mapeamento da produção científica sobre o modelo fleuriet no brasil

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  • 8/18/2019 Mapeamento da produção científica sobre o modelo Fleuriet no Brasil

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    311Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013Disponível em:

    Mapeamento da produção científicasobre o Modelo Fleuriet no Brasil

    Elisson Alberto Tavares Araújo1

    Miguel Luiz de Oliveira Costa2

    Marcos Antônio de Camargos3

    ResumoO objetivo desta pesquisa foi fazer um levantamento da produção científica sobre o Modelo

    Fleuriet no Brasil, entre 1995 e 2012, em anais de importantes congressos, em periódicos,e em dissertações e teses, para conhecer algumas características dessa literatura. Pôde-seconstatar: elevada preocupação dos autores em definir e discutir o modelo e comparar os resul-tados de trabalhos anteriores; concentração de artigos produzidos na região Sudeste; baixaconcentração de autores com um artigo (Lei de Lotka pelos modelos de regressão e Lagrangianode Poisson), cuja provável justificativa seria o baixo número de dissertações e teses sobre oassunto, sendo que a maior parte delas foi produzida na região Sul, com destaque para dois pro-fessores que orientaram quase metade desses trabalhos; o fato interessante é que não foramencontrados artigos sobre o modelo com a participação desses orientadores. Supõe-se os profissionais de finanças estejam satisfeitos com os resultados proporcionados pela aplicação do

    modelo e não estariam dispostos a explorar suas anomalias. Cabe salientar que a baixa quanti-dade de artigos relacionados ao modelo tem levado os autores a consultar, sobretudo, os li-vros, algo inibidor para a geração de novos conhecimentos sobre o assunto. Em aplicaçõesdo modelo, sugeriu-se que um melhor desempenho econômico-financeiro está ligado ao baixocusto operacional.

    Palavras-chave: Modelo Fleuriet. Finanças. Contabilidade. Bibliometria.

    Mapping of the scientific production of Fleuriet Model in Brazil

    Abstract

    The objective of this research was to investigate the scientific production about the Fleuriet

    Model in Brazil, between 1995 and 2012, in the annals of important congresses, periodicals,dissertations, and thesis to know the characteristics of this literature. The investigationshowed that there was great concern on the part of the authors in defining and discussing theModel and also comparing the results to previous research, that the majority of the paperswere produced in the Southeastern region of Brazil, and that there was low concentration ofauthors with one article (Lotka law by the regression models and Lagrangiano de Poisson),which justification for this would be the small number of dissertations and thesis about the

    1 Mestre em Administração pela Faculdade Novos Horizontes – FNH. Pesquisador da Faculdade Novos Horizontes – FNH e da Fundação Dom Cabral – FDC. E-mail: elisson.araujo@uni

    horizontes.br.2 Mestrando em Administração pela Faculdade Novos Horizontes – FNH.3 Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Professor da

    Faculdade IBMEC-MG e da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

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    topic, considering that the majority was produced in the south region, being half of themadvised by two professors, even though, no articles about the Model had their participation.But, professionals of the finance area could be satisfied with the results obtained through theapplication of the Model and would not be willing to explore its anomalies. It is importantto highlight that the small number of articles related to the Model have made authors consult

     books, something which is an inhibitor for the generation of new knowledge about thetopic. In applications of the Model it was suggested that a better economic and financial performance is linked to a low operational cost.

    Keywords: Fleuriet Model. Finances. Accounting, Bibliometry.

    Introdução

    As alterações pelas quais a economia brasileira passou, nas últimasduas décadas do século XX, com a combinação de crescimento e altastaxas de inflação, exigiram modificações na gestão das empresas, de-mandando, assim, novas ferramentas para se analisar seu desempenhofinanceiro. Os modelos tradicionais de avaliação financeira utilizam-sede métricas conservadoras e índices econômico-financeiros que nem sem-

     pre são capazes de fornecer informações precisas da realidade financeiradas empresas, necessárias para o processo decisório, deixando a desejar,

    sobretudo, quando os gestores precisam de informações sobre a liquidezdos ativos, pois consideram que os ativos possuem mesma capacidadede realização (falsa liquidez).

    Os objetivos da Administração Financeira, no que se refere à conti-nuidade da empresa, caminham entre decisões contraditórias, entre a buscada maximização da riqueza dos proprietários, geralmente assegurada pe-lo aumento da rentabilidade da empresa, a manutenção do seu potencialde honrar compromissos, expressa pela sua liquidez. Na teoria de Finan-

    ças, existe um trade-off no binômio liquidez-rentabilidade, visto que deci-sões que levam a maior liquidez, em geral, ocasionam retornos menorese, decisões que aumentam a rentabilidade da empresa, diminuem sua ca-

     pacidade de pagamento.A definição e a implantação de critérios ou medidas para se avaliar

    o desempenho empresarial são cada vez mais essenciais para o sucessodas organizações, já que constituem uma importante fonte de informaçãoque norteará resultados, políticas e estratégias da empresa. Além disso,

    o desempenho de uma empresa serve como parâmetro de atração ou nãode investidores, bem como é relevante para a formação do preço das suasações no mercado.

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    Dessa forma, a avaliação do desempenho empresarial é fundamental por constituir-se uma fonte de informação interna e externa no ambienteempresarial. Da necessidade de separar ativos, baseado na sua liquidez,dado seu caráter financeiro, operacional ou permanente, foi desenvolvidoo Modelo Fleuriet, que visa estabelecer tal divisão nos ativos da organiza-ção, permitindo classificá-los segundo sua liquidez e sua utilização nasatividades da empresa.

    Trata-se de um modelo de análise da situação financeira de em- presas, ancorado na gestão francesa, que se centra, principalmente, nagestão do capital de giro e na liquidez de uma empresa, elaborado eadaptado à situação empresarial brasileira por Fleuriet, Kehdy e Blanc(2003), daí ser comumente denominado de Modelo Fleuriet. Então, este

     pode ser utilizado tanto para análise do CDG, quanto como instrumentode análise financeira empresarial, por permitir mensurar o impacto dasmudanças na estrutura financeira da empresa. É, portanto, um modelosimples e objetivo para realizar a análise do desempenho (foco na análisedas variáveis e estruturas de análise) ou do capital de giro de uma empre-sa (cerne na liquidez e na solvência da empresa), modelo com o qual sechega a resultados satisfatórios, quando comparado com outros modelos.

