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    Revista Universo Contbil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 8, n. 4, p. 40-59, out./dez., 2012

    Revista Universo Contbil, ISSN 1809-3337Blumenau, v. 8, n. 4, p. 40-59, out./dez., 2012

    doi:10.4270/ruc.2012430Disponvel em www.furb.br/universocontabil

    TIPOLOGIA DE FLEURIET E A CRISE FINANCEIRA DE 20081

    TYPOLOGY OF FLEURIET AND THE FINANCIAL CRISIS OF 2008

    TIPOLOGA DE FLEURIET Y LA CRISIS FINANCIERA DE 2008

    Cristiano do NascimentoMestrado em Contabilidade pela Universidade Federal do Paran

    Endereo: Rua Isaltina de Assuno Farias, 331CEP: 88048-416 Florianpolis/SC Brasil

    E-mail: [email protected]: (48) 8806-4274

    !rcia aria dos Santos "orto#occi Es$e%o

    Doutora em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USPProfessora do Programa de Ps-Graduao em Cincias Contbeis da UFPR

    Endereo: Av. Prefeito Lothrio Meissner, 632, 1 andarCEP: 80210-170 Curitiba/PR Brasil

    E-mail: [email protected]: (41) 3360-4417

    Simone "ernardes &oeseDoutora em Engenharia de Produo pela EPS/UFSC

    Professora do Programa de Ps-Graduao em Cincias Contbeis da UFPREndereo: Av. Prefeito Lothrio Meissner, 632, 1 andar

    CEP: 80210-170 Curitiba/PR BrasilE-mail: [email protected]

    Telefone: (41) 3360-4417

    E#isete Da'mer P(itsc'erDoutora em Engenharia de Produo pela EPS/UFSC

    Professora do Programa de Ps-Graduao em Cincias Contbeis da UFSCEndereo: Mrio Cndido da Silva, 46

    CEP: 88085-475 Florianpolis/SC BrasilE-mail: [email protected]

    Telefone: (48) 3721-9383

    1 Artigo recebido em 03.09.2011. Revisado por pares em 11.10.2011. Reformulado em 14.02.2012.Recomendado para publicao em 16.02.2012 por Ilse Maria Beuren (Editor). Publicado em 30.11.2012.Organizao responsvel pelo peridico: FURB.

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    RESUO

    Este estudo tem por objetivo identificar se ocorreram alteraes no perfil dos BalanosPatrimoniais Gerenciais (BPG) de empresas brasileiras em meio ao perodo da crise financeirade 2008 deflagrada mundialmente e com consequncias no Brasil, mediante anlise datipologia do modelo Flueriet. A amostra composta por 87 empresas concomitantementelistadas na Revista Exame Melhores e Maiores de 2009 e com aes negociadas naBM&FBOVESPA (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros). Executou-se anlise descritiva,com abordagem qualitativa e quantitativa, aplicada s variveis dinmicas e aos resultadosinerentes a tipologia. Dentre os resultados do estudo, destacam-se: ao longo dos oitotrimestres analisados a varivel saldo de tesouraria (ST) foi negativa em 46,84% da amostra, avarivel necessidade de capital de giro (NCG) foi negativa em 16,67% da amostra; dentre asempresas analisadas 63,2% apresentou saldo positivo para a varivel capital de giro (CDG)nos oito trimestres analisados. Constatou-se predominncia de BPG dos Tipos 2 e 3 ao longode 2008 e 2009. Ressalta-se a reduo no nmero de BPG com tipologia 2 e aumento nas

    tipologias 3 e 4 nos trimestres relacionados ocorrncia da crise financeira no Brasil.Contudo, observou-se que por se tratar de uma crise anunciada pelo governo dos EstadosUnidos em 2007, a partir do incio da crise financeira no Brasil em outubro de 2008 aumentouo nmero de empresas sujeitas a alteraes em sua estrutura financeira com tendncia dereduo no volume de recursos aplicados na gesto do capital de giro.

    Palavras chave: Crise Financeira. Modelo Fleuriet. Estrutura Financeira.

    ABSTRACT

    This study aims to identify whether changes in the profile of Management Balance Sheet

    (MBS) of Brazilian companies occurred through the financial crisis period of 2008 triggered

    worldwide, and with consequences in Brazil, by the analysis of Fleuriet model typology. The

    sample consists of 87 companies listed simultaneously in the Exame Melhores e Maiores

    Magazine in 2009 and traded on BM&FBOVESPA (So Paulo Stock exchange). A descriptive

    analysis was performed with qualitative and quantitative approach, applied to dynamic

    variables and outcomes inherent to the typology. Among the study's findings, stands out:

    along the eight quarters analyzed, the variable treasury balance (ST) was negative in 46,84%

    of the sample, the variable need for working capital (WC) was negative in 16,67% of the

    sample; among the companies surveyed 63,2% had a positive balance for the working capital

    (WC) in the eight quarters analyzed. It was verified the predominance of the types 2 and 3 of

    MBS during 2008 and 2009. The reduction in the number of MBS with typology 2 and

    increase of typologies 3 and 4 in quarters related to the occurrence of financial crisis inBrazil stood out. However, it was observed that since it was a crisis announced by the United

    States government in 2007, from the beginning of the financial crisis in Brazil in October

    2008 the number of companies subject to changes in its financial structure with a tendency to

    reduce the volume of funds invested in the management of working capital has increased.

    Keywords: Financial Crisis. Fleuriet Model. Financial Structure.

    RESUMEN

    Este estudio tiene por objetivo identificar si ocurrieron alteraciones en el perfil de los

    Balances Patrimoniales Gerenciales (BPG) de empresas brasileras en medio del perodo de

    la crisis financiera del 2008, deflagrada mundialmente y con consecuencias en Brasil,

    mediante el anlisis de la tipologa del modelo Flueriet. La muestra es compuesta por 87

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    Cristiano do Nascimento - Mrcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo - Simone Bernardes Voese -Elisete Dahmer Pfitscher

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    empresas concomitantemente listadas en la revista Exame Melhores e Maiores de 2009 y con

    acciones negociadas en BM&FBOVESPA (Bolsa de Valores, Mercados y Futuros). Se realiz

    un anlisis descriptivo, con un abordaje cualitativo y cuantitativo, aplicado a las variables

    dinmicas y a los resultados inherentes a la tipologa. Entre los resultados del estudio se

    destacan: a lo largo de los ocho trimestres analizados, la variable saldo de tesorera (ST) fuenegativa en un 46,84% de la muestra, la variable necesidad de capital de giro (NCG) fue

    negativa en un 16,67% de la muestra, entre las empresas analizadas el 63,2% present saldo

    positivo para la variable capital de giro (CDG) en los ocho trimestre analizados. Se constat

    predominancia de BPG de los tipos 2 y 3 a lo largo de 2008 y 2009. Se resalta la reduccin

    en el nmero de BPG con el tipo 2 y el aumento en las tipologas 3 y 4 en los trimestres

    relacionados a la ocurrencia de la crisis financiera en Brasil. No obstante, se observ que

    por tratarse de una crisis anunciada por el gobierno de Estados Unidos en 2007, a partir del

    inicio de la crisis financiera en Brasil en octubre de 2008, aument el nmero de empresas

    sujetas a alteraciones en su estructura financiera con tendencia de una reduccin en el

    volumen de recursos aplicados en la gestin de capital de giro.

    Palabras clave: Crisis Financiera. Modelo Fleuriet. Estructura Financiera.

