoção do molde auricular, além do aspecto da conexão do gancho de som

do aparelho com o tubo do molde e a manipulação da bateria. A partir dos

resultados, foi elaborado um material didático em Digital Video Disc (DVD)

contendo informações importantes sobre o uso e manuseio do AASI,

objetivando o melhor aproveitamento da amplificação.

Teixeira, Augusto e Caldas Neto (2008) realizaram um estudo de

coorte em um SASA com o objetivo de avaliar o nível de satisfação dos

usuários adultos com seu AASI em relação ao seu meio ambiente. A idade

média dos 256 indivíduos participantes foi de 50 anos (48,33% do gênero

masculino e 51,67% do feminino); quanto ao nível de escolaridade dos

mesmos, 48,67% eram analfabetos ou não concluíram o curso primário.

Segundo os autores, 56,3% referiram já fazer uso diário do dispositivo por mais

de oito horas; 30,5% entre quatro e oito horas, e a minoria ainda não fazia uso

efetivo da amplificação (8,6%). A maioria das deficiências auditivas foi

sensorioneural (89,3%) de grau moderado/severo, de grau moderado (91%), e

uma minoria (3,7%) com configuração em rampa. Destes, apenas 8,98%

optaram pelo uso do AASI em ambas as orelhas, preferência dos mais idosos

(com perda moderada ou moderadamente severa) e dos que estavam em

atividade produtiva; 91,02% optou em fazer uso de um único aparelho. As

justificativas mais freqüentes, para usar uma única prótese foram: “quando me

acostumar coloco outra”; “não, vou ter que comprar mais pilhas; “quase não

saio, só preciso de uma”; uma da para o gasto”; “já uso óculos e não quero

duas próteses” etc.

No entanto, sabe-se que o uso da adaptação binaural apresenta as

seguintes vantagens: melhor localização do som, melhor reconhecimento de

fala na presença de ruído e melhor somação binaural (FREIRE, 2003).

Morettin (2008) realizou um estudo com o objetivo de descrever o

benefício obtido e a satisfação dos usuários de AASI adaptados por uma

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Revisão da Literatura

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instituição credenciada pelo SUS, em conjunto com a rotina de

acompanhamento clínico dos pacientes após quatro meses de adaptação dos

AASI. Como resultados, observou que, dos 100 pacientes adaptados, 53

retornaram para completar a avaliação após quatro meses de adaptação,

sendo que apenas 43 faziam uso efetivo do AASI; os outros não usavam por

desconforto sonoro, dificuldade de manuseio, aparelho quebrado e estética. A

autora concluiu que indivíduos atendidos pelo SUS podem ter benefício e

satisfação com os AASI adaptados, mas o acompanhamento deve ser feito,

para que sejam definidas as necessidades dos pacientes, garantindo a adesão

ao tratamento completo.

De fato, a entrega de um guia de orientações aos pacientes e seus

cuidadores contendo orientações sobre cuidados, manuseio, limpeza e uso do

AASI e do molde, das pilhas, quanto aos cuidados com o filtro dos aparelhos

intra-aurais e quanto ao uso do telefone é de extrema importância para o

sucesso da adaptação (DANTAS, 2009).

Quanto à confecção do molde auricular nos idosos, esta pode ser

dificultada, já que, com o envelhecimento, ocorrem também alterações na

orelha externa, como o estreitamento da entrada do meato acústico externo e

descamação da pele do mesmo pelo uso constante do AASI. O aumento na

produção de cera e de pêlos, principalmente nos homens, também pode

prejudicar a pré-moldagem. (RUSSO; ALMEIDA; FREIRE, 2003).

Com relação às crianças, que formam uma grande clientela para os

Serviços de Atenção à Saúde Auditiva, Smith (2003) observou que, da

população mundial com idade inferior a quinze anos, aproximadamente 62

milhões têm perda auditiva permanente, sendo que dois terços habitam países

em desenvolvimento.

Quanto a confecção dos moldes auriculares nesta população, é

importante lembrar que o crescimento do meato acústico externos continua até

os nove anos de idade (NORTHERN; DOWNS, 1984). Assim, Almeida e

Taguchi (2003), referem que os moldes devem ser refeitos após um período de

uso que varia de três a seis meses para crianças com idades inferiores a cinco

anos e, anualmente, para as maiores, de modo a garantir sempre o uso de um

molde perfeito. Ressaltam também, que a qualidade final do molde depende da

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Revisão da Literatura

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impressão para sua confecção, e independente do material com o qual é

confeccionado.

Os mesmos autores mencionam que os moldes auriculares podem

se deteriorar rapidamente se não receberem cuidados e manutenção

adequados. Por questões tanto de higiene quanto acústicas, é imprescindível

que sejam mantidos limpos, lavados com água morna e sabão, sendo

devidamente secados antes de serem utilizados. O tubo plástico que conecta o

AASI retroauricular também deve estar sempre em bom estado. Um tubo

ressecado, torcido, rachado ou escuro precisa ser substituído.

Em levantamento de dados de prontuários de crianças e jovens

usuários de AASI de um Serviço de Saúde Auditiva e aplicação de entrevista

com os responsáveis, Sentieiro et al. (2008) selecionaram sujeitos com idade

entre três anos e um mês e catorze anos e onze meses, com o propósito de

colher dados sobre o uso do AASI e de terapia fonoaudiológica em deficientes

auditivos. Cerca de 70% dos responsáveis entrevistados referiram que suas

crianças utilizavam os aparelhos habitualmente, demonstrando a importância

do acompanhamento integral e constante pelo fonoaudiólogo. Entre os que

referiram o não uso do aparelho de amplificação, as queixas foram: o alto custo

das pilhas, quebra, preço da manutenção e presença de desconforto ao usar.

Em relação à manutenção, apenas 27,3% dos entrevistados afirmaram que há

assistência técnica na região de moradia.

Em estudo realizado com o objetivo de verificar o nível de

conhecimento dos pais de crianças surdas quanto ao manuseio do AASI, Ribas

e Rocha (2002) selecionaram vinte mães de crianças com idade entre dois e

seis anos que iniciaram o uso do AASI há aproximadamente um ano. Algumas

das mães, de fato, apresentaram dificuldade na limpeza do molde, mas todas

tinham habilidade na troca de pilhas e para adaptar corretamente o AASI na

orelha dos filhos. Como conclusão, as autoras destacaram que as mães

desempenhavam adequadamente suas tarefas no que diz respeito à

manutenção e bom funcionamento do AASI de seus filhos, porém, a dificuldade

de manuseio do dispositivo por parte dos familiares é comum. Por isso, na

prática clínica, é papel do fonoaudiólogo orientá-los quanto ao uso adequado, a

fim de assegurar o máximo de aproveitamento da amplificação.

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Revisão da Literatura

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Tendo como objetivo avaliar a consistência do uso de AASI por parte

de crianças deficientes auditivas, Moeller et al. (2009) realizaram entrevistas

com as mães e observaram que, em situações cotidianas, como em casa ou na

rua, é mais difícil manter os filhos com o aparelho de amplificação. As autoras

concluíram que o acolhimento é necessário no intuito de promover

conscientização e um uso mais consistente do dispositivo.

Como bem destacam Roslyng-Jensen (2001), os familiares são, de

fato, parte fundamental no processo de reabilitação das crianças; dessa forma,

o estabelecimento de alianças entre pais e profissionais é o ponto-chave de

todo o trabalho.

Quanto mais envolvida e adequada for a família, melhor prognóstico

a criança terá, pois é com pais e irmãos que passa a maior parte de sua vida.

Os familiares devem incentivar a criança ao uso do AASI, pois o uso não

regular do dispositivo faz com que a criança receba informações interrompidas

sobre o mundo sonoro, prejudicando seu aproveitamento auditivo

(BEVILACQUA; FORMIGONI, 1997).

Assegurar a adaptação e a utilização diária do AASI permite que as

crianças tenham experiências com sua audição em praticamente todas as

horas do dia. À medida que a criança entende o AASI como “parte do seu

corpo”, a adaptação ocorrerá de maneira mais tranqüila. O fonoaudiólogo deve,

portanto, orientar pais ou responsáveis pela criança sobre controles do

aparelho, moldes, bateria e cuidados em relação ao manuseio e manutenção

(BRAZOROTTO, 2005).

Em pesquisa realizada com crianças e seus respectivos pais, após

solicitação destes para retorno a um SASA, Araujo et al. (2010) verificaram

que: 56% das solicitações de retorno requeriam nova confecção de molde;

14%, nova avaliação audiológica para laudo médico; 14% referiram quebra do

AASI, 11% solicitavam acompanhamento audiológico completo; 4% referiram

perda do AASI e 1% retornaram para orientação quanto ao uso e manuseio do

AASI. Como conclusão, os autores observaram que o retorno de parte das

famílias de crianças deficientes auditivas acompanhadas pelo serviço

demonstra que, cada vez mais, há por parte dos pais a compreensão da

importância do acompanhamento periódico. Além disso, após agendamento de

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Revisão da Literatura

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retornos para acompanhamento audiológico, muitas famílias comparecem às

consultas com seus filhos sem que estes estejam utilizando os aparelhos de

amplificação de modo adequado e recomendado, demonstrando a necessidade

contínua de orientações a respeito.