    Os estudos bibliométricos destacam-se na análise da difusão do co-

    nhecimento científico, ao ter como núcleo a análise científica pelo estu-do quantitativo das publicações. De acordo com Dios (2002), o objetivo

     precípuo desses estudos é o desenvolvimento de indicadores cada vezmais confiáveis, distribuídos em cinco tipos: de qualidade, de circulação,de dispersão, de consumo de informação e de repercussão. Em relação aoModelo Fleuriet, foi constatada a existência de uma lacuna no que se re-fere à sistematização do conhecimento sobre o tema, pois não foram iden-tificados trabalhos anteriores que procuraram descrever características

     bibliométricas de pesquisas acadêmicas brasileiras pertinentes a esse mo-delo, o que poderia proporcionar um conhecimento detalhado do per fildos trabalhos que estudaram-no em face do contexto financeiro das em-

     presas domésticas.A fim de reduzir essa lacuna, esta pesquisa tem por objetivo fazer

    um levantamento bibliométrico da produção científica sobre o ModeloFleuriet, a partir dos anais dos Encontros da ANPAD (EnANPAD), doCongresso USP de Contabilidade e Controladoria, do Encontro Brasi-

    leiro de Finanças e dos Seminários em Administração; em importantes periódicos nacionais classificados no Qualis-CAPES entre A1 e B2, alémde dissertações e teses em importantes universidades do País. O período

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    da análise englobou os anos de 1995 a 2012, no intuito de se fazer o es-tudo após o início da estabilidade econômica do País, o que gerou umadinâmica financeira nas empresas nacionais mais adequada para a apli-cação do Modelo Dinâmico.

    Após esse capítulo introdutório, no qual se busca contextualizar, jus-tificar e apresentar o propósito central da pesquisa, existem mais quatroseções. Na segunda seção, é desenvolvido o referencial teórico, expla-nando-se sobre o Modelo Fleuriet. Na terceira seção, é apresentada a me-todologia que delineia a operacionalização da pesquisa. Na quarta seção,são compilados e analisados os resultados encontrados e, finalmente, naquinta seção, são apresentadas as considerações finais, encerrando-se comas referências consultadas.

    1 Referencial teórico

    1.1 O Modelo Fleuriet ou Modelo Dinâmico

    O Modelo Fleuriet foi criado com o intuito de estabelecer uma meto-dologia mais consistente de gestão e avaliação financeira das empresas

     brasileiras, sobretudo, para a análise financeira ou do capital de giro(CDG), com foco em uma leitura segmentada do balanço patrimonial(BP), segundo a utilização/origem das contas do ativo ou passivo, a saber:erráticas ou financeiras; cíclicas ou operacionais ou permanentes. Na

     perspectiva desse modelo, as primeiras contas estão ligadas à tesouraria(ciclo de caixa); as segundas vinculam-se às atividades operacionais daempresa (ciclo de exploração), enquanto que as últimas são de cunhoestratégico (ciclo de investimentos).

    O Modelo Fleuriet permite a visualização da empresa como um to-

    do, na perspectiva financeira da liquidez, fornecendo, assim, uma visãosistêmica do impacto das diversas áreas de decisão na empresa, bem co-mo de suas interdependências. Ele se fundamenta no cálculo e na análise(do sinal) de três variáveis: capital de giro (CDG), necessidade de capitalde giro (NCG) e saldo de tesouraria (T), cuja interação permite formar os“tipos ou estruturas de análise”. Além delas, proporciona a análise do ter-mômetro de liquidez, explicado adiante, e do efeito tesoura – crescimen-to da NCG em proporção maior do que o CDG (BRAGA, 1991; SILVA,

    2007). Portanto, o modelo amplia o conceito de capital circulante líqui-do (CCL), oferecendo parâmetros que apresentam determinado grau desensibilidade sobre alterações na situação financeira de maneira mais pre-

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    cisa que a AFT, bem como permite, ainda, uma classificação e qualificaçãodo desempenho financeiro de uma empresa (THEISS JR. e WILHELM,2000).

    Para cálculo dessas variáveis, pressupõe-se uma reclassificação

    do BP em função do contexto dinâmico (ciclos) das diversas contas esubgrupos que o compõe, chegando-se ao balanço funcional. SegundoSilva (2007), a preocupação básica nessa reclassificação consiste em re-lacionar as várias contas não somente pela dimensão temporal, comotambém pelo relacionamento dessas atividades com as operações. Nessaclassificação, separam-se, inicialmente, as contas circulantes daquelas per-manentes ou não-circulantes. O foco do modelo está na reclassificaçãodos ativos e passivos circulantes, no qual se separam aqueles inerentes

    às operações da empresa (operacionais ou cíclicos), daqueles ligados àsdecisões financeiras (erráticos ou não-cíclicos). A partir da interação des-ses subgrupos, calculam-se as variáveis do modelo e procede-se a análise.Uma vez efetuada a reclassificação do BP, realiza-se o cálculo das trêsvariáveis do modelo, conforme consta do Quadro 1.

    Quadro 1 – Variáveis do Modelo Fleuriet

    Variável / Sigla Cálculo Interpretação teórica

    Necessidadede Capital de Giro

    (NCG)NCG = ACC-PCC

    Mostra a defasagem de tempo e valor entre as operaçõesque as contas cíclicas (ativo – ACC ou passivo circulante cíclico– PCC) representam. Ou seja, está intimamenterelacionada ao ciclo de operações.

    Capital de Giro(CDG)

    CDG = PL + ELP – (AP + RLP)

    Representa a diferença entre as contas permanentesdo passivo (PP) e as contas permanentes do ativo (AP),ou seja, as contas não-cíclicas, que, em geral, renovam-seno seu vencimento. Sob a ótica do equilíbrio nanceirodestina-se a nanciar o AP e parte da NCG.

    Saldo de Tesouraria(T)

    T = ACF-PCF ou T = CDG-NCGÉ mensurada a partir do confronto entre as contas nanceirasdo ativo (ACF) e passivo (PCF), podendo ser também obtidapela diferença entre o CDG e a NCG.

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    Como pode ser visto, a NCG resulta do fato que, em geral, nas em- presas, as saídas de caixa ocorrem antes das entradas de caixa, estabele-cendo-se, assim, uma necessidade permanente de aplicação de fundos

    operacionais, apresentando ciclo financeiro positivo (MACHADO et al.,2006). Os possíveis sinais da NCG e suas interpretações são apresen-tados no Quadro 2.

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    Quadro 2 – Interpretação dos sinais da NCG

    Sinal Ativo/Passivo Interpretação teórica Classicação Situação

    NCG+

      ACC > PCCA organização demanda recursospara nanciar suas operações.

    É uma aplicação de recursos(no AC)

    Ruim

    NCG–

    ACC < PCC

    A organização nancia suas operaçõescom recursos não onerosos de curto prazoe, ainda, dispõe de recursos para aplicaçõesnanceiras. Aplicações cíclicas < fontes cíclicase ciclo nanceiro é negativo.