    1 INTRODU)*O

    A crise financeira deflagrada no ano de 2007 desponta como a pior crise financeiraenfrentada pela economia dos Estados Unidos (EUA), resultando na perda de 3,6 milhes deempregos em 2008 e anncio da perda de 4,7 milhes de empregos em dezembro de 2009(USA, 2011). A inadimplncia referente a dvidas hipotecrias, tidas como ativos de altorisco, combinadas com o aumento na taxa de juros, desvalorizao dos imveis e

    desregulamentao financeira, contriburam para o advento da crise (BEZEMER, 2010).O cenrio macroeconmico brasileiro apresenta crescimento nos primeiros trstrimestres de 2008 com o PIB em aquecimento progressivo, cujo terceiro trimestre denotacrescimento de 6,8% em relao ao mesmo perodo de 2007, sendo que ao final de setembro,a crise financeira internacional passou a afetar a economia brasileira, sobretudo empresas comfoco de atuao no mercado internacional (BRASIL, 2010). Dentre as aes do governobrasileiro destacam-se a reduo dos impostos dos carros e de materiais de construo; e olanamento de pacote de incentivo imobilirio, o Programa Minha Casa, Minha Vida,amplamente divulgados pela imprensa nacional, como forma de conter os efeitos negativos dacrise.

    Quanto ao ambiente empresarial, ressalta-se que em perodos de recesso econmica a

    gesto do capital de giro tende a ser decisiva no intuito de manter os nveis de negcios, porvezes, mediante reestruturao da estrutura de financiamento das atividades operacionais(ASSAF NETO; SILVA, 2010). Neste sentido, a construo deste estudo sustenta-se naperspectiva gerencial de reclassificao das contas do Balano Patrimonial, no intuito deaplicar o modelo Fleuriet, a partir do qual se busca identificar a realidade dinmica dasempresas, cujas contas do ativo e do passivo so classificadas conforme o tempo que levampara a realizao de um ciclo operacional.

    A aplicao do modelo Fleuriet tende a revelar parmetros de conduo dos negciospara o futuro a partir da reclassificao do Balano Patrimonial e isolamento das trs variveiscaractersticas ao modelo: saldo de tesouraria (ST); necessidade de capital de giro (NCG); ecapital de giro (CDG), as quais quando combinadas permitem diferenciar seis tipos deestrutura financeira.

    Diante do exposto, desponta a seguinte questo de pesquisa: Ocorreu alterao na

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    estrutura financeira de empresas brasileiras no perodo relacionado crise financeira de 2008no Brasil? Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo principal investigar seocorreram alteraes no perfil dos Balanos Patrimoniais Gerenciais (BPG) de empresasbrasileiras em meio ao perodo compreendido como aquele em que a crise financeira de 2008

    foi deflagrada no Brasil, mediante anlise da tipologia do modelo Flueriet.A relevncia deste estudo justifica-se pela iniciativa de desenvolver uma pesquisa comcarter descritivo, no sentido de identificar o perfil e alteraes ocorridas no que tange aestrutura financeira das empresas brasileiras, mediante mapeamento da tipologia Fleuriet,referente aos nveis de gesto dos recursos disponveis em meio ao perodo da crisecomparativamente aos perodos que a antecederam e sucederam. Ressalta-se que a construodo estudo toma como base o entendimento proposto por Braga (1991), Marques e Braga(1995), Braga; Nossa e Marques (2004), acerca dos seis tipos de BPG possveis, e respectivasignificncia dos perfis de BPG relacionados s empresas componentes da amostra. Nestecontexto, salienta-se a carncia de estudos com perspectiva investigativa sobre estruturafinanceira de empresas e sua relao com a crise financeira de 2008, pois o entendimento

    acerca dos efeitos e nuances de causalidade de tal relao podem contribuir para uma melhorpreparao organizacional e possvel recuperao mais rpida no ps-crise.

    2 REFERENCIAL TE+RICONesta seo fundamentam-se os constructos crise financeira, modelo Fleuriet e

    tipologia de Fleuriet, em termos de reviso de literatura, cujas contribuies cientficas econceitos estudados sero utilizados como suporte conceitual para a soluo do problemaenunciado no presente estudo.

    2,1 Crise Financeira e Se-s E(eitosA crise financeira gerada em meio ao sistema financeiro dos EUA constituiu

    importncia de modo a ser criada, pelo Congresso, uma Comisso de Inqurito da CriseFinanceira (CICF), a qual investigou as vises correntes sobre as causas da crise com o foconas questes fundamentais, sob trs perspectivas: a disponibilidade de capital e excesso deliquidez, o papel da Fannie Maee Freddie Mace a poltica de habitao do governo (USA,2011).

    Dentre as concluses alcanadas pela CICF, destacam-se: o excesso de liquidez noprecisa causar uma crise, mas falta de eficcia em refrear os excessos nas hipotecas e omercado financeiro foram as principais causas da crise; as instituies Fannie Maee Freddie

    Mac contriburam para a crise, mas no constituem causa primria, pois a CICF ressalta queos ttulos hipotecrios, essencialmente mantidos seu valor durante a crise, no contribuem

    para as significantes perdas do IRMS financeiro, que eram centrais para a crise financeira; e apromulgao da lei Community Reinvest Act(CRA), a qual visava combater o realiningpelosbancos, a prtica de negar crdito para indivduos e empresas em certos bairros sem levar emconta a sua solvabilidade, a comisso concluiu que o CRA no foi um fator significante emrelao ao subprime.

    Em meio ao ambiente gerador da crise, no caso dos EUA, tem-se o supervit dogoverno e o dficitem conta corrente com crescimento econmico baseado no crescimento dadvida privada, condio que denota a impossibilidade de executar qualquer inferncia a partirde um modelo de equilbrio (BEZEMER, 2010). Neste contexto, modelos contbeis podemassim identificar um caminho de crescimento como insustentvel, dada as relaes existentesda contabilidade fundamental e a economia, levando a uma previso segura de sua reverso,

    mesmo, embora o fato gerador e o calendrio sejam menos evidentes (BEZEMER, 2010).Chagas et al. (2010) analisaram o comportamento patrimonial de renda varivel dosfundos de penso brasileiros, no perodo das crises ocorridas entre os anos de 1997 e 2008.

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    Dentre os resultados, apontam que em tempos de crises os fundos de investimentosregistrados no patrimnio dessas entidades tm o valor de suas carteiras constante comtendncia de alta. Pois, Chagas et al. (2010) afirmam que os fundos de penso transferemrecursos para a gesto terceirizada, ou seja, existe uma mudana de estratgia de gesto em

    perodos de crise financeira mediante combinao entre aplicaes diretas em aes geridaspelas prprias entidades e aplicaes em fundos de investimentos em renda varivel, a fim dediminuir os riscos e aumentar o retorno dos seus ativos de investimento.

    Santos et al. (2010) analisaram o impacto da crise subprime no comportamento doretorno das aes ordinrias de quatro empresas do setor de construo civil, sendo duasbrasileiras e duas americanas. Os autores destacam como resultado ocorrncia da gerao deretornos anormais estatisticamente significativos das aes ordinrias das empresasamericanas, na janela de evento, enquanto que para as empresas brasileiras no foi observadaa gerao de retornos anormais estatisticamente significativos, aps o anncio da crisefinanceira. Destaca-se a relevncia da comparao de resultados entre as empresas dos doispases, EUA e Brasil, epicentro e periferia da crise, cujos resultados mostram maior coerncia

    do comportamento de ajuste do preo das aes ordinrias e da taxa de retorno para asempresas brasileiras (SANTOS et al., 2010).

    O estudo de zara, Passanha e zara (2010) investiga a volatilidade dos retornos dasaes dos principais bancos brasileiros em meio crise financeira de 2008. Os autoresclassificaram como principais bancos brasileiros o Banco do Brasil, ItauUnibanco, Bradesco,Santander e Nossa Caixa. De acordo com os resultados encontrados, os autores destacam queo Banco do Brasil, ItauUnibanco e Bradesco, apresentam diferena de volatilidade dosretornos no perodo antes e depois da crise estatisticamente significativa. O mesmo no seaplica para a Nossa Caixa, a qual apresentou divergncia na volatilidade, no entanto no foiconsiderada estatisticamente diferente. Ao investigar os efeitos da poltica monetria sobre osemprstimos dos bancos e respectiva falta de pagamento pelos tomadores de capital,segundoTabak, Laiz e Cajueiro (2010), fora constatado que as taxas de juros baixas levaram aum aumento do crdito e consequente exposio ao risco. Contudo, as mudanas na polticamonetria afetam o crescimento dos emprstimos de forma diferente, dependendo do tamanhodos bancos, capitalizao e liquidez.

    No ms de setembro de 2008 fora constatada a desacelerao da economia: a taxa decrescimento, que nos nove primeiros meses de 2008 alcanara 53,39% em relao ao mesmoperodo de 2007, caiu para 43,88% nos doze meses do ano; a partir do terceiro trimestre de2008, atribuda a crise financeira a sada de investimentos estrangeiros de portflio e aremessa de lucros pelas subsidirias estrangeiras para suas matrizes no exterior (BRASIL,2010). Neste cenrio desponta a necessidade de divisas pelas empresas brasileiras para

    garantir suas operaes lastreadas em moeda estrangeira. Aps a exposio de aspectosreferentes crise apresenta-se, na sequncia, a seo que trata do tema modelo Fleuriet.

    2,2 ode#o F#e-riet . An!#ise A/anada do Ca$ita# de GiroO modelo Fleuriet permite avaliar a liquidez e a estrutura de financiamento das

    organizaes, o qual constitui mtrica que tem como ponto de partida os dados do BalanoPatrimonial (FLEURIET; KEHDY; BLANC, 2003). Destaca-se a capacidade contributiva domodelo Fleuriet na anlise do investimento em capital de giro e sua gesto, fato que permiteinferncias a tomada de decises da organizao. A correta aplicao do modelo permiteidentificar a necessidade de investimento no giro dos negcios e o volume de recursos delongo prazo que financiam o giro. O modelo Fleuriet utiliza-se da combinao de trs

    variveis para formar seis modelos de classificao, nos quais se constata o desempenhofinanceiro e operacional das empresas, a saber: necessidade de capital de giro (NCG), capitalde giro (CDG) e saldo de tesouraria (ST).

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    A varivel NCG compreende a diferena entre as contas do ativo circulanteoperacional e passivo circulante operacional, a qual, quando positiva apresenta uma demandade recursos para o giro, quando negativa revela uma fonte de recursos destinveis aaplicaes. De acordo com o modelo Fleuriet a varivel CDG identificada a partir da

    diferena entre o passivo no circulante mais as contas do patrimnio lquido e o ativo nocirculante mais as contas do ativo permanente, a qual, normalmente constitui fonte derecursos que atendem a NCG. A varivel ST representa a diferena entre o ativo circulantefinanceiro e o passivo circulante financeiro, cujo resultado, na perspectiva de que o CDG sejapositivo e maior que a NCG, o ST positivo, portanto a empresa tem liquidez; de outro modo,se o CDG positivo e menor que a NCG, o ST negativo, logo se identifica o uso de recursosde curto prazo financiadores da NCG; quando o CDG negativo e o ST negativo, aponta-se ouso de recursos de curto prazo com aplicao em ativos permanentes, por conseguinte aempresa tende a incorrer no risco de insolvncia (FLEURIET; KEHDY; BLANC, 2003).

    Como salientam Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) o problema de liquidez dasorganizaes com saldo de tesouraria negativo torna-se crtico em perodos de recesso

    econmica, quando uma diminuio substancial das vendas provoca um aumento, tambmsubstancial, da sua NCG. Pois em ambiente de recesso o autofinanciamento no suficientepara financiar a NCG, fato que obriga as empresas a buscarem fundos externos, geralmenteem instituies financeiras, por intermdio de emprstimos de curto e/ou longo prazo; eaumento de capital social em dinheiro, no intuito de atender as necessidades de liquidez. Omodelo Fleuriet define a qualidade da situao financeira com base na configurao deelementos patrimoniais, sem necessidade de realizar interpretaes para inferir sobre umdiagnstico (BRAGA; NOSSA; MARQUES, 2004). Conforme Braga (1991) a reclassificaodo Balano Patrimonial deve levar em considerao o fator curto e longo prazo e os nveis dedeciso empresarial estratgico, financeiro e operacional.

    A reclassificao das contas do ativo e passivo constitui condio decisiva naaplicao do modelo Fleuriet, cujas contas sero consideradas em relao realidadedinmica das empresas, em que as contas so classificadas de acordo com o seu ciclo, ou seja,o tempo que leva para se realizar uma rotao (FLEURIET; KEHDY; BLANC, 2003, p. 7).As contas do circulante so desmembradas em contas financeiras e operacionais, ou seja,ativo circulante financeiro (ACF), ativo circulante operacional (ACO), passivo circulantefinanceiro (PCF) e passivo circulante operacional (PCO), enquanto que as contas dopermanente so denominadas de investimento fixo ou ativo permanente (AP) os direitos areceber da empresa a longo prazo e o ativo permanente propriamente dito e passivopermanente (PP), o qual composto pelas fontes de financiamento a longo prazo prprias e deterceiros, patrimnio lquido e exigibilidades (ASSAF NETO; SILVA, 2010). A seguir,

    apresenta-se a seo que trata do tema tipologia de Fleuriet, o qual permite avaliar a estruturafinanceira das empresas a partir dos resultados evidenciados pelas variveis dinmicas domodelo de Fleuriet.

    2, Ti$o#oia de F#e-rietA partir da estrutura de fontes e aplicaes de fundos identifica-se, mediante aplicao

    do modelo Fleuriet, padres e estratgias de investimento e financiamento dispostos em seistipos de perfil de BPG. Brasil e Brasil (2002) e Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) salientamquatro tipos tidos como mais frequentemente identificveis. Nos estudos de Braga (1991),Marques e Braga (1995), Braga; Nossa e Marques (2004), Vieira (2008), encontram-seapontamentos sobre os outros dois tipos de Balanos Patrimoniais Gerenciais reclassificados.

    Os seis tipos de BPG gerados permitem visualizar e avaliar a liquidez e consequente prticaadotada em relao gesto do capital de giro. Dito isto, apresenta-se na Figura 1 os tipos deestruturas financeiras comumente identificveis aps aplicao do modelo Fleuriet.

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    BPG Tipo 1 BPG Tipo 2 BPG Tipo 3

    PCF PCF ACFACF PCF

    ACF

    PCOPCO

    ACOACO

    PCOACO

    APPP

    AP

    PP

    APPP

    BPG Tipo 4 BPG Tipo 5 BPG Tipo 6

    ACF ACF PCFPCF ACFPCF

    ACOACO

    ACOPCO

    PCO

    PCO

    APPP

    AP

    PP

    AP

    PP

    Figura 1 Tipos de estrutura financeira do Balano Patrimonial Gerencial

    Fonte: Adaptado de Braga (1991).

    As variveis bsicas do modelo Fleuriet podem assumir valores positivos e negativos,os quais se encontram listados e diferenciados por Tipo em conformidade com a estruturafinanceira evidenciada no BPG, no Quadro 1 a seguir:

    Tipologia Varivel Significado

    ST Positivo (ACF > PCF) representando uma aplicaode recursosNCG Negativo (ACO < PCO) representando uma fontede recursosTipo 1CDG Positivo (PP > AP) representando uma fontede recursosST Positivo (ACF > PCF) representando uma aplicaode recursosNCG Positivo (ACO > PCO) representando uma aplicaode recursosTipo 2

    CDG Positivo (PP > AP) representando uma fontede recursosST Negativo (ACF < PCF) representando uma fontede recursosNCG Positivo (ACO > PCO) representando uma aplicaode recursosTipo 3CDG Positivo (PP > AP) representando uma fontede recursosST Negativo (ACF < PCF) representando uma fontede recursosNCG Positivo (ACO > PCO) representando uma aplicaode recursosTipo 4CDG Negativo (PP < AP) representando uma aplicaode recursosST Negativo (ACF < PCF) representando uma fontede recursosNCG Negativo (ACO < PCO) representando uma fontede recursosTipo 5CDG Negativo (PP < AP) representando uma aplicaode recursosST Positivo (ACF > PCF) representando uma aplicaode recursosNCG Negativo (ACO < PCO) representando uma fontede recursosTipo 6

    CDG Negativo (PP < AP) representando uma aplicaode recursosQuadro 1 Variveis do modelo Fleuriet como fontes e aplicaes de recursosFonte: Elaborado a partir de Braga (1991), Marques e Braga (1995), Braga, Nossa e Marques (2004), Vieira(2008).

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    No demonstrativo dos seis tipos possveis de situao financeira, para Braga, Nossa eMarques (2004), a NCG denominada de investimento operacional em giro (IOG); o capitalcirculante lquido (CCL) equivalente ao CDG de Fleuriet, e o ST correspondente ao saldo de

    tesouraria (T), definem a qualidade em termos de risco de insolvncia, exposto no Quadro 2 aseguir:

    Excelente CCL > 0 IOG < 0, sendo CCL > IOG ST > 0Slida CCL > 0 IOG > 0, sendo CCL > IOG ST > 0Arriscada CCL < 0 IOG < 0, sendo CCL > IOG ST > 0Insatisfatria CCL > 0 IOG > 0, sendo CCL < IOG ST < 0Ruim CCL < 0 IOG < 0, sendo CCL < IOG ST < 0Pssima CCL < 0 IOG > 0, sendo CCL < IOG ST < 0

    Quadro 2 Qualidade da situao financeira em termos de risco de insolvnciaFonte: Braga, Nossa e Marques (2004).

    No estudo de Braga, Nossa e Marques (2004) no se encontra meno aos tipos deestrutura financeira de forma enumerada, mas sim, com a denominao especfica deexcelente; slida; arriscada; insatisfatria; ruim; e pssima. No intuito de adequar a linha deconstruo de entendimento para este estudo, optou-se por adotar as interpretaes de Braga(1991), Marques e Braga (1995) com os tipos de estruturas financeiras enumeradas, sendo quede forma complementar, faz-se um ajuste a denominao especfica proposta por Braga,Nossa e Marques (2004).

    O perfil de estrutura financeira delineada pelo Tipo 1, comum no setor comercial,denota excelente liquidez decorrente ao fato de apresentar recursos permanentes aplicados noativo circulante (PP > AP), o que evidencia folga financeira para honrar exigibilidades decurto prazo (BRAGA, 1991). A empresa gera sobra de recursos com suas atividades

    operacionais, confirmado pela NCG negativa (BRAGA; NOSSA; MARQUES, 2004). Logo,enquanto for mantido este perfil de gesto financeira no devero ocorrer problemas deinsolvncia.

    A empresa com estrutura financeira Tipo 2 tem situao financeira slida (BRAGA;NOSSA; MARQUES, 2004). A NCG positiva evidencia que as contas do passivo circulanteoperacional so insuficientes no atendimento das necessidades de financiamento do ativocirculante operacional, tambm, os recursos permanentes aplicados no CDG assumem o papelde suprir a insuficincia do PCF, e permite a manuteno do saldo positivo de tesouraria(BRAGA, 1991). O fato das variveis NCG, CDG e ST serem positivas permite que o ST nomximo se iguale a NCG, mas seja sempre inferior ao CDG, por isso os recursos de longoprazo investidos em CDG garantiro um ST favorvel (positivo) desde que o nvel deatividades operacionais seja mantido.

    Empresas com perfil do Tipo 2 precisam permanentemente de recursos para financiaras atividades operacionais, cujo CDG se mostra suficiente para atender tal necessidade(BRAGA; NOSSA; MARQUES, 2004). O aumento das vendas provoca aumento da NCG econsequente reduo do ST. Neste caso, se o aumento for grande e repentino das vendascausar aumento na NCG, a qual tende a absorver todas as disponibilidades e demande novosemprstimos de curto prazo, tornando o saldo de tesouraria negativo, desestabilizando aestrutura financeira organizacional (BRAGA, 1991).

    O Tipo 3, de acordo com Braga (1991); Marques e Braga (1995), indica situaofinanceira insatisfatria pelo fato do montante em CDG ser inferior a NCG. Se a diferena

    entre CDG e NCG aumentar, a vulnerabilidade financeira tambm aumenta, pois se amplia osaldo negativo de tesouraria (Braga, 1991). O ST negativo demonstra insuficincia paragarantir a manuteno do atual nvel de atividade operacional e direciona a empresa para o

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    uso de fontes de financiamento de curto prazo (PCF). Comumente, em ambientes de recesso,empresas com Balanos Patrimoniais do Tipo 3 nos itens do ACF encontraro dificuldades derealizao, o ciclo financeiro aumenta no sentido de que o PCF tende a se elevar emdecorrncia de taxas de juros significativas (MARQUES; BRAGA, 1995).

    O Tipo 4, conforme Braga (1991) representa uma situao financeira ruim. No estudode Marques e Braga (1995) o Tipo 4 tem a situao financeira denominada de pssima. OCDG sinaliza que as fontes de curto prazo financiam investimentos de longo prazo (AP).Como existe a NCG, sem que o CDG possa financiar, o PCF passa a cobrir a insuficincia(MARQUES; BRAGA, 1995). A ocorrncia do Tipo 4 evidencia o desequilbrio financeiroentre as fontes e aplicaes de recursos.

    No Tipo 5 o balano demonstra uma situao financeira muito ruim (BRAGA, 1991).Pois, o PCO maior que ACO, ou seja, a NCG negativa. Os recursos de curto prazo supremo efeito causado pela NCG negativa, mas consequentemente tornam o ST negativo. ConformeMarques e Braga (1995), o modelo de balano Tipo 5 indica o fato de que fontes de curtoprazo financiam ativos de longo prazo.

    O Balano Patrimonial do Tipo 6, segundo Braga (1991), revela que a empresa desviasobras de recursos de curto prazo para ativos no circulantes (AP) mantendo saldo positivo detesouraria, cuja situao tende a no se manter por muito tempo, pois basta uma queda novolume de vendas para esgotar o excedente do PCO (BRAGA, 1991). O CDG e a NCG sonegativos, com a NCG apresentando valor menor que o CDG, deste modo o ST positivo epode sinalizar desempenho inadequado das operaes, contudo a empresa pode estaraplicando recursos de curto prazo (ACF) com eficincia no mercado financeiro (MARQUES;BRAGA, 1995).

    O Quadro 3 apresenta o resumo dos tipos de BPG evidenciando as diferentesformataes de estrutura financeira das empresas.

    Estrutura Financeira o NCG CDG ST RESUMO

    Tipo 1 ACO < PCO PP > AP ACF > PCF NCG < 0; CDG > 0; ST > 0Tipo 2 ACO > PCO PP > AP ACF > PCF NCG > 0; CDG > 0; ST > 0Tipo 3 ACO > PCO PP > AP ACF < PCF NCG > 0; CDG > 0; ST < 0Tipo 4 ACO > PCO PP < AP ACF < PCF NCG > 0; CDG < 0; ST < 0Tipo 5 ACO < PCO PP < AP ACF < PCF NCG < 0; CDG < 0; ST < 0Tipo 6 ACO < PCO PP < AP ACF > PCF NCG < 0; CDG < 0; ST > 0

    Quadro 3 Resumo dos tipos de estrutura financeiraFonte: Elaborado a partir de Braga (1991); Marques e Braga (1995); Braga, Nossa e Marques (2004).

    Uma organizao demonstra ter boa situao econmico-financeira quando dispe deequilbrio entre sua liquidez e rentabilidade, sem desconsiderar a realidade do ambiente denegcio em que atua. Neste contexto, torna-se imprescindvel estabelecer parmetros paradiferenciar e identificar a qualidade da situao financeira das empresas. Dito isto, destaca-seque os Tipos 1 e 2 sejam mais favorveis a continuidade e desenvolvimento da organizao.

    2,3 Pes4-isas com Foco na A$#ica5o do ode#o F#e-rietComo forma de reconhecimento da capacidade contributiva do modelo Fleuriet

    apresenta-se estudos com foco em gesto empresarial, nos quais os pesquisadores utilizam-sedo referido modelo como ferramenta elucidativa aos seus questionamentos. Arajo, Costa eCamargos (2010) desenvolveram um estudo de levantamento da produo cientfica comaplicao do modelo Fleuriet no Brasil, entre 1995 e 2008, nos anais de dois importantes

    congressos, em revistas de Administrao e Contabilidade, e em dissertaes e teses, cujosresultados evidenciam a existncia de 27 artigos publicados mais 14 estudos entre tese edissertaes.

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    Segundo Braga (1991) o modelo dinmico fornece explicaes mais completas eorganizadas sobre as causas da evoluo financeira comparativamente aos indicadorestradicionais. De outro modo, permite aos stakeholders avaliarem o perfil financeiro dasempresas a partir das informaes obtidas por intermdio do modelo dinmico. O estudo

    desenvolvido por Theiss Jnior e Wilhelm (2000), com vis comparativo entre os ndiceseconmico-financeiros tradicionais e o modelo dinmico, voltados gesto empresarial,destaca maior aplicabilidade do modelo dinmico no sentido de verificar a evoluo dasituao financeira das empresas, alm de permitir classificar seus desempenhos financeiros.

    Monteiro e Moreno (2003) se propuseram a investigar a possibilidade de aplicao dosdiagnsticos do Fleuriet sobre a DFC, mantido o formato estabelecido pelo SFAS 95. Dentreos resultados, os autores destacam que os testes realizados sobre quatro empresas importantesdo setor de varejo, revelaram a possibilidade de adaptar o dinamismo do capital de giro DFCe extrair deste relatrio os seis diagnsticos de Fleuriet, conferindo aos gestores um eficazinstrumento de deciso.

    Perobelli, Pereira e David (2006) propem uma anlise da relao existente entre o

    retorno contbil (ROE) de empresas pertencentes a um setor comercial (lojas dedepartamento) e a um setor industrial (siderrgicas) e sua liquidez, medida conforme omodelo Fleuriet. Dentre os resultados destacam correlao inversa entre o perfil de liquidezdas empresas analisadas e suas respectivas rentabilidades, pois quanto mais uma empresa seaproxima do nvel de excelncia, em termos de liquidez, conforme modelo de Braga, menor sua rentabilidade. Isto foi observado tanto nas empresas do setor de comrcio, quanto do setorindustrial. De forma complementar, os autores ressaltam que a rentabilidade da empresamelhora quando ela se afasta do perfil que Braga chama de excelente (NCG negativa) e seaproxima do perfil chamado slido (NCG positiva).

    Ao estudar empresas do setor metalrgico brasileiro, referente ao perodo de 1999 at2004, Silva, Botelho e Ferreira (2009) afirmam existir uma significativa correlao entre osmodelos propostos para estimar a influncia da liquidez sobre o lucro lquido empresarial,com destaque para as variveis explicativas necessidade de capital de giro e o saldo emtesouraria. Tambm salientam os resultados insatisfatrios com destaque aos repetidos valoresnegativos dos saldos de tesouraria. Apontam a necessidade de capital de giro positivo em todoo perodo analisado.

    No intuito de averiguar sobre a situao financeira das empresas do setor comercial,com enfoque na gesto dinmica do capital de giro, referente ao perodo de 2002 a 2004,Paixo et al. (2008) destacam que a maioria das empresas apresentam estrutura do Tipo 4, ouseja, capital de giro lquido e necessidade de capital de giro positivo, enquanto que o saldo emtesouraria negativo. De outro modo, apontam a necessidade de obteno de recursos

    onerosos de curto prazo, fundamentados na mdia do saldo em tesouraria negativo presentenos trs perodos analisados.Mediante aplicao do modelo Fleuriet, Souza e Bruni (2008) buscaram identificar os

    fatores comuns que geraram a concordata de trs indstrias de transformao de cobre no anode 2002, fundamentados nos dados contbeis dos cinco anos precedentes ao pedido deconcordata. Os indicadores utilizados revelaram alto endividamento, baixa rentabilidade eausncia de capital suficiente para manter a atividade operacional das empresas. De acordocom a anlise dinmica, houve homogeneidade nas caractersticas, com ausncia de capital degiro suficiente s necessidades, e incapacidade de autofinanciamento. Como consequncia,tem-se os saldos de tesouraria negativos e falta de capacidade de pagamento. Os referidosautores ressaltam que os indicativos de anlise dinmica foram mais uniformes, quando

    comparados aos indicadores tradicionais, e permitiram o estabelecimento de uma sequnciade configuraes de estruturas patrimoniais que direcionaram para a efetivao dos pedidosde concordata.

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    Nos estudos de Medeiros (2005) com o ttulo Questioning Fleuriet's Model ofWorking Capital Management on Empirical Grounds e Medeiros e Rodrigues,Questionando Empiricamente a Validade do Modelo Fleuriet (2004a), TestandoEmpiricamente o Modelo Fleuriet (2004b), o modelo Fleuriet questionado acerca da no

    existncia de ativos e passivos circulantes errticos. Tais estudos que questionam a validadede uma das afirmaes do modelo Fleuriet, qual seja, a erraticidade dos grupos de capitalcirculante denominados financeiros, Starke Jr., Freitag e Cherobim (2008) desenvolveram umestudo fundamentado nos dados de 256 empresas, listadas em bolsa, no perodo de 1994 at2004. Mediante uso de tcnica de correlao, os referidos autores concluram que o ativocirculante financeiro e o passivo circulante financeiro so errticos em relao s atividadesda empresa, que o passivo circulante operacional apresenta linearidade com a receita lquidaoperacional e que o ativo circulante operacional fortemente correlacionado com esta mesma

    proxydas atividades empresariais.Em resposta ao questionamento da no diferenciao entre ativo e passivo, financeiro

    e operacional, presentes no modelo dinmico, Fleuriet (2005) contesta as afirmaes de

    Medeiros (2005) ao relatar que o modelo dinmico foi desenvolvido para ser aplicado nagesto operacional das empresas e no como modelo de equilbrio financeiro. Porm, Fleuriet(2005) destaca a caracterstica do modelo ao dar nfase na liquidez e administrao do fluxode caixa operacional, pois a NCG dimensionada de forma equivocada pode causar sriosproblemas de fluxo de caixa, porm, no se objetiva estabelecer perfil de equilbrio financeirodas empresas, mas extrair informaes presentes nos demonstrativos contbeis. De formacomplementar, Fleuriet (2005) salienta que a segregao de ativo e passivo, financeiro eoperacional, para a aplicao do modelo dinmico baseia-se nos ciclos da empresa e no nosrendimentos organizacionais.

    ETODOLOGIA

    Esta pesquisa tem caracterstica descritiva, pois procura descrever e analisar asmudanas ocorridas na perspectiva econmico-financeira das empresas fundamentada nospreceitos estabelecidos no modelo Fleuriet. Trata-se de estudo ex post facto, no qual opesquisador no tem controle sobre as variveis no sentido de poder manipul-las, podeapenas relatar o que aconteceu ou que est acontecendo (COOPER; SCHINDLER, 2003).

    A dimenso temporal tem caracterstica longitudinal, a qual segundo Cooper eSchindler (2003), permite acompanhar mudanas ao longo do tempo, o que condiz aoproposto na anlise por trs trimestres anteriores ao perodo da crise no Brasil, ou seja, de

    janeiro a setembro de 2008; perodo de crise deflagrada entre outubro de 2008 at fevereiro de2009; e trs trimestres posteriores a crise, de abril a dezembro de 2009 (BRASIL, 2010).Deste modo, o presente estudo permite mapear a estrutura financeira de empresas brasileirasmediante tipologia de Fleuriet ao longo de oito trimestres, equivalentes aos anos de 2008 e2009.

    A anlise de dados qualitativa e quantitativa. A abordagem qualitativa permite inferirsobre os aspectos inerentes ao foco investigativo, ou seja, a anlise da estrutura financeira. Aabordagem quantitativa permite visualizar, mediante mensurao dos resultados, arepresentatividade dos resultados encontrados. A utilizao do mtodo quantitativo, para aanlise dos dados, representa, em princpio, a inteno de garantir a preciso dos resultados,evitar distores de anlise e interpretao, possibilitando, consequentemente, uma margemde segurana quanto s inferncias (RICHARDSON, 1999, p. 70).

    Os constructos balizadores do estudo so representados pelo cenrio de crise

    financeira de 2008, modelo Fleuriet e tipologia de Fleuriet. Para a anlise so identificadas,inicialmente, as variveis dinmicas oriundas dos indicadores contbeis financeiroscalculados a partir do BPG reclassificado em conformidade com os pressupostos do modelo

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    Fleuriet, a saber: saldo de tesouraria (ST); necessidade de capital de giro (NCG); e capital degiro (CDG). A partir da estrutura do Balano Patrimonial disposta na base de dadosEconomtica Software para Investimentos Ltda executa-se a reclassificao das contaspatrimoniais. O Quadro 4 apresenta as contas componentes da base de clculo para a

    identificao das variveis ST, NCG e CDG. Na sequncia, os resultados evidenciados pelasvariveis dinmicas so classificados em conformidade com os preceitos da tipologia deFleuriet no intuito de identificar o perfil da estrutura financeira de cada BPG das empresas daamostra.

    Contas Ativo Passivo

    Contas

    Errticas

    Ativo Circulante Financeiro ACF- disponvel e investimento de curto prazo (CP);e- aplicaes financeiras CP

    Passivo Circulante Financeiro PCF- financiamentos CP;- debntures CP;- dividendos a pagar CP; e- a pagar a controlada CP

    Contas

    doCirculante

    Contas

    Cclicas

    Ativo Circulante Operacional ACO

    - clientes CP;- outros crditos CP;- estoques CP; e- outros ativos CP

    Passivo Circulante Operacional PCO

    - fornecedores CP;- impostos a pagar CP;- provises CP; e- outros passivos CP

    ContasdoNoCirculante

    Perman

    ente

    Ativo No Circulante ou Ativo Permanente(AP)Realizvel Longo Prazo- crditos comerciais logo prazo (LP);- a receber de controlada LP; e- outros ativos LP.Permanente- investimentos;- imobilizado;

    - intangvel e gio; e- diferido

    Passivo No Circulante ou PassivoPermanente (PP)Passivo No Circulante- financiamento LP;- debntures LP;- provises LP;- a pagar controlada LP;- adiantamento para futuro aumento de capital;e

    - outros passivos de LP.Resultado de Exerccios FuturosParticipao de Acionistas MinoritriosPatrimnio Lquido

    Quadro 4 Contas do Balano Patrimonial reclassificadas para fins de clculo das variveis dinmicasFonte: Adaptado de Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) e Economtica Software para Investimentos Ltda.

    A populao considerada compe-se pelas 500 maiores empresas brasileiras listadasna Revista Exame Melhores e Maiores edio 2009. A amostra selecionada para este estudocompreende as 500 maiores empresas em vendas atuantes no Brasil e com aes negociadasna BM&FBOVESPA, resultando num conjunto de 111 entidades. O mapeamento dos dadosda amostra foi obtido na base da Economtica Software para Investimentos Ltda. Excludas

    as empresas com dados ausentes, restam 87 empresas para compor a amostra.Os dados coletados encontram-se nos Balanos Patrimoniais das 87 empresasconstituintes da amostra. Mediante reclassificao das contas do BPG, em conformidade comos pressupostos do modelo Fleuriet, so calculados os indicadores financeiros dinmicos. Orecurso tcnico utilizado para o clculo dos indicadores foi o softwareMicrosoft Office Excel2007.

    3 RESULTADOS DO ESTUDOA anlise dinmica do capital de giro permite avaliar a liquidez e a estrutura financeira

    das organizaes. Para isto, utiliza-se o BPG, cujas contas so reclassificadas em financeiras,operacionais e permanentes. Em seguida so isoladas as trs variveis de anlise pelo modelo,

    a saber: saldo de tesouraria, necessidade de capital de giro e capital de giro. Na sequnciaaplica-se a tipologia de Fleuriet no sentido de se visualizar a estrutura financeira.A construo do estudo sobre o mapeamento da estrutura financeira das empresas

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    utiliza-se dos resultados identificados para as variveis dinmicas do BPG de 87 empresas,avaliadas por oito trimestres, dos quais, ao final, somam 696 BPG reclassificados. Na Tabela1 apresenta-se o mapeamento do volume de BPG com resultados negativos encontrados porvarivel dinmica analisada.

    Tabela 1 Variveis dinmicas negativas por empresa ao longo dos oito trimestres

    Quantidade de perodosResultados N*

    zero 1 2 3 4 5 6 7 8Total

    Quantidade empresas 22 9 9 0 9 8 4 9 17 87% de empresas

    8725,4 10,3 10,3 0 10,3 9,2 4,6 10,3 19,6 100

    BP com ST negativo 9 18 0 36 40 24 63 136 326ST

    % BP com ST negativo696

    1,29 2,58 0 5,17 5,75 3,45 9,06 19,54 46,84Quantidade empresas 63 4 2 4 0 4 1 2 7 87% de empresas

    8772,4 4,6 2,3 4,6 0 4,6 1,2 2,3 8 100

    BP com NCG negativo 4 4 12 0 20 6 14 56 116NCG

    % BP com NCG negativo696

    0,58 0,58 1,72 0 2,87 0,86 2,01 8,05 16,67Quantidade empresas 55 6 3 2 4 2 5 2 8 87

    % de empresas 87 63,2 6,9 3,5 2,3 4,6 2,3 5,7 2,3 9,2 100BP com CDG negativo 6 6 6 16 10 30 14 64 152C

    DG

    % BP com CDG negativo696

    0,86 0,86 0,86 2,30 1,44 4,31 2,01 9,20 21,84Fonte: Dados da pesquisa.N*: amostra.

    De acordo com a Tabela 1 a varivel dinmica ST apresenta saldo positivo nos oitotrimestres por 25,4% da amostra e negativo nos oito trimestres para 19,6% da amostra.Contata-se que 46,84% dos BPG analisados apresentam resultado negativo na varivel ST. Acondio menos prejudicial para evidenciao do ST negativo aplica-se para a empresaajustada ao perfil Tipo 3 do modelo dinmico. Nos demais casos possveis, Tipos 4 e 5, o STrepresenta uma fonte de recursos cujo resultado combinado com os saldos das variveis NCGe CDG denotam situao financeira especfica de difcil readequao das contas patrimoniais,no sentido de que se alcance uma situao mais favorvel ao bom desempenho da empresa.

    A Tabela 1 permite visualizar que 72,4% das empresas obtiveram saldo positivo para avarivel NCG nos oito trimestres analisados. Contudo, identifica-se que 16,67% dos BPGevidenciam saldo negativo para a varivel NCG. A varivel dinmica NCG com saldonegativo s favorvel na tipologia 1, nas demais tipologias 5 e 6 o quadro de dificuldadesfinanceiras mostra-se acentuado, podendo alcanar nveis de risco que comprometem acontinuidade das atividades empresariais.

    Quanto varivel dinmica CDG, a Tabela 1 demonstra que 63,2% da amostra noevidenciam saldo negativo em nenhum dos oito trimestres analisados. Porm, verifica-se que

    21,84% dos BPG apresentam saldo negativo na varivel CDG. A situao financeira de saldode CDG negativo no favorvel para a empresa, cujos perfis da tipologia so 4; 5; e 6,classificados por Braga, Nossa e Marques (2004) como insatisfatrio; ruim; e pssimo,respectivamente. Na sequncia, na Tabela 2, demonstra-se a representatividade da tipologiade Fleuriet por trimestre.

    Ao longo dos oito trimestres analisados, conforme Tabela 2, constata-se apredominncia de estruturas financeiras do Tipo 2 e Tipo 3. Destaca-se a reduo nopercentual de BPG com a tipologia 2 no quarto trimestre de 2008, primeiro e segundotrimestres de 2009, em 41,5%; 33,4%; e 39,3%, respectivamente, quando comparados com oprimeiro trimestre de 2008 cuja representatividade foi de 54,1%. O percentual de BPG comtipologia 3, denominada como insatisfatria por Braga (1991) e Marques e Braga (1995), tem

    24,2% no quarto trimestre de 2008 e aumenta para 34,6% no primeiro trimestre de 2009. Aestrutura financeira de tipologia 4, denominada de pssima por Marques e Braga (1995),apresenta 10,2% no terceiro trimestre de 2008 e aumenta para 19,5% no quarto trimestre de

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    2008. Dessa forma, com base no exposto na Tabela 2, constata-se a ocorrncia de mudanasno conjunto de BPG analisados em relao ao perodo da crise financeira de 2008, a qualtende a ter exercido influncia na estrutura financeira das empresas.

    Tabela 2 Representatividade da tipologia de Fleuriet ao longo dos oito trimestres

    Tipologia de FleurietTrimestres (Tr) Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Tipo 5 Tipo 6

    Total

    Tr1-2008 6,9% 54,1% 23,0% 8,0% 8,0% 0% 100%Tr2-2008 8,0% 46,0% 27,7% 9,3% 8,0% 1,0% 100%Tr3-2008 6,9% 49,6% 23,0% 10,2% 9,3% 1,0% 100%Tr4-2008 6,9% 41,5% 24,2% 19,5% 6,9% 1,0% 100%Tr1-2009 8,0% 33,4% 34,6% 15,0% 5,7% 3,3% 100%Tr2-2009 5,7% 39,3% 33,4% 12,6% 5,7% 3,3% 100%Tr3-2009 5,7% 46,0% 27,7% 9,3% 8,0% 3,3% 100%Tr4-2009 8,0% 40,3% 25,4% 12,6% 5,7% 8,0% 100%

    Fonte: Dados da pesquisa.

    A anlise da tipologia de Fleuriet fundamenta-se no exposto por Braga (1991);Marques e Braga (1995); Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003); Braga, Nossa e Marques (2004). Aanlise parte da combinao das trs variveis caractersticas ao modelo, as quais quandocombinadas permitem diferenciar seis tipos de estrutura financeira. Na Tabela 3 encontra-seexposto o resultado da combinao entre as trs variveis do modelo dinmico, classificadasem conformidade com os pressupostos da tipologia de Fleuriet, no sentido de se visualizar aestrutura financeira das empresas componentes da amostra, em relao a cada BPG analisado.

    Tabela 3 Mapeamento da Tipologia baseada no Modelo Fleuriet por trimestre (Tr)

    EmpresaTr1-2008

    Tr2-2008

    Tr3-2008

    Tr4-2008

    Tr1-2009

    Tr2-2009

    Tr3-2009

    Tr4-2009

    ACOS VILL 2 2 2 2 2 2 2 3

    AES SUL 5 5 5 5 5 5 5 6AES TIETE 2 1 1 1 1 1 1 6ALL NORTE 1 1 1 1 1 1 1 1AMPLA ENERG 3 3 3 2 3 3 3 3ANHANGUERA 5 1 1 4 3 3 3 2B2W VAREJO 3 4 3 3 3 3 3 2EBE 4 3 2 4 4 4 4 4BRASIL TELEC 2 2 3 2 3 2 2 2BRASKEM 2 2 2 1 1 1 1 6BRF FOODS 3 3 3 2 3 3 2 2CEMIG GT 2 2 2 2 2 2 2 3ELETROBRAS 2 2 2 2 2 2 2 2

    CELESC 2 2 2 2 2 2 2 2CELPA 2 4 4 4 4 4 4 4CEMAT 5 5 5 4 4 4 4 4CESP 5 5 5 5 5 5 5 5AMBEV 4 4 4 4 2 1 1 1P.ACUCAR-CBD 2 2 2 2 2 3 3 2CEG 4 4 4 4 4 4 5 5COELBA 3 3 2 3 3 3 4 4COELCE 4 4 4 4 4 4 3 4CEMAR 2 2 2 2 3 3 2 2COSERN 3 3 2 3 3 3 3 4CEEE-D 5 5 5 5 5 5 5 6CEEE-GT 5 5 5 5 5 5 5 5COMGAS 4 4 4 4 4 4 4 4

    Continua

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    Tr1-2009

    Tr2-2009

    Tr3-2009

    Tr4-2009

    CIA HERING 2 2 2 2 2 2 2 2COPEL 2 2 2 2 2 2 2 2PAUL F LUZ 3 3 4 4 4 4 4 5

    CPFL PIRATIN 4 4 4 4 4 4 4 5COPASA 2 2 2 2 1 2 2 2SANEPAR 4 3 3 3 3 2 2 4SID NACIONAL 3 3 3 3 3 3 3 3CONTAX 1 1 1 1 1 1 1 1DROGASIL 2 2 2 2 2 2 2 2DURATEX 2 2 2 2 3 3 3 3ELEKTRO 2 3 3 4 4 4 3 4ELETROPAULO 1 1 1 1 1 2 2 4EMBRAER 2 2 2 2 2 2 2 2EMBRATEL PAR 3 4 4 4 4 3 3 3ENERSUL 2 3 3 2 2 2 2 2

    ENERGISA 2 2 2 2 2 2 2 2ESCELSA 2 2 2 4 4 4 3 3FER C ATLANT 2 2 2 2 2 2 2 3FIBRIA 2 3 3 4 5 6 6 1GAFISA 2 2 2 2 3 2 2 2GERDAU 2 2 2 2 2 2 2 2GLOBEX 3 3 3 3 3 3 3 6GOL 1 1 6 5 5 5 5 1GRENDENE 2 2 2 2 2 2 2 2GUARARAPES 2 2 2 3 3 3 3 3IOCHP-MAXION 3 3 3 3 3 3 3 3ITAUTEC 2 2 3 3 3 3 3 3JBS 2 2 2 2 3 3 3 3JOSAPAR 3 3 3 3 3 3 3 3KLABIN S/A 2 2 2 2 2 2 2 2LIGHT 2 2 2 3 2 2 2 2LOCALIZA 5 5 5 4 2 2 5 6LOJAS AMERIC 3 3 2 2 3 3 2 2LOJAS RENNER 3 2 2 3 3 3 2 3M.DIASBRANCO 3 3 3 3 3 3 3 3MAGNESITA AS 2 2 2 2 3 3 3 3MARCOPOLO 3 3 3 3 3 3 2 2MARFRIG 2 2 2 3 3 2 2 2LOJAS MARISA 2 2 3 2 2 2 2 2MINERVA 2 2 2 2 2 3 3 2

    MRS LOGIST 2 2 2 2 2 2 2 2NATURA 2 3 2 3 3 3 3 3PETROBRAS 2 2 3 3 3 3 2 2PROFARMA 2 3 3 3 3 2 2 3RANDON PART 2 2 2 2 2 2 2 2REDECARD 3 3 3 3 3 3 3 3RIO GDE ENER 3 3 4 4 4 4 3 3ALPARGATAS 2 2 2 3 3 2 2 2SOUZA CRUZ 3 3 2 2 2 2 2 2SUZANO PAPEL 2 2 2 2 2 2 2 2TAM S/A 2 2 2 6 6 6 6 6TEGMA 2 2 2 2 2 2 2 3

    TOTVS 2 2 2 2 2 2 2 2TRACTEBEL 1 5 5 5 4 6 6 1continua

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    EmpresaTr1-2008

    Tr2-2008

    Tr3-2008

    Tr4-2008

    Tr1-2009

    Tr2-2009

    Tr3-2009

    Tr4-2009

    TUPY 2 2 2 2 2 3 2 2UOL 1 1 1 1 1 2 2 1USIMINAS 2 2 2 2 2 2 2 2

    VALE 3 3 2 2 2 2 2 2VICUNHA TEXT 3 3 3 3 3 3 3 3VIVO 2 6 5 4 4 3 4 4

    Fonte: Dados da pesquisa.

    A Tabela 3 apresenta o mapeamento da tipologia dos BPG, nos quais se visualiza aestrutura financeira das empresas componentes da amostra. O Tipo 1 de BPG tem acaracterstica de evidenciar a significativa capacidade de liquidez por conta dos recursospermanentes (PP) estarem aplicados no ativo circulante. Do total de BPG analisados, 7,04%apresentam perfil do Tipo 1, os quais se encontram predominantemente no setor de: servios,transportes, energia, qumica e petroqumica, siderurgia e metalurgia. Conforme Braga, Nossa

    e Marques (2004) a tipologia 1 denota o fato das empresas gerarem sobra de recursos a partirdas atividades operacionais, e este desempenho operacional resulta na NCG negativa, ou seja,enquanto for gerada sobra de recursos dificilmente ocorrero problemas de liquidez, cujacondio financeira, segundo Braga, Nossa e Marques (2004), excelente. Neste contextodespontam as empresas ALL NORTE e CONTAX, as quais mantiveram o perfil Tipo 1 aolongo dos oito trimestres analisados.

    O BPG Tipo 2 destaca-se por representar 43,83% das estruturas financeiras verificadasna amostra. Salienta-se o fato de 16,09% das empresas apresentarem tipologia 2 ao longo dosoito trimestres analisados. Empresas com perfil de tipologia 2, de acordo com Braga, Nossa eMarques (2004) utilizam-se de recursos permanentes (PP) empregados no financiamento dasatividades operacionais. Ressalta-se que neste caso o CDG sempre superior a NCG e o ST,

    logo, atende as necessidades de financiamento e manuteno das operaes empresariais. Asempresas da amostra com perfil Tipo 2 so predominantemente dos setores de energia,siderurgia e metalurgia, transportes e txteis.

    Na tipologia 3 a representatividade de BPG alcanou 27,16% do total de balanos. Operfil de BPG Tipo 3 denota desempenho insatisfatrio em razo do CDG ser inferior a NCG,cuja condio financeira deve alertar os gestores para que a diferena no aumente, poisquanto maior for a diferena entre CDG e NCG maior ser o risco de insolvncia. Asempresas GUARARAPES, JBS, LOJAS RENNER, MAGNESITA SA, MARFRIG EALPARGATAS, evoluram do perfil de tipologia 2 para o 3 em meio ao perodo da crise. Naamostra, os setores de bens de consumo, varejo, servios e autoindstria despontam entreaqueles com volume de balanos cuja estrutura financeira apresenta perfil do Tipo 3.

    O Tipo 4 de BPG classificado, segundo Braga, Nossa e Marques (2004) como umasituao financeira pssima em razo das fontes de curto prazo (PCF) estarem financiandoinvestimentos de longo prazo (AP). A tipologia compreende 12,21% do total de BPGanalisados, e encontra-se presente, na maior parte, nos balanos das empresas do setor deenergia. Salienta-se que a ANHANGUERA, EBE, ELEKTRO, ESCELSA, PAUL F LUZ eRIO GDE ENER, evoluram para o perfil de BPG do Tipo 4 em meio ao perodo da crise.

    Braga (1991) classifica o Tipo 5 de BGP como muito ruim. O perfil tipologia 5evidencia um cenrio de insolvncia, em que recursos de curto prazo so direcionados parasuprir a NCG negativa e, assim, o ST torna-se negativo. O volume de BPG com perfil Tipo 5alcanou 7,32% do total de balanos analisados com a CESP e CEEE-GT apresentandotipologia 5 ao longo de todo o perodo analisado. As empresas FIBRIA, TRACTEBEL e GOLevoluram para uma estrutura financeira com caractersticas do Tipo 5 em meio ao perodo dacrise. Com base na amostra, o setor de energia apresenta maior volume de BPG com perfilTipo 5.

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    A tipologia 6 de BPG caracteriza-se por apresentar CDG e NCG negativos, no entantoo ST positivo. Isto ocorre, segundo Braga (1991) pelo fato da empresa desviar sobras derecursos de curto prazo para recursos permanentes (AP), deste modo mantm o ST positivo,cuja condio financeira tende a no se manter, pois a empresa torna-se financeiramente

    vulnervel, podendo vir a ser sensvel a reduo no volume de vendas, com tendncia atornar-se insolvente. O percentual de BPG com o Tipo 6 representa 2,44% da amostra. Atipologia 6 aparece nos BPG de 10 empresas. Destas, destaca-se uma empresa do setor detransportes que apresenta a tipologia 6 do quarto trimestre de 2008 at o quarto trimestre de2009, ou seja, a situao financeira da referida empresa agravou-se no mesmo perodo doincio da crise e at o final de 2009 no conseguiu reverter o quadro de risco de insolvncia,conforme Braga, Nossa e Marques (2004) denominado de arriscado.

    Diante do exposto, ressalta-se que o mapeamento da tipologia de Fleuriet, exposto naTabela 3 tornou possvel a visualizao da disposio das estruturas financeiras por empresa epor trimestre. Deste modo, a disposio da estrutura financeira a partir do quarto trimestre de2008 contribui no entendimento sobre o perfil de liquidez, por intermdio da visualizao

    facilitada da situao financeira das empresas analisadas, no que se refere aos indicadoresdinmicos aplicados na anlise e gesto do capital de giro.

    6 CONCLUS7ESA questo que motivou esta pesquisa foi identificar a ocorrncia de alterao na

    estrutura financeira de empresas brasileiras no perodo relacionado crise financeira de 2008.A resposta foi alcanada a partir da anlise dos dados, organizados em Tabelas e Quadros, osquais permitiram inferir sobre as alteraes no perfil dos Balanos Patrimoniais Gerenciais deempresas brasileiras em meio crise, mediante anlise da tipologia do modelo Fleuriet.

    A partir do montante de 696 BPG analisados salienta-se que 46,84% da amostraapresentam resultado negativo para a varivel ST, verifica-se que 16,67% dos BPG revelam

    resultado negativo quando calculada a varivel NCG e que 21,84% dos BPG denotamresultado negativo quanto a varivel CDG. Constatou-se predominncia de BPG dos Tipos 2 e3 ao longo de 2008 e 2009. Ressalta-se a reduo no nmero de BPG com tipologias 2 e 3 noquarto trimestre de 2008, aumento no nmero de BPG com tipologia 4 no quarto trimestre de2008 e aumento no nmero de BPG com tipologia 3 no primeiro trimestre de 2009. Destaforma, destaca-se a ocorrncia de alterao no perfil dos BPG analisados nos trimestresrelacionados ocorrncia da crise financeira no Brasil.

    Quanto aos direcionadores para estudos futuros, recomenda-se ampliar o horizonte detempo em dois ou mais anos aps a crise e desenvolver um estudo que busque conhecer aestrutura de capital antes e ps-crise financeira, com foco nas dvidas em moeda estrangeira,nvel de endividamento e gesto do capital de giro mediante anlise das variveis dinmicasdo modelo Fleuriet. Para fins de ampliao do escopo investigativo, mediante aplicao dospreceitos do modelo Fleuriet, sugestiona-se a anlise da varivel receita de vendas, assimcomo das variveis empregadas na anlise do comportamento do giro com base nos prazosmdios de estocagem, valores a receber de clientes e pagamento a fornecedores. Deste modo,a nova proposio investigativa denota o intuito de verificao da ocorrncia de nuances decausalidades e efeitos que possam no ser perceptveis luz da classificao expressa pelatipologia de Fleuriet. Pois, estudos com tais propsitos tendem a contribuir, de forma terica eprtica, na compreenso acerca da dinmica do fluxo de recursos, em meio s prticas degesto do capital de giro, tanto no ambiente acadmico, como para as empresas e profissionaisda rea.

    Por fim, ressalta-se que o perodo decorrido de um ano entre o anncio da crisefinanceira em meio ao sistema financeiro dos EUA e seu alcance ao ambientemacroeconmico brasileiro configura um cenrio de gerao de negcios atento aos efeitos da

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    crise. Deste modo, com base nos resultados evidenciados neste estudo, infere-se que a partirdo incio da crise financeira no Brasil aumentou o nmero de empresas sujeitas a alteraesem sua estrutura financeira com tendncia de reduo no volume de recursos aplicados nagesto do capital de giro.

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