Trabalhos como estes, de reconhecimento das demandas das

populações atendidas devem ser constantemente realizados, não apenas com

o objetivo científico, mas também como forma de conscientizar o sistema e

seus usuários de que o modelo preferencial de saúde não é o assistencial

curativo e sim de atenção integral à saúde, de forma que o próprio usuário seja

promotor de sua saúde, e responsável também pelo sucesso da reabilitação

(FREITAS; COSTA, 2007).

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4 MÉTODO

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Método

51

Este trabalho está inserido na linha de pesquisa Audição na Criança,

do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia, da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Diante da necessidade de análise de informações confidenciais dos

pacientes, contidas em prontuários e no Sistema de Gerenciamento de

Cadastro (SGEC), foi utilizado um Termo de Compromisso de Utilização de

Dados (ANEXO I), preenchido e assinado pelos pesquisadores e pela direção

geral da instituição.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-

SP por meio do protocolo no 055/2010 (ANEXO II).

4.2 LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado na Divisão de Educação e Reabilitação dos

Distúrbios da Comunicação (DERDIC), serviço credenciado por meio das

normas gerais disponibilizadas na Portaria Nº 587 (07/10/04) para

credenciamento de SASA. A DERDIC atua na média e na alta complexidade,

sendo uma clínica estruturada em quatro setores: Fonoaudiologia, Medicina,

Psicologia e Serviço Social.

Para atendimento na alta complexidade, as ações são desenvolvidas

no Centro Audição na Criança (CeAC), clínica que atua juntamente com a

DERDIC e é responsável pelo atendimento a bebês e crianças até três anos de

idade.

O setor de Fonoaudiologia da DERDIC, onde são desenvolvidas as

ações de média complexidade, e no qual a pesquisa foi realizada, é organizado

em serviços voltados às questões específicas das alterações de audição, voz e

linguagem em crianças, adolescentes, adultos e idosos.

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Método

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No que diz respeito às alterações auditivas, o setor de

Fonoaudiologia oferece à comunidade: Serviço Médico, Serviço de Audiologia

Clínica e Serviço de Audiologia Educacional para crianças a partir dos três

anos de idade, adultos e idosos. Psicologia e Serviço Social também atuam

junto à equipe.

O Serviço de Audiologia Clínica é dirigido ao diagnóstico médico e

audiológico.

O Serviço de Audiologia Educacional é dirigido à (re)habilitação

auditiva de pacientes deficientes auditivos que receberam o AASI por meio da

instituição, e é também responsável pelos seguintes procedimentos, todos com

agendas específicas de atendimento:

Seleção e Indicação do AASI, Verificação, Validação e Orientação ao

paciente quanto ao manuseio e os cuidados com o aparelho;

Terapia de adaptação do AASI;

Acompanhamento (Consulta Médica e Audiologia Clínica);

Pronto Atendimento em AASI.

Os pacientes podem ingressar na DERDIC de duas formas:

Vaga regulada: são vagas reservadas para pacientes encaminhados por

serviços de saúde para os quais a DERDIC é referência, via convênio com

a Secretaria Municipal da Saúde.

Porta aberta: sistema de agendamento para qualquer cidadão que procura

a DERDIC.

Ao ingressarem na instituição, os pacientes passam pelas seguintes

etapas:

Avaliação de Equipe Multiprofissional Avaliação médica otorrinolaringológica, pediátrica e neurológica:

avaliação clínica, solicitação de exames e diagnóstico.

Avaliação audiológica: audiometria tonal limiar ou condicionada por via

aérea e via óssea, logoaudiometria, imitanciometria, pesquisa do nível de

desconforto para tom puro e fala; em caso de necessidade, são também

incluídos exames complementares como: emissões otoacústicas

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Método

53

evocadas, potenciais evocados auditivos etc; esta avaliação nos permite

obter, com precisão, o grau, o tipo e a configuração audiométrica da perda

auditiva do indivíduo;

Atendimento psicológico: acolhimento, entrevista psicológica,

atendimentos individuais e em grupos, acompanhamento psicológico às

famílias e ao paciente etc

Atendimento social: entrevista inicial sobre a rotina do serviço e o

sistema SUS, encaminhamentos, análise de casos de pacientes que

solicitam novo AASI, contato com usuários que abandonaram os

atendimentos etc

Seleção do AASI Confecção do molde auricular: prescrito o uso do AASI, o paciente é

encaminhado para realização da pré-moldagem, caso seja selecionado

um dispositivo retroauricular ou intra-aural; em caso de AASI com

adaptação aberta não há necessidade desta etapa.

Seleção, indicação e início da adaptação ao AASI: ocorre então, a

escolha do tipo de adaptação (via aérea ou via óssea; unilateral ou

bilateral) e do tipo de AASI, sendo este baseado na informação

audiológica obtida durante o processo avaliativo, nas especificações

técnicas e em suas características físicas e eletroacústicas do AASI.

Verificação do desempenho e benefício fornecido pelo AASI: por meio

de medidas objetivas, são verificadas as características planejadas e

aplicadas anteriormente, assegurando a amplificação necessária para

cada indivíduo. Nesta fase, também se pode utilizar testes em campo livre

para pesquisar os limiares auditivos com AASI.

Validação quanto ao uso do AASI: aferição dos benefícios ao paciente e

também das limitações do dispositivo por meio da aplicação de protocolos

de percepção de fala, adequados à idade e habilidade auditiva do

paciente e de questionários de avaliação voltados aos familiares.

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Método

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Terapia Fonoaudiológica

Para os adultos, são indicadas quatro sessões de 45 min., durante quatro

semanas; para crianças, duas sessões semanais com 45 min., cada. O

intuito é promover a adaptação dos AASI e inserir os pacientes no

contexto terapêutico conforme suas necessidades linguísticas.

Acompanhamento

Seguimento periódico dos pacientes, de modo a monitorar a perda

auditiva e o uso efetivo do AASI, com a finalidade de garantir uma boa

adaptação.

4.3 SUJEITOS

A inclusão dos sujeitos para compor a população desta pesquisa

obedeceu aos critérios que se seguem. Pacientes que:

Concluíram o diagnóstico audiológico de deficiência auditiva e receberam

o AASI na instituição;

Possuíam idade acima de três anos;

Contataram a instituição, por telefone, solicitando retorno;

Compareceram ao PA em AASI no retorno agendado entre o período de

1° de março de 2010 a 1° de julho de 2010.

4.4 MATERIAL

Os dados foram coletados por meio dos seguintes instrumentos:

Prontuários de pacientes atendidos no PA em AASI para coleta de dados

referentes às características demográficas e audiológicas dos pacientes;

Sistema de Informação da DERDIC - o SGEC - para coleta de dados

demográficos e referentes às datas de agendamentos dos pacientes no

serviço.

Ficha específica utilizada no serviço para o PA em AASI (Anexo III).

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Método

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4.5 PROCEDIMENTOS

4.5.1 Instruções aos profissionais da recepção da DERDIC

Os profissionais da recepção foram orientados sobre o propósito do

estudo, visto que tiveram o primeiro contato com os participantes da pesquisa

no momento do agendamento via telefone, ou seja, ficou determinado que:

todo o paciente, ao ligar solicitando qualquer tipo de agendamento deveria

inicialmente ser submetido ao PA em AASI; foram disponibilizadas, assim,

cerca de duzentas vagas mensais para este tipo de atendimento.

Após o agendamento, os profissionais da recepção buscavam no

SGEC dados dos pacientes, preenchendo-os em ficha específica (Anexo III).

Dados coletados pela recepção: nome completo e data de nascimento;

data do contato do paciente com a DERDIC; número do prontuário do

paciente; motivo do retorno referido pelo paciente; data do primeiro

atendimento do paciente na DERDIC; data do último atendimento do

paciente na DERDIC e o serviço no qual foi atendido neste último

agendamento e data de sua última avaliação audiológica na DERDIC.

4.5.2 O Pronto Atendimento em AASI

O PA em AASI foi proposto para solucionar problemas de pacientes

que solicitaram retorno à instituição, assim como para encaminhá-los a

serviços que pudessem beneficiá-los.

Foram seguidos os seguintes procedimentos:

Os pacientes foram agendados, de 15 em 15 minutos, em dias e horários

específicos para tal atendimento;

Os atendimentos foram realizados pelo pesquisador e por fonoaudiólogos

do serviço;

Chegando ao PA em AASI, o paciente era questionado sobre qual o

motivo de seu retorno ao serviço.

