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outubro de 2014
Sílvia Daniela Vieira Costa
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Universidade do MinhoInstituto de Educação
Resolução de problemas no Ensino Básico: As dificuldades que surgem na concretização das diferentes fases do modelo de Polya
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Relatório de EstágioMestrado em Ensino do 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico
Trabalho realizado sob a orientação da
Doutora Maria Helena Martinho
Universidade do MinhoInstituto de Educação
outubro de 2014
Sílvia Daniela Vieira Costa
Resolução de problemas no Ensino Básico: As dificuldades que surgem na concretização das diferentes fases do modelo de Polya
iii
AGRADECIMENTOS
Um enorme Obrigada,
Aos meus alunos pelo acolhimento, entrega, interesse, entusiasmo durante todo o projeto
e por me ajudarem a tornar numa melhor professora. Cada um deles tem um lugar especial no
meu coração.
À professora titular de turma, Fátima Araújo, por toda a orientação, pelos conselhos, pelo
apoio e dedicação, pela amabilidade e entrega. Para além de professora foi também uma amiga
que me deu alento e força para continuar.
À Doutora Maria Helena Martinho, minha orientadora, pela disponibilidade e dedicação,
pelos incentivos, pela paciência e confiança, pelas sugestões, críticas e ensinamentos que
contribuíram para o meu crescimento profissional. Não era possível ter melhor orientadora de
estágio.
Aos meus pais e irmã, pelo amor incondicional, pela força e incentivo, por estarem
sempre presentes e acreditarem em mim e, sobretudo, por serem quem são.
Ao meu namorado, pela perseverança e compreensão, pelo carinho, pela ajuda e por
acreditar que seria capaz de alcançar a meta tão desejada. Por estar sempre ao meu lado
quando precisei e por ter ouvido todos os meus desabafos.
À Joana, pela amizade ao longo do ano de estágio, pela partilha, pelo apoio e
cumplicidade. Sem a sua amizade este percurso não teria o mesmo sentido.
À minha avó, que é a estrela mais brilhante que existe no céu, que me acompanha
diariamente, e pela qual conduzo a minha vida.
A todas as pessoas que de algum modo me encorajaram e me deram ânimo, permitindo
assim que este projeto se desenvolvesse.
iv
A realização deste mestrado foi apoiada financeiramente por fundos nacionais através da FCT–
Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do Projeto LiDEs – a literacia das disciplinas
escolares: Características e desafios para mais engagement e aprendizagem (FCOMP-01-0124-
FEDER-041405 (Refª. FCT, EXPL/MHC-CED/0645/2013)).
v
“Sem a curiosidade que me move,
que me inquieta, que me insere na busca,
não aprendo nem ensino.”
(Paulo Freire)
vi
vii
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO ENSINO BÁSICO: AS DIFICULDADES QUE SURGEM NA
CONCRETIZAÇÃO DAS DIFERENTES FASES DO MODELO DE POLYA
Sílvia Daniela Vieira Costa Relatório de Estágio
Mestrado em Ensino do 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico Universidade do Minho - 2014
RESUMO
Este projeto exibiu um percurso investigativo numa turma do ensino básico, e tinha por
objetivo perceber as dificuldades que os alunos possuíam nas diferentes fases do modelo de
Polya (1995) ao longo da resolução de problemas, bem como trabalhar as distintas fases no
sentido de eliminar as falhas existentes. Deste modo, procurei dar resposta às seguintes
questões: Q1- Como é que os alunos resolviam os problemas?; Q2- Que dificuldades é que os
alunos evidenciavam durante a resolução de problemas?; Q3- Como é que os alunos evoluíram
ao longo da intervenção pedagógica na sua capacidade de resolução de problemas? A
intervenção pedagógica caracterizou-se como um projeto de investigação-ação de índole
qualitativo. Durante as intervenções recorri a vários instrumentos de recolha de dados, como a
observação com recurso a gravações audiovisuais, diário da professora-estagiária subdivido em
diário de registos e de reflexão, produções dos alunos e, por fim, uma ficha de reflexão,
aplicando as pedagogias de ensino consideradas mais adequadas.
Para tal, o trabalho teve início com um problema que tinha por finalidade perceber como
os alunos o resolviam, possibilitando assim a recolha pormenorizada das dificuldades existentes
nas fases do modelo de Polya. As intervenções seguintes serviram para explorar detalhadamente
cada uma das fases, com vista a colmatar as lacunas encontradas. Desta forma, forneci vários
problemas que possibilitassem trabalhar a compreensão do problema, estabelecimento e
execução de um plano e verificação dos resultados.
No fim das intervenções, os alunos já possuíam métodos para analisar e estudar o
enunciado, e, deste modo, perceber o problema, conseguindo assim distinguir a informação
relevante da acessória. No que diz respeito ao estabelecimento e execução do plano, aqueles
que inicialmente manifestavam dificuldades neste nível, começaram a aplicar estratégias, não
empregando apenas as quatro operações. O problema que permitiu o primeiro contacto com
algumas estratégias de resolução foi importante, pois, a partir deste, os alunos perceberam que
existem diferentes estratégias, aplicando-as nos problemas seguintes, chegando mesmo a
encontrar outras distintas das exploradas. No que diz respeito à fase da verificação dos
resultados, esta era completamente desconhecida pelos alunos. Contudo, após bastante
trabalho e insistência, conseguiram explicar como pensaram para resolver o problema.
viii
ix
PROBLEM SOLVING IN THE BASIC EDUCATION: THE ARISING PROBLEMS IN THE
ACHIEVEMENT OF DIFFERENT STAGES OF MODEL POLYA
Sílvia Daniela Vieira Costa Internship Report
Master in Teaching 1st and 2nd Cycle of Basic Education University of Minho - 2014
ABSTRACT
This project displayed an investigative journey in a class of the basic school, and aimed to
understand the difficulties that students had in different stages of Polya (1995) model throughout
problem solving as well as working distinct stages in order to eliminate existent flaws. Thus I tried
to answer the following questions: Q1 How do students solve problems?; Q2- What difficulties do
students demonstrated during problem solving?; Q3- How do students developed throughout the
pedagogical intervention in their ability to solve problems? The educational intervention was
characterized as an action-research project of qualitative nature. During interventions various
instruments of data collection were used, such as: observation, using audiovisual recordings,
teacher-intern diary subdivided into daily records and reflection, productions of students and,
finally, a reflection rubric, using the most appropriate teaching methods.
To this end, the work began with a problem in order to see how students would solved it,
thus allowing a detailed understanding of the existing difficulties in the stages of the Polya model.
The following interventions were used to explore in detail each stage of problem solving, in order
to fill and overcome the found gaps. Thus, I have provided various problems that would enable to
work the understanding of the problem, establishing and executing a plan and the verification of
the results.
At the end of the interventions, students already had methods to analyse and study the
problem and thus solving the problem, meaning they were able to distinguish the accessory
information from the elementary and relevant one. In what concerns the establishment and
execution of the plan, those who initially manifested difficulties at this level, began to implement
strategies, not employing only the four operations. The problem which allowed the first contact
with some resolution strategies was important because from this, students realized that there are
different strategies, applying them in the following problem solving, and even finding distinct from
those explored. Regarding results verification stage, this was unknown by students. However,
after a lot of hard work and resilience, they managed to explain how they thought about the way
to fix the problem.
x
xi
Índice
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
1.1. Contextualização ....................................................................................................... 1
1.2. Objetivo do tema e questões de investigação ............................................................. 1
1.3. Organização geral do relatório ................................................................................... 2
ENQUADRAMENTO TEÓRICO.................................................................................................... 3
2.1. Conceito de problema................................................................................................ 3
2.2. A resolução de problemas e a sua importância .......................................................... 6
2.3. Modelos usados na resolução de problemas .............................................................. 9
2.4. Tipos de problemas ................................................................................................. 15
2.5. Estratégias de resolução de problemas .................................................................... 18
METODOLOGIA ....................................................................................................................... 21
3.1. Opções metodológicas ................................................................................................. 21
3.2. Contexto de intervenção ............................................................................................... 23
3.2.1. Caraterização da escola do 1º Ciclo ...................................................................... 23
3.2.2. Caraterização dos alunos da turma do 1º Ciclo ..................................................... 24
3.2.3. Caraterização da escola do 2º Ciclo ...................................................................... 24
3.2.4. Caraterização dos alunos da turma do 2º Ciclo ..................................................... 25
3.2.5. Justificação do contexto de intervenção contemplado no estudo ............................ 26
3.3. Pedagogias de ensino .................................................................................................. 27
3.4. Instrumentos de recolha de dados ............................................................................... 28
3.5. Fases do estudo .......................................................................................................... 31
3.6. Análise de dados ......................................................................................................... 34
xii
3.7. Intervenção.................................................................................................................. 35
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ....................................................................................... 45
4.1. Problemas matemáticos .............................................................................................. 45
4.1.1. Problema 1 – concurso de leitura ......................................................................... 45
4.1.2. Problema 2 – visita à quinta de Santo Inácio ......................................................... 49
4.1.3. Problema 3 – disfarces de carnaval ...................................................................... 54
4.1.4. Problema 4 – pães com diferentes recheios .......................................................... 58
4.1.5. Problema 5 – os vernizes da Mariana.................................................................... 62
4.1.6. Problema 6 – coelhos e faisões............................................................................. 66
4.1.7. Problema 7 – filas de meninos .............................................................................. 71
4.2. Cruzamento da informação .......................................................................................... 77
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 81
5.1. Conclusões do estudo .................................................................................................. 81
5.1.1. Como é que os alunos resolviam os problemas? .................................................... 81
5.1.2. Que dificuldades é que os alunos evidenciavam durante a resolução de problemas?
...................................................................................................................................... 81
5.1.3. Como é que os alunos evoluíram ao longo da intervenção pedagógica na sua
capacidade de resolução de problemas? .......................................................................... 82
5.2. Reflexão final do estudo ............................................................................................... 83
5.3. Limitações e dificuldades do estudo ............................................................................. 84
5.4. Futuras investigações .................................................................................................. 85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 87
................................................................................................................................... 91 Anexos
Anexo 1 – Questões da ficha de reflexão ............................................................................. 93
Anexo 2 – Pedido de autorização ........................................................................................ 95
Anexo 3 – Fichas do 1º ciclo ............................................................................................... 97
Anexo 4 – Fichas do 2º ciclo ............................................................................................. 117
xiii
Índice de figuras
Figura 1 - Divisão do tempo dos alunos nas etapas de resolução de problemas ....................... 13
Figura 2 - Divisão do tempo que seria esperada pelos alunos para a resolução de problemas .. 13
Figura 3 - Fases fundamentais da intervenção ......................................................................... 23
Figura 4 - Enunciado do problema concurso de leitura ............................................................ 45
Figura 5 - Resolução da Sara .................................................................................................. 46
Figura 6 - Resolução do Bruno ................................................................................................ 47
Figura 7 - Resolução da Cátia.................................................................................................. 49
Figura 8 - Enunciado do problema visita à quinta de Santo Inácio ............................................ 50
Figura 9 - Resposta da Marisa a uma questão orientadora ....................................................... 50
Figura 10 - Resposta do Dinis a uma questão orientadora ....................................................... 51
Figura 11 - Resolução da Marisa ............................................................................................. 51
Figura 12 - Enunciado do problema disfarces de carnaval ....................................................... 54
Figura 13 - Enunciado sublinhado e resposta da Íris a uma questão orientadora ...................... 55
Figura 14 - Enunciado sublinhado e resposta da Filipa a uma questão orientadora .................. 55
Figura 15 - Enunciado sublinhado e resposta do Miguel a uma questão orientadora................. 55
Figura 16 - Resposta do Miguel a uma questão orientadora ..................................................... 56
Figura 17 - Enunciado sublinhado e respostas da Íris a duas questões orientadoras ................ 56
Figura 18 - Enunciado do problema pães com diferentes recheios ........................................... 59
Figura 19 - Estratégia de resolução usada pelo grupo do Tomás .............................................. 59
Figura 20 - Estratégia de resolução usada pelo grupo da Marta ............................................... 60
Figura 21 - Resolução do grupo da Isabel ................................................................................ 60
Figura 22 - Resolução do grupo da Cátia ................................................................................. 61
Figura 23 - Enunciado do problema os vernizes da Mariana..................................................... 62
Figura 24 - Enunciado do problema sublinhado pelo Gil........................................................... 63
Figura 25 - Enunciado do problema sublinhado pelo Tomás .................................................... 63
Figura 26 - Resposta do Gil a uma questão orientadora ........................................................... 63
Figura 27 - Resposta do Tomás a uma questão orientadora ..................................................... 64
Figura 28 - Resposta do Gil a uma questão orientadora ........................................................... 64
Figura 29 - Resolução do Gil ................................................................................................... 65
Figura 30 - Enunciado do problema coelhos e faisões.............................................................. 66
Figura 31 - Enunciado sublinhado pela Isabel .......................................................................... 67
xiv
Figura 32 - Resposta da Marta a duas questões orientadoras .................................................. 67
Figura 33 - Resolução da Marta .............................................................................................. 68
Figura 34 - Resolução da Isabel .............................................................................................. 68
Figura 35 - Resolução da Filipa ............................................................................................... 69
Figura 36 - Explicação da Marta .............................................................................................. 69
Figura 37 - Enunciado do problema filas de meninos ............................................................... 72
Figura 38 - Enunciado do problema sublinhado pela Luísa, Marisa, Isabel e Artur .................... 72
Figura 39 - Resolução do problema do grupo da Luísa, Marisa, Isabel e Artur .......................... 73
Figura 40 - Resolução do problema do grupo da Mariana, Miguel, Guilherme e Bruno.............. 73
Figura 41 - Alunos no recreio a tentar resolver o problema ...................................................... 73
Figura 42 - Alunos no recreio a tentar resolver o problema ...................................................... 74
Figura 43 - Manipulação dos materiais enquanto procuravam uma solução para o problema ... 74
Figura 44 - Resolução do problema do grupo da Luísa, Marisa, Isabel e Artur .......................... 75
Figura 45 - Explicação do grupo da Cátia, Sara, Filipe e Tomás ............................................... 75
Figura 46 - Explicação da resolução do problema à turma ....................................................... 76
Índice de tabelas
Tabela 1 - Possíveis questões e sugestões para auxiliar nas diferentes fases de resolução de
problemas .............................................................................................................................. 12
Tabela 2 - Instrumentos de recolha de dados que pretendem dar resposta às questões
formuladas ............................................................................................................................. 31
Tabela 3 - Categorias de análise de dados ............................................................................... 35
Tabela 4 - Planeamento das aulas ........................................................................................... 35
Tabela 5 - Problemas usados para a análise ............................................................................ 36
Tabela 6 - Objetivo das três questões usadas durante a resolução de problemas ..................... 38
Tabela 7 - Fichas que respondem às questões de investigação ................................................ 43
Tabela 8 - Planeamento das aulas ........................................................................................... 44
Índice de episódios
Episódio 1 .............................................................................................................................. 47
Episódio 2 .............................................................................................................................. 48
xv
Episódio 3 .............................................................................................................................. 52
Episódio 4 .............................................................................................................................. 53
Episódio 5 .............................................................................................................................. 53
Episódio 6 .............................................................................................................................. 53
Episódio 7 .............................................................................................................................. 57
Episódio 8 .............................................................................................................................. 57
Episódio 9 .............................................................................................................................. 58
Episódio 10 ............................................................................................................................ 61
Episódio 11 ............................................................................................................................ 62
Episódio 12 ............................................................................................................................ 65
Episódio 13 ............................................................................................................................ 66
Episódio 14 ............................................................................................................................ 70
Episódio 15 ............................................................................................................................ 70
Episódio 16 ............................................................................................................................ 71
Episódio 17 ............................................................................................................................ 76
Episódio 18 ............................................................................................................................ 77
xvi
1
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O presente relatório contém a documentação de um trabalho de investigação realizado no
âmbito da Unidade Curricular Prática de Ensino Supervisionada do Mestrado em Ensino do 1.º e
2.º Ciclo do Ensino Básico, em turmas do Ensino Básico do concelho de Vila Nova de Famalicão.
O tema selecionado para este projeto de intervenção diz respeito à resolução de problemas
matemáticos atendendo às dificuldades que os alunos possuem nas diferentes fases do modelo
de Polya.
1.1. Contextualização
Em Portugal, no fim da década de 80, os currículos do ensino básico e secundário
começaram a “(…) dar primazia e importância à resolução de problemas” (Vieira, 2008, p. 7).
Porém, apesar da relevância deste tema, os resultados obtidos nesta área ainda ficam muito
aquém do esperado. Assim, e tal como refere Vieira (2008), é indispensável haver uma alteração
que faça com que o valor e importância da resolução de problemas em matemática seja
realçada no dia-a-dia das práticas escolares. De tal modo, de acordo com Fernandes (2011), é
imprescindível proporcionar múltiplas oportunidades para que os alunos resolvam diferentes
problemas numa diversidade de contextos, interpretem enunciados, analisem e reflitam sobre as
estratégias de resolução, bem como sobre a viabilidade dos resultados obtidos.
1.2. Objetivo do tema e questões de investigação
Considerei pertinente abordar o tema resolução de problemas, para tentar perceber quais
as dificuldades que os alunos apresentavam, ao longo das resoluções, nas diferentes etapas do
modelo de Polya e, desta forma, explorar cada uma das fases com o intuito de colmatar as
lacunas existentes.
Atendendo ao objetivo do estudo procurei dar resposta às seguintes questões de
investigação:
Q1- Como é que os alunos resolviam os problemas?
Q2- Que dificuldades é que os alunos evidenciavam durante a resolução de problemas?
2
Q3- Como é que os alunos evoluíram ao longo da intervenção pedagógica na sua
capacidade de resolução de problemas?
1.3. Organização geral do relatório
Este relatório organiza-se em cinco capítulos. No primeiro capítulo, Introdução, encontra-
se uma contextualização do trabalho, o objetivo do tema e questões de investigação e, por
último, a organização geral do relatório.
O segundo capítulo diz respeito ao Enquadramento Teórico. Este abarca, com base na
literatura, o conceito de problema, a resolução de problemas e a sua importância, os modelos
usados na resolução de problemas, tipos de problemas e, por fim, expõe ainda estratégias de
resolução de problemas.
Relativamente ao terceiro capítulo, Metodologia, apresenta-se e justifica-se as opções
metodológicas adotadas. De seguida existe o contexto de intervenção que se subdivide em
caraterização da escola, caraterização dos alunos da turma e justificação do contexto de
intervenção contemplado no estudo. Neste ainda se patenteiam as pedagogias de ensino, os
instrumentos de recolha de dados, as fases do estudo, a análise de dados e, finalmente, a
intervenção.
No quarto capítulo faz-se uma Apresentação dos Resultados. Neste mostra-se os
problemas matemáticos propostos aos alunos, explorando-se e exibindo-se as diferentes
resoluções destes, as dificuldades manifestadas ao longo das resoluções e as práticas para
eliminar essas dificuldades. No final surge ainda o cruzamento da informação.
Finalmente, o quinto capítulo, Conclusão, contém as respostas às questões iniciais da
investigação, considerando os dados recolhidos nas diferentes intervenções, bem como as
reflexões finais, sendo realizado o confronto com a literatura. Ainda neste capítulo constam as
limitações e dificuldades do estudo e também as recomendações para estudos futuros.
3
CAPÍTULO II
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Neste capítulo encontra-se o Enquadramento Teórico, onde se apresenta uma revisão da
literatura relativamente ao tema em questão: resolução de problemas. Assim, começa-se por
abordar o conceito de problema, bem como a definição de resolução de problemas e a sua
importância no dia-a-dia e no contexto de sala de aula para a vida da criança. Seguidamente
refere-se alguns modelos usados na resolução de problemas que ajudam a criança a ultrapassar
os obstáculos que vão surgindo durante a resolução. Por fim, apresenta-se as classificações de
diferentes tipos de problemas existentes, sendo que estes estão agrupados em distintas
categorias, bem como as estratégias de resolução de problemas. Estas são importantes de
considerar, uma vez que existem variadas estratégias que o resolvedor pode utilizar para resolver
um problema.
2.1. Conceito de problema
Os problemas e o desenvolvimento da capacidade de resolver problemas devem ser um
aspeto central no currículo de Matemática, contudo a utilização desta temática nas escolas é
inconstante e deveras debatida, visto que está dependente das perceções que cada pessoa
possui. O conceito de problema é entendido de formas distintas por variados professores, assim
cada um possui a sua ideia do que é um problema, acabando, em alguns casos, por confundir o
conceito de problema com o de exercícios, abordando e explorando exercícios como se de
problemas se tratasse. Deste modo, é importante referir as diferenças entre exercícios e
problemas, bem como exibir, de uma forma destacada, as conceções de problema, pois, tal
como refere Faria (2012), para os matemáticos, o significado de problema é por si só, um
problema. Para Vieira (2008), não há conformidade de opiniões nas definições que são
apresentadas por diversos investigadores, existindo vários significados para esta palavra. A
conceção de problema sempre foi algo difícil de definir, sendo trabalhada pela primeira vez, de
forma sólida, por Polya (2003).
Polya (2003) alude que ter um problema implica pesquisar conscientemente alguma ação
apropriada para alcançar um objetivo claramente definido, mas não imediatamente atingível,
referindo ainda que para haver problemas tem de haver dificuldade. Para Figueiredo (2005), um
problema é “(…) um desafio, uma situação não resolvida, cuja resposta não é imediata, que
4
resulta da reflexão e uso de estratégias conceptuais e procedimentos, provocando uma mudança
nas estruturas mentais” (p. 8). Ainda Moreira (2008) menciona que um problema existe quando,
perante o domínio de um nível da situação, desejamos alcançar um outro e não encontramos
maneira de o fazer. Por sua vez, Pires (2001) também refere que um problema é uma atividade
cujo objetivo é bem determinado, contudo a forma de resolução é desconhecida. Já na
perspetiva de Ponte (2005) um problema é uma tarefa fechada, uma vez que os dados e o
objetivo são nitidamente expostos, mas muito desafiante. Também o National Council of
Teachers of Mathematics (NCTM, 1991), salienta que
um problema genuíno é uma situação em que, para o indivíduo ou para o grupo em questão, uma ou mais soluções apropriadas precisam ainda de ser encontradas. A situação deve ser suficientemente complicada para constituir um desafio, mas não tão complexa que surja como insolúvel. (p. 11)
Um bom problema matemático deve ter algumas particularidades essenciais. Desta
forma, o documento NCTM (2007) expõe que este deve ser problemático, através de algo que
faça sentido e onde não se encontra integralmente visível o percurso para a solução,
matematicamente desafiante e interessante, fortalecendo na criança o raciocínio e a criatividade
na procura de estratégias para alcançar o resultado final. Por fim, deve ser adequado,
possibilitando assim, ao aluno, relacionar o conhecimento que já possui, de maneira a que o
novo conhecimento e as capacidades que cada um detém possam ser relacionadas e
adequadas, permitindo-lhes concluir com sucesso as tarefas.
Com a dificuldade inerente em diferenciar problemas e exercícios, é essencial falar-se um
pouco das caraterísticas de ambos. Polya (1995) afirma haver problemas rotineiros e problemas
não rotineiros. Os primeiros requerem simplesmente a aplicação de regras conhecidas pelo
aluno. Por sua vez, os problemas não rotineiros contribuem para o desenvolvimento intelectual
do aluno, uma vez que exigem criatividade e originalidade por parte deste. Para Polya (1995), os
exercícios são denominados por problemas rotineiros, considerando assim que apesar de estes
serem úteis e necessários, não devem ser utilizados exageradamente no ensino-aprendizagem
da matemática, ao contrário dos problemas não rotineiros, onde a sua utilização é recomendada
pelo autor. De forma análoga, para Mayer (1992) muitas das tarefas que são intituladas como
problemas, como os problemas rotineiros, não devem ser designados como tal, uma vez que
nestes existe uma aplicação direta e eficaz de um procedimento já aprendido, ou seja,
empregam-se procedimentos rotineiros e familiares, havendo apenas a prática de algo já
estudado. Neste caso a tarefa servirá apenas para exercitar habilidades já adquiridas, podendo-
5
se chamar de exercícios. Contudo, um problema não rotineiro pode, sem qualquer dúvida, ser
classificado como um problema, uma vez que o resolvedor não possui um procedimento
conhecido para chegar à solução.
Também no Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais (DEB, 2001)
é citado que
os problemas são situações não rotineiras que constituem desafios para os alunos e em que, frequentemente, podem ser utilizadas várias estratégias e métodos de resolução – e não exercícios, geralmente de resolução mecânica e repetitiva, em que apenas se aplica o algoritmo que conduz diretamente à solução. (p. 68)
Na perspetiva de Boavida, Paiva, Cebola, Vale e Pimentel (2008) quando a criança possui
uma forma rápida de encontrar a solução, resolve a situação através de métodos conhecidos,
repetitivos ou automatizados, que a levam de imediato à resposta correta, não se pode chamar
de problema, mas sim de exercício. De acordo com Ponte (2005) um problema deve ter um
certo nível de dificuldade, contudo, ao propor-se um problema, se este for extremamente difícil o
aluno pode resignar de imediato ou nem o começar a resolver, mas se for excessivamente
simples deixa de ser um problema e passa a ser considerado um exercício.