    É uma fonte de recursos(no PC)

    Ideal

    NCG0

    ACC = PCCAs fontes cíclicas são sucientes apenaspara bancar aplicações cíclicas.

    Equilíbrio(situação teórica)

    Neutra

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    Para Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003), o CDG é um termo econô-mico-financeiro, sendo uma fonte de recursos financeiros permanentesutilizados nas aplicações, também permanentes, e para satisfazer a NCGda organização. Segundo Braga (1991), pode ser visualizado como um

     processo de planejamento e controle das fontes financeiras aportadas noativo circulante. Os possíveis sinais do CDG são indicados no Quadro 3.

    Quadro 3 – Interpretação dos sinais do CDG

    Sinal Ativo/Passivo Interpretação teórica Classicação Situação

    CDG+

    (PL+ELP) > (RLP+AP)

    As fontes permanentes são sucientespara bancar as aplicações permanentes e,ainda, nanciar as necessidades cíclicasou realizar aplicações de curto prazo.

    Fonte de recursos(gura no PL)

    Ideal

    CDG–

    (PL+ELP) < (RLP+AP)

    As fontes permanentes são insucientespara bancar as aplicações permanentes.A empresa tem parte dessas aplicaçõesnanciadas com recursos de curto prazo(cíclicos ou nanceiros).

    Aplicação de recursos(gura no AP)

    Ruim

    CDG0

    (PL+ELP) = (RLP+AP)As fontes permanentes apenasnanciam as aplicações permanentes.

    É uma situação teórica. Neutra

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    O CDG deve ser suficiente para bancar investimentos no ativo per-manente, a demanda de NCG e, ainda, sobrar para possíveis aplicaçõesde curto prazo (estoque de liquidez). Nesse contexto, é importante conhe-cer a necessidade total de financiamento permanente (NTFP), que repre-

    senta o total de recursos demandados pela empresa para financiar suasoperações e seus investimentos nos ativos que garantam sua operaciona-lidade (Equação 1):

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    NTFP = NCG + AP 

    Equação 1

     Na perspectiva do equilíbriofi

    nanceiro, quanto maior essa NTFP,maior deve ser o CDG para bancá-la. Se o CDG não responder positiva-mente às variações na demanda de capital, poderá levar a uma situaçãode desequilíbrio, culminando no efeito tesoura, em uma perspectiva delongo prazo. Esse efeito ocorre quando as vendas da organização e, con-sequentemente, a NCG têm um aumento percentual acima do autofi-nanciamento e do capital de giro, então, estes são insuficientes para ban-car o seu crescimento (BRASIL;BRASIL, 2002; FLEURIET, KEHDY;BLANC, 2003). Logo, esse dimensionamento equivocado de recursos

    obrigará a organização a recorrer ao capital oneroso de curto prazo, compro-metendo sua liquidez, em especial, quando as instituições financeiras nãorenovarem os empréstimos, devido ao quadro de deterioração financeira.

    Em relação a terceira variável do modelo, Machado et al. (2006)salientam que o saldo de tesouraria (T) fornece o grau de utilização derecursos de terceiros de curto prazo, ou seja, passivos onerosos, que fi-nanciam a NCG. Marques e Braga (1995) acrescentam que ocorrem,em empresas com problemas de administração financeira, autofinancia-

    mento insuficiente, dimensionamento equivocado do CDG, além de máadministração de caixa, tendo que recorrer à capital oneroso de curto prazo. Geralmente, essas situações de desequilíbrio podem ser visuali-zadas no T. O Quadro 4 elenca os possíveis sinais do saldo de tesouraria:

    Quadro 4 – Interpretação dos sinais do T

    Sinal Ativo/Passivo Interpretação teórica Classicação Situação

    T+

    ACF > PCF

    A empresa não demanda

    recursos onerosos de curto prazopara nanciar suas operações, alémde apresentar uma sobra de recursosem aplicações de curto prazo.

    Fonte de recursos(AC)

    Ideal

    T–

    ACF < PCFA empresa nancia parte das suasoperações (NCG +) ou ativos permanentescom recursos onerosos de curto prazo.

    Aplicação de recursos(PC)

    Ruim

    T0

    ACF = PCFAs fontes onerosas de curto prazosão sucientes apenas para bancar

    os ativos nanceiros de curto prazo.

    Situação teórica. Neutra

    Fonte: Elaborado pelos autores.

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    Outra variável que é analisada no Modelo Fleuriet é o Termômetroda Situação Financeira (TSF) ou o Termômetro de Liquidez (TL), que,

     para Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003)  e Machado et al. (2006), depen-dendo dos sinais das duas variáveis envolvidas, apresenta o grau de par-ticipação dos recursos de terceiros de curto prazo no financiamento da

     NCG. Ele mostra a magnitude do saldo negativo de tesouraria em relaçãoà NCG e sua tendência ao longo do tempo. Para se obtê-lo, busca-se co-nhecer o valor relativo como segue (Equação 2):

    TSF ou TL =T 

    NCG

    Equação 2

    Dessa maneira, o TL apresenta os seguintes sinais/interpretações:

    Quadro 5 – Interpretação dos sinais do TL

    Sinais do TL Situação Interpretação teórica Resultado

    TL+

     = T+

    /NCG+

    ConfortávelO CDG+ nancia a NCG+ e ainda proporciona sobra de recursospara aplicações de curto prazo.

    FF*

    TL+

     = T–/NCG

    –Alto Risco

    Mostra o % da NCG que o saldo de tesouraria nanciadas aplicações permanentes, juntamentecom os recursos oriundos da NCG.

    CDG–

    TL– = T

    +/NCG

    –Ideal

    A organização não demanda recursos para nanciar suas operações(NCG-) e, ainda, mantém aplicações de curto prazo.

    FF*

    TL– = T

    –/NCG

    +** Ruim

    Mostra o % da demanda de recursos operacionais (NCG+),que está sendo nanciado por passivos onerosos de curto prazo.

    CDG–

    (*) FF – folga nanceira; (**) tipicamente este seria o sinal do TL.

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    Como alerta Machado et al. (2006), o aumento contínuo do TL ne-gativo (T

    - e NCG

    +) provoca o efeito tesoura, que é um quadro de degra-

    dação financeira, que, se não for revertido, torna a empresa vulnerável, podendo levá-la à insolvência. Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003) e Braga(1991) discriminaram as seis estruturas de análise da situação financeirade uma empresa, sendo dispostas no Quadro 6.

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    Disponível em: 319

    Quadro 6 – Estruturas de análise do Modelo Fleuriet

    Situação Sinal das VariáveisBalanço Patrimonial

    Aplicação Fonte

    Excelente CDG+

    , NCG–, T

    +, TL = T

    +/NCG

    –T

    +NCG

    – e CDG

    +

    Sólido CDG+

    , NCG+

    , T+

    , TL = T+

    /NCG+

    T+

     e NCG+

    CDG+

    Insatisfatório CDG+

    , NCG+

    , T–, TL = T

    –/NCG

    +NCG

    +T

    – e CDG

    +

    Alto Risco CDG–, NCG

    –, T

    +, TL = T

    +/NCG

    –T

    + e CDG

    –NCG

    Muito Ruim CDG–, NCG

    –, T

    –, TL = T

    –/NCG

    –CDG

    –T

    – e NCG

    Péssimo CDG–, NCG

    +, T

    –, TL = T

    –/NCG

    +NCG

    + e CDG

    –T

    Fonte: Elaborado pelos autores.

    Se por um lado o Modelo Fleuriet desenvolveu efetiva simplifica-ção na análise financeira, por meio do estudo de apenas três variáveis(CDG, NCG e T), que retratam a situação financeira de uma empresa,obtendo, em função disso, aceitação nos contextos acadêmico e empre-sarial. Por outro lado, cabe ponderar que o fato de ele manipular poucasvariáveis o torna restritivo para certos tipos de análises que só são pos-síveis a partir de indicadores da AFT, continuando esses, portanto, a ter

    sua validade e espaço na análise financeira empresarial.Mesmo diante dessa boa aceitação do modelo, Medeiros (2005) ques-

    tionou suas premissas, empiricamente, sugerindo a inexistência de distin-ção entre ativos e passivos financeiros e operacionais. Em contraponto,Fleuriet (2005) explicou que ele é direcionado ao gerenciamento do de-sempenho operacional e financeiro (liquidez) e que tal diferenciação de-corre dos ciclos empresariais. Destaca-se que pesquisas recentes comoCosta e Garcias (2009) – em indústrias de papel e celulose –; Guimarães

    e Nossa (2010) – em operadoras de plano de saúde; Machado et al.(2010) – em indústrias de laticínios –; Silva et al. (2012) – em empresasdo setor de comércio – e Nascimento et al. (2012) – que abordaram empre-sas de distintos setores –, reiteraram o poder do modelo para uma gestãoefetiva do CDG das empresas, confirmando sua efetividade no mercado

     brasileiro.

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    c) coleta de dados referente a esses trabalhos por meio do preenchi-mento do formulário. Essa etapa ocorreu entre os meses de maio esetembro de 2009;

    d) tabulação e tratamento bibliométrico dos dados levantados, elabo-ração de tabelas e gráficos realizados com o software MS Excel®.

    e) análise dos resultados e redação das considerações finais e conclusão.Cada artigo foi analisado por um dos autores, baseado em leituras

    e levantamento de dados em um instrumento elaborado para atender aostópicos desse artigo. Em relação a esse instrumento, os critérios e as variá-veis foram discutidos amplamente entre os autores e, depois, foi criadauma planilha (formulário) que possuía os campos específicos a serem

     preenchidos. As dúvidas e ambiguidades foram resolvidas por meio de

    consenso e pode conter certo viés de subjetividade, já que reflete o enten-dimento dos autores.

    Foram consultadas 17 revistas, classificadas no Qualis-CAPES co-mo A2, A1, B1 e B2, em 2012, quais sejam:  Revista de Administraçãode Empresas – RAE   (eletrônica e impressa);  Revista de AdministraçãoContemporânea – RAC ;  Revista de Administração Pública – RAP;  Re-vista de Contabilidade & Finanças da USP;  Brazilian Administration

     Review – BAR; Brazilian Business Review – BBR; Revista Contabilidade

    Vista & Revista  (eletrônica);  Revista Brasileira de Finanças – RBFin; Revista de Administração da USP – RAUSP (eletrônica e impressa); Re-vista Universo Contábil – RUC ; Revista de Contabilidade e Organiza-ções – RCO;  Revista de Administração Mackenzie – RAM ; Cadernos

     EBAPE (eletrônica); Revista Brasileira de Gestão de Negócios (online); Revista de Ciências da Administração – RCA; Revista Pretexto; Revista BASE (eletrônica).

    Além delas, foram investigados quatro congressos: EnANPAD, Con-

    gresso USP de Contabilidade e Controladoria – USPCont, Encontro Brasi-leiro de Finanças – EBFin e Seminários em Administração – SEMEAD.As 14 dissertações e teses são oriundas das seguintes instituições: Uni-versidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal doRio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Maria(UFSM), Universidade Estadual de Londrina (UEL), em parceria com aUniversidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade de São Paulo/São Carlos (USP), Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a Uni-

    versidade Federal da Paraíba (UFPB), com a Universidade Federal dePernambuco (UFPE) e com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Regional de Blumenau (FURB), Univer-

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

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    Disponível em: 322

    sidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio de Janeiro (PUC/RIO). Além dos sites dessas IES, a

     pesquisa por dissertações e teses foi feita no portal CAPES e IBICT. As palavras-chave utilizadas foram: Análise Dinâmica, Análise Dinâmicado Capital de Giro, Modelo Fleuriet e Modelo Dinâmico.

    Inicialmente foram encontrados 56 artigos. No entanto, desse uni-verso foram excluídos os trabalhos dos anais dos eventos que foram pu-

     blicados em versão quase idêntica em alguma das revistas pesquisadas,sob pena de enviesar a análise, fazendo parecer uma quantidade maiorde publicações inéditas. Assim, a amostra final de artigos foi constituídade 41 trabalhos, provenientes dos quatro congressos e das seguintes re-vistas:  RAE , Contabilidade & Finanças,  BBR, Contabilidade Vista &

     Revista,  RAUSP,  RUC ,  RCO, Pretexto e Base. Cabe salientar que foiobtido fácil acesso aos anais dos congressos, via site. O corte temporalde 1995 a 2012 deve-se ao fato de que a parcela mais efetiva dos estudossobre o Modelo Fleuriet ocorreu após o Plano Real, quando a economia

     brasileira passou a ter estabilidade monetária e maior controle da infla-ção. Destaca-se, entretanto, que nos anos de 1996 e 1999 não foram obti-das publicações.

    As variáveis bibliométricas identificadas e analisadas nesta pesqui-

    sa foram:a) % de artigos por ano, por evento ou revista/periódico;

     b) quantidade de autores por artigo;c) sexo e titulação dos autores;d) autores mais profícuos;e) estado/região de origem das IES dos autores;f) obras mais citadas;g) composição das referências bibliográficas: % média de livros, te-

    ses/dissertações, artigos de revistas/periódicos, artigos de anais decongressos, documentos não científicos e sites;h) objetivos e resultados dos artigos, a fim de identificar pontos fortes

    e fracos; vantagens e desvantagens do Modelo Fleuriet em relaçãoà AFT.O exame da produtividade dos autores, pela aplicação da Lei de

    Lotka, foi realizado por meio dos modelos de regressão e o Lagrangianode Poisson, que são descritos na próxima seção.