Dados pertinentes ao atendimento foram coletados em ficha específica

(Anexo III)

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Método

56

4.5.3 Condutas no Pronto Atendimento em AASI

A seguir, são elencadas as condutas realizadas pelos

fonoaudiólogos da instituição, durante o PA.

4.5.3.1 Análise do AASI e de seus componentes realizada independente do

motivo do retorno do paciente

Condição física do AASI (quebra, oxidação etc);

Qualidade sonora do AASI por meio de estetoscópio para tal finalidade;

Carga e/ou qualidade da pilha;

Condição física e de limpeza do tudo do molde, molde ou tulipa;

Condição funcional do AASI e do molde no paciente (incômodo, dor,

microfonia etc);

4.5.3.2 Condutas adotadas conforme o motivo do retorno do paciente

Agendamento para acompanhamento;

Ajuste ou reposição de molde (AASI retroauricular) ou tulipa (AASI c/

adaptação aberta);

Orientação quanto ao manuseio, limpeza do AASI e/ou de seus demais

componentes;

Ajuste nos parâmetros eletroacústicos do AASI, quando possível;

Encaminhamento para assistência técnica (AASI danificado);

Encaminhamento para ORL;

Encaminhamento para reposição do AASI.

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Método

57

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

A partir dos dados obtidos com os procedimentos utilizados nesta

pesquisa, todas as variáveis foram dispostas em colunas, em planilha Excel,

para melhor visualização e filtragem dos dados. Foi possível, assim, selecionar

o tipo de análise para o estudo, sendo esta considerada a partir do seguinte

recorte:

4.6.1 Caracterização demográfica, audiológica e quanto ao uso do AASI pela

população estudada

Gênero;

Faixa etária;

Nível de escolaridade;

Grau e tipo da perda auditiva;

Tipo do AASI (retroauricular, intra-aural ou adaptação aberta);

Tipo de adaptação do AASI (monoaural ou binaural);

Uso ou não do AASI pela primeira vez;

Tempo de uso do AASI em meses;

Tempo de uso do AASI em horas diárias.

4.6.2 Análise descritiva dos motivos do retorno e condutas adotadas mais

ocorrentes nesta população

4.6.3 Associação do tempo de uso do AASI em meses e do intervalo de tempo

decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do PA com as condutas

de maior ocorrência por meio da técnica de Análise de Variância Multivariada

(JOHSON; WICHERN, 1992), utilizada para obtenção de informações a partir

da análise de medidas simultâneas de muitas variáveis.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Resultados e Discussão

59

Este capítulo foi dividido em quatro partes: caracterização

demográfica dos sujeitos, caracterização audiológica e referente ao uso do

AASI, identificação e análise dos motivos do retorno e das condutas adotadas e

associação das condutas com o tempo de uso do AASI (em meses) e o

intervalo de tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do

Pronto Atendimento.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS SUJEITOS

5.1.1 População do Estudo

Após quatro meses de coleta de dados no Pronto Atendimento em

AASI, foram agendados pela secretaria do serviço 524 pacientes que

solicitaram retorno à DERDIC. Deste total, 69 (13%) faltaram e não entraram

em contato para novo agendamento. Aqueles que faltaram na primeira data,

mas, remarcaram e compareceram ao serviço em outra oportunidade foram

atendidos e incluídos no estudo.

Dos 455 sujeitos atendidos, 15 (3%) foram excluídos por não

contemplarem os critérios de seleção da pesquisa (dez utilizavam AASI

concedido por outro SASA e cinco não possuíam o dispositivo de amplificação).

Assim, 440 (84%) indivíduos configuraram a população deste

estudo.

5.1.2 Gênero

Na tabela 1 pode ser visualizada tanto a distribuição da população

do estudo como da que compõe o universo da DERDIC quanto ao gênero.

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Resultados e Discussão

60

TABELA 1 - Distribuição dos sujeitos quanto ao gênero, em comparação ao universo da DERDIC. (N=440).

Gênero N° de sujeitos da pesquisa % Universo da DERDIC %

Feminino 258 58,6 2.317 52,1

Masculino 182 41,4 2.128 47,9

Total 440 100 4.445 100

Observa-se, portanto, predominância do gênero feminino, tanto no

universo da instituição quanto da pesquisa. Além disso, como se verá no

próximo item, os indivíduos acima de 60 anos corresponderam a quase 40% da

população estudada. Esses dados estão de acordo com a literatura

pesquisada.

De fato, conforme Camarano (2003) e Campos (2004), a população

feminina apresenta maior longevidade quando comparada a masculina.

Camarano (2003) afirma que, em termos proporcionais, as mulheres idosas

respondiam por 2,2% do total da população brasileira em 1940, passando a

4,7% em 2000. Para os homens a proporção comparável em 2000 foi de 3,8%.

Espmark et al. (2002) compararam indivíduos de ambos os gêneros,

portadores de presbiacusia, e afirmaram que as mulheres manifestaram maior

preocupação com a deterioração da audição em relação aos homens, assim

como com a saúde geral. Bavaresco (2006) menciona, ainda, que os homens

apresentam maior resistência que as mulheres, tanto na fase diagnóstica

quanto durante a adaptação do AASI.

5.1.3 Faixa Etária

A faixa etária da população variou entre 3 e 98 anos (média de 45,9

anos). Conforme a PNASA (2004), o indivíduo é considerado criança até os 14

anos e 11 meses de idade; e segundo a OPAS (2005) é considerado idoso, em

países em desenvolvimento como o Brasil, o indivíduo com idade igual ou

superior a 60 anos. Sendo assim, os demais indivíduos do estudo foram

subdivididos em três categorias com intervalos de mesma extensão.

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Resultados e Discussão

61

TABELA 2 - Distribuição dos sujeitos quanto à faixa etária, em comparação ao universo da DERDIC. (n=440).

Faixa Etária N° de sujeitos da pesquisa % Universo da

DERDIC %

3 anos a 14 anos e 11 meses 91 20,7 776 17,5

15 anos a 29 anos e 11 meses 69 15,7 682 15,3

30 anos a 44 anos e 11 meses 52 11,8 512 11,5

45 anos a 59 anos e 11 meses 59 13,4 585 13,2

60 anos ou mais 169 38,4 1890 42,5

Total 440 100 4.445 100

Quanto à faixa etária, quase 40% dos sujeitos da pesquisa era

formada por idosos, o que pode ser explicado pelo aumento da longevidade da

população na maior parte do planeta, conforme Neves e Feitosa (2002). O

universo da DERDIC demonstra proporção semelhante.

Morettin et al. (2008), em estudo com 2.143 sujeitos com 60 anos ou

mais, concluíram que a autopercepção ruim da audição aumenta com a idade e

que a perda auditiva é muito comum na população idosa. O impacto negativo

que este problema traz ao idoso faz com que ele e/ou sua família busquem

ajuda, contribuindo para o aumento desta população nos SASA.

Com relação às crianças, que corresponderam a 20,7% da

população em estudo, Smith (2003) referiu que estas formam uma grande

clientela para os SASA, pois, da população mundial inferior a 15 anos,

aproximadamente 62 milhões tem perda auditiva permanente, sendo que dois

terços habitam países em desenvolvimento, como o Brasil.

O menor número de solicitação de retornos de crianças deveu-se ao

fato que parte dessa população tem retornos periódicos agendados no serviço.

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Resultados e Discussão

62

5.1.4 Nível de Escolaridade

Devido à grande quantidade de sujeitos com Ensino Fundamental,

optamos por retratar esta variável apenas do grupo com idade igual ou superior

a 15 anos (349 sujeitos), conforme tabela 3. Isso porque, segundo o Ministério

da Educação (MEC), indivíduos com até 14 anos de idade, encontram-se

regularmente em níveis de escolaridade compreendidos até o Ensino

Fundamental (MEC, 2004).

TABELA 3 - Distribuição dos sujeitos com idade igual ou superior a 15 anos (N=349) quanto ao nível de escolaridade.

Nível de Escolaridade N° de sujeitos %

Fundamental Incompleto 141 40,4

Fundamental Completo 62 17,8

Ensino Médio 107 30,6

Ensino Superior 39 11,2

Total 349 100

Dos sujeitos com idade igual ou acima de 15 anos, 141 (40,4%)

possuíam o Ensino Fundamental Incompleto, aspecto este também retratado

por Gouveia et al. (2005) e Ribeiro et al. (2006). Segundo esses autores, dentre

os indivíduos que procuram os serviços públicos de saúde no país há

predominância de baixa escolaridade.

Teixeira (2007) infere que o problema da baixa escolaridade pode

afetar importantes aspectos relativos ao uso do AASI, como por exemplo, a

falta de compreensão durante o processo de orientação.