Ainda Vieira, Cebolo e Araújo (2006) defendem que uma situação poderá patentear-se
como um exercício para uns e como um problema para outros, de forma análoga, o que poderá
ser um problema para uma criança num nível de aprendizagem, poderá passar a um exercício
num nível posterior. Desta forma, Dias (2013) considera que a diferenciação entre problema e
exercício não depende apenas da tarefa que é sugerida, mas também da pessoa a quem se
sugere. Ora, quando, por exemplo, dois alunos, em níveis distintos de aprendizagens, se
deparam com uma situação que para a conseguir resolver terão de, por exemplo, aplicar o
algoritmo da adição, o aluno que domina o algoritmo da adição vai conseguir resolvê-la
confortavelmente a partir da aplicação de procedimentos rotineiros e familiares, sendo esta
tarefa, para si, um exercício. Para o outro aluno que não conhece nem o conceito nem o
algoritmo da adição, esta questão é seguramente um problema, pois não existe uma resposta
imediata, e não há um processo mecanizado. Deste modo, Ponte e Sousa (2010) afirmam ainda
que uma dada questão constituirá um problema ou um exercício para um dado indivíduo,
conforme ele disponha, ou não, de um processo que lhe permita resolver rapidamente essa
questão.
6
Como conclusão, é essencial haver a diferenciação entre problema e exercício, tendo
sempre em conta que a resolução de problemas deve ser central na vida escolar. Ora, ao propor-
se problemas à criança, é relevante atentar que “o problema pode ser modesto, mas se ele
desafiar a curiosidade e puser em jogo as faculdades inventivas, quem o resolver por seus
próprios meios, experimentará a tensão e gozará o triunfo da descoberta” (Polya, 1995, p. V).
É ainda necessário frisar que adotei a ideia de problema defendido por Polya (2003),
mencionada anteriormente. Ou seja, ter um problema implica haver uma pesquisa consciente
para obter um objetivo claramente definido, mas não imediatamente atingível, onde para haver
problemas tem de haver dificuldade. Para além deste conceito, também tive em conta que os
problemas devem ser desafiantes, interessantes, problemáticos e adequados, tal como expõe o
NCTM (2007). Finalmente, foi ainda considerado, em todo o trabalho, que tal como Vieira et al.
(2006) defendem, uma situação poderá ser um exercício para uns e um problema para outros.
2.2. A resolução de problemas e a sua importância
Vários autores definem o conceito de resolução de problemas. De seguida apresentam-se
algumas dessas definições.
Vale (2000) alude que um problema pode ser considerado como uma certa situação para
a qual não se dispõe, desde logo, de um procedimento que lhe permita determinar a solução,
sendo a resolução de problemas o conjunto de ações tomadas para resolver a situação. De
modo similar, para Lester (1980) a resolução de problemas é um conjunto de ações levadas a
cabo para cumprir uma tarefa. Por sua vez, Mason (1992) confirma que é a tentativa de resolver
ou reformular questões não organizadas para as quais nenhuma técnica específica ocorre
imediatamente à mente. Também para Dinis (2001) “Resolução de Problemas caracteriza-se por
uma postura de inconformismo diante dos obstáculos e do que foi estabelecido por outros (…)”
(p. 92).
A nossa sociedade apresenta-se em constante desenvolvimento, ora, deste modo, é
necessário preparar a criança, desde tenra idade, para se inserir na comunidade. Para tal, é
fundamental ajudá-la a desenvolver a capacidade de resolver diversos problemas que vão
surgindo no dia-a-dia. Este desenvolvimento é algo necessário e indispensável, uma vez que a
criança depara-se regularmente e desde cedo com a necessidade de resolver problemas, sendo
que “nos primeiros anos, a maioria das situações problemáticas surgem das experiências
vividas, quer na escola, quer fora dela” (NCTM, 1991, p. 29). Assim, ao longo da vida vão
7
surgindo problemas dentro e fora da sala de aula e, muitas vezes, os problemas que aparecem
no quotidiano da criança encaminham a problemas matemáticos simples, que podem ser
explorados no estabelecimento de ensino.
Efetivamente, a partir da década de 80, os currículos começaram a dar importância à
resolução de problemas, surgindo também no Programa de Matemática como uma capacidade
transversal agregada ao raciocínio e à comunicação. Assim sendo, a resolução de problemas
tem de ser tida em conta no meio escolar, apresentando então a escola um papel importante no
desenvolvimento da capacidade de resolver problemas. Conforme alude Polya (2003), resolver
problemas é a execução particular da inteligência, portanto se a educação não tem o cuidado de
colaborar para a evolução desta, apresenta-se, evidentemente, incompleta. Este autor menciona
que as escolas devem proporcionar problemas desafiantes, onde não seja suficiente a criança
saber algoritmos, técnicas e conhecimentos factuais. O aluno deve ter na aula de matemática,
tal como refere Vale (2000), contextos favoráveis à resolução de problemas, sendo-lhe assim
dada a oportunidade de observar, imitar e, por fim, praticar a resolução de problemas, uma vez
que
a resolução de problemas é uma habilitação prática como, digamos, o é a natação. Adquirimos qualquer habilitação por imitação e prática. (…) Ao tentarmos resolver problemas, temos de observar e imitar o que fazem outras pessoas quando resolvem os seus e, por fim, aprendemos a resolver problemas, resolvendo-os. (Polya, 1995, p. 3)
Assim sendo, é necessário ensinar os alunos a resolver problemas, utilizando pedagogias
de ensino adequadas. Desta forma, a “ investigação realizada (…) sugere que «devagar e com
dificuldade» é provavelmente a melhor forma de se fazer a aprendizagem da resolução de
problemas” (Kilpatrick, 1985, p. 8). Polya (2003) valoriza a aprendizagem da resolução de
problemas através do trabalho em grupo, sendo criados momentos de partilha e colaboração.
Encorajar “(…) os alunos a escrever, a partilhar e a resolver os seus problemas” (Boavida et al.,
2008, p. 27) são momentos cruciais na aprendizagem destes, criando-se assim situações ricas
que serão fulcrais para o desenvolvimento da capacidade de resolver problemas. Desta forma,
as aprendizagens são mais relevantes se for dado ao aluno a “(…) oportunidade de discutir,
argumentar, criticar, de interagir, com os colegas e com os professores de modo a haver uma
partilha de ideias, de estratégias, de raciocínios, pensamentos matemáticos e desenvolver a
capacidades de comunicação” (Monteiro & Sousa, 2008, p. 7).
8
Esta prática de resolver problemas vai ajudar a desenvolver um combinado de
capacidades cognitivas essenciais na vida do aluno, como o raciocínio e a comunicação. Ou
seja, através da resolução de problemas “(…) o aluno terá oportunidade de, aplicando os seus
conhecimentos e procedimentos na busca de uma solução para a situação proposta,
desenvolver as suas estruturas cognitivas” (Figueiredo, 2005, p. 7). Deste modo, uma das
capacidades cognitivas que o aluno pode desenvolver com a resolução de problemas é o
raciocínio. Segundo Dewey (1910), é através do raciocínio matemático que se acede à
compreensão de situações matemáticas, se analisa um problema sob diversos pontos e vista e,
a partir da análise e do estabelecimento de relações, as ideias iniciais passam a hipóteses que
originam a formulação de conjeturas. De forma análoga, com a resolução de problemas, se o
aluno for estimulado a comunicar, pode também desenvolver a comunicação. “Quando o aluno
se envolve no processo de explicar as suas ideias aos outros e com o objetivo de ser entendido,
ele próprio pode sentir uma evolução nas suas compreensões” (Martinho, 2011, p. 52).
Ainda com a resolução de problemas, para além da criança usar os conhecimentos
anteriores, vai adquirindo novos saberes e efetivando novas aprendizagens, sendo assim
colocada numa postura ativa de aquisição, sendo ela a fazer as suas próprias investigações para
conseguir encontrar a forma de resolver uma situação problemática, pois, segundo Oliveira
(1993) são os sujeitos que têm de refletir sobre a situação, determinando assim quais os
processos que são necessários utilizar. Então, quem resolve um problema é “(…) desafiado a
pensar para além do ponto de partida, a pensar de modo diferente, a ampliar o seu pensamento
e, por estas vias, a raciocinar matematicamente” (Boavida et al., 2008, p. 14). Para Polya
(2003), a resolução de problemas permite aos alunos relacionar os conceitos matemáticos,
generalizar e apurar a autenticidade destes.
Como se averigua, a resolução de problemas é fundamental na vida do aluno. Ora, é
importante fazer com que este sinta gosto e satisfação durante a resolução de qualquer
problema. Assim, os alunos têm de ser estimulados ao longo das aulas para perceber que um
problema matemático “(…) pode ser tão divertido quanto um jogo de palavras cruzadas, ou que
o intenso trabalho mental pode ser um exercício tão agradável quanto uma animada partida de
tênis” (Polya, 1995, p. V). Se este tiver oportunidade de desfrutar destes sentimentos, se lhe for
proporcionado o gosto pela resolução de problemas, com certeza que isto se irá tornar num “(…)
num hobby, num instrumento profissional, a própria profissão ou uma grande ambição” (Polya,
1995, p. V).
9
Finalmente, é crucial salientar que ao longo do trabalho a perspetiva da resolução de
problemas abordada foi a de Vale (2000) que expõe que a resolução de problemas é o conjunto
de ações tomadas para resolver uma situação. Juntamente com Polya (2003) que refere que a
escola um papel importante no desenvolvimento da capacidade de resolver problemas, sendo
que para resolver problemas não basta saber algoritmos, mas é essencial resolver problemas
desafiantes. Desta forma, é necessário resolver para aprender e proporcionar ambientes
propícios para tal. Foi ainda considerado que, tal como menciona Polya (2003), os alunos têm
de perceber que a resolução de um problema matemático pode ser uma atividade divertida.
2.3. Modelos usados na resolução de problemas
Como tem sido estudado até ao momento, a resolução de problemas tem um lugar bem
definido no ensino da matemática, desde o 1.º ciclo até ao ensino superior. Resolver um
problema pode ser bastante complicado, contudo deve-se arranjar métodos de contornar os
obstáculos que vão aparecendo. Ser perspicaz não é desistir perante a primeira oposição, mas
sim tentar encontrar outras formas de solucionar as barreiras que, por vezes, até nos parecem
ser impossíveis de ultrapassar. Como tal, existem diversos modelos para ensinar a resolver
problemas, ajudando ainda os alunos a eliminar as dificuldades que sentem em resolvê-los
(Dias, 2013). Seguidamente são apresentados alguns modelos existentes.
Polya (2003) começou por observar e refletir sobre o modo como ele próprio resolvia
problemas, tentando estruturar os processos envolvidos nesta tarefa, tendo assim um trabalho
muito fluente nesta área, sendo ele o primeiro a abordar, de forma consistente, a resolução de
problemas na sala de aula. Com efeito, Polya (1995) afirma que a resolução de problemas
possui quatro fases essenciais: compreensão do problema, estabelecimento de um plano,
execução do plano, verificação dos resultados.
O autor considera que antes de se tentar encontrar uma solução para um problema é
indispensável existir a compreensão do problema. “Os resultados podem ser drásticos se o
aluno desatar a fazer cálculos ou outro tipo de actividades sem compreender o problema em
causa” (Vieira, 2008, p. 8). Para comprovar a compreensão do problema por parte do aluno,
pode-lhe ser solicitado que o reconte, por palavras suas. A compreensão do problema passa
também pela identificação da incógnita, ou seja, o que é desconhecido, das condições impostas,
bem como, considerar todos os aspetos relevantes para a resolução do mesmo. Polya alude
10
também que nesta etapa tem de existir uma atenção particular sem que haja qualquer descuido
ou desleixo, considerando que o sucesso de todas as fases seguintes depende do sucesso desta.
Posteriormente é preciso haver o estabelecimento de um plano, ou seja, para se chegar à
solução é indispensável delinear um plano, refletindo nas experiências anteriores, investigando
algo que se relacione com o problema em questão e que já tenha sido solucionado. Um plano é
alcançado quando já se sabe quais os cálculos ou estratégias a usar para se conseguir obter a
incógnita. Ou seja, de acordo com Polya considera-se que há um plano quando, ao menos em
linhas gerais, é possível saber quais são os cálculos, construções, entre outros, que se devem
efetuar para encontrar a solução do problema em causa. Esta etapa não é uma tarefa fácil
requerendo bastante paciência por parte do resolvedor, podendo ser considerada como a que
possui um maior grau de dificuldade, sendo que todo o percurso percorrido para chegar à
determinação de um plano final pode ser longo e difícil. Ora, um aluno pode conseguir
estabelecer mais facilmente e de forma gradual um plano que se revele eficaz, ou então este
pode só surgir após diversas tentativas falhadas. Esta fase requer que o aluno tenha adquirido
algumas competências, tais como a “criatividade, hábitos mentais, concentração nos objetivos,
conhecimentos e experiência” (Pereira, 2012, p. 16), sendo que a existência ou a falta destas,
irá influenciar, positiva ou negativamente, na resolução do problema. Contudo, Polya é
consciente de que estas competências são entendidas e amplificadas com os momentos que
têm para resolver problemas, referindo ainda que para se conseguir conceber um plano é
preciso “(…) além de conhecimentos anteriores, de bons hábitos mentais e de concentração no
objetivo, mais uma coisa: boa sorte” (Polya, 1995, p. 8).
Na execução de um plano realizam-se todos os passos e procedimentos estabelecidos
anteriormente, com o objetivo de alcançar a solução do problema, contudo caso não se chegue
à solução, volta-se à fase do estabelecimento de um plano. Polya (1995) alerta que se for o
próprio aluno a criar o plano, mesmo tendo alguma ajuda, terá maior facilidade e segurança na
execução desta fase e só muito dificilmente o esquecerá. Contudo, se o aluno executar um plano
que apenas aceitou por influência do professor, poderá ter mais dificuldades em fazê-lo e muito
provavelmente irá esquecê-lo.
Finalmente é imprescindível haver a verificação dos resultados, ou seja, a averiguação e
discussão do resultado alcançado, criando-se uma revisão da resolução feita. Na verificação da
resolução concluída, tem-se de confirmar se o resultado obtido corresponde à incógnita. Esta
fase é, muitas vezes, esquecida até mesmo pelos melhores alunos, sendo que quando
11
encontram a solução do problema, dão-no de imediato por terminado, não voltando a olhar para
ele. Ao longo desta etapa é imprescindível perceber se, observando o raciocínio desenvolvido, há
uma outra maneira/estratégia de se chegar à mesma solução, bem como, tentar aplicar os
métodos utilizados naquela situação a outros problemas, sendo assim feita uma relação do
problema em questão com outros. Deste modo, Polya (1995) considera esta última fase como
sendo deveras importante, uma vez que é feita uma revisão do percurso percorrido até encontrar
a solução, a consolidação e o aprofundar do conhecimento, a identificação das dificuldades, bem
como, todos os processos utilizados para as eliminar.
Polya (1995) salienta que todas as etapas do seu modelo são importantes, e permitem à
criança obter uma aprendizagem autêntica, não se baseando na aplicação de meros
procedimentos mecanizados. É crucial ressalvar que apesar do autor criar e expor as quatro
fases que considera essenciais, ele nunca quis conceber fórmulas ou procedimentos inflexíveis
de resolução de problemas, mas sim, alia a resolução de problemas “(…) a uma arte que
envolve a motivação, criatividade e descobertas” (Pereira, 2012, p. 26). Um aluno até pode ser
empenhado e dedicado, seguir todas as fases deste modelo apresentado e, mesmo assim, não
conseguir uma resolução correta. Então, tem de voltar a fazer tudo de novo, compreender
melhor o problema e estabelecer um novo plano ou, em alternativa, comparar a um outro
problema já resolvido semelhante ao atual, tentando assim obter alguma conclusão fiável que
lhe permita resolver corretamente o problema em questão.
Ao longo das diferentes fases de resolução de problemas propostas por Polya (1995),
existem algumas questões que podem ser utilizadas para permitir ao aluno uma melhor
compreensão de cada uma das etapas. Assim, tal como o autor refere, o professor tem de
envolver os alunos na resolução de problemas, auxiliando-os nesse percurso, quando necessário,
por meio de indagações estimulantes. Deste modo, deve colocar várias questões ao aluno e
fornecer-lhe sugestões, na medida em que o ajude a colmatar as dificuldades e a quebrar
barreiras que surjam durante as resoluções, tendo sempre em consideração a etapa que se
encontra, permitindo que este descubra, por si próprio, a resposta correta.
Então, e de acordo com Polya (1995), na tabela 1 estão presentes alguns exemplos de
possíveis questões.
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Tabela 1 - Possíveis questões e sugestões para auxiliar nas diferentes fases de resolução de problemas
Compreensão do problema
Elaboração de um plano Execução do plano Verificar a solução
Qual é a incógnita? Quais são os dados? Qual é a condicionante? É possível satisfazer a condicionante?
Já viu este problema antes ou algum semelhante? Está a usar todas as condições? Consegue encontrar relações entre a incógnita e os dados? Invente um novo problema que envolva a mesma incógnita. Mude o problema escrevendo-o de uma forma diferentes.
Averigue se todos os passos estão certos. Consegue averiguar e explicar claramente que todos os passos utilizados são genuínos?
O resultado obtido é exequível? É capaz de justificar claramente a solução encontrada? É capaz de chegar ao mesmo resultado através de um método distinto? O que é que aprendeu com o problema que possa aplicar na resolução de futuros problemas?
Polya (1995) elucida que o professor ao colocar estas questões ao aluno deve ter em
conta que com o tempo deverá ser ele a colocá-las a si próprio, no momento apropriado,
realizando a operação mental associada. Também em Monteiro e Sousa (2008) se encontram
estruturadas, em cada uma das fases, diversas questões, existindo assim uma organização
semelhante à da tabela 1 mencionada anteriormente. Os autores elucidam que a organização
permite sistematizar os processos envolvidos na resolução de problemas.
Segundo um outro autor, Fernandes (2000), investigadores Suecos analisaram e
exploraram as etapas de resolução de problemas e detetaram que há cinco fases: compreensão
do problema, tratamento dos dados, planeamento, execução do plano e controlo.
Na compreensão do problema é valorizada a leitura atenta e cuidada do enunciado, assim
como a sua boa interpretação. De seguida ocorre o tratamento de dados, onde surge uma
seleção e uma análise ponderada dos dados fornecidos no enunciado, formulando de uma forma
mais clara e explicita o problema. Logo depois sucede-se o planeamento, onde é esperado que
haja o estabelecimento de um plano, seguindo-se a execução do plano, sendo que nesta etapa
são colocados em prática todos os processos planeados para a resolução do problema. Por fim,
vem a fase do controlo em que é verificada a solução encontrada, assim como todos os
procedimentos utilizados e são ainda planeadas diferentes formas de resolver o problema e
procuradas novas soluções.
Entre os dois modelos apresentados é possível comprovar que o último apenas possui um
passo que no do Polya não está contemplado de forma clara: o tratamento de dados. Este não
13
se encontra patente no modelo de Polya de forma explícita, uma vez que está englobado,
implicitamente, na primeira fase: a compreensão do problema. Ora, para o aluno chegar ao
entendimento do problema, tem de identificar e tratar os dados existentes neste.
Tendo por base o modelo de Fernandes, anteriormente apresentado, Vieira (2008)
menciona que, segundo investigadores e professores, os alunos dividem o tempo, ao longo da
resolução de problemas, tal como se apresenta na figura 1. O número 1 representa a etapa da
compreensão do problema, o 2 o tratamento dos dados, o 3 o planeamento, o 4 a execução do
plano e, por fim, o 5 o controlo.
Figura 1 - Divisão do tempo dos alunos nas etapas de resolução de problemas
Porém, para Vieira (2008), para os alunos obterem bons resultados e serem cada vez
melhores na resolução de problemas, o tempo despendido nas diversas fases deveria ser como
o que se encontra na figura 2. Na primeira fase o aluno deve despender mais tempo do que na
segunda e na quarta, visto que, tal como considera Polya (2003), o sucesso de todas as fases
seguintes depende do sucesso desta, ora é crucial para uma resolução com sucesso haver
compreensão do problema. Seguidamente, a terceira fase requer também mais tempo, pois, de
segundo Pereira (2012), é nesta que são despoletados os caminhos ou processos para resolver
um problema, havendo a delineação de um plano. Então, se o plano delineado não for eficaz, a
resolução do problema não será bem conseguida. Por fim, ainda na quinta fase o aluno deve
abdicar de mais tempo, pois, de acordo com Polya (1995), aqui é feita uma consolidação dos
conhecimentos, obrigando o aluno voltar atrás e verificar todos os passos e resultados obtidos,
permitindo-lhe assim perceber bem o que fez e resolver mais facilmente, no futuro, um problema
semelhante.
Figura 2 - Divisão do tempo que seria esperada pelos alunos para a resolução de problemas
Considerando as figuras apresentadas por Vieira (2008), há alguma unanimidade no que
tem falhado ao longo da resolução de problemas nos dois modelos apresentados
precedentemente. Ora, no modelo de Fernandes, de forma semelhante com o que se verifica no
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
14
modelo de Polya, tal como alude Pereira (2012), o que tem fracassado mais são a primeira e a
última fase.
Existem ainda muitos outros modelos, sendo alguns desses expostos seguidamente,
contudo nenhum deles é uma elucidação de como um aluno com êxito raciocina. Tal como
refere Polya (1995), se o professor selecionar o modelo que considere como sendo o mais
adequado para a sua turma e se instruir a criança a seguir conscientemente e sequencialmente
as fases, poderá ajudá-la a ter êxito na resolução de problemas.
No modelo apresentado por Sternberg (1997), a resolução de problemas é vista como um
ciclo de seis passos, sendo utilizada a palavra “ciclo” uma vez que o autor considera que a
solução de um dado problema é, normalmente, o suporte para a solução de um outro problema.
Os seis passos são: reconhecimento do problema, definição do problema, estabelecimento de
uma estratégia de resolução do problema, representação da informação, atribuição de recursos
e ainda, monitorização e avaliação. Estes podem não suceder no prosseguimento apresentado
antes, mas o autor alude que é muito provável que se atravesse cada um deles.
O reconhecimento do problema pode ser definido como sendo o passo mais relevante,
“uma vez que só será feito um esforço por quem deverá resolver o problema após o seu
reconhecimento” (Teixeira, 2013, p. 20). A definição do problema aparece uma vez que existe
um problema é indispensável defini-lo/compreendê-lo de forma correta. Uma má interpretação
do problema leva a uma resolução mal direcionada, não sendo atingindo o seu objetivo inicial de
resolução, ou seja, não se chega à solução correta. Assim, o autor alerta para a importância de
se investir o tempo suficiente na definição do problema. O estabelecimento de uma estratégia de
resolução do problema diz respeito à etapa onde são determinados os processos a utilizar para
ajudar a atingir a solução. Na representação da informação tem de ocorrer uma perceção e um
planeamento mental da informação pertinente. Seguidamente, na atribuição de recursos surge a
escolha dos recursos a atribuir. Se houver uma favorável atribuição dos recursos, aumenta a
probabilidade de se resolver com sucesso o problema. Existem inúmeros recursos, podendo ser,
por exemplo, o tempo ou a concentração durante a leitura de um enunciado. Finalmente, a
última fase diz respeito à monitorização e avaliação. A monitorização é explicada como sendo o
acompanhamento das evoluções ao longo do progresso da resolução do problema, onde este
acompanhamento possibilita perceber se a resolução feita se está a aproximar da solução. Após
ser alcançada uma solução, é preciso avaliá-la para se tentar perceber se está certa ou errada,
podendo ser uma avaliação imediata ou feita passado algum tempo.
15
Por fim, de acordo com o Programa de Matemática para o Ensino Básico (MEC, 2013),
existem etapas que são cruciais para uma efetiva resolução de problemas e que podem ser
importantes para ajudar a colmatar algumas dificuldades que as crianças sentem. Contudo, o
programa diferencia-se um pouco do que tem vindo a ser falado e defendido até então, uma vez
que este realça, durante a resolução de problemas, a aplicação de regras e procedimentos
mecanizados. Deste modo, para o Programa de Matemática para o Ensino Básico (MEC, 2013)
a resolução de problemas envolve, da parte dos alunos, a leitura e interpretação de enunciados, a mobilização de conhecimentos de factos, conceitos e relações, a seleção e aplicação adequada de regras e procedimentos, previamente estudados e treinados, a revisão, sempre que necessária, da estratégia preconizada e a interpretação dos resultados finais. (p. 5)
Nos vários modelos que existem, o de Polya (1995) é considerado como sendo o mais
representativo, tal como refere Teixeira (2013). Para além disso, este modelo “(…) permite aos
alunos uma organização sequencial da informação facilitando o processo de resolução” (Gomes
& Dias, 2013, p. 225), sendo assim uma mais-valia para quem manifesta dificuldades na
resolução de problemas. Como tal, o modelo de Polya foi o escolhido para acompanhar os
alunos na resolução de problemas.
2.4. Tipos de problemas
Regra geral, os problemas estão agrupados em categorias diferenciadas, com o objetivo de,
tal como refere Pinto (2010), ajudar quem aprende a resolver problemas e apoiar na seleção de
quem os ensina, pois com a categorização dos problemas já é mais fácil perceber quais os mais
adequados para explorar a perspetiva de resolução de problemas que é pretendida. Uma das
tipologias existentes é a defendida por Charles e Lester (1986). A classificação utilizada pelos
autores tem “(…) a ver com o público a que se destina e também com as concepções pessoais
do professor em relação à natureza dum problema de matemática e à sua resolução de
problemas” (Vale & Pimentel, 2004, p. 19). Charles e Lester (1986) classificam os problemas em
cinco tipos: problemas de um passo, de dois ou mais passos, de processo, de aplicação e tipo
puzzle, considerando que um mesmo problema poderá encaixar-se em mais do que um dos
tipos.
Os problemas de um passo são os que se podem resolver através da utilização direta de
uma das quatro operações básicas da aritmética. Nestes o aluno terá de utilizar diversas
estratégias para perceber qual a operação correta. Por sua vez, os problemas de dois passos
16
podem-se resolver através da utilização direta de duas ou mais das quatro operações básicas da
aritmética. Existem ainda os problemas de processo que não podem ser resolvidos através da
aplicação de um conteúdo ou um algoritmo aprendido anteriormente que possa ser usado. Estes
problemas são desafiadores e exigem que haja processos complexos de pensamento. Desta
forma, são considerados como sendo os mais apropriados para serem utilizados nas aulas. Ainda
os problemas de aplicação requerem, geralmente, uma recolha de dados sobre a vida real e a
tomada de decisões. Por vezes é necessário aplicar uma ou mais estratégias de resolução, bem
como empregar uma ou mais operações. Por fim, os problemas tipo puzzle “são problemas que
necessitam como que de um “flash” para chegar à solução” (Vale & Pimentel, 2004, p. 19). Para
além de despertarem o interesse no aluno, ajudam-no a ver os problemas segundo diversas
perspetivas.
A tipologia de problemas de Charles e Lester (1986) exibida anteriormente “(…) tem-se
mostrado suficiente para a categorização dos problemas a utilizar com os alunos do primeiro
ciclo” (Vale & Pimentel, 2004, p. 19). Para além desta, existem ainda muitas outras. A
apresentada por Fernandes, Lester, Borralho e Vale (1997) é considerada como sendo mais
ampla do que a defendida pelos dois autores. Nesta tipologia, à semelhança da anterior, não se
supõem que os problemas estejam englobados num e apenas num dos tipos, podendo o mesmo
problema inserir-se em mais do que uma das categorias. Ao contrário do que expõe Charles e
Lester (1986), não são contemplados os problemas tipo puzzle, surgindo então uma repartição
em quatro tipos de problemas: de processo, de conteúdo, de aplicação e de aparato
experimental.
Fernandes et al. (1997) intitulam os problemas de processo como os que muito
dificilmente se resolvem com a aplicação direta de um algoritmo, ou seja, é importante a
utilização de estratégias de resolução de problemas. Podem não estar relacionados com os
conteúdos programáticos, mas, em caso afirmativo, a sua resolução pode apenas necessitar de
conhecimentos básicos de aritmética e geometria e não da aplicação direta dos conteúdos
programáticos. Consideram como problemas de conteúdo aqueles que requerem a utilização de
conteúdos programáticos, conceitos, definições e técnicas matemáticas. Sem estes, a resolução
torna-se complicada. No que diz respeito aos problemas de aplicação, são utilizados dados da
vida real que podem ser já fornecidos, ou então recolhidos pelo sujeito que resolve. Nesta
situação, a análise de dados irá influenciar a tomadas de decisões, sendo este um procedimento
crucial neste tipo de problemas. Estes são ainda problemas que requerem a utilização de uma ou
17
mais estratégias de resolução e que podem possuir várias soluções, podendo a sua resolução
demorar várias horas ou até dias. Finalmente, nos problemas de aparato experimental para se
encontrar a solução é indispensável a utilização de métodos de investigação próprios das ciências
experimentais (planificar, organizar e interpretar dados, contar, pesar, medir). Para resolver
problemas destes é imprescindível a realização de um aparato experimental, pois de outra forma
a resolução complica-se.
Há ainda a tipologia de Palhares (1997) onde este defende que se deve considerar “a
intenção pedagógica do formulador, do apresentador ou do investigador e do seu conhecimento
acerca da classe de indivíduos a que se destina o problema”, uma vez que o enunciado de um
mesmo problema pode ser “de um tipo para uma determinada classe, de outro tipo para outra
classe, ou não ser mesmo problemas para outros indivíduos” (p. 167). Assim, este autor
considera sete tipos de problemas: de processo, de conteúdo, de capacidade, de tipo puzzle, de
aplicação, de aparato experimental e abertos.
Se por um lado os problemas tiverem como objetivo a utilização de estratégias de
resolução, não havendo a aplicação de um conteúdo ou algoritmo anteriormente estudado, são
designados como problemas de processo, por outro lado, se os problemas necessitarem da
utilização de conhecimentos matemáticos alcançados há muito pouco tempo ou ainda não
adquiridos totalmente, intitulam-se por problemas de conteúdo. Aqueles problemas que
necessitam do uso de capacidades matemáticas designam-se por problemas de capacidades.
Nestes, tal como menciona o autor, faz mais sentido apelidar o problema conforme a dificuldade
existente, como por exemplo, problema de cálculo ou estimativa. Os problemas que requerem o
alargamento do espaço de resolução e do pensamento, ou seja, os problemas tipo puzzle e os
que exigem a recolha e tratamento de informação são os problemas de aplicação. Nestes, por
vezes é preciso o uso de uma ou mais estratégias de resolução. Por sua vez, os problemas de
aparato experimental necessitam da criação de esquemas investigativos, possibilitando
desenvolver habilidades que outros problemas não possibilitam. Finalmente, os problemas
abertos requerem a escolha refletida entre vários caminhos possíveis.
Durante toda a investigação utilizei a tipologia de Palhares (1997), pois esta acaba por ser
uma compilação das tipologias anteriores, uma vez que aborda os tipos de problemas
mencionados nas tipologias anteriores, acrescentando ainda um novo tipo, os problemas abertos.
Assim considerei que era a mais indicada e a mais completa para ser trabalhada com os alunos.
Foi também tido em conta que, tal como alude Palhares (1997), um mesmo problema pode, de
18
acordo com a intenção pedagógica e o conhecimento do investigador sobre o grupo de alunos a
quem se destina, ser classificado de diferentes maneiras.
2.5. Estratégias de resolução de problemas
Tal como refere no documento NCTM (1991) a criança necessita de possuir um KIT de
ferramentas matemáticas que a pode ajudar a resolver problemas. Assim, cada problema possui
uma tipologia, mas para o resolver pode-se usar várias estratégias, sendo então relevante que o
aluno conheça as diferentes estratégias para poder escolher a mais adequada ao problema que
está a resolver e, posteriormente, aplicá-la. Ora, entende-se por estratégia “(…) um conjunto de
técnicas a serem dominadas pelo solucionador e que o ajudam a atacar o problema ou a
progredir no sentido de obter a sua solução” (Vale & Pimentel, 2004, p. 24).
Embora na literatura existam diversas estratégias, refiro apenas as presentes em Vale e
Pimentel (2004), sendo estas as exploradas em todo o trabalho. Assim, os autores consideram
importante descobrir um padrão/descobrir uma regra ou lei de formação, fazer tentativas/fazer
conjeturas, trabalhar do fim para o princípio, usar a dedução lógica/fazer eliminação, reduzir a
um problema mais simples/decomposição/simplificação, fazer uma simulação/fazer uma
experimentação/fazer uma dramatização, fazer um desenho, diagrama, gráfico ou esquema,
fazer uma lista organizada ou fazer uma tabela.
Então, a primeira estratégia consiste em descobrir um padrão/descobrir uma regra ou lei
de formação, centrando-se em certos passos do problema, sendo a solução obtida através de
generalizações de soluções específicas. A estratégia seguinte baseia-se em fazer tentativas/fazer
conjeturas e é esperado que se se “adivinhe” a solução, considerando a informação fornecida no
enunciado, e que se confirme ou não as condições do problema. Tal como alude Polya (1995), o
aluno tem de aprender a descobrir a solução do problema através de diversas tentativas e
hipóteses “inventadas”, tendo por base o que é considerado correto para o resolver, sendo,
posteriormente, tudo verificado. Seguidamente vem a estratégia trabalhar do fim para o princípio,
onde, contrariamente ao habitual, começa-se pelo fim para se alcançar a solução, ou então pelo
que se quer provar. É ainda possível usar a dedução lógica/fazer eliminação. Nesta todas as
hipóteses são tidas em conta, eliminando-se, uma a uma, as que são consideradas como não
sendo possíveis. Com a estratégia de reduzir a um problema mais
simples/decomposição/simplificação é resolvido um caso particular de um problema para ajudar
na compreensão e na resolução do problema inicial. Podem ainda fazer uma simulação/fazer
19
uma experimentação/fazer uma dramatização, sendo que com esta estratégia é pretendido que
se utilize objetos, elabore modelos ou se produza uma dramatização que traduza o problema a
ser resolvido. Por fim, é ainda exequível fazer um desenho, diagrama, gráfico ou esquema, onde
se tira partido das caraterísticas do desenho para ajudar na resolução de um problema e fazer
uma lista organizada ou fazer uma tabela, podendo esta estratégia utilizar-se como forma de
apresentar, organizar ou guardar a informação.
20
21
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
Com a minha investigação pretendia perceber quais as dificuldades que os alunos
possuíam, ao resolver problemas, nas diferentes fases do modelo de Polya, assim como
trabalhar no sentido de as eliminar. Então, durante o estudo, procurei responder às seguintes
questões:
Q1- Como é que os alunos resolviam os problemas?
Q2- Que dificuldades é que os alunos evidenciavam durante a resolução de problemas?
Q3- Como é que os alunos evoluíram ao longo da intervenção pedagógica na sua
capacidade de resolução de problemas?
Este capítulo está organizado em sete pontos. No primeiro apresenta-se e fundamenta-se
a metodologia seguida neste estudo. No ponto seguinte há a caraterização da escola, ou seja, do
contexto onde foi desenvolvido o trabalho de investigação, bem como dos seus participantes,
neste caso, os alunos da turma onde ocorreram as intervenções de ensino. Ainda neste ponto
existe uma breve justificação do contexto de intervenção, visto que o estágio foi realizado em
dois ciclos, contudo o estudo só incide num desses, o 1.º Ciclo. Logo depois aparecem
discriminadas e também devidamente justificadas as pedagogias de ensino utilizadas.
Seguidamente encontram-se expostos os instrumentos de recolha usados ao longo das
intervenções com o intuito de realizar a investigação, bem como a explicação e objetivo da
utilização de cada um. Num outro ponto estão presentes todas as fases percorridas para realizar
o trabalho, seguindo-se da apresentação das categorias da análise dos dados. Finalmente surge
o da exploração detalhada das intervenções.
3.1. Opções metodológicas
Para a execução do meu projeto utilizei uma metodologia de investigação-ação de cariz
qualitativo.
A investigação qualitativa sustenta-se na recolha de dados por parte dos investigadores,
onde interagem “(…) com os sujeitos de forma “natural” e, sobretudo, discreta” (Carmo &
Ferreira, 2008, p. 198), tentando assim diminuir e controlar os efeitos que podem aparecer nos
sujeitos de investigação aquando a intervenção do investigador. A investigação qualitativa possui
cinco características:
22
(…) a fonte directa dos dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal; a investigação qualitativa é descritiva. Os dados recolhidos são em forma de palavras ou imagens e não números; os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que propriamente pelos resultados ou produtos; os investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva; o significado é de importância vital (…). Os investigadores (…) refletem uma preocupação com o registo tão rigoroso quanto o possível do modo como as pessoas interpretam os significados. (Bogdan & Biklen, 1994, p. 47-51)
Relativamente à investigação-ação, Latorre (2003) menciona que esta estabelece um
desafio para os profissionais de educação que querem colaborar para o progresso das práticas
educativas. Ora, é cada vez mais necessário o professor assumir um papel de investigador nas
suas práticas, pois a investigação possibilita uma maior compreensão destas, conseguindo,
deste modo, tal como afirma Dias (2013), contribuir para a melhoria e inovação do contexto
educativo.
Elliott (1991) também se pronuncia sobre a investigação-ação constatando que pode ser
definida “(…) como o estudo de uma situação social no sentido de melhorar a qualidade da ação
que nela decorre” (p. 69). Ainda para Bogdan e Biklen (1994), esta metodologia baseia-se na
recolha constante de informações, onde os investigadores atuam como cidadãos com vista a
fomentar mudanças sociais, fundamentando-se nas suas crenças. Por sua vez, Kemmis e
McTaggart (1992) defendem que esta metodologia é considerada um processo participativo e
colaborativo e que surge, normalmente, quando se procura esclarecer preocupações que são,
regra geral, partilhadas por um grupo. Estes autores ainda mencionam que “investigação-ação
significa planificar, atuar, observar e refletir mais cuidadosamente, mais sistematicamente e
mais rigorosamente do que aquilo que fazemos todos os dias” (p. 16). Por fim, Máximo-Esteves
(2008) constata que a investigação-ação é um método dinâmico, interativo e flexível, sendo
assim suscetível aos reajustes que podem ser necessários aquando da implementação de um
projeto.
A investigação-ação desenrola-se a partir de uma espiral de ciclos, que intercala a ação e
a reflexão crítica, nomeadamente, planear com flexibilidade, agir, refletir, avaliar/validar e
dialogar desenvolver (Fischer, 2001, citado por Máximo-Esteves, 2008, p. 82). Esta espiral de
ciclos referida pode também ser representada no esquema de Latorre (2003, p. 21)
representado na figura 3.
23
Figura 3 - Fases fundamentais da intervenção
Como se averigua com a figura 3, o processo de investigação-ação não se restringe a um
único ciclo, repetindo-se a sequência de fases ao longo do tempo. Deste modo, primeiramente
realizei uma observação, reflexão e avaliação sobre a minha prática e sobre os meus alunos,
reconhecendo o desempenho e as dificuldades que estes apresentavam.
Numa fase seguinte efetuei um planeamento flexível e contextualizado com a realidade,
que correspondeu às inquietações que surgiram, proporcionando, deste modo, uma evolução
gradual das aprendizagens e capacidades dos alunos.
Seguidamente agi de forma ativa e dinâmica para a investigação do projeto, colocando
em prática tudo o que ficou planeado anteriormente e tendo em consideração o resultado das
várias pesquisas que foram realizadas no contexto prático.
Após a ação surgiu a reflexão e uma avaliação/validação das observações e dos registos
realizados. Foi feita uma reflexão das intervenções, onde observei, refleti, analisei e avaliei a
minha prática e os dados recolhidos. Foi essencial conversar com outras pessoas críticas com o
intuito de encontrar um sentido para a análise, valorizando isto todo o processo.
Por último, aconteceu o diálogo onde surgiu a partilha das ideias e interpretações, de
forma a dar a conhecer o meu trabalho a outros profissionais.
3.2. Contexto de intervenção
3.2.1. Caraterização da escola do 1º Ciclo
A escola do 1.º Ciclo situa-se no centro de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga.
Pertence a um agrupamento vertical que agrupa desde jardins-de-infância, a escolas do 1.º, 2.º e
3.º Ciclo. Encontra-se no concelho de Vila Nova de Famalicão, situando-se, geograficamente, na
região do baixo Minho. Este é um dos catorze municípios que integra o distrito de Braga, é
composto por quarenta e oito freguesias, possuindo ainda uma área de, aproximadamente, 200
km2 e uma população de mais de 133.000 habitantes.
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Esta escola foi construída no âmbito do “Plano do Centenário”. É composta por dois
edifícios, um deles possui dois pisos, sendo este o local onde se encontram oito salas de aula
que detêm todas as condições necessárias e essenciais para o bom funcionamento das aulas.
Estas estão também apetrechadas com diversos materiais didáticos que podem ser utilizados ao
longo das aulas. Neste edifício existe ainda um local comum de casas de banho
compartimentadas e amplos espaços cobertos e descobertos. A outra edificação é constituída
pela cantina e por uma sala onde funcionam as aulas de Apoio ao Estudo.
Ao longo das várias intervenções, foi possível averiguar que a escola promoveu uma
atividade relacionada com a matemática, o campeonato de jogos matemáticos, no qual tive
oportunidade de participar, sendo coordenada por alguns professores titulares das turmas. A
atividade foi divulgada na página da escola, juntamente com algumas fotografias e explicação
sobre a mesma e teve a participação das diversas escolas do 1.º Ciclo do concelho.
3.2.2. Caraterização dos alunos da turma do 1º Ciclo
A turma do 1.º Ciclo, que dizia respeito ao 2.º ano de escolaridade, era constituída por
vinte e cinco alunos, dos quais onze eram raparigas e catorze eram rapazes, possuindo idades
compreendidas entre os sete e os oito anos. Todos os alunos foram selecionados para colaborar
e participar no estudo, sendo que ao longo do relatório foram-lhes atribuídos nomes fictícios.
Os alunos desta turma dão-se bastante bem, são unidos, participativos, trabalhadores e
perspicazes, e gostam de ir à escola, faltando apenas em casos de doença. De maneira geral,
todos tinham um aproveitamento satisfatório, excetuando dois deles que demonstravam mais
dificuldades de aprendizagem, principalmente na disciplina de matemática e de português, no
entanto nenhum estava referenciado com NEE. Apesar dos bons resultados conseguidos por
quase todos os alunos, uma das limitações, na área da matemática, que detetei na turma foi a
dificuldade em resolver problemas.
No que diz respeito às habilitações literárias dos pais dos alunos, predominava o ensino
superior, seguindo o ensino secundário e por último numa minoria o ensino básico.
3.2.3. Caraterização da escola do 2º Ciclo
A escola do 2º ciclo incorpora dois ciclos de ensino, o 2.º e o 3.º, e integra-se numa zona
escolar servida por bons transportes públicos. Acolhe alunos da cidade e das freguesias mais
próximas, em virtude de os pais terem o seu local de trabalho em Vila Nova de Famalicão.
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A escola é composta por quatro blocos, tendo todos eles dois pisos, variando apenas o
número de salas que constitui cada um. Nestes blocos encontra-se uma sala do aluno, uma sala
de educação especial, uma biblioteca, um auditório e dois ginásios. Por fim, encontra-se
também o gabinete da direção, uma sala de professores equipada com computadores, e dois
gabinetes de atendimento aos Encarregados de Educação.
A escola Júlio Brandão dinamizou diversas atividades matemáticas, no âmbito da semana
da matemática que se celebra no mês de março e cujo tema era “A matemática e o planeta
Terra”. Durante esta semana, houve uma sala com exposições de trabalhos feitos pelos alunos -
rosáceas, frisos e diversas figuras construídas com sólidos geométricos - sobre distintos
conteúdos matemáticos, bem como variados jogos matemáticos - jogo do semáforo, polydron,
tangram, entre outros. Num dos dias foi também dinamizado um concurso do jogo do 24, onde
competiam os alunos das diferentes turmas. Todas estas atividades foram divulgadas na página
e nos placards da escola.
3.2.4. Caraterização dos alunos da turma do 2º Ciclo
O trabalho no 2.º Ciclo desenvolveu-se numa turma do 5.º ano de escolaridade composta
por 24 alunos, dos quais 12 são do género feminino e 12 são do género masculino, com idades
compreendidas entre os 10 e os 12 anos. Dois dos alunos são de etnia cigana e todos eles são
de nacionalidade portuguesa.
Durante o estágio, perante as observações e interações realizadas com a turma, averiguei
que esta é trabalhadora e aplicada, evidenciando-se o esforço de todos. A turma tem cinco
alunos repetentes que contam com um Plano de Acompanhamento Pedagógico e oito alunos
que frequentam as aulas de apoio educativo. Destes, quatro às disciplinas de português e inglês
e os outros quatro às disciplinas de matemática e ciências. Uma das alunas da turma está a ser
seguida pelo gabinete de psicologia do estabelecimento de ensino, uma outra possui um
acompanhamento de uma psicóloga fora da escola, bem como, existe ainda, um outro aluno que
beneficia, no centro de saúde, de motricidade fina. Além disso, dois alunos estão sinalizados
como tendo mais dificuldades de aprendizagem, sendo por isso esperado dos professores um
maior trabalho com eles para que as dificuldades sejam amenizadas. Os restantes alunos
evidenciam um aproveitamento satisfatório, contudo todos apresentaram fragilidades na
resolução problemas matemáticos.
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Relativamente às habilitações literárias dos pais dos alunos predomina o ensino
secundário, seguindo-se o ensino básico e por último, numa minoria, o ensino superior.
3.2.5. Justificação do contexto de intervenção contemplado no estudo
No âmbito do estágio, com o intuito de implementar e desenvolver o meu projeto, tive
oportunidade de fazer intervenções numa turma do 1.º Ciclo e noutra do 2.º Ciclo, no 5.º ano de
escolaridade. Contudo, neste relatório final não foi contemplado o estudo desenvolvido no 5.º
ano. Após conversar com a professora orientadora, optei por tomar esta decisão uma vez que
existiu, por diversos motivos, uma grande discrepância de dados relativamente aos dois ciclos.
Assim sendo, surgiu uma disparidade acentuada no número de aulas. Por um lado, no 1.º
Ciclo houve um total de dezassete aulas lecionadas em todas as áreas, sendo que nove foram
dedicadas exclusivamente à disciplina de matemática. Estas ocorreram durante todo o período
letivo da parte da manhã ou da tarde, sendo esse tempo dividido por mim e pela outra
estagiária. Por outro lado, no 2.º Ciclo, só lecionei cinco aulas de matemática, de noventa
minutos cada uma, onde duas delas foram dadas em conjunto por mim e pela outra colega.
Ainda no 1.º Ciclo, apesar de ter de abordar determinados conteúdos, o que, de certo modo,
restringiu a escolha dos problemas a utilizar, a docente titular de turma dava-me bastante
liberdade de gerir as minhas aulas, permitindo-me trabalhar os assuntos da maneira que
considerasse mais adequada e conveniente para, desta forma, desenvolver com sucesso o meu
estudo. Em contrapartida, no 5.º ano, para além de ter também de lecionar conteúdos
previamente definidos pelo docente da turma, houve ainda uma grande rigidez no trabalho que
tinha de desenvolver, acabando por me limitar e não me possibilitar executar o meu estudo da
forma mais apropriada, não conseguindo analisar, bem como recolher, a informação pretendida.
Ainda no final da experiência no 5.º ano, devido às restrições que surgiram durante o
estágio, achei que seria útil e proveitoso retomar ao 1.º Ciclo para recolher mais algumas
informações e, deste modo, aplicar outros problemas. Assim, consegui desenvolver diversas
tarefas no 1.º Ciclo e que iam mais ao encontro daquilo que realmente pretendia.
Por tudo o que foi referido anteriormente, achei pertinente apresentar, neste trabalho,
apenas os dados do 1.º Ciclo. Apesar da intervenção no 5.º ano não me permitir recolher o
pretendido, adquiri experiência como futura profissional e tive oportunidade de lecionar, pela
primeira vez, neste ano de escolaridade.
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3.3. Pedagogias de ensino
O professor deverá utilizar diversas pedagogias de ensino que estimulem e desenvolvam
os seus alunos. Deste modo, durante as intervenções, houve momentos de trabalho individual e
outros de trabalho cooperativo, em grupos de 4/5 elementos e em grande grupo, sendo criadas
discussões onde tinha o cuidado de ouvir e valorizar sempre as ideias dos alunos e as suas
formas de pensar. Foram ainda proporcionadas situações de exploração de materiais
manipuláveis.
Ao longo das aulas criaram-se momentos de trabalho individual, sendo que este me
permitiu detetar, de forma individualizada, as lacunas que cada aluno manifestava na resolução
de problemas e se percebiam, ou não, determinada matéria. Existiram também momentos de
trabalho cooperativo. Os objetivos educacionais da aprendizagem cooperativa “(…) são a
realização escolar, a tolerância e a aceitação da diversidade e o desenvolvimento de
competências sociais” (Arends, 2008, p. 345). Segundo Arends (2008), a aprendizagem
cooperativa requer que haja uma participação conjunta numa dada atividade. Ora, a exploração
conjunta leva a uma maior reflexão dos alunos, assim como lhes proporciona inúmeras
oportunidades para a discussão de ideias e estratégias, fazendo com que pensem em várias
situações que, provavelmente, sozinhos não pensariam. “A discussão e o discurso em sala de
aula são centrais a todos os aspetos do ensino” (Arends, 2008, p. 412). Assim, as discussões
na turma foram essenciais e imprescindíveis de serem trabalhadas/exploradas nas aulas de
matemática, pois, e segundo o National Council of Teachers of Mathematics (NCTM, 1991),
estas originam a partilha de opiniões com os colegas, ajudando os alunos a construir
conhecimento, a aprender outras formas de pensar e a clarificar o seu próprio pensamento.
Durante as discussões, ouvi e valorizei sempre as ideias dos alunos e as suas formas de pensar.
Pois, de acordo com Arends (2008)
se o objetivo do professor é ajudar os alunos a compreender a aula e a ampliar o seu pensamento, então ele deve ouvir cuidadosamente as ideias de cada aluno. Neste caso, o professor não deve julgar e deve manter-se orientado para o questionamento em vez de desafiar e argumentar com os alunos. (p. 426)
Nos distintos momentos de trabalho permiti a manipulação de materiais. Isto é
importantíssimo para que os alunos consigam perceber melhor e com maior facilidade
determinados conceitos, elaborando as suas próprias ideias. Também o documento NCTM
(1991), refere que
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materiais manipuláveis de diversos tipos são, ao longo de toda a escolaridade, um recurso privilegiado como ponto de partida ou suporte de muitas tarefas escolares, em particular das que visam promover actividades de investigação e a comunicação matemática entre os alunos. (p. 71)
Concluo então que com as pedagogias de ensino utilizadas foi sempre considerado que o
aluno tem de ser levado a encontrar as respostas, a partir dos seus conhecimentos,
manifestando uma participação ativa, interagindo consigo próprio e com os outros que o
rodeiam. Assim, foram criados ambientes estimulantes, onde se proporcionaram aprendizagens
diversificadas e significativas para os alunos, baseadas em atividades matematicamente ricas e
onde tiveram oportunidade de experimentar. Tudo isto surgiu em oposição a algumas
pedagogias onde o aluno é encarado como tendo unicamente um papel de recetor de
informação, sendo visto como um ser não detentor de saber.
3.4. Instrumentos de recolha de dados
Numa investigação é importante existir a recolha de dados, pois “constitui um momento
importante de toda a fase de observação no ciclo da Investigação-Ação” (Dias, 2013, p.37). O
investigador necessita de recolher dados acerca da intervenção para avaliar os resultados da sua
prática educativa (Latorre, 2003). Ora, para recolher informação de um modo sistemático e para
conseguir alcançar os objetivos esperados, é essencial haver uma seleção de alguns
instrumentos de recolha de dados, tendo sempre em conta os alunos e o estudo em causa.
O processo de recolha de dados teve início logo na primeira aula em que conheci e
contactei com a turma, prolongando-se até à última intervenção. Então, para recolher a
informação foram usados vários instrumentos: observação com recurso a gravações
audiovisuais; diário da professora-estagiária subdivido em diário de registos e de reflexão,
produções dos alunos e, por fim, uma ficha de reflexão.
Segundo Máximo-Esteves (2008), a observação possibilita conhecer diretamente os
fenómenos, tal como eles ocorrem, num determinado contexto. Desta forma, é possível
compreender o contexto, as pessoas que o frequentam e as suas interações. A observação que
realizei foi feita ao longo das aulas e em algumas situações informais, como nos momentos de
lazer e descontração dos alunos, ou seja, nos intervalos. Assim, sempre que estive com as
crianças observei-as atentamente para conseguir recolher todas as informações pertinentes.
Estas observações foram realizadas considerando aspetos mais gerais, onde analisei o trabalho
de toda a turma, bem como as interações entre eles, até ao mais particular, onde a minha
29
atenção se focou no trabalho desenvolvido dentro de cada pequeno grupo e até mesmo no
trabalho individual. Ora, houve então momentos de observação distintos, adaptados às
necessidades que surgiam.
Para auxiliar a observação que efetuei do contexto em estudo, foram gravadas em formato
audiovisual as aulas lecionadas no âmbito do projeto, havendo assim, tal como refere Máximo-
Esteves (2008) uma maior fidelidade no registo do que aconteceu. Com as gravações é possível
relembrar, a qualquer altura, pormenores importantes, ou analisar outros que, de alguma forma,
passaram despercebidos durante a observação. As gravações das aulas foram realizadas por
uma câmara de filmar fixa que se situava num local estratégico previamente selecionado. O
objetivo era captar a imagem da parte frontal da sala, ou seja, o local onde se encontrava o
quadro, pois era neste sítio que os alunos registavam e partilhavam as resoluções dos
problemas. Pretendi também captar, durante os momentos de explicação das resoluções e de
discussões em grande grupo, as falas dos alunos. Neste caso, não foi dada grande importância à
obtenção da imagem. Importa ainda salientar que nas situações de trabalho em pequenos
grupos não foi possível perceber, com as gravações, o que os alunos comentavam. Pois, só
existia uma câmara e esta encontrava-se distanciada da maioria dos grupos, sendo que o ruido
existente aquando o trabalho colaborativo, também impossibilitava o entendimento dos diálogos.
Todas as gravações foram integralmente transcritas para o formato de texto, facilitando assim o
processo de consulta.
“Os diários são colectâneas de registos descritivos acerca do que ocorre nas aulas, sob
forma de notas de campo (…), de observações estruturadas e registos de incidentes críticos”
(Máximo-Esteves, 2008, p. 89). O mesmo autor refere que o diário é um dos recursos mais
adequado pela sua enorme valorização descritiva, interpretativa e reflexiva. Como tal, realizei o
diário da professora-estagiária subdivido em diário de registos e de reflexão. O diário de registos
foi concretizado ao longo das aulas, tendo por base as observações que ia realizando. Assim,
neste descrevia todas as situações relevantes que surgiam em cada intervenção. Nas descrições
foram referidas algumas das minhas práticas e também certas condutas, atitudes e falas dos
alunos por mim recolhidas, como por exemplo, eventuais dúvidas, inquietações, comentários e
opiniões que partilhavam sobre algum assunto ou trabalho que estava a ser desenvolvido, e que
considerei como sendo significativo para o estudo. As falas foram conseguidas através da
conversação centrada nas crianças e enquadrada no ambiente de diálogo e de interação entre
aluno(s)-aluno(s) e professora-aluno(s).
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Relativamente ao diário de reflexão, este foi usado para, com base nas descrições do
diário de registos, refletir sobre como correram as intervenções. Deste modo, analisei e ponderei
acerca do que ocorreu ao longo das aulas, através dos registos de algumas das minhas ações,
percebendo o que fiz bem e o que fiz errado, tentando melhorar os aspetos mais negativos. Para
além disso, também refleti sobre os registos de algumas atitudes e comentários dos alunos,
avaliando opiniões, limitações e dificuldades manifestadas por estes, fazendo reajustes nas
intervenções posteriores, tendo em conta as suas necessidades, interesses e sucesso. Em todas
as reflexões tive sempre um papel crítico, manifestando as minhas ideias, sentimentos,
expectativas e opiniões sobre o assunto em questão. Por fim, com a análise gradual dos diários
consegui perceber a evolução que ocorreu, ao longo do tempo, tanto na minha prática como
professora, como no trabalho desenvolvido pelos alunos.
“A análise dos artefactos produzidos pelas crianças é indispensável quando o foco da
investigação se centra na aprendizagem dos alunos” (Máximo-Esteves, 2008, p. 92). Ora, no
meu projeto, as produções dos alunos, no que diz respeito à resolução de problemas, foram
cruciais, uma vez que, com estas, consegui avaliar com cuidado e pormenorizadamente as
dificuldades que revelavam ao longo da resolução de problemas, detetando assim quais as
etapas do modelo de Polya que falhavam, impossibilitando a existência de uma resolução com
sucesso. Com isto, procurei estratégias adequadas e ajustadas às necessidades dos alunos
para, desta forma, colmatar todas as lacunas. As produções foram também muito importantes,
na medida em que, através da análise e do estudo das diversas resoluções executadas ao longo
das intervenções, me possibilitaram ter uma maior perceção da evolução e da autonomia dos
alunos na resolução dos problemas matemáticos.
Por fim, uma ficha de reflexão permite “desenvolver (…) uma ideia sobre a maneira
como os sujeitos interpretam (…) aspetos” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 134). Como tal, no final
das intervenções foi entregue uma ficha de reflexão que continha algumas questões para os
alunos responderem (anexo 1). O objetivo era perceber com que frequência resolviam problemas
antes da minha intervenção e levá-los a refletir, bem como a manifestar as suas opiniões, sobre
a evolução das suas capacidades de resolver problemas e acerca da importância que teve,
nessa evolução, todo o trabalho desenvolvido, principalmente no que diz respeito à utilização das
questões orientadoras. Essas questões ajudavam os alunos a percorrer as fases do modelo que
é a base do meu estudo, ou seja, o modelo de Polya (1995).
31
Com os diferentes instrumentos selecionados pretendia recolher dados que me ajudassem
a responder às questões de investigação, tal como se pode verificar na tabela 2.
Tabela 2 - Instrumentos de recolha de dados que pretendem dar resposta às questões formuladas
3.5. Fases do estudo
No início do ano letivo 2013/2014 foi efetuado um pedido ao diretor do Agrupamento
para autorizar a minha intervenção em escolas do Ensino Básico e, deste modo, implementar o
projeto.
No primeiro dia fui, desde logo, apresentada aos alunos pela professora da turma. Nesse
momento, falei-lhes um pouco sobre mim e referi que ia passar a estar diariamente nas aulas
deles, explicando-lhes o objetivo da minha presença constante. De seguida, entreguei-lhes um
documento para fornecerem ao Encarregados de Educação e devolverem-me devidamente
assinado (anexo 2). Este documento contemplava um pedido de autorização para a gravação
audiovisual das aulas e uma breve apresentação minha, assim como uma sucinta explicação do
estudo que pretendia realizar, garantindo preservar o princípio da confidencialidade dos alunos.
Depois de toda a parte burocrática e as apresentações feitas, comecei então a executar as
fases do meu estudo. Deste modo, a 1ª fase do estudo correspondeu à observação e reflexão
individual e conjunta do observado. A observação subdividiu-se em dois momentos, no primeiro
momento realizei uma observação mais passiva à turma, bem como às interações e práticas da
docente. Todas as semanas, com a ajuda da professora cooperante, definia um assunto que
seria o foco da minha observação, como por exemplo, intervenção dos alunos, interação
professor-alunos, entre outros. Com isto, apercebi-me das dificuldades e capacidades de cada
um, bem como analisei algumas práticas e estratégias utilizadas pela professora, sendo estas
úteis para as minhas intervenções. Ora, neste momento inicial, mantive-me sentada no fundo da
sala, num local onde conseguia observar e analisar tudo o que era pretendido, descrevendo, no
diário de registos, todas as situações e comentários que considerava pertinentes e com
interesse. No segundo momento, para além da observação, comecei a interagir com os alunos,
Observação com recurso às
gravações audiovisuais Diário de reflexão
e de registo Produções dos
alunos Ficha de reflexão
Q1
Q2
Q3
32
auxiliando-os nas tarefas que tinham de realizar, estabelecendo assim uma maior relação com
estes, continuando a efetuar os registos no diário.
Com os dois momentos realizados, percebi o conteúdo onde a turma possuía maiores
fragilidades e limitações, detetando a área da matemática e o tema da resolução de problemas
como sendo o ponto fraco dos alunos. Ora, escolhi o tema resolução de problemas para
desenvolver o meu trabalho de investigação. Após a seleção deste, continuei a observar todo o
contexto, mas de uma forma mais profunda e minuciosa na área da matemática, mais
precisamente, debrucei-me no estudo do desempenho dos alunos na resolução de situações
problemáticas.
Também durante os dois momentos, e apoiando-me no diário de registos realizado, fui
sempre elaborando o diário de reflexão. No final de todas as semanas, reunia-me com a
professora da turma para conversarmos e refletirmos sobre o que tinha ponderado e achava
pertinente partilhar com ela. O diário de reflexão era ainda enviado para a professora
orientadora, permitindo-lhe contactar com a minha perspetiva sobre o que analisava, sendo este
discutido nas reuniões concretizadas.
De uma forma resumida, na 1.ª fase consegui habituar os alunos à minha presença,
ambientar-me, bem como, conhecer o contexto, apercebendo-me assim das capacidades e
limitações dos alunos nos diferentes conteúdos, selecionando o tema de estudo. Ainda nesta
fase fui reconstruindo e reelaborando ideias e conceitos através dos momentos de reflexão.
Na 2ª fase realizei a leitura e análise da literatura no âmbito do tema selecionado. Ora, li
várias obras que me ajudaram a clarificar a definição de problema e da resolução de problemas.
Permitiram-me também, considerando o que analisei na fase anterior, definir que o modelo de
Polya (1995) era o mais adequado para ser trabalhado com a turma. Tal como alude Teixeira
(2013) este modelo é considerado como sendo o mais representativo. Para além disto,
selecionei ainda a tipologia de problemas exibida por Palhares (1997), bem como as estratégias
de resolução consideradas por Vale e Pimentel (2004).
A 3ª fase diz respeito à delineação dos conteúdos a abordar. Depois do momento
anterior já sabia, discriminadamente, tudo o que queria trabalhar para explorar o tema
escolhido. Então, reuni-me com a professora da turma, dias antes da primeira intervenção, onde
lhe comuniquei as minhas ideias e esta me informou quais os conteúdos que tive de abordar nas
aulas que lecionei.
33
Na 4ª fase fiz a realização da planificação e análise conjunta acerca da mesma. Neste
momento comecei por elaborar a planificação da primeira intervenção, sendo esta feita apenas
com base na literatura e no conhecimento do contexto. De seguida, considerando o assunto que
tinha de trabalhar e o que tinha delineado na planificação, fiz a procura e a seleção rigorosa de
diversos problemas desafiantes, interessantes, problemáticos e adequados, tal como expõe
NCTM (2007), para serem empregados na aula. Para além disto produzi ainda os materiais que
ia necessitar, como apresentações, jogos didáticos, entre outros. Depois de tudo preparado, em
conjunto com a professora cooperante, analisei a planificação e tudo o que dela resultou.
É importante aludir que, nesta fase, apenas me refiro à primeira planificação, pois estas
não foram todas elaboradas de uma só vez. À medida que terminava uma intervenção é que
pensava e preparava a seguinte, concretizando assim a planificação e tudo o que era necessário
para a aula em questão.
A 5ª fase diz respeito à intervenção, observação e reflexão individual e conjunta. Aqui
coloquei em ação a planificação que elaborei, sendo sempre reajustada às necessidades que
iam surgindo. Ao longo da intervenção fui observando e analisando o trabalho dos alunos, bem
como registando todos os comentários e descrevendo as práticas que considerasse
interessantes para o estudo, elaborando, deste modo, o diário de registos. As aulas realizadas no
âmbito do projeto foram gravadas em formato audiovisual.
No final da intervenção, houve dois momentos. Primeiramente surgiu a reflexão individual,
onde analisei os registos realizados durante a aula e, posteriormente, fiz uma reflexão geral
sobre esta, fazendo isto parte dos diários de reflexão. No momento seguinte, surgiu a reflexão
em conjunto. Deste modo, reuni-me com a professora cooperante e ainda com a orientadora,
para partilhar ideias, opiniões, emoções, sentimentos, expectativas, desilusões, que tive com a
intervenção, ou seja, partilhei, à semelhança do que aconteceu na 1.ª fase, o que tinha
elaborado nos diários de reflexão. Seguidamente, estas deram-me o seu feedback levando-me a
pensar e avaliar alguns assuntos que consideraram importantes para as minhas práticas futuras.
Ao longo da reflexão conjunta fui registando tudo o que achei relevante para ter em conta nas
planificações e intervenções seguintes. Deste modo, foram criados diálogos com pessoas
críticas, que me ajudaram bastante em todo o processo.
Após a 5.º fase o processo repetia-se de forma cíclica. Ora, no final de cada intervenção,
ou seja, depois da 5.ª fase concluída – intervenção, observação e reflexão individual e conjunta -,
retomava à 4.ª para preparar a aula seguinte - realização da planificação e discussão conjunta
34
acerca da mesma. À medida que realizava as planificações tinha sempre em atenção todas as
ideias que surgiram das observações e reflexões antecedentes, sendo que a planificação
seguinte era sempre mais cuidada e rigorosa do que a anterior. Após a conclusão da 4.ª fase,
voltava a acontecer a 5.ª fase, logo depois, surgia novamente a 4.ª fase, seguindo-se da 5.ª, e
assim sucessivamente. Este é então considerado um processo em espiral que pode ser
representado, segundo o esquema de Latorre (2003), em torno de quatro etapas: planificação,
ação, observação e reflexão.
Passado alguns meses das intervenções na turma do 2.º ano e depois da ida à escola do
2.º ciclo, retomei à escola do 1.º Ciclo para continuar a minha exploração para o estudo,
recolhendo mais informação. A minha atitude foi bastante diferente, pois já conhecia bem a
turma, as suas capacidades e limitações, já estava mais à vontade a lecionar, assim como não
tinha um conteúdo específico que teria de abordar, tendo então mais liberdade para escolher os
problemas, diferentes dos habituais. Ora no meu regresso à escola do 1.º Ciclo voltei a realizar a
4.ª e 5.ª fases, novamente como um processo em espiral.
Finalmente existiu a 6ª fase, a da análise dos dados. A análise dos dados é feita desde a
altura em que se realiza a primeira observação, sendo que, com esta, pode surgir a necessidade
de recolher novos elementos. Porém, foi apenas nesta fase que todos os materiais já estavam
recolhidos. Assim, neste momento, procedi à análise atenta de toda a informação, seguindo-se
da seleção e da categorização desta, para posteriormente escrever o relatório final.
3.6. Análise de dados
A análise de dados tem como objetivo compreender todo o material recolhido durante a
investigação, tratando-o e organizando-o, para posteriormente o divulgar de forma clara. Depois
da exploração dos problemas, reuni o material, selecionando o que considerei mais pertinente
para o meu estudo. Seguidamente estruturei-o e categorizei-o, de forma a estabelecer relações
entre as diferentes categorias consideradas. Tendo em conta a finalidade da minha investigação,
elaborei as categorias de análise atentadas na tabela 3.
35
Tabela 3 - Categorias de análise de dados
Como resolvem o problema Compreensão do problema; Elaboração e execução de um plano; Verificação dos resultados.
Dificuldades Compreensão do problema; Elaboração e execução de um plano; Verificação dos resultados.
Evolução Compreensão do problema; Elaboração e execução de um plano; Verificação dos resultados.
A partir das categorias acima mencionadas, a estrutura elucidada para a concretização da
análise dos dados foi sempre ao encontro das questões de investigação. Deste modo, fiz a
divisão dos dados em três categorias: como resolvem o problema, dificuldades e evolução. Em
cada uma destas foram consideradas e analisadas as quatro fases do modelo de Polya:
compreensão do problema, elaboração e execução de um plano e verificação dos resultados. Ao
longo da análise foi sempre mantida a mesma estrutura.
3.7. Intervenção
Durante as intervenções no 1.º ciclo tive oportunidade de lecionar 9 aulas de matemática.
Com a tabela 4 apresentada abaixo é possível analisá-las, percebendo o tempo despendido em
cada uma, as fichas que foram realizadas (anexo 3), os conteúdos abordados nas distintas
aulas, assim como os seus objetivos.
Tabela 4 - Planeamento das aulas
Aula Tempo Conteúdo Fichas Objetivos
1
2h30min Números ordinais
Ficha 1 Ficha 2 Ficha 3 Ficha 4
Reconhecer os conjuntos dos números inteiros, das diferentes formas de representação dos elementos desses conjuntos e das relações entre eles. Identificar as dificuldades que surgem na resolução de problemas.
2
2h30min Estimativa Ficha 5 Ficha 6 Ficha 7
Compreender os números e a sua utilização de maneira flexível para desenvolver estratégias úteis de manipulação destes. Estimar valores aproximados e decidir a razoabilidade de resultados obtidos por qualquer processo de cálculo ou estimação. Procurar e explorar processos organizados de contagem.
3
2h30min Subtração Ficha 8 Compreender a subtração nos sentidos retirar, comparar e completar. Reconhecer as operações. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas
36
4
2h30min Subtração (Continuação)
Ficha 9 Compreender a subtração nos sentidos retirar, comparar e completar. Reconhecer as operações. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
5
2h30min Multiplicação Ficha 10 Ficha 11
Compreender a multiplicação nos sentidos aditivo e combinatório. Reconhecer as operações. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
6
2h30min Multiplicação (Continuação)
Ficha 12 Compreender a multiplicação nos sentidos aditivo e combinatório. Reconhecer as operações. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
7
2h30min Subtração Ficha 13 Compreender a subtração nos sentidos retirar, comparar e completar. Reconhecer as operações. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
8
2h30min Não se aplica um conteúdo específico
Ficha 14 Ficha 15
Reconhecer e trabalhar diferentes estratégias que são necessárias à resolução de problemas. Recolher e organizar dados relativos a uma situação e representá-los de modos adequados. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
9
2h30min Não se aplica um conteúdo específico
Ficha 16 Ficha 17
Reconhecer e trabalhar diferentes estratégias que são necessárias à resolução de problemas. Recolher e organizar dados relativos a uma situação e representá-los de modos adequados. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
Em todas as aulas apresentadas anteriormente, selecionei problemas de algumas das
fichas, analisei-os e englobei-os no meu estudo. Esta seleção foi feita tendo em conta as
questões de investigação, ou seja, elegi os problemas que melhor me ajudavam a responder às
questões e, de certo modo, melhor evidenciavam todo o trabalho desenvolvido.
Seguidamente encontra-se a tabela 5, onde é possível perceber a que aula e a que ficha
correspondem os problemas usados para a análise, qual o número do problema na ficha e o
respetivo nome de cada um.
Tabela 5 - Problemas usados para a análise
Aula Ficha Nº problema na ficha Nome do problema
1 3 Ficha constituída apenas por 1 problema. Concurso de leitura. 3 8 Ficha constituída apenas por 1 problema. Visita à quinta de Santo Inácio. 4 9 1. Disfarces de carnaval.
5 11 1; 2. Pães com diferentes recheios; os vernizes da Mariana.
8 14 Ficha constituída apenas por 1 problema. Coelhos e faisões. 8 15 Ficha constituída apenas por 1 problema. Filas de meninos.
37
Os problemas foram colocados com vista a detetar, bem como a ajudar a eliminar as
lacunas e as dificuldades que os alunos possuíam durante as resoluções. Assim, todos foram
trabalhados tendo sempre por base as fases do modelo de Polya.
O problema da ficha 3 foi dos primeiros a ser realizado e dos poucos que não tive a
preocupação de abordar um conteúdo previamente imposto pela docente. Este funcionou como
um teste, permitindo-me investigar detalhadamente as dificuldades que os alunos possuíam.
Considerei ser o ideal para trabalhar na primeira aula, uma vez que era diferente daquilo que os
alunos estavam habituados, ou seja, não havia a aplicação das quatro operações. Para além
disso, para o resolver da forma mais adequada, era importante que o enunciado fosse muito
bem percebido, que detetassem qual a informação essencial, bem como definissem e
executassem um plano e, finalmente, verificassem os resultados obtidos. Assim sendo, com este
consegui compreender como é que os alunos resolviam os problemas, bem como gerar uma
opinião acerca das capacidades e dificuldades que apresentavam durante as resoluções,
detetando, então, as fases do modelo de Polya que estavam a falhar.
Inicialmente foi feita uma leitura em grande grupo e, logo de seguida, solicitei aos alunos
que começassem a resolver o problema. Como estavam com dificuldades optei por explorar os
significados de algumas palavras do texto que estavam a causar confusão. Seguidamente,
resolveram-no individualmente e da forma que acharam mais correta, sendo-lhes dada total
liberdade. Despois de estar finalizado, alguns alunos, com ideias distintas, foram ao quadro
registar e explicar como o resolveram, sendo, posteriormente, discutidas com toda a turma.
Com base no que averiguei, nas aulas posteriores já intervim no sentido de ajudar os
alunos a melhorar o seu desempenho face às falhas existentes, procurando formas mais
adequadas para tal. Deste modo, achei necessário e urgente pensar em boas maneiras para
levar os alunos a eliminar, gradualmente, as lacunas existentes nas fases do modelo de Polya e,
consequentemente, ajudá-los a terem sucesso nas suas resoluções. Segundo Polya (2003), se
os alunos forem ensinados a percorrer conscientemente e sequencialmente as quatro fases do
seu modelo, poderão vir a ter êxito na resolução de problemas. Ora, julguei conveniente utilizar
um conjunto de processos para facilitar a compreensão do problema, ou seja, ler em voz alta,
sublinhar a informação importante, descodificar palavras desconhecidas e recontar o problema.
Juntamente com estes achei oportuno implementar três questões orientadoras: o que me é
dado, o que quero saber e como vou fazer. Abaixo existe a tabela 6 onde explica o objetivo da
utilização de cada uma das questões.
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Tabela 6 - Objetivo das três questões usadas durante a resolução de problemas
Estas questões foram mostradas e debatidas em grande grupo através da discussão e
troca de ideias entre mim e os alunos, sendo, para tal, aplicado um problema modelo que foi
usado como exemplo para responder às questões em causa, facilitando, desta forma, o
entendimento. Como se pode verificar com a tabela 6, não existe nenhuma questão que leve
diretamente os alunos a executar a fase da verificação dos resultados, pois esta pretendia ser
trabalhada com a afirmação existente em todos os problemas, explica como pensaste. A
afirmação tinha como finalidade fazer com que os alunos, depois de resolver o problema,
elucidassem o modo como pensaram, sendo que assim explicavam/justificavam claramente o
que fizeram até chegar à solução encontrada, conseguindo perceber se o resultado era
exequível, sendo, deste modo, realizada a verificação dos resultados.
Ora, nas intervenções seguintes comecei então a trabalhar, com o intuito de eliminar as
dificuldades existentes nas fases do modelo de Polya, usando vários problemas. Nestas optei por
explorar detalhadamente uma fase de cada vez, com o auxílio dos procedimentos acima
referidos, e depois de todas terem sido abordadas minuciosamente, utilizar mais problemas para
as pôr em prática todas ao mesmo tempo. Julguei que o trabalho por etapas teria mais resultado
do que abordar e explorar todas as fases de uma vez só. Na minha opinião, e tendo em conta as
dificuldades que os alunos manifestavam na resolução de problemas, se abarcasse logo tudo
com pormenor, seria muito mais confuso e menos vantajoso. Apesar de considerar uma fase de
cada vez em cada problema, as restantes não eram esquecidas, sendo que sem todas elas não
era possível chegar-se à solução, contudo eram abarcadas mais superficialmente.
Após isto, apliquei o problema da ficha 8. Este foi escolhido de forma cautelosa, e tinha
como objetivo explorar a matéria dada anteriormente, assim como analisar e desenvolver com
maior profundidade a fase da compreensão do problema. Para auxiliar a exploração da primeira
fase, foram aplicadas as questões: o que me é dado e o que quero saber.
O que me é dado?
Ajuda na recolha sistematizada da informação mais relevante. Isto é essencial para haver uma boa compreensão do problema e facilitar a consulta dos dados para a elaboração de um plano. Pode ainda ser usado na parte da verificação dos resultados, para haver a confirmação de que toda a informação necessária foi utilizada.
O que quero saber?
Auxília na definição da incógnita, sendo importante para delinear um plano, pois este tem de responder à incógnita. Esta questão é também crucial na etapa da verificação dos resultados, pois com a incógnita encontrada e registada é mais fácil para se averiguar se a solução do problema corresponde à incógnita ou se é necessário elaborar-se um novo plano para chegar à solução certa.
Como vou
fazer?
Esta questão é crucial para levar os alunos a elaborar e executar um plano. Para responderem acertadamente é necessário ter as anteriores respondidas de forma correta, pois ao recorrerem sempre às respostas das anteriores, a elaboração e execução de um plano será mais fácil.
39
Tendo em vista o objetivo principal da utilização do problema, aliei às questões os
procedimentos referidos anteriormente para ajudar na compreensão do mesmo. Assim, escolhi
um aluno para o ler em voz alta, seguidamente tentei perceber se havia palavras que
desconhecessem para os ajudar na decifração. Depois, pedi a um outro que recontasse, por
palavras suas, o que tinha acabado de ser lido. Então, a leitura, a descodificação de palavras
desconhecidas e o reconto são aspetos essenciais a ter em conta na compreensão do problema.
O reconto foi a nova estratégia que implementei em relação ao problema anterior, pois Polya
(1995) refere que através do reconto, por palavras suas, do que foi lido é possível comprovar a
compreensão do problema. Assim, com este momento, foi dedicado algum tempo à análise
cuidadosa do enunciado. Depois disto cada aluno respondeu à primeira questão, o que me é
dado, recolhendo a informação do problema. Este possuía, propositadamente, uma grande
quantidade de informação e não era tão direto como o que estavam acostumados, não detendo
a informação explícita. Escolhi um enunciado com estas caraterísticas para conseguir perceber
como é que os alunos iam reagir, e para os levar a aprender a organizarem-se no meio de todos
os dados, selecionando e recolhendo apenas o essencial, uma vez que este passo do tratamento
da informação é fundamental para a compreensão do problema. Posteriormente passaram a
responder à questão o que quero saber, onde não houve qualquer dificuldade. Sem o decifrar da
incógnita não conseguiam responder acertadamente, sendo esta importante para
compreenderem o problema. Por fim responderam à questão como vou fazer. Esta foi analisada
superficialmente, indo alguns alunos ao quadro, no final da resolução, registar e explicar como
resolveu, sendo, posteriormente, discutidas as suas ideias com toda a turma, respondendo
assim à afirmação explica como pensaste.
Com a ficha 9 pretendia verificar se os alunos já conseguiam responder adequadamente
à questão o que me é dado, continuando a explorar de forma detalhada a primeira e a segunda
questão, o que me é dado e o que quero saber. Ora, o enunciado continuava a não ser tão direto
como o que os alunos estavam habituados. Assim, continuei a desenvolver e a prestar especial
atenção à fase da compreensão do modelo de Polya, colmatando e realçando aspetos que não
ficaram muito bem percebidos com o problema anterior. A ficha 9 também tinha por finalidade
abordar e praticar a matéria dada anteriormente.
Antes dos alunos começarem a trabalhar individualmente o problema houve a leitura
deste, onde sugeri que, devido às dificuldades na recolha da informação essencial manifestadas
no problema anterior, seria melhor, à medida que iam lendo, sublinhar a informação que
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achavam importante. Seguidamente ocorreu a decifração de palavras desconhecidas, o reconto
e, logo de depois, passaram para a resolução, respondendo às perguntas orientadoras, incluindo
a última questão, como vou fazer, à qual responderam ainda sem grande detalhe. No final da
resolução, foram escolhidos alguns alunos para as apresentar no quadro e explicarem-nas,
sendo debatidas as suas ideias com toda a turma, trabalhando, assim, a afirmação explica como
pensaste.
Na aula seguinte, apliquei a ficha 11. Relativamente ao primeiro problema desta ficha,
este foi o selecionado para começar a analisar profundamente a questão como vou fazer,
realizando assim um estudo minucioso da segunda, terceira e quarta fases do modelo de Polya.
Ao longo das resoluções, fui-me apercebendo que, na fase da elaboração e execução de um
plano, os alunos não conseguiam resolver problemas que necessitassem da utilização de
estratégias de resolução, para além das quatro operações, sendo que quando deparados com
um problema pensavam de imediato “que conta vamos utilizar?”. Com efeito, considerei
enriquecedor fornecer-lhes problemas desafiantes, interessantes, problemáticos e adequados
que fortalecessem na criança o raciocínio e a criatividade na procura de várias estratégias para
alcançar o resultado final, como refere o NCTM (2007). Desta forma, julguei que este problema
seria o indicado para os alunos trabalharem e aplicarem distintas estratégias de resolução,
levando-os a pensar um pouco mais além da aplicação das operações. Com este, também tinha
como objetivo, insistir mais detalhadamente na explicação, por parte dos alunos, de como
pensaram, fazendo então a verificação dos resultados. Nos problemas anteriores esta fase foi
trabalhada muito superficialmente, contudo considerei que neste momento lhe deveria dar
especial atenção, uma vez que o facto de usarem distintas estratégias de resolução poderia ser
um fator importante para os alunos sentirem mais necessidade de explicar como pensaram.
Note-se ainda que o problema proporcionou um grande desafio para os alunos, uma vez que, ao
contrário do que estavam habituados, resolveram-no sem ter abordado o conteúdo nele
mencionando, servindo assim como introdução ao assunto.
Antes de começarem a resolver, respondendo às perguntas, e para continuar a trabalhar a
fase da compreensão, houve a leitura em voz alta, a decifração de palavras desconhecidas, o
reconto de um dos alunos. Neste não foi necessário sublinhar a informação essencial, pois tudo
isto acabava por já estar sistematizados no enunciado. Com efeito, usei-o para mostrar aos
alunos como se sistematiza a informação de forma a facilitar os passos posteriores. Ora,
seguidamente, responderam apenas à segunda e terceira questão, resolvendo o problema, em
41
pequenos grupos, permitindo o trabalho cooperativo. Elegi o trabalho cooperativo, uma vez que
admiti que com a troca de ideias e entreajuda, conseguiriam responder mais facilmente à
pergunta como vou fazer, delineando e executando com maior facilidade um plano, utilizando
varias estratégias de resolução e, através da troca de ideias, a explicitação de como pensaram
também ficaria mais fácil. Durante a resolução, fui dando dicas aos alunos, recorrendo a
situações do quotidiano destes, com o intuito de os ajudar a colmatar dificuldades que
possuíam. Quando todos terminaram, foram selecionados alunos com diferentes resoluções para
as registarem no quadro e explicarem, sendo debatidas todas ideias com a turma. Neste
momento dei especial atenção à pergunta como vou fazer, pois era a primeira vez que a
utilizavam com um elevado grau de exploração.
No que diz respeito ao segundo problema da ficha 11 este serviu-me para verificar a
evolução, por parte dos alunos, na capacidade de resolver problemas, atestando a eficácia e o
resultado de todo o trabalho feito anteriormente, sendo então abrangidas todas as fases do
modelo de Polya. Desta forma, foi resolvido individualmente para me permitir apurar o progresso
de cada um dos alunos em particular, fazendo-me perceber se conseguiram colmatar as
dificuldades que continham em cada fase. Este possuía muita informação e até alguns dados
extra que não eram necessários para a resolução, possibilitando-me detetar as evoluções na fase
da compreensão. Era também um problema que proporcionava o uso de estratégias de
resolução para além da aplicação das operações e continha a afirmação explica como pensaste,
para, assim, me proporcionar a análise da evolução dos alunos nas últimas fases do modelo de
Polya. À semelhança do anterior, depois de estar resolvido, serviu-me como modelo para abordar
o conteúdo pretendido.
Toda a resolução aconteceu como o habitual, ou seja, com a leitura em voz alta, a
decifração de palavras desconhecidas, o reconto feito por um aluno e sublinhar a informação
mais importante. Despois disto começaram a responder às questões sendo que todas foram
trabalhadas com o mesmo grau de profundidade. Durante a resolução, visto que estava a haver
dificuldades por parte de dois alunos, foram usados materiais para os auxiliar na concretização
desta. Logo após a conclusão de todo este processo e o resultado final encontrado, alguns
alunos foram ao quadro registar e explicar como resolveram, sendo debatidas as suas ideias
com toda a turma.
Os problemas das fichas 14 e 15 foram aplicados aquando a minha segunda ida à
escola. Optei por abranger problemas diferentes dos que já tinha feito, uma vez que já possuía
42
mais liberdade, no sentido em que não tinha nenhum conteúdo para abordar nem para
trabalhar, daí na tabela 3 não haver um conteúdo específico. Estes, como eram mais complexos
e de caráter mais investigativo, despertaram maior interesse e entusiasmo nos alunos.
Ambos serviram para me ajudar a compreender se a evolução que foi notada nos alunos,
na minha primeira ida à escola, continuava e, até mesmo, se tinha aumentado, ou se acabaram
por esquecer e não praticar mais o que tinha sido trabalhado. Ora, queria detetar se os alunos,
passados já alguns meses, continuavam a aplicar as três questões, o que me é dado, o que
quero saber e como vou fazer, e, em caso afirmativo, se respondiam acertadamente a cada
uma, ou se já se desprendiam destas e mesmo assim eram capazes de seguir as fases do
modelo de Polya, tendo sucesso nas resoluções. Portanto, pretendia perceber se ainda eram
capazes de recolher apenas a informação relevante, elaborar e executar planos, usando
estratégias de resolução, bem como, realizar a verificação dos resultados, empregando, desta
forma, as fases do modelo de Polya. Assim julguei mais acertado não lhes incutir a ideia de que
tinham de responder às questões e sublinhar a informação essencial, deixando-os à vontade
para resolver como considerassem. Contudo, nos momentos de correção e debate em grande
grupo, centrei-me em recordar e explorar com os alunos as diferentes fases do modelo de Polya.
No problema da ficha 14 os alunos fizeram a leitura em voz alta, a decifração de palavras
desconhecidas e o reconto. Após o reconto foram descodificadas algumas palavras
desconhecidas para os alunos e, logo de seguida, passaram para a resolução do problema,
sendo que uns recorreram às questões e outros não. Este foi feito individualmente para, mais
uma vez, me possibilitar uma análise particular da forma como cada um resolvia o problema. No
final da resolução, selecionei alguns alunos, com base no que tinham feito, para registarem e
explicarem no quadro como resolveram, sendo debatidas as ideias com toda a turma.
Por sua vez, o problema da ficha 15, como habitual, um aluno começou por o ler em
grande grupo. Posteriormente fez-se a decifração de palavras desconhecidas. Logo de seguida,
um outro aluno recontou o problema por palavras suas. No final do reconto pensaram,
discutiram e trocaram ideias, em pequenos grupos, sobre possíveis formas de resolução, sendo
ainda partilhadas com toda a turma. Depois deste momento voltaram a partilhar opiniões em
pequenos grupos, mas desta vez com o auxílio de materiais. Seguidamente expuseram,
novamente, as conclusões que tinham chegado, sendo criado mais um momento de discussão.
Finalmente, é importante salientar que os primeiros problemas têm um grau de
dificuldade mais baixo, contudo, para aqueles alunos, naquele nível de aprendizagem, era
43
encarado como um problema e não como um exercício. O grau de dificuldade foi aumentando
em cada intervenção, pois, o nível de aprendizagem evoluiu e as capacidades dos alunos
também, sendo assim capazes de realizar problemas mais complexos. Tal como refere Vieira et.
al (2006) o que pode ser um problema para uma criança num nível de aprendizagem, poderá
passar a ser um exercício num nível posterior. Os dois últimos problemas são bastante
diferentes dos anteriores, tendo um grau de dificuldade muito elevado, pois, para além de saber
que os alunos, naquele momento, já eram capazes de os resolver, não tive também de, com
estes, preocupar-me em abordar um conteúdo definido pela docente, havendo uma maior
liberdade na seleção, possibilitando-me procurar problemas mais desafiantes.
Friso ainda que em todas as intervenções, à medida que resolviam os problemas,
circulava sempre pelos lugares estando atenta a todas as resoluções, dando-lhes as dicas que
achava convenientes para os ajudar a colmatar dificuldades que iam surgindo, prestando um
apoio especializado aos dois alunos com mais dificuldades de aprendizagem. Em todas as aulas
também tive sempre o apoio da professora da turma e da colega estagiária, sendo que assim
conseguíamos chegar mais facilmente e com maior eficácia a todos os alunos. É igualmente
relevante mencionar que todas as fichas de trabalho eram recolhidas no final de cada aula, para
posterior análise.
Como referido inicialmente, com a observação destes problemas pretendia responder às
questões de investigação. Deste modo, após a análise destes, já é possível perceber a que
questão respondi com cada um, como se pode constatar na tabela 7. Ora, com a ficha 1 foi-me
possível responder às questões 1 e 2 e com as fichas seguintes consegui responder às três
questões, pois ia analisando em todas elas a forma como os alunos resolviam os problemas, que
dificuldades evidenciavam, bem como perceber a evolução que havia de um problema para o
outro, tendo por base o trabalho feito. É importante aludir que quando me refiro às fichas, estou
apenas a mencionar os problemas indicados na tabela 4 que utilizei na análise, e não todos os
problemas que as constituíam.
Tabela 7 - Fichas que respondem às questões de investigação
Ficha 3 Ficha 8 Ficha 9 Ficha 11 Ficha 14 Ficha 15
Q1
Q2
Q3
44
Ainda ao longo das intervenções no 2.º ciclo lecionei 5 aulas de matemática. A tabela 8
apresentada seguidamente mostra, sistematizadamente, cada uma das aulas exibindo a duração
de cada uma, as fichas que foram realizadas (anexo 4), os conteúdos abordados nas distintas
aulas, bem como os seus objetivos.
Tabela 8 - Planeamento das aulas
Importa salientar que dado o teor dos problemas não foi possível integrá-los no relatório,
apesar de todos terem sido analisados. Ora, com a oportunidade que tive de aplicar diferentes
fichas, construídas com alguma rigidez imposta pelo docente da turma, foi-me possível realçar a
opinião que possuía relativamente à importância de trabalhar e estimular as capacidades dos
alunos, em oposição à ideia de subestimá-las. Assim, é crucial desafiar os alunos nas aulas de
matemática e isso não é possível se recorrermos apenas a exercícios de aplicação e de
respostas previsíveis. Pois, só desta forma é que estes ficam devidamente preparados para
conseguir encarar, com uma postura ativa e investigativa, um problema, não se acostumando a
resolver apenas situações rotineiras.
Aula Tempo Conteúdo Fichas Objetivos
1
90min Aproximação por defeito e por excesso; Arredondamentos.
Ficha 1
Determinar aproximações de números racionais positivos por excesso ou por defeito, ou por arredondamento, com uma dada precisão. Identificar as dificuldades que surgem na resolução de problemas.
2
90min Fração irredutível; Adição e subtração de frações com o mesmo denominador.
Ficha 2 Ficha 3
Desenvolver a aptidão para escrever uma fração irredutível equivalente a uma fração dada. Explorar a capacidade de adicionar e subtrair dois números racionais representados por frações com o mesmo denominador. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
3
90min Adição e subtração com denominadores diferentes; Adição e subtração com numerais mistos.
Ficha 4 Explorar a capacidade de adicionar e subtrair dois números racionais representados por frações com o mesmo denominador. Adicionar e subtrair dois números racionais não negativos expressos como numerais mistos. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
4
90min Produto de um número natural por uma fração; Multiplicação de números racionais.
Ficha 5 Ficha 6
Compreender a multiplicação de números racionais não negativos e do produto de um número natural por uma fração, bem como adquirir aptidão para usá-las em situações concretas e de maneira flexível para fazer julgamentos matemáticos e desenvolver estratégias. Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
5 90min Divisão de
números racionais. Ficha 7 Definir o quociente de dois números racionais positivos.
Explorar as etapas que são necessárias à resolução de problemas.
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CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo está dividido em dois subcapítulos, sendo que a estrutura de ambos vai ao
encontro das questões de investigação elaboradas. Deste modo, no primeiro subcapítulo
encontra-se uma breve introdução para cada problema selecionado, seguindo-se uma
apresentação da forma como cada um deles foi resolvido, bem como uma identificação
pormenorizada das dificuldades patentes também em cada um, sendo ainda referidas algumas
práticas realizadas com o intuito de eliminar as dificuldades. No segundo subcapítulo, encontra-
se uma síntese global dos resultados em estudo, ou seja, existe o cruzamento da informação
mais importante recolhida e abordada na secção anterior, como forma de se perceber a
evolução dos alunos na capacidade de resolver problemas.
4.1. Problemas matemáticos
4.1.1. Problema 1 – concurso de leitura
A figura 4 apresenta o problema concurso de leitura presente na 1.ª aula. Este pode-se
encaixar nos problemas de processo segundo a tipologia apresentada por Palhares (1997),
sendo então diferente daquilo que os alunos estavam habituados, pois não havia um algoritmo,
conteúdo aprendido anteriormente que pudesse ser aplicado, bem como não era necessário
recorrer-se às operações para o resolver, necessitando do uso de algumas estratégias de
resolução.
Realizou-se um concurso de leitura. Na sala de aula os alunos elegeram os quatro leitores da turma:
• O Adriano ficou depois do Miguel;
• O Rui ficou antes do Pedro;
• O Miguel ficou atrás do Pedro.
Escreve o nome dos quatro leitores por ordem de eleição. Explica como pensaste.
Figura 4 - Enunciado do problema concurso de leitura
1.º 4.º 3.º 2.º
46
Como resolvem o problema
Inicialmente foi feita uma leitura do problema, seguindo-se da resolução do mesmo. Neste
foi possível encontrar dois tipos de resoluções. Ora, um número reduzido de alunos, mais
especificamente quatro deles, antes de colocar os nomes dos concorrentes nos retângulos
correspondentes, optou por identificar os leitores do 1.º ao 4.º lugar, organizando-os assim por
ordem crescente, atribuindo, por iniciativa própria, a classificação de satisfaz, satisfaz bastante,
excelente e excelente parabéns, que corresponde ao primeiro, segundo, terceiro e quarto lugar.
Fizeram-no uma vez que é esta a classificação que costumam usar quando fazem os seus
concursos de leitura nas aulas de português. Deste modo, os alunos elaboraram uma lista
organizada dos concorrentes pela ordem correta, colocando 1.º antes desta, indicando que a
fizeram em primeiro lugar. Só depois da ordenação feita é que situaram os nomes nos lugares
destinados à resposta, escrevendo 2.º para assinalar que a realizaram em segundo lugar, como
é notório na figura 5.
Figura 5 - Resolução da Sara
A grande maioria dos alunos atribuiu de imediato os nomes às figuras, sem fazer uma
ordenação prévia dos lugares por ordem crescente, como se constata na figura 6, obtendo todos
a solução errada. Na resolução da figura 6, encontra-se ainda uma transcrição da resposta.
Quando questionei os alunos sobre qual a finalidade daquela transcrição, referiram que era para
explicar como pensaram, para, deste modo, responderem à afirmação explica como pensaste.
Grande parte da turma nem sequer tentou fazer uma explicação.
47
Figura 6 - Resolução do Bruno
Em ambas as situações, percebe-se que os alunos pensaram de modos semelhantes,
sendo que liam uma frase e colocavam o nome dos concorrentes, fazendo as retificações do que
tinham acabado de escrever com base no que liam nas frases seguintes, notando-se as rasuras
na figura 5 e 6, verificando assim se as respostas que davam satisfaziam as condições seguintes
do problema. Desta forma, os alunos fizeram tentativas. Contudo, o sucesso das resoluções e o
que as diferenciou foi o uso de uma outra estratégia que complementou a anterior, a lista
ordenada. Ora, uns leram e preencheram diretamente na figura, ou seja, no espaço destinado à
resposta, e outros na ordenação que tinham feito.
No fim das resoluções alguns alunos foram representá-las ao quadro, sendo as ideias
expostas discutidas com toda a turma.
Dificuldades
Quando distribuí os problemas e após a primeira leitura, praticamente nenhum aluno
estava a conseguir resolvê-lo. À medida que fui circulando pela sala, senti alguma agitação,
detetando que a maioria dos alunos estava a conversar com os colegas do lado, deixando o
problema de parte. Decidi então criar um diálogo com alguns deles, individualmente, colocando
algumas questões para perceber o que estava a acontecer, como se constata no episódio 1.
Episódio 1 Daniela: Vamos lá começar a resolver. Se o Adriano ficou depois do Miguel, escreve lá o
nome de um e de outro nas posições corretas. (O Bruno coloca o Adriano primeiro e só depois o Miguel). Daniela: Será que está certo, Bruno? Bruno: Acho que sim.
48
Daniela: Olha vamos ver a frase seguinte. O Rui ficou antes do Pedro, representa lá corretamente estes dois meninos.
(O Bruno volta a falhar e a trocar os lugares dos dois).
Com isto, averiguei que estavam com muitas dificuldades em interpretar o problema, ou
seja, em decifrar as indicações dadas para, seguidamente, começarem a resolvê-lo, chegando
mesmo a partilhar comigo: “não estou a perceber o problema, por isso não consigo resolver”. A
impossibilidade de decifrar a informação consistia na não compreensão do significado de
algumas palavras existentes no enunciado, como “antes” e “depois”. Deste modo, optei por
trabalhar o enunciado, explorando o significado das palavras, sendo mesmo exemplificadas e
simuladas pelos alunos da turma. Alguns colocaram-se em fila e, com toda a turma, foram
discutindo quem estava antes, depois, à frente e atrás, substituindo estas palavras por outras
mais comuns, como se pode ver seguidamente.
Episódio 2 Daniela: Reparem, o Jaime está nesta posição, então está primeiro ou a seguir à Isabel? Luísa: Vem primeiro. Daniela: Isso significa que está antes ou depois da isabel? Bruno: Está antes.
Depois desta explicação, todos os alunos resolveram o problema. A grande maioria errou
uma vez que, apesar de todo o trabalho de compreensão e de, ao longo deste, demonstrarem já
perceber o problema, como se contatou com o episódio 2, havia uma outra falha, o não
conhecimento de estratégias de resolução. Assim, apesar de ser notório que todos pensaram em
procedimentos para chegar à solução, fazendo tentativas, mostrando já compreender o
enunciado, não utilizaram uma estratégia essencial à resolução do problema e que era
importante para alcançarem a resposta correta, a produção de uma lista organizada, como se
pôde ver na figura 6. Não o fizeram, pois estas eram desconhecidas para quase todos, uma vez
que não era usual utilizarem nem contactarem com estas estratégias nas aulas
Relativamente à afirmação existente no enunciado explica como pensaste, o objetivo era
fazer com que os alunos explicassem o modo como pensaram, sendo que assim realizavam a
verificação dos resultados que obtiveram. Os que tentaram fazer reforçaram a ideia do que
tinham escrito, transcrevendo integralmente a resposta do problema, como se deteta na figura 6,
presente anteriormente. Isto permitiu-me perceber que os alunos tinham dificuldades em
explicar como pensaram, não estando acostumados a tal, havendo assim limitações na fase da
verificação dos resultados.
49
Os restantes nem tentaram explicar, tal como solicitava o problema, resolvendo-o e dando-
o por terminado, como se verifica na resolução da Cátia, presente na figura 7, não revelando
assim, evidências da realização da etapa da verificação dos resultados. Observo ainda que,
muito provavelmente, não pensaram sequer nas respostas que deram, pois caso o tivessem
feito, certamente, ter-se-iam apercebido que a resolução estava errada e teriam efetuado as
devidas correções, falhando, deste modo, a última fase do modelo de Polya.
Figura 7 - Resolução da Cátia
Com a análise do problema anterior, na aula seguinte já trabalhei no sentido de eliminar
as lacunas existentes, selecionando o problema da figura 8 exposto seguidamente.
4.1.2. Problema 2 – visita à quinta de Santo Inácio
Na figura 8 encontra-se o problema visita à quinta de Santo Inácio, da aula 3, onde os
alunos usaram três questões para os auxiliar na resolução: o que me é dado, o que quero saber,
como vou fazer. Este teve como objetivo explorar a matéria dada anteriormente, podendo-se
assim empregar nos problemas de conteúdo segundo a tipologia apresentada por Palhares
(1997), uma vez que necessita de conhecimentos matemáticos há muito pouco tempo
adquiridos, ou, para alguns alunos, ainda não adquiridos na totalidade, a subtração. Para além
disto, com este problema também pretendia explorar e desenvolver mais profundamente a fase
da compreensão do problema.
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Numa manhã, várias turmas da escola da Beatriz foram visitar a quinta de Santo Inácio.
Ao todo a escola da Beatriz tem 160 alunos.
Sabendo que à visita foram:
1 turma do 1º ano com 17 alunos;
2 turmas do 2º ano, uma com 15 alunos e outra com menos 3 alunos;
1 turma do 3º ano com 20 alunos;
2 turmas do 4º ano, uma com 18 alunos e outra com mais 4 alunos;
Quantos alunos da escola da Beatriz não foram visitar a quinta de Santo Inácio? Explica como pensaste.
Figura 8 - Enunciado do problema visita à quinta de Santo Inácio
Como resolvem o problema
Após a discussão e exemplificação do que pretendia com cada uma das questões
orientadoras, entreguei o problema da figura 8, realizando-se de seguida a leitura do mesmo, a
decifração de palavras desconhecias e o reconto. Deste modo foi explorada a compreensão do
problema.
Posteriormente, os alunos responderam à questão o que me é dado. Nesta era pretendido
que recolhessem e sistematizassem a informação crucial, contudo a grande maioria fez uma
transcrição integral do enunciado, como se visualiza na figura 9.
Figura 9 - Resposta da Marisa a uma questão orientadora
Apenas 4 alunos registaram a informação essencial. Estes descodificaram-na de imediato,
realizando cálculos prévios que não foram apresentados, determinando os alunos existentes em
cada turma, como é visível na figura 10.
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Figura 10 - Resposta do Dinis a uma questão orientadora
Logo de seguida todos responderam corretamente à questão o que quero saber, sendo
possível confirmar-se na figura 11. E, por fim, responderam à terceira questão como vou fazer.
Neste momento, os alunos que não tinham ainda calculado o número dos alunos de todas as
turmas, fizeram-no como cálculo auxiliar, tal como se constata na resolução da Marisa, na figura
11. Depois, independentemente da resposta que deram à questão o que me é dado, todos
conjugaram os algarismos fazendo uma adição e, seguidamente, uma subtração, efetuando,
deste modo, os cálculos para responder à questão, verificando-se também na figura 11.
Figura 11 - Resolução da Marisa
No fim das resoluções foram alguns alunos representá-las ao quadro, sendo as ideias
expostas discutidas com toda a turma.
Dificuldades
Apesar da utilização da questão o que me é dado levar todos os alunos a recolher e
registar a informação, como se constata nas figuras 9 e 10, percebi que esta tinha de continuar
a ser trabalhada. Pois a grande maioria dos alunos apresentou muitas dificuldades em distinguir
a informação essencial da acessória e em esquematizá-la, uma vez que quase toda a turma fez
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a transcrição completa do problema, como se de um texto narrativo se tratasse. Tal pode-se ver
na resolução da Marisa, na figura 9. Os que não diferenciaram a informação essencial da
acessória, apesar de terem chegado à resposta correta, manifestaram mais dificuldades em
resolver o problema, referindo: “oh professora, o problema tem tanta coisa que até me confundo
ao resolver”. Quando mencionavam “tanta coisa” estavam a querer dizer que tinha muitos
dados. Ora, acabavam por se perder no meio da informação, uma vez que o problema era mais
extenso do que aquilo que estavam habituados, sendo assim mais complicado o processo de
consulta durante a resolução, visto que não havia uma recolha apenas do essencial e de forma
estruturada.
Com as falhas encontradas, à medida que os alunos partilhavam com a restante turma as
suas resoluções, senti necessidade de os questionar no sentido de os orientar para o que era
esperado com a seleção e recolha dos dados, permitindo-lhes perceber, mais uma vez, o que
era pretendido com a primeira pergunta, ajudando-os a reformular algumas ideias e a trabalhar a
fase da compreensão do problema. Tal analisa-se no episódio 3.
Episódio 3 (…)
(Após um aluno ter transcrito para o quadro todo o enunciado do problema para responder à questão o que me é dado).
Daniela: E o que nos é dado é o quê? António: São todas as informações que estão no texto. Daniela: Será que estás a responder bem? São mesmo todas as informações? Vais
precisar disto tudo para resolver o problema? (O aluno olha para o que escreveu e pensa antes de responder). António: Não. Só temos de escrever a informação importante, o que vamos precisar para
resolver o problema. Então o que escrevi não está bem! Daniela: Exato! Apenas temos de escrever a informação que precisamos para resolver o
problema. Por isso é que, por exemplo, esta primeira parte não é importante (apontando para a frase numa manhã, várias turmas da escola da Beatriz foram visitar a quinta se Santo Inácio). Porque isto não é relevante para resolvermos o problema. E acham também que com a informação escrita desta forma conseguem consultá-la facilmente?
Dinis: Não. Assim fica muito confuso e não consigo perceber bem onde estão as coisas quando as quero usar para resolver o problema. Podíamos ter escrito cada informação numa linha diferente (referia-se a escrever por tópicos).
Na terceira questão como vou fazer, é claramente notório que os alunos definem um
plano, comprovando-se isto nos episódios 4 e 5. Contudo, apesar deste problema não possuir
muitas formas de resolução, não permitindo assim a aplicação das várias estratégias, achei
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interessante os alunos, quando questionados, referirem de imediato “vamos fazer a conta”,
salientando a ideia que, para eles, resolver problemas consiste na utilização das operações,
demonstrando desconhecerem que resolver um problema pode ir muito mais além do que
aplicar “contas”.
Episódio 4 (À medida que a aluna ia fazendo no quadro a resolução do problema). Daniela: E agora, como vamos fazer? (…) Íris: Duas contas. Primeiro temos de fazer a conta de quantos alunos foram depois temos
de fazer a conta de quantos alunos não foram.
Episódio 5 (À medida que uma outra aluna ia fazendo no quadro a resolução do problema). (…)
Daniela: E agora Marisa como vamos fazer? Marisa: Vamos fazer a conta de quantos alunos não foram à quinta. Luís: Então já sabemos que 104 alunos foram à quinta de Santo Inácio. Daniela: Sim, e depois o que é que vamos fazer? Luís: Retiramos os alunos todos da escola, 160, e dá 56 que são os que não foram à
quinta.
No que diz respeito à última fase, a da verificação dos resultados, constatei novamente
que os alunos tinham muita dificuldade nesta e falhavam-na bastante. Neste problema ninguém
explicou como pensou, tal como pedia no enunciado, não fazendo a verificação dos resultados.
Ora, fizeram as contas e deram por terminada a resolução, como é possível verificar, por
exemplo, na figura 11 e como pude constatar através do que fui vendo à medida que resolviam
os problemas. Após um dos alunos ter apresentado no quadro a sua resolução, e no decorrer do
diálogo entre mim e a turma, achei pertinente questioná-los naquele momento, no sentido de
desenvolver e estimular a verificação dos resultados, apesar de não ser pretendido trabalhar com
pormenor, neste problema, esta etapa. Seguidamente apresenta-se o episódio 6, onde tal se
pode constatar.
Episódio 6 (…) Daniela: Agora que já resolvemos vamos lá ver se o que fizemos está correto, que é um
passo muito importante. O que é que significa este 160? Gabriel: Os alunos todos da escola. Daniela: E aos 160 retiramos o quê? Gabriel: Os que foram à quinta e que já tínhamos calculado, os 104. Daniela: Que deu 56 que são os alunos…
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Gabriel: Que não foram à quinta. Daniela: Exatamente. Então como podemos saber se o 56 que obtemos está certo? Tomás: Porque se virmos os 56 alunos que não foram mais os que foram (104) vai-nos
dar o total de alunos que há na escola. Daniela: Muito bem. Assim já conseguimos perceber que o 56 que obtivemos está correto!
Assim, foi dada especial atenção à fase da compreensão, uma vez que nesta havia
imensas dificuldades. Ainda com base naquilo que consegui perceber com as resoluções, fui
formando e reforçando algumas opiniões, compreendendo cada vez melhor as dificuldades
apresentadas em todas as outras fases do modelo de Polya, para as explorar nas aulas
seguintes com outros problemas mais direcionados para tal.
4.1.3. Problema 3 – disfarces de carnaval
Na figura 12 existe um dos problemas realizado na aula 4, disfarces de carnaval. Este foi
feito tendo por base a exploração da matéria dada, a subtração, podendo-se encaixar nos
problemas de conteúdo, segundo a tipologia apresentada por Palhares (1997), uma vez que
carece de conhecimentos matemáticos há muito pouco tempo adquiridos. Com a aplicação
deste problema pretendia continuar a trabalhar, de forma detalhada a compreensão do
problema, colmatando e realçando aspetos que não ficaram muito bem percebidos com o
anterior.
Para celebrar o Carnaval, o senhor Antunes comprou para vender na sua loja
uma centena, duas dezenas e quatro unidades de disfarces. Na loja ao lado, o
senhor Silva tem 178 disfarces também para vender.
Quantos disfarces há a mais na loja do senhor Silva para venda? Explica como
chegaste à resposta.
Figura 12 - Enunciado do problema disfarces de carnaval
Como resolvem o problema
Após a leitura, a exploração de palavras desconhecidas e o reconto do problema, sugeri
que todos sublinhassem a informação relevante para a resolução, achando que isto iria ajudar
na seleção da informação importante. Posteriormente responderam à questão o que me é dado.
Um número muito reduzido de alunos, cinco deles, sublinhou todo o enunciado, fazendo assim a
transcrição total deste para responder à questão, tal como se constata na figura 13.
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Figura 13 - Enunciado sublinhado e resposta da Íris a uma questão orientadora
Ainda seis dos alunos sublinharam, recolheram e registaram apenas a informação
essencial, contudo, neste registo não descodificaram a informação, colocando na mesma a
escrita por ordens do número de disfarces, visível na figura 14.
Figura 14 - Enunciado sublinhado e resposta da Filipa a uma questão orientadora
A grande maioria também sublinhou, recolheu e registou apenas a informação relevante
porém, no registo desta, já efetuaram a passagem da escrita por ordens, do número de
disfarces, para a escrita numérica, tal é possível ver na figura 15.
Figura 15 - Enunciado sublinhado e resposta do Miguel a uma questão orientadora
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Posteriormente responderam à segunda questão, o que quero saber. Nesta todos
responderam corretamente, como é possível ver na figura 16.
Figura 16 - Resposta do Miguel a uma questão orientadora
Depois, passaram para a questão orientadora como vou fazer. Aqui todos resolveram de
forma semelhante, realizando a subtração para chegar ao resultado. A única diferença é que os
alunos que recolheram a informação e não fizeram a passagem da escrita por ordens para a
escrita numérica, realizaram-na neste momento, como um cálculo auxiliar, rodeando-a, como se
pode constatar na resolução da Íris, presente na figura 17.
Figura 17 - Enunciado sublinhado e respostas da Íris a duas questões orientadoras
No fim das resoluções foram alguns alunos escrevê-las no quadro, sendo as ideias
expostas discutidas com toda a turma.
Dificuldades
Com a análise das resoluções, percebi que apenas uma pequena parte da turma
continuava a manifestar dificuldades em recolher e registar a informação essencial e que, apesar
de apresentarem uma resolução correta do problema, mostraram mais dificuldades em resolvê-
lo do que os colegas que recolheram apenas o que é essencial e de uma forma esquematizada e
percetível. Como se pode constatar no episódio 7.
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Episódio 7 (Enquanto a aluna pensava numa resolução para o problema). Daniela: Íris, como vais resolver o problema? Íris: Tenho de fazer uma conta. Daniela: Qual? Íris: 178 mais uma centena, duas dezenas e quatro unidades. Daniela: Então é assim que tu vais resolver o problema, certo?! (Íris lê novamente a resposta à questão orientadora o que me é dado). Íris: Não, espera. Afinal são duas contas porque tenho de fazer 100+20+4. Daniela: Sim, e a outra então é qual? (Íris continua a ler a sua resposta à questão o que me é dado). Íris: Afinal não é uma conta de mais. É 178-124.
A Íris revelou alguma confusão ao resolver o problema, exibindo necessidade de reler
imensas vezes a sua resposta à questão o que me é dado, uma vez que não tinha a informação
recolhida de forma que, durante a resolução, recorresse a esta e conseguisse utilizá-la
facilmente para responder à questão como vou fazer. Portanto, todos os alunos que não
responderam acertadamente à questão o que me é dado, conseguiram resolver corretamente o
problema, mas com muitas mais dificuldades do que os outros.
Deste modo, achei essencial trabalhar mais uma vez a compreensão do problema, mais
precisamente, fazer com que os alunos percebessem quais os dados que realmente eram
importantes para responder à incógnita, levando-os, então, a colmatar as dificuldades. Ora, optei
por pedir à Íris, que tinha transcrito todo o enunciado, como se pode averiguar na figura 13,
para ir ao quadro apresentar o que fez. Após registar a resolução no quadro, coloquei algumas
questões para fazer os alunos a refletir e a reformular ideias, encaminhando-os para o caminho
certo. Tal é possível verificar-se no episódio 8.
Episódio 8 (…) Daniela: É esta a informação que nós temos? Alunos: Sim. Daniela: E nós precisámos disto tudo para resolver o problema, para respondermos ao
que nos é pedido no enunciado? Precisámos de saber, por exemplo, que o senhor Antunes comprou disfarces para celebrar o carnaval?
Íris: Não. Nós conseguimos resolver o problema sem essa informação. Daniela: Exato. Então o que é que temos de escrever na questão o que me é dado? Filipe: Apenas o que é mesmo importante para conseguirmos resolver o problema.
Ora, com o episódio 8, a turma refletiu e reformulou ideias erradas.
Os alunos que recolheram corretamente a informação essencial à resolução tiveram mais
facilidade em resolver o problema, assim como se averigua no episódio 9.
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Episódio 9 (Enquanto o aluno pensava numa resolução para o problema). Daniela: Como é que vais fazer Dinis? (Dinis consulta os dados que recolheu e lê a resposta à questão o que quero saber). Dinis: Pego no 178 do senhor Silva e depois pego no 124 do senhor Antunes e faço a
subtração.
À semelhança do problema anterior, com o episódio 9 também se vê que os alunos
continuavam a referir as contas como forma de resolver o problema. Contudo este também não
era o mais adequado para o resolverem de diferentes maneiras, pois com este era pretendido
explorar mais detalhadamente a fase da compreensão e não as outras, não despertando o uso
de várias estratégias de resolução.
Com o episódio 9 é possível confirmar, tal como se pôde auferir com as resoluções, que
os alunos definiam um plano mentalmente, sendo que quando questionados eram capazes de
expor as suas formas de pensar. Contudo, continuavam a não contemplar explicitamente na sua
resolução o modo como pensaram para chegar à resposta, voltando a não fazer, por iniciativa
própria, a verificação dos resultados.
Após todo este trabalho decidi avançar para a exploração cuidada das fases seguintes
com o problema da figura 18, uma vez que percebi que, tal como já foi mencionado, a grande
parte dos alunos já conseguia responder adequadamente às questões o que me é dado e o que
quero saber, ultrapassando, deste modo, as dificuldades que possuíam na fase da compreensão
do problema.
4.1.4. Problema 4 – pães com diferentes recheios
Na figura 18 encontra-se o problema pães com diferentes recheios, que pertence à aula 5.
Este pode-se encaixar nos problemas de processo segundo a tipologia apresentada por Palhares
(1997), visto que requer o uso de estratégias de resolução. Aqui exploraram detalhadamente
diferentes estratégias de resolução, trabalhando assim, minuciosamente, a questão orientadora
como vou fazer.
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Figura 18 - Enunciado do problema pães com diferentes recheios
Como resolvem os problemas
À semelhança do que tem sido realizado, após os alunos terem lido o problema, feito o
reconto e a descodificação de palavras desconhecidas, pedi-lhes que o resolvessem,
respondendo, deste modo, à questão como vou fazer.
Seguidamente ao trabalho inicial da compreensão do problema, os alunos utilizaram
estratégias que os ajudaram a chegar à solução correta. Empregaram então desenhos e
esquemas, tal como se pode ver nas figuras 19 e 20 que se encontram apresentadas
seguidamente. O grupo do Tomás, cuja resolução corresponde à da figura 19, decidiu
representar o pão de forma de uma maneira diferente do de centeio. À medida que desenhou os
diferentes pães, foi colocando legendas onde indicava qual era o pão e qual o recheio que lhe
correspondia. Ora, representou pão de forma com um respetivo recheio, alternando com o pão
de centeio com esse mesmo recheio, e assim sucessivamente. No que diz respeito à estratégia
do grupo da Marta, da figura 20, estes decidiram agrupar o pão de forma com os seus recheios
correspondentes de um lado, fazendo o mesmo, num novo esquema, com o pão de centeio.
Figura 19 - Estratégia de resolução usada pelo grupo do Tomás
Diferentes tipos de pão
Pão de centeio
Pão de forma
Recheio para o pão
Queijo Chocolate
Fiambre Manteiga
Observa atentamente as imagens.
a) Escolhendo um tipo de pão e um dos recheios, quantas sandes diferentes se podem fazer? Quais
são? Explica como pensaste.
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Figura 20 - Estratégia de resolução usada pelo grupo da Marta
Depois, com base na estratégia usada, contaram as diferentes combinações possíveis e
fizeram as contas para conseguirem responder à questão, visível na figura 21.
Figura 21 - Resolução do grupo da Isabel
Assim, é observável que os alunos perceberam o problema, delinearam um plano,
organizando a informação empregando estratégias de resolução adequadas e executaram o
plano elaborado. Poucos alunos explicaram como pensaram, contudo alguns já o começaram a
fazer realizando assim a verificação dos resultados, tal como se vê na resolução do grupo da
Cátia, na figura 22.
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Figura 22 - Resolução do grupo da Cátia
No fim das resoluções foram alguns alunos representá-las ao quadro, partilhando as
diferentes estratégias, sendo as ideias expostas discutidas com toda a turma.
Dificuldades
Alguns alunos, durante a resolução, apresentavam dificuldades em saber como começar a
resolver, fazendo alguns comentários como “este problema é muito difícil”, uma vez que não
levava à aplicação direta de contas, tal como estavam habituados. Assim optei por circular pelos
diferentes grupos e ir dando algumas dicas para os ajudar, recorrendo a situações do dia-a-dia,
no sentido de os levar a resolver o problema através da utilização de alguma estratégia, como se
deteta no episódio 10.
Episódio 10 Daniela: Olha lá para a informação que tens e para o que queres saber. Imagina que estás
a ajudar a tua mãe a preparar o teu lanche. Tens pão de forma que podes colocar com um desses quatro recheios.
Olha regista as combinações todas que podes ter.
Com esta ajuda os alunos começaram a organizar a informação com o intuito de
responder à questão que lhes lancei, sendo que conseguiram encontrar uma estratégia de
resolução. Ora, uns grupos resolveram utilizando desenhos e outros esquemas, tal como se
pode constatar nas figuras 19 e 20 respetivamente.
A não explicação de como pensaram para resolver o problema continuou muito evidente
na maioria dos alunos, sendo que apenas um grupo o fez, visível na figura 22, apesar de tal ser
sempre solicitado em todos os problemas. Assim, continuavam a resolver um problema,
encontravam a solução e davam-no por concluído, desprezando a fase da verificação. No
momento do registo no quadro das diferentes resoluções, questionei os alunos no sentido de
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perceber como pensaram, como se vê no episódio 11. Estes conseguiram explicar todos os
passos, fazendo, deste modo, a verificação dos resultados. Através da explicação também foi
possível perceber o plano que elaboraram, se bem que apenas com a análise da resolução já se
consegue entender que definiram mentalmente um plano. Neste problema, com as explicações
das diferentes estratégias usadas, insisti com os alunos, com o intuito de os fazer expor muito
bem todas elas, sendo assim bastante trabalhada a fase da verificação dos resultados.
Episódio 11 Dinis: Primeiro vi todas as sandes que conseguia fazer. Pão de forma com manteiga, pão
de forma com fiambre e pão de forma com queijo. Daniela: Então quantas sandes é que conseguimos fazer com o pão de forma? Alunos: 4. Daniela: E aqui com o pão de centeio. Alunos: Pão de centeio com chocolate, pão de centeio com manteiga, pão de centeio com
fiambre e pão de centeio com queijo. Dinis: Depois juntei 4+4, igual a 8. No pão de forma temos 4 recheios, então no de
centeio como são os mesmos recheios também temos 4 que dá as 8 sandes.
Concluo então que os alunos continuavam com muita dificuldade em explicar,
autonomamente, o que pensaram, não sendo feita a verificação dos resultados.
4.1.5. Problema 5 – os vernizes da Mariana
A figura 23 possui o problema os vernizes da Mariana. Este foi o segundo da ficha da aula
5, podendo-se encaixar nos problemas de processo segundo a tipologia apresentada por
Palhares (1997), visto que requer o uso de estratégias de resolução.
A Mariana foi às compras e comprou três caixas com cinco vernizes cada uma e com
duas embalagens de algodão. Nessas caixas havia vernizes azuis, cinzentos,
castanhos, lilás e cor-de-rosa. Quantos vernizes comprou ela? Explica como pensaste.
Figura 23 - Enunciado do problema os vernizes da Mariana
Como resolvem o problema
Tal como habitual, foi feita uma leitura do enunciado, a procura de sinónimos de palavras
desconhecidas, bem como o reconto do problema. Posteriormente, a grande maioria dos alunos
sublinhou apenas a informação essencial à resolução, como se pode ver na figura 24, sendo que
este possuía propositadamente um enunciado extenso e informação que não era importante
para a resolução para ver como os alunos reagiam/resolviam esta situação.
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Figura 24 - Enunciado do problema sublinhado pelo Gil
Ainda três alunos continuaram a sublinhar informação que não era necessária para
resolver o problema, visível na figura 25. Contudo já não sublinharam todo o enunciado, mas
apenas a informação que continha números associados (cinco caixas de vernizes e duas
embalagens de algodão), sendo que, a meu ver, consideraram que como tinha números
significava que ia ser importante para a resolução.
Figura 25 - Enunciado do problema sublinhado pelo Tomás
Os alunos que sublinharam apenas a informação essencial conseguiram responder
adequadamente à questão o que me é dado, como se pode comprovar na figura 26.
Figura 26 - Resposta do Gil a uma questão orientadora
Quem recolheu mais do que o que era necessário para responder ao problema, registou
tudo aquilo que sublinhou. Contudo, neste registo já fizeram a alteração dos números escritos
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por extenso para representação de número, tal é possível ver-se na figura 27. O facto de já não
estar escrito por extenso facilita a consulta durante a resolução.
Figura 27 - Resposta do Tomás a uma questão orientadora
Todos continuaram a responder corretamente à questão o que quero saber, sendo
possível analisar-se na figura 28.
Figura 28 - Resposta do Gil a uma questão orientadora
De seguida, continuaram a resolução do problema respondendo à questão como vou
fazer. Neste momento optei por dizer aos alunos com mais dificuldades na resolução, os dois
meninos com dificuldades de aprendizagem, para utilizarem materiais manipulativos para os
ajudar a resolver e a alcançar, deste modo, uma estratégia. Assim, sugeri o uso de lápis para
substituir os vernizes. Representaram com os 15 lápis o que dizia no enunciado, dividindo-os em
3 grupos, sendo que cada grupo, que retratava as 3 caixas, continha 5 lápis. Com a estratégia
fazer uma simulação/experimentação obtiveram então, nos três grupos, um total de 15 lápis.
Após este trabalho conseguiram, tal como todos os outros, aplicar uma estratégia de resolução,
o desenho, juntamente com algumas contas, a multiplicação e a adição, visível na figura 29.
Utilizaram ambas as operações, uma vez que na aula anterior tinham estado a abordar a
multiplicação no sentido aditivo. Com a observação das resoluções percebe-se perfeitamente que
os alunos estabeleceram um plano, chegando com sucesso ao resultado.
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Figura 29 - Resolução do Gil
No fim das resoluções foram alguns alunos representá-las, sendo as ideias expostas
discutidas com toda a turma.
Dificuldades
Neste problema pouquíssimos alunos apresentaram dificuldades na recolha dos dados,
contudo, no momento da correção deste no quadro, estabeleci um diálogo com eles, sendo mais
direcionado para os que evidenciaram algumas lacunas ao sublinhar e recolher a informação, no
sentido de os ajudar a perceber o que estava mal, como se pode ver no episódio 12.
Episódio 12 Daniela: Reparem no que é pretendido saber com o problema. O que é que queremos
então saber? Catarina: Quantos vernizes comprou a Mariana.
Daniela: Certo. Agora olhem para o problema e tentem perceber qual é a informação que precisamos para responder a isso.
Tomás: Que são três caixas com 5 vernizes.
Os dois alunos com dificuldades de aprendizagem também estavam com dificuldades em
resolver o problema, referindo-me “não sei com resolver”. Deste modo, para os ajudar a
organizar a informação, a delinear um plano e estimular uma resolução diferente da aplicação
direta das operações, decidi propor-lhes que utilizassem materiais manipuláveis. Com isto,
conseguiram resolver com sucesso o problema, como se vê na figura 29.
Para além das dificuldades anteriores, que considero que rapidamente foram
ultrapassadas, o que falhou novamente foi a explicação de como pensaram, voltando a faltar,
desta forma, a verificação dos resultados. Ora, decidi questionar os alunos no sentido de os fazer
pensar no processo de resolução, como se pode ver no episódio 13.
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Episódio 13 Daniela: Sara, no problema diz que a Mariana comprou 3 caixas com 5 vernizes cada
uma, podíamos fazer assim: 3+3+3? Sara: Não. Daniela: Por quê? Sara: Porque ela comprou 3 caixas com 5 vernizes cada uma e não com 3. Jaime: Oh professora, para isso tinha de ser 3 caixas com 3 vernizes. Filipa: Se as caixas tinham 5 vernizes cada uma tem de ser 5+5+5. Temos 3 caixas com
5 vernizes na 1.ª caixa, mais 5 vernizes na 2.ª caixa e mais 5 vernizes na 3.ª caixa.
Concluo então que apenas um número muito reduzido de alunos continuou a manifestar
dificuldades na fase da compreensão, elaboração e execução de um plano. O que mais falhou foi
a fase da verificação dos resultados, contudo, quando estimulados, faziam-na na perfeição,
como se conseguiu ver, por exemplo, no episódio 13.
4.1.6. Problema 6 – coelhos e faisões
Na figura 30 encontra-se o problema coelhos e faisões. Este pode-se empregar nos
problemas de processo segundo a tipologia apresentada por Palhares (1997), sendo que, para o
resolver, era esperado haver a utilização de diversificadas estratégias. Foi um dos problemas
realizado quando retomei ao 1.º Ciclo, após a intervenção no 2.º Ciclo, e encontra-se presente
na aula 8.
Este ajudou-me a perceber se a evolução que foi notada aquando as minhas intervenções
continuava ou se acabaram por esquecer e não praticar mais o que tinha sido trabalhado e, ao
mesmo tempo, relembrar e explorar novamente as fases do modelo de Polya. Ora, não referi que
tinham de utilizar as três questões orientadoras, bem como sublinhar o enunciado.
Imagina que há um certo número de coelhos e de faisões numa gaiola, totalizando 7 cabeças e 22 patas.
Quantos coelhos e faisões estão na gaiola?
Explica como pensaste.
Figura 30 - Enunciado do problema coelhos e faisões
Como resolvem o problema
À semelhança do que foi feito nos problemas anteriores, comecei por pedir a um aluno
para fazer a leitura do problema, seguindo-se do reconto, depois a descodificação de algumas
palavras. Neste momento tentei perceber o que eles sabiam sobre os faisões e os coelhos, visto
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que a falta de conhecimento, por exemplo, do número de patas que possuem os faisões ou os
coelhos, poderia ser um impedimento para uma resolução com sucesso.
Depois deste trabalho, começaram a resolver o problema. A grande maioria sublinhou, por
iniciativa própria, a informação essencial, visível na figura 31.
Figura 31 - Enunciado sublinhado pela Isabel
Durante a resolução constatei que alguns alunos estavam a utilizar as questões
orientadoras aprendidas, como se pode ver na figura 32.
Figura 32 - Resposta da Marta a duas questões orientadoras
Contudo outros, muito poucos, já não as aplicaram. Os que não utilizaram não fizeram a
recolha da informação, apenas usaram estratégias e executaram o plano delineado, como se
pode ver nas figuras 33, 34 e 35, alcançando a resposta certa.
Neste problema foram aplicadas distintas estratégias de resolução, tanto pelos que
usaram as questões orientadoras, como pelos que não as usaram, presentes nas figuras 33, 34
e 35. A Marta, como se pode ver na figura 33, recorreu ao desenho, colocando as sete cabeças
e, de seguida, desenhou a primeira cabeça como sendo de um coelho, tendo quatro patas, a
segunda de um faisão, possuindo duas patas, e assim sucessivamente. No final contou quantas
patas tinha no total, fazendo a adição visível na figura, averiguando assim que já tinha as 22
patas, pois o primeiro animal que desenhou foi o coelho.
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Figura 33 - Resolução da Marta
Na figura 34, a Isabel decidiu fazer um esquema, sendo a estratégia que mais alunos
utilizaram, onde foi colocando diversas conjugações para obter sete faisões. Não o fez de uma
forma sistemática, começando, por exemplo, nos seis faisões, depois tentava com cinco,
seguidamente com quatro e assim sucessivamente. A aluna foi tentando aleatoriamente. Quando
conseguiu encontrar a resposta escreveu-a em forma de adições, representando três faisões
mais quatro coelhos e seis patas dos faisões mais as dezasseis dos coelhos. Seguidamente
calculou as adições que representou, mostrando então que as contas feitas na tabela estavam
corretas.
Figura 34 - Resolução da Isabel
Finalmente, a Filipa foi das poucas que fez a redução a um problema mais simples. Esta
supôs que todos os animais eram faisões, colocando assim as sete cabeças com apenas duas
patas. Seguidamente verificou quantas faltavam para as vinte e duas e passou alguns faisões
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para coelhos, acrescentando duas patas, de modo a obter o pretendido. Tal pode-se observar na
figura 35.
Figura 35 - Resolução da Filipa
Neste problema, alguns alunos, apesar de muito poucos, já foram tendo o cuidado de
tentar explicar a forma como pensaram para alcançar o resultado final, como se pode analisar
na figura 36. A explicação não está totalmente de acordo com o que foi feito, pois a aluna refere
que inicialmente colocou duas patas, contudo, através da análise da resolução da figura 32,
contata-se que primeiro desenhou as quatro patas e só depois as duas. Os pouco alunos que
fizeram a explicação tinham-nas iguais. Considero que tal aconteceu, uma vez que, apesar do
problema ter sido resolvido individualmente, estavam sentados em grupos, acabando por ver as
respostas uns dos outros.
Figura 36 - Explicação da Marta
Depois de todos os problemas concluídos, alguns alunos, com resoluções diferentes,
foram ao quadro escrever e explicar as suas resoluções aos colegas, sendo posteriormente
discutidas.
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Dificuldades
No início da resolução, logo após a fase da compreensão do problema, os alunos fizeram
alguns comentários como por exemplo, “Mas como é que vou fazer para saber o número certo
de coelhos e faisões que há?, Acho que não sei fazer!”. Como forma de os ajudar, pedi que
relembrassem algumas estratégias usadas nas nossas aulas anteriores, sendo que foram
referindo tabelas, esquemas e desenhos. Seguidamente sugeri que as utilizassem, tentando
assim aplicá-las neste problema. Após esta dica compreendi que todos ficaram a pensar sobre
possíveis formas de resolver. Passado pouco tempo já comecei a ver resultados, surgindo as
resoluções apresentadas nas figuras 33, 34, e 35.
Apesar de alguns alunos tentarem explicar como pensaram, esta ainda não estava
totalmente correta e clara. Então, como forma de os ajudar a ultrapassar a dificuldade e
perceber o plano que alguns delinearam, levando-os a justificar os resultados obtidos,
permitindo-lhes, assim, fazer a verificação dos mesmos, durante a partilha das resoluções dos
alunos coloquei-lhes algumas questões. No episódio 14 existem as questões que pus a uma
aluna relativamente a uma resolução igual à da figura 33.
Episódio 14 Daniela: Como é que pensaste para resolver o problema? Mariana: Como havia 7 cabeças desenhei-as, depois meti 4 patas que eram os coelhos, a seguir 2 que eram os faisões, e sempre assim até chegar às 22 patas.
No episódio anterior constata-se que a aluna tenta explicar como pensou para resolver o
problema, sendo que se percebe perfeitamente o plano que delineou. De seguida vem o episódio
15 que retrata o diálogo com uma outra aluna sobre uma resolução semelhante à da figura 34.
Episódio 15 Marisa: Nós fizemos por várias tentativas. Colocamos 6 faisões, depois contamos de 2 em
2: 2,4,6,8,10,12. Daniela: Fizeram 6 cabeças vezes 2 patas cada faisão. Marisa: Então ficamos com 12 patas. Depois pusemos 1 coelho com 4 patas. E o total
12+4 é igual a 16. Marisa: Vimos que não dava porque queríamos 22 patas. Então fizemos mais uma
tentativa. (…) Marisa: Estava-se a aproximar mas ainda não estava. Depois pusemos aqui 5 faisões e ali
2 coelhos que é igual a 7. E voltamos a contar de 2 em 2: 2,4,6,8,10. Aqui (patas de faisões) são 10. No número de patas dos coelhos contamos de 4 em 4: 4,8. Isto deu o total de 14 patas. Ainda não dava.
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Daniela: Ainda não era o número de patas que queríamos. Depois eles trocaram aqui, em vez de ter 4 faisões passaram a ter 3.
Marisa: Pusemos 3 faisões e ali no número de coelhos o 4. Depois voltamos a contar de 2 em 2 que deu 6 patas. Depois contamos de 4 em 4: 4,8,12,16. E 6 mais 16 é igual a 22. E este já dá. Estão 3 faisões e 4 coelhos numa gaiola.
A Marisa descreve com clareza todos os seus passos para chegar ao resultado. Assim,
elaborou um plano e verificou que o resultado que obteve era exequível, indo ao encontro da
informação dada no problema, respondendo à questão em causa. Por fim, segue-se o episódio
16, onde está descrita uma outra explicação sobre uma resolução igual à da figura 35.
Episódio 16 Marlene: Pusemos 7 cabeças e duas patas em cada uma e deu 14. Daniela: Certo. E depois? Filipa: Depois faltavam-nos 8, então acrescentamos 2 patas a algumas cabeças. Daniela: Então vamos contar para confirmar. Marlene: Já tínhamos 14, mais estas duas 16, mais duas 18, mais duas 20 e mais duas 22.
Tal como é possível constatar nos episódios anteriores, após os alunos terem sido
questionados, apresentaram capacidade de expor todos os passos que pensaram e seguiram até
conseguir obter o resultado pretendido. Ora, apesar de quase ninguém fazer este registo no
problema, mostram que quando estimulados, fazem-no muito bem. Desta forma, com a análise
de todos os episódios percebe-se que os alunos compreendem o problema, pensam numa forma
de o resolver delineando um plano e executando-o, empregando diversas estratégias de
resolução. Finalmente, com esta conversa vão explicando o que pensaram, coisa que muito
poucos alunos fizeram por escrito, refletindo assim no que executaram e verificando se o
resultado obtido é ou não viável.
4.1.7. Problema 7 – filas de meninos
Na figura 37 encontra-se o problema filas de meninos, que foi o segundo da 8.ª aula, e
que se pode encaixar nos problemas tipo puzzle segundo a tipologia apresentada por Palhares
(1997). Tal como referido anteriormente, foi um dos outros problemas realizado quando retomei
ao 1.º Ciclo após a intervenção no 2.ºCiclo. Assim, este também me serviu para avaliar se os
alunos continuaram, ou não, a progredir na resolução de problemas e a explorar as fases do
modelo de Polya.
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Figura 37 - Enunciado do problema filas de meninos
Como resolvem o problema
Como habitual, um aluno começou por ler o problema, de seguida fez-se a definição de
palavras desconhecidas e, finalmente, o reconto deste. Neste também não foi transmitida a ideia
de que era necessário responderem às questões. Assim detetei que nenhum grupo recorreu às
questões, mostrando mais autonomia na resolução de problemas, não fazendo também a
recolha dos dados, apesar de quase todos terem sublinhado a informação relevante, como se
pode verificar na figura 38.
Figura 38 - Enunciado do problema sublinhado pela Luísa, Marisa, Isabel e Artur
Depois pensaram, discutiram e trocaram ideias em grupos de 4/5 elementos, sobre
possíveis formas de resolver o problema, registando-as numa folha. Na figura 39 e 40
encontram-se as resoluções expostas por dois grupos. Nestas os alunos estavam a assumir que
as filas tinham de ser paralelas. Consideravam ainda que não era possível haver outra solução,
pois, para eles, de outra forma era inexequível ter os nove meninos. Portanto, julgavam que o
problema não fazia sentido, uma vez que achavam que não conseguiam formar filas com quatro
meninos cada uma, de maneira a ter apenas um total de nove. Todos os outros grupos
partilharam da mesma opinião.
Estavam nove meninos no recreio a brincar. A professora viu que estavam em
três filas, mas que cada fila tinha quatro meninos. Como é isto possível?
Explica como pensaste.
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Figura 39 - Resolução do problema do grupo da Luísa, Marisa, Isabel e Artur
Figura 40 - Resolução do problema do grupo da Mariana, Miguel, Guilherme e Bruno
Depois de terem pensado e registado uma resolução, cada grupo elegeu um porta-voz
para partilhar com a turma as conclusões e ideias que tinham conseguido encontrar, sendo que
apenas os ouvi e não lhes dei a minha opinião acerca do que tinham apresentado. Depois da
partilha, manifestaram de tal forma um enorme entusiasmo pelo problema, que alguns grupos
foram para o recreio experimentá-lo/dramatizá-lo/simulá-lo, testando as ideias iniciais que
tinham, mesmo sem eu o ter sugerido. Esta foi uma estratégia valiosa, pois vivenciaram a
situação e trocaram mais ideias entre eles, como se pode ver na figura 41.
Figura 41 - Alunos no recreio a tentar resolver o problema
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Com a experimentação/dramatização/simulação esses grupos perceberem que não
podiam pensar que só existe um tipo de filas, as paralelas, experimentando outras disposições,
aproximando-se do resultado, como é visível na figura 42.
Figura 42 - Alunos no recreio a tentar resolver o problema
Depois do intervalo, forneci materiais manipulativos, neste caso 9 peças do xadrez, 3
pretas e 6 brancas, ou vice-versa. As peças de cada grupo possuíam cores diferentes
propositadamente. As cores eram uma grande dica para conseguirem a resposta certa, uma vez
que as 3 peças com a mesma cor correspondiam aos 3 meninos comuns em cada fila e as
outras 6 eram os restantes. Logo que as receberam manipularam-nas, fazendo
experimentação/simulação/dramatização, testando assim as ideias que tiveram, apurando se
estas respondiam ou não ao problema, ou seja, se o plano que elaboraram estava correto, como
se vê na figura 43. Quando viam que o plano que produziram não estava certo, reformulavam e
pensavam numa nova forma de encontrar a solução, despendendo assim bastante tempo na
fase da elaboração do plano. Os alunos que foram para o recreio experimentar chegaram mais
facilmente à resposta, pois já tinham formado ideias mais consistentes.
Figura 43 - Manipulação dos materiais enquanto procuravam uma solução para o problema
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Na figura 44 existe a nova resolução de um dos grupos, onde recorreram ao desenho para
resolver o problema, sendo que todos os outros obtiveram a mesma resposta. Nesta percebe-se
que, com a experimentação/dramatização/simulação deles próprios e dos materiais
conseguiram alcançar a solução certa. Depois de todos terem o problema resolvido, cada grupo
comparou as ideias que construíram inicialmente com o diálogo e troca de opiniões entre eles,
com as que alcançaram após a manipulação/dramatização/simulação, percebendo o que
tinham falhado. Assim, entenderam que não podem pensar que só existe um tipo de filas, as
paralelas.
Figura 44 - Resolução do problema do grupo da Luísa, Marisa, Isabel e Artur
Ainda neste problema, após a resolução, todos responderam que a resolução era possível
e justificaram-no, tal como se constata na figura 45.
Figura 45 - Explicação do grupo da Cátia, Sara, Filipe e Tomás
Num momento seguinte, os grupos expuseram à turma as conclusões que tinham
chegado, sendo criado uma situação de discussão em grande grupo. Por fim, um aluno foi ao
quadro exemplificar, utilizando as peças de xadrez, a resposta correta, acabando por ser feita a
verificação dos resultados obtidos, visível na figura 46.
Neste problema, devido à falta de tempo, não foi possível explorar outras soluções.
76
Figura 46 - Explicação da resolução do problema à turma
Dificuldades
Este problema foi, por um lado, o que mais cativou o interesse dos alunos e, por outro
lado, o que despoletou grande inquietação e bastantes dificuldades, visto que não sabiam como
chegar à solução, julgando mesmo que era impossível de resolver, uma vez que consideravam
que era impraticável haver três filas e quatro meninos em cada uma. Com as primeiras ideias
dos alunos analisei resoluções que me permitiram perceber que a maior dificuldade e o erro que
todos estavam a cometer era em assumir que as filas tinham de ser paralelas, ou seja, estavam
a colocar uma imposição que não existia, como se pode ver nas figuras 39 e 40. Estas
dificuldades foram ultrapassadas com a ajuda da experimentação/dramatização/simulação
deles próprios, que alguns grupos fizeram, e dos materiais.
Neste problema já tentaram explicar como pensaram/fizeram para alcançar a solução
certa. Contudo, quem não acompanhou todo o processo de resolução, com estas explicações
não conseguia perceber inteiramente todos os passos que os alunos percorreram até chegar ao
resultado final. Ora, as explicações não foram completamente bem conseguida. Durante a
partilha de resoluções dos grupos, pedi que explicassem o plano que seguiram, como se vê no
episódio 17, onde é possível averiguar a explicação clara de todo o plano elaborado.
Episódio 17 (Filipa foi representar os passos que seguiram para chegar ao resultado, usando as peças
de xadrez coladas no quadro). Filipa: Primeiro pensamos que não dava, porque não conseguíamos arranjar uma solução.
Depois, com os materiais nós colocamos de várias maneiras as peças, até que percebemos que se fizéssemos um triângulo já dava. Então esta aqui (a peça branca que estava num vértice do triângulo) pertence a esta e a esta fila, esta aqui (outra peça branca que estava noutro vértice) pertence a esta e a esta fila e esta (última peça branca que estava no último vértice) pertence a esta e a esta fila.
77
O episódio 17 mostra que os alunos realmente conseguiram, com o apoio de todos os
recursos concedidos, delinear corretamente um plano e resolver com sucesso o problema
apesar das dificuldades que possuíam inicialmente. Com este diálogo é também feita,
perfeitamente, a verificação dos resultados obtidos.
4.2. Cruzamento da informação
Com as observações que realizei antes das minhas intervenções e com as informações
dadas pela docente da turma, foi-me possível detetar que os alunos resolviam problemas com
pouca frequência, tal como eles próprios referiram numa das respostas da ficha de reflexão
(anexo 1). Os problemas que predominavam eram os que existiam no manual, ou seja,
maioritariamente os de conteúdo, uma vez que requeriam a utilização de conteúdos
programáticos, conceitos, definições e técnicas matemáticas, onde os alunos resolviam usando
as quatro operações, possuindo ainda enunciados muito curtos e diretos. Também constatei que
realizavam maioritariamente exercícios e não problemas.
No problema concurso de leitura notou-se desde logo uma grande dificuldade em
compreender o enunciado. Assim, com os problemas seguintes, visita à quinta de Santo Inácio e
disfarces de carnaval, explorei a fase da compreensão, com o objetivo de levar os alunos a
eliminar as lacunas que possuíam. Para tal, apliquei a leitura destes, sublinhar os dados
importantes, decifrar as palavras desconhecidas e o reconto. Alguns comentários dos alunos
após a resolução do problema os vernizes da Maria, onde a primeira fase de Polya já estava bem
consolidada, possibilitaram-me realçar a importância do seguimento dos processos anteriores
para os ajudar a colmatar as lacunas na fase da compreensão, presente no episódio 18.
Episódio 18 Guilherme: Quando sublinho a informação do problema é muito mais fácil para fazer o
resto. Marta: Leio sempre com muita atenção o problema. Bruno: Quando não percebo algumas palavras pergunto à professora. Filipa: Quando estou a fazer o problema leio muitas vezes a pergunta para saber o que
tenho de responder.
Estes comentários permitiram-me perceber que, na fase final das minhas intervenções, já
possuíam procedimentos para os ajudar a compreender um problema, reconhecendo a
importância destes, o que antes não acontecia, conseguindo assim despender nesta fase o
tempo necessário para a sua devida exploração. Deste modo, o trabalho feito teve resultados.
78
Também a utilização das questões orientadoras, o que me é dado e o que quero saber,
foram cruciais para a evolução dos alunos na fase da compreensão. Eles próprios tinham
consciência da importância das questões, sendo que referiram, na ficha de reflexão entregue na
última intervenção (anexo 1), que “as questões ajudaram-me a não ter dificuldade a resolver o
problema”, “com o uso das questões é muito mais fácil resolver o problema, ajudam-me a
compreendê-lo e a resolvê-lo melhor” e “com as questões o problema fica mais fácil”. Deste
modo, os procedimentos iniciais de compreensão do enunciado, juntamente com as duas
questões orientadoras, foram importantíssimos para a evolução dos alunos na fase da
compreensão do problema.
Relativamente ao uso de estratégias, verifiquei que, inicialmente, os alunos, em todas as
suas resoluções, faziam a aplicação direta de operações, não estando habituados a usar as
várias estratégias de resolução. Deste modo, usei o problema pães com diferentes recheios para
permitir o contacto, dar a conhecer e estimular possíveis estratégias que podiam usar. A
evolução já foi notória no problema os vernizes da Mariana, onde os alunos já foram aplicando
estratégias. Contudo, nos dois últimos problemas coelhos e faisões e filas de meninos, este
progresso ficou completamente evidente, pois, através do relembrar resoluções anteriores, do
recorrer a situações do quotidiano, da manipulação de materiais e das simulações com eles
próprios, conseguiram utilizar estratégias semelhantes e até mesmo outras novas, como é o
caso da redução a um problema mais simples. Assim fiz com que refletissem e percebessem
que poderiam resolver um problema sem haver apenas a aplicação direta das operações. Esta
assimilação por parte dos alunos ficou evidente através de alguns comentários como “resolvi o
problema com desenho e com esquema. Dá para fazer de muitas formas”, enquanto que nos
problemas iniciais referiam “para o resolver tenho de usar contas”.
Finalmente, no que diz respeito à explicação de como pensaram para obter a solução, os
alunos nunca faziam esta explicação. Neste sentido, com a troca de ideias e a discussão das
resoluções, foram desenvolvendo a capacidade de refletir e explicar sobre o que fizeram,
levando-os a pensar na viabilidade dos resultados obtidos, ponderando assim sobre todo o
processo de resolução.
Apesar deste trabalho, nos problemas finais ainda não foram capazes de escrever
claramente a forma como pensaram para alcançar uma solução de um problema, explicando os
processos que realizaram para chegar ao resultado. Porém, ao longo das resoluções,
especialmente no problema pães com diferentes recheios, coelhos e faisões e filas de meninos,
79
já se notam algumas melhorias, sendo que já tentaram expressar e justificar as suas
opiniões/escolhas, acabando por elucidar um pouco a forma como pensaram. Contudo
conseguem-no fazer de um modo mais acertado no problema filas de meninos, talvez porque a
simulação/experimentação/dramatização foi uma mais-valia neste sentido. Ora, fica então
realçada a ideia de que os alunos realmente já começaram a assimilar a importância de ir
explicando o que fazem. Tal se evidenciou também com o comentário que a Catarina fez com o
seu colega durante uma resolução, “não te esqueças que tens de explicar”. Assim averiguo que
estavam num bom caminho para eliminarem as lacunas que possuíam na fase da verificação
dos resultados.
Concluo que o resultado positivo de todo o trabalho referido anteriormente, é totalmente
evidenciado no problema coelhos e faisões e filas de meninos. Nestes como já não foi incutida a
ideia de responderem às três questões orientadoras, alguns alunos optaram por não as usar,
contudo alguns sublinharam, por iniciativa própria, apenas o que era relevante para a resolução,
conseguindo responder acertadamente, utilizando estratégias de resolução, mostrando
compreensão do problema. Deste modo, estes já seguiram intuitivamente o processo que lhes
foi incutido com as questões, libertando-se da utilização destas. Esta libertação aconteceu, pois
ganharam mais confiança e prática na resolução de problemas. No final, alguns, ainda tiveram o
cuidado de justificar e explicar as suas ideias. Ora isto é a prova de que o trabalho feito foi
positivo e rentável.
Relativamente aos alunos que usaram as três questões orientadoras, também por
iniciativa própria, estes sublinharam corretamente o enunciado, responderam acertadamente às
questões e usaram diversas estratégias, evidenciando evolução na fase da compreensão do
problema e na utilização de estratégias. No final, alguns, também tiveram o cuidado de explicar
e justificar as ideias que foram tendo. Ao contrário dos que já não utilizaram as questões
orientadoras e tiveram na mesma sucesso na resolução, estes alunos podiam ainda não ter
tanta confiança na resolução de problemas, o mais importante era que respondiam
acertadamente a todas as questões, com bastante facilidade, seguindo assim as fases
esperadas.
Deste modo, concluo que o balanço das minhas intervenções foi positivo. Até mesmo os
alunos com mais dificuldades de aprendizagem conseguiram realizar com sucesso o trabalho
pretendido, sendo que eu, juntamente com a outra colega estagiária, a professora cooperante e
a professora de apoio, dávamos-lhes um apoio mais individualizado. Todavia, tenho consciência
80
de que tudo o que foi desenvolvido foi apenas o início de um grande trabalho que pode ser
prosseguido pela professora titular de turma.
81
CAPÍTULO V
CONCLUSÃO
Neste capítulo encontram-se as conclusões às questões de investigação, tendo por base a
análise dos dados recolhidos do trabalho realizado pelos alunos do Ensino Básico acerca do
tema resolução de problemas. Tentei perceber como é que os alunos resolviam os problemas,
para detetar quais as dificuldades que possuíam nas diferentes fases de resolução, procurando
responder às seguintes questões: Q1- Como é que os alunos resolviam os problemas?; Q2- Que
dificuldades é que os alunos evidenciavam durante a resolução de problemas?; Q3- Como é que
os alunos evoluíram ao longo da intervenção pedagógica na sua capacidade de resolução de
problemas? É também exposta a reflexão final, as limitações e dificuldades do estudo e ainda
sugestões para futuras investigações.
5.1. Conclusões do estudo
5.1.1. Como é que os alunos resolviam os problemas?
Para dar resposta a esta questão, tive em conta que, de acordo com Vale (2000), resolver
problemas é o conjunto de ações tomadas para resolver uma situação. Assim sendo, constatei
que, perante um problema, os alunos começavam por fazer uma leitura rápida do mesmo e
seguidamente passavam para a sua resolução. Se este envolvesse a aplicação das operações,
faziam os cálculos e apresentavam as respostas. Caso não fosse necessário realizar os cálculos
e tivessem de recorrer às várias estratégias de resolução existentes, praticamente todos os
alunos davam apenas a resposta final como se de soluções se tratasse, sendo que, deste modo,
possuíam o problema errado. Assim, não apresentavam nenhuma resolução, uma vez que não
era necessário recorrer a operações, manifestando desconhecimento das estratégias de
resolução. Após alcançada a resposta final consideravam o problema terminado.
5.1.2. Que dificuldades é que os alunos evidenciavam durante a resolução de
problemas?
Com o problema que utilizei como teste, onde pretendia ver quais as dificuldades que os
alunos apresentavam ao longo das resoluções, detetei que havia imensas falhas na fase da
compreensão do problema, levando-os a ter dificuldades na resolução, acabando por fazer com
82
que alguns desistissem. Ora, os alunos não sabiam como trabalhar adequadamente o
enunciado, ou seja, não possuíam métodos para o explorar de forma a compreendê-lo e terem
sucesso nos problemas, pois não estavam acostumados a fazê-lo nas suas aulas. Para além
disto, um outro aspeto que falhava bastante era a distinção da informação relevante da
acessória.
No que diz respeito à fase da elaboração e execução de um plano, nesta falhava o uso de
estratégias de resolução. Quando o problema envolvia mais do que a aplicação das quatro
operações, como os alunos não estavam habituados a tais problemas, a grande maioria
simplesmente apresentava o resultado. Ora, desconheciam as várias estratégias que existem.
Finalmente, a fase da verificação dos resultados era completamente desconhecida na
turma, pois colocavam a resposta ao problema e davam-no por terminado.
Concluo então que, à semelhança do que refere Pereira (2012), o que mais fracassou foi
a primeira e a última fase do modelo de Polya (1995).
5.1.3. Como é que os alunos evoluíram ao longo da intervenção pedagógica na sua
capacidade de resolução de problemas?
Ao longo da intervenção pedagógica detetei evoluções na forma como os alunos resolviam
os problemas. Após a insistência no trabalho da compreensão do problema, perceberam a sua
importância e interiorizaram processos essenciais para o sucesso nesta fase, como ler com
atenção, descodificar palavras desconhecidas e sublinhar a informação relevante, distinguindo-a
assim da acessória. Deste modo, começaram a prestar mais atenção e a despender mais tempo
nesta etapa, sendo então facilitada a resolução do problema. Ora, tal como refere Polya (2003),
nesta etapa tem de haver uma atenção particular, sem que haja descuidos, pois o sucesso das
fases seguintes depende do sucesso desta.
No que diz respeito à aplicação de estratégias de resolução também se verificou uma
evolução significativa, pois os alunos conheceram e contactaram com distintas estratégias,
pensaram sobre elas, vendo-as como estratégias que podem utilizar para resolver problemas, e,
finalmente, passaram a aplicá-las. Estes começaram a utilizá-las espontaneamente, tal como
empregavam inicialmente as operações. Então, com o trabalho desenvolvido, desconstruíram a
ideia de que um problema se resolve recorrendo apenas às operações, percebendo ainda que
havia situações que todos conheciam e que nunca lhes tinha sido dada a conhecer como
estratégia, como por exemplo o desenho. Deste modo, tal como refere o documento NCTM
83
(1991), os alunos adquiriram um KIT de ferramentas matemáticas que os ajudou a resolver
problemas.
Relativamente à verificação dos resultados, como inicialmente os alunos não a
contemplavam nas suas resoluções, todos os problemas possuíam a afirmação explica como
pensaste, com o intuito de os levar a realizá-la. Contudo, mesmo com a afirmação, estes poucas
vezes explicavam como pensaram, pois respondiam à questão do problema, que aparecia em
primeiro lugar, e ignoravam o que vinha a seguir. Quando o faziam era uma explicação muito
superficial e pouco aprofundada, sendo que quem não acompanhasse o aluno durante a
resolução, certamente não iria compreender todo o processo que realizou. Porém, quando eram
questionados, ao longo correções das resoluções dos problemas, conseguiam voltar atrás na sua
resolução, pensar e explicar como fizeram, verificando todos os passos e resultados obtidos,
mostrando assim que eram capazes de realizar a verificação dos resultados, mas apenas
quando eram ajudados e orientados para tal. De tal modo, como o pretendido era que os alunos
fossem capazes de integrar a fase da verificação dos resultados nas suas resoluções, fazendo-a
de forma autónoma, este trabalho não teve a evolução e os resultados esperados.
Ora, considero que houve uma evolução na capacidade dos alunos resolverem problemas,
havendo o melhoramento nas distintas fases do modelo de Polya. Revelaram-se capazes de fazer
uma “organização sequencial da informação facilitando o processo de resolução” (Gomes &
Dias, 20013, p. 225). Todavia a fase da verificação dos resultados foi aquela em que a evolução
não foi tão acentuada como o esperado.
5.2. Reflexão final do estudo
Devido à ausência de um ensino constante e explícito em resolução de problemas, ter a
possibilidade de explorar este tema, atendendo às diferentes fases do modelo de Polya, foi
crucial para poder desenvolver uma capacidade identificada como fundamental, tal como consta
no Programa de Matemática para o Ensino Básico (MEC, 2007).
Ao longo de todas as intervenções o aluno teve sempre um papel ativo na sua
aprendizagem, sendo ele próprio a construir o seu conhecimento, fazendo novas descobertas,
através da interação que tinha comigo, com os colegas e com o meio envolvente. Logo, foi dada
a todos a oportunidade de partilhar, debater e expor ideias consideradas importantes acerca dos
problemas apresentados, como por exemplo, leituras/interpretações do enunciado. Os alunos
contactarem com vários tipos de enunciados, como curtos e longos, com informação essencial e
84
acessória e uns mais explícitos do que outros, conhecendo e utilizando distintos processos de
analisar e compreender um problema. Foi-lhes ainda dada a oportunidade de contactar com
problemas propícios à utilização de diversas estratégias e, por vezes, a possibilidade de
manipular materiais que os ajudaram a elaborar mais facilmente um plano e a aplicar, também
com maior facilidade, algumas estratégias de resolução. Foram também estimulados no sentido
de recorrer a situações do dia-a-dia que, aleadas ao diálogo, os ajudaram a começar a elaborar
estratégias. Para além disto, tiveram momentos de partilha e discussão acerca de diferentes
estratégias, onde aprenderam outras para além das que utilizaram. Finalmente, pensaram sobre
as distintas resoluções, refletiram sobre os processos e os métodos usados para resolver os
problemas, havendo troca e discussão de ideias. Portanto, tiveram possibilidade de realizar a
fase da verificação dos resultados, que até ao momento lhes era desconhecida.
De tal modo, o trabalho desenvolvido em torno da resolução de problemas integrou
momentos estimulantes e ricos de aprendizagem para os alunos. Desta forma, proporcionei-lhes
diversos problemas, começando nos mais simples e mais acessíveis, adaptados às suas
caraterísticas, dando-lhes motivação para continuar, indo até aos mais complexos e desafiantes.
De um modo geral, os problemas iniciais levavam mais à aplicação de um conteúdo, onde
ocasionavam a aplicação de operações, os últimos já conduziam à aplicação de distintas
estratégias de resolução, requerendo resoluções mais elaboradas.
5.3. Limitações e dificuldades do estudo
Durante o trabalho desenvolvido senti algumas limitações em diferentes situações. Uma
grande dificuldade era conseguir conciliar o meu papel de professora com o trabalho de caráter
mais investigativo, particularmente na recolha de dados. Por vezes, era necessário deixar a
recolha de dados para segundo plano para conseguir auxiliar os alunos com mais dificuldades.
Considero também que o estudo teve um tempo muito reduzido, pois não me possibilitou
implementar mais problemas, para, deste modo, os alunos terem oportunidade de realizar
problemas diferentes, que levassem a resoluções distintas das que concretizaram, onde
conseguissem explorar e empregar outras estratégias. Deste modo, tive de restringir a minha
intervenção apenas a alguns tipos de problemas e a algumas estratégias de resolução.
Ainda a diversidade de ritmos de trabalho foi uma dificuldade por mim evidenciada, uma
vez que, devido à minha falta de prática, inicialmente não tinha pensado nesta questão, sendo
85
que tive de improvisar algo no momento para manter ocupados os alunos mais rápidos. Porém,
nas aulas seguintes já ia prevenida, levando alternativas para estas crianças.
Finalmente, o facto de ser uma turma grande e com alunos novos, todos eles
necessitavam de atenção e apoio. Deste modo, era muito difícil chegar a todos ao mesmo
tempo, dando-lhes a atenção que necessitavam e mereciam.
5.4. Futuras investigações
Após a finalização deste estudo surgiram alguns tópicos que podem ocasionar futuras
investigações. De tal modo, considero que seria relevante trabalhar a resolução de problemas
com o mesmo grupo de alunos, mas com um período de tempo mais longo, para, desta forma,
conseguir abarcar uma maior diversidade de estratégias de resolução e de tipos de problemas.
Perante todo este trabalho mais longo e detalhado, seria interessante voltar a avaliar os alunos
na sua capacidade de resolver problemas, percebendo assim as evoluções ocorridas.
Para além disto, julgo que seria pertinente dedicar mais tempo e abordar de forma
diferente a exploração da fase da verificação dos resultados. Para tal, poderia aplicar uma
questão orientadora para abordar esta fase, como o fiz para as outras, como por exemplo,
consideras que o resultado que obtiveste é viável? Justifica. Assim, os alunos já não iriam
esquecer-se tanto desta etapa, começando a executá-la mais autonomamente, respondendo a
esta questão tal como faziam com as outras três.
86
87
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91
92
93
Anexo 1 – Questões da ficha de reflexão
Antes da nossa intervenção nas aulas, com que frequência resolvias problemas?
Nunca Poucas vezes Muitas vezes
Achas que as questões que sugerimos (o que me é dado?, o que quero saber?, como vou
fazer?) para resolveres os problemas te ajudaram a perceber, explicar e a resolver melhor os
problemas? Justifica a tua resposta.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
94
95
Anexo 2 – Pedido de autorização
Somos estagiárias da Universidade do Minho e estamos a desenvolver um projeto na
área da matemática que envolve a resolução de problemas e a explicitação do raciocínio
matemático. Pretendemos então, realizar um estudo sobre a forma como os alunos resolvem
problemas e comunicam as suas ideias matemáticas, bem como, analisar a evolução destes
aspetos.
Com efeito, vimos por este meio, solicitar a autorização dos encarregados de educação
para a gravação áudio e vídeo das próximas intervenções. O objetivo das gravações é perceber
quais as dificuldades com que os alunos se deparam na resolução de problemas e na
comunicação matemática, as estratégias que empregam no decorrer das tarefas e ainda,
analisar a evolução dos alunos ao longo das intervenções.
Importa ainda salientar que todas as gravações serão sujeitas ao princípio da
confidencialidade, sendo apenas para uso exclusivo das estagiárias no âmbito da análise do
estudo.
Eu, encarregado de educação do(a) aluno(a) ________________________________
__________________________________ AUTORIZO/NÃO AUTORIZO a gravação das
intervenções.
O Encarregado de Educação
_____________________________________________________________
96
97
Anexo 3 – Fichas do 1º ciclo
Ficha 1
Quem sou eu?
98
Ficha 2
Prova de atletismo
99
Ficha 3
Concurso de leitura
Realizou-se um concurso de leitura. Na sala de aula os alunos elegeram os quatro leitores
da turma:
• O Adriano ficou depois do Miguel;
• O Rui ficou antes do Pedro;
• O Miguel ficou atrás do Pedro.
Escreve o nome dos quatro leitores por ordem de eleição. Explica como pensaste.
1.º 4.º 3.º
2.º
100
Ficha 4
Ficha de avaliação
Realizou-se uma ficha de avaliação de matemática. Os quatro primeiros alunos
terminaram-na na seguinte ordem:
• O Diogo terminou antes do Luís;
• O Bruno terminou depois do Martim;
• O Luís terminou entre o Martim e o Diogo.
Escreve o nome, por ordem, dos quatro primeiros alunos a terminar a ficha de avaliação.
Explica como pensaste.
1.º
2.º 3.º 4.º 1.º
101
Ficha 5
Bolas coloridas
Observa a seguinte figura.
Faz uma estimativa do número de bolas verdes existentes, sem as contares. Explica como
pensaste.
______________________________________________________________________
Sem contares, qual é a cor das bolas que achas que tem em maior quantidade? Explica como pensaste.
Calcula o valor exato do número de bolas verdes, azuis, amarelas e cor-de-rosa. Depois verifica
se as tuas estimativas anteriores estão iguais ou muito diferentes do valor exato.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Conta o número total de bolas existentes e explica que método utilizaste para fazer essa
contagem.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
102
Ficha 6
Castanhas e bolas
Observa a seguinte figura.
Faz uma estimativa do número de castanhas existentes. Explica como pensaste.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Agora conta as castanhas e regista o valor.
A tua estimativa é igual ou muito diferente do valor exato?
103
Ficha 7
As bolas
Observa as figuras A e B.
Faz uma estimativa do número de bolas verdes existentes na caixa A e na caixa B.
Sem contares, em que caixa achas que tem mais bolas verdes?
Agora conta as bolas verdes da caixa A e da caixa B e regista os valores.
O número de bolas verdes que achavas que existia na caixa A e na caixa B é igual ou muito diferente do valor exato?
A B
104
Ficha 8
Visita à quinta de Santo Inácio
Numa manhã, várias turmas da escola da Beatriz foram visitar a quinta se Santo Inácio.
Ao todo a escola da Beatriz tem 160 alunos.
Sabendo que à visita foram:
1 turma do 1º ano, com 17 alunos;
2 turmas do 2º ano, uma com 15 alunos e outra com menos 3 alunos;
1 turma do 3º ano, com 20 alunos;
2 turmas do 4º ano, uma com 18 alunos e outra com mais 4 alunos;
Quantos alunos da escola da Beatriz não foram visitar a quinta de Santo Inácio? Explica
como pensaste.
105
Ficha 9
Disfarces de carnaval
Para celebrar o Carnaval, o senhor Antunes comprou para vender na
sua loja uma centena, duas dezenas e quatro unidades de disfarces. Na loja
ao lado, o senhor Silva tem 178 disfarces também para vender.
Quantos disfarces há a mais na loja do senhor Silva para venda? Explica
como chegaste à resposta.
Baile de máscaras
No salão de festas da vila onde o Carlos mora vai celebrar-se um baile de
máscaras. Para o baile inscreveram-se 68 pessoas. Sabe-se que 15 são crianças e os
restantes são adultos. Do total de adultos, 23 são mulheres.
Quantos homens se inscreveram para o baile de máscaras? Explica como
chegaste à resposta.
106
Ficha 10
Multiplicação
Observa com atenção a seguinte operação:
21 x 5 = 105
Nesta operação, os números 21 e 5 são o produto e o resultado 105 é o fator? Justifica a tua
resposta.
Placares
Numa escola existem 6 salas de aula. Em cada sala existem cinco placares. Quantos
placares existem nas 6 salas de aula? Explica como pensaste.
107
Diferentes tipos de pão
Pão de centeio
Pão de forma
Recheio para o pão
Queijo Chocolate
Fiambre Manteiga
Ficha 11
Pães com diferentes recheios
Observa atentamente as imagens.
a) Escolhendo um tipo de pão e um dos recheios, quantas sandes diferentes se podem
fazer? Quais são? Explica como pensaste.
108
Os vernizes da Mariana
A Mariana foi às compras e comprou três caixas com cinco vernizes cada uma e com
duas embalagens de algodão. Nessas caixas havia vernizes azuis,
cinzentos, castanhos, lilás e cor-de-rosa. Quantos vernizes
comprou ela? Explica como pensaste
109
Ficha 12
Multiplicação
Resolve:
1 coelho tem 2 orelhas.
E 3 coelhos? Explica como pensaste.
Um trevo tem 3 folhas.
E 4 trevos? Explica como pensaste.
________________________________________________________
A Ana tinha 4 jarras todas iguais, cada uma com 7 rosas.
Então, quantas rosas tem a Ana nas 4 jarras? Explica como pensaste.
_______________________________________________________
110
Visita ao museu
Uma turma do 2.º ano foi visitar um Museu no Porto. Neste havia uma parede com
imensas fotografias. Existiam 3 filas horizontais com 12
fotografias cada.
Qual o número total de fotografias que existiam na
parede? Indica como pensaste.
111
Ficha 13
Bombons da Salomé
A Salomé decidiu fazer uma surpresa a duas das suas amigas. Assim, comprou duas
caixas diferentes com bombons e detetou que as duas caixas
juntas tinham 75bombons. Depois resolveu contar os bombons
apenas de uma caixa e apurou que existiam 32bombons. Então
quantos bombons havia na outra caixa? Explica como chegaste à
resposta.
Festa de carnaval
A Patrícia está a organizar uma festa de Carnaval na sua
escola, mas para a festa se realizar são precisas 250 inscrições.
Ela já conseguiu convencer 173 alunos a inscreverem-se. Quantas
inscrições faltam para conseguir realizar a festa? A sua amiga
Mafalda diz que lhe faltam 77 inscrições. O seu amigo Simão diz
que lhe faltam 86 inscrições.
Qual dos amigos da Patrícia tem razão? Explica como chegaste à resposta.
112
Ficha 14
Coelhos e faisões
Imagina que há um certo número de coelhos e de faisões numa gaiola, totalizando 7
cabeças e 22 patas.
Quantos coelhos e faisões estão na gaiola?
Explica como pensaste.
113
Ficha 15
Filas de meninos
Estavam nove meninos no recreio a brincar. A professora viu que
estavam em três filas, mas que cada fila tinha quatro meninos. Como é
isto possível?
114
Ficha 16
Material escolar
No início do ano letivo todas as famílias gastam
dinheiro com a compra de material escolar para as
crianças. Faz um levantamento de quanto gasta os teus
pais ao comprar todo o teu material escolar, como por
exemplo, os cadernos, a mochila, as canetas, lápis, régua,
entre outros.
115
Ficha 17
O truque do Ricardo
O Ricardo quis fazer um truque numérico ao seu amigo Luís:
Ricardo: Pensa num número de dois algarismos.
Luís: Já pensei.
Ricardo: Troca os algarismos para obter um outro número. Já está? Agora adiciona os dois
e diz-me quanto te deu.
Luís: Deu-me 132.
Ricardo: E eu já sei qual foi o número em que pensaste!
Saberá o Ricardo em que número pensou o Luís?
116
117
Anexo 4 – Fichas do 2º ciclo
Ficha 1
O lanche dos três amigos
1) Três amigos foram lanchar juntos. Cada um tinha 5 euros
para gastar. O Guilherme tinha duas moedas de 2 euros e uma de 1
euro e pediu um hambúrguer e uma cola. A Camila tinha cinco
moedas de 1 euros e quis uma bifana e um sumo. Por fim, sabemos
que o Zé tinha dez moedas de 0,50 euros e pediu dois croissants e um sumo.
Menu
Hambúrguer 2,48 €
Batatas fritas 0,82 €
Croissant 0,70 €
Cachorro 1,57 €
Bifana 3,23 €
Pão c/ fiambre 0,53 €
Cola 0,56 €
Sumo 1,27 €
1.1) Quanto é que gastou cada um? Explica como pensaste, apresentando todos os
cálculos que efetuares e arredonda os resultados às décimas. Explica como pensaste.
118
1.2) Quanto é que cada um recebeu de troco? Explica como pensaste, apresentando
todos os cálculos que efetuares e escreve os valores aproximados por defeito e por excesso, com
aproximação às décimas.
1.3) Será que a despesa total do Guilherme e do Zé foi superior a 10 euros? Explica
como pensaste, respondendo sem calculares a despesa total dos dois amigos.
1.4) Será que a Camila conseguia comprar um hambúrguer, uma embalagem de
batatas fritas, um croissant e um cachorro? Justifica a tua resposta. Arredonda todos os
resultados a uma casa decimal.
119
Ficha 2
A retrosaria da Dona Anica
1) As senhoras do bairro do Alecrim são muito talentosas
a fazer peças de roupa em crochet. Por isso, a retrosaria da Dona
Anica é muito requisitada pelas mesmas senhoras para a compra de
linhas e tecidos.
Certo dia a Dona Anica enquanto arrumava a loja apercebeu-se que já tinha vendido 180
novelos de linha vermelha, 68 verdes e 14 agulhas de crochet. Além disso, reparou também que
já tinha vendido 256 novelos de linha azuis, 78 novelos de lã amarelos e 10 dedais.
1.1) Qual é a fração de novelos de linha vermelha que já foram vendidos? Explica como
pensaste e escreve a resposta sob a forma de fração irredutível.
1.2) Qual é a parte vendida de novelos de linha que não são azuis? Explica como
pensaste e escreve a resposta sob a forma de fração irredutível.
120
Ficha 3
Garrafas de sumo
1) A Inês e o Pedro iam almoçar e repararam que o
sumo tinha acabado. Decidiram então ir ao supermercado e
compraram 4 garrafas de sumo, mas quando chegaram a
casa, apenas abriram uma das garrafas. Em cada uma estão
9
9 litro de sumo. A Inês bebeu
9
2 litro do sumo de uma
garrafa e o João bebeu o restante.
1.1) Que quantidade de sumo bebeu o João? Explica como pensaste.
1.2) Elabora uma outra questão para este problema, diferente da anterior, e resolve-a.
Explica como pensaste.
121
Ficha 4
Batidos
1) A Bárbara, a Sandra e a Margarida prepararam diferentes
quantidades de batidos para a festa de aniversário do amigo André.
A Bárbara preparou 9
5L de batido e a Sandra
3
1L de batido. No total as
três amigas prepararam 3
22 L de batido.
1.1) Que quantidade de batido preparou a Margarida? Explica como pensaste,
apresentando os cálculos que efetuares e mostra o resultado sob a forma de fração irredutível.
Várias frutas
2) A Filipa comprou 5
2kg de maçãs,
10
1kg de nozes
e 13
1 kg de laranjas. E a sua mãe comprou
5
2kg de peras e
4
3kg de morangos.
2.1) Calcula quantos quilogramas de fruta comprou ao todo a Filipa? Explica como
pensaste, apresentando os cálculos que efetuares e mostra o resultado sob a forma de fração
irredutível.
122
Amêndoas
3) A Adriana foi comprar amêndoas. Comprou as amêndoas representadas na figura 1.
O Pedro comeu 4
1 das amêndoas que a Adriana comprou e o Alexandre comeu
5
2.
3.1) O que representa a expressão 5
2
4
1 ? Explica como pensaste.
3.2) Calcula a parte das amêndoas que sobraram. Explica como pensaste, apresentando
os cálculos que efetuares e mostra o resultado sob a forma de fração irredutível.
123
Ficha 5
Patins
1) Dois professores foram a uma turma de 8º ano de escolaridade, formada por 15
alunos, e perguntaram quantos sabiam andar patins.
3
2responderam Sim.
Quantas deles responderam Sim? Explica como
pensaste, apresentando todos os cálculos que
efetuares.
Andar a cavalo
2) A Inês tem 60 amigos. Desses amigos, sabe-se
que 3
2sabem andar a cavalo.
Quantos amigos da Inês não sabem andar a cavalo? Explica
como pensaste, apresentando todos os cálculos que
efetuares.
124
Ficha 6
Revista escolar
1) O Diogo leu 15
2 do número de páginas de uma
revista na escola, 3
1 do número de páginas no autocarro e
4
1
das restantes páginas em casa.
1.1) Que fração do livro leu o Diogo em casa? Explica como pensaste, apresentando
todos os cálculos que efetuares.
1.2) Sabendo que a revista tem 120 páginas, quantas páginas ainda lhe faltam ler?
Explica como pensaste, apresentando todos os cálculos que efetuares.
Lanche de quatro amigas
2) Uma caixa tinha 60 pêssegos. Ao lanche quatro amigas comeram
4
1 dos pêssegos e ao jantar comeram
3
2 dos restantes.
Quantos pêssegos comeram as quatro amigas ao jantar? Explica
como pensaste, apresentando todos os cálculos que efetuares.
125
Ficha 7
O carpinteiro
1) Um carpinteiro demora três quartos de hora a fazer uma
peça de madeira. Quantas peças faz num dia em que trabalhe cinco
horas e um quarto? Explica como chegaste à tua resposta.
Bolas
2) O Luís encheu 5
2da metade das bolas que tinha.
2.1) Que parte das bolas encheu? Explica como pensaste.
2.2) Que parte das bolas ainda tem para encher? Explica como pensaste.
2.3) Se o Luís tem 70 bolas, quantas bolas já encheu? Explica como pensaste.