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    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

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    Disponível em: 323

    2.1 Produtividade dos autores

    2.1.1 Modelo de regressão simples

    Para Leal, Oliveira e Soluri (2003), a expressão algébrica da Lei deLotka genérica é a

    n = a

    1 x 1 / nc, a qual gera a quantidade de autores que

     publicam n artigos. No padrão da Lei, o coeficiente é 2, e o mesmo deveser calculado para cada amostra analisada.

    Segundo Mendonça Neto, Riccio e Sakata (2009), por meio daregressão linear log(an/a1) = – c x log(n), é estimado o expoente de n,e a reta deve tangenciar a origem. Com ela estimou-se o coeficiente “c”da amostra estudada. Na obtenção dos dados, segundo Alvarado (2002),

    o levantamento dos autores poderia ser executado pela contagem direta – só ao primeiro autor é creditado 1 artigo, motivo pelo qual também foiutilizada. Foi aplicado, ainda, o teste de X2 para averiguar o ajuste dafrequência observada nos dados empíricos, aos padrões da Lei.

    2.1.2 Modelo Lagrangiano de Poisson

    O modelo Lagrangiano de Poisson utilizado foi aquele replicado por Alvarado (2003). As equações que permitiram sua operacionalizaçãoconstam do Quadro 7:

    Quadro 7 – Equações do modelo Lagrangiano de Poisson

    Métrica Fórmula

    1 Média

    2 Variância

    3 Desvio padrão

    4 Índice de dispersão

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

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    Disponível em: 324

    5 Efeito da dispersão

    6 Taxa de atração de autores x à produção de artigos

    7 Taxa de competição

    8 Cálculo dos valores esperados ou teóricosΨ

    9 Teste estatístico x2 (quiquadrado)y

      Ψk = frequência das classes 1, 2, 3, ... n; e= base dos logaritmos naturais: 2,718;  γfo = frequência observada; ft= frequência teórica, esperada ou calculada

    Fonte: Adaptado de Alvarado, 2003.

    Tal como no modelo de regressão simples, a abordagem de Poissonvisa comparar uma distribuição teórica acerca da produtividade dos autores,fornecida pelo seu modelo, em relação à distribuição da amostra. Assim,difere-se da regressão na forma de cálculo da distribuição teórica e permitecomparar se há diferença na aplicação da Lei de Lotka, sinalizando sealgum dos modelos seria superior ou mais adequado nessa aferição.

    3 Apresentção dos resultados

    3.1 Análise bibliométrica dos trabalhos pesquisados

    Ainda que essa amostra seja composta por 41 artigos, que foramidentificados nesses 18 anos, pôde-se perceber que, só em 2006, foram

     publicados em torno de 15% deles. Depois, houve uma queda, mas, em2012, essa produção voltou a crescer, sobretudo nos periódicos, prova-velmente estimulada pelo interesse em se estudar os reflexos da crise fi-nanceira de 2008 nas empresas. Dentre os periódicos, Contabilidade Vista

    & Revista da UFMG (15% da amostra) foi aquele que mais aprovou arti-gos do Modelo, confirmando sua forte apreciação em Minas Gerais. Já en-tre os congressos, destacou-se o EnANPAD (24%). Portanto, os autores

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    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

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    Disponível em: 325

     buscaram enfatizá-lo, dado sua relevância no contexto acadêmico das pes-quisas em Administração do País. Em relação às dissertações (25,45% dototal) e teses, cerca de 21% foram defendidas em 2006.

     Tabela 1 – Número de artigos por ano

    Q † 95 97 98 2000 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 Σ

    RAE A2 1 1

    Contab. & Finanças A2 1 1

    BBR A2 2 2

    Contab. Vista & Revista B1 3 2 1 6

    RAUSP B1 1 1

    RUC B1 1 1RCO B1 1 1

    Pretexto B2 1 1

    Base B2 1 1 2 4

    ENANPAD 1 3 3 2 1 10

    EBFin 1 1

    USPCont 2 2 1 1 1 7

    SEMEAD 2 1 1 1 5

    Teses 1 1

    Dissertações 1 1 1 1 2 2 3 1 1 13

    Σ por Ano – 1 1 4 3 3 2 6 7 4 9 3 4 2 2 1 3 55

    †  Classicação no Qualis-CAPES em 2012.Fonte: Dados da pesquisa.

    Figura 1 – Evolução do número de publicações

    Fonte: Dados da pesquisa.

    98

    7

    6

    5

    4

    3

    2

    1

       2  0  0   7   2  0  0  8   2  0  0  6   2  0  0   5    2  0  1  1   2  0  1   2   2  0  1  0   2  0  0  9  1  9  9  8   2  0  0  0  1  9  9   7  1  9  9   5    2  0  0   3   2  0  0  4   2  0  0   2   2  0  0  1

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    Disponível em: 326

     Tabela 2 – Tipos de referências

    Tipo de referência % % Acumulado

    Livros 56,34 56,34

    Artigos cientícos de revistas e periódicos 17,11 73,44

    Documentos não cientícos 11,84 85,29

    Anais de Congressos 06,70 91,99

    Tese/Dissertação 04,90 96,89

    Sites 03,11 100

    Σ 100

    Fonte: Dados da pesquisa.

    As fontes de referências mais utilizadas nos estudos pesquisadosforam os livros com quase 56%, seguidos pelos artigos científicos de re-vistas e periódicos (17,11%) e documentos não científicos (11,84%),mostrando-se uma ênfase maior nos livros, o que coincide com as cons-tatações de Cardoso, Pereira e Guerreiro (2007) e Barbosa et al. (2008),que também encontraram uma concentração em livros. Todavia, nos úl-timos anos, percebeu-se uma maior utilização de artigos científicos, so-

     bremaneira, naqueles publicados em periódicos. Aqueles próprios dosautores quase não foram utilizados para embasar suas pesquisas, pontoconsiderado positivo, já que permite agregar o conteúdo desenvolvido

     por terceiros, por ser diferente, complementar, além de possibilitar com- parações e reflexões ampliando o conhecimento na área.

     Tabela 3 – Referências (livros) mais citadas nos artigos

    Obras mais citadas nos artigos Autor(es) Quanti % % Acumulado

    O Modelo Fleuriet:a dinâmica nanceira das empresas brasileiras– um novo método de análise, orçamentoe planejamento nanceiro

    Fleuriet, Kehdy e Blanc 28 19,44 19,44

    Análise Financeira das empresas Silva 17 11,81 31,25

    Gestão Financeira das empresas Brasil e Brasil 16 11,11 42,36

    Análise Dinâmica do Capital de Giro:o Modelo Fleuriet

    Marques e Braga 16 11,11 53,47

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    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 327

    Análise avançada do Capital de Giro Braga 16 11,11 64,58

    Análise Financeira de Balanços:abordagem básica e gerencial

    Matarazzo 15 10,42 75,00

    Administração do Capital de Giro Assaf Neto e Silva 15 10,42 85,42

    Princípios de Administração Financeira Gitman 14 09,72 95,14

    Estrutura e Análise de Balanços:um enfoque econômico-nanceiro

    Assaf Neto 07 04,86 100

    Total 144 100

    Fonte: Dados da pesquisa.

     Tabela 4 – Referências (livros) mais citadas nas dissertações e teses

    Obras mais citadas nas dissertações e teses Autor(es) Quanti % % Acumulado

    Gestão Financeira das Empresas:um Modelo Dinâmico

    Brasil e Brasil 6 12,77 12,77

    Análise Financeira das Empresas Silva 6 12,77 25,53

    Administração do Capital de Giro Assaf Neto e Silva 5 10,64 36,17Análise Avançada do Capital de Giro Braga 5 10,64 46,81

    Análise Financeira de Balanços:abordagem básica e gerencial

    Matarazzo 5 10,64 57,45

    Estrutura e Análise de Balanços:um enfoque econômico nanceiro

    Assaf Neto 4 08,51 65,96

    O Modelo Fleuriet:a dinâmica nanceira das empresas brasileiras

    – um novo método de análise, orçamentoe planejamento nanceiro

    Fleuriet, Kehdy e Blanc 4 08,51 74,47

    Princípios da Administração Financeira Gitman 4 08,51 82,98

    Análise Dinâmica do Capital de Giro:o Modelo Fleuriet

    Marques e Braga 4 08,51 91,49

    Administração Financeira: as nançasdas empresas sob condições inacionárias

    Martins e Assaf Neto 4 08,51 100

    Total 47 100

    Fonte: Dados da pesquisa.

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

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    Disponível em: 328

    Enquanto nos artigos científicos o livro “O Modelo Fleuriet” foi aobra mais consultada (19%), nas dissertações e teses houve o predomí-nio à consulta aos livros “Gestão Financeira das empresas” e “AnáliseFinanceira das empresas” com quase 13% (os quais ficaram em segundolugar nas consultas feitas pelos autores dos artigos, com pouco mais de13%), em detrimento da principal obra do criador do Modelo, a qual fi-cou com quase 9% (terceiro lugar). Uma suposição para essa inversãoseria o fato de que os autores das dissertações e teses tendem a consultaras obras mais utilizadas/indicadas pelos seus orientadores, variando en-tre os departamentos. Assim, nas dissertações e teses, ocorreu uma inver-são das obras em relação aos artigos e, além disso, averiguou-se poucaênfase nas consultas aos artigos científicos. Uma possível explicação

     para isso seria a baixa quantidade de literatura científica sobre o tema,constatada neste levantamento.

     Tabela 5 – Publicações por estado

    Estado/IES Quantidade % % Acumulado

    Minas Gerais 17 23,61 23,61

    Paraná 16 22,22 45,83

    São Paulo 13 18,06 63,89Distrito Federal 06 08,33 72,22

    Paraíba 05 06,94 79,17

    Rio de Janeiro 04 05,56 84,72

    Rio Grande do Sul 03 04,17 88,89

    Santa Catarina 03 04,17 93,06

    Bahia 02 02,78 95,83

    Goiás 02 02,78 98,61Espírito Santo 01 01,39 100

    Σ 72 100

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Foi encontrada uma ênfase de artigos provenientes de autores dasinstituições do Sudeste, o que já era de se esperar, dado que a maior par-te dos cursos de pós-graduação em Administração e Contabilidade está

    nessa região. Vale mencionar que não estão computados os respectivosEstados das IES de 12 artigos, pois, esses não disponibilizam tais infor-mações.

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    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 329

     Tabela 6 – Titulação dos autores

    Formação Acadêmica/Titulação Quantidade % % Acumulado

    Doutor (a) / Pós Doutor 37 45,68 45,68

    Doutorando (a) 5 6,17 51,85

    Mestre 10 12,35 64,20

    Mestrando (a) 11 13,58 77,78

    Especialista 1 1,23 79,01

    Graduado 4 4,94 83,95

    Graduando (a) 1 1,23 85,19

    Não encontrados 12 14,81 100

    Σ 81 100

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Identificou-se que a formação acadêmica dos autores de artigos é, predominantemente, o doutorado, chegando a quase 46% do total. Dessaforma, houve uma grande preocupação por parte desses pesquisadoresem estudar/empregar o modelo. Cabe ressaltar que não foi encontradoo curriculum lattes e nem a titulação de 12 autores – cerca de 15% da

    amostra.

     Tabela 7 – Quantidade de autores por artigo

    Autores por artigo % Acumulado

    1 autor 21,43 21,43

    2 autores 50,00 71,43

    3 autores 11,90 83,33

    4 autores 16,67 100Σ 100

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Os pesquisadores do modelo têm constituído trabalhos com 2autores, o que correspondeu a 50% da amostra, e isso foi verificado porCardoso, Pereira e Guerreiro (2007) na área de Contabilidade de Custos,Coelho e Silva (2007) e Leite Filho (2006) que também analisaram os

    EnANPADs. Já Mendonça et al. (2004), Cardoso et al. (2005), Barbosaet al. (2008) e Grzebieluckas et al. (2008) averiguaram que a maioriados artigos em Contabilidade era composto por 1 autor – que ante à

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

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    Disponível em: 330

    amostra em estudo, ficaram em segundo lugar –, enquanto Kroenke eCunha (2008) perceberam maior concentração de artigos com 3 ou maisautores. Contudo, a maior ênfase dos trabalhos com 4 autores (75% ou 3deles) aconteceu em 2012.

    Constatou-se uma hegemonia dos autores masculinos, com 75% dototal. Essa hegemonia ainda foi percebida pelas pesquisas de Leite Filho(2006) e Barbosa et al. (2008).

    3.2 Análise da produtividade dos autores

    Os resultados da análise da produtividade dos autores, com base na

    Lei de Lotka, são revelados nesta seção, tanto para o modelo de regres-são como para o Lagrangiano de Poisson. Nas Tabelas 8 e 9, são apre-sentados os resultados do modelo de regressão:

     Tabela 8 – Produtividade entre os dados da amostra versus padrão de Lotka

    – modelo de regressão

    Nº artigos

    publicados

    por autor

    Nº de autores

    que publicaram

    n artigos

    % autores

    da amostra

    %

    acumulado

    Distribuição

    teórica

    – Lotka

    c = 2

    Distribuição

    observada

    – amostra

    c = 2,37

    1 59 77,63 77,63 60,80 77,63

    2 13 17,11 94,74 15,20 14,98

    3 04 05,26 100,00 06,76 05,72

    Total 76 100 – – –

     X2 Tabelado GL Α  X2 Calculado

    probabilidade

    0,08920,95645,99 2 5%

    Fonte: Dados da pesquisa.

     Tabela 9 – Coecientes c para pesquisas em nanças no Brasil

    – modelo de regressão

    Coeciente c  % de autores com um artigo

    Padrão Lotka 2,00 60,80

    Leal, Oliveira e Soluri (2003) 2,44 77,50

    Camargos, Silva e Dias (2009) 2,37 69,92Amostra do Modelo Fleuriet 2,37 77,63

    Fonte: Dados da pesquisa.

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    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

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    Disponível em: 331

    Com essa amostra Fleuriet de tamanho reduzido, encontrou-se o c = 2,37, sendo estatisticamente significante a 5%, e idêntico àquele obtido

     por Camargos, Silva e Dias (2009), no mercado brasileiro; está, contudo,acima do padrão da Lei.

    Por meio do teste X2, testou-se a hipótese: H 0: Inexistência de dife-rença estatisticamente significante entre a distribuição observada e a dis-tribuição teórica. Como o teste X2 com dados empíricos revelou o valor8,92 e o valor tabelado (ou crítico) foi 5,99, rejeitou-se  H 

    0, poisse evi-

    denciou haver diferença estatisticamente significante entre ambas as dis-tribuições, o que leva a não-aderência da distribuição amostral ao padrãoda Lei. Logo, não foi um modelo teórico de distribuição adequado paradescrever o comportamento dos autores dessa produção científica.

    Os resultados obtidos pelo modelo Lagrangiano de Poisson seguemnas Tabelas 10 e 11:

     Tabela 10 – Distribuição das frequências – modelo Lagrangiano de Poisson

    Nº artigos

    por autor

    x

    Nº de autores

    y (n)% de autores

    Nº de artigos

    xyx2 x2y

    1 59 77,63 59 1 592 13 17,11 26 4 52

    3 4 5,26 12 9 36

    Σ 76 100 97 14 147

    Fonte: Dados da pesquisa.

     Tabela 11 – Cálculo x2 – modelo Lagrangiano de Poisson

    xFrequência

    Observada (f o)

    Frequência

    Esperada (f t)

    (f o – f 

    t) (f 

    o – f 

    t)2 (f 

    o – f 

    t)2 / f 

    t

    1 59 41,36 17,6410 311,21 07,52

    2 13 09,31 03,6934 013,64 01,47

    3 04 16,47 -12,46500 155,39 09,44

    Σ 76 67,13 08,8692 x2 18,43

    Fonte: Dados da pesquisa.

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 332

    O valor tabelado do teste X2 para esse modelo foi 3,84 e o valor cal-culado foi 18,43. Alvarado (2003) assinala que quando o valor calculadoé acima do crítico, rejeita-se a hipótese nula  H 

    0: Inexistência de

    diferença estatisticamente significante entre a distribuição observada eaquela de Poisson, em favor de H 1: as distribuições são distintas. Assim,também por meio desse modelo, identificou-se que a produtividade dosautores referente ao modelo Fleuriet é diferente daquela preconizada

     pela Lei de Lotka, mas a teoria de Poisson mostrou-se efetiva.

    3.3 Análise de artigos, dissertações e teses

    Procedeu-se, também, a uma separação e análise dos artigos queestudaram o Modelo Fleuriet enquanto instrumento de análise financeirae naqueles que o utilizaram para fazer análise do CDG, conforme osQuadros 8 e 9, respectivamente.

    Quadro 8 – Modelo Fleuriet como instrumento de análise nanceira

    AutoresPeriódico

     / EventoObjetivo(s) Síntese das conclusões

    Marquese Braga(1995)

    Revista RAE 

    Desenvolver o Modelo Fleuriet,explicar sua relevância no contexto daanálise da liquidez, e integrá-loà análise tradicional para a avaliaçãonanceira de negócios.

    Houve uma comparação da magnitudedo IOG mantido pelas empresas paraa manutenção do nível desejado deoperações, e o grau de endividamento(saldo de tesouraria) praticado.

    Cia(2000)

    EnANPAD

    Propor a ampliação do modelode processo decisório com basena Teoria das Restrições (TOC),utilizando os conceitos do ModeloFleuriet de análise nanceira.

    Identicou-se restrição da capacidadeprodutiva e um crescimento nasvendas, com recursos insucientespara nanciar este nível de atividade,pode levar a uma restrição nanceira.

    Cardoso(2000)

    EnANPAD

    Testar a correlação entre os resultadosda análise dinâmica do CDGe o beta do CAPM.

    A correlação encontrada entre o CDGe o Beta indica uma associaçãopositiva entre o grau de riscoda empresa com o CDG.

    Oliveira;Pereira Filho

    e Amaral

    (2001)

    Contabilidade

    Vista & Revista

    Discutir a gestão nanceira de curtoprazo, abordando seus principaisinstrumentos e as limitações

    da análise nanceira.

    Cada vez mais a gestão nanceiratorna-se vital a todos os tiposde organizações, e em especial,

    às empresas de pequeno porte.

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    23/37

    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 333

    Ribeiroe Leite Filho

    (2003)

    Contabilidade

    Vista & Revista

    Analisar o desempenho econômico--nanceiro/liquidez de companhiasde energia elétricas brasileiras.

    As empresas apresentaram liquidezdesfavorável, mas com tendênciade melhora, indicando atenção para

    a gestão nanceira de curto prazo.

    Souza(2003)

    Contabilidade

    Vista & Revista

    Estudar o Modelo Fleuriet utilizandoas demonstrações contábeise identicar as variáveisIOG, T, TL e CDG.

    Por meio das variáveis IOG, CDGe TL evidenciou-se melhor a situaçãonanceira da empresa do que comos indicadores da forma tradicional.

    Castro Silvae Costa

    (2003)

    EnANPAD

    Avaliar o comportamentodos elementos patrimoniaisde curto prazo e identicaros tipos de estrutura nanceira.

    Houve comparações entreas empresas quanto à magnitudedo IOG para manutenção de suasoperações, entre as necessidades

    permanentes estratégicas,e o grau de endividamento.

    Braga,Nossa

    e Marques(2003)

    EnANPAD

    Apresentar um modelo de análisedas demonstrações contábeisque integre as avaliações da situaçãonanceira e da rentabilidade do PL pormeio de um indicador desenvolvido.

    Foi possível avaliar uma empresautilizando o mesmo instrumentalpara vericar sua saúde econômico--nanceira, intrinsecamente,e em relação ao conjuntode empresas congêneres.

    Oliveirae Braga(2004)

    Congresso USPControladoria

    e Contabilidade

    Conhecer e analisar se há indícios

    de que empresas classicadasconforme a metodologia Fleurietagregam ou não valor econômico.

    As empresas que apresentavam saldo

    de tesouraria negativo agregavammenos valor econômico, o inversodasque possuíam saldo positivo e tendema agregar valor para o acionista.

    Limae Zanolla

    (2005)

    Congresso USPControladoria

    e Contabilidade

    Analisar medidas de liquidez,solvência e exibilidade nanceira,por meio de instrumentosque mensuram os uxos de recursosdas atividades operacionais.

    A política de dividendos das empresastem um conteúdo informacional muitoimportante a respeito da rentabilidade delas e do seu potencial de gerarrecursos por meio de suas operações,

    medido pela AGRO.

    Estellitae Carvalho

    (2006)EnANPAD

    Vericar a existência de associaçãopositiva entre a política de marketinge a lucratividade.

    A política de marketing adotadamostrou relacionamento positivo esignicativo com o nívelde lucratividade.

    Zanolla(2006)

    Congresso USPControladoria

    e Contabilidade

    Comparar por meio da DFCde industriais brasileiras a classicaçãodas entradas e saídas de caixanas atividades operacionais,

    investimento e nanciamento.

    Existem incoerências entreas demonstrações contábeisda empresa. E, também, em relaçãoà classicação das operações das

    empresas em atividades operacionais,de investimento e de nanciamento.

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 334

    Estellita,Carvalho

    e Lima(2006)

    EnANPAD

    Avaliar o sucesso das açõesde marketing com a utilizaçãode indicadores contábeis

    de empresas brasileiras.

    A adoção de política de marketingsugeriu relacionamento signicativocom a lucratividade. A análise

    por meio de indicadores contábeisgerou informações relevantessobre a atuação das empresas.

    Meloe Coutinho

    (2007)EnANPAD

    Vericar se o Modelo Fleuriet a partirde suas denições em relaçãoà saúde nanceira, pode ser utilizadopara classicar empresas segundoo nível de rentabilidade.

    Apesar da casualidade não terse mostrado reexiva, os níveisde solvência do Modelo Fleuriet foramconsiderados bons determinantes donível de rentabilidade das empresas.

    Vieirae Milach(2008)

    Revista BASE 

    Descrever o comportamento

    das medidas de liquidez via regressãomúltipla, com o método de Famae Macbeth (1973), e averiguarse a liquidez seria precicada.

    Corroborou-se que a liquidez

    é um conceito multidimensional,pois, apesar das médias estaremrelacionadas duas a duas,as baixas correlações sugeriram existirdimensões distintas em cada medida.

    Correia,Amaral

    e Versan(2008)

    Revista BASE 

    Vericar se a formação dos preçosde títulos nanceiros no mercadoacionário pode ser determinadapela sua liquidez.

    Sugeriu-se que existe uma relaçãolinear positiva entre o retornoe a liquidez das ações.

    Fonte: Compilado pelos autores.

    Quadro 9 – Modelo Fleuriet para análise do CDG

    AutoresPeriódico

     / EventoObjetivo(s) Síntese das conclusões

    Souzae Fama

    (1998)

    Contabilidade

    Vista & Revista

    Discutir a administração do CDGna corporação virtual.

    Não houve.

    Sirihal(1998)

    EnANPAD

    Discutir uma estratégia de captaçãode recursos alternativa às formastradicionais, com um modelo usadopor um conglomerado nanceirode Minas Gerais.

    Sugeriu-se que a forma alternativapossui custos competitivos,sem as limitações de credibilidadedo sistema nanceiro como um todo.

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    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 335

    Theiss Júnior

    e Wilhelm(2000) EnANPAD

    Testar o Modelo Tradicionale o Modelo Dinâmico e avaliara utilidade deste para classicar

    e qualicar a evolução da situaçãoe do risco nanceiro da empresa.

    A análise dinâmica oferece parâmetrosque apresentam um graude sensibilidade sobre mudanças

    na situação nanceirasignicativamente mais apuradoque a análise tradicional.

    Mourae Matos(2003)

    EnANPAD

    Propor uma alternativapara a previsão da NCG,por meio da simulação probabilísticade uxos de caixa.

    Apontou-se uma signicativa variaçãonos resultados, além da margemde erro cometida pelos dois processosem relação à efetiva NCG.

    Silveira

    e Reis(2003) EnANPAD

    Estudar a possibilidade de aplicaçãodos diagnósticos do Modelo Fleuriet

    sobre a demonstraçãode uxo de caixa.

    É possível adaptar o dinamismodo CDG à DFC e extrair deste relatório

    os seis diagnósticos de Fleuriet,conferindo mais ecácia aos gestores.

    Gimenese Gimenes

    (2004)

    Contabilidade

    Vista & Revista

    Investigar as fontesde nanciamento da NCGpara as cooperativas agropecuárias.

    A maior parte das cooperativasfoi incapaz de se autonanciar.Predominou a utilização recursosde terceiros de curto prazo.

    Medeirose Rodrigues

    (2004)Revista Base

    Testar a inexistência de relaçãoentre ativos e passivos nanceiroscom as atividades operacionais.

    Vericou-se que o Modelo Fleurieté empiricamente inconsistente.

    Machadoe Silva(2005)

    Congresso USPControladoria

    e Contabilidade

    Sintetizar as principais diretrizesbalizadoras das estratégias de umamicroempresa, sobre as políticas deadministração do CDG.

    A empresa não possui uma políticade administração nanceira de curtoprazo denida e possui controles deestoques que são rudimentares.

    Machado,Machadoe Callado

    (2006)

    Revista Base

    Analisar como as pequenas e médiasempresas têm nanciado sua NCG.

    Grande parte das empresas foiincapaz de nanciar suas NCG peloautonanciamento.

    Batistella(2006)

    Congresso USPControladoria

    e Contabilidade

    Vericar as ferramentas importantespara a análise de CDG, especicamentea análise dinâmica.

    Concluiu-se que para compreensãoda evolução do CDG à luz da análisedinâmica do CDG, com um maior graude acurácia, é necessário envolvