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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E BIOLOGIA EVOLUTIVA GRACIELA NASCIMENTO LIMA Manaus, Amazonas Junho, 2010 ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE LOCOS MICROSSATÉLITES E ANÁLISE DA VARIABILIDADE GENÉTICA DE DUAS POPULAÇÕES DE Anopheles (N.) darlingi (DIPTERA: CULICIDAE) DO ESTADO DO AMAZONAS

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E

BIOLOGIA EVOLUTIVA

GRACIELA NASCIMENTO LIMA

Manaus, Amazonas Junho, 2010

ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE LOCOS MICROSSATÉLITES E

ANÁLISE DA VARIABILIDADE GENÉTICA DE DUAS POPULAÇÕES DE

Anopheles (N.) darlingi (DIPTERA: CULICIDAE) DO ESTADO DO

AMAZONAS

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GRACIELA NASCIMENTO LIMA

ORIENTADORA: Dra. Joselita Maria Mendes dos Santos

Dissertação apresentada aos Programas de Pós-Graduação do INPA como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.

Manaus, Amazonas

Junho, 2010

ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE LOCOS MICROSSATÉLITES E

ANÁLISE DA VARIABILIDADE GENÉTICA DE DUAS POPULAÇÕES DE

Anopheles (N.) darlingi (DIPTERA: CULICIDAE) DO ESTADO DO AMAZONAS

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Ficha Catalográfica

Sinopse: Anopheles darlingi é o principal vetor da malária no Brasil, principalmente na bacia amazônica. Foram isolados e caracterizados 36 locos microssatélites específicos para A. darlingi por meio de biblioteca genômica enriquecida com microssatélites. Doze locos polimórficos foram selecionados para analisar a variabilidade genética populacional dessa espécie analisadas em duas localidades do Estado do Amazonas. Foi verificada baixa diferenciação genética entre as populações e variabilidade genética intrapopulacional. Palavras-chave: Anopheles darlingi, DNA microssatélite, genética de populações, malária.

Lima, Graciela Nascimento

Isolamento e caracterização de locos microssatélites e análise da

variabilidade genética de duas populações de Anopheles (N.) darlingi

(Diptera: Culicidae) do Estado do Amazonas/Graciela Nascimento Lima –

Manaus: [s.n.], 2010. xi, 81 f.: il. color.

Dissertação (Mestrado) – INPA, Manaus, 2010

Orientador: Joselita Maria Mendes dos Santos

Área de concentração: Genética, Conservação e Biologia Evolutiva

1. Anopheles darlingi. 2. Variabilidade genética. 3. Microssatélite.

4. Malária I. Título.

CDD XXXXXXXX

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Dedicatória

A Deus;

A minha mãe, Maria de Fátima;

Aos meus avós maternos, Maria de Lourdes e Virgílio Braga (in memorian).

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por estar ao meu lado em todos os momentos me dando

força, coragem e sabedoria para enfrentar todos os obstáculos.

À minha mãe Maria de Fátima que com muito amor e dedicação me criou,

educou e sempre acreditou nos meus sonhos.

Ao meu amor, companheiro e marido André Felipe, pelo seu imenso amor,

compreensão, apoio, motivação e por estar ao meu lado em mais esta conquista.

À Dra. Joselita Maria M. dos Santos, pela orientação, dedicação e paciência

durante a realização desse trabalho e pela amizade e confiança em mim depositada.

À Dra. Jacqueline da S. Batista, pelo constante apoio, ensinamentos,

sugestões e por me acompanhar nas varias etapas do trabalho.

À MSc. Kyara Formiga, pela contribuição e pelo constante apoio dado no

Laboratório Temático de Biologia Molecular-LTMB/INPA.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e ao Laboratório

Temático de Biologia Molecular – LTBM/INPA, pelas condições técnicas, de infra-

estrutura e logística para realização desta dissertação.

Ao Programa de Pós-graduação em Genética, Conservação e Biologia

Evolutiva e aos professores, pela oportunidade de aprendizado e aperfeiçoamento.

A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pelo

financiamento da bolsa de estudo.

Ao PROCAD-Amazônia-INPA/UNICAMP/UFRGS/CAPES (023/2006),

FAPEAM/PIPT, CTPETRO-Rede malária/CNPq/FAPEAM, pelo apoio financeiro.

À Coordenação do programa GCBEv, Conselho e todas as secretárias, pela

dedicação e apoio.

Ao Dr. Wanderlei Pedro Tadei, pelo apoio logístico que tornou possível a

realização deste trabalho.

Às minhas amigas e companheiras Paula Figliuolo, Mellina Naice, Suzana dos

Anjos, Giselle Moura e Luciana Batista por todo carinho, força, apoio, amizade,

compartilhamento de sofrimentos, alegrias e risos.

Aos meus amigos Marcelo Daou, Rafael Lopes, Daniel Bevilaqua e Tatiana

Marques pela amizade, apoio e confiança.

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Aos colegas da turma de mestrado Alexandre, Deyla, Mariana, Bárbara,

Mauro, Gabriela, Edson, Edvaldo, Joel, Mellina, Daniela pelo carinho e amizade

compartilhados.

Aos colegas do Laboratório de Malária e Dengue e do Laboratório Temático

de Biologia Molecular, especialmente, Suzana, Paulinha, Letícia, Mel, Gilson,

Giselle, Luciana, Adriel, Saulo, Karen, Larissa, Naiara, Izaura pela ajuda e

companheirismo.

À Jane pela colaboração incondicional no laboratório.

À Adelina e Zilá, por todo carinho e amizade.

A todos os técnicos do Laboratório de Vetores de Malária e Dengue: Carlos e

Bosco pelo pronto auxílio esclarecendo dúvidas sobre identificação de mosquitos.

Ao Bastos, Henrique e Elias nas coletas de campo. E em especial ao Juraci pela

gentileza e apoio técnico do Laboratório, com a utilização dos equipamentos

laboratoriais, pela sua incansável ajuda e ensinamentos com os cuidados do

insetário e alimentação dos mosquitos.

Á PROCAD-CAPES, pelo financiamento do Banco enriquecido em

marcadores moleculares microssatélites para A. darlingi.

Aos monitores Adna Sousa, Fernanda Cidade, Marcos Prado, Tatiana

Campos e professores Anete Pereira, Miriam Rafael, Maria Imaculara Zuchi e

Marcelo Cavallari responsáveis pelo curso "Construção de bancos enriquecidos em

microssatélites de eucariotos: um curso prático e teórico" e por todo apoio

informativo.

Aos avaliadores do projeto de dissertação e membros da banca da aula de

qualificação, Carlos Gustavo Nunes e Silva, Raquel Borges, Miriam Silva Rafael,

pelas valiosas sugestões, as quais aprimoraram consideravelmente este trabalho;

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para que esse sonho se

tornasse realidade.

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Resumo Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi é o principal vetor da malária humana em todo o país, e particularmente na Amazônia. É considerada a mais antropofílica e endofágica de todas as espécies de Anopheles nas Américas. Diante disso, vários estudos têm utilizado diferentes marcadores moleculares para conhecer a estrutura genética populacional e entender os mecanismos envolvidos na dinâmica de transmissão da malária. Entre esses marcadores, os microssatélites vêm sendo muito eficientes em estudos populacionais apresentando um elevado conteúdo de informação de polimorfismo e no esclarecimento do status taxonômico das espécies de mosquitos. Considerando a importância epidemiológica e a necessidade de se conhecer melhor a estrutura genética das populações dessa espécie, foram desenvolvidos novos marcadores microssatélites e analisada a variabilidade genética de duas populações do Estado do Amazonas. A biblioteca genômica enriquecida com microssatélites (SSR) apresentou 77 clones (80,2%) com sequências nucleotídicas de boa qualidade e 1,3% de redundância. Destes, 73 clones (94,8%) apresentaram sequências com SSRs, gerando um total de 124 microssatélites na biblioteca, sendo 1,7 a média por clone. A partir de 63 clones (81,8%) foram desenhados 69 pares de primers, sendo 66 sintetizados. Trinta e seis marcadores microssatélites foram isolados e caracterizados em 12-32 indivíduos de A. darlingi coletados em Coari (Amazonas-Brasil). Foram obtidos um total de 280 alelos, variando entre 3 a 14 alelos por loco, com uma média de 7,78. A heterozigosidade observada (HO) variou entre 0,037 a 0,952 (media de 0,524), enquanto a heterozigosidade esperada (HE) variou entre 0,177 a 0,883 (média de 0,735). A amplificação heteróloga de 24 locos microssatélites resultou de 8 a 13 locos polimórficos entre três espécies do gênero Anopheles [A. benarrochi, A. rangeli e A. triannulatus]. Um total de 112 alelos foram observados entre os 12 locos utilizados na análise da variabilidade genética, com uma média de 9,3 alelos por loco, heterozigosidades observada e esperada elevadas (HO= 0,668 e HE= 0,759), indicando elevada variabilidade genética. As estatísticas F de Wright revelaram baixa diferenciação genética entre as populações (FST= 0,028). A distância genética entre as duas populações foi muito baixa (0,0962), indicando grande similaridade genética entre elas. A análise Bayesiana implementada no programa STRUCTURE, evidenciou a existência de apenas um cluster (K=1), sendo considerada uma única população. Palavras chaves: Anopheles darlingi, DNA microssatélite, variabilidade genética, malária.

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Abstract Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi is the main vector of the human malaria in all of the country, particularly in the Amazon region. It’s considered the most anthropophilic and endophagic of all Anopheles species in the Americas. Given this many studies have used different molecular markers to know the population genetic structure and understand the mechanisms involved in the dynamics of malaria transmission. Among these markers the microsatellite have been very efficient in population studies presenting a high polymorphism information content and highlight the taxonomic status of the mosquitoes species. Considering the epidemiological importance and the need to better understand the genetic structure of this species’ population new microsatellite markers were developed and analyzed the genetic variability into two Amazonas State populations. The genomic library enriched with microsatellite (SSR) showed 77 clones (80.2 %) with good nucleotide sequences and 1.3% redundancy. Of these, 73 clones (94.8%) had sequences with SSRs generating a total of 124 microsatellite in the library, the average being 1.7 per clone. From 63 clones (81.8%) were designed 69 primer pairs and 66 synthesized. Thirty-six microsatellite markers were isolated and characterized in 12-32 individuals of A. darling collected in Coari (Amazonas-Brazil). Were obtained 280 alleles in total, ranging from 3-14 alleles per locus, with an average of 7.78. The observed heterozygosity (HO) ranged from 0.037 to 0.952 (mean 0.524), while the expected heterozygosity (HE) ranged between 0.177 to 0.883 (mean 0.735). The heterologous amplification of 24 microsatellite loci resulted in 8-13 polymorphic loci among the three species of the Anopheles [A. benarrochi, A. rangeli and A. triannulatus] genus. One such of 112 alleles were observed among 12 loci used in the analysis of genetic variability, with an average of 9.3 alleles per locus, high observed and expected heterozygosities (HO = 0.668 and HE = 0.759), indicating high genetic variability. The Wright's F statistics revealed low genetic differentiation between populations (FST= 0,028). The genetic distance between the two populations was very low (0,0962), indicating great genetic similarity between them. The Bayesian analysis implemented in the program STRUCTURE revealed the existence of only one cluster (K=1), being considered a single population.

Keywords: Anopheles darlingi, DNA microsatellite, genetic variability, malaria.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................................... 1

1.1. Considerações gerais sobre Anopheles darlingi ........................................... 1

1.2. A malária na região amazônica ..................................................................... 3

1.3. Marcadores microssatélites .......................................................................... 5

1.3.1. Isolamento, caracterização e amplificação heteróloga de locos

microssatélites ..................................................................................................... 7

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 9

2.1. Objetivo geral ................................................................................................ 9

2.2. Objetivos específicos .................................................................................... 9

Capítulo 1 : Marcadores de DNA microssatélite de Anopheles darlingi (Diptera:

Culicidae), principal vetor da malária no Brasil: desenvolvimento,

caracterização e amplificação interespecífica ...................................................... 10

Capítulo 2 : Estimativa da variabilidade genética de duas populações de

Anopheles darlingi (Diptera: Culicidae) do Estado do Amazonas, utilizando

marcadores microssatélites ................................................................................... 21

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 22

2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 26

2.1. Obtenção das amostras de DNA de Anopheles darlingi ............................. 26

2.2. Extração e quantificação de DNA ............................................................... 27

2.3. Amplificação e genotipagem das amostras de DNA de Anopheles darlingi 27

2.4. Estimativa do tamanho dos alelos, tratamento e montagem do banco de

dados de genotipagem .......................................................................................... 30

2.5. Análises estatísticas de genética populacional ........................................... 30

2.6. Estrutura genética populacional .................................................................. 31

3. RESULTADOS .................................................................................................. 33

3.1. Análise da variabilidade genética e equilíbrio de Hardy-Weinberg ............. 33

3.2. Estimativas da estrutura genética populacional .......................................... 37

4. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 40

4.1. Variabilidade genética em Anopheles darlingi ............................................ 40

4.2. Estrutura genética em populações de Anopheles darlingi .......................... 44

5. CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................... 49

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 51

APÊNDICE A ........................................................................................................... 65

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 01. Oito sistemas multiplex utilizados para genotipagem dos indivíduos de

Anopheles darlingi procedentes de Coari..................................................................17

Tabela 02. Caracterização de 36 locos microssatélites polimórficos de Anopheles

darlingi, procedentes de Coari, Amazonas, Brasil.....................................................18

Tabela 03. Amplificação interespecífica de 24 locos microssatélites desenvolvidos

para Anopheles darlingi..............................................................................................20

CAPÍTULO 2

Tabela 01. Locos microssatélites utilizados nas análises populacionais de Anopheles

darlingi em duas localidades do Estado do Amazonas..............................................28

Tabela 02. Sistema multiplex utilizado para genotipagem dos indivíduos de

Anopheles darlingi procedentes de São Gabriel da Cachoeira..................................29

Tabela 03. Conteúdo de Polimorfismo Informativo (PIC) e o índice de endogamia

(FIS), obtidos para cada um dos doze locos microssatélites de Anopheles darlingi,

analisados em duas populações................................................................................33

Tabela 04. Alelos exclusivos (em pb) e suas frequências (valores entre parênteses)

analisados em doze locos microssatélites de duas populações de Anopheles

darlingi........................................................................................................................34

Tabela 05. Índices de diversidade genética obtidos em doze locos microssatélites de

Anopheles darlingi, analisados em duas populações do Estado do

Amazonas...................................................................................................................36

Tabela 06. Índices genéticos obtidos a partir de doze locos microssatélites de

Anopheles darlingi, analisados em duas populações do Estado do

Amazonas...................................................................................................................37

Tabela 07. Análise da variância molecular (AMOVA) em duas populações de

Anopheles darlingi do Estado do Amazonas, utilizando doze locos

microssatélites,...........................................................................................................38

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LISTA DE FIGURAS

INTRODUÇÃO

Figura 01. Caracteres morfológicos de identificação da forma adulta de Anopheles

darlingi. A- Mosquito fêmea; B-veia C: mancha pré-umeral (ph) maior que mancha

umeral (h); C- tarso posterior. Fonte: Forattini, 2002...................................................2

CAPÍTULO 2

Figura 02. Locais de coleta de Anopheles darlingi no Estado do Amazonas. 1 – São

Gabriel da Cachoeira, 2 – Coari. Fonte: www.riogrande.com.br................................26

Figura 03. Valor de k= 1 cluster, obtido a partir de análise Bayesiana implementada

no programa STRUCTURE, para k variando entre 1 a 4. LnP(D)= probabilidade a

posteriori, K= número de agrupamentos possíveis....................................................39

Figura 04. Triângulo gerado pelo programa STRUCTURE, indicando que todos os

indivíduos se encontram no centro............................................................................39

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1. INTRODUÇÃO GERAL

1.1. Considerações gerais sobre Anopheles darlingi

Anopheles darlingi Root, 1926 é considerada a principal espécie

transmissora da malária humana no Brasil, especialmente na região

amazônica, onde ocorre à maioria dos casos da doença (Deane et al., 1948),

sendo encontrada em áreas de baixas altitudes, quase sempre associada aos

grandes rios e florestas, podendo ocorrer também no litoral (Consoli e

Lourenço-de-Oliveira, 1994).

Esta espécie está classificada na ordem Diptera, família Culicidae,

gênero Anopheles, subgênero Nyssorhynchus. É a espécie mais antropofílica e

endofágica dentre as outras espécies de Anopheles nas Américas (Arruda et

al., 1986; Forattini, 2002), contribuindo para o ressurgimento da malária nas

América do Sul e Central (Tadei et al., 1998).

As principais características morfológicas para identificação da forma

alada do A. darlingi encontra-se no tarso posterior, onde o segundo tarsômero

(Ta-2) se apresenta com metade de escuro basal, e os tarsômeros 3 a 5 são

totalmente claros; na asa que possui manchas claras e escuras: a veia C

(costa) apresenta a área escura ph (mancha pré-umeral) com envergadura

correspondente ao triplo do tamanho da área clara h (mancha umeral)

(Forattini, 2002) (Figura 01).

A. darlingi apresenta uma ampla distribuição geográfica, predominando

na região sul-americana. Ocorre desde o sul do México (Chiapas) até a

Nicarágua na América Central, sendo encontrada também na Colômbia e a

leste das Cordilheiras dos Andes, embora ausente no extremo nordeste

brasileiro. No Sul é encontrada até o norte da Argentina (Chaco e Missiones) e

na região de Foz do Iguaçu no Brasil (Forattini, 2002).

A. darlingi tem como principal criadouro grandes coleções de águas

limpas, profundas e ensolaradas ou parcialmente sombreadas, com pouca

correnteza para o desenvolvimento de suas larvas e pupas que habitam as

margens escondidas entre a vegetação flutuante ou detritos. Esses criadouros

são permanentes e funcionam como focos de resistência durante a estação

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mais seca. Contudo, no período chuvoso, essa espécie pode ser encontrada

em corpos de água de tamanho e profundidade menores, como poças e

buracos feitos por patas de animais (Consoli e Lourenço-de-Oliveira, 1994).

Figura 01. Caracteres morfológicos de identificação da forma adulta de Anopheles darlingi. A- Mosquito fêmea; B-veia C: mancha pré-umeral (ph) maior que mancha umeral (h); C- tarso posterior. Fonte: Forattini, 2002.

Os principais hábitats desse mosquito são as águas pretas e ácidas,

águas brancas, pulso de enchentes e vazantes, que propiciam a existência de

uma diversidade e densidade de anofelinos específicas para cada área.

Estudos realizados com populações de A. darlingi procedentes dos rios

Solimões, Negro e do lago Coari mostraram que no rio Negro e lago Coari,

ambos de água preta, a incidência desse mosquito foi bastante elevada,

representando 99% dos anofelinos em contato com o homem, enquanto que no

rio Solimões, um rio de água branca, a incidência de A. darlingi foi bem menor.

Esses resultados indicam que existe um risco maior de transmissão da malária

nas comunidades que ficam ao longo dos rios de água preta (Tadei et al.,

2003).

Um dos mais importantes fatores biológicos que concorrem para que

esta espécie seja a principal vetora da malária no Brasil é a sua acentuada

preferência em alimentar-se com sangue humano (Tadei et al., 1998). No

território brasileiro é encontrada durante todo o ano, porém apresenta baixa

B

A

C

www.agenciact.mct.org.br

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hematofagia nas épocas de maiores e menores pluviosidades. Segundo

estudos realizados em diferentes regiões da Amazônia, esse mosquito possui

atividade noturna, apresenta padrão bimodal, com dois picos de atividade,

sendo um muito intenso no início da noite e outro menor ao amanhecer,

podendo sofrer modificações em sua intensidade, no início da noite, de acordo

com o período de inverno e verão (Tadei et al., 1984; 1993).

Vários estudos envolvendo a biologia (Consoli e Lourenço-de-Oliveira,

1994; Forattini, 2002; Gomes et al., 2008), o comportamento hematofágico

(Forattini, 2002; Vittor et al., 2006), e genética de populações (Freitas-Sibajev

et al., 1995; Manguin et al., 1999; Santos et al., 2003; González et al., 2007;

Mirabello et al., 2008; Pedro e Sallum, 2009) têm sido realizados, a fim de

conhecer melhor o status taxonômico e entender a dinâmica das populações

de A. darlingi e os mecanismos envolvidos na transmissão da malária.

1.2. A malária na região amazônica

A malária é conhecida desde épocas remotas e tem assolado a

humanidade por milhares de anos, sendo um dos graves problemas de saúde

pública mundial. É uma doença parasitária que ocorre em áreas tropicais e

subtropicais, porém tem um maior impacto nos países mais pobres e em

desenvolvimento, trazendo-lhes inúmeros prejuízos sócio-econômicos.

O continente africano é o mais atingido por essa endemia, estando

ausente apenas na extremidade das regiões norte e sul. Nas Américas, a

endemia existe em toda a região central e norte da América do Sul, incluindo

mais da metade do território brasileiro. Na Ásia está presente em todo o

subcontinente indiano, Oriente Médio, Irã, Ásia central, sudeste asiático,

Indonésia, Filipinas e sul da China. Ao todo, 3,3 bilhões de pessoas vivem em

regiões endêmicas, em mais de 100 países (OMS, 2009).

A malária é causada pelo protozoário do gênero Plasmodium e

transmitida ao hospedeiro vertebrado pela picada do mosquito fêmea do

gênero Anopheles. Há quatro espécies de Plasmodium que causam malária

humana: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae e

Plasmodium ovale, sendo que esta última não é encontrada no Brasil. O P.

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falciparum causa a forma mais grave, e o P. vivax apresenta gravidade

intermediaria, mas pode se manifestar no mesmo indivíduo após três anos de

aquisição da infecção, por causa das formas resistentes presentes no fígado

(Sweeney, 1999). Essa doença caracteriza-se por acessos de febre com

intervalos de 24, 48 ou 72 horas, provocando danos no fígado e anemia.

A malária foi responsável por 34% das mortes registradas em todo o

mundo no ano de 2006 (OMS, 2008). Estima-se a ocorrência de 300 milhões

de novos casos e um milhão de mortes por ano. No Brasil, o quadro

epidemiológico da malária é preocupante, pois o número de casos ainda foi

superior a 300.000 no ano passado, e destes, 99,9% ocorreram na região

amazônica (Ministério da Saúde, 2010).

Na primeira metade do século XX, a malária provocou mais de 10 mil

mortes entre os trabalhadores durante a construção da ferrovia Madeira-

Mamoré, localizada no estado de Rondônia (Silva e Oliveira, 2002). Antes da

década de 40, essa doença abrangia grande parte do território brasileiro, sendo

considerado um verdadeiro desafio à colonização da Amazônia.

Na década seguinte, o Serviço Nacional de Malária sob o amparo da

Organização Mundial de Saúde (OMS), programou uma campanha de

erradicação da malária, fazendo uso de inseticidas, como o DDT (Dicloro-

Difenil-Tricloroetano) e drogas antimaláricas sintéticas, como a cloroquina.

Essa campanha obteve grande sucesso na região litorânea do país, mas os

casos da doença continuaram presentes na região amazônica (Deane, 1992;

Silva e Oliveira, 2002; Loiola et al., 2002).

Devido a instalações de grandes empreendimentos que provocaram

fortes intervenções ambientais, na década de 80, houve um desequilíbrio no

complexo homem/parasito/vetor, levando ao agravamento da situação

epidemiológica da malária, que passou a ter altos índices de prevalência na

região amazônica, em média 96% a 99% dos casos do Brasil (Tadei et al.,

1993).

Estima-se que, mais de 40% da população mundial está exposta ao

risco de adquirir a malária. A incidência dessa doença no nosso país teve um

aumento em 2005, registrando 607.801 casos, sendo a espécie P. vivax de

maior prevalência (73,4%). Seguido de uma redução no número de casos de

2006 (550.917) a 2009 (306.908). O que mostra uma importante redução de

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9% em 2006, quando comparado com 2005, e de 44% em 2009 em relação a

2006 (Ministério da Saúde, 2010).

Postula-se que em 2007, somente em três estados, Amazonas,

Rondônia e Pará, registraram 354 mil casos, ou seja, 78% das ocorrências. A

ocupação desordenada dos espaços peri-urbanos tem sido um fator importante

no aumento da malária em cidades como Manaus, Porto Velho e Cruzeiro do

Sul, notificando-se 24% dos casos, nesse mesmo ano, nesses três municípios

(Ministério da Saúde, 2008). Em 2009, esses mesmos estados registraram

239.762 casos, 78% das ocorrências, sendo o estado do Pará o que

apresentou o maior número de casos da doença no decorrer do ano (Ministério

da Saúde, 2010).

Os dados da literatura possibilitaram verificar que ainda é necessário

conhecer com maior profundidade a biologia e o comportamento hematofágico

de anofelinos brasileiros, os quais constituem parâmetros relevantes no

controle da malária (Tadei, 1993). Além desses dados, outros estudos

envolvendo citogenética e genética de populações, com a utilização de

marcadores moleculares têm auxiliado para responder questões sobre essa

problemática.

1.3. Marcadores microssatélites

Diferentes marcadores moleculares têm sido empregados para conhecer

a estrutura genética de populações de mosquitos vetores de doenças na

tentativa de entender a dinâmica populacional e os mecanismos envolvidos na

capacidade vetorial das espécies desses mosquitos (Rafael e Tadei, 1998;

Santos et al., 1999; Manguin et al., 1999; Paupy et al., 2008; Endersby et al.,

2009; Paris et al., 2010). Entre eles, a análise de polimorfismo dos

microssatélites vem sendo muito empregada em estudos populacionais e no

esclarecimento do status taxonômico das espécies de Anopheles (Lanzaro et

al., 1998; Sunil et al., 2004; Li et al., 2005; Temu e Yan, 2005; Conn et al.,

2006; Mirabello e Conn, 2006; Angêlla et al., 2007; Scarpassa e Conn, 2007;

Mirabello et al., 2008, Silva et al., 2008; Midega et al., 2010).

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Marcadores Moleculares Microssatélites ou Sequências Simples

Repetidas (SSR), também chamadas Variable Number of Tandem Repeats

(VNTR), Sequence Tagged Microsatellites (STMS) ou Single Sequence Length

Polymorphisms (SSLP) são pequenas seqüências com um a seis nucleotídeos,

repetidas em tandem, distribuídas no genoma nuclear dos organismos

eucariotos, sendo caracterizadas como um poderoso marcador molecular para

estudar os padrões de fluxo gênico e estimar a diferenciação genética intra e

interespecífica.

Os microssatélites são os marcadores moleculares mais polimórficos

conhecidos atualmente. Apresentam expressão codominante, multi-alélicos,

taxa de mutação elevada e são seletivamente neutros (Estoup et al., 1995;

Lanzaro et al., 1995). Os locos microssatélites evoluem de processos

mutacionais, decorrentes dos escorregões da DNA polimerase ou de crossing-

over desigual. Apesar de suas altas taxas evolutivas, eles são conservativos

em suas regiões flanqueadoras e podem persistir por um longo período sem

modificações (Zardoya et al., 1996).

Todas as características que fazem os microssatélites serem tão

eficientes para as análises moleculares podem ser verificadas a partir da

técnica de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), a qual é possível

amplificar várias vezes a mesma sequência desejada (Mullins, 1990), utilizando

primers específicos que flanqueiam estas regiões, sendo posteriormente,

visualizadas em géis de agarose ou poliacrilamida.

Nos últimos anos, os microssatélites vêm sendo muito utilizados para

analisar a estrutura genética de populações de vários eucariotos, incluindo os

vetores da malária humana, particularmente, Anopheles gambiae, Anopheles

arabiensis, Anopheles maculatus de regiões africanas (Rongnoparut et al.,

1996; Lehmann et al., 1997; Kamau et al., 1999; Temu e Yan, 2005; Midega et

al., 2010), e A. darlingi, Anopheles marajoara e Anopheles stephensis do Brasil

(Conn et al., 2001; Verardi et al., 2002; Li et al., 2005; Angêlla et al., 2007;

Scarpassa e Conn, 2007; Mirabello et al., 2008).

Os marcadores microssatélites têm mostrado também um crescente

potencial para aplicação em estudos genéticos de evolução e conservação

(Angers e Bernatchez, 1996), e em análises de sistemas de cruzamento em

populações naturais (Jones e Avise, 1997).

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1.3.1. Isolamento, caracterização e amplificação heteróloga de locos microssatélites

O desenvolvimento de marcadores microssatélites é uma etapa

necessária para isolar locos microssatélites eficientes para estimar a variabilidade

genética entre as populações, fluxo gênico e estrutura genética populacional de

uma determinada espécie. Outra característica importante é sua transferibilidade,

que permite a aplicação desses marcadores desenvolvidos em uma espécie para

outras espécies geneticamente relacionadas (Ferreira e Grattapaglia, 1998;

Falcão et al., 2004; Batista et al., 2009; Bataille et al., 2009).

Já foram desenvolvidos marcadores microssatélites em diferentes

organismos, e entre eles, abelha sem ferrão: Melipona seminigra merrillae

(Francini et al., 2009), mamoeiro: Carica papaya (Oliveira et al., 2008), tambaqui:

Colossoma macropomum (Santos et al., 2009) e dourada: Brachyplatystoma

rousseauxii (Batista et al., 2009) entre outros. Dentre os anofelinos, já foram

isolados e caracterizados microssatélites em Anopheles gambiae (Zheng et al.,

1993), Anopheles funestus (Sharakhov et al., 2001; Cohuet et al., 2002;

Schemerhorn et al., 2003), Anopheles stephensis (Verardi et al., 2002),

Anopheles moucheti (Annan et al., 2003), Anopheles maculipennis (Weill et al.,

2003), Anopheles nili (Berthomieu et al., 2003), Anopheles sacharovi (Guillemin et

al., 2003), Anopheles culicifacies (Sunil et al., 2004), A. marajoara (Li et al., 2005),

Anopheles sinensis (Jung et al., 2006; Ma e Fan, 2008) e A. darlingi (Coon et al.,

2001; Lima et al., 2010).

O primeiro trabalho com desenvolvimento de locos microssatélites em

anofelinos foi realizado em A. gambiae por Zheng et al. (1993), com o objetivo

de construir um mapa genético para estudos de linkage. Nesse estudo,

isolaram 24 locos microssatélites no estudo do cromossomo X. Posteriormente,

foram desenvolvidos nessa mesma espécie, mais 131 locos (Zheng et al.,

1996).

Foram isolados e caracterizados 39 locos microssatélites em A.

funestus, um dos principais vetores da malária africana. Foram analisados 20

locos em duas populações: Burkina Faso e Kenya. Nove locos mostraram-se

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polimórficos, sendo a diversidade genética similar entre as localidades

estudadas, 0,77 em Burkina Faso e 0,78 no Kenya (Schemerhorn et al., 2003).

Neste mesmo ano, Weill et al. (2003) isolaram e caracterizaram 15 locos

microssatélites polimórficos de uma população de A. maculipennis procedente

de Montpellier – França. A análise da variabilidade genética mostrou alta

diversidade genética nessa população (HE=0,37 - 0,77), e o valor de FIS

variando entre -0,12 e 0,65. Apenas três locos apresentaram desequilíbrio de

Hardy Weinberg, decorrentes da deficiência de heterozigotos e presença de

alelos nulos.

Estudo similar também foi realizado por Sunil et al. (2004), que

desenvolveram 31 marcadores microssatélites em A. culicifacies, um

importante vetor da malária no subcontinente indiano. Esta espécie é um

complexo de cinco espécies crípticas, das quais, quatro são vetoras da malária.

A variabilidade de cada loco foi avaliada em duas espécies irmãs, espécie A e

B. A freqüência do número de alelos variou de 2 a 12, na espécie A e de 2 a 7,

na espécie B. A heterozigosidade observada variou entre 0,00 - 0,6.

Regiões contendo microssatélites também foram isoladas e

caracterizadas de A. marajoara a partir de uma biblioteca enriquecida contendo

500 clones recombinantes. A partir de primers desenhados para um total de 40

locos, onze foram polimórficos. Estes locos microssatélites foram usados para

estimar a diferenciação de uma população do norte do Brasil, onde se

mostraram altamente polimórficos, com o numero de alelos variando de 11 a 52

e a heterozigosidade esperada de 0,64 a 0,95 (Li et al., 2005).

Em A. darlingi, foram desenvolvidos oito locos microssatélites

polimórficos em uma população procedente de Capanema (PA), a partir de

uma biblioteca de 242760 clones individuais. Nesse estudo, encontraram

heterozigosidade média observada (HO) variando entre 0,368 a 0,769 (Conn et

al., 2001). Ainda que esses locos tenham sido desenvolvidos, nos testes em

laboratório realizados em populações dessa espécie da Amazônia, não se

obteve amplificação dos mesmos, após várias tentativas de otimização. Diante

disso, bem como da importância epidemiológica de A. darlingi e da eficiência

desses marcadores moleculares para a análise da estrutura genética de

populações, é extremamente importante o isolamento e caracterização de

novos locos microssatélites.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Isolar e caracterizar marcadores microssatélites em A. darlingi, e validá-

los na estimativa da variabilidade genética de duas populações do Estado do

Amazonas.

2.2. Objetivos específicos

• Construir uma biblioteca genômica enriquecida com regiões de DNA

microssatélite de A. darlingi;

• Gerar a seqüência nucleotídica dos clones recombinantes da biblioteca

genômica;

• Caracterizar a biblioteca genômica;

• Desenhar primers a partir das seqüências nucleotídicas dos clones que

possuírem regiões com microssatélites;

• Testar os locos microssatélites para A. darlingi e verificar os locos

polimórficos que possam ser utilizados como marcadores em estudo de

genética de populações;

• Verificar o alcance da amplificação heteróloga dos locos microssatélites

desenvolvidos para A. darlingi em três espécies de Anopheles (A.

benarrochi, A. rangeli e A. triannulatus) do subgênero Nyssorhynchus;

• Analisar a variabilidade e estrutura genética de duas populações de A.

darlingi no Estado do Amazonas.

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Capítulo 1 : Marcadores de DNA microssatélite de Anopheles darlingi (Diptera: Culicidae), principal vetor da malária no Brasil: desenvolvimento, caracterização

e amplificação interespecífica

A maioria dos resultados que constam no presente capítulo foi publicado na revista Conservation Genetics Resources durante o desenvolvimento da presente Dissertação (APÊNDICE A). Lima, G. N.; Batista, J. S.; Formiga, K. M.; Cidade, F. W.; Rafael, M. S.; Tadei, W. P.; Santos, J. M. M. New 24 polymorphic DNA microsatellite loci for the major malaria vector Anopheles darlingi and transpecies amplification with another anophelines. Conservation Genet Resour. DOI 10.1007/s12686-010-9237-y. O presente capítulo seguiu as regras de formatação e estilo da referida revista incluindo outros resultados obtidos no presente estudo.

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Resumo O mosquito Anopheles darlingi é o principal vetor da malária no Brasil,

principalmente na bacia Amazônica. Esta espécie pertence ao subgênero

Nyssorhynchus, sendo considerada a mais antropofílica e endofágica das

espécies de Anopheles nas Américas. Considerando sua importância

epidemiológica foram desenvolvidos e caracterizados 36 locos polimórficos a

partir da construção de uma biblioteca genômica enriquecida com regiões

microssatélites de A. darlingi. Dos 96 clones com inserto da biblioteca foram

obtidos 80,2% de sequências nucleotídica de boa qualidade, e apenas 1,3% de

redundância. Destes, 73 clones (94,8%) apresentaram sequências com SSRs.

Foi verificada a presença de 124 SSRs na biblioteca, sendo 1,7 a média do

número de SSRs por clone. A maioria dos motivos de repetição foi classificada

como dinucleotídeos (56,5%), sendo GT/CA o mais encontrado (42,8%). Foram

selecionados 63 clones recombinantes (81,8%) para o desenho dos primers,

dos quais 66 (95,6%) foram sintetizados. Destes trinta e seis marcadores

microssatélites foram isolados e caracterizados em 12-32 indivíduos de A.

darlingi coletados em Coari (Amazonas-Brasil), com os quais foi obtido um total

de 280 alelos. O numero de alelos variou entre 3 a 14, com uma média de

7,778. A heterozigosidade observada (HO) variou entre 0,037 a 0,952 (media

de 0,524), enquanto a heterozigosidade esperada (HE) variou entre 0,177 a

0,883 (média de 0,735). Dezessete locos mostraram desvio significantivo para

o equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW) depois da correção de Bonferroni (P:

(5%) ≤ 0,0014). Não foi encontrado desequilíbrio de ligação entre os locos. A

amplificação heteróloga de 24 locos microssatélites resultou entre 8 a 13 locos

polimórficos entre as três espécies do gênero Anopheles. Os locos

microssatélites polimórficos desenvolvidos poderão ser usados como eficientes

marcadores moleculares para estudos de genética de população e

mapeamento genético para A. darlingi e outras espécies de Anopheles.

Palavras chaves: Anopheles darlingi, DNA microssatélite, vetor da malária,

bacia amazônica

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Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi é o principal e o mais antropofílico e

endofágico vetor da malária na Amazônia brasileira (Tadei et al. 1998, Gil et al.

2003) e em outros países distribuídos pela América do Sul como o Peru,

Colômbia e Suriname (Rozendaal 1990, Vittor et al. 2006). Embora variações

morfológicas e genéticas tenham sido descritas sugerindo que A. darlingi é um

complexo de espécies (Kreutzer et al. 1972, Tadei et al. 1982, Steiner et al.

1982, Rosa-Freitas et al. 1992, Freitas-Sibajev et al. 1995), análises

morfométricas e genéticas usando isoenzimas, RAPD e ITS2 demonstraram a

existência de uma única espécie simples (Manguin et al, 1999). Estudos

usando marcadores de DNA mitocôndrial (COI) e nuclear (5-8 microsatellite

loci) sugerem moderada estruturação genética no nível populacional (Mirabello

and Conn, 2006; Scarpassa and Conn, 2007; Mirabello et al, 2008).

Marcadores microssatélites tem sido amplamente usados para estudos

de populações e outras questões em nível de espécies. Oito locos

microssatélites foram caracterizados (Conn et al., 2001), mas o

desenvolvimento de novos marcadores é um complemento para análises de

populações, mapeamento genético e locos de caracteres quantitativos -

“quantitative trait loci” (QTL) desse importante vetor. Esse estudo reporta o

isolamento e caracterização de 36 marcadores microssatélites para A. darlingi

e a amplificação heteróloga em três espécies do mesmo gênero.

Uma biblioteca genética enriquecida com regiões microssatélites de A.

darlingi foi construída seguindo o método descrito por Billotte et al. (1999) com

algumas modificações. O DNA genômico foi extraído, utilizando o método que

inclui acetato de potássio 3M (Wilkerson et al. 1995) a partir de um pool de 10

espécimes de A. darlingi adultos recém eclodidos, não alimentados e coletados

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em Coari-AM, Brasil. O DNA extraído foi digerido com enzima de restrição RsaI

(Invitrogen), e os fragmentos digeridos foram ligados aos adaptadores RSA21 e

RSA25. Fragmentos de DNA contendo regiões com microssatélites foram

selecionados por hibridização com sondas (CT)8 e (GT)8 biotiniladas e

recuperadas por esferas magnéticas contendo estreptavidina (Streptavidin

MagneSphere Paramagnetic Particles, Promega). Os fragmentos selecionados

foram ligados ao vetor de clonagem pGEM-T (Promega), e transformados em

células competentes XL1-blue de Escherichia coli. Posteriormente foram

inoculadas em placas contendo X-Gal/IPTG e meio sólido Luria–Bertani (LB)

com ampicilina (100 mg/ml) e incubados entre 18 a 22 horas a 37°C. Colônias

brancas individuais foram transferidas e incubadas a 37°C em placas (96

poços) contendo meio de cultura 2YT-HMFM com ampicilina (100 mg/ml). O

DNA plasmidial foi extraído (Sambrook et al. 1989) de 96 clones e sequenciado

utilizando os primers T7 e SP6, juntamente com o Kit Big Dye terminator v3.1, e

eletroinjetado em ABI PRISM 3130 automated Genetic Analyzer (Perkin Elmer,

Applied Biosystems).

Sequências nucleotídicas de 77 clones (80,2%) da biblioteca foram

editadas usando o programa STADEN package (Staden 1996). A presença de

124 regiões microssatélites em 73 sequências (94,8%) de clones não

redundantes foi identificada com auxílio do programa WEBSAT (Martins et al.

2009), sendo 1,7 a média do número de SSRs por clone. Foram considerados

microssatélites do tipo dinucleotídeos aqueles com mais de cinco repetições do

motivo, trinucleotídeos e tetranucleotídeos com quatro ou mais repetições,

penta e hexanucleotídeos com três ou mais repetições. A maioria dos motivos

de repetição foi classificada como dinucleotídeos (56,5%), sendo GT/CA o mais

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encontrado (42,8%), seguidos de 25% de trinucleotídeos, 11,2% de compostos,

4% de tetranucleotídeos, 3,2% de penta e hexanucleotídeos. O motivo de

repetição mais freqüente (GT/CA) variou entre 6 a 19 repetições e o SSR com

maior número de repetições encontrado foi do tipo AC, com 26 repetições.

Quanto à natureza de origem foram classificados em 85,5% perfeitos, 11,3%

imperfeitos e 3,2% interrompidos. Foi selecionada a sequência nucleotídica de

63 clones recombinantes (81,8%) para o desenho dos primers, dos quais foram

desenhados 69 pares, com a seguinte classificação: 56 perfeitos (81,2%),

sendo 41 dinucleotídeos, 10 trinucleotídeos, três tetranucleotídeos e dois

compostos; 12 imperfeitos (17,4%), destes, seis são dinucleotídeos e seis

compostos; e um interrompido (1,4%). Esses pares de primers foram

desenhados usando o programa PRIMER3 (Rozen e Skaletsky 2000)

implementado no programa WEBSAT (Martins et al. 2009) e foi adicionada uma

cauda M13 na extremidade 5’ de cada primer forward para permitir a marcação

por fluorescência de acordo com o protocolo sugerido por Schuelke (2000). Do

total de primers desenhados, 66 pares (95,6%) foram sintetizados.

Os fragmentos com microssatélites foram amplificados por PCR em um

volume final de 10 µl contendo: 10–50 ng de DNA genômico, 0,4 µM de cada

primer forward e do primer M13 marcado com a fluorescência (FAM ou HEX),

0,8 µM do primer reverso, 200 µM de cada dNTP, 1,5 mM de MgCl2, 1X de

tampão (10 mM Tris–HCl, 50 mM KCl, pH 8,4) e 0,5 U de goTaq DNA

Polymerase (Promega). O PCR foi realizado em duas etapas: a desnaturação

(68°C, 1 min; 94°C, 30s), seguido por 30 ciclos de 30s a 93°C, 35s a 60°C, 40s

a 68°C; a segunda etapa consiste de 15 ciclos com as seguintes condições de

temperatura e tempo: 25s a 93°C, 35s a 53°C, 30s a 72°C, e uma extensão

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final a 68°C por 15 min e 72°C por 15 min. O produto amplificado foi checado

por eletroforese em gel de agarose 2%, corado com brometo de etídeo (0,1

mg) e visualizado em fotodocumentador. Foram gerados oito sistemas

multiplex para a genotipagem das amostras, de forma que em cada sistema

dois locos foram genotipados simultaneamente para o mesmos indivíduo em

cada poço da placa, por meio da combinação dos tamanhos dos alelos e das

fluorescências (FAM ou HEX) de cada loco (Tabela 01). Os sistemas foram

eletroinjetados no analisador de DNA MegaBACE1000 (GE Healthcare) e o

tamanho dos alelos foi estimado usando o padrão de genotipagem ET-550

ROX (GE Healthcare).

Foram obtidos 36 locos microssatélites polimórficos avaliados em 12-32

indivíduos de A. darlingi coletados em Coari (Amazonas, Brasil) cuja

temperatura de anelamento variou entre 53°C a 65°C. A estatística descritiva e

o desequilíbrio de ligação (DL) foram inferidos usando o programa FSTAT

v2.9.3.2 (Goudet, 2002). O Conteúdo de Polimorfismo Informativo – PIC

(Botstein et al. 1980) foi estimado com o programa MS TOOLS v3 (Park 2001)

e o teste para o equilíbrio de Hardy-Weinberg (HWE) com o auxílio do

programa GENEPOP v4 (Raymond e Rousset 1995).

Foram obtidos um total de 280 alelos, com número de alelos por loco

variando de 3 (Ada28) a 14 (Ada35), e média de 7,778. A heterozigosidade

observada (HO) variou entre 0,037 e 0,952 (Ada10 – Ada57, respectivamente)

com uma média de 0,524, enquanto a heterozigosidade esperada (HE) variou

entre 0,177 a 0,883 (Ada10 e Ada35, respectivamente) com a média de 0,735.

O PIC variou entre 0,168 (Ada10) a 0,853 (Ada35), com a média de 0,687

(Tabela1). Dezessete locos (Ada10, Ada14, Ada17, Ada18, Ada21, Ada22,

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Ada25, Ada29, Ada30, Ada33, Ada37, Ada47, Ada48, Ada59, Ada60, Ada62 e

Ada63) mostraram desvio significativo para HWE depois da correção de

Bonferroni (P: (5%) ≤ 0,0014) (Rice 1989). Esse desvio pode ser devido a um

ou vários fatores como, o intenso uso de inseticidas para controle da malária na

região, onde as amostras foram coletadas causando o efeito gargalo de garrafa

ou pressão seletiva; efeito de amostragem, e principalmente o tamanho

insuficiente das amostras para detectar todos os alelos ou mesmo, a presença

de alelos nulos como sugere o programa Microchecker v2.2.3 (Van Oosterhout

et al. 2004) detectada nos locos Ada10, Ada14, Ada17, Ada18, Ada21, Ada22,

Ada25, Ada33, Ada 37, Ada47, Ada48, Ada59, Ada60, Ada62 e Ada63. Não foi

encontrado desequilíbrio de ligação entre todos os pares de locos, segundo a

correção de Bonferroni (P: (5%) ≤ 0,000061). O poder de discriminação (D)

(Jones 1972) foi estimado para cada loco e variou entre 0.395 (Ada10) e 0,986

(Ada35, Ada57), com uma média de 0,903 (Tabela 02).

Foram testados 24 marcadores polimórficos para amplificação

heteróloga em três espécies de Anopheles (Tabela 03). Oito locos foram

amplificados em todas as três espécies e 17 locos amplificaram em pelo menos

uma espécie. O numero de marcadores amplificados variou entre 10 (A.

rangeli) e 15 (A. benarrochi). Treze locos foram polimórficos em pelo menos

uma espécie (A. triannulatus) e sete nas três espécies, com o número de alelos

variando entre 2 a 5 por loco.

Os 36 microssatélites polimórficos desenvolvidos podem ser usados

como eficientes marcadores para analisar genética de populações e

mapeamento genético de A. darlingi e outras espécies de Anopheles.

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Multiplex Locos Tamanho (pb) FluorescênciaAda22 158-186 FAMAda32 180-198 HEXAda17 166-208 HEXAda37 231-265 FAMAda39 271-287 HEXAda27 119-163 FAMAda62 227-295 HEXAda09 142-154 FAMAda30 318-331 HEXAda10 142-186 FAMAda48 265-283 HEXAda06 96-118 FAMAda23 124-168 HEXAda03 253-283 FAMAda20 302-332 FAMAda33 140-156 HEXAda41 275-301 FAMAda40 201-235 FAMAda18 240-272 HEXAda60 233-254 FAMAda63 177-213 HEXAda21 280-310 FAMAda25 304-332 FAMAda24 215-225 FAMAda34 89-105 HEXAda47 223-275 HEXAda62 227-295 HEXAda52 134-150 FAMAda57 188-210 HEXAda59 248-263 HEXAda64 116-134 FAMAda61 274-284 HEXAda35 176-226 FAMAda50 189-203 FAMAda28 122-132 HEXAda14 113-143 HEX

6

7

8

2

3

4

5

1

Tabela 01. Oito sistemas multiplex utilizados para genotipagem dos indivíduos de Anopheles darlingi procedentes de Coari.

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18

Locos SSR

N° de acesso Genbank

Motivo de repetição Sequência do primer (5'- 3')Ta

(°C)N A

Tamanho (pb)

PIC D HO HE P -HWE FIS

FFAM:AGAGAGCTAATGCGGTTGGTCR:ACGTTCCTCTACTCCGAAAGC

FFAM:TTAATCACTTGCGACAGACCR:GACTCCATTCCTTGAACCA

FFAM:GTCATCATCGTCGTCGGAATR:CTGCAACCAGCGAGTTCTTAC

FFAM:GCAACAGACCAGACCAGACATR:CCTGGACGCTCTGTGCGC

Ada14 x (CA)11x 53 27 10a 113-143 0,773 0,925 0,296 0,810 0,0000* 0,639

FHEX:GGGTAGTAAAGCAACTGAAGCCR:CTACAGCAAGCGAAGGGAAG

FHEX:GACACTCCGCACTCTCTTCACR:GCTTGCCCATAACTCTCACC

FFAM:AGCAATATGTTCCCGACAGCR:CGGCTTCTAAATGACTCCTAGC

FFAM:GGTAGTCCGAGAGGAGAGGTGR:GCAGGACAAAACCAATCTGC

FFAM:GGCTTCCGTCTTCTTCTATTCCR:GTCCTTACGCACGGTTTCTC

FHEX:ACTCGTTCGTGCTCTGTCACTR:TGCAGTGTGTTGTGTCCTCA

FFAM:GTGAGCACATGGAAGCGTAGR:GACTGCTGTGGATGGAAGAAG

FFAM:CTCTCTGTGTTCTGCCTCACCR:GCAACTGGTTCTGGTTCGAG

FFAM:AGCGGATCTACCTACGGGTTAR:CGCTATCAGCATCATCATCG

Ada28 x (CTCG)4 x 54 27 3 122-132 0,391 0,782 0,296 0,507 0,0377 0,42

FFAM:GAAGGAGGCAGCACTAGCACR:GGACAACCGAAGCAATCAAG

FHEX:AAGTCCCACGAAGGTCTCACR:GATGCAGTGACGATGACACAC

FHEX:TCACTAGCGTATGTGCGAGGR:TCGAATGACCTTTGGGAGAC

0,806 0,748 0,8308 -0,08

0,032

Ada32 GU120064 (CAC)6 60 31 7 180-198 0,691 0,907

0,827 0,633 0,654 0,0004*30 7 318-331 0,600Ada30 GU120063 (GT)7 60

0,593 0,762 0,0000* 0,226

0,053

Ada29 GU120062 (CGT)15 60 27 7 66-84 0,706 0,901

0,956 0,781 0,824 0,625232 10 119-163 0,789Ada27 GU065372 (CA)8 60

0,269 0,845 0,0000* 0,686

0,045

Ada25 GU065371 (CA)9 60 26 9a 304-332 0,806 0,950

0,845 0,643 0,673 0,001628 5 215-225 0,606Ada24 GU065370 (AC)9 60

0,613 0,709 0,3689 0,137

0,616

Ada23 GU065369 (AC)7 60 31 8 124-168 0,669 0,903

0,931 0,292 0,750 0,0000*24 8a 158-186 0,703Ada22 GU065368 (CA)8 60

0,548 0,846 0,0000* 0,356

0,113

Ada21 GU065367 (TG)8 60 31 7a 280-310 0,811 0,946

0,962 0,741 0,833 0,028927 9 302-332 0,798Ada20 GU065366 (GT)10 60

0,417 0,826 0,0000* 0,501

0,251

Ada18 GU065365 (AC)9 t (CA)5 60 24 8a 240-272 0,784 0,952

0,966 0,655 0,871 0,0000*29 10a 166-208 0,840Ada17 GU065364 (CA)10 cg (CA)8 60

0,037 0,177 0,0004* 0,794

-0,098

Ada10 GU065363 (AC)10 60 27 4a 142-186 0,168 0,395

0,923 0,833 0,760 0,719430 7 142-154 0,715Ada09 GU059869 (GT)9 60

0,567 0,666 0,1013 0,151

0,311

Ada06 GU059868 (CA)8 60 30 7 96-118 0,591 0,865

0,839 0,429 0,618 0,020828 9 253-283 0,588Ada03 GU059866 (AC)12 60

Tabela 02. Caracterização de 36 locos microssatélites polimórficos de Anopheles darlingi, procedentes de Coari, Amazonas, Brasil.

(continua)

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Tabela 02. Caracterização de 36 locos microssatélites polimórficos de Anopheles darlingi, procedentes de Coari, Amazonas, Brasil.

Locos SSR

N° de acesso Genbank

Motivo de repetição Sequência do primer (5'- 3')Ta (°C)

N ATamanho

(pb)PIC D HO HE P -HWE FIS

FHEX:CTGCGTTCCCACTATGCTTTR:CTCCGTCTCTCCGTCTCTCTT

Ada34 x (CA)8 x 65 28 8 89-105 0,692 0,927 0,750 0,731 0,3792 -0,027

Ada35 x (CT)15 x 64 27 14 176-226 0,853 0,986 0,704 0,883 0,0612 0,206

FFAM:ACCATCACTGCTTACCGACACR:AACGACACACCAGGAAAAGG

FHEX:GATCGCAGTAGCTGAAAGTCGR:GAATATCGCGGTGGATCAG

FFAM:TACTACTGATTGGCGCTCCTGR:ACTACGGGTCCTCTCGTGTTC

FFAM:CGCTGAGAACATTGGGTAGTCR:GTGGTACTGCGAGGATCAAAG

Ada47 x (AC)8 x 63 25 11a 223-275 0,760 0,950 0,520 0,797 0,0007* 0,352

FHEX:CGACGGTGAACTGAACTCGR:CACTCGTGGGAACTGCTTTC

Ada50 x (GTGC)5 x 64 28 4 189-203 0,646 0,889 0,786 0,717 0,6534 -0,098

Ada52 x (AC)5gg(AC)5 x 64 25 5 134-150 0,623 0,929 0,680 0,696 0,8112 0,023

Ada57 x (CT)8 x 62 21 10 188-210 0,834 0,986 0,952 0,871 0,6598 -0,096

Ada59 x (CAG)8 x 62 26 5a 248-263 0,680 0,909 0,269 0,741 0,0000* 0,641

FFAM:GCATATAGCCCCTTTTCCTCCR:CTGCCGTCTCGTGTTTAGTGT

Ada61 x (TG)14 x 59 12 5 274-284 0,648 0,982 0,500 0,714 0,0258 0,309

Ada62 x (CA)8 x 62 26 13a 227-295 0,850 0,982 0,577 0,882 0,0003* 0,35

FHEX:TGTTGCCTTGACTATCCTTTTGR:TATTCGTTGTGTTGTGTTCGC

Ada64 x (TG)5 x 63 27 8 116-134 0,762 0,942 0,889 0,809 0,2021 -0,102

Ada33 GU120065 (GT)11 60 31 9a 140-156 0,794 0,954 0,516 0,830 0,0006* 0,382

Ada37 GU120066 (AC)3 at (AC)6 60 30 4a 231-265 0,678 0,881 0,333 0,741 0,0000* 0,554

Ada39 GU120067 (GT)13 60 23 4 271-287 0,474 0,855 0,304 0,532 0,0282 0,434

Ada40 GU120068 (TC)19 60 25 9 201-235 0,564 0,883 0,560 0,598 0,1168 0,065

Ada41 GU120069 (TG)10 60 31 10 275-301 0,694 0,913 0,581 0,737 0,1366 0,215

Ada48 GU120070 (GGT)4 60 29 7a 265-283 0,676 0,865 0,345 0,727 0,0000* 0,53

Ada60 GU908493 (AAG)9 60 21 8a 233-254 0,778 0,960 0,286 0,822 0,0000* 0,658

Ada63 GU120071 (GT)9 60 22 11a 177-213 0,778 0,933 0,227 0,815 0,0000* 0,726

Ta = temperatura de anelamento; N = número de indivíduos analisados; A = número de alelos; a = presença de alelo nulo; pb = pares de bases; PIC = Conteúdo de Polimorfismo Informativo; D = poder descriminante; HO = heterozigosidade observada; HE = heterozigosidade esperada; FIS = coeficiente de endogamia; P-HWE* = locos que não se mostraram em equilíbrio Hardy-Weinberg após correção de Bonferroni; x = locos ainda não publicados.

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Tabela 03. Amplificação interespecífica de 24 locos microssatélites desenvolvidos para Anopheles darlingi.

* = Temperatura de anelamento usada na PCR conforme descrito na tabela 1 usando N = 5 para todas as espécies; A = número de alelos; x = não amplificou.

Tamanho Tamanho Tamanho (pb) (pb) (pb)

AD03 x x xAD06 85-103 3 103 1 83-103 3AD09 151-153 2 x 143-153 2AD10 x x xAD17 x x xAD18 x x xAD20 300-332 3 320-332 2 310-332 2AD21 x x xAD22 176-182 2 176-182 2 176-182 2AD23 124-126 2 124-126 2 120-124 2AD24 243-253 5 237-247 2 237-247 2AD25 275-295 2 295-307 2 xAD27 124-154 2 134-158 2 126-130 2AD29 x x 82-100 2AD30 x x 335 1AD32 x x 199 1AD33 88-138 2 114-144 2 88-98 3AD37 192-234 4 182-212 3 192-212 2AD39 x x xAD40 204-216 3 212 1 xAD41 262-284 5 x 264-300 2AD48 x x xAD60 x x 233 1AD63 143-189 2 x 187 1

Locos SSR

A. triannulatus* A. rangeli* A. benarrochi*

A A A

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Capítulo 2 : Estimativa da variabilidade genética de duas populações de Anopheles darlingi (Diptera:

Culicidae) do Estado do Amazonas, utilizando marcadores microssatélites

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1. INTRODUÇÃO

Anopheles darlingi é conhecido popularmente como mosquito-prego,

pois ao pousar forma um ângulo de 90º com a superfície. Apresenta pequeno

ou médio porte, com tarsos posteriores III a V completamente brancos ou

apresentando pequeno anel escuro basal nos tarsômeros III e/ou V (Faran,

1980). É considerado o principal vetor da malária em todo o país, e

particularmente, na Amazônia. Apresenta-se como a espécie mais antropofílica

e endofágica entre todas as de Anopheles das Américas.

Anopheles, Aedes e Culex são os gêneros de mosquitos mais

estudados, devido a sua importância médica como vetores de doenças e pela

sua complexa posição taxonômica (Santos, 1992). O uso de diferentes

marcadores moleculares para analisar a estrutura genética das populações de

insetos vetores, a caracterização de genes de resistência a inseticidas, o

sequenciamento dos genomas totais e funcionais têm sido intensificados para

tentar subsidiar programas de controle (Manguin et al.,1999; Holt et al., 2002;

Hemingway et al., 2002).

Neste contexto, a biologia molecular, por meio de diferentes marcadores

moleculares tem contribuído para conhecer a estrutura genética populacional e

entender os mecanismos envolvidos na dinâmica de transmissão da malária.

A variabilidade genética é um fenômeno biológico que ocorre

naturalmente entre as populações e tem levado especialistas a desenvolver

métodos para quantificar e explicar essa variabilidade em relação a sua origem,

manutenção e importância para a evolução (Hartl, 1981). Do ponto de vista da

genética de populações a variabilidade genética é o atributo mais importante de

uma população, já que esta constitui a matéria-prima sobre a qual a mutação, a

migração, a deriva genética e principalmente a seleção natural vão atuar

permitindo adaptação, especiação e evolução.

Alguns estudos envolvendo a genética de populações têm sido

realizados com A. darlingi, principalmente, para entender como se comporta a

variabilidade genética a nível populacional. Dados baseado em sítios de

restrição do DNA mitocondrial e caracteres morfológicos em quatro populações

da Amazônia e duas do sudeste brasileiro, sugeriram que essa espécie poderia

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ser um complexo de espécies (Freitas-Sibajev et al., 1995). Dessas populações

analisadas, a de Manaus apresentou divergência interpopulacional dentro do

limite de distância genética interespecífica para membros de complexos de

espécies de anofelinos.

Estudos realizados por Rafael e Tadei (1998) em duas populações da

Amazônia, utilizando cariótipos metafásicos de células ganglionais cerebrais e

bandamento C mostraram pequenas diferenças quanto à constrição secundária

no cromossomo II da população de Manaus (AM) e no cromossomo III da

população de Macapá (AP). Duas formas de cromossomos X foram

observadas: X1-marcado em cerca de 1/3 a partir do centrômero; e X2 - com

marcação apenas centromérica. O padrão de marcação dos blocos

heterocromáticos dos cromossomos sexuais e da região centromérica dos

autossomos mostrou apenas variação intraespecífica.

Em contrapartida, Manguin et al. (1999), baseados em caracteres

morfológicos, isoenzimas, DNA ribossômico (ITS-2) e RAPD em populações de

A. darlingi procedentes de sete países, incluindo Belize, na América Central e

Venezuela, Guiana Francesa, Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil, na América do

Sul, evidenciaram que esta espécie é monotípica, embora divergência genética

significativa tenha sido observada na população de Peixoto de Azevedo (Mato

Grosso), quando comparada com outras populações brasileiras. A população

de Belize apresentou uma pequena deleção de três bases (CCC), quando

comparadas com as populações da América do Sul, que representa uma

diferença de 0,74% de variação intraespecífica no ITS2. Porém, quando as

relações entre os táxons foram construídas usando somente o ITS2 das

populações de A. darlingi da América do Sul e de Belize, os dados sugerem um

táxon monofilético, incluindo uma politomia basal não resolvida.

Utilizando isoenzimas para analisar a variabilidade genética, Santos et

al. (1999) analisaram 19 locos isoenzimáticos em populações de A. darlingi da

Amazônia e verificaram um elevado polimorfismo e uma pequena diferenciação

genética de origem intrapopulacional. Outro estudo foi realizado por Santos et

al. (2003), baseado em oito locos isoenzimáticos em populações de cinco

espécies de Anopheles da Amazônia brasileira: A. darlingi, Anopheles

triannulatus, Anopheles mattogrossensis, Anopheles albitarsis e Anopheles

intermedius.

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Conn et al. (2006) utilizando oito locos microssatélites em populações de

A. darlingi dos estados do Amapá, Pará e Mato Grosso, encontraram

estruturação genética, com 18% de diferenciação genética entre as populações

das regiões norte e sul do rio Amazonas, propondo um grau de isolamento

genético atribuído, possivelmente, a isolamento por distância.

Ainda, baseados nesses mesmos locos microssatélites, Scarpassa e

Conn (2007), analisaram a variabilidade genética de nove populações de A.

darlingi da Amazônia brasileira e verificaram altos níveis de polimorfismos em

todos os locos analisados. A Análise de Variância Molecular (AMOVA) indicou

que 95-94% da variância foi ao nível populacional, havendo uma correlação

significativa entre a distância genética e geográfica. Os valores de FST reforçam

o modelo de isolamento por distância. Esse estudo sugere pouca estrutura

genética para A. darlingi da Amazônia brasileira central e ocidental.

Angêlla et al. (2007) analisaram populações de A. darlingi provenientes

de quatro localidades de Porto Velho, utilizando o fragmento do gene

mitocondrial ND4. Essas análises não demonstraram estrutura genética

significativa entre as populações.

Também utilizando marcador mitocondrial Citocromo Oxidase I (COI),

Pedro e Sallum (2009) analisaram a estrutura filogeográfica dessa espécie,

baseada em seis populações da América do Sul: Colômbia, Amazônia central,

sul e sudeste brasileiro, e dois grupos no nordeste do Brasil. A expansão não

foi homogênea, formando no mínimo dois subgrupos decorrentes da barreira

geográfica. Os autores sugerem que esse isolamento se deve ao rio

Amazonas, costas montanhosas do sudeste do Brasil e as Cordilheiras dos

Andes.

Utilizando marcadores RAPD em quatro populações naturais de A.

darlingi da Amazônia brasileira, Silva et al. (2008) encontraram elevada

variabilidade genética nessas populações, revelando pequena estruturação

genética, indicando redução do fluxo gênico entre essas populações. Outro

estudo realizado por Silva et al. (2010), com o mesmo marcador, entre duas

populações de A. darlingi do estado do Amazonas, revelaram moderada

variabilidade genética entre Coari (HE= 0,285- 0,307) e Manaus (HE= 0,273-

0,274), mas com os valores de heterozigosidade média esperada muito similar.

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Esses dados também evidenciaram que as subpopulações do intradomicílio

apresentaram a maior variabilidade genética.

Mirabello et al. (2008) analisaram a estrutura genética de 31 populações

de A. darlingi procedentes da América Central, Amazônia peruana e brasileira

baseado em 5 a 8 locos microssatélites. Foram encontrados altos níveis de

polimorfismo na Amazônia brasileira e peruana, e baixo nível na América

Central. Estimativas de diferenciação genética entre populações da América

Central e da Amazônia revelaram valores elevados e altamente significativos. A

matriz de distância genética separou as populações em dois grupos: um

incluindo as amostras de Belize e Guatemala (genótipo 1) e o outro, incluindo

todas as amostras da Amazônia peruana e brasileira (genótipo 2). Estimativas

do fluxo gênico revelaram baixo ou nenhuma recorrência entre o genótipo 1 e

2, com moderado nível de diferenciação genética atribuído ao isolamento por

distância.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Obtenção das amostras de DNA de Anopheles darlingi

As amostras foram obtidas em Coari (4° 5′ 6″ S, 63° 8′ 27″ W) e em São

Gabriel da Cachoeira (0° 7′ 48″ S, 67° 5′ 20″ W), Estado do Amazonas (Figura

02). Foram utilizados 30 indivíduos para cada população, sendo um de cada

progênie.

As fêmeas de A. darlingi foram coletadas no peridomicílio, entre 18:00 e

22:00 horas e transferidas para o Laboratório de Vetores da Malária e Dengue

do INPA, para as posturas individuais. Após as oviposições, as fêmeas foram

identificadas, segundo a chave entomológica de Consoli e Lourenço-de-Oliveira

(1994). Os descendentes foram mantidos até o estágio adulto, conforme a

metodologia de Santos et al. (1981), os quais foram congelados imediatamente

após a eclosão, em freezer -70°C até o momento das extrações de DNA.

Figura 02. Locais de coletas de Anopheles darlingi no Estado do Amazonas. 1-São Gabriel da Cachoeira, 2-Coari.

1

2

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2.2. Extração e quantificação de DNA

A extração de DNA foi feita segundo protocolo de Wilkerson et al.

(1995), utilizando um indivíduo de cada progênie, num total de 30 indivíduos

para cada população. O protocolo de extração consta das seguintes etapas:

macerar larvas individuais em tampão de lise com auxílio de pistilos, incubar

em banho-maria por 30 minutos a 65°C, acrescentar RNAse (100µg/ml) em

cada tubo, centrifugar, adicionar acetato de potássio (3M pH 7,2), misturar em

vórtex, deixar em gelo até o outro dia, centrifugar por dez minutos, transferir o

sobrenadante para outro tubo, adicionar etanol absoluto, deixar precipitar,

centrifugar por 30 minutos, descartar o sobrenadante, adicionar etanol 70%,

centrifugar por dez minutos, retirar o sobrenadante, secar o precipitado e

ressuspender em Tris-EDTA.

A concentração do DNA genômico foi determinada em eletroforese

horizontal, em gel de agarose 0,8% por comparação com a concentração

conhecida do DNA do bacteriófago lambda, para estimar qualitativamente a

concentração do DNA das amostras dos indivíduos de A. darlingi, para

posteriores análises moleculares. O gel foi corado com brometo de etídeo,

visualizado em luz ultravioleta, em transluminador (Eagle Eye 2®) e

fotodocumentado em sistema de captura de imagens (Stratagene).

2.3. Amplificação e genotipagem das amostras de DNA de Anopheles

darlingi

Dos 36 locos microssatélites, isolados e caracterizados de A. darlingi

[Capítulo I Tabelas 02; (Lima et al., 2010)] foram selecionados 12 locos

polimórficos para estimar a variabilidade e diferenciação genética entre duas

populações de A. darlingi, sendo uma situada no município de Coari, às

margens do rio Solimões, e a outra em São Gabriel da Cachoeira, às margens

do rio Negro, Estado do Amazonas (Tabela 01). Os critérios de seleção para o

número de locos utilizados nessa análise incluíram: o padrão eletroforético dos

alelos, a sugestão de ocorrência de alelos nulos nos indivíduos da população,

na qual foram caracterizados (Coari-AM), e o tempo disponível para a

conclusão do presente estudo.

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Locos SSR

Motivo de repetição Sequência do primer (5'-3') Ta(°C) Tamanho (pb) Referência

FFAM:TTAATCACTTGCGACAGACCR:GACTCCATTCCTTGAACCA

FFAM:GTCATCATCGTCGTCGGAATR:CTGCAACCAGCGAGTTCTTAC

FFAM:AGCAATATGTTCCCGACAGCR:CGGCTTCTAAATGACTCCTAGC

FHEX:ACTCGTTCGTGCTCTGTCACTR:TGCAGTGTGTTGTGTCCTCA

FFAM:GTGAGCACATGGAAGCGTAGR:GACTGCTGTGGATGGAAGAAG

FFAM:AGCGGATCTACCTACGGGTTAR:CGCTATCAGCATCATCATCG

FHEX:TCACTAGCGTATGTGCGAGGR:TCGAATGACCTTTGGGAGAC

FFAM:TACTACTGATTGGCGCTCCTGR:ACTACGGGTCCTCTCGTGTTC

FFAM:CGCTGAGAACATTGGGTAGTCR:GTGGTACTGCGAGGATCAAAG

(CA)8 60Ada06 96-118

(GT)9 60Ada09 142-154

(GT)10 60Ada20 302-332

(AC)7 60 124-168Ada23

Ada24 (AC)9 60 221-243

Ada27 (CA)8 60 135-163

Ada32 (CAC)6 60 180-198

Ada34

Ada40

Ada41

Ada52

Ada57

(CA)8 89-10565

(TC)19 60 200-242

(TG)10 60 275-301

(AC)5gg(AC)5

(CT)8

64

63

134-152

188-210

Capítulo I, Tabela 01 Lima et al ., 2010

x

x

x

As amplificações foram realizadas de acordo com o protocolo econômico

de Schuelke (2000), que permite a marcação por fluorescência (FAM ou HEX)

por meio da adição de uma cauda M13 na extremidade 5´ de cada primer

forward dos 12 locos microssatélites (Tabela 01).

Tabela 01. Locos microssatélites utilizados nas análises populacionais de Anopheles darlingi em duas localidades do Estado do Amazonas.

Ta = Temperatura de anelamento; pb = estimativa da variação do tamanho dos alelos, FAM e HEX = fluorescência utilizada em cada loco; x = locos ainda não publicados.

Cada reação foi feita conforme descrito em Lima et al. (2010) em um

volume final de 10 µL contendo: 10-50 ng de DNA genômico, 0,4 µM de cada

primer forward e do primer M13 marcado (com a fluorescência FAM ou HEX,

dependendo do loco), 0,8 µM do primer reverso, 200 µM de cada dNTP (GE

Healthcare), 1,5 MgCl2, 1 X de tampão (10 mM Tris-HCl, 50 mM KCl, pH 8.4) e

0,5 U de goTaq DNA polimerase (Promega). O PCR foi conduzido utilizando

dois programas: o primeiro, consistindo na desnaturação do DNA (68 °C, 1 min;

94 °C, 30s), seguida de 30 ciclos de 30s a 92 ºC, 35s da temperatura de

anelamento específica de cada par de primer (Tabela 01), e 40s a 68 ºC; o

segundo programa consistiu em 15 ciclos com as seguintes condições de

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temperatura e tempo: 25 s a 92 °C, 35 s a 53 °C, 30 s a 72 °C e uma extensão

final a 68 °C por 15 min e a 72 °C 15 min. O produto de PCR foi verificado em

eletroforese, em gel de agarose 2%, corado com brometo de etídio (0,1 mg/mL)

e fotodocumentado em sistema Eagle Eye II (Stratagene). O tamanho do

fragmento amplificado foi estimado por comparação ao marcador Ladder 1kb

plus (Invitrogen).

Os produtos amplificados foram genotipados em analisador automático

de DNA megaBACE 1000 (GE Healthcare), com 1 uL de produto de PCR

diluído (1:5) e 7 uL da solução, contendo Tween 20 a 0,1% + ET 550R (padrão

de bandas marcadas com ET-ROX com tamanho conhecido, GE Healthcare).

Foram formados quatro sistemas multiplex para a genotipagem das

amostras de DNA, procedentes de São Gabriel da Cachoeira, por meio da

combinação dos tamanhos dos alelos e das fluorescências (FAM ou HEX) de

cada loco (Tabela 02). A combinação de mais de um loco em uma única reação

permite otimizar tempo, reagentes e DNA, uma vez que são genotipados e

analisados dois ou mais locos de um mesmo individuo simultaneamente.

Tabela 02. Sistema multiplex utilizado para genotipagem dos indivíduos de Anopheles darlingi procedentes de São Gabriel da Cachoeira.

Multiplex Locos Tamanho (pb) FluorescênciaAda06 96-118 FAMAda32 180-198 HEXAda23 124-168 HEXAda09 142-154 FAMAda41 275-301 FAMAda27 135-163 HEXAda40 200-242 FAMAda20 302-332 FAMAda24 221-243 FAMAda52 134-152 FAMAda34 89-105 HEXAda57 188-210 HEX

3

4

1

2

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2.4. Estimativa do tamanho dos alelos, tratamento e montagem do

banco de dados de genotipagem

Os resultados da genotipagem foram analisados com o auxílio do

programa FRAGMENT PROFILER 2.1 (GE Healthcare), de onde foi estimado o

tamanho dos alelos (em pb) usando o padrão de genotipagem ET-550 ROX

(GE Healthcare). Foi gerada uma matriz de dados, contendo o genótipo de

todos os indivíduos amostrados nas duas localidades. Essa matriz foi usada

para as análises e estimativas de parâmetros genéticos. Indivíduos idênticos e

diferenças de tamanho entre os alelos de cada genótipo foram checados com o

auxílio dos programas GENALEX 6.2 (Peakall e Smouse, 2006) e MSTOOLS

(Park, 2001). Foram excluídos 18 pb do tamanho de cada alelo

(correspondente ao tamanho do primer/cauda de M13 fluorescente usado na

PCR), conforme sugerido por Schuelke (2000). Com o programa MICRO-

CHECKER 2.2.3 (Van Oosterhout et al., 2004) foi observado a presença de

alelos nulos, stutters (“picos/bandas de gaguejos”) e large dropout, em cada

loco das populações.

Para geração e conversão dos arquivos de entrada, utilizados nos

diferentes programas de análise e estimativa de parâmetros genéticos foram

utilizados os programas MSTOOLS (Park, 2001) e FORMATOMATIC 0.8.1

(Manoukis, 2007).

2.5. Análises estatísticas de genética populacional

O programa FSTAT 2.9.3.2 (Goudet, 2002) foi usado para estimar o

número de alelos (A), o coeficiente de endogamia (FIS) para cada loco e em

cada localidade. Com esse mesmo programa foram calculados o desequilíbrio

de ligação (DL), a riqueza alélica (AR) e o número total de alelos (AT). O

Conteúdo de Polimorfismo Informativo (PIC) (Botstein et al., 1980), a

heterozigosidade observada (HO) e esperada (HE) foram estimados com o

programa MSTOOLS (Park, 2001). O desvio do Equilíbrio de Hardy-Weinberg

(EHW) foi verificado pelo programa GENEPOP v4 (Raymond e Rousset 1995),

o número de alelos exclusivos em cada localidade foi estimado com o

programa GENALEX 6.2 (Peakall e Smouse, 2006) e a média da diversidade

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gênica foi calculada com o programa ARLEQUIN (Excoffier et al., 2005). Os

níveis de significância estatísticos foram ajustados por meio da correção

sequencial de Bonferroni para os testes de EHW e DL (Rice, 1989).

2.6. Estrutura genética populacional

A existência de estrutura genética entre as populações estudadas foi

verificada através das estatísticas F de Wright (Wright, 1951), estimada com o

auxílio do programa FSTAT 2.9.3.2 (Goudet, 2002) e confirmada com os

programas ARLEQUIN (Excoffier et al., 2005) e TFPGA (Miller, 1997). A

distância de Nei (1978) e identidade genética foram calculadas no programa

TFPGA (Miller, 1997). O fluxo gênico foi estimado a partir do numero de

migrantes por geração (Nm), onde Nm=0,25(1-FST)/FST, baseado nos valores

de FST, com ajuda do programa POPGENE 1.31 (Yeh et al., 1999).

A análise da variância molecular (AMOVA) foi estimada com o programa

ARLEQUIN 3.1 (Excoffier et al., 2005), utilizando intervalo de confiança de 95%

e 10000 permutações. Essa análise foi realizada para verificar o grau de

diferenciação genética entre as duas populações estudadas, com base nos

valores de FST.

Para verificar se as populações analisadas apresentam diferenciação

genética foi realizada uma análise bayesiana implementada no programa

STRUCTURE 2.3.1 (Pritchard et al., 2000), que atribui indivíduos a numero k

de populações, assumindo equilíbrio de Hardy-Weinberg e ausência de

desequilíbrio de ligação entre os locos analisados dentro de cada população.

Para essas análises foi usado o modelo de mistura (admixture model), onde

cada indivíduo pode ter ancestrais de mais de uma população, e frequências

alélicas correlacionadas, permitindo uma sensível identificação de populações

sub-estruturadas (Falush et al., 2003).

Foram realizadas 10 réplicas para cada valor de k, variando de um a

quatro, com valores de corte (burnin) de 50.000 permutações e Markov Chain

Monte Carlo (MCMC) com 1.000.000 permutações. O número de clusters (k) foi

inferido pelo método proposto por Pritchard et al (2000), realizado com o auxílio

do programa STRUCTURE HARVESTER 0.56.3 (Earl, 2009), disponível no

sítio http://taylor0.biology.ucla.edu/struct_harvest/. A análise envolvendo o

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programa STRUCTURE foi realizada utilizando os recursos do sítio BioHPC na

internet da unidade de serviço de biologia computacional da Universidade de

Cornell (http://cbsuapps.tc.cornell.edu/index. aspx).

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Loco A Tamanho (pb) HE HO PIC FIS

Ada06 9 96-118 0,713 0,466 0,662 0,349Ada09 7 142-154 0,764 0,772 0,724 -0,010Ada20 11 302-332 0,823 0,733 0,797 0,111Ada23 10 124-168 0,761 0,603 0,719 0,208Ada24 6 221-243 0,737 0,673 0,684 0,088Ada27 10 135-163 0,764 0,561 0,725 0,267Ada32 7 180-198 0,714 0,683 0,659 0,043Ada34 9 89-105 0,792 0,759 0,756 0,042Ada40 15 200-242 0,758 0,638 0,735 0,159Ada41 10 275-301 0,711 0,552 0,671 0,226Ada52 8 134-152 0,713 0,735 0,657 -0,030Ada57 10 188-210 0,861 0,842 0,833 0,022Total 112 89-332 0,759 ± 0,047 0,668 ± 0,104 0,719 ± 0,056 0,123 ± 0,119

3. RESULTADOS

3.1. Análise da variabilidade genética e equilíbrio de Hardy-Weinberg

Foram observados 112 alelos (A), entre os 60 indivíduos das duas

populações de A. darlingi, distribuídos nos doze locos microssatélites, com uma

média de 9,3 alelos por loco. O número de alelos por loco variou entre seis

(Ada24) a 15 (Ada40), e o tamanho em pares de bases variou de 89 a 332. A

heterozigosidade esperada (HE) variou entre 0,711 (Ada41) e 0,861 (Ada57)

com uma média de 0,759 por loco, e a heterozigosidade observada (HO) variou

entre 0,466 (Ada06) e 0,842 (Ada57) com média de 0,668 por loco. A média do

Conteúdo de Polimorfismo Informativo (PIC) foi de 0,719, sendo que o loco

Ada57 apresentou o maior índice (0,833) e o Ada52 o menor (0,657). O loco

Ada06 apresentou o maior coeficiente de endogamia FIS (0,349) (Tabela 03).

Tabela 03. Conteúdo de Polimorfismo Informativo (PIC) e o índice de endogamia (FIS), obtidos para cada um dos doze locos microssatélites de Anopheles darlingi, analisados em duas populações.

Foram observados 44 alelos exclusivos entre os 112 alelos distribuídos

nas duas localidades amostradas, entre os 60 indivíduos de A. darlingi. O alelo

106 (Ada06), presente em São Gabriel da Cachoeira, mostrou a maior

frequência (0,161). As duas populações estudadas apresentaram o mesmo

número de alelos exclusivos (22). O loco Ada40 apresentou o maior numero de

alelos exclusivos (10) e o loco Ada09 o menor número (1) (Tabela 04).

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34

CoariSão Gabriel da

CachoeiraAda06 106 (0,017) 106 (0,161) 5

114 (0,017) 112 (0,089)118 (0,017)

Ada09 142 (0,017) 1Ada20 332 (0,074) 308 (0,139) 4

318 (0,028)322 (0,028)

Ada23 154 (0,033) 132 (0,071) 5162 (0,017) 134 (0,036)168 (0,017)

Ada24 237 (0,019) 2243 (0,056)

Ada27 157 (0,034) 153 (0,018) 3163 (0,034)

Ada32 186 (0,017) 2198 (0,033)

Ada34 89 (0,071) 91 (0,019) 2Ada40 222 (0,048) 200 (0,058) 10

226 (0,024) 202 (0,154)228 (0,024) 224 (0,135)

232 (0,038)236 (0,038)240 (0,019)242 (0,019)

Ada41 285 (0,034) 4289 (0,069)299 (0,017)301 (0,017)

Ada52 134 (0,040) 136 (0,042) 4142 (0,021)152 (0,021)

Ada57 188 (0,024) 2210 (0,095)

Total 22 22 44

Locos Total

População

Foram estimados o numero de alelos, as heterozigosidades observadas

(HO) e esperadas (HE), a probabilidade (P) para o teste de equilíbrio de Hardy-

Weinberg (HWE) e o coeficiente de endogamia (FIS) por loco em cada uma das

duas localidades estudadas (Tabela 05). A heterozigosidade observada (HO)

Tabela 04. Alelos exclusivos (em pb) e suas frequências (valores entre parênteses) analisados em doze locos microssatélites de duas populações de Anopheles darlingi.

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variou entre 0,357 (Ada06 e Ada27 - São Gabriel da Cachoeira) e 0,952 (Ada57

- Coari), enquanto que, a heterozigosidade esperada (HE) variou entre 0,604

(Ada40 - Coari) e 0,871 (Ada57 – Coari). Os valores de FIS variaram entre -

0,064 (Ada09 e Ada32 – Coari) e 0,520 (Ada06 – São Gabriel da Cachoeira).

Foi revelado desvio do equilíbrio de Hardy-Weinberg em apenas uma

localidade amostrada, provavelmente devido ao excesso de homozigotos. A

população de São Gabriel da Cachoeira apresentou dois locos em desequilíbrio

(Ada 06 e Ada27), após a correção de Bonferroni (P=0,0042) (Rice, 1989)

(Tabela 05). Não foi observado desequilíbrio de ligação significativo entre os

locos em nenhuma localidade.

Após uma análise geral, envolvendo os doze locos para cada localidade

(Tabela 06) o número de alelos totais foi igual nas duas populações estudadas

(AT=90), enquanto que a riqueza alélica, a média da diversidade gênica e da

heterozigosidade observada revelaram valores próximos entre elas, sendo que

em Coari encontrou-se valores pouco elevados (AR= 6,74; HO= 0,697;

diversidade gênica = 0,601 ± 0,316). No entanto, a media da heterozigosidade

esperada foi maior em São Gabriel da Cachoeira (0,756) e menor em Coari

(0,737). A média do coeficiente de endogamia (FIS) foi de 0,055 em Coari e

0,166 em São Gabriel da Cachoeira (Tabela 06).

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População Ada06 Ada09 Ada20 Ada23 Ada24 Ada27 Ada32 Ada34 Ada40 Ada41 Ada52 Ada57Coari N 30 28 27 30 25 29 30 28 21 29 25 21

A 7 6 8 8 4 9 7 8 8 10 5 10HO 0,567 0,821 0,741 0,633 0,600 0,759 0,800 0,750 0,476 0,586 0,680 0,952

HE 0,666 0,773 0,819 0,693 0,673 0,800 0,753 0,751 0,604 0,747 0,696 0,871

FIS 0,151 -0,064 0,097 0,087 0,110 0,052 -0,064 0,002 0,216 0,218 0,023 -0,096

HWE 0,073 0,710 0,172 0,537 0,126 0,485 0,845 0,475 0,034 0,350 0,825 0,650São Gabriel

da Cachoeira

N 28 29 18 28 27 28 30 26 26 29 24 17

A 6 7 10 7 6 8 5 8 12 6 7 8HO 0,357 0,724 0,722 0,571 0,741 0,357 0,567 0,769 0,769 0,517 0,792 0,706

HE 0,736 0,751 0,811 0,747 0,781 0,719 0,662 0,790 0,835 0,679 0,740 0,818

FIS 0,520 0,037 0,112 0,239 0,053 0,508 0,146 0,027 0,080 0,241 -0,071 0,141HWE 0,000* 0,032 0,271 0,026 0,071 0,000* 0,047 0,498 0,225 0,126 0,846 0,392

Tabela 05. Índices de diversidade genética obtidos em doze locos microssatélites de Anopheles darlingi, analisados em duas populações do Estado do Amazonas.

N= Número de indivíduos analisados em cada população; A= Número de alelos; HO= Heterozigosidade observada; HE= Heterozigosidade esperada; FIS= Coeficiente de endogamia; HWE= Probabilidade do teste de equilíbrio de Hardy-Weinberg; *p<0,004, após correção de Bonferroni

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População N AT AR

Média da Diversidade

GênicaMédia HO-HE FIS

Coari 30 90 6,741 0,601 ± 0,316 0,697 - 0,737 0,055

São Gabriel da Cachoeira

30 90 6,368 0,593 ± 0,315 0,633 - 0,756 0,166

Tabela 06. Índices genéticos obtidos a partir de doze locos microssatélites de Anopheles darlingi, analisados em duas populações do Estado do Amazonas.

N= número de indivíduos analisados; AT = Número total de alelos; AR = Média do número de alelos por loco ou riqueza alélica; HO= Heterozigosidade média observada; HE=

Heterozigosidade média esperada; FIS = Coeficiente de endogamia.

3.2. Estimativas da estrutura genética populacional

As análises das estatísticas F de Wright (Wright, 1951), considerando

doze locos microssatélites não revelaram estruturação genética entre as

populações estudadas. Os valores mostraram baixa diferenciação genética

entre Coari e São Gabriel da Cachoeira (FST=0,028), com variação maior

dentro de cada população (FIS=0,108), indicando que a variabilidade tem

origem intra-populacional.

Com base nas frequências alélicas, foi estimado o grau de identidade e

de distância genética segundo a metodologia proposta por Nei (1978). Os

valores de identidade genética (0,9082) e de distância genética (0,0962)

indicaram que as duas populações são geneticamente similares.

A análise da variância molecular (AMOVA) mostrou que a maior parte da

variação ocorreu dentro das populações (86,66%). Somente 2,83% da variação

fomos atribuídas entre as populações e 10,5% entre grupos dentro das

populações (Tabela 07). Esses resultados evidenciaram que as populações de

Coari e São Gabriel da Cachoeira não estão estruturadas geneticamente.

A taxa de migração foi calculada pelo programa POPGENE 1.31 (Yeh et

al., 1999), por meio de uma relação não-linear simples, segundo a fórmula

Nm= 0,25 (1- FST) / FST, resultando em uma alta taxa de fluxo gênico (Nm=

9,623) entre as duas populações de A. darlingi do Estado do Amazonas, com

base nos 12 locos microssatélites.

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Fonte de Variação

Grau de liberdade

Soma dos quadrados

Componentes de variação

Porcentagem de variação

Entre populações

1 11,829 0,13114 2,83%

Entre grupos dentro das populações

58 252,791 0,4861 10,50%

Dentro das populaçoes

60 209,000 4,00906 86,66%

Total 119 473,620 4,6263

O número de populações (k) mais provável foi estimado pelo programa

STRUCTURE 2.3.1 (Pritchard et al., 2000), considerando todos os indivíduos

amostrados nas duas localidades, indicando apenas um cluster (k= 1) (Figura

03). O triangulo gerado por esse mesmo programa mostra que as duas

populações se sobrepõem no centro da figura (Figura 04). Esses resultados

indicam uma única população para A. darlingi amostrados nas duas

populações (Coari e São Gabriel da Cachoeira) do Estado do Amazonas.

Tabela 07. Análise da variância molecular (AMOVA) em duas populações de Anopheles darlingi do Estado do Amazonas, utilizando doze locos microssatélites.

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Figura 03. Valor de k=1 cluster, obtido a partir de análise Bayesiana implementada no programa STRUCTURE, para k variando entre 1 a 4. LnP(D)= probabilidade a posteriori, k= número de agrupamentos possíveis.

Figura 04. Triângulo gerado pelo programa STRUCTURE, indicando que todos os indivíduos se encontram no centro.

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4. DISCUSSÃO

A capacidade de adaptação de uma população a um ambiente em

mudança depende da variabilidade genética, que é o conjunto das variações

genéticas que podem existir entre os membros de uma população. A genética

de populações acompanha a variabilidade genética das populações naturais,

delimita populações, define o nível e limite do fluxo gênico, permitindo entender

como a evolução ocorre na natureza. É o estudo de como as leis de Mendel e

outros princípios da genética se aplicam em populações inteiras (Hartl e Clark,

1997).

O modo como à variabilidade genética está organizada nos mostra se

uma população esta estruturada geneticamente, e isso nos permite fazer

melhoramentos genéticos, manejo, conservação, decidir como recuperar

ambientes degradados, ou ainda, subsidiar programas de controle.

4.1. Variabilidade genética em Anopheles darlingi

A variabilidade genética pode ser medida por vários parâmetros, entre

eles, o grau de polimorfismo, o numero total de alelos, e as heterozigosidades

(esperada e observada) são os mais utilizados. A variação genética encontrada

nessas duas populações de A. darlingi, com base nos doze locos analisados

está de acordo com os dados de literatura para essa espécie e outros

culicídeos. A riqueza alélica foi praticamente a mesma nas duas populações

(Tabelas 06). Conn et al. (2006), estudando sete populações brasileiras dessa

espécie, sendo três do Amapá, três do Pará e uma do Mato Grosso do Sul,

utilizando oito locos microssatélites, encontraram um total de 109 alelos com

uma média de 13,5 alelos por loco. Uma grande variação alélica foi encontrada

por Scarpassa e Conn (2007), com sete locos microssatélites, cujo número

total de alelos foi 105, com uma variação entre 5 a 25 alelos por loco, em nove

populações de A. darlingi procedentes da Amazônia brasileira.

Entretanto, Santos et al. (1999), utilizando marcadores isoenzimáticos,

encontraram em média 2,04 alelos por loco em populações da Amazônia

brasileira, indicando baixa diversidade alélica comparada com os marcadores

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microssatélites. Esses resultados confirmam a eficiência dos microssatélites,

denotando que esses podem ser seis vezes mais variáveis do que isoenzimas.

Freitas-Sibajev et al. (1995) realizaram um estudo baseado nos sítios de

restrição do DNA mitocondrial e caracteres morfológicos em quatro populações

de A. darlingi da Amazônia e duas do sudeste brasileiro. A divergência

nucleotídica interpopulacional estimada não foi significativa (0,001-0,008).

Todavia, a população de Manaus, semelhante aos dados isoenzimáticos,

apresentou divergência interpopulacional (0,011-0,019) dentro do limite de

distância genética interespecífica para membros de complexos de espécies de

anofelinos. Estes dados associados aos de cromossomos sugeriram que A.

darlingi podia ser um complexo de espécie.

Variação alélica elevada também foi encontrada por Muturi et al. (2010)

em populações de Anopheles arabiensis do Quênia, cujo numero de alelos por

loco variou de três a 10 alelos. Maior variação foi encontrada em populações

de Anopheles albimanus da Colômbia por Gutierrez et al. (2009), utilizando

quatro locos microssatélites, onde o numero de alelos variou de 3 a 16, e a

média de alelos por loco foi de 7,94.

Resultados similares também foram encontrados em espécies de Aedes,

vetores da dengue e de outras arboviroses por Endersby et al (2009) e Bataille

et al. (2009). Os primeiros autores analisaram seis locos microssatélites de

Aedes aegypti em populações da Austrália e Vietnã, e encontraram um numero

de alelos por loco variando de 5 a 18. Os segundos autores (Bataille et al.,

2009), caracterizaram doze locos microssatélites polimórficos de Aedes

taeniorhynchus, procedentes da Ilha de Santa Cruz no Equador, e encontraram

uma variação de 2 a 15 alelos por locos.

Em relação ao Equilíbrio de Hardy-Weinberg, foi encontrado desvio

significativo em dois locos (Ada06 e Ada27) somente na população de São

Gabriel da Cachoeira, provavelmente, devido ao excesso de homozigotos,

indicados pelos valores do coeficiente de endogamia (FIS) desses locos (0,520

e 0,508). Não foi observado desequilíbrio de ligação entre os locos em

nenhuma das populações estudadas.

Desvio do equilíbrio genético resultante do excesso de indivíduos

homozigotos foi também observado por Santos et al. (1999), utilizando

isoenzimas em populações da Amazônia dessa mesma espécie. No entanto,

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esses dados diferiram, quando comparados com os da variabilidade

cromossômica, que mostraram excesso de heterozigotos em populações da

mesma área geográfica.

Desvio do equilíbrio de Hardy-Weinberg, detectado pelo coeficiente de

endogamia (FIS), indicando deficiência de heterozigoto, devido à presença de

alelos nulos, efeito Wahlund ou seleção foi reportado por vários autores

(Mirabello et al., 2008; Scarpassa e Conn, 2007; Conn et al., 2006). A presença

de alelos nulos pode ser resultado da baixa informação dos primers, devido ao

grande acumulo de mutações na região flanqueadora, impossibilitando a

amplificação da PCR, resultando numa alta frequência de alelos nulos.

Deficiência de heterozigotos em relação ao equilíbrio de Hardy-

Weinberg é comumente detectada por locos microssatélites em anofelinos,

Anopheles dirus (Walton et al., 2001), Anopheles gambie (Lehmann et al.,

2003; Onyabe e Conn, 2001), Anopheles funestus (Temu et al., 2004),

Anopheles albimanus (Molina-Cruz et al., 2004; Gutierrez et al., 2009),

Anopheles arabiensis (Temu e Yan, 2005) e Anopheles moucheti (Antonio-

Nkondjio et al., 2008).

Resultados semelhantes foram encontrados em populações de Aedes

aegypti do Rio de Janeiro, com marcadores microssatélites por Costa-Ribeiro

et al. (2006), que detectaram desvios significativos do Equilíbrio de Hardy-

Weinberg, também, decorrente do déficit de heterozigotos, devido a forte

pressão de seleção, presença de alelos nulos, endogamia ou efeito Wahlund.

A grande variação quanto a heterozigosidade observada (HO= 0,466 -

0,842) e elevada heterozigosidade esperada (HE= 0,711- 0,861) somadas a

grande variação alélica obtida nesse trabalho indicam elevada variabilidade

genética nas duas populações de A. darlingi analisadas com esses

marcadores. Os valores médios de heterozigosidades, em cada uma das

populações estudadas foram semelhantes (Coari - HE= 0,737; HO= 0,697 e São

Gabriel da Cachoeira - HE= 0,758; HO= 0,633). No entanto, a média da

diversidade gênica foi maior em Coari (0,601 ± 0,316).

Valores similares foram encontrados por Scarpassa e Conn (2007)

quando analisaram populações de A. darlingi da Amazônia brasileira e

verificaram elevada variabilidade genética, com a média de heterozigosidade

esperada variando entre 0,692 a 0,855. Entre as populações analisadas no

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Estado do Amazonas, Coari apresentou heterozigosidade esperada de 0,776 ±

0,41, semelhante a encontrada nesse estudo na mesma localidade (HE=0,737).

Mirabello et al. (2008), analisando populações dessa mesma espécie

procedentes da América Central e do Sul, também com marcadores

microssatélites, encontraram níveis elevados de polimorfismo na Amazônia

brasileira e peruana, e um baixo nível na América Central. No Peru a

heterozigosidade observada variou entre 0,44 – 0,86, no Brasil variou entre

0,74 – 0,93, e em Belize e Guatemala variou entre 0,12 – 0,68.

No entanto, outros estudos utilizando diferentes marcadores moleculares

têm mostrado moderado nível de variabilidade genética entre populações de A.

darlingi. Manguin et al. (1999), usando isoenzimas e RAPD, encontraram

valores de heterozigosidade variando entre 0,063 a 0,122, com media de 0,100

± 0,023 entre todas as populações de A. darlingi da América Central e do Sul.

Nesse estudo, os autores encontraram baixa variabilidade genética nas

populações de Belize (0,063), comparadas com as populações da América do

Sul (0,107). Eles interpretaram como sendo, provavelmente, devido à perda de

alelos em populações que estão confinadas a ambientes restritos, como ocorre

na América Central, causando o efeito gargalo de garrafa (bottleneck),

resultando em populações menos polimórficas.

Pinedo-Cancino et al. (2006), utilizando RAPD em populações de A.

darlingi da Amazônia peruana, encontraram valores de heterozigosidade

esperada variando entre 0,27 a 0,32, demonstrando variabilidade genética um

pouco maior do que as verificadas por Manguin et al. (1999). Contudo esses

resultados ainda foram bem menores do que os obtidos no presente estudo.

Um outro estudo realizado com marcadores RAPD feito por Silva et al.

(2008), em quatro populações de A. darlingi da Amazônia brasileira, revelaram

elevada variabilidade genética nessas populações. Das quatro populações

analisadas, a de São Gabriel da Cachoeira apresentou maior variabilidade

genética (P= 97,37%; HE= 0,3202) e a menor foi observada na população de

Manaus (P= 78,94%; HE= 0,2741).

Níveis elevados de variabilidade genética foram observados em outros

anofelinos, usando marcadores microssatélites. Anopheles albimanus, um

importante vetor do Caribe e regiões da Colômbia, revelaram heterozigosidade

esperada variando entre 0,681 em La Ensenada a 0,784 em Turbo, com média

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de 0,746 (Gutierrez et al., 2009). Populações de Anopheles arabiensis

provenientes do Quênia, apresentaram média de heterozigosidade observada

elevada, variando entre 0,558 e 0,608, comparada com as observadas nos

mesmos locos na África ocidental (Muturi et al., 2010). Anopheles gambie,

principal vetor da África, apresentou heterozigosidade esperada variando de

0,56 a 0,76 (Midega et al., 2010). Ampla variação foi observada em Anopheles

moucheti, que revelou heterozigosidade esperada variando de 0,228 a 0,833, e

média de 0,689 (Antonio-Nkondjio et al., 2008). Esses resultados foram

similares ao encontrado nas duas populações de A. darlingi analisadas nesse

estudo.

4.2. Estrutura genética em populações de Anopheles darlingi

Estrutura genética populacional é o modo como à variabilidade genética

esta organizada em populações. Entender como uma população está

estruturada geneticamente é importante para conservação genética,

melhoramento genético, manejo, recuperação de ambientes degradados e

controle de vetores de doenças.

A deriva genética, o fluxo gênico, a mutação e a seleção são fatores que

interferem na variação genética, contribuindo para a estruturação genética

populacional. Quanto maior a deriva, a mutação e a seleção, maior a

estruturação da variação genética. Quanto mais intenso o fluxo gênico, menor

a probabilidade de estruturação populacional.

Normalmente, numa dada população, a estruturação genética inicia a

partir da diferenciação genética intrapopulacional ou desvio da panmixia dentro

das subpopulações (FIS>FST). Este processo foi observado nas duas

populações de A. darlingi analisadas com base nos doze locos microssatélites,

em que o valor de FIS (0,108) foi maior do que o de FST (0,028), indicando

diferenciação genética entre as populações de apenas 2,8%.

Pequena diferenciação genética intrapopulacional também foi

encontrada em populações de A. darlingi da Amazônia, numa análise

isoenzimática (FIS= 0,083 > FST= 0,026), permitendo verificar que a maior

variabilidade genética é de origem intrapopulacional. Grande similaridade

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genética entre as populações da Amazônia (D= 0,010-0,024) também foi

observada (Santos et al., 1999).

Utilizando caracteres morfológicos, isoenzimas, DNA ribossômico (ITS-

2) e RAPD em populações de A. darlingi procedentes de sete países na

América Central e do Sul, valores significantes de FST (0,102 - 0,204) entre

populações dessas localidades foram obtidos, apesar da elevada identidade

genética (I= 0,976- 0,995) dentro das populações. A população de Belize

apresentou uma pequena deleção de três bases (CCC), quando comparada

com as populações da América do Sul, que representa uma diferença de

0,74% de variação intraespecífica no ITS2 (Manguin et al., 1999).

Marcadores RAPD aplicados em quatro populações de A. darlingi da

Amazônia brasileira, revelaram pequena estruturação microgeográfica,

decorrente de alguma barreira, indicando redução do fluxo gênico entre essas

populações (FST= 0,0851 ± 0,0075) (Silva et al., 2008).

Por outro lado, Pinedo-Cancino et al. (2006), encontraram valores

similares aos desse trabalho, em populações desse mosquito na Amazônia

peruana, com esse mesmo marcador, e diferentes dos obtidos por Silva et al.

(2008) em populações desse mosquito da Amazônia brasileira. Os valores de

FST e de distancia genética obtidos nas nove populações peruanas (FST= 0,030;

D= 0,017), mostraram tratar-se de populações homogêneas.

Angêlla et al. (2007) analisaram populações de A. darlingi provenientes

de quatro localidades de Porto Velho, utilizando o sequenciamento de um

fragmento do gene mitocondrial ND4. Do total de 218 indivíduos coletados em

diferentes períodos, foram obtidos 20 haplótipos, com índice de divergência de

0,756, sugerindo presença de sub-populações. Apesar da elevada diversidade

haplótipa, comparações de mosquitos coletados em dois períodos diferentes

(Abril e Outubro) não revelaram diferenciação significativa (FST= 0,005) entre as

populações. O mesmo padrão de distribuição de haplótipos foi observado por

Molina-Cruz et al. (2004) em populações de Anopheles albimanus da América

Central.

Conn et al. (2006) utilizando oito locos microssatélites em populações de

A. darlingi dos estados do Amapá, Pará e Mato Grosso, mostraram valores de

heterozigosidade e de FST bastante elevados (HE= 0,834; FST= 0,1841),

indicando estruturação genética, e grande diferença entre as populações das

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regiões norte e sul do rio Amazonas, propondo um grau de isolamento genético

atribuído, possivelmente, a isolamento por distância.

Ainda, baseados nesses mesmos locos microssatélites, Scarpassa e

Conn (2007), analisaram a variabilidade genética de nove populações de A.

darlingi da Amazônia brasileira, e verificaram que o FIS foi positivo na maioria

das populações, sendo o valor médio de FST de 0,044, elevado fluxo gênico

entre populações com distância menor ou igual a 152 km, e reduzido, mas não

ausente entre populações com escala geográfica maior. Esse estudo sugere

pouca estrutura genética para A. darlingi na Amazônia brasileira central e

ocidental.

Mirabello et al. (2008) analisaram a estrutura genética de 31 populações

de A. darlingi procedentes da América Central, Amazônia peruana e brasileira,

usando 5-8 locos microssatélites, e encontraram diferenciação genética

significativa (FST = 0,1859 – 0,3901; P < 0,05) entre populações da América

Central e da Amazônia. Baseado na distância genética foram encontrados dois

grupos de populações, um incluindo as populações de Belize e Guatemala

(genótipo 1) e o outro, incluindo todas as amostras da Amazônia peruana e

brasileira (genótipo 2). Estimativas do fluxo gênico revelaram baixo ou

nenhuma recorrência entre o genótipo 1 e 2, com moderado nível de

diferenciação genética, atribuído ao isolamento por distância.

A maior porcentagem de variação genética encontrada dentro das

populações (86,66%) de A. darlingi desse trabalho corrobora com os obtidos

pelo FST, mostrando que não houve diferenciação genética significativa entre as

mesmas. Resultados semelhantes foram obtidos por Scarpassa e Conn,

(2007), que encontraram 94 - 95% (P<0,001) da variação genética entre as

populações, cerca de 3% entre grupos e apenas 2% entre populações dentro

de grupos, havendo uma correlação significativa entre a distância geográfica e

os valores de FST (R²=0,893; P<0,0002), o que apóia o modelo de isolamento

por distância.

Ao analisar a variância molecular em populações de A. darlingi da

Amazônia brasileira oriental Conn et al. (2006) observaram 84% de variação

dentro das populações, mas evidenciaram variação significativa (12-13%) entre

as populações do Estado do Amapá e Pará.

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Baseado em DNA mitocôndrial Angêlla et al. (2007), não evidenciaram

estrutura genética dentro das populações de Porto Velho (RO), com o teste da

AMOVA. A maior parte da diferenciação genética (99,86%) foi explicada

quando comparados entre indivíduos, independentemente, do ponto de coleta

ou período de coleta, indicando presença de sub-populações.

Muturi et al. (2010), analisando estrutura genética populacional de

Anopheles arabiensis no Quênia Central, com nove locos microssatélites, não

encontraram diferença genética significativa entre as populações analisadas,

com somente 0,6% da variação entre populações, enquanto que uma elevada

quantidade de variação (99,4%) foi observada dentro das mesmas.

A alta taxa de fluxo gênico (Nm= 9,62) encontrada entre as populações

de Coari e São Gabriel da Cachoeira, medida pelo número de indivíduos

migrantes, com base nos valores de FST, indica que elas podem ser

consideradas uma única população panmítica. Segundo Kimura e Maruyama

(1971), as populações estão diferenciadas geneticamente quando o Nm<1, e

consideradas como uma única população panmítica quando o Nm>4.

A existência de uma única população foi corroborada com o programa

STRUCTURE 2.3.1 (Pritchard et al., 2000), por meio da análise Bayesiana,

considerando todos os indivíduos analisados nas duas localidades, indicando

apenas um cluster (k= 1).

Situação semelhante foi observada por Scarpassa e Conn (2007) entre

populações de A. darlingi de Coari (AM) e Porto Velho (RO), separadas por

uma grande distância geográfica, que apresentaram baixa diferenciação

genética e grande fluxo gênico (FST= 0,030 e 0,024; Nm= 16,2 e 20,0;

respectivamente).

Pinedo-Cancino et al. (2006), utilizando RAPD em populações de A.

darlingi da Amazônia peruana, encontraram elevados valores de Nm (8,0 -

29,7), sugerindo que o fluxo gênico, ao contrário da deriva genética, é o fator

evolutivo que está atuando sobre a ausência de estrutura genética dessas

populações de mosquitos, interferindo fortemente na variabilidade genética

entre elas. Os autores acreditam que esses mosquitos pertenceram a uma

única população ancestral que se expandiu muito recentemente e não houve

tempo suficiente para se diferenciar.

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Dessa forma, apesar das distâncias e barreiras geográficas, as

populações de A. darlingi de Coari e São Gabriel da Cachoeira no Estado do

Amazonas, são geneticamente semelhantes, conforme indicam os valores de

distância genética; apresentam taxas de fluxo gênico elevado e são

consideradas como uma única população, podendo ser usado à mesma ação

epidemiológica nas duas populações estudadas. Assim, o conhecimento da

estrutura genética das populações pode contribuir de forma mais efetiva para

subsidiar programas de controle desse vetor.

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5. CONCLUSÕES GERAIS

• Os 36 locos microssatélites isolados e caracterizados mostram-se

eficientes para a análise da variabilidade genética de populações de

Anopheles darlingi (Capitulo I);

• A amplificação heteróloga de 24 locos microssatélites resultou em oito

locos amplificados nas três espécies testadas do subgênero

Nyssorrynchus, sendo 17 em pelo menos uma. O número de locos

amplificados variou entre 10 (A. rangeli) e 15 (A. benarrochi). Treze

locos foram polimórficos em pelo menos uma espécie e variou entre oito,

em A. rangeli, e 13 locos, em A. triannulatus (Capitulo I);

• Os locos microssatélites isolados poderão ser usados como eficientes

marcadores para investigar genética de populações e mapeamento

genético de A. darlingi e de outras espécies de Anopheles (Capitulo I);

• Os 12 locos microssatélites foram eficientes para a análise da

variabilidade e estrutura genética nas duas populações de A. darlingi do

Estado do Amazonas (Capitulo II);

• As duas populações estudadas apresentaram níveis elevados de

variabilidade genética (Capitulo II);

• Apenas a população de São Gabriel da Cachoeira apresentou dois locos

desviando do equilíbrio de Hardy-Weinberg, devido ao excesso de

homozigotos (Capitulo II);

• O fluxo gênico entre Coari e São Gabriel da Cachoeira foi elevado,

conforme calculado pelo numero de migrantes (Nm), baseado nos

valores de FST (Capitulo II);

• As estatísticas F de Wright revelaram baixa diferenciação genética entre

as populações, e mostraram que a variabilidade genética é

intrapopulacional (Capitulo II);

• As populações de Coari e São Gabriel da Cachoeira são geneticamente

similares, segundo a distância genética (Capitulo II);

• As duas populações analisadas foram agrupadas em um único cluster

(k=1), sugerindo que elas são altamente homogêneas, consideradas

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uma única população panmítica. Assim, pode-se usar nas duas

populações estudadas, a mesma ação epidemiológica, em programas

de controle da malária (Capitulo II).

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APÊNDICE A

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