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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA REVESTIMENTO SUPERHIDROFÓBICO DE NANOCOMPÓSITO PTFE/CaO FABRICADO POR DEPOSIÇÃO DE ESPUMA EM FIBRAS DE PLA Tese submetida à UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE como parte dos requisitos para a obtenção do grau de DOUTOR EM ENGENHARIA MECÂNICA RUBENS CAPISTRANO DE ARAÚJO ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ DANIEL DINIZ MELO CO-ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ HERIBERTO OLIVEIRA DO NASCIMENTO NATAL, AGOSTO DE 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

REVESTIMENTO SUPERHIDROFÓBICO DE NANOCOMPÓSITO PTFE/CaO

FABRICADO POR DEPOSIÇÃO DE ESPUMA EM FIBRAS DE PLA

Tese submetida à

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

como parte dos requisitos para a obtenção do grau de

DOUTOR EM ENGENHARIA MECÂNICA

RUBENS CAPISTRANO DE ARAÚJO

ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ DANIEL DINIZ MELO

CO-ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ HERIBERTO OLIVEIRA DO

NASCIMENTO

NATAL, AGOSTO DE 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

REVESTIMENTO SUPERHIDROFÓBICO DE NANOCOMPÓSITO PTFE/CaO

FABRICADO POR DEPOSIÇÃO DE ESPUMA EM FIBRAS DE PLA

RUBENS CAPISTRANO DE ARAÚJO

Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÃNICA

sendo aprovada em sua forma final.

ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ DANIEL DINIZ MELO

CO-ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ HERIBERTO OLIVEIRA DO NASCIMENTO

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ José Daniel Diniz Melo UFRN – Presidente

________________________________________________________ José Heriberto Oliveira do Nascimento UFRN – Externo ao Programa

________________________________________________________ Mauricio Roberto Bomio Delmonte UFRN – Externo ao Programa

________________________________________________________ Fernanda Steffens UFSC – Externo à Instituição

________________________________________________________ Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo EMBRAPA - Externo à Instituição

NATAL, AGOSTO 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede

Araújo, Rubens Capistrano de. Revestimento superhidrofóbico de nanocompósito PTFE/CaO fabricado por deposição de espuma em fibras de PLA / Rubens Capistrano de Araújo. - 2017. 114 f. : il.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. Natal, RN, 2017. Orientador: Prof. Dr. José Daniel Diniz Melo. Coorientador: Prof. Dr. José Heriberto Oliveira do Nascimento.

1. Fibras de poliácido láctico (PLA) – Tese. 2. Superhidrofobicidade – Tese. 3. Revestimento superhidrofóbico – Tese. 4. Processo por espuma – Tese. 5. Nanopartículas de óxido de cálcio – Tese. 6. Politetrafluoretileno – Tese. I. Melo, José Daniel Diniz. II. Nascimento, José Heriberto Oliveira do. III. Título.

RN/UFRN/BCZM CDU 677-48

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Dedico primeiramente a Deus pelo dom da vida, quero

também dedicar a toda minha família em especial minha esposa.

Enfim, a todos que contribuíram para esse momento de vitória

muitíssimo obrigado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Co-orientador Prof. José Heriberto Oliveira do Nascimento

pelo empenho, dedicação e por ter acreditado que juntos poderíamos ser capazes de

elaborar, desenvolver e finalizar essa pesquisa.

Em seguida ao meu professor orientador Prof. José Daniel Diniz Melo, pela

paciência e dedicação durante a realização deste trabalho.

Agradeço aos professores do programa de Pós graduação de Engenharia

Mecânica e professores do curso de Engenharia Têxtil pela ajuda durante o trabalho.

Agradeço aos funcionários do laboratório de engenharia têxtil, Jonatas, Batista

e Ilmara que não mediram esforços em ajudar quando necessário.

Agradeço aos colegas de pesquisa, Patricer, Felipe, Ìris, Alessandra, Luciani,

Elizangela, Poincyana, Priscila, Breno, Lucas e todos os amigos que fiz durante esse

período de 4 anos que foram imprescindíveis para fazer com que essa caminhada se

torna-se mais amena.

Ao laboratório de Engenharia de Materiais da UFRN e ao técnico Igor do

laboratório, pelas caracterizações realizadas.

LAMMEN - Laboratório de Materiais Multifuncionais e Experimentação

Numérica -ECT UFRN, a Professora Amanda e ao técnico de laboratório Marcos.

Ao Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução (LabMic) da

UFG e a técnica Dra. Tatiane Oliveira dos Santos, pelas análises de microscopia

eletrônica de transmissão realizadas.

Ao Centro Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (CRTI)

da UFG e ao técnico Vinicius Guimarães, pelas análises de microscopia eletrônica de

varredura realizadas.

Ao laboratório de instrumentação XPS/UPS/LEED do Instituto de Física da

Universidade Federal da Bahia pela análise de espectroscopia fotoeletrônica por

raios-x.

A universidade Federal do Rio Grande do Norte, por disponibilizar a estrutura

física para realização deste trabalho.

Aos amigos professores do IFRN campus Caicó, por terem me ajudado a

conseguir o afastamento para conclusão deste trabalho.

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“Tudo tem o seu tempo

determinado, e há tempo para todo o

propósito debaixo do céu”.

Eclesiastes 3:1

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Revestimento superhidrofóbico de nanocompósito PTFE/CaO fabricado por

deposição de espuma em fibras de PLA

RESUMO

Superfícies superhidrofóbicas têm sido objeto de muitos estudos devido ao grande interesse científico e tecnológico para aplicações como autolimpeza, anticorrosão, separação água/óleo, microfluídica, dentre outras. A superhidrofobicidade depende das características químicas e topologia das superfícies. Neste trabalho, foi desenvolvido um novo método de produção de revestimento superhidrofóbico nanoestruturado em materiais fibrosos, utilizando o processo de deposição de espuma. Com base no método desenvolvido, revestimentos nanocompósitos de politetrafluoretileno e nanopartículas de óxido de cálcio foram depositados sobre fibras de Poliácido láctico para avaliação de superhidrofobicidade. A influência de parâmetros de processo como, concentração de nanopartículas de óxido de cálcio, concentração de politetrafluoretileno, temperatura de polimerização e tempo de polimerização, foi avaliada. O revestimento foi caracterizado por ângulo de contato, difração de raios-x, espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier e reflectância total atenuada, microscopia eletrônica de varredura, microscopia de força atômica, microscopia eletrônica de transmissão e espectroscopia de raios-x de dispersão de elétrons, espectroscopia fotoeletrônica por raios-x, ensaio de repelência a líquidos com vários valores de tensão superficial, ensaio de verificação da autolimpeza e ensaio de resistência a lavagem e abrasão. Os resultados de difração de raios-x e espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier indicaram a presença de politetrafluoretileno e nanopartículas de óxido de cálcio sobre a superfície das fibras de Poliácido láctico, confirmando a deposição do revestimento pelo processo desenvolvido. Dentre os parâmetros de processo estudados, a condição de 0,6% sobre o peso do material (spm) de nanopartículas de óxido de cálcio, 80 g/l de politetrafluoretileno, 140°C e 90 segundos de polimerização resultou no maior valor de ângulo de contato para o revestimento de politetrafluoretileno/nanopartículas de óxido de cálcio (159,67° ± 1,05°). As imagens de microscopia eletrônica de varrimento, microscopia eletrônica de transmissão e espectroscopia de raios-x de dispersão de elétrons e microscopia de força atômica mostraram nanopartículas de óxido de cálcio com formas esférica e retangular e alterações morfológicas e topográficas na superfície das fibras de Poliácido láctico com a deposição do recobrimento. A espectroscopia fotoeletrônica por raios-x confirmou a existência da presença de elemento químico flúor na superfície do revestimento. Os resultados dos testes de repelência aquosa realizados utilizando uma série de soluções de água/álcool isopropílico com diferentes tensões superficiais indicaram repelência da superfície revestida a todas as soluções testadas. As fibras com o revestimento de politetrafluoretileno/ nanopartículas de óxido de cálcio também apresentaram propriedade de autolimpeza fazendo com que uma gota de água removesse a sujeira da superfície. O revestimento manteve a superhidrofobicidade mesmo após 25 ciclos de lavagem e 100 ciclos de abrasão. Em resumo, o processo de fabricação apresentado nesta pesquisa utilizando a deposição de espuma mostrou-se simples e prático para deposição de revestimentos superhidrofóbicos em fibras e tecidos. O revestimento de politetrafluoretileno/nanopartículas de óxido de cálcio

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depositado em fibras de Poliácido láctico via deposição de espuma apresentou propriedades superhidrofóbicas. Palavras-chave: Superhidrofobicidade, revestimento superhidrofóbico, processo por espuma, fibras de poliácido láctico, nanopartículas de óxido de cálcio, politetrafluoretileno.

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Superhydrophobic CaO/PTFE nanocomposite coating fabricated via foam deposition

on PLA fibers

ABSTRACT

Superhydrophobic surfaces are of great scientific and technological interest for applications such as self-cleaning, anticorrosion, oil/water separation, microfluidics, among others. The superhydrophobicity depends on surface chemistry and topology. In this work, a new method for producing nanostructured superhydrophobic coatings on fibrous materials using foam deposition was developed. Based on the developed method, polytetrafluoroethylene/calcium oxide nanocomposite coating was deposited on polylactic acid fibers and the superhyphobicity was evaluated. The influence of processing parameters such as nanoparticle concentration, polytetrafluoroethylene concentration, polymerization temperature and polymerization time was evaluated. The nanocoating was analyzed by contact angle, X-ray diffraction, Fourier transform infrared spectroscopy, scanning electron microscopy, atomic force microscopy, transmission electron microscopy and electron-dispersive X-ray spectroscopy, X-ray photoelectron spectroscopy, liquid repellency test with various surface tension values, self-cleaning check test and wash and abrasion resistance test. The results of X-ray diffraction and Fourier transform infrared spectroscopy indicated a presence of polytetrafluoroethylene and calcium oxide nanoparticles on the surface of the polylactic acid fibers, confirming the deposition of the coating by the process developed. Among the processing parameters studied, the condition of 0.6 wt.% of calcium oxide nanoparticles, 80 g/l polytetrafluoroethylene, 140 °C and 90 seconds of polymerization resulted in the highest contact angle value for the nanocomposite coatings (159.67° ± 1.05°). Scanning electron microscopy images, transmission electron microscopy and electron-dispersive X-ray spectroscopy and atomic force microscopy showed calcium oxide nanoparticles with spherical and rectangular shapes and morphological and topographic changes on the surface of polylactic acid fibers with the deposition of the coating. X-ray photoelectron spectroscopy confirmed the presence of the chemical element fluorine on the surface of the coating. The results of the aqueous liquid repellency tests performed on the coated surface using a series of isopropyl alcohol/water solutions of different surface tensions indicated repellency to all tested solutions. The self-cleaning properties of the coated fibers were determined by the removal of dirt by water droplet flow. The nanocomposite coating maintained the superhydrophobicity even after 25 wash cycles and 100 abrasion cycles. In summary, the manufacturing process presented in this research using foam deposition, proved to be simple and practical for the deposition of superhydrophobic coatings in fibers and fabrics. The polytetrafluoroethylene/calcium oxide coating deposited on polylactic acid fibers by foam deposition showed superhydrophobic properties.

Keywords: Superhydrophobicity, superhydrophobic coating, foam process, polylactic acid fibers, calcium oxide nanoparticles, polytetrafluoroethylene PTFE.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Folha de lótus na natureza: comportamento autolimpante (a), microestrutura (b), protusões

(c), ceras tubulares sobre as protusões. Fonte: (LI et al., 2017) .......................................................... 22

Figura 2- Imagens e as correspondentes micrografias de MEV de criaturas com molhabilidade especial

na natureza. (a) asa de borboleta (b) folha de arroz (c) besouro do deserto (d) pétalas de rosa (e) olhos

do mosquito. Fonte: (JIANG; GUO; LIU, 2015) ..................................................................................... 23

Figura 3 - Representação esquemática da formação de ângulo de contato para materiais hidrofílicos e

hidrofóbicos (BAČOVSKÁ et al., 2016) ................................................................................................. 24

Figura 4 - Ângulo de contato de um líquido sobre um substrato têxtil (NASCIMENTO, 2012) ............ 25

Figura 5 - (a) Uma gota de líquido no estado Wenzel. (b) Uma gota de líquido no estado Cassie. Fonte:

(YAO; HE, 2014).................................................................................................................................... 28

Figura 6 - (a) Ilustração esquemática da histerese do ângulo de contato numa superfície inclinada, (b)

ângulos de contato avançando e recuando numa superfície plana, aumentando e diminuindo o volume

de gotícula, respectivamente. Fonte: Adaptado (AHMAD; KAN, 2016)................................................ 31

Figura 7 - (a) Imagem do MEV da folha de lótus mostrando células epidérmicas, e (b) diagrama

ilustrando o processo de autolimpeza em uma superfície áspera. Fonte: (YAO; HE, 2014) ............... 31

Figura 8- Aplicações da nanotecnologia em têxteis. Fonte: Adaptada de (YETISEN et al., 2016) ...... 33

Figura 9 - Classificação das fibras têxteis. Fonte: Adaptado (YOUNES, 2017) .................................. 38

Figura 10 - Gotas de líquidos com diferentes tensões superficiais sobre a superfície do tecido de

algodão revestido com um copolímero. Fonte:(XIONG; LIU; DUNCAN, 2012) .................................... 42

Figura 11 – Comparação entre os processos via foulard e via espuma ............................................... 45

Figura 12 - Fluxograma do procedimento experimental ....................................................................... 47

Figura 13 - Misturador utilizado na preparação da espuma ................................................................. 52

Figura 14 - Teste da vida média da espuma. Foto (a) Tempo 0 minuto (b) Tempo 8 minutos ............ 53

Figura 15 - Processo de aplicação do revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO por meio do

processo por espuma ............................................................................................................................ 55

Figura 16 – Gabarito para o teste de repelência a líquidos. Fonte: AATCC – 193-2007 ..................... 60

Figura 17 - Gráfico de Pareto ................................................................................................................ 62

Figura 18 - Gráfico dos valores observados x valores previstos .......................................................... 65

Figura 19 - Difratograma das NPsCaO ................................................................................................. 66

Figura 20 - Resultados de DRX – PLA sem tratamento ....................................................................... 68

Figura 21 - Difratograma do CaO, PLA sem tratamento, PLA + PTFE e PLA+PTFE+CaO ................. 69

Figura 22 - Estrutura química do PLA e do PTFE. ................................................................................ 70

Figura 23 - Espectro de infra vermelho da fibra de PLA ....................................................................... 70

Figura 24 - Espectro de infravermelho comparativo entre PLA, PLA nanorevestido com PTFE e PLA

nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO ............................................................................. 72

Figura 25 - Espectro de infravermelho comparativo entre PLA, PLA nanorevestido com PTFE, PLA

nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO e PLA nanorevestido com nanocompósito

PTFE/NPsCaO seco a 70° .................................................................................................................... 73

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Figura 26 - Fibra de PLA sem o pré-tratamento ................................................................................... 74

Figura 27 – Fibra PLA sem revestimento .............................................................................................. 75

Figura 28 - Fibra de PLA com revestimento de PTFE .......................................................................... 76

Figura 29 – (a) Fibra de PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO, (b) Detalhe da

superfície da fibra mostrando a textura rugosa causada pelo nanocompósito de PTFE/NPsCaO (c)

Aglomerados de NPsCaO sobre a superfície da fibra de PLA. ............................................................ 77

Figura 30 - (a) Imagem MFA em 3D (dimensão: 5x5μm) da superfície da fibra do PLA sem tratamento,

(b) Imagem MFA em 2D (Tamanho: 5x5 μm) e (c) Gráfico de perfil de rugosidade da superfície da fibra

do PLA não tratada ............................................................................................................................... 79

Figura 31 - (a) Imagem MFA em 3D (dimensão: 5x5μm) da superfície da fibra do PLA nanorevestida

com PTFE (b) Imagem MFA em 2D (Tamanho: 5x5μm) e (c) Gráfico de perfil de rugosidade da

superfície da fibra do PLA nanorevestida com PTFE ........................................................................... 79

Figura 32 - (a) Imagem MFA em 3D (dimensão: 5x5μm) da superfície da fibra do PLA nanorevestida

com nanocompósito PTFE/NPsCaO (b) Imagem MFA em 2D (Tamanho: 5x5μm) e (c) Gráfico de perfil

de rugosidade da superfície da fibra do PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO ..... 79

Figura 33 - Imagens de MET (a) para as NPsCaO (b) EDS das NPsCaO (c) tamanho médio nas

NPsCaO ................................................................................................................................................ 81

Figura 34 - Espectroscopia de raios-x de dispersão de elétrons (EDS) da amostra de NPsCaO (a) ponto

1 e (b) ponto 2. ...................................................................................................................................... 82

Figura 35 – Microscopia eletrônica de alta resolução (HRTEM) das NPsCaO .................................... 83

Figura 36 – Imagem de MET. (a) Fibra de PLA nanorevestida com PTFE. (b) e (c) EDS da fibra de PLA

nanorevestida com PTFE ...................................................................................................................... 84

Figura 37 – Imagem de MET. (a) Fibra de PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO. (b)

e (c) EDS da fibra de PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO .................................. 85

Figura 38 - Microscopia eletrônica de transmissão do nanocompósito de PTFE/NPsCaO ................. 86

Figura 39 - Microscopia eletrônica de transmissão do nanocompósito de PTFE/NPsCaO ................. 86

Figura 40 - Espectro de XPS para o tecido de malha de PLA .............................................................. 89

Figura 41 - Espectro de XPS para o tecido de malha de PLA revestido com PTFE ............................ 90

Figura 42 - Espectro de XPS para o tecido de malha de PLA revestido com PTFE/NPsCaO ............. 91

Figura 43 - Espectro do elemento C1s da amostra de tecido de malha de PLA .................................. 93

Figura 44 - Espectro do elemento C1s da amostra de tecido de malha de PLA revestido com PTFE 94

Figura 45 - Espectro do elemento C1s da amostra de tecido de malha de PLA revestido com

PTFE/NPsCaO ...................................................................................................................................... 95

Figura 46 - Transparência do revestimento na região do UV-visível .................................................... 96

Figura 47 - Teste de repelência a líquidos sobre o tecido de malha de PLA nanorevestido com

PTFE/NPsCaO conforme a norma AATCC 193-2007. ......................................................................... 98

Figura 48 - Estabilidade da superhidrofobicidade do revestimento com nanocompósito de

PTFE/NPsCaO. (a) sequência de imagens. (b) estabilidade do ângulo de contato ............................. 99

Figura 49 – Gota de água sobre o tecido de malha de PLA nanorevestido com nanocompósito

PTFE/NPsCaO. ................................................................................................................................... 100

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Figura 50 - Demonstração de auto limpeza da superfície, com sujeira de cascalho de areia sobre o

tecido nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO. ............................................................... 101

Figura 51 – Demonstração de auto limpeza da superfície. a) Sujeira (corante direto Azul Solofenil) sobre

o tecido de malha nanorevestido com PTFE/NPsCaO, b) Tecido de malha limpo após gotas de água

passarem sobre a superfície. .............................................................................................................. 102

Figura 52 - Comportamento da superhidrofobicidade do revestimento com nanocompósito

PTFE/NPsCaO após ciclos de lavagem ............................................................................................. 103

Figura 53 – (a) imagens das amostras após o ensaio de abrasão e (b) imagens das amostras após o

ensaio de abrasão com gotas de água sobre o tecido de malha de PLA. ......................................... 104

Figura 54 - Comportamento da superhidrofobicidade do revestimento com nanocompósito

PTFE/NPsCaO após 100 ciclos de a brasão ...................................................................................... 105

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Materiais utilizados ............................................................................................................... 48

Tabela 2 - Fatores e níveis para um planejamento fatorial 24 .............................................................. 50

Tabela 3 - Planejamento experimental ................................................................................................. 50

Tabela 4 - Tempo de vida média da espuma ........................................................................................ 53

Tabela 5 - Líquidos testes padrão ......................................................................................................... 59

Tabela 6 - Variáveis e valores obtidos para o planejamento fatorial 24 com 4 pontos centrais ........... 61

Tabela 7 - Análise de variância (ANOVA) para a resposta ângulo de contato ..................................... 63

Tabela 8 - Coeficiente, erros padrão e teste de t de Student para os valores de ângulo de contato,

usando um planejamento fatorial 24 ...................................................................................................... 64

Tabela 9 - Tabela de codificação das variáveis da equação 17 ........................................................... 64

Tabela 10 - Tamanho do cristalito e distância interplanar CaO ............................................................ 67

Tabela 11 - Composição química .......................................................................................................... 92

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SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

A

Ácido etilenodiamino tetra-acético EDTA

Ângulo de contato com a água WCA

C

Carbonato de cálcio CaCO3

Componente dispersiva γd

Componente polar γp

Componente dispersiva da energia de superfície do sólido γSd

Componente dispersiva da energia de superfície do líquido γLVd

Componente não dispersiva da energia de superfície do sólido γSp

Componente não dispersiva da energia de superfície do líquido γLVp

Concentração inibitória mínima CIM

D

Dióxido de titânio TiO2

E

Espectroscopia de Raios-X de Dispersão de Elétrons EDS

Energia de superfície ∆G

Energia de superfície do sólido γSL

H

Hidróxido de cálcio Ca(OH)2

M

Microscopia Eletrônica de Trasmissão MET

Microscopia Eletrônica de Varredura MEV

Microscopia de Força Atômica MFA

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N

Nanoparticula de Óxido de Cálcio NPsCaO

O

Óxido de cálcio CaO

Óxido de zinco ZnO

P

Peso do material (amostra de tecido) PM

Politetrafluoroetileno PTFE

Poliácidoláctico PLA

Poli(tereftalato de etileno PET

R

Relação de banho RB

S

Sobre o peso do material SPM

T

Trabalho de adesão WA

Tensão interfacial sólido-líquido γSL

Tensão superficial do líquido γLV

V

Variação da área do sólido em contato com o líquido ∆A

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 17

1.1 JUSTIFICATIVA 19

2 OBJETIVOS 21

2.1 OBJETIVO GERAL 21

2.2 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES 21

3 REVISÃO DA LITERATURA 22

3.1 NANOTECNOLOGIA E NATUREZA 22

3.2 ENERGIA DE SUPERFÍCIE 24

3.3 MOLHABILIDADE 28

3.4 NANOTECNOLOGIA NOS TÊXTEIS 32

3.5 NANOPARTÍCULAS 33

3.6 FIBRAS TÊXTEIS 37

3.6.1 FIBRA DE PLA 37

3.7 FABRICAÇÃO DE SUPERFÍCIES SUPERHIDROFÓBICAS 39

3.8 PROCESSO POR ESPUMA 44

4 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS 47

4.1 MATERIAIS 48

4.2 MÉTODOS 48

4.2.1 PREPARAÇÃO DA AMOSTRA 48

4.2.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL 24 COM SUPERFÍCIE DE RESPOSTA 49

4.2.3 PREPARAÇÃO DA DISPERSÃO DE NPSCAO 50

4.2.4 PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE PTFE 51

4.2.5 PREPARAÇÃO DO BANHO (TODOS OS PRODUTOS) 51

4.2.6 IMPREGNAÇÃO DO REVESTIMENTO DE NANOCOMPÓSITO PTFE/NPSCAO 54

4.3 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO 55

4.3.1 MEDIDA DO ÂNGULO DE CONTATO 55

4.3.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X – DRX 56

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4.3.3 ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER E REFLECTÂNCIA TOTAL

ATENUADA - FTIR-ATR 56

4.3.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA – MEV 56

4.3.5 MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA – AFM 57

4.3.6 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO E ESPECTROSCOPIA DE RAIOS-X DE DISPERSÃO DE ELÉTRONS –

MET/EDS 57

4.3.7 ESPECTROSCOPIA FOTOELETRÔNICA POR RAIOS-X (XPS) 57

4.3.8 TRANSMITÂNCIA ÓPTICA 58

4.3.9 VERIFICAÇÃO DA SUPERHIDROFOBICIDADE DO REVESTIMENTO DE NANOCOMPÓSITO PTFE/NPSCAO 58

4.3.10 TESTE DE SOLIDEZ À LAVAGEM 60

4.3.11 TESTE DE SOLIDEZ À ABRASÃO 60

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 61

5.1 ANÁLISE ESTATÍSTICA POR MEIO DO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL 24 61

5.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X – DRX 65

5.3 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER E REFLECTÂNCIA TOTAL ATENUADA

(FTIR-ATR) 70

5.4 ANÁLISE MORFOLÓGICA DA SUPERFÍCIE DAS FIBRAS NANOREVESTIDAS – MEV 74

5.5 COMPORTAMENTO TOPOGRÁFICO DAS FIBRAS DE PLA NANOREVESTIDAS COM NANOCOMPÓSITO

PTFE/NPSCAO – AFM 78

5.6 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO E ESPECTROSCOPIA DE RAIOS-X DE DISPERSÃO DE ELÉTRONS –

MET/EDS 81

5.7 ESPECTROSCOPIA FOTOELETRÔNICA POR RAIOS-X (XPS) 88

5.8 VERIFICAÇÃO DA TRANSPARÊNCIA DO REVESTIMENTO 96

5.9 REPELÊNCIA A LÍQUIDOS: TESTE DE RESISTÊNCIA A ÁGUA/ÁLCOOL 97

5.10 VERIFICAÇÃO DA SUPERHIDROFOBICIDADE DO REVESTIMENTO COM NANOCOMPÓSITO PTFE/NPSCAO

99

5.11 AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE DO COMPORTAMENTO SUPERHIDROFÓBICO NAS FIBRAS DE PLA

NANOREVESTIDAS COM NANOCOMPÓSITO PTFE/NPSCAO APÓS LAVAGEM DOMÉSTICA E TESTE DE ABRASÃO 103

6 CONCLUSÕES 106

7 REFERÊNCIAS 107

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos muitas pesquisas vêm desenvolvendo a tecnologia de

superfícies superhidrofóbicas, que se caracterizam pelo elevado ângulo de contato

com a água (>150°) e baixa histerese do ângulo de contato (<10°), i.e., a diferença

entre o ângulo de contato de avanço e o ângulo de contato de recuo. O

desenvolvimento de materiais superhidrofóbicos autolimpantes inspirados na folha de

lótus é um exemplo de novas tecnologias que imitam soluções encontradas na

natureza. A folha de lótus consegue remover impurezas de sua superfície devido a

cristais de cera em escala micro-nano que possuem propriedades de baixa energia

de superfície, ocasionando assim, o efeito de superhidrofobicidade (XU et al., 2015).

Superfícies superhidrofóbicas possuem aplicações industriais de repelência a

alguns hidrocarbonetos, anticorrosão, antiembassamento, antigelo, separação

água/óleo entre outros. Por esse motivo, muitas pesquisas têm sido realizadas nos

últimos anos no desenvolvimento de materiais e processos de fabricação que

propõem superfícies superhidrofóbicas e que controlam a molhabilidade de vários

líquidos com tensões superficiais diferentes, através da composição química e da

estrutura da superfície (LIN et al., 2014).

A superhidrofobicidade em materiais têxteis com elevado ângulo de contato e

propriedade de autolimpeza tem sido também alvo de muitas pesquisas. Os têxteis

são intrinsicamente porosos, e flexíveis, podendo ser hidrofílicos ou hidrofóbicos. A

alteração de superfície dos têxteis é estudada para a melhoria das propriedades de

superfície e consequentemente, ampliação de sua gama de aplicações (CORTESE et

al., 2014).

Uma das aplicações com maior potencial atualmente para tecidos

superhidrofóbicos tem sido na separação água-óleo em desastres de derramamento

de óleo. Além disso, outras aplicações multifuncionais para os tecidos

superhidrofóbicos começam a se fundir como, proteção UV, fotocatalítico, retardador

de chama, antibacteriano dentre outras.

Para se obter superfícies superhidrofóbicas, geralmente são utilizados

processos que consomem grande quantidade de água e energia, e em consequência

disto, esses processos resultam em uma grande geração de efluentes. Com isso,

novos métodos de fabricação que visem redução de impacto ambiental são de grande

interesse científico e tecnológico. Esses estudos são de fundamental importância para

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a preservação e respeito a natureza. Os têxteis superhidrofóbicos podem também vir

a reduzir o número de lavagens domésticas, consequentemente aumentando a

durabilidade destes materiais, assim, além de reduzir o uso de água e energia

necessárias para a lavanderia (LI et al., 2017).

Considerando um líquido que desloca o ar e molha uma superfície sólida, isto

é, o líquido se espalha ao longo da superfície sólida em vez de formar uma gota

esférica caracteriza uma alta energia de superfície e quando a gota permanece

esférica sobre a superfície possui baixa energia de superfície. A baixa energia de

superfície combinada com uma textura com estrutura com dupla escala, em que

possui estruturas de superfície em dimensões micro e sobre essas estruturas micro

existem outras em escala nano, as quais são características dos materiais

superhidrofóbicos. Para a obtenção dessas superfícies, geralmente utilizam-se

produtos químicos para a redução da energia superficial como silicone, compostos

fluorcarbono e outros compostos que possuam essa função. Já para alterar a

rugosidade superficial, nanopartículas são utilizadas, pois possuem um papel

importante para construção de uma estrutura que reduza a área de contato entre a

superfície e gotas de líquidos. As nanopartículas mais utilizadas são SiO2, ZnO, TiO2

e nanotubos de carbono com diferentes tamanhos e formas (LI et al., 2017).

Na literatura, pesquisas relacionadas a obtenção de tecidos superhidrofóbicos,

utilizam diversos processos através dos quais se consegue obter bons resultados de

superhidrofobicidade, como os processos layer-by-layer, dip-coating, pad-dry-cure,

dentre outros.

Em uma pesquisa utilizando nanopartículas de sílica depositadas via processo

layer-by-layer sobre tecido de algodão seguida com fluoralquilsilano, foi realizado um

tratamento para a redução da energia de superfície e assim desenvolvida uma

superfície têxtil superhidrofóbica com ângulo de contato com a água > 150° e histerese

deste ângulo de contato < 10° (ZHAO et al., 2010).

Em outro trabalho, nanopartículas de sílica foram impregnadas sobre fibras de

algodão, poliéster e seda pelo processo dip-coating em solução de tolueno, tornando

as superfícies das fibras autolimpantes, com elevado ângulo de contato (WU et al.,

2013a).

Da mesma forma, outro grupo de pesquisadores combinaram quimicamente

nanopartículas de sílica com a superfície de tecidos para produzir têxteis

superhidrofóbicos, e ainda utilizaram diferentes tamanhos destas nanopartículas para

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desenvolver na mesma superfície uma estrutura com parâmetros de rugosidade em

escala micro-nano (XUE et al., 2009)(ATHAUDA; OZER, 2012). Em outro estudo,

nanopartículas de óxido de zinco/dióxido de silício (ZnO/SiO2) foram imobilizadas

sobre fibras de poliéster para conferir superhidrofobicidade com um ângulo de contato

de 160° (XUE et al., 2011). Tecidos superhidrofóbicos foram desenvolvidos através

da aplicação de nanotubos de carbono de parede múltipla utilizando um processo de

imersão, onde foi obtido um elevado ângulo de contato. Dessa forma, diversos

métodos de fabricação de superfícies superhidrofóbicas por meio de processos

químicos via úmida são utilizados na redução de energia de superfície e construção

de estruturas rugosas sobre as fibras têxteis.

O desenvolvimento de pesquisas aplicadas em processos de fabricação mais

simples é essencial para que esta tecnologia de recobrimentos superhidrofóbicos

possa ser mais utilizada em produtos industriais. (SOTTOS; EXTRAND, 2008)

Os processos via úmida são atualmente os mais utilizados na indústria têxtil,

nos quais o revestimento é fixado por meio de imersão, secagem e tratamento térmico.

No entanto, o uso de recursos de água e energia nesses processos é bastante elevado

e a necessidade de desenvolvimento e conversão para métodos de processamento

mais responsáveis ambientalmente tem aumentado. No presente trabalho, a formação

de filmes superhidrofóbicos nanoestruturados de Politetrafluoretileno/nanopartículas

de óxido de cálcio (PTFE/CaO) em superfícies de fibra de poliácido láctico (PLA) via

processo por espuma é estudada.

1.1 Justificativa

Revestimentos nanoestruturados superhidrofóbicos representam um grande

potencial na aquisição de novas funcionalidades dos têxteis, como materiais

autolimpantes, separação água/óleo, antimicrobiano, retardamento à chama, proteção

UV, dentre outros. Dessa forma, a modificação superficial das fibras tornou-se um dos

mais importantes tópicos para a criação de produtos têxteis inovadores.

Processos de fabricação mais simples e de menor impacto ambiental são

essenciais para que os recobrimentos superhidrofóbicos possam ser mais utilizados

em produtos industriais. Portanto, o desenvolvimento de revestimentos

nanoestruturados superhidrofóbicos por meio do processo via deposição por espuma

é uma alternativa que desperta grande interesse pela possibilidade de otimização do

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uso de recursos naturais como água e energia, além de ser uma técnica que pode ser

adaptada com o maquinário existente atualmente na indústria têxtil para a produção

de acabamentos funcionais em tecidos.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é estudar a formação de filmes superhidrofóbicos

nanoestruturados de PTFE e nanopartículas de óxido de cálcio em superfícies de fibra

de PLA via deposição por espuma, analisando as variáveis do processo para

deposição de revestimentos superhidrofóbicos e as propriedades superhidrofóbicas

dos filmes depositados sobre as fibras de PLA.

2.2 Relevância e contribuições

O presente estudo apresenta como principais contribuições científicas:

Demonstração da viabilidade da utilização do método de acabamento

por espuma para deposição de filme de PTFE/CaO sobre fibras têxteis;

Avaliação da contribuição das nanopartículas de CaO para a topologia

da superfície do nanocompósito depositado sobre as fibras;

Avaliação da superhidrofobicidade de revestimentos nanométricos de

PTFE/CaO em fibras de PLA.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Biomimética e natureza

O entendimento do comportamento de estruturas encontradas na natureza e

suas funções faz com que o homem tente reproduzir algumas das suas características

em outros materiais, visando a criação de soluções para problemas atuais da

humanidade. Um exemplo clássico disso é a folha de lótus, que possui propriedade

única atribuída por uma combinação de uma camada de cera com baixa energia de

superfície e estrutura rugosa em dupla (micro-nano) escala sobre a folha, como

observa-se na figura 1.

Figura 1- Folha de lótus na natureza: comportamento autolimpante (a), microestrutura (b), protusões

(c), ceras tubulares sobre as protusões. Fonte: (LI et al., 2017)

Outros exemplos observados na natureza são mostrados na figura 2 (JIANG;

GUO; LIU, 2015). As asas da borboleta na figura 2(a) apresentam cores brilhantes,

bem como hidrofobicidade devido a estrutura em escala micro-nano. Outro exemplo,

são as folhas de arroz, onde as gotas de água podem rolar mais facilmente paralelas

na direção longitudinal do que na direção perpendicular, devido as papilas de

tamanhos variados em uma ordem unidimensional com cristais de ceras nanométricas

sobre a superfície da folha, como é observado na figura 2(b). Na figura 2(c) é mostrado

um besouro do deserto da Namíbia que coleta água do ar por estruturas hidrofílicas e

ranhuras hidrofóbicas em suas costas.

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Na figura 2(d), as pétalas das rosas apresentam micro papilas hierárquicas e

nanodobras que produzem uma rugosidade para ter hidrofobicidade e elevada

aderência com a água. Na figura 2(e), os olhos do mosquito apresentam propriedade

superhidrofóbica e antiembassamento em virtude de estruturas hexagonais abertas

em nanoescala.

Figura 2- Imagens e as correspondentes micrografias de MEV de criaturas com molhabilidade

especial na natureza. (a) asa de borboleta (b) folha de arroz (c) besouro do deserto (d) pétalas de rosa (e) olhos do mosquito. Fonte: (JIANG; GUO; LIU, 2015)

A bioinspiração nos sistemas da natureza levou a estudos na área da

biomimética, com investigações da topografia da superfície desses sistemas

biológicos para fabricar revestimentos superhidrofóbicos autolimpantes. A

superhidrofobicidade está relacionada com a molhabilidade superficial. O formato que

uma gota de líquido assume em contato com uma superfície sólida depende do

ângulo θ que a gota de líquido faz com a superfície sólida. A superfície é considerada

hidrofílica, ou seja, possui afinidade com a água, quando o ângulo de contato é inferior

a 90° e a superhidrofílica quando é igual ou inferior a 5°. Por outro lado, superfícies

que possuem ângulo de contato maior que 90°, ou seja, que não possuem afinidade

com a água são chamadas de hidrofóbicas, e superhidrofóbicas quando o ângulo de

contato é igual ou maior que 150°, conforme figura 3. (NAGAPPAN; HA, 2015).

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Figura 3 - Representação esquemática da formação de ângulo de contato para materiais hidrofílicos e hidrofóbicos (BAČOVSKÁ et al., 2016)

As propriedades das superfícies superhidrofóbicas podem ser de grande

utilidade e aplicações destas superfícies estão surgindo com uma grande gama de

áreas de atuação, dependendo de suas composições químicas e das suas

propriedades. Estes materiais com comportamento superhidrofóbico possuem

diversas aplicações tais como: separação de água e óleo (ZHOU et al., 2017),

autolimpeza (TAVARES et al., 2014), (SURYAPRABHA; SETHURAMAN, 2017),

antigelo (LEE, 2012), proteção UV (HUANG et al., 2015), antichama (XUE et al., 2016),

dentre outras.

3.2 Energia de superfície

Estudos realizados por Wenzel e Cassie & Baxter mostraram que a estrutura

rugosa de uma superfície contribui para a hidrofobicidade superficial. Além de uma

textura superficial com estrutura hierárquica apropriada, a baixa energia de superfície

incrementa ainda mais esse comportamento. Este é o exemplo da superfície da folha

de lótus que é quimicamente feita de cera e estruturalmente tem dois níveis de

rugosidade consistindo de estruturas em microescala e nanoescala na superfície, que

permitem o aprisionamento de ar por baixo das gotas de água, contribuindo assim

para superfície superhidrofóbica. Uma superfície com menor energia superficial e

diferentes níveis de rugosidade em microescala e nanoescala resulta em um elevado

ângulo de contato (SHIM; KIM; PARK, 2014).

O estudo do ângulo de contato pode ajudar a entender o fenômeno da energia

de superfície (∆G) de sólidos, fundamentado na natureza das forças intermoleculares

incluídas na molhabilidade de polímeros por um líquido polar ou apolar (ADAM;

LIVINGSTON, 1958; IHRIG; LAI, 1957). Métodos de medidas de ângulo de contato ao

longo dos anos vêm sendo estudados por pesquisadores, dessa forma existe um

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grande volume de trabalhos na área para caracterização de superfície de polímeros e

têxteis. Estes trabalhos realizados fazem a ligação das medidas de ângulo de contato

com as propriedades de tensão superficial ou energia de superfície, rugosidade e

dimensão fractal (PACKHAM, 2003). O entendimento das propriedades

termodinâmicas das superfícies têxteis é essencial para aplicação e desenvolvimento

de novos materiais, dessa forma permitindo obter uma relação para descrever a

estabilidade da energia de superfície e as propriedades de aderência de superfície

(HOLME, 1999). Ao colocar uma gota de líquido sobre uma superfície rígida e lisa, a

mesma espalha-se sobre a superfície alcançando o estado de equilíbrio. No estudo

realizado por (ADAM; LIVINGSTON, 1958), a relação entre a energia de superfície ∆G

e a variação da área do sólido em contato com o líquido, ∆A , pode ser expressa pela

equação (01):

∆G=∆A(γSL-γSV)+∆AγLVcosθ (01)

em que θ é o ângulo de contato, medido entre as tangentes das interfaces líquido-

vapor e sólido-líquido, dependendo do equilíbrio termodinâmico entre o sistema de

três interfaces: sólido-vapor (γSV) sólido-líquido (γSL) e líquido-vapor (γLV), de acordo

com a figura 4 (DUTSCHK et al., 1998), (XU; MASLIYAH, 2006).

Figura 4 - Ângulo de contato de um líquido sobre um substrato têxtil (NASCIMENTO, 2012)

A estabilidade da energia de superfície se reduz a condição mínima quando

(∆G/∆A) tende a zero, ou seja, não existe alteração da área de interface sólido líquido:

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lim∆𝑆→

0∆G

∆A= 0 (02)

A partir das equações (1) e (2) obtêm-se a relação de equilíbrio termodinâmico

conhecida como equação de Young:

0=(γSL-γSV)+γLVcosθ (03)

A interação entre uma superfície sólida e um líquido, ou seja, à adesão entre

os dois sistemas, depende da energia de superfície (tensão superficial ou interfacial)

de cada sistema. Por isso, o trabalho de adesão, WA, entre um sólido e o líquido pode

ser escrito em função da energia da superfície sólida γSL, da tensão interfacial

sólido/líquido, γSL, e da tensão superficial do líquido γLV, pela equação de Dupré:

WA = γSV + γLV − γSL (04)

Este é o trabalho realizado para espalhar o líquido sobre a superfície. A

combinação da equação de Dupré com a equação de Young resulta na equação de

Young-Dupré:

WA = γLV(cosθ + 1) (05)

Esta última equação é de grande utilidade no estudo de sistemas físico-

químicos de superfície, pois permite conhecer o trabalho de adesão por meio dos

valores de duas grandezas, a tensão superficial do líquido e o ângulo de contato

(CANTIN et al., 2006).

No estudo de Fowkes (1964), foi proposto que a energia de superfície pode ser

descrita como a soma das contribuições das interações dispersivas (γd), e não

dispersivas, também chamadas de polares γp, como descrito na equação (06):

γ = γd + γp (06)

A componente não dispersiva (γp) da equação (06) engloba interações do tipo

dipolo/dipolo, dipolo/dipolo-induzido e ligações de hidrogênio. No entanto, a

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componente dispersiva (γd) engloba as interações dipolo-induzido/dipolo- induzido,

que têm papel importante em fenômenos como adesão e adsorção. Ainda de acordo

com Fowkes, as interações dispersivas são importantes através da interface e

contribuem para o trabalho de adesão, que é expresso pela média da energia de

superfície dispersiva, como mostra a equação (07). (FOWKES, 1964), (WU, 1971).

WA = 2(γSdγLVd )

1

2 (07)

Neste caso, “d”, que aparece sobrescrito, indica que se trata da componente

dispersiva da energia de superfície, enquanto que os índices que aparecem subscritos

indicam a superfície sólida (γS) e a superfície do líquido (γLV).

Assim, a equação (07) a equação de Young-Dupré pode ser escrita como:

γLV(cosθ + 1) = 2(γSdγLVd )1 2⁄ (08)

Dessa forma, a equação (08) traz um método para estimar o valor de γSd no

caso onde apenas forças dispersivas atuam no líquido.

Inserindo a contribuição polar da energia de superfície tem-se:

WA = 2(γSdγLVd )1 2⁄ + 2(γS

pγLVp)1 2⁄ (09)

Combinando a equação (09) com a equação de Young-Dupré obtém-se a

equação (10), que também envolve as componentes polar e dispersiva da energia de

superfície:

γLV(cosθ + 1) = 2(γSdγLVd )1 2⁄ + 2(γS

pγLVp)1 2⁄ (10)

A equação (10) é conhecida como aproximação da média geométrica, e fornece

um mecanismo prático de estimar a energia de superfície de um sólido.

Fundamentado em um modelo de adição de forças, WU (1971) propôs a

seguinte equação:

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γLV(cosθ + 1) =4(γS

dγLVd )

γSd+γLV

d +4(γS

pγLVp)

γSp+γLV

p (11)

De acordo com Wu, este método, conhecido como média harmônica, pode ser

aplicado no caso da interação entre um polímero e um líquido qualquer. Usando dois

líquidos com γLVd e γLV

p conhecidos, pode-se determinar γS

d e γSp, por meio de medidas

de ângulo de contato e utilização da equação (11) (FOWKES, 1964)(BURKARTER,

2010). Em geral, a equação (11) é escrita nos algoritmos dos equipamentos de medida

eletrônica de ângulo de contato e energia de superfície.

3.3 Molhabilidade

Wenzel e Cassie-Baxter sugeriram modelos teóricos para ângulos de contato

de um líquido sobre uma superfície com determinada geometria. Diferentes ângulos

de contato podem ser alcançados com a mesma textura de rugosidade dependendo

de como o líquido está configurado na superfície. Quando o líquido preenche

completamente todos os espaços dos poros, o modelo de Wenzel figura 5(a), é

aplicado para descrever o ângulo de contato θrw em função da proporção da área de

contato líquido-sólido para a área projetada equação (12).

Figura 5 - (a) Uma gota de líquido no estado Wenzel. (b) Uma gota de líquido no estado Cassie. Fonte: (YAO; HE, 2014)

cosθrw = rcosθe (12)

em que:

r(fator de rugosidade) =área de contato atual líquido−sólido

área projetada da superfície geométrica (13)

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Área projetada: área aparente cuja superfície de contato líquido-sólido é

projetada para uma superfície plana.

θrw: ângulo de contato aparente do líquido em uma superfície áspera em um

estado de Wenzel.

θe: ângulo de contato de equilíbrio quando a gota de líquido fica em uma

superfície lisa.

Este modelo prevê a hidrofilicidade ou a hidrofobicidade reforçada pela

rugosidade da superfície. Wenzel previu que quando θe<90°, uma alta proporção de

rugosidade “r” leva um valor maior para cosθrw, com uma tendência para atingir o valor

1, resultando assim em um valor menor para θrw, tendenciado a 0°. Nesta situação,

como o fator de rugosidade fica maior e o ângulo de contato aparente diminui em

direção a 0° pela ação da capilaridade, efetivamente espalhando a gota de água na

superfície. Por outro lado, se θe>90° um alto valor de fator de rugosidade gera um

valor para cosθrw próximo de -1, gerando um valor para θr

w perto de 180°, que

representa o reforço da hidrofobicidade em uma superfície rugosa e de baixa energia

de superfície.

O modelo de Cassie-Baxter ilustrado na figura 5(b), evoluíram o modelo de

Wenzel incluindo a superfície porosa e heterogênea em seu modelo para prever a

relação entre o ângulo de contato e as áreas de contato fracionadas das superfícies

de múltipla composição de acordo com a equação (14):

cosθrCB = f1cosθe + f2cosθe

′ (14)

Em que

θrCB: ângulo de contato aparente do líquido em uma superfície áspera no estado

Cassie-Baxter.

θe: ângulo de contato de equilíbrio quando a gota de líquido fica em uma

superfície lisa 1.

θe′ : ângulo de contato de equilíbrio quando a gota de líquido fica em uma

superfície lisa 2.

f1: fração da superfície 1.

Área de contato com o líquido=área da superfície 1 em contato com o líquido

área projetada da superfície 1em contato com o líquido

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f2: fração da superfície 2.

Área de contato com o líquido=área da superfície 2 em contato com o líquido

área projetada da superfície 2em contato com o líquido

Neste modelo se a superfície não é completamente molhada a gota de água

faz contato na superfície heterogênea do sólido e do ar. Quando as cavidades que

aprisionam o ar estão presentes em uma superfície áspera de um único componente,

o ângulo de contato da água no ar, 𝜃𝑒=180° e a equação seguinte é derivada:

cosθrCB=rffcosθe+f-1 (15)

Em que a rugosidade da superfície úmida "𝑟𝑓" é dada por:

𝑟𝑓=área da superfície sólida em contato com o líquido

área projetada da superfície sólida em contato com o líquido

Em que a fração da área de superfície sólida molhada “𝑓"é dada por:

f=área projetada da superfície sólida em contato com o líquido

área total projetada (ar e sólido)em contato com o líquido

Para a equação (15), o aumento da rugosidade rf é explicado para aumentar

ainda mais o ângulo de contato aparente θrCB no estado Cassie-Baxter, quando o

ângulo de contato θe em uma superfície intrinsicamente hidrofóbica é maior que 90°.

No entanto, devido à heterogeneidade química, rugosidade superficial e

reorganização da superfície, diferentes ângulos de contato podem coexistir ao longo

da linha de contato. Conforme ilustrado na figura 6(a), em um plano inclinado o ângulo

de contato da gota à frente é maior do que o da parte de trás, e correspondem ao

ângulo de contato de avanço e recuo, respectivamente. A diferença entre os ângulos

de contato de avanço e recuo é definida como a histerese do ângulo de contato ou

ângulo de deslizamento, que é uma medida de quão bem uma gota de líquido adere

à superfície sólida. A figura 6(b) mostra outro método para medição da histerese do

ângulo de contato, em que com a utilização de um goniômetro o ângulo de avanço é

medido com o aumento de volume da gota de água sobre a superfície e o ângulo de

recuo medido quando a gota é sugada pela seringa. (YAO; HE, 2014).

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Figura 6 - (a) Ilustração esquemática da histerese do ângulo de contato numa superfície inclinada, (b)

ângulos de contato avançando e recuando numa superfície plana, aumentando e diminuindo o volume de gotícula, respectivamente. Fonte: Adaptado (AHMAD; KAN, 2016)

Uma superfície superhidrofóbica autolimpante deve ter uma histerese de

ângulo de contato baixo, ou seja, <10°. A folha da planta de lótus é um modelo

representativo para plantas superhidrofóbicas e autolimpantes, devido as camadas de

cera com baixa energia de superfície e estruturas em escala micro-nano figura 7(a).

Portanto, gotas de água na superfície da folha de lótus estão no estado Cassie-Baxter,

tornando-as esféricas e capazes de rolar facilmente. Normalmente, os contaminantes

são maiores do que os orifícios da estrutura das folhas, deixando as partículas sobre

as pontas da estrutura da superfície. Quando uma gota de água rola sobre os

contaminantes, partículas de sujeira são adsorvidas pela a gotícula de água e

removidas da superfície figura 7(b). Em tais superfícies hierárquicas e estruturadas

intrínsecas, tanto a área de contato como a adesão à superfície são drasticamente

reduzidas. (YAO; HE, 2014)

Figura 7 - (a) Imagem do MEV da folha de lótus mostrando células epidérmicas, e (b) diagrama

ilustrando o processo de autolimpeza em uma superfície áspera. Fonte: (YAO; HE, 2014)

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3.4 Nanotecnologia nos têxteis

A indústria têxtil e de confecção é muito mais abrangente do que se pensa, indo

além do vestuário, que é o principal bem final da cadeia têxtil. Dessa forma, novos

materiais têxteis surgiram com novas tecnologias como os têxteis inteligentes e os

têxteis funcionais. Material têxteis inteligentes são materiais e estruturas que sentem

e reagem ás condições ambientais ou estímulos mecânicos, térmicos, químicos,

elétricos, magnéticos ou de outras fontes. Já os têxteis funcionais são aqueles que

possuem função específica, como por exemplo função de autolimpeza ou um têxtil

multifuncional por exemplo autolimpante e antimicrobiano dentre outros. A crescente

demanda por vestuários funcionais e duráveis, fabricados de forma sustentável, criou

oportunidades para integrar nanomateriais a substratos têxteis. Além destas, os

materiais têxteis, devido a sua flexibilidade, têm sido objeto de diferentes

aplicabilidades pós funcionalização com nanopartículas tais como: células solares;

fotocatalíticas; sensores; suportes proteicos, dentre outras. Os nanomateriais podem

induzir repelência a manchas, rugosidade, eliminação estática e condutividade elétrica

para fibras têxteis sem comprometer a sua flexibilidade e conforto. Eles também

oferecem um maior potencial de aplicação para criar, por exemplo, um vestuário com

dispositivos que fazem a conexão e podem detectar e responder a estímulos externos

via sinais elétricos, cor ou sinais fisiológicos (YETISEN et al., 2016).

A vantagem dos nanomateriais diz respeito à criação de funções sem alterar as

propriedades de conforto do substrato. O têxtil é um substrato ideal para a integração

de nanomateriais, dispositivos eletrônicos e ópticos. Esses materiais e tecnologias

integrados oferecem uma plataforma capaz de responder a estímulos mecânicos,

químicos, elétricos, térmicos, ópticos ou magnéticos. As peças do vestuário podem

incluir sensores, transmissão de dados e unidades de processamento. Estes devem

se integrar ao vestuário, que deve ser flexível e confortável, sem causar nenhuma

reação alérgica ao corpo, além de satisfazer as exigências de baixa densidade,

desempenho e aparência (cor). Um desafio significativo na indústria têxtil é que as

abordagens convencionais para a funcionalização de tecidos não conduzem a efeitos

permanentes em processos como lavagem, por exemplo, os efeitos funcionais

transmitidos são reduzidos.

Assim, a nanotecnologia pode desempenhar um papel importante na

introdução de novas e permanentes funções aos tecidos. Os têxteis podem ser

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nanoengenheirados, ou seja, materiais que utilizam nanotecnologia, para apresentar

funções específicas, incluindo hidrofobicidade, propriedades antibacterianas,

condutividade elétrica, propriedades antirrugas, comportamento antiestático,

orientação luminosa e espalhamento figura 8. Usando a nanotecnologia, propriedades

podem ser alcançadas sem afetar a permeabilidade ao ar ou textura do substrato. Tais

materiais podem estar na forma de revestimentos de superfície, enchimentos ou

espumas. (YETISEN et al., 2016)

Figura 8- Aplicações da nanotecnologia em têxteis. Fonte: Adaptada de (YETISEN et al., 2016)

3.5 Nanopartículas

A definição de nanopartículas segundo o documento BRITISH STANDARDS

INSTITUTION (BSI), PAS71 (2005), é: “ uma partícula com uma ou mais dimensões

da ordem de 100 nm ou menos.” As nanopartículas fazem parte de uma importante

classe de materiais com aplicações em diversas áreas da indústria têxtil. Estes

nanomateriais são compostos formados por várias dezenas ou centenas de átomos

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de diferentes dimensões e estruturas (amorfo, cristalino, semi-cristalino) e podem ser

classificados com base no número de dimensões, nos seguintes tipos:

(NASCIMENTO, 2012); (NOGI et al., 2012).

Nanomaterial - (0D)

Nanomaterial - (1D)

Nanomaterial - (2D)

Nanomaterial - (3D)

Nanomaterial – (0D)

A dimensão do material é medida sem uma faixa de escala, mas que é <

100nm. Os nanomateriais (0D) são comumente representados por nanopartículas,

nanoesferas, pontos quânticos, esferas ocas, nanoesferas core-shell e nanocluster

(MITTAL, 2015).

Nanomaterial – (1D)

Os nanomateriais (1D) têm duas dimensões físicas na faixa de 1-100nm e

possuem uma estrutura tipo agulha. Eles são representados pelos nanotubos,

nanofios, nanovaras, nanocintos (MITTAL, 2015).

Nanomaterial – (2D)

Os nanomateriais (2D) têm duas dimensões além do tamanho na escala

nanométrica. Eles possuem formas parecidas com placas, como nanodiscos,

nanoplacas, nanoprismas, nanofolhas etc (MITTAL, 2015).

Nanomaterial - (3D)

Os nanomateriais (3D) são aqueles que não se limitam a nanoescala em

nenhuma dimensão. Estes materiais se encontram em 3 dimensões acima de 100nm

e possuem estruturas nanocristalinas. Eles podem conter dispersões de

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nanopartículas, feixes de nanofios e nanotubos bem como múltiplas nanocamadas

(MITTAL, 2015).

As nanopartículas possuem propriedades superficiais que atraem o interesse

para diversas aplicações. Tais propriedades possibilitam adicionar novas

funcionalidades aos produtos. Nanopartículas de diferentes tipos de materiais

metálicos e semicondutores como a prata, dióxido de titânio e óxido de zinco têm sido

utilizadas na funcionalização de fibras e tecidos, resultando em produtos com novas

propriedades macroscópicas (RIVERO et al., 2015).

Novas tecnologias com potencial para acrescentar funções e propriedades

especiais aos tecidos têm sido de grande interesse para a indústria têxtil. Por exemplo,

houve nos últimos anos avanços significativos nas tecnologias de tingimento têxtil

(BALTER, 2009), impressão digital em têxteis (KING, 2009), tecidos inteligentes

(CASTANO; FLATAU, 2014) e têxteis funcionais de elevado desempenho (HOLME,

2007).

Neste sentido, as nanopartículas desempenham um papel importante nesta

evolução, uma vez que apresentam excelentes propriedades de superfície permitindo

multiplicar o seu efeito, em comparação com aditivos e materiais tradicionais

volumosos (RIVERO et al., 2015).

Óxidos são substâncias químicas que possuem átomos de oxigênio

combinados com outro elemento, onde o oxigênio é o elemento mais eletronegativo.

Estes estão inseridos em um grande grupo na química, pois a maioria dos elementos

químicos formam essa substância. Eles podem ser classificados em alcalinos, ácidos,

e os óxidos anfóteros, neutros e duplos (PEREIRA et al., 2012).

Nanomateriais de óxidos metálicos são amplamente utilizados em diversas

aplicações representando a classe com a maior produção mundial. Materiais como

TiO2, ZnO e CaO, geralmente não são tóxicos (DJURIŠIĆ et al., 2015).

O óxido de cálcio é uma substância metálica e alcalino-terroso, no qual pode

ser utilizado em aplicações como catalisador, agente de remediação de resíduos

tóxicos, aditivo em materiais refratários, dopagem de materiais para modificar

propriedades elétricas e ópticas, fator crucial para captura de dióxido de carbono,

dessulfurização de gases de combustão e controle de emissão de poluentes. Em

geral, óxidos metálicos alcalinos-terrosos nanocristalinos, também podem ser

utilizados como quimiosorventes eficazes para gases tóxicos, ácido clorídico e

clorados e compostos contendo fósforo. Além disso, ele pode ser utilizado como

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agente fotocatalítico (VEERANNA; LAKSHAMAIAH; NARAYAN, 2014) e

antibacteriano (MARQUIS et al., 2016) sendo bastante acessível, com alta basicidade,

não corrosivo e de fácil manuseio.

As nanopartículas de CaO (NPsCaO) podem ser produzidas pelo tratamento

térmico dos precursores Ca(OH)2 ou o CaCO3 (MIRGHIASI et al., 2014).

Em trabalho realizado por Roy et al., NPsCaO irradiadas por micro-ondas

foram usadas para determinar sua eficácia antimicrobiana contra bactérias gram-

negativas e gram-positivas ROY et al., (2013). As nanopartículas de CaO mostraram

atividade antimicrobiana muito maior contra Pseudômonas aeruginosa e

Staphylococcus epidermidis em comparação com Cândida tropicalis. O valor de

concentração inibitória mínima de nanopartículas foi em torno de 2-8MM. Esta

nanopartícula bioativa também inibe a formação do biofilme e pode ter futura aplicação

de baixo custo e não tóxico como agente antimicrobiano.

A utilização de NPsCaO como agente fotocatalítico foi relatado por

VEERANNA; LAKSHAMAIAH; NARAYAN, (2014). O óxido de cálcio foi utilizado como

fotocatalisador para a degradação da solução de corante índigo carmim na radiação

ultravioleta visível, longa e curta. Foi investigado a eficácia da degradação da solução

corante de índigo carmim em pH entre 9-12 usando óxido de cálcio com tamanho em

torno de 30-36 nm, variando a concentração, a dose de adsorvente e a duração.

Verificou-se que a degradação do corante índigo carmim é eficaz em pH 9. Em outro

estudo com Song e Zhang, a atividade fotocatalítica de um compósito de Ni/CaO foi

avaliada com base na decomposição do azul de metileno sob a irradiação da luz

visível. Os resultados mostraram que a atividade fotocatalítica do compósito foi maior

do que os elementos isolados SONG; ZHANG, (2010).

Em outro trabalho MA et al., utilizaram o óxido de cálcio para estudar a melhoria

das propriedades antichama de um compósito de polipropileno/melanina éster fosfato

pentaeritérina PP/PPEM. Os resultados mostraram que a introdução de óxido de

cálcio neutralizou a acidez do PPEM, o que levou a uma estabilização térmica e um

atraso no processo intumescente do sistema, promovendo a formação de uma

camada de carbonização de alta qualidade o que pode evitar a decomposição do PP.

Portanto, a adição de 0,2% de CaO no compósito pode diminuir o tempo de extinção

do fogo e melhorar o índice de oxigênio limitado. Dessa forma uma quantidade

adequada de CaO atua como agente sinérgico para retardar a chama MA et al.,

(2012).

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3.6 Fibras Têxteis

As fibras têxteis naturais são utilizadas por seres humanos desde a

antiguidade. Há evidências do uso de fibras de linho tingidas em peças de vestuário

há mais de 30.000 anos (BALTER, 2009).

Durante séculos, os humanos usaram fibras vegetais (como linho ou algodão)

e fibras animais (como lã ou seda) para produzir fios, e depois tecê-los em têxteis, por

meio de processos manuais. No século XVIII, houve um desenvolvimento industrial

revolucionário com a invenção de máquinas que aceleraram a fabricação de tecidos

e os tornaram mais disponíveis e consequentemente, acessíveis (TUNZELMANN,

1995). Esta revolução tecnológica mudou o conceito de fabricação de têxteis. No

século XX houve uma segunda revolução tecnológica com a síntese de fibras artificiais

como o rayon viscose, a poliamida e o poliéster, com técnicas de produção de boa

qualidade e baixo custo que rapidamente deram a essas fibras uma significativa

participação de mercado devido às suas boas propriedades, tais como baixo custo,

estabilidade química e versatilidade (corantes, cores, diâmetros de fibra, engenharia

de tecelagem para vestuários especiais).

3.6.1 Fibra de PLA

O poliéster alifático baseado em ácido poliláctico (PLA) está emergindo como

uma alternativa com vantagens ambientais para substituir o PET na indústria têxtil. O

PLA é derivado de recursos renováveis como milho, beterraba, cana-de-açúcar e trigo.

A sua síntese pioneira foi feita por Wallace Carothers em 1932 por meio da

policondensação do ácido láctico, que posteriormente foi patenteado pela Dupont®,

em 1954 após refinamento do processo (HUSSAIN; TAUSIF; ASHRAF, 2015).

Em 1997, a Cargill Dow LLC foi fundada, e logo após, lançou no mercado o

NatureWorks ™ PLA (Ingeo) de milho, utilizando um processo simples de

fermentação, destilação e polimerização. O PLA não é 100% biodegradável como

muitas vezes interpretado, ou seja, sofre decomposição através de um processo

biológico no qual micro-organismos decompõem a matéria orgânica em uma

substância homogênea. Para isso, requer condições específicas de temperatura e

umidade e assim alcançar essa condição. O PLA sofre degradação em dois passos;

primeiro, a presença de temperatura e umidade adequadas diminui seu peso

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molecular e, em seguida, é transformado em fragmentos menores biodegradáveis a

micro-organismos. Como o PLA não se biodegrada em aterros sanitários, instalações

de compostagem industrial são frequentemente recomendadas (HUSSAIN; TAUSIF;

ASHRAF, 2015).

O PLA é um poliéster termoplástico alifático linear produzido usando 20 a 50%

menos recursos de combustível fóssil em comparação com outras fibras à base de

petróleo. Em termos de ciclo de vida, ele é considerado um polímero "verde" devido à

sua biodegradabilidade e sustentabilidade (TSIROPOULOS et al., 2015).

Atualmente, o polietileno tereftalato (PET) representa cerca de 40% do consumo total

de fibras na indústria mundial de têxteis e vestuário, e a fibra de PLA tem um grande

potencial para alcançar uma quantidade significativa de participação no mercado de

fibras sintéticas, devido à crescente conscientização global sobre a sustentabilidade

(HUSSAIN; TAUSIF; ASHRAF, 2015). A fibra de PLA é um material com potencial e

perspectivas de desenvolvimento popular, devido às suas notáveis propriedades,

podendo ser utilizado na aplicação de mantas agrícolas, dispositivos biomédicos,

embalagens e indústria de automóveis (QI; REN; WANG, 2017).

A figura 9 apresenta uma classificação das principais fibras têxteis naturais e

não naturais, destacando a origem da fibra de PLA.

Figura 9 - Classificação das fibras têxteis. Fonte: Adaptado (YOUNES, 2017)

FIBRAS TÊXTEIS

NÃO-NATURAIS NATURAIS

ANIMAIS: LÃ

SEDA

VEGETAIS: ALGODÃO

LINHO SISAL

ARTIFICIAIS: VISCOSE MODAL

ACETATO

SINTÉTICAS:

INORGANICAS: VIDRO

METÁLICA CARBONO

MINERAIS: AMIANTO

ALIFÁTICO: PLA

FONTES RENOVÁVEIS

AROMÁTICO: POLIÉSTER

FONTES NÃO RENOVÁVEIS

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3.7 Fabricação de superfícies superhidrofóbicas

Para a fabricação de uma superfície superhidrofóbica é necessário uma

hierarquia da rugosidade por meio de micro e nanoestruturas e uma baixa energia de

superfície. Como os têxteis possuem uma estrutura fibrosa em micro escala, uma

estratégia comum é revestir a superfície da fibra com nanopartículas para alcançar a

estrutura em escala micro / nano e posteriormente, baixar a energia de superfície.

Os métodos mais comuns para a preparação de superfícies têxteis

superhidrofóbicas incluem processos físicos e químicos, tais como: deposição química

via úmida (WANG et al., 2015), revestimento por spray (SPARKS et al., 2013),

deposição camada por camada (LUO et al., 2015), enxerto de polímero (ZHANG et

al., 2015b), sol-gel (ZHU et al., 2015), dip-coating (XU et al., 2015), pad-dry-cure

(DUAN et al., 2011), processamento a plasma (OH et al., 2014), entre outros.

A técnica de deposição de banho químico em duas etapas com posterior

tratamento ultravioleta foi avaliada para produzir um tecido de transporte unidirecional

de petróleo. Neste estudo, o tecido tratado mostrou uma capacidade de transporte

unidirecional de petróleo que permite que o fluido de óleo se transporte

automaticamente do lado não irradiado com ultravioleta para a superfície irradiada

pela mesma. Além disso, o tecido de transporte de óleo ainda manteve alta

superhidrofobicidade (WANG et al., 2015). Já em outro trabalho, Zang e seu grupo

de pesquisa produziram um filme de ZnO superhidrofóbico na superfície do algodão

utilizando um método de deposição covalente na presença de resina epóxi e 3-

aminopropil (dietoxi) metilsilano (ZHANG et al., 2015a).

MENG e seus colaboradores, produziram com sucesso um revestimento

superhidrofóbico e com boa permeabilidade ao ar em um único passo, por meio da

técnica de pulverização e separação de fase induzida por vapor não-solvente. Uma

solução de um elastômero termoplástico foi pulverizada em atmosfera de vapor de

etanol. Após a completa evaporação do solvente, um revestimento poroso e

superhidrofóbico foi obtido, com uma estrutura micro-nano interligada. Para melhorar

a superhidrofobicidade e fortalecer o revestimento, nanopartículas inorgânicas de

SiO2 foram adicionadas à solução de polímero e pulverizadas. O ângulo de contato, o

ângulo deslizamento e os resultados dos testes de abrasão provaram que os métodos

utilizados foram eficazes (MENG; LIN; XIONG, 2017).

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Um tecido superhidrofóbico foi produzido através do processo layer-by-layer

construindo multicamadas de nanopartículas de sílica/polieletrolítico e uma posterior

fluoração. Antes da automontagem eletrostática o tecido de algodão sem tratamento

foi mergulhado em uma solução específica para formar uma película de polímero

carregada. Além disso, a morfologia superficial e a hidrofobicidade do tecido de

algodão foram ajustadas pelo número de multicamadas de nanopartículas de sílica.

Antes do tratamento, as fibras exibiam uma superfície lisa. Quando a superfície foi

revestida com 1 a 3 camadas de PHA-SiO2, as nanopartículas foram dispersas sobre

a superfície de forma aleatória, essa superfície se mostrou com uma propriedade

adesiva e um elevado valor de histerese de ângulo de contato. De outra forma, quando

se aumentou a quantidade de camadas, melhorou-se a cobertura e a agregação das

nanopartículas de sílica revestida na superfície do algodão, sendo que a superfície

apresentou excelente superhidrofobicidade com elevados ângulo de contato e baixa

histerese de ângulo de contato. O tratamento mostrou-se estável por pelo menos 30

lavagens caseiras (LUO et al., 2015).

O processo de polimerização micelar é outro método de funcionalização

superficial de tecidos, que consiste principalmente em duas etapas: Um surfactante

é adsorvido na superfície do substrato para formar uma bicamada agregada de

monômero na interface substrato / solução. Após um nível específico de adsorção

(concentração crítica micelar), o surfactante começa a mudar de morfologia e

orientação. Esse processo de reorientação permite que o monômero se concentre no

surfactante. Em seguida, a polimerização in situ começa por adicionar um iniciador

adequado e filmes finos são formados sobre a superfície do substrato para gerar a

morfologia e funcionalidade requerida dependendo da natureza dos monômeros. Em

estudos recentes, esta técnica foi utilizada para desenvolver tecidos

superhidrofóbicos, ignífugos e com proteção UV (MAITY et al., 2010). Um grupo de

pesquisa desenvolveu um tecido de algodão resistente a manchas usando

polimerização micelar. Eles usaram acrilatos de alquilo parcialmente fluorados como

monômeros na presença de agentes tensoativos fluorados, e uma acrilamida como

agente de ligação que resulta em acabamentos resistentes a manchas duráveis no

tecido de malha de algodão (HANUMANSETTY et al., 2012).

O tratamento a plasma é outra técnica de modificação de superfície têxtil.

Quando a superfície de um polímero é exposta ao plasma, ocorre uma interação entre

o gás utilizado no plasma e a superfície do polímero, causando modificação superficial

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(ARAÚJO, 2013). Com a finalidade de realizar um pré-tratamento plasmático em fibras

de algodão, tratadas com hidrogênio, oxigênio ou argôno, são adicionados

funcionalidades a superfície (hidroxilos, carbonílos e em alguns casos, grupos

carboxílicos) que afetam o comportamento de molhabilidade da superfície. No

trabalho elaborado por (CASCHERA et al., 2014) foi desenvolvido uma superfície

repelente à água com um método de tratamento para produzir uma rugosidade em

nanoescala no algodão e para baixar sua energia superficial, usando deposição de

vapor químico plasmático (PCVD). Neste caso, a aplicação de um tratamento de

plasma consistiu em uma morfologia em escala nano e um filme de carbono fino,

gerado por deposição química de vapor plasmático, o que resultou em um ângulo de

contato com a água de 146°. Com isso o tecido de algodão tornou-se hidrofóbico e

essa característica se manteve mesmo após 12 meses (CASCHERA et al., 2014).

O processo sol-gel é conhecido por ser universal devido à sua flexibilidade em

relação a capacidade produtiva e sua tecnologia de revestimento. Este método

consiste em três etapas básicas: primeiro, as soluções nanoparticuladas são

preparadas por hidrólise ácida ou básica, catalisada por precursores correspondentes,

incluindo alcóxidos de metais ou silício em solução aquosa ou outros solventes

miscíveis como água. Um exemplo a citar é o método de Stober. Por outro lado, os

solventes orgânicos, como álcoois, são usados principalmente porque proporcionam

alta estabilidade de armazenamento, excelente aderência em tecidos, e fácil

evaporação a baixa temperatura. Na segunda etapa, estas nano-soluções são

aplicadas no setor têxtil em substratos usando o método simples pad-dry-cure ou dip

coating. Por fim, o solvente é evaporado resultando em uma camada de xerogel com

uma estrutura áspera. Propriedades finais, tais como densidade, porosidade,

rugosidade, espessura e propriedades mecânicas podem ser controladas pela regra

dos parâmetros de condensação e secagem do método sol-gel. Muitos estudos foram

realizados para desenvolver têxteis superhidrofóbicos utilizando o método sol-gel para

aplicações práticas, por exemplo peças de vestuário, tendas de chuva e tecidos

repelentes a óleo (AHMAD; KAN, 2016).

O método dip-coating é o mais utilizado para nanorevestir fibras têxteis. Este

se fundamenta em submergir a amostra de tecido em um recipiente contendo um

precursor e retirá-la e logo após. Esse processo de submersão e retirada do substrato

deve possuir velocidade controlada e constante, sem intervenções garantindo assim

uma regularidade ao filme formado. Além disso, outra variável do processo é o tempo

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de permanência do substrato na solução. Para realizar esse controle, é necessário

um equipamento que execute esse procedimento de forma segura, controlando a

velocidade e sem variações (NASCIMENTO, 2012b).

O trabalho publicado por Zhu e seu grupo de pesquisa projetaram um tecido de

poliéster superhidrofóbico com boa estabilidade mecânica, pelo processo dip coating,

revestindo o tecido com nanopartículas de prata e uma fluoração superficial adicional.

As propriedades superhidrofóbicas foram mantidas após teste de imersão e abrasão

com lixa, mostrando alta resistência do filme depositado. No entanto, quando ocorre

uma perda da superhidrofobicidade, é possível regenerar a superfície do tecido por

um processo de reparo, que consiste em repetir a deposição de prata e o processo de

fluoração da superfície (ZHU et al., 2012). Em um outro trabalho uma nova estratégia

de revestimentos, usando um copolímero dibloco consistindo em um polímero

formador de sol-gel e um bloco fluorado dotando o substrato têxtil uma alta repelência

a água e óleo. Um tecido de algodão foi imerso na solução de copolímero durante 1

minuto, em seguida a amostra foi seca e aquecida à fervura durante um tempo. Para

verificar a repelência do filme formado, gotas de água, óleo de bomba e de cozinha

foram colocadas sobre a superfície tratada, onde permaneceram sem serem

absorvidas, conforme ilustrado na figura 10, XIONG; LIU; DUNCAN, (2012).

Figura 10 - Gotas de líquidos com diferentes tensões superficiais sobre a superfície do tecido de

algodão revestido com um copolímero. Fonte:(XIONG; LIU; DUNCAN, 2012)

Um estudo posterior elaborado por Wu et al., mostrou a fabricação de têxteis

superhidrofóbicos duráveis pelo processo dip coating em uma solução de

nanocompósito de organosilanos sem flúor. Os têxteis apresentaram excelente

estabilidade mecânica e química. Desta forma, nenhuma mudança óbvia no ângulo

de contato pode ser observada durante os vários testes de estabilidade da

superhidrofobicidade. As gotas de água permaneceram quase esféricas sobre as

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amostras, podendo rolar com facilidade sobre a superfície após as avaliações de

estabilidade (WU et al., 2013a).

Em estudo similar produzido por Wang et al., fabricou um tecido de poliéster

superhidrofóbico e superoleofóbico. A amostra foi imersa em uma solução de

nanopartículas de sílica modificada superficialmente com fluoralquil durante 5 minutos

e depois revestido com silsesquioxano oligomérico poli-diedro decil fluorado (FD-

POSS). A superfície do tecido exibiu uma estrutura de rugosidades distintas após o

revestimento, enquanto a superfície do tecido sem tratamento permaneceu lisa.

Ademais, a repelência líquida mostrou-se considerável para líquidos que possuem

tensões superficiais distintas acima de 22,1 mN.m-1, onde o ângulo de contato

permaneceu acima de 150° (WANG et al., 2013).

Seguindo a mesma linha de pesquisa, Xu e seu grupo mostraram a preparação

de um tecido de algodão superhidrofóbico e superoleofóbico em que o tecido de

algodão foi imerso em uma solução de quitosana para adicionar grupos funcionais na

fibra de algodão. Em seguida, nanopartículas de sílica foram depositadas sobre a

superfície da fibra, e finalmente, para baixar a energia de superfície do algodão, a

substância 1H, 1H, 2H, 2H perfluorodeciltrietoxissilano (PFDTES) foi utilizada. Como

previsto, a superfície rugosa combinada com a baixa energia de superfície apresentou

excelente propriedade antimolhante, exibindo ângulos de contato elevados de 164,4°,

160,1° e 156,3° correspondendo a água, óleo de cozinha e hexadecano,

respectivamente, onde as gotas de água e óleo de cozinha podiam rolar facilmente

devido à extrema baixa adesão ao revestimento da superfície do algodão XU et al.,

(2015).

O processo dip coating pode ser também adaptado e chamado de pad-dry-cure

ou dip-pad-dry-cure. Este processo de fabricação de superfícies superhidrofóbicas é

muito citado em artigos acadêmicos, uma vez que pode ser utilizado para produzir

revestimento em têxteis com o maquinário existente na indústria têxtil. Este processo

utiliza o foulard, que é um equipamento utilizado para impregnar soluções contendo

materiais nanoparticulados nos têxteis, com posterior secagem e cura previamente

estabelecidas (NASCIMENTO, 2012b).

Esse método foi utilizado para produzir um tecido de poliéster superhidrofóbico

através do nanorevestimento de polímero acrilato fluorado/sílica (FAP/SiO2). O

substrato têxtil foi imerso em solução de nanocompósito de FAP/SiO2 em temperatura

ambiente durante 5 minutos, e depois impregnados em um foulard. O processo foi

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repetido duas vezes. Os resultados mostraram que as nanopartículas de sílica foram

incorporadas com sucesso nos nanocompósitos de FAP/SiO2, e uma topografia

específica com baixa energia de superfície foram simultaneamente introduzidas sobre

as fibras de poliéster XU et al., (2014).

3.8 Processo por espuma

Inicialmente, este processo vem sendo empregado para acabamentos de

menor complexidade, como por exemplo a aplicação de amaciante. Esta técnica

consiste em transformar o banho de produtos de acabamento, em uma espuma, por

meio de um equipamento chamado mixer, e trabalhando com a densidade controlada

da espuma, pode-se reduzir o consumo de produtos químicos. Uma camada de

espuma pode ser uniformemente distribuída sobre uma grande área de superfície

utilizando o mínimo de água e consequentemente reduzindo a temperatura de

secagem do substrato, gerando economia de energia (SARWAR et al., 2017).

O processo de acabamento têxtil por espuma é um método eficiente e com

baixo impacto ambiental, em que a espuma como um dispersante, substitui grande

parte da água em comparação com o processo convencional de impregnação, e ainda

representa uma grande redução de calor para a secagem do substrato. Este método

proporciona ao tecido uma absorção de umidade reduzida, distribuindo o calor

uniformemente em todo o substrato têxtil. A redução da energia térmica é em torno de

85% quando comparado com o processo via foulard o que implica em aumento de

velocidade do sistema de produção. Além disso, o trabalho pode ser executado a

uma temperatura mais baixa, reduzindo as perdas de calor e aumentando o nível de

conforto no ambiente (LI; ZHANG; GONG, 2014).

Uma comparação entre o processo convencional via foulard e o por espuma é

ilustrado mostrado na figura 11. A figura 11(a) ilustra o processo via foulard em que o

banho é preparado em um tanque e transportado por tubulações para um recipiente

onde o tecido é mergulhado no banho de acabamento e posteriormente espremido

entre dois rolos sobre pressão com um pick-up de saída entre 70% a 85%, ou seja, o

tecido arrasta uma quantidade de banho nesses percentuais. A figura 11(b) ilustra o

processo via espuma, em que consiste em preparar um banho de acabamento e logo

em seguida esse banho é colocado em um mixer para a formação da espuma. Após

a espuma formada a mesma é depositada sobre o tecido e espremido pelos rolos

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sobre pressão, porém com um pick-up menor, ou seja, a quantidade de produto

carregado pelo substrato é bem menor que o processo via foulard, dessa forma

necessitando de menor de quantidade de energia térmica para o processo de

secagem do tecido, utilizando uma menor quantidade de produtos químicos e

aumento de produção.

Figura 11 – Comparação entre os processos via foulard e via espuma

Li e seus colaboradores, fabricaram tecidos de algodão com caráter antirrugas

através do processamento por espuma. Os resultados mostraram que variáveis como:

o agente de reticulação, tempo de cura e temperatura, apresentam efeitos

significativos sobre o ângulo de recuperação das rugas e propriedades mecânicas dos

tecidos. Foi constatado que o ângulo de recuperação de rugas utilizando a tecnologia

por espuma é maior do que o acabamento convencional, enquanto a perda de

resistência à tração do tecido com acabamento por espuma é menor em comparação

com o acabamento convencional LI; ZHANG; GONG, (2014). Sarwar e colaboradores

realizaram um acabamento em tecido denim para melhorar a recuperação ao vinco,

resistência a fricção e solidez da cor após a lavagem. O acabamento por espuma

produziu resultados semelhantes ao processo convencional (foulard) e em alguns

casos melhores resultados SARWAR et al., (2017).

Um acabamento de repelência a água/óleo via espuma após o pré tratamento

com plasma foi realizado em um tecido de fibras de poliéster. As propriedades de

superfície foram estudadas antes e após o tratamento. Os resultados mostraram que

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o ângulo de contato da água teve um aumento de 56,14° para 105,24°, enquanto que

o ângulo de contato do óleo foi aumentado de 15,27° para 102,59°, o que indicou que

as propriedades repelentes foram melhoradas (LI et al., 2015). Em outro estudo o

tingimento de tecido algodão foi estudado a partir da utilização da tecnologia de

aplicação por espuma. O substrato foi tingido uniformemente com o corante CI

Reactive Red 120 pelo processo de tingimento por espuma. Em comparação com o

processo de tingimento convencional o corante tinha uma melhor propriedade

acumulada, o tecido tingido obteve excelente solidez a lavagem e a fricção (YU et al.,

2014).

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4 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS

Para uma melhor compreensão do trabalho foi elaborado um fluxograma

mostrando todas as etapas, conforme ilustrado na figura 12.

Figura 12 - Fluxograma do procedimento experimental

Tratamento prévio das fibras de PLA

Planejamento experimental 24

Preparo da solução de PTFE

Preparo da solução de NPs de CaO

Preparo do banho de impregnação

Aplicação da espuma

Secagem e polimerização

Caracterização do nanorevestimento de

PTFE/CaO

Ângulo de contato

DRX FTIR-ATR

MEV MET-EDS

AFM Transmitância

óptica

Teste de resistência da superhidrofobicidade do

nanorevestimento hidrofóbico

Lavagem caseira

(Wash Test)

Abrasão (Martindale)

XPS

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4.1 Materiais

Os materiais utilizados neste trabalho estão descritos na tabela 1 e foram

utilizados da forma que foram adquiridos.

Tabela 1 - Materiais utilizados

Material Descrição Fabricante

Poli (ácido láctico) - PLA Tecido de malha Jersey 100% PLA com 150g.m-2

INGEO®

Politetrafluoretileno – PTFE

Emulsão de copolímeros fluorados, impalgard FC 2638

IMPAL QUÍMICA®

Nanopartículas de óxido de cálcio - CaO

Pó de nanopartículas de óxido de cálcio com tamanho < 160 nm

SIGMA ALDRICH®

Agente espumante (Genapol LRO líquido)

Sulfato de lauril éter de sódio

CLARIANT®

4.2 Métodos

4.2.1 Preparação da amostra

Com a finalidade de remover as impurezas presentes nas fibras, o substrato

têxtil foi submetido a um pré-tratamento para posterior impregnação das

nanopartículas.

Foi pesada uma quantidade de 100g de malha de PLA, e utilizado a relação de

banho (RB) 1:20 (RB – é uma relação de massa em gramas de substrato têxtil por

quantidade de água em mililitros), no qual encontrou-se o volume de banho de 2000

ml de acordo com a equação (16).

VB = PM x 1

RB ......................................................................................................... (16)

A solução utilizada no pré-tratamento foi preparada com:

1 g/l de detergente não iônico;

30 g/l de NaOH.

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Posteriormente a amostra foi colocada no banho maria, a 80°C, por 60 minutos,

sendo agitada com um bastão de vidro a cada 10 minutos. Após o término desse

processo a amostra foi lavada com água a 60°C durante 20 minutos, e logo em

seguida lavada com água corrente a fim de retirar o excesso de produtos químicos

utilizados. Após a lavagem as amostras foram secas em temperatura ambiente por

48h.

Seguindo com o processo, as amostras foram cortadas nas dimensões 10 x 9

cm e pesadas para realizar os experimentos de impregnação por espuma. O peso

médio das amostras foi de aproximadamente 1,36 g.

4.2.2 Planejamento experimental 24

Experimentos geralmente envolvem uma série de variáveis, algumas com um

maior grau de importância, outras com menor grau para o processo em estudo e as

possíveis interações entre as variáveis de interesse. O experimento científico se torna

mais eficiente utilizando uma ferramenta denominada planejamento estatístico. Ela

permite a observação simultânea de todas as variáveis e suas interações,

encontrando o valor ideal para o experimento.

Este tipo de experimento geralmente é representado por bk, em que “k”

representa o número de fatores e “b” o número de níveis escolhidos. O fator nesse

caso é cada variável do sistema em estudo e o nível são as condições de operação

dos fatores de controle investigadas no experimento, geralmente representado por

nível máximo (+), nível mínimo e o ponto central.

Um planejamento experimental foi realizado para o estudo do efeito de quatro

variáveis independentes: concentração de NPsCaO (% sobre o peso do material -

spm), concentração de PTFE (g/l), temperatura de polimerização (°C) e tempo de

polimerização (segundos). Todas as variáveis foram investigadas em dois níveis e um

ponto central, conforme tabela 2.

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Tabela 2 - Fatores e níveis para um planejamento fatorial 24

Fatores Símbolo Nível (-1) Nível (0) Nível (+1)

Concentração de NPsCaO (% spm) A 0,2 0,4 0,6

Concentração de PTFE (g/l) B 20 50 80

Tempertura de polimerização (°C) C 120 130 140

Tempo de polimerização

(segundos)

D 30 60 90

Com base nessas informações o software Design Expert 7.0 foi utilizado para

gerar o planejamento fatorial 24 completo, com 4 pontos centrais, no qual foram

gerados 20 experimentos conforme tabela 3.

Tabela 3 - Planejamento experimental

Corridas Concentração de NPsCaO (%spm)

Concentração de PTFE (g/l)

Temperatura de polimerização

(°C)

Tempo de polimerização

(segundos)

1 0,6 20 140 90 2 0,4 50 130 60 3 0,6 80 140 90 4 0,6 80 120 90 5 0,6 80 120 30 6 0,6 80 140 30 7 0,4 50 130 60 8 0,2 80 140 90 9 0,2 20 140 30

10 0,2 20 120 30 11 0,2 80 140 30 12 0,2 20 140 90 13 0,2 80 120 30 14 0,6 20 120 90 15 0,2 20 120 90 16 0,6 20 120 30 17 0,4 50 130 60 18 0,2 80 120 90 19 0,4 50 130 60 20 0,6 20 140 30

4.2.3 Preparação da dispersão de NPsCaO

As concentrações de 0,2%, 0,4% e 0,6% (spm) de nanopartículas de óxido de

cálcio (NPsCaO) foram utilizadas neste trabalho. A dispersão de NPsCaO foi

produzida com 200 mg de CaO dispersos em 500 ml de água destilada, sendo agitada

por 30 minutos no banho de ultrassom, com o objetivo de se obter uma dispersão

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homogênea. A partir dessa solução estoque, foi retirada a quantidade necessária para

cada experimento, utilizando-se a medida em volume.

4.2.4 Preparação da solução de PTFE

Foram preparadas soluções de PTFE nas concentrações de 20 g/l, 50 g/l e 80

g/l, para serem utilizadas na aplicação do revestimento por meio do processo por

espuma.

4.2.5 Preparação do banho (todos os produtos)

O banho foi preparado utilizando a seguinte formulação:

NPsCaO = 0,2%, 0,4% e 0,6% spm;

PTFE = 20 g/l, 50 g/l e 80 g/l;

Agente espumante = 10 g/l;

Volume de banho = 25 ml.

De acordo com a formulação acima, foram realizados os cálculos da quantidade

de PTFE para cada banho de 25 ml. Dessa forma, para 20 g/l utilizou-se 0,5 g de

PTFE para 50 g/l utilizou-se - 1,25 g e para 80 g/l utilizou-se – 2 g em cada banho de

25 ml. Em seguida foram realizados os cálculos da quantidade de NPsCaO, para 0,2%

(spm) foi pesado 2,72 mg de CaO, para 0,4% (spm) foi pesado - 5,44 mg e para 0,6%

(spm) foi pesado - 8,16 mg. Para cada experimento foram adicionadas as quantidades

de PTFE, NPsCaO, o agente espumante e completando com água até o volume de

25 ml.

4.2.5.1 Meia vida da espuma

O sucesso do processo por espuma depende da escolha dos químicos

utilizados, sendo o agente formador de espuma um produto essencial para se obter

êxito neste método. Um dos parâmetros mais importantes a serem controlados é o

tempo de vida média da espuma. Dessa forma, um teste para determinar o tempo de

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vida média foi realizado. Assim, preparou-se uma solução de espuma com 6 partes

de espumante e 294 partes de água totalizando 300 ml colocou-se essa solução em

um misturador como mostra a figura 13, e agitou-se por 1 minuto. O tempo de vida

média da espuma é o tempo necessário para que 50% do peso dela volte a ser líquida.

De acordo com a literatura espumantes considerados bons tem uma vida média de 8

minutos no mínimo (LI; ZHANG; LI, 2011).

Figura 13 - Misturador utilizado na preparação da espuma

O volume da espuma, depois de formada, foi colocada em uma proveta de

1000 ml e uma massa de 286 g, conforme figura 14.

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Figura 14 - Teste da vida média da espuma. Foto (a) Tempo 0 minuto (b) Tempo 8 minutos

Após 8 minutos o peso da parte líquida foi de 135g. Esse valor representa 47%

de líquido, ou seja, 53% de espuma ainda estava estável após os 8 minutos. Dessa

forma, o agente espumante foi considerado adequado para ser utilizado no processo

por espuma, por apresentar um tempo de vida média maior que 8 minutos, de acordo

com a tabela 4.

Tabela 4 - Tempo de vida média da espuma

Tempo (min) Volume (ml) Massa (g)

0,5 - -

1,0 - -

1,5 - -

2,0 - -

2,5 - -

3,0 - -

3,5 40 40

4,0 50 50

4,5 60 60

5,0 70 70

5,5 80 80

6,0 90 90

6,5 100 100

7,0 110 110

7,5 120 120

8,0 135 135

8,5 150 150

9,0 160 160

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4.2.6 Impregnação do revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO

A impregnação do revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO no tecido

de malha de PLA foi realizada utilizando o processo por espuma. Os reagentes foram

adicionados em um recipiente até o volume calculado do banho conforme ilustrado na

figura 15(a), e para produzir a espuma foi utilizado um agitador mecânico com

velocidade de 18.000 mil rpm, durante 3 minutos figura 15(b). As amostras de tecido

de malha de PLA foram dispostas sobre a bancada figura 15(c). Ao término da

formação da espuma, aplicou-se a espuma sobre a amostra com o auxílio de uma

espátula figura 15(d). Realizado esse procedimento, levou-se a amostra para a

secagem na rama (equipamento utilizado para secagem de amostras), conforme

ilustrado na figura 15(e) a 100°C por 3 minutos, e posterior polimerização figura 15(e).

Um esquema das etapas do procedimento utilizado para a formação e aplicação da

espuma está ilustrado na figura 15.

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Figura 15 - Processo de aplicação do revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO por meio do processo por espuma

4.3 Técnicas de caracterização

4.3.1 Medida do ângulo de contato

Nas amostras de tecido de malha de PLA nanorevestidas com nanocompósito

PTFE/NPsCaO foram realizadas medições de ângulo de contato utilizando um

goniômetro (Kruss DAS 100) e conectado a esse, um computador com o software

DSA3. Gotas de (5 µL) foram automaticamente depositadas na superfície do tecido

de malha de PLA utilizando uma seringa presa ao equipamento, com agulha de

diâmetro de 0,5 mm. As medições foram monitoradas por uma câmera de alta

resolução instalada no equipamento. Uma lâmpada com luz difusa acoplada no

sentido oposto a câmera foi utilizada para realizar o contraste da imagem da gota

sobre a superfície. O experimento iniciou no momento em que a gota foi depositada

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na superfície da amostra e a medição do ângulo de contato foi realizada

instantaneamente pelo software do equipamento. As medições foram realizadas em

três pontos diferentes das amostras, a fim de verificar a variação em cada ponto. O

líquido utilizado para realizar as medições nesse trabalho foi água destilada.

4.3.2 Difração de raios X – DRX

A Difração de Raios-X foi utilizada com a finalidade de se obter informações

sobre a estrutura, composição e estados cristalinos dos materiais. A técnica de

caracterização por Difração de Raios-X foi realizada utilizando um difratômetro

BRUKER®, modelo D2 PHASER, radiação Kα de cobre (λ = 1.5418 Å) com corrente

de 10 mA e voltagem de 30 kv. As amostras foram submetidas à difratometria de raios-

x, com varredura de 2θ, com ângulo inicial de 5° e final de 120° para o óxido de cálcio,

e ângulos de 5° a 70° para as demais amostras, e o passo utilizado foi de 0,02°.

4.3.3 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier de

reflectância total atenuada - FTIR-ATR

A técnica de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier

(FTIR) foi utilizada para caracterizar e identificar as características estruturais do

revestimento de nanocompósito de PTFE/NPsCaO e possíveis mudanças dos grupos

funcionais contidos nas amostras em estudo. Além disso, esta técnica permite

determinar os componentes de uma amostra de forma rápida, sendo possível analisar

em pequenas quantidades.

As análises foram realizadas em um espectrômetro BRUKER®, modelo: FT-IR

VERTEX 70. Os espectros foram obtidos sob as seguintes condições: Faixa: 400-4000

cm-1, resolução de 4 cm-1 e número de scans 16.

4.3.4 Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV

Análises de microscopia eletrônica de varredura foram realizadas com a

finalidade de verificar as mudanças morfológicas pela deposição do revestimento de

nanocompósito PTFE/NPsCaO sobre as fibras de PLA. As amostras foram fixadas em

stub com fita condutiva de carbono e em seguida foram recobertas com ouro para

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aquisição das imagens. Utilizou-se um microscópio eletrônico de varredura por

emissão de campo de alta resolução (MEVFEG) Jeol JSM-7100FT.

4.3.5 Microscopia de Força Atômica – MFA

A análise topográfica das amostras revestidas com o revestimento foi efetuada

por microscopia de força atômica utilizando o equipamento Shimadzu®, modelo SPM-

9700. O ensaio se deu pelo método de contato intermitente, utilizando força constante.

4.3.6 Microscopia Eletrônica de Transmissão e Espectroscopia de Energia

Dispersiva – MET/EDS

As amostras de NPsCaO foram dispersas em solução de acetona e agitadas

em ultrassom por 15 minutos, enquanto as amostras de PLA foram cortadas em

pequenos pedaços, menores que 3 mm e logo após diluídas em solução de acetona.

Nos dois casos, foi coletado uma amostra e gotejada sobre a tela de cobre recoberta

com carbono. O aparelho utilizado para este experimento foi um Microscópio

Eletrônico de Transmissão (MET), Jeol®, JEM-2100, equipado com EDS, Thermo

scientific. A finalidade deste ensaio é verificar a forma, morfologia e tamanho das

nanopartículas de CaO e do revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO sobre as

fibras de PLA. O EDS foi utilizado para determinar a composição química de algum

ponto da amostra.

4.3.7 Espectroscopia fotoeletrônica por raios-x (XPS)

A caracterização das amostras pela técnica de XPS é extremamente relevante

para análise de superfícies de poucas camadas atômicas, além de ser uma ferramenta

essencial, tanto para a nanociência quanto para a nanotecnologia. Consiste na,

identificação de elementos químicos e suas interações dispostas na superfície dos

sólidos. As análises de espectroscopia fotoeletrônica de raio X foram realizadas em

um espectrômetro ESCALAB VG MKII usando radiação Al K (1486,6 eV) como fonte

de excitação. Os espectros foram registrados com energia de passagem constante de

100 eV e os de alta resolução com energia passagem de 50 eV.

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4.3.8 Transmitância óptica

A transmitância óptica do revestimento foi medida utilizando um

espectrofotômetro UV-Visível 1100, no modo transmitância. Foram preparadas

lâminas de vidro com o revestimento de PTFE, PTFE/NPsCaO e uma lâmina sem

revestimento. Elas foram impregnadas com o revestimento mergulhando-as na

solução de PTFE e na dispersão de PTFE/NPsCaO e depois secas a 100° por 3

minutos e posterior polimerização do revestimento a 140° por 90 segundos. Foram

realizadas três medições em cada amostra.

4.3.9 Verificação da superhidrofobicidade do revestimento de nanocompósito

PTFE/NPsCaO

O ensaio de repelência a líquidos aquosos foi realizado seguindo

recomendações da norma AATCC 193-2007. Este método de ensaio pode ser

utilizado para determinar a eficácia de um revestimento com baixa energia de

superfície em todos os tipos de tecidos, avaliando a resistência ao umedecimento. O

princípio do ensaio a líquidos, consiste em testar gotas de líquidos padrão com uma

série de soluções contendo água/álcool variando a tensão superficial. A escala de

repelência aquosa é numerada até o número maior da escala de líquidos teste, que

não molha a superfície do tecido. A escala vai de 0 (zero) a 8 (oito), onde o maior

número significa maior repelência da superfície. Os líquidos testes utilizados no

experimento foram produzidos em laboratório seguindo a referida norma e estão

listados na tabela 5.

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Tabela 5 - Líquidos testes padrão

Número do grau de

repelência da

solução aquosa

AATCC

Composição

Tensões

superficiais

(dynas/cm)

0 Nenhum (falha a 98% de água) -

1 98:2/água:álcool isopropílico (vol:vol) 59.0

2 95:5/ água:álcool isopropílico (vol:vol) 50.0

3 90:10/ água:álcool isopropílico (vol:vol) 42.0

4 80:20/ água:álcool isopropílico (vol:vol) 33.0

5 70:30/ água:álcool isopropílico (vol:vol) 27.5

6 60:40/ água:álcool isopropílico (vol:vol) 25.4

7 50:50/ água:álcool isopropílico (vol:vol) 24.5

8 40:60/ água:álcool isopropílico (vol:vol) 24.0

Fonte: AATCC – 193-2007

As amostras de PLA nanorevestidas de nanocompósito PTFE/NpsCaO foram

utilizadas em tamanho de 20x20 cm, tendo sido primeiro acondicionadas por 4 h a 21

± 1°C e 65 ± 2% de umidade relativa antes do ensaio.

Inicialmente as gotas do líquido de menor tensão superficial com

aproximadamente 50 µl foram colocadas sobre a superfície da amostra teste em três

locais diferentes, com uma distância de aproximadamente 4 cm. A altura para

depositar a gota foi de aproximadamente 0,6 cm da superfície do tecido. Após o

depósito da gota sobre a superfície observou-se a mesma por 10 segundos em um

ângulo de 45°, sendo avaliadode acordo com o gabarito da figura 16. Passa-se para

o próximo líquido, se duas ou mais das gotas aplicadas apresentarem uma aparência

clara e bem arredondada com alto ângulo de contato, conforme figura 16(a), o grau

de repelência é expresso como o valor inteiro do líquido teste. Caso duas ou mais das

três gotas aplicadas mostrarem a queda arredondada com escurecimento da amostra

de ensaio conforme a figura 16(b), o grau de repelência será expresso para o valor de

0,5. Caso a gota do líquido se comporte como na figura 16(c) ou (d), não se passa

para o próximo líquido e o resultado de repelência é obtido com o resultado do líquido

antes da falha.

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Caso não houvesse penetração ou molhamento na interface líquido-tecido ou

wicking ao redor da gota do líquido teste, coloca-se outra gota do líquido teste com

numeração superior em local adjacente e observa-se por 10 segundos novamente, e

assim por diante.

Figura 16 – Gabarito para o teste de repelência a líquidos. Fonte: AATCC – 193-2007

4.3.10 Teste de Solidez à lavagem

O teste de solidez a lavagem foi realizado de acordo com a norma AATCC 61-

2006. As amostras foram submetidas a diferentes ciclos de lavagens, onde, de acordo

com a norma utilizada, cada lavagem equivale a 5 lavagens domésticas. Amostras de

tamanho 50 mm x 100 mm foram colocadas em uma solução contendo 150 ml de

água destilada e 0,15% (w/w) de sabão de coco. Em seguida, foram colocadas em

agitação a 40 rpm no equipamento wash test (Mathis®) a 40ºC durante 1 hora.

4.3.11 Teste de Solidez à abrasão

As amostras do tecido de malha de PLA revestido com PTFE/NPsCaO foram

submetidas ao ensaio de abrasão no aparelho Martindale de acordo com a norma

ASTM D4966. As amostras foram cortadas com diâmetro de 3,8 cm. O ensaio consiste

em submeter a amostra a movimentos circulares de fricção, a uma pressão de 9 kPa.

Nesta análise, as amostras foram submetidas a 50, 100, 200, 400, 600, 800 e 1000

ciclos de abrasão.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise estatística por meio do planejamento experimental 24

As análises de ângulo de contato obtidas por meio do experimento de

impregnação do revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO sobre as fibras de

PLA estão ilustradas na tabela 6.

Tabela 6 - Variáveis e valores obtidos para o planejamento fatorial 24 com 4 pontos centrais

Ensaios A:Concentração de

NPsCaO (%spm)

B:Concentração

de PTFE (g/l)

C:Tempertura

de polimerização

(°C)

D: Tempo de

polimerização

(segundos)

Y: Ângulo de

contato) θ

1 - + - + 147,28±0,22

2 + - + - 145,26±0,65

3 + + + + 159,67±1,05

4 - - - + 143,26±1,22

5 0 0 0 0 153,74±0,61

6 - + + + 156,46±0,83

7 + + + - 151,41±1,39

8 + - + + 158,28±1,71

9 - - + + 153,95±0,46

10 0 0 0 0 150,97±1,00

11 - - - - 138,76±1,10

12 - + - - 142,99±0,35

13 0 0 0 0 151,80±1,56

14 - - + - 154,71±0,17

15 + - - - 150,59±0,80

16 + - - + 148,90±0,35

17 - + + - 153,55±1,18

18 + + - - 146,86±1,09

19 + + - + 157,41±1,01

20 0 0 0 0 148,79±1,25

Utilizando o software estatístico Design Expert 7.0 foram obtidos os resultados

da análise experimental dos efeitos de cada variável do processo de impregnação do

revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO sobre as fibras de PLA. Para

determinar as variáveis que têm representatividade nos resultados, foi gerado um

gráfico de Pareto conforme figura 17.

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Figura 17 - Gráfico de Pareto

Conforme o gráfico da figura 17, as variáveis que tiveram significância

estatística foram C: temperatura de polimerização (°C); D: tempo de polimerização

(segundos); AC: interação entre a concentração de NPsCaO (%spm) e temperatura

de polimerização (segundos); e A: concentração de NPsCaO (%spm), com um nível

de confiança maior igual a 95%. Portanto, as demais variáveis não tiveram

significância estatística necessária dentro do intervalo de confiança analisado.

O diagrama de Pareto mostra ainda que os efeitos positivos correspondem as

variáveis C: temperatura de polimerização (°C), D: tempo de polimerização

(segundos) e A: concentração de NPsCaO (%spm). Com efeito negativo sobre a

resposta do ângulo de contato está a interação AC: interação entre a concentração de

NPsCaO (%spm) e temperatura de polimerização (segundos). Diante destes

resultados é possível obter uma superfície superhidrofóbica, trabalhando com as

variáveis temperatura de polimerização a 140°C, tempo de polimerização de 90

segundos e concentração de NPsCaO 0,6%spm.

Como era esperado a temperatura de polimerização e o tempo de

polimerização são duas variáveis que possuem grande influência no resultado de

hidrofobicidade da superfície do tecido devido ao PTFE, atuando na eliminação da

água da superfície do substrato pela evaporação da mesma fazendo com que o flúor

carbono flua sobre a superfície do tecido de malha de PLA e forme um filme contínuo

ao redor das fibras. A influência das NPsCaO também já era esperada pois com o

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aumento da rugosidade têm-se uma elevação do ângulo de contato (KHODDAMI,

2011).

Nas tabelas 7 e 8 estão apresentadas as análises estatísticas das variáveis de

processo de impregnação do revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO. As

tabelas 7 e 8 analisam o modelo de pureza obtido, retratando a análise de variância,

de regressão e o teste de Fisher (ANOVA). Para determinar a significância estatística

dos parâmetros de efeito do processo na variável resposta, foram utilizados os valores

de p (probabilidade) aplicando o teste de t de Student e o seu erro padrão.

Tabela 7 - Análise de variância (ANOVA) para a resposta ângulo de contato

Fonte de variação

Soma quadrática

N° de graus de liberdade

Média quadrática

F Calculado

Probabilidade (p)

Regressão 567,82 15 37,85 9,01 0,0477 A 46,99 1 46,99 11,18 0,0443 C 204,78 1 204,78 48,72 0,0060 D 105,47 1 105,47 25,09 0,0153

AC 78,85 1 78,85 18,76 0,0227 Resíduo 12,61 3 4,20 - -

Total corrigido

582,19 19 - - -

Desvio padrão = 2,05; R2 = 0,9783; R2 ajustado = 0,8696; CV% = 1,36; Precisão adequada = 11,062.

De acordo com os dados da tabela 7, os coeficientes de regressão R2 e R2

ajustado, apresentaram valores próximos de 1, o que indica um nível de concordância

e ajuste entre os valores previstos pelo modelo estatístico proposto, e os valores

obtidos experimentalmente. A precisão adequada é uma medida do alcance da

resposta prevista em relação ao erro associado, ou seja, uma relação sinal/ruído. O

nível de precisão adequada neste caso é 11,062. É desejável um nível de precisão

adequada superior a 4. Desta forma, o nível de precisão é adequado e o modelo pode

ser utilizado.

Para mais, o teste de Fischer calculado foi de 9,01 o que implica em dizer que

o modelo matemático de segunda ordem pode ser utilizado para previsão de valores

experimentais, com uma probabilidade de falha de apenas 4,77%.

Atesta-se também pela tabela 7, que os fatores C, D, AC e A possuem valores

de p inferiores a 0,05 revelando uma significância estatística sobre a resposta ângulo

de contato, com um nível de confiança estatística superior a 95%, o que pode ser

comprovado no diagrama de Pareto da figura 17. A ordem dos efeitos que

apresentaram significância estatística é C>D>AC>A.

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Tabela 8 - Coeficiente, erros padrão e teste de t de Student para os valores de ângulo de contato, usando um planejamento fatorial 24

Fator Coeficiente estimado

Erro padrão

Valor de t

Intercepta 150,58 0,51 152,21 A 1,71 0,51 3,34 B 1,37 0,51 3,00 C 3,58 0,51 5,21 D 2,57 0,51 4,20

AB 0,17 0,51 1,80 AC -2,22 0,51 -0,59 AD 1,20 0,51 2,83 BC -0,26 0,51 1,37 BD 0,68 0,51 2,31 CD 0,36 0,51 1,99

ABC 0,60 0,51 2,23 ABD 0,25 0,51 1,88 ACD 1,19 0,51 2,82 BCD -0,82 0,51 0,81

ABCD -1,30 0,51 0,33

De acordo com a análise estatística da tabela 8, retirados os fatores

insignificantes no processo em estudo, a obtenção de superhidrofobicidade do

revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO sobre as fibras de PLA pode ser

modelada matematicamente em termos codificados por superfície de respostas pela

equação 17.

Ângulo de contato = 150,58 + 1,71A + 3,58C + 2,57D – 2,22AC (17)

Na tabela 9 pode-se verificar cada termo codificado com suas respectivas

variações.

Tabela 9 - Tabela de codificação das variáveis da equação 17

Variável (-1) (+1)

A 0,2% 0,6%

C 120° C 140° C

D 30 Segundos 90 Segundos

Na figura 18 é apresentada a relação entre os valores encontrados

experimentalmente e os valores previstos da resposta do ângulo de contato. Os

valores calculados por meio do modelo são representados pela reta e os valores

observados pelos pontos coloridos. Pode-se verificar que os valores observados estão

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quase que em sua maioria sobre a reta, o que pode ser evidenciado pelo coeficiente

de regressão gerado pelo modelo (R2 = 0,9783).

Figura 18 - Gráfico dos valores observados x valores previstos

5.2 Difração de raios X – DRX

Inicialmente, foram realizadas medidas de difração de raios-x nas NPsCaO

isoladas. Em seguida, foram realizadas as medições nas amostras de PLA sem

revestimento, PLA nanorevestido com PTFE e PLA nanorevestido com

nanocompósito PTFE/NPsCaO, conforme figuras 19, 20 e 21.

O padrão do DRX das NPsCaO é mostrado na figura 19. De acordo com as

fichas cristalográficas Joint Committee on Powder Diffraction Standards (JCPDS) de

números 44-1481 e 00-017-0912, os picos padrões das NPsCaO podem ser

indexados a um sistema hexagonal para o Ca(OH)2 e um sistema cúbico para o CaO

respectivamente. O tamanho do cristalito (D), das NPsCaO foram calculados

utilizando a equação 18 de Debye-Sherrer:

𝐷 =𝑘𝜆

𝛽𝑐𝑜𝑠𝜃 (18)

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Em que β é a largura total a meia altura do pico em radianos, θ é a posição do pico

máximo de difração, k é chamado de fator de forma, que usualmente recebe o valor

de 0,9 e λ é o comprimento de onda dos raios-x, que neste caso é 1,5406 Å para o Cu

Kα.

Figura 19 - Difratograma das NPsCaO

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O tamanho do cristalito encontrado para o pico principal do óxido de cálcio foi

de 34,8 nm e a distância interplanar dos picos das fases de óxido de cálcio e hidróxido

de cálcio de cada plano cristalino estão descritos na tabela 10 (SAFAEI-GHOMI;

GHASEMZADEH; MEHRABI, 2013).

Tabela 10 - Tamanho do cristalito e distância interplanar CaO

Posição 2θ Tamanho do cristalito (nm) Distância interplanar (Å)

18,02 25,5 *4,92/**4,92 – Ca(OH)2

23,02 29,5 3,86/3,84 – CaO

28,72 41,8 3,10/3,11 – Ca(OH)2

29,41 34,8 3,03/3,00 – CaO

34,10 30,2 2,62/2,62 - Ca(OH)2

35,96 26,5 2,49/ 2,52 – CaO

39,40 42,8 2,28/2,28 – CaO

43,15 21,7 2,09/2,09 – CaO

47,18 22,0 1,92/1,92 - Ca(OH)2

47,55 36,8 1,91/1,91 – CaO

48,50 22,1 1,87/1,88 – CaO

50,81 37,3 1,79/1,79 - Ca(OH)2

54,37 12,6 1,68/1,68 - Ca(OH)2

57,38 28,7 1,60/1,60 - CaO

62,60 39,4 1,48/1,48 - Ca(OH)2

64,54 11,9 1,44/1,44 - Ca(OH)2

71,84 15,6 1,31/1,31 - Ca(OH)2

81,72 11,1 1,78/1,75 - Ca(OH)2

84,83 17,1 1,42/1,14 - Ca(OH)2

93,18 12,0 1,06/1,06 - Ca(OH)2

*Distância interplanar calculada pelo software HighScore Plus versão 3.0

**Distância interplanar retirada das cartas

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O difratograma da figura 20 da amostra de PLA sem revestimento, mostra os

dois picos da fibra de PLA, com valores 2θ em 17,3° e 19,4°, correspondente aos

planos (200) e (110), respectivamente, pertencentes a um sistema cristalino

ortorrômbico (NASCIMENTO, 2012b), (HSU; YAO, 2011), (TÁBI et al., 2010).

Figura 20 - Resultados de DRX – PLA sem tratamento

A figura 21 mostra o difratograma da amostra de PLA nanorevestida com o

PTFE, onde os picos característicos do PLA tem sua intensidade modificada no pico

de posição 2θ de 17,03°, estando agora com o pico em 2θ de 16,42°. Da mesma

forma, o pico na posição 2θ de 19,4° foi deslocado formando a posição 18,73°. Além

disso podemos observar o aumento da intensidade dos picos na amostra revestidada

com PTFE quando comparado com a amostra sem tratamento.Estas mudanças são

provocadas possivelmente devido as fases cristalinas do filme de PTFE sobre as fibras

de PLA (SOUZA, 2015).

A figura 21 mostra ainda o difratograma da fibra de PLA com revestimento de

nanocompósito PTFE/NPsCaO, no qual pode-se observar um aumento na intensidade

dos picos 17,3° e 19,4° nas amostras nanorevestidas com PTFE/NPsCaO e esse

aumento foi maior que o da amostra revestida com PTFE. Estes picos sofreram ainda

alterações de 17,3° para 16,64° e de 19,4° para 18,86° das amostras nanorevestidas

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com PTFE/NPsCaO. Estas mudanças ocorreram provavelmente devido ao

nanocompósito de PTFE/NPsCaO impregnado sobre a fibra de PLA.

Figura 21 - Difratograma do CaO, PLA sem tratamento, PLA + PTFE e PLA+PTFE+CaO

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5.3 Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier de

reflectância total atenuada (FTIR-ATR)

A figura 22 mostra a estrutura química do PLA e do PTFE, ambos os polímeros

utilizados neste estudo. O PLA sob a forma de tecido de malha (material têxtil) e o

PTFE como parte integrante do revestimento em estudo.

Figura 22 - Estrutura química do PLA e do PTFE.

As bandas características do PLA foram observados no espectro em 2995 cm-

1 correspondente ao estiramento assimétrico de C-H, 2943 cm-1 estiramento simétrico

do grupo C-H, 1751 cm-1 estiramento do grupo C=O, 1454 cm-1 flexão de CH3, 1385-

1360 cm-1 deformação simétrica e flexão assimétrica de C-H, 1180-1078 cm-1

estiramento de C-O, 1041 cm-1 flexão de OH, conforme ilustrado na figura 23

(ARUNRAJ et al., 2014).

Figura 23 - Espectro de infra vermelho da fibra de PLA

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A figura 24 mostra os espectros das amostras de PLA, PTFE, CaO, PLA

nanorevestida com PTFE e nanocompósito PTFE/NPsCaO, em que pode-se observar

mudanças nas bandas característicos do PLA. No espectro da amostra de PLA

nanorevestida com PTFE, observaram-se pequenas mudanças na intensidade e no

deslocamento das bandas dos picos 2995 cm-1 correspondente ao estiramento

assimétrico de C-H, e 2943 cm-1 correspondente ao estiramento simétrico do C-H,

para 2993 cm-1 e 2917 cm-1 respectivamente. Além disso, nas amostras de PLA

nanorevestidas com PTFE e com nanocompósito PTFE/NPsCaO, três novas bandas

apareceram em 2854 cm-1, 2364 cm-1 e 2333 cm-1, correspondente ao estiramento do

C-H, provavelmente devido ao filme de PTFE formado nas duas amostras. Como

também as bandas em torno de 1240, 1204 e 1150 cm-1 foram atribuídas a vibração

de C-F.

Consoante ainda com a figura 24, pode-se observar que a natureza hidratada

das partículas de óxido de cálcio é revelada a partir das bandas 3100-3750 cm-1, com

modo de estiramento das vibrações do OH, indicando a presença de água fisicamente

ligada às NPsCaO que estão presentes no revestimento. (SAFAEI-GHOMI;

GHASEMZADEH; MEHRABI, 2013), (DEBNATH; KITINYA; ONYANGO, 2014).

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Figura 24 - Espectro de infravermelho comparativo entre PLA, PLA nanorevestido com PTFE e PLA

nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO

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Para esclarecer se a banda de absorção de 3500-3150 cm-1 referente ao

estiramento de OH contida na amostra de PLA revestida com PTFE/NPsCaO, refere-

se a água residual sobre a superfície das NPsCaO, foi realizado um novo ensaio de

infravermelho fazendo uma secagem da amostra antes de submetê-la ao ensaio de

FTIR. Foi realizado a secagem a 70°C por uma hora na estufa e logo em seguida

realizado o teste. A figura 25 mostra que após a secagem a banda de absorção de

3500-3150 cm-1 do estiramento de OH diminuiu consideravelmente constatando que

a água residual sobre as nanopartículas de CaO foi eliminada em parte, pois nesta

temperatura não foi possível retirar toda a água.

Figura 25 - Espectro de infravermelho comparativo entre PLA, PLA nanorevestido com PTFE, PLA nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO e PLA nanorevestido com nanocompósito

PTFE/NPsCaO seco a 70°

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5.4 Análise morfológica da superfície das fibras nanorevestidas – MEV

A morfologia superficial do tecido de malha de PLA, PLA nanorevestido com

PTFE e PLA nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO foi investigada por

microscopia eletrônica de varredura, como está ilustrado nas figuras 26, 27, 28 e 29,

respectivamente.

De acordo com a figura 26, pode-se observar que a morfologia da superfície

das fibras de PLA sem o tratamento prévio exibe uma microestrutura suave e limpa,

com baixa rugosidade característica de fibras sintéticas.

Figura 26 - Fibra de PLA sem o pré-tratamento

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A figura 27 mostra a fibra de PLA sem revestimento, no qual verifica-se que a

mesma possui pequenos orifícios em sua superfície provenientes do tratamento prévio

da fibra com detergente e hidróxido de sódio.

Figura 27 – Fibra PLA sem revestimento

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A amostra de PLA nanorevestida com PTFE está ilustrada na figura 28. Pode-

se observar que houve a formação de uma película sobre a superfície da fibra,

resultado da impregnação do revestimento de PTFE. Essa película formada com baixa

energia de superfície faz com que a molhabilidade caracterizada pelo ângulo de

contato adquira um comportamento hidrofóbico (RAZA et al., 2016)(PEDRAM et al.,

2017).

Figura 28 - Fibra de PLA com revestimento de PTFE

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A figura 29(a), (b) e (c), ilustra a amostra de PLA nanorevestida com

nanocompósito PTFE/NPsCaO. Nas figuras 29(a) e (c), pode-se observar uma

camada de nanocompósito PTFE/NPsCaO superficial sobre a fibra, e no detalhe da

figura 29(b) as saliências criadas pelas NPsCaO, gerando uma alteração na

rugosidade da superfície do revestimento. O revestimento de nanocompósito

PTFE/NPsCaO formado sobre a superfície das fibras de PLA com baixa energia de

superfície junto com a alteração de rugosidade produzidas pela presença das

nanopartículas, são condições necessárias para se ter o efeito lótus, e para

confirmação da superhidrofobicidade do revestimento obteve-se um valor de ângulo

de contato de 159,67°± 1,05 (XUE et al., 2016) (NASCIMENTO, 2012b).

Figura 29 – (a) Fibra de PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO, (b) Detalhe da superfície da fibra mostrando a textura rugosa causada pelo nanocompósito de PTFE/NPsCaO (c)

Aglomerados de NPsCaO sobre a superfície da fibra de PLA.

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5.5 Comportamento topográfico das fibras de PLA nanorevestidas com

nanocompósito PTFE/NPsCaO – MFA

A técnica de caracterização por microscopia de força atômica é uma ferramenta

importante para analisar a topologia de superfícies impregnadas com nanopartículas.

Os resultados provenientes desta técnica, demonstram a sequência de superfícies

com diferentes rugosidades, de forma, que pode-se perceber a mudança na topografia

e textura das amostras por meio de um cantilever que realiza uma varredura na

superfície do material estudado, transformando-a em imagem. Com isso, utilizou-se

essa técnica de caracterização para realizar o estudo da superfície das amostras de

PLA, PLA nanorevestida com PTFE e PLA nanorevestida com nanocompósito

PTFE/NPsCaO. Nas figuras 30(a), (b) e (c), 31(a), (b) e (c) e 32(a), (b) e (c) são

apresentadas as imagens em 3D, 2D e o perfil de rugosidade obtido por AFM em uma

área de 5 µm x 5 µm.

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Figura 30 - (a) Imagem MFA em 3D (dimensão: 5x5μm) da superfície da fibra do PLA sem tratamento, (b) Imagem MFA em 2D (Tamanho: 5x5 μm) e (c) Gráfico de perfil de rugosidade da

superfície da fibra do PLA não tratada

Figura 31 - (a) Imagem MFA em 3D (dimensão: 5x5μm) da superfície da fibra do PLA nanorevestida com PTFE (b) Imagem MFA em 2D (Tamanho: 5x5μm) e (c) Gráfico de perfil de

rugosidade da superfície da fibra do PLA nanorevestida com PTFE

Figura 32 - (a) Imagem MFA em 3D (dimensão: 5x5μm) da superfície da fibra do PLA nanorevestida

com nanocompósito PTFE/NPsCaO (b) Imagem MFA em 2D (Tamanho: 5x5μm) e (c) Gráfico de perfil de rugosidade da superfície da fibra do PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO

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Analisando as figuras 30(a) e (b), verifica-se uma superfície com poucas

irregularidades, característica de fibras sintéticas com ausência de protuberâncias em

sua superfície. A figura 30(c) traz o perfil da rugosidade da amostra sem tratamento

que possui um valor de 1,80 nm aproximadamente. As imagens das fibras de PLA

com revestimento de PTFE e as fibras de PLA com revestimento de nanocompósito

PTFE/NPsCaO estão ilustradas nas figuras 31(a), (b), (c) e 32(a), (b), (c)

respectivamente. Os valores da rugosidade média quadrática destas amostras

apresentam um valor mais elevado quando comparadas com o valor das amostras

sem o revestimento de PTFE e o revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO,

exibindo uma topografia diferente. A superfície contínua, formada por grãos e

aglomerados de partículas são mostradas nas micrografias das amostras analisadas.

Pode-se observar a topografia do revestimento de PTFE na figura 31, que não

um houve um aumento considerável na superfície, com uma rugosidade média

quadrática (RMS) de 1,95 nm, ou seja, característica específica deste revestimento

(REDDY; SHAILAJA, 2015).

Na figura 32, verifica-se que a rugosidade média quadrática teve um aumento

expressivo de (RMS) 2,77 nm, com o revestimento de nanocompósito PTFE/NPsCaO

impregnado sobre a superfície da fibra de PLA, o que comprova com os resultados do

MEVFEG. Esse incremento no RMS, representa um aumento de 54% proveniente das

nanopartículas impregnadas na superfície da fibra de PLA. O aumento da rugosidade

é uma das propriedades essenciais para se obter uma superfície com efeito lótus

(SINGH; SINGH, 2017).

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5.6 Microscopia Eletrônica de Transmissão e Espectroscopia de Raios-x de

Dispersão de Elétrons – MET/EDS

Na figura 33(a) da microscopia eletrônica de transmissão, observa-se que as

NPsCaO apresentam formas esféricas e retangulares formando aglomerados (TANG

et al., 2008). Na figura 33(b) são mostradas as distribuições dos tamanhos das

NPsCaO apresentando um tamanho médio de 37,17 ± 0,95 nm o que está de acordo

com o calculado pelo padrão de DRX. Em geral NPsCaO possuem um formato

aproximadamente esférico e tamanho variando entre 10 e 40 nm (MADAN;

WASEWAR; PANDHARIPANDE, 2016).

Figura 33 - Imagens de MET (a) para as NPsCaO (b) EDS das NPsCaO (c) tamanho médio nas NPsCaO

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A figura 34 (a) e (b) mostra a análise de EDS nos pontos 1 e 2 da amostra da

figura 33(a) em que pode-se confirmar a composição das NPsCaO.

Figura 34 - Espectroscopia de raios-x de dispersão de elétrons (EDS) da amostra de NPsCaO (a) ponto 1 e (b) ponto 2.

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Uma imagem representativa da observação das NPsCaO por microscopia

eletrônica de transmissão de alta resolução (HRTEM) é exibida na figura 35. A

configuração de rede da amostra de NPsCaO é claramente mostrada na imagem

HRTEM, confirmando os resultados de cristalinidade obtidos na análise de DRX.

Nesta figura observa-se também, que a distância interplanar de 0,26 nm

correspondente ao plano (101) do óxido de cálcio.

Figura 35 – Microscopia eletrônica de alta resolução (HRTEM) das NPsCaO

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Nas figuras 36(a), (b) e (c) são apresentadas imagens de microscopia

eletrônica de transmissão da fibra de PLA nanorevestida com PTFE e a

espectroscopia de raios-x de dispersão de elétrons, respectivamente. A imagem 36(a)

mostra o filme de PTFE, conforme resultado mostrado no EDS.

Figura 36 – Imagem de MET. (a) Fibra de PLA nanorevestida com PTFE. (b) e (c) EDS da fibra de PLA nanorevestida com PTFE

a)

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Nas figuras 37(a), (b) e (c) são mostradas imagens de microscopia eletrônica

de transmissão das amostras de PLA nanorevestidas com nanocompósito

PTFE/NPsCaO e a espectroscopia de raios-x de dispersão de elétrons. A figura 37(a)

mostra o filme de PTFE/NPsCaO e pode-se observar a existência de NPsCaO

distribuídas pelo filme formado e alguns aglomerados de NPsCaO. Na figura 37(b) e

(c) A análise de EDS confirmou a presença de NPsCaO no nanocompósito formado.

Nas figuras 38 e 39 também mostram a matriz polimérica do PTFE incorporada com

NPsCaO.

Figura 37 – Imagem de MET. (a) Fibra de PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO. (b) e (c) EDS da fibra de PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO

NPsCaO

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Figura 38 - Microscopia eletrônica de transmissão do nanocompósito de PTFE/NPsCaO

Figura 39 - Microscopia eletrônica de transmissão do nanocompósito de PTFE/NPsCaO

O resultado da incorporação de partículas inorgânicas na matriz polimérica tem

um papel importante na formação de um nanocompósito. De acordo com VENTURA;

Filme de PTFE

NPsCaO

NPsCaO

NPsCaO

NPsCaO

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CARNEIRO; SOUTO, (2011), Os nanocompósitos poliméricos são uma classe

emergente de materiais de base polimérica contendo uma quantidade relativamente

pequena (menor que 10%) de nanopartículas e a geração de nanocompósitos permite

controlar as funcionalidades tais como: a molhabilidade desejada e ainda atribuir

funcionalidades diferentes como a proteção às radiações UV, resistência mecânica,

proteção antimicrobiana e retardamento de chama, entre outras. Assim a adição de

nanopartículas a polímeros hidrofóbicos/hidrofílicos visa melhorar as propriedades do

polímero com a incorporação aditiva das propriedades funcionais das nanopartículas,

especialmente no caso da auto-limpeza.

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5.7 Espectroscopia fotoeletrônica por raios-x (XPS)

As análises de XPS para as amostras de PLA, PLA nanorevestido com PTFE

e PLA nanorevestido com PTFE/NPsCaO foram obtidos em um espectrômetro

ESCALAB VG MKII. As áreas das curvas foram obtidas usando-se uma função

gaussiana. Estas foram usadas para quantificar a concentração atômica dos

elementos estudados.

A figura 40 mostra os espectros típicos dos níveis centrais de C1s e O1s para

a amostras de PLA sem tratamento e figuras 41 e 42 para C1s, O1s e F1s para as

amostras nanorevestidas com PTFE e PTFE/NPsCaO. As figuras mostram as áreas

selecionadas dos espectros de onde foram retiradas informações sobre a energia de

ligação dos elétrons dos elementos presentes nas amostras.

A figura 40 mostra o pico de C1s e O1s para a amostra de PLA sem tratamento,

com uma energia de ligação em torno de 284,6 eV e 532 eV respectivamente. Os

percentuais de 71,30% e 28,70% para o carbono e oxigênio foram encontrados. As

figuras 41 e 42 mostram os picos referentes aos elementos químicos sobre a

superfície da amostra de PLA nanorevestida com PTFE e nanorevestida com

compósito de PTFE/NPsCaO.

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Figura 40 - Espectro de XPS para o tecido de malha de PLA

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Figura 41 - Espectro de XPS para o tecido de malha de PLA revestido com PTFE

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Figura 42 - Espectro de XPS para o tecido de malha de PLA revestido com PTFE/NPsCaO

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Tabela 11 - Composição química

Amostra Carbono (C1s) % Oxigênio (O1s) % Flúor (F1s) %

PLA 71,30 28,70 -

PLA+PTFE 48,12 5,94 44,95

PLA+PTFE+CaO 48,39 5,99 45,61

Pode-se observar na tabela 11, o aparecimento do elemento químico flúor, em

ambas as amostras, indicando a existência do filme de PTFE sobre a superfície das

amostras. Além disso, houve uma redução do elemento carbono e oxigênio e aumento

do flúor sobre a superfície.

Pode-se observar a figura 43 que o espectro típico de uma amostra de PLA

sem tratamento. O pico mais intenso do C1s em 284,6 eV é devido as ligações C=C

(52,81%). O pico em 285 eV representa a ligação –CHO (28,20%) e o pico em 287 eV

o grupo (18,90%). As figuras 44 e 45 mostra os espectros das amostras de PLA

nanorevestida com PTFE e PTFE/NPsCaO. O espectro C1s da figura 44 possui um

pico de C=C (54,72%), um pico de menor intensidade de C=O (5,92%), um pico de C-

CF (29,86%) e ainda um pico (9,57%) esses dois últimos picos atribuídos ao

revestimento de PTFE sobre a fibra de PLA. Para o espectro da figura 45 o pico de

maior intensidade é o da ligação C=C (58,48%), o pico C=O (5,52%), o pico C-CF

(31,45%) e ainda o pico CF2 (4,61%) (RODRIGUES, 2011).

A razão F/C das amostras de PLA nanorevestidas com PTFE e PTFE/NPsCaO

foram 0,91 e 0,94 respectivamente.

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Figura 43 - Espectro do elemento C1s da amostra de tecido de malha de PLA

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Figura 44 - Espectro do elemento C1s da amostra de tecido de malha de PLA revestido com PTFE

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Figura 45 - Espectro do elemento C1s da amostra de tecido de malha de PLA revestido com PTFE/NPsCaO

Dessa forma os espectros de XPS indicam que os átomos de F estão presentes

sobre a superfície das fibras de PLA nanorevestidas com PTFE e PTFE/NPsCaO.

Esta técnica é sensível a elementos em uma superfície de até 10 nm, o que

pode explicar o não aparecimento das nanopartículas de óxido de cálcio na superfície

do filme de PTFE forma sobre as fibras de PLA, pois as mesmas estão sob o

revestimento de PTFE, dessa forma não conseguindo ser detectado (MENDES;

OLIVEIRA; ANDRADE, 2015).

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5.8 Verificação da transparência do revestimento

As características ópticas do revestimento com PTFE e PTFE/NPsCaO foram

testadas por meio de medidas de transmitância. A figura 46, mostra os espectros de

transmissão das amostras nanorevestidas comparados ao espectro da amostra não

revestida. Em comparação com uma placa de vidro não revestida, quando revestida

com PTFE e PTFE/NPsCaO, perdas bastante reduzidas foram detectadas na região

do visível. As medidas de transmitância óptica para a região do visível, para a placa

de vidro não revestida foi de 91% enquanto para as placas nanorevestidas com PTFE

e PTFE/NPsCaO foram 90% e 88% de transparência. Todas as medidas na faixa de

600 nm.

Figura 46 - Transparência do revestimento na região do UV-visível

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5.9 Repelência a líquidos: Teste de resistência a água/álcool

A figura 47, mostra imagens do teste de repelência a líquidos da amostra de

tecido de malha de PLA nanorevestida com nanocompósito PTFE/NPsCaO, realizado

conforme a norma AATCC 193-2007, com a gota sobre o tecido e sua respectiva nota.

Pode-se observar na figura 47 que a nota “A” foi atribuída a superfície do tecido de

malha de PLA nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO.

Portanto, os resultados obtidos no teste de repelência a líquidos do tecido de

malha de PLA nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO, constata-se a

elevada repelência a líquidos com diferentes tensões superficiais, obtendo nota 8, e

confirmando assim o efeito obtido com o tratamento.

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Figura 47 - Teste de repelência a líquidos sobre o tecido de malha de PLA nanorevestido com PTFE/NPsCaO conforme a norma AATCC 193-2007.

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5.10 Verificação da superhidrofobicidade do revestimento com nanocompósito

PTFE/NPsCaO

A estabilidade da superhidrofobicidade do tecido de malha de PLA

nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO é mostrada na figura 48(a) e (b).

Na figura 48(a), uma sequência de imagens registradas no goniômetro mostra uma

gota de 5 µl sobre o tecido de malha de PLA revestido com PTFE/NPsCaO durante

30 minutos a uma temperatura de 28° e umidade relativa de 65%, onde permaneceu

e evaporou gradualmente. A forma esférica da gota sobre a superfície da fibra de PLA,

manteve-se durante o ensaio, o que sugere a excelente estabilidade da

superhidrofobicidade para o tecido preparado. Além disso, na figura 48(b) é mostrada

a estabilidade do ângulo de contato com o tempo sobre as fibras de PLA,

nanorevestidas com PTFE e nanorevestidas com nanocompósito PTFE/NPsCaO, na

qual pode-se observar a estabilidade do valor do ângulo de contato ao longo do tempo

(ZHOU et al., 2017).

Figura 48 - Estabilidade da superhidrofobicidade do revestimento com nanocompósito de

PTFE/NPsCaO. (a) sequência de imagens. (b) estabilidade do ângulo de contato

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Na figura 49, a imagem de uma gota de água sobre o tecido de malha de PLA

nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO evidencia a superhidrofobicidade,

com ângulo de contato de 160°. Ainda na figura 49, verifica-se as amostras sem

tratamento e com o tratamento do revestimento de PTFE/NPsCaO que foram

colocadas em um recipiente com água durante 1h, onde a amostra sem tratamento

afundou demonstrando seu caráter hidrofílico e a amostra com tratamento ficou na

superfície, característica de superhidrofobicidade (LIN et al., 2014).

Figura 49 – Gota de água sobre o tecido de malha de PLA nanorevestido com

nanocompósito PTFE/NPsCaO.

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A elevada repelência a líquidos do tecido de malha de PLA nanorevestido com

nanocompósito PTFE/NPsCaO confere a este capacidade de autolimpeza, ou seja,

ao deixar cair o líquido sobre a superficie do tecido de malha de PLA superhidrofóbico,

a sujeira é facilmente removida pela água. Além disso, as gotas não podem ser

capturadas pela superficie, devido a baixa força adesiva do substrato, revelando

excelente capacidade de autolimpeza, conforme mostrado na figura 50 (LIN et al.,

2014).

Figura 50 - Demonstração de auto limpeza da superfície, com sujeira de cascalho de areia sobre o tecido nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO.

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A figura 51(a) exibe a amostra de PLA nanorevestida com nanocompósito

PTFE/NPsCaO com corante direto azul solofenil sobre a superfície, simulando a

sujeira. Quando as gotas de água caem sobre a superfície, carregam a sujeira para

fora do tecido figura 51(b).

Figura 51 – Demonstração de auto limpeza da superfície. a) Sujeira (corante direto Azul Solofenil) sobre o tecido de malha nanorevestido com PTFE/NPsCaO, b) Tecido de malha limpo após gotas de

água passarem sobre a superfície.

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5.11 Avaliação da durabilidade do comportamento superhidrofóbico nas fibras

de PLA nanorevestidas com nanocompósito PTFE/NPsCaO após lavagem

doméstica e teste de abrasão

A estabilidade das superfícies superhidrofóbicas são um importante obstáculo

para suas aplicações práticas e a durabilidade dos tecidos foi avaliada no presente

estudo.

Os resultados dos testes de durabilidade da superhidrofobicidade após

lavagem doméstica, realizados de acordo com a norma AATCC 61-2003, onde cada

ciclo de lavagem equivalerá a 5 lavagens domésticas, indicaram que o tecido de PLA

nanorevestido com nanocompósito PTFE/NPsCaO, ainda exibe sua

superhidrofobicidade mesmo após 25 ciclos de lavagem com alto ângulo de contato

com a água, conforme figura 52.

Figura 52 - Comportamento da superhidrofobicidade do revestimento com nanocompósito PTFE/NPsCaO após ciclos de lavagem

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A figura 53(a) mostra as amostras submetidas ao ensaio de abrasão e pode-se

observar as regiões de abrasão na amostra. A figura 53(b) mostra a imagem de uma

gota de 20 µl sobre o tecido revestido com PTFE/NPsCaO após o teste.

Figura 53 – (a) imagens das amostras após o ensaio de abrasão e (b) imagens das amostras após o ensaio de abrasão com gotas de água sobre o tecido de malha de PLA.

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O tecido de malha revestido com o nanocompósito de PTFE/NPsCaO mostra

superhidrofobicidade mesmo após 100 ciclos de abrasão conforme figura 54,

indicando que a propriedade de repelência a água possui boa estabilidade a abrasão

mecânica. Após 100 ciclos de abrasão a amostra de tecido de malha de PLA revestida

com o nanocompósito de PTFE/NPsCaO tornou-se hidrofílica perdendo seu caráter

superhidrofóbico.

Figura 54 - Comportamento da superhidrofobicidade do revestimento com nanocompósito PTFE/NPsCaO após 100 ciclos de a brasão

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6 CONCLUSÕES

O objetivo do presente trabalho foi estudar a formação dos revestimentos

superhidrofóbicos nanoestruturados de PTFE/NPsCaO em superfícies de fibra de PLA

via processo por espuma. As principais conclusões da pesquisa são:

Por meio do processo por espuma, foi possível depositar filmes

superhidrofóbicos e autolimpantes de PTFE/NPsCaO sobre as fibras de

PLA;

Dentre os parâmetros de processo estudados, a condição de 0,6% (spm)

de NPsCaO, 80g/l de PTFE, 140°C e 90 segundos de polimerização

resultou no maior valor de ângulo de contato para o revestimento de

PTFE/NPsCaO (159,67 ± 1,05°) ideal para superfícies superhidrofóbicas;

Os resultados de DRX e FTIR indicaram a presença de PTFE e NPsCaO

sobre a superfície das fibras de PLA, confirmando a deposição do

revestimento pelo processo desenvolvido;

As imagens de MEV, MET-EDS e AFM mostraram NPsCaO com formas

esféricas, retangulares e alterações morfológicas e topográficas na

superfície das fibras de PLA com a deposição do recobrimento;

Os resultados dos testes de repelência aquosa realizados utilizando uma

série de soluções de água/álcool isopropílico com diferentes tensões

superficiais indicaram repelência da superfície revestida a todas as soluções

testadas;

As fibras com o revestimento de PTFE/NPsCaO também apresentaram

propriedade de autolimpeza fazendo com que uma gota de água removesse

a sujeira da superfície;

O revestimento manteve a superhidrofobicidade mesmo após 25 ciclos de

lavagem e 100 ciclos de abrasão;

As nanopartículas de CaO contribuíram para o aumento do ângulo de

contato, um incremento em torno de 10°. Com este resultado obteve-se uma

superfície superhidrofóbica, o que não foi alcançado utilizando apenas o

PTFE.

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