Já Armigliato et al. (2010) ressaltam que a avaliação dos serviços de

saúde de caráter público também é afetada por esse problema, na medida em

que os indivíduos de baixa escolaridade, muitas vezes, omitem

questionamentos e críticas negativas, mostrando-se satisfeitos pelo simples

fato de serem atendidos.

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Resultados e Discussão

63

5.2 CARACTERIZAÇÃO AUDIOLÓGICA E REFERENTE AO USO DO AASI

5.2.1 Grau da Perda Auditiva

A população em estudo, foi dividida quanto ao grau da perda

auditiva na melhor orelha e em ambas as orelhas, de acordo com a média dos

limiares audiométricos nas freqüências de 500Hz, 1kHz, 2kHz e 4kHz (WHO,

2007).

As tabelas 4 e 5, trazem a distribuição dos sujeitos quanto ao grau

de perda auditiva. Na tabela 4 consta a distribuição conforme o grau da perda

auditiva na melhor orelha, que reflete a maneira como o “paciente funciona”,

com o AASI, em relação às habilidades de comunicação; a tabela 5 apresenta

a distribuição do grau de perda auditiva por orelha, demonstrando pouca

variabilidade entre ambas.

TABELA 4 - Distribuição dos sujeitos quanto ao grau de perda auditiva na melhor orelha. (N=440).

Grau da Perda Auditiva (melhor orelha) N° de sujeitos %

Normal* 16 3,7

Leve 59 13,4

Moderado 207 47

Severo 61 13,9

Profundo 97 22

Total 440 100

*Indivíduos com perda auditiva unilateral.

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Resultados e Discussão

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TABELA 5 - Distribuição dos sujeitos quanto ao grau de perda auditiva por orelha. (N=440).

Grau da Perda Auditiva

Orelha Direita % Orelha Esquerda %

Normal* 8 1,8 8 1,8

Leve 42 9,6 45 10,2

Moderado 206 46,8 202 45,9

Severo 66 15,0 64 14,6

Profundo 118 26,8 121 27,5

Total 440 100 440 100

*Indivíduos com perda auditiva unilateral.

Conforme exposto nas tabelas acima, podemos observar maior

ocorrência de indivíduos com perda auditiva de grau moderado.

Em estudo realizado com 256 indivíduos adaptados durante um ano

em um SASA, Teixeira, Augusto e Caldas Neto (2008), apontaram que 91%

deles apresentavam perda auditiva de grau moderado. Trata-se de um grupo

que tende a obter maior benefício com o AASI em termos de discriminação

para a fala, com boa qualidade sonora.

Com relação à perda auditiva de grau profundo, segunda maior na

presente pesquisa, essa ocorrência pode ser explicada pelo fato de existir, na

DERDIC, o Instituto Educacional São Paulo (IESP), escola cuja abordagem

lingüística é realizada por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS),

considerada a língua natural das comunidades surdas.

5.2.2 Tipo da Perda Auditiva

Neste estudo, a perda auditiva foi considerada neurossensorial

quando os limiares de audibilidade obtidos por via aérea e via óssea

encontravam-se rebaixados, com ausência de gap entre os mesmos; foi

considerada condutiva quando os limiares de audibilidade por via aérea

encontravam-se rebaixados e os limiares por via óssea encontravam-se dentro

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Resultados e Discussão

65

dos padrões de normalidade, e foi considerada mista quando ambos os

limiares, por via aérea e óssea, encontravam-se rebaixados, com presença de

gap entre eles.

No caso em que o mesmo sujeito apresentou um tipo de perda

auditiva em cada orelha, a alteração foi classificada da seguinte maneira: perda

auditiva neurossensorial associada à perda auditiva mista ou perda auditiva

neurossensorial associada à perda auditiva condutiva.

O universo do serviço, para os anos de 2008 e 2009, somou 814

pacientes que receberam o AASI na instituição, sendo que 675 (83%) deles

apresentavam perda auditiva do tipo neurossensorial bilateral.

As tabelas 6 e 7 apresentam a distribuição dos sujeitos quanto ao

tipo de perda auditiva; na tabela 6 consta a distribuição dos sujeitos conforme

essa variável; na tabela 7 a distribuição do tipo de perda auditiva por orelha,

demonstrando pouca variabilidade entre ambas.

TABELA 6 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tipo de perda auditiva. (N=440).

Tipo de Perda Auditiva N° de sujeitos %

Sensorioneural Bilateral 374 85

Mista Bilateral 28 6,5

Sensorioneural associada à Mista 19 4,3

Sensorioneural Unilateral 13 3,0

Condutiva Bilateral 2 0,5

Mista Unilateral 2 0,5

Condutiva Unilateral 1 0,2

Sensorioneural associada à Condutiva 1 0,2

Total 440 100

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Resultados e Discussão

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TABELA 7 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tipo de perda auditiva por orelha. (N=440).

Tipo de Perda Auditiva

Orelha Direita % Orelha Esquerda %

Normal* 8 1,8 8 1,8

Sensorioneural 388 88,2 393 89,3

Condutiva 4 0,9 2 0,5

Mista 40 9,1 37 8,4

Total 440 100 440 100

*Indivíduos com perda auditiva unilateral.

A porcentagem dos indivíduos que voltaram ao serviço (85%), assim

como a população que configura o universo da DERDIC (83%) demonstra que

a ocorrência de perda auditiva do tipo neurossensorial predomina sobre as

demais.

Algumas investigações como as de Silva et al. (2007) e Teixeira,

Augusto e Caldas Neto (2008), realizadas também com um número maior de

sujeitos, respectivamente, 163 e 256, encontraram uma ocorrência significativa

desse tipo de perda auditiva em relação às demais.

Conforme explicam Campos, Russo e Almeida (2003), a indicação

de uso do AASI é o meio primário de reabilitação para os portadores de perdas

auditivas neurossensoriais; logo, a quantidade de pacientes que fazem uso

deste dispositivo é maior neste grupo, aumentando, assim, o número desses

sujeitos no SASA.

5.2.3 Dados referentes ao uso do AASI

Nas tabelas de 8 a 12 estão expostas as distribuições dos sujeitos

em relação às variáveis referentes ao uso do AASI: tabela 8 - tipo de AASI;

tabela 9 - tipo de adaptação; tabela 10 - uso do AASI pela primeira vez ou não;

tabela 11 - tempo de uso do AASI em meses; tabela 12 - tempo de uso diário

do AASI.

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Resultados e Discussão

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TABELA 8 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tipo de AASI concedido em comparação ao universo da DERDIC. (N=440).

Variável

Tipo de AASI N° de sujeitos da pesquisa

% Universo da DERDIC

%

Retroauricular 388 88,2 637 78,3

Intra-aural 36 8,2 79 9,7

Adaptação aberta 16 3,6 98 12,0

Total 440 100 814 100

A maioria dos AASI concedidos no serviço é do tipo retroauricular, o

que também ocorre entre os pacientes que retornaram a DERDIC.

De fato, os AASI do tipo retroauricular são muito indicados, pois

permitem níveis de amplificação importantes, controles maiores e mais visíveis,

muitas possibilidades de ajustes e estética aceitável, conforme mencionam

Menegotto, Iório e Borges (1993) e Russo, Almeida e Freire (2003). A indicação

deste tipo de AASI para crianças e idosos é bastante comum, e estes

correspondem a mais da metade dos indivíduos desta pesquisa.

Como vimos anteriormente, nas crianças, o crescimento do meato

acústico externo continua até os nove anos de idade, segundo Northern e

Downs (1984); sendo assim, a confecção de aparelhos intra-aurais para esta

população é inviável, pois, além de espaço insuficiente para comportar o AASI,

este teria que ser refeito em curtos períodos de tempo. O Anexo IV da Portaria

n° 587 também alerta para a indicação de AASI retroauricular para crianças até

oito anos de idade.

Nos idosos, conforme comentam Russo, Almeida e Freire (2003),

embora em alguns casos este tipo de AASI dificulte sua inserção e remoção,

por constituírem um conjunto de duas peças, os controles externos mais

visíveis permitem uma melhor manipulação.

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Resultados e Discussão

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TABELA 9 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tipo de adaptação do AASI. (N=440).

Variável

Tipo de Adaptação do AASI N° de sujeitos %

Binaural 379 86,1

Monoaural 61 13,9

Total 440 100

A maioria dos indivíduos que solicitaram retorno ao serviço utilizava

adaptação binaural. De fato, segundo consta no Anexo IV da Portaria n° 587,

os critérios de indicação do uso do AASI recomendam, para adultos e crianças

com perda auditiva bilateral permanente, a adaptação do tipo binaural,

tomando por base a média dos limiares tonais nas freqüências de 500, 1000,

2000 e 4000 Hz, sendo que, para adultos, esta média deve ser acima de 40dB

NA e para crianças, acima de 30dB NA.

Freire (2003) considera várias vantagens do uso da adaptação

binaural: melhor localização do som, melhor reconhecimento de fala na

presença de ruído e melhor somação binaural.

Embora se saiba que o uso deste tipo de adaptação traga mais

vantagens ao indivíduo, estudos como o realizado por Teixeira, Augusto e

Caldas Neto (2008), com 256 indivíduos adaptados durante o período de um

ano, em um SASA, mostram que apenas 8,98% dos sujeitos optaram pelo uso

do AASI em ambas as orelhas, mesmo sabendo que o ideal seria utilizá-lo nas

duas. Aqueles que optaram pelo uso monoaural referiram como justificativas,

dentre outras: “quando me acostumar coloco outro”, “não terei que comprar

mais pilhas”, “quase não saio, preciso só de um”.

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TABELA 10 - Distribuição dos sujeitos quanto ao uso, ou não, do AASI pela primeira vez. (N=440).

Variável

Uso do AASI pela 1ª vez N° de sujeitos %

Sim 311 70,7

Não 129 29,3

Total 440 100

Mais de 70% dos sujeitos que solicitaram retorno à DERDIC faziam

uso do AASI pela primeira vez, demonstrando a necessidade de apoio contínuo

dos profissionais do serviço até o alcance da efetividade da adaptação.

Nesse sentido, o estudo realizado por Almeida e Guarinello (2009)

trouxe um aspecto importante: indivíduos que utilizam o AASI pela primeira vez

tendem a comparecer a todas as sessões de orientação; já aqueles com

experiência no uso do dispositivo, não demonstram tanto interesse na

orientação, pois se julgam adaptados, embora, no caso da pesquisa desses

autores, estivessem adquirindo um novo AASI. É neste momento,

principalmente para os novos usuários, que se deve utilizar de artifícios para

que a etapa de orientação seja efetiva.

Campos, Oliveira e Blasca (2010) elaboraram um material didático

em DVD contendo informações importantes sobre o uso e manuseio do AASI,

objetivando o melhor aproveitamento da amplificação.

Dantas (2009) confeccionou um guia de orientações aos pacientes e

seus cuidadores contendo orientações sobre cuidados, manuseio, limpeza e

uso do AASI e do molde, das pilhas, quanto aos cuidados com o filtro dos

aparelhos intra-aurais e quanto ao uso do telefone.

Boéchat, Russo e Almeida (2003), Souza e Wieselberg (2005),

Boothroyd (2007), Freitas e Costa (2007) e Ruschel, Carvalho e Guarinello

(2007) corroboram com a idéia de que as etapas de orientação,

aconselhamento e acompanhamento são importantes para uma boa

reabilitação. Também este estudo mostrou que existe demanda para tais

procedimentos.

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TABELA 11 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tempo de uso do AASI a partir da data de recebimento da aparelho de amplificação. (N=440).

Tempo de uso do AASI (em meses) N° de sujeitos %

1 a 6 82 18,6

7 a 12 86 19,5

13 a 18 46 10,5

19 a 24 39 8,9

25 a 30 35 8,0

31 a 36 40 9,0

acima de 36 112 25,5

Total 440 100

A variável tempo de uso do AASI em meses apontou que 38,1% dos

indivíduos que solicitaram retorno a instituição eram usuários de AASI por um

período de até 12 meses.

Estudo realizado por Freitas e Costa (2007) apontou que, de um

grupo formado por 31 indivíduos com tempo mínimo de três meses de uso da

amplificação, cerca de 30% apresentaram como principais dificuldades: o

manuseio de moldes e de cápsulas, desconforto para inserir os aparelhos no

conduto auditivo e limpeza dos mesmos. Além disso, mais da metade destes

sujeitos (64%) referiu queixas quanto às características de amplificação:

intensidade, ruído etc.

Segundo Teixeira (2007), o processo de orientação é muito

importante no período inicial de adaptação do AASI, para que se aproveite ao

máximo os benefícios da amplificação sonora, garantindo a manipulação e

inserção do aparelho de forma correta, além de possibilitar o planejamento de

estratégias de comunicação por parte do clínico.

Tschiedel (2003) afirma que o primeiro ano após a aquisição do

AASI é considerado o período crítico de adaptação, dentro do qual há risco de

desistência. Costa, Sampaio e Oliveira (2007) complementam essa

observação, referindo que a identificação de dificuldades e a orientação

oportuna a cada caso, diminuem o índice de abandono do uso do AASI.

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Resultados e Discussão

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Os usuários de AASI acima de 36 meses, também com grande ocorrência

neste estudo, porém, com motivos diferentes, são discutidos mais adiante.

TABELA 12 - Distribuição dos sujeitos quanto ao tempo de uso diário do AASI. (N=440).

Tempo de Uso Diário do AASI (em horas) N° de sujeitos %

Não usa o AASI 68 15,5

Uso assistemático do AASI (2 a 6hrs) 84 19,0

Uso sistemático do AASI (mais de 8hrs) 288 65,5

Total 440 100

Quanto ao uso diário do AASI, mais de 65% dos sujeitos deste

estudo referiram mais de oito horas diárias.

Para as crianças, principalmente, trata-se de um ponto crucial, pois,

segundo Bevilacqua e Formigoni (1997), estas estão em fase de

desenvolvimento da linguagem oral, e o uso não regular do AASI faz com que

recebam informações interrompidas sobre o mundo sonoro, prejudicando seu

aproveitamento auditivo.

Desjardins e Doherty (2007), com o intuito de avaliarem a

capacidade de 50 indivíduos que afirmaram dominar o uso e a manutenção de

seus aparelhos, observaram, por meio da aplicação do PHAST, que aqueles

com o maior número de horas diárias de uso obtiveram os melhores escores.

Entre os sujeitos do estudo, a maioria usava o AASI há mais de cinco anos e

por mais de cinco horas diárias; porém, somente 18% deles, que os utilizavam

por um período ainda maior, dominavam perfeitamente o funcionamento dos

seus aparelhos.

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Resultados e Discussão

72

5.3 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS MOTIVOS DO RETORNO E DAS

CONDUTAS ADOTADAS

5.3.1 A importância do reconhecimento da demanda de usuários que

solicitam retorno ao SASA

A busca por mudanças dentro de um SASA, em prol da qualidade de

serviço e do benefício e da satisfação dos indivíduos, ocorre a cada dia. A

qualidade interessa não só aos usuários e profissionais, como também aos

gestores, que terão informações úteis e concretas para definição de prioridades

e, conseqüentemente, reorientação das práticas, além do monitoramento dos

programas (SILVA; FORMIGLI, 1994).

O PA foi criado, justamente, para conhecer as características dos

pacientes que buscam o serviço, de acordo com diversos tipos de demanda.

De fato, como ressalta Silva (2002), a busca por mecanismos para melhorar

constantemente cada um dos aspectos da organização, deve estar em sintonia

com as necessidades dos clientes.

Neste sentido, Junqueira e Auge (1996) afirmaram que o que

determina a procura por serviços de saúde é uma necessidade gerada pela

existência de um problema de saúde. A partir da utilização do serviço, o

indivíduo terá ou não satisfeitas suas necessidades ou expectativas, sendo

este nível de satisfação o que possibilitará inferir a qualidade nos diversos

momentos do atendimento.

Como referem Solla (2005), Neves e Rollo (2006) e Schneider et al.

(2008), entre outros aspectos, a escuta, a identificação das necessidades dos

pacientes e a garantia de resolubilidade do problema do usuário são

fundamentais.

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Resultados e Discussão

73

5.3.2 Motivo do Retorno ao Serviço

Neste estudo, cada paciente poderia apresentar mais de um motivo

de retorno ao serviço; por isso, os números encontrados nesta categoria não

correspondem ao total de participantes.

Ao todo, tivemos 524 motivos de retorno referentes aos 440

indivíduos participantes.

Os motivos de retorno foram:

Solicitação de Acompanhamento;

Molde;

Orientação (manuseio, limpeza do AASI e/ou de seus demais

componentes);

Ajuste do AASI;

Assistência Técnica (AASI danificado);

Orl;

Laudo Médico para passe-livre;

Perda do AASI;

Outros motivos.

5.3.3 Conduta do Fonoaudiólogo do Serviço

Cada paciente atendido gerava uma ou mais condutas, decorrentes

diretamente dos motivos do retorno ou da observação do fonoaudiólogo

durante o atendimento. Por essa razão, os números desta categoria não

correspondem ao total de participantes.

Ao todo, tivemos 673 condutas geradas para aos 440 indivíduos

participantes.

Estas condutas foram:

Agendamento para Acompanhamento;

Molde (ajuste ou reposição);

Orientação (manuseio, limpeza do AASI e/ou de seus demais

componentes;

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Resultados e Discussão

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Ajuste nos parâmetros eletroacústicos do AASI, quando possível;

Encaminhamento para Assistência técnica (AASI danificado);

Encaminhamento para Consulta ORL;

Encaminhamento para Reposição do AASI.

A tabela 13 demonstra a distribuição dos indivíduos com relação ao

intervalo de tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do PA.

TABELA 13 - Distribuição dos sujeitos quanto ao intervalo de tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento. (N=440).

Situação da última Av. Audiológica N %

Av. Audiológica dentro do período* 189 43

Av. Audiológica fora do período* 251 57

Total 440 100

*Esta periodicidade varia conforme a idade do sujeito

Podemos verificar que 57% dos indivíduos que solicitaram retorno

ao serviço estavam com a avaliação audiológica fora do período determinado

para sua faixa etária; ou seja, essa avaliação havia sido realizada há mais de

seis meses, em crianças de 3 a 14 anos e 11 meses, ou há mais de um ano, no

caso de sujeitos com idade igual ou superior a 15 anos.

Conforme consta no Anexo IV da Portaria n° 587, a realização do Ac

periódico é fundamental.

Scholze, Pagnossim e Fialho (2010), ressaltam que, muitas vezes, o

motivo do retorno do indivíduo ao SASA não demanda obrigatoriamente um Ac

como o descrito na Portaria Ministerial. Os motivos vão desde necessidade de

pequenos ajustes nos AASI ou nos moldes auriculares, até solicitação de

orientações sobre o uso e manuseio do aparelho.

No entanto, a importância da realização do Ac dentro dos prazos

corretos deve ser reforçada para os pacientes, tanto pelo fato de que muito se

beneficiam com esse procedimento, como em termos burocráticos para o

serviço, visto que apenas quando se tem o Ac realizado de maneira integral é

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Resultados e Discussão

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que se pode emitir a APAC correspondente para este procedimento, como

consta na Portaria N° 589.

Além disso, somente com a avaliação audiológica do paciente em

dia é que se torna possível fazer ajustes nas características eletroacústicas do

AASI.

Logicamente, o paciente chega ao serviço com as mais diversas

demandas, e este, tem que dar resolubilidade ao caso; porém, deve também

orientá-lo para que não fique muito tempo sem retornar à instituição, buscando

o serviço somente quando o AASI quebra, quando se necessita de laudo

médico e etc.

Na tabela 14 estão os valores relativos à estatística descritiva para o

tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e a data do PA.

TABELA 14 - Estatística descritiva para o intervalo de tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento. (N=440).

N Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo

440 16,5 13,3 0,1 13,1 85,8

Nesta tabela observamos, por meio da média obtida (16,5 meses),

que grande parte dos pacientes deste estudo estava com a avaliação

audiológica fora do período preconizado pela PNASA, e também, devido à

grande variação entre os sujeitos, gerando um significativo desvio padrão,

concluímos que enquanto alguns voltaram ao serviço poucos meses após a

avaliação audiológica (mínimo), outros demoraram anos para um próximo

retorno (máximo).

A distribuição dos sujeitos quanto à relação entre o motivo do

retorno e a conduta realizada foi disposta através de uma matriz em documento

Excel (Figura 1). Nela se concentram 386 indivíduos (87,7%) cujas

combinações de motivo do retorno e conduta tiveram maiores ocorrências. Os

outros 54 sujeitos (12,3%) configuraram combinações isoladas, ficando fora

dessa análise.

Os motivos de retorno e condutas geradas receberam códigos

conforme o quadro abaixo:

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Resultados e Discussão

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Quadro 1 - Legenda de códigos para motivo do retorno e conduta

Código Motivo do retorno* Conduta

Ac Acompanhamento Acompanhamento

Ass Assistência Técnica* Assistência Técnica

M Molde Molde

Aj Ajuste no AASI Ajuste no AASI

O Orientação Orientação

Rep - Reposição do AASI

Orl Avaliação Otorrinolaringológica Avaliação Otorrinolaringológica

Laudo Laudo Médico -

Perda Perda do AASI -

*Muito embora a maioria dos pacientes não utilizasse os termos do quadro acima no momento

de expor o motivo do retorno, resolvemos normatizá-los desta forma para melhor compreensão

do leitor.

*No caso de motivo do retorno por Assistência técnica, entenda-se AASI danificado.

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Figura 1 - Matriz motivo do retorno x conduta (configura a concentração de indivíduos

conforme as combinações entre motivo do retorno e a conduta).

Na tabela 15 consta a relação entre motivos de retorno e condutas

correspondentes a esses 386 indivíduos. A análise apresenta a distribuição de

frequências conjuntas do motivo do retorno e da conduta, e nas marginais da

tabela são elencadas as distribuições de porcentagens de cada uma dessas

variáveis.

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TABELA 15 - Distribuição de frequências conjuntas entre motivo do retorno e conduta. (N=386).

Motivo Conduta Aj M Ass Ac O Aj+M Orl Laudo M+Ass Perda Aj+Ass Aj+Ac Total %

Ac 17 8 1 30 1 1 8 1 67 17,4 Ac+Ass 11 4 21 10 1 2 1 3 2 55 14,2

M 47 1 48 12,4 Ass 10 28 3 2 43 11,1 Aj 37 1 1 39 10,1

Ac+M 27 2 1 1 31 8,0 O 4 3 2 2 12 2 25 6,5

Ac+O 5 2 4 1 2 14 3,6 Ac+Ass+M 3 8 2 1 14 3,6

Ac+Aj 8 1 1 10 2,6 Rep 6 2 8 2,1 Orl 1 6 7 1,8

Ass+M 1 1 4 6 1,6 Ac+Ass+O 1 2 1 4 1,0

M+Aj 1 3 4 1,0 Ac+Ass+Rep 1 1 1 3 0,8

Ac+M+Aj 1 1 1 3 0,8 Ass+O 1 1 2 0,5 Ass+Aj 2 1 3 0,8 Total 102 99 61 52 16 14 9 9 7 7 6 4 386 100,0

% 26,4 25,6 15,8 13,5 4,1 3,6 2,3 2,3 1,8 1,8 1,6 1,0 100,0

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Pela tabela 15 é possível constatar que:

Dos 102 indivíduos com motivo Aj; 37 (36,3%) tiveram somente a conduta

de Aj;

Dos 99 com motivo M; 47 (47,5%) tiveram somente a conduta M;

Dos 61 com motivo de quebra do AASI que geraram Ass; 28 (46%)

tiveram somente a conduta Ass;

Dos 52 com solicitação de Ac, 30 (58%) tiveram somente a conduta Ac;

Dos 16 que tiveram motivo O; 12 (80%) tiveram somente a conduta O.

Logo, as maiores ocorrências dentre todas as combinações foram

aquelas que uniram motivo e conduta únicos, como Aj-Aj, M-M, Ass-Ass, Ac-Ac

e O-O, demonstrando que, muitas vezes, o sujeito que procura o serviço tem

consciência do que realmente está precisando naquele momento, e cabe ao

serviço organizar-se para receber essa demanda.

Segundo Ralo (2010), a demanda diz respeito à atitude do indivíduo

de procurar serviços de saúde, obter acesso e se beneficiar com o atendimento

recebido, e a oferta de serviços de saúde está relacionada à disponibilidade, ao

tipo e à quantidade de serviços e de recursos destinados à atenção à saúde.

Sendo assim, a relação entre oferta e demanda deve ser sempre buscada.

5.4 ASSOCIAÇÃO DAS CONDUTAS COM O TEMPO DE USO DO AASI

(EM MESES) E O INTERVALO DE TEMPO DECORRIDO ENTRE A ÚLTIMA

AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA E O DIA DO PRONTO ATENDIMENTO

Nas tabelas 16 e 17 são apresentados os valores estatísticos para o

tempo de uso do AASI (meses) e intervalo de tempo decorrido entre a última

avaliação audiológica e o dia do PA (em meses), respectivamente, em cada

categoria de conduta. As figuras 2 e 3 demonstram, respectivamente, a

distribuição desses sujeitos (tabelas 16 e 17) por meio do uso de Box-plots e a

figura 4 retrata a relação de ambas as variáveis com as condutas realizadas.

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TABELA 16 - Estatística descritiva para o tempo de uso do AASI, em meses, em cada categoria de conduta. (N=386).

CONDUTA N Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo

Ac + Ass + Rep 3 53,7 23,5 30 54 77 Rep 8 43,9 15,2 20 46,5 66 Ac + Ass + M 14 37,9 19,1 11 35 89 Ass 43 33,4 25,5 1 30 88 Ac + Ass 55 32,5 25,5 4 27 92 Ass + M 6 32,3 23,7 5 27,5 60 Ac + O 14 30,6 24,6 4 23 72 Orl 7 28,6 23,7 9 25 77 Ac + M 31 27,3 17,7 2 27 75 M 48 26,7 22,1 1 20,5 89 Ac 67 26,5 23,1 1 18 91 Ac + Aj 10 19,0 15,8 6 11,5 42 Ac + M + Aj 3 17,7 2,1 16 17 20 Ac + Ass + O 4 17,5 19,7 7 8 47 M + Aj 4 17,3 17,2 2 13,5 40 Aj 39 15,8 15,9 1 9 58 O 25 10,8 15,5 1 5 64 Ass + Aj 3 10,7 10,0 3 7 22 Ass + O 2 5,0 0,0 5 5 5

Total 386 26,7 22,6 1 20 92

A tabela 16 mostra a mudança do tipo de conduta realizada em

relação à variação no tempo de uso do AASI.

As condutas de Aj e O foram as que mais prevaleceram em

pacientes com tempo de uso do AASI entre 5 e 19 meses.

Freitas e Costa (2007), em estudo com 31 sujeitos com tempo

mínimo de três meses de uso do AASI, observaram várias dificuldades e

queixas em relação à amplificação. Do total, nove indivíduos (28%)

mencionaram queixas referentes ao manuseio e limpeza de moldes,

desconforto para inseri-los no conduto e às cápsulas; em dez (32%) os

moldes/cápsulas encontravam-se obstruídas por cera ou danificados, além de

os tubos estarem rígidos ou rachados e as cápsulas quebradas, demonstrando

necessidade de orientação; vinte e um (64%) deles referiram queixas quanto às

características de amplificação: intensidade forte, intensidade fraca,

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Resultados e Discussão

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desconforto, dores de cabeça, dificuldade no ruído, ouve, mas não entende e

não ouve de longe.

Esses números estão de acordo com os achados desta pesquisa -

em pouco tempo de uso do dispositivo, os pacientes apresentaram dificuldade

de adaptação, necessitando de retorno ao SASA. A dificuldade de adaptação

no que diz respeito à qualidade sonora também é um problema, pois o paciente

que passa determinado período de tempo sem ouvir precisa se readaptar ao

mundo sonoro.

Ruschel, Carvalho e Guarinello (2007) compararam dois grupos de

sujeitos: o que recebeu uma única sessão de orientação e aquele que recebeu

seis sessões. Os autores perceberam que apenas os pacientes do segundo

grupo não apresentavam mais nenhuma dificuldade quanto à higienização do

molde e recolocação, colocação do AASI, troca de pilhas etc. Esse achado

demonstra a importância de programas de treinamento e orientação no uso

efetivo do AASI e de seus componentes, contribuindo para que esses

indivíduos obtenham benefício e satisfação com seus aparelhos.

Também a presente pesquisa mostra que os pacientes retornam ao

serviço em busca de orientação e por apresentarem desconforto quanto à

qualidade sonora, necessitando de ajustes no AASI.

Por outro lado, os indivíduos deste estudo com maior tempo de uso

do AASI, com variação de 32 a 53 meses, retornaram ao serviço apresentando

maior ocorrência de quebra e danificação do aparelho, aumentando, assim, o

número de encaminhamentos para Ass e Rep. Decorridos seis anos da

instituição da PNASA, este fato se torna mais comum, o que indica, conforme

adverte Bevilacqua (2009), a necessidade de estudos exploratórios sobre a

manutenção dos AASI, as falhas técnicas mais frequentes e o porquê das suas

ocorrências.

A medida de resultados em Audiologia deve objetivar, entre outros

aspectos, a análise de custo-benefício e justificativa de alocação de recursos

(GATEHOUSE, 2000; SAUNDERS; CHISOLM; ABRAMS, 2005), mesmo

porque essa demanda de quebra, com o passar dos anos, provavelmente

tende a crescer, e os gestores em saúde precisam estar cientes desses dados.

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Resultados e Discussão

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No SASA da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Scholze,

Pagnossim e Fialho (2010), fonoaudiólogas do serviço, também sentiram a

necessidade de criar um programa para atendimento rápido de seus pacientes,

chamando-o de Plantão em AASI. Em seu estudo, as autoras afirmaram que,

de fato, a ocorrência de AASI com defeitos técnicos é, sem dúvida, um dos

maiores motivos de procura ao plantão, e que quando o problema não pode ser

resolvido no próprio serviço, o aparelho é enviado para a empresa responsável,

sendo solicitado o orçamento de conserto.

OMAssAjAc + MAc + AssAc

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Conduta

Tem

po d

e us

o (m

eses

)

Figura 2 - Tempo de uso do AASI (meses) em relação às categorias de cada conduta

(referente à tabela 16)

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TABELA 17 - Estatísticas descritivas para o intervalo de tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento em cada categoria de conduta. (N=386).

CONDUTA N Média Desvio padrão Mínimo Mediana Máximo

Ac + Ass + Rep 3 32,7 10,9 22,6 31,3 44,2

Ac + Ass + M 14 24,8 13,7 11,0 17,1 49,5

Ac + M + Aj 3 24,2 5,4 18,0 26,4 28,2

Ac + Ass 55 23,9 16,6 6,1 17,2 84,5

Ac 67 21,2 15,2 3,6 16,6 82,8

Ass + O 2 20,4 10,9 12,7 20,4 28,1

Ac + Aj 10 18,9 9,8 4,0 18,4 41,1

Ac + O 14 18,8 8,4 6,3 16,9 41,3

Ac + M 31 18,1 10,2 5,1 15,8 47,6

Ass 43 15,9 18,1 0,1 9,3 85,8

Ac + Ass + O 4 15,2 2,7 11,5 15,8 17,7

Rep 8 13,9 14,1 4,0 11,0 47,0

Ass + Aj 3 12,1 4,2 9,1 10,3 16,8

O 25 11,7 10,1 1,4 9,6 57,4

Orl 7 9,9 5,2 3,7 10,0 20,1

Ass + M 6 9,6 5,2 0,1 10,4 14,4

Aj 39 9,5 6,3 0,3 8,2 33,1

M 48 7,9 6,8 0,2 6,1 29,9

M + Aj 4 7,8 4,1 4,2 6,6 13,8

Total 386 16,6 13,8 0,1 13,0 85,8

A tabela 17 mostra que há mudança no tipo de conduta realizada à

medida que o tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o data do

PA varia.

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Resultados e Discussão

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As condutas de Aj e M foram as mais frequentes em pacientes cujo

intervalo variou de 7 a 12 meses. Isso pode ter acontecido durante o período

de Ac; ou seja, os pacientes que retornaram na época correta de realização da

avaliação audiológica de Ac solicitaram retorno para ajuste no AASI e

confecção de novos moldes auriculares.

O ajuste é essencial para que o paciente continue utilizando o AASI

de maneira contínua, principalmente se aconteceram mudanças nos limiares

audiométricos. É fundamental conhecer essa demanda, pois, conforme

explicam Freitas e Costa (2007) e Morettin (2008), as necessidades individuais

de cada paciente devem ser consideradas ao longo do processo de

intervenção por meio do acompanhamento e de reavaliações periódicas.

De fato, somente o usuário de AASI pode apontar quais as

dificuldades que encontra com o uso sistemático da amplificação, no

transcorrer da reabilitação. São dados valiosos, uma vez que podem levar à

criação de novas estratégias de atendimento, garantindo o sucesso do

programa (CARVALHO, 2007).

Para Costa, Sampaio e Oliveira (2007), o acompanhamento

sistemático de pacientes quanto à adaptação, ao benefício do AASI e à

identificação de dificuldades, bem como a orientação oportuna a cada caso

diminuem o índice de abandono do aparelho. Este é justamente um dos

objetivos da criação do PA, pois solicitações como Aj e M podem ser

rapidamente atendidas, dificultando a interrupção do uso do AASI por parte dos

pacientes e evitando a geração de filas para problemas de pequeno porte.

Como referem Cogan (1998), Corrêa e Canon (2006) e Fogliatti e

Mattos (2007), filas causam prejuízo em tempo e produtividade, perdas

financeiras ao serviço, insatisfação do cliente, gerando ineficiências na

organização do serviço.

Quanto ao molde auricular, sua pré-moldagem deve ser perfeita,

evitando possíveis retornos ao SASA por conta de desconforto. Nos idosos,

conforme explicam Russo, Almeida e Freire (2003), a pré-moldagem pode ser

dificultada por alterações anatômicas decorrentes do envelhecimento; por isso

a inspeção final após o procedimento, deve ser bastante criteriosa, assim como

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Resultados e Discussão

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em crianças que, devido ao rápido crescimento, requerem a confecção de

novos moldes em menores períodos de tempo em relação aos adultos.

Almeida e Taguchi (2003) ressaltam que a qualidade final do molde

irá depender da impressão para a confecção, e independente do material com

o qual é feito. Os moldes auriculares podem se deteriorar rapidamente se não

receberem cuidados e manutenção adequados.

As fonoaudiólogas do Plantão em AASI, já citado, afirmaram que é

bastante comum o retorno ao serviço decorrente de problemas com

desconforto acústico, que acabam gerando ajustes nos parâmetros

eletroacústicos dos AASI, e também em razão do desgaste do molde, como

tubo plástico ressecado e/ou rompido (SCHOLZE, PAGNOSSIM e FIALHO,

2010).

No presente estudo, as condutas de Ac, Ass e M foram as mais

comuns em pacientes cujo tempo decorrido entre a última avaliação

audiológica e a data do PA foram maiores, variando entre 18 e 32 meses.

Obviamente, após o período que completa o ciclo de um Ac, os

pacientes retornam referindo a necessidade de realizá-lo novamente. Esse fato

foi também verificado por Araujo et al. (2010). Durante um mês, os autores

investigaram os motivos que levaram os pais de crianças atendidas em um

SASA a solicitarem retorno ao serviço. Concluíram então que, por mais que as

famílias de crianças deficientes auditivas solicitem retorno por outros motivos,

como molde, ajuste no AASI, laudo para passe-livre, cada vez mais

compreendem a importância do Ac periódico.

O intervalo que decorre de um Ac a outro também favorece a

ocorrência de problemas relacionados a Ass e ao M, pois, tanto o AASI quanto

o molde auricular, em decorrência do uso contínuo (o que podemos verificar

quando observamos que a maioria dos indivíduos referiu utilizar o AASI por

mais de oito horas diárias), podem apresentar desgastes naturais; ou seja,

quanto mais se usa, maiores as possibilidades de surgirem problemas. Isso

demonstra a importância de experiências como o PA desta pesquisa, o Plantão

de AASI da Univali, e de outros, como por exemplo, o apresentado em Ribas e

Rocha (2002) e Ribas et al. (2006), denominado SOS Prótese Auditiva da

clínica de Fonoaudiologia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

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Resultados e Discussão

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OMAssAjAc + MAc + AssAc

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Conduta

Inte

rval

o av

alia

ção

- co

nsul

ta (

mes

es)

Figura 3 - Tempo decorrido entre a última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento

em relação às categorias de conduta (referente à tabela 17)

Na Figura 4 é apresentado o diagrama de dispersão dessas duas

variáveis no que se refere às condutas, sugerindo que a relação entre elas

tende a ser menor nas condutas Aj, M e O. As demais condutas não

apontaram tendências, pois os sujeitos se mostraram dispersos na análise

entre as duas variáveis.

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Resultados e Discussão

87

9080706050403020100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Tempo de uso (meses)

Inte

rval

o av

alia

ção

- co

nsu

lta

(mes

es) Ac

Ac + AssAc + MAjAssMO

Conduta

Figura 4 - Relação do tempo de uso do AASI e o tempo decorrido entre a última avaliação

audiológica e o dia do Pronto Atendimento com as condutas.

De acordo com a figura 4, observamos que o SASA pode se

organizar de acordo com os dados apresentados no diagrama de dispersão.

Pacientes que utilizam o AASI há pouco tempo e cuja avaliação audiológica

também é recente, tendem a retornar solicitando procedimentos como Aj, M e

O.

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6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Conclusões e Considerações Finais

89

Diante da necessidade de conhecer as características da população

que solicita retorno ao Serviço de Atenção a Saúde Auditiva da DERDIC/

PUCSP, assim como os motivos do retorno e as condutas profissionais

adotadas, os resultados desse estudo apontam para conclusões com

implicações significativas para a organização de processos envolvidos no

acompanhamento de usuários de AASI:

Houve, nesta população, um predomínio de sujeitos do gênero

feminino (58,6%); da faixa etária de 60 anos ou mais (38,4%);

com ensino fundamental incompleto (40,4%); grau de perda

auditiva moderado na melhor orelha (47%); tipo de perda auditiva

neurossensorial bilateral (85%), usuários de AASI retroauricular

(78,3%); com adaptação binaural (86,1%). Esta distribuição

correspondeu a do universo dos usuários do serviço quanto a

gênero, idade, tipo e grau de perda. A proporção de AASI

retroauriculares bilaterais também acompanha a do serviço.

Com relação ao tempo e consistência de uso do AASI, houve

predomínio de usuários de amplificação pela primeira vez

(70,7%); com tempo de uso do AASI de até 12 meses (38,1%) e

por mais de 8 horas diárias (65,5%). A predominância de

solicitação de retorno de primeiros usuários, assim como quase

40% com menos de um ano de adaptação, sugere que as

sessões realizadas no processo de adaptação e orientação nos

primeiros meses poderiam estar distribuídas em um protocolo de

acompanhamento ao longo do primeiro ano de uso com maior

intervalo entre as sessões.

Na população estudada, 57% dos indivíduos estavam com a data

da última avaliação audiológica fora do período preconizado pela

PNASA para a necessidade de acompanhamento. Esse padrão

parece sugerir que, apesar de orientados a retornar anualmente

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Conclusões e Considerações Finais

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ou a cada seis meses, conforme a faixa etária, as solicitações de

retorno acabam ocorrendo quando o AASI apresenta problemas

técnicos ou de audibilidade.

Para os casos associados (motivo do retorno e conduta) de Aj, M,

Ass, Ac e O, houve concordância entre o motivo do retorno do

paciente e a conduta adotada pelo fonoaudiólogo, demonstrando

que o paciente é, muitas vezes, um bom informante do que

procura no serviço. Um planejamento prévio para atender

demandas específicas, grupos específicos, contribui para melhor

organização e a qualidade do serviço prestado. No caso do Ac, a

própria secretaria pode conferir no sistema de agenda, a data da

última avaliação audiológica do paciente e programar os retornos

para os procedimentos necessários.

Os indivíduos com até 18 meses de uso de AASI corresponderam

a quase 30% daqueles cujas condutas realizadas foram Aj e O.

Para os indivíduos com maior tempo de uso do AASI (mais de 30

meses), as condutas de maior ocorrência (quase 35%) foram Ass

e Rep, tanto para aqueles em dia com os retornos periódicos

quanto para os que não retornavam há mais de um ano.

Para os indivíduos cujo intervalo de tempo decorrido entre a

última avaliação audiológica e o dia do Pronto Atendimento foi

menor que um ano, as condutas de maior ocorrência foram Aj e

M; e para os indivíduos cujo intervalo de tempo foi maior que 18

meses, as condutas de maior ocorrência foram Ac, Ass e M. O

molde auricular representa uma grande demanda para o serviço;

nesse sentido, a criação de datas de rotina, sem necessidade de

marcação para confecção de pré-moldes, poderia agilizar o

atendimento dessa demanda.

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Conclusões e Considerações Finais

91

O conhecimento das características de demanda da população

usuária de AASI contribui para a criação de estratégias que garantam a

adesão, o benefício e satisfação do usuário. A experiência do Pronto

Atendimento possibilitou modificações de rotina que abreviam a espera para

agendamento de retornos, aumentou a resolubilidade das consultas e,

conseqüentemente, a satisfação do usuário. Outros estudos que avaliem

processos envolvidos em serviços de saúde auditiva e os benefícios da

amplificação são necessários, visto que o número de concessões aumenta

progressivamente e, com elas, o número de usuários em acompanhamento.

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ANEXOS

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Anexos

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ANEXO I

Termo de Compromisso de Utilização de Dados dos pacientes da DERDIC

TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS

Venho por meio desta, solicitar a colaboração e o consentimento por parte

dos profissionais envolvidos neste estudo. Esta pesquisa tem como objetivo

identificar e analisar as características do motivo do retorno de usuários de

aparelhos de amplificação sonora individual (AASI) que retornaram

espontaneamente ao Serviço de Saúde Auditiva da Divisão de Educação e

Reabilitação de Distúrbios da Comunicação (DERDIC), visando ainda, discutir

as implicações dos achados em políticas públicas de assistência técnica,

manutenção e reposição de AASI por meio da utilização de prontuários destes.

Todas as pessoas envolvidas sejam elas pesquisadoras ou colaboradoras,

terão compromisso com a privacidade e a confidencialidade dos dados

utilizados, preservando integralmente o anonimato dos pacientes.

________________________________

Tiago de Melo Araujo

Aluno- Pesquisador

________________________________

Beatriz C. A. Caiuby Novaes

Orientadora

________________________________

Alfredo Tabith Jr

Diretor Geral da DERDIC

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Anexos

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ANEXO II

Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-SP

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Anexos

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ANEXO III

Ficha para Pronto Atendimento em AASI

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Anexos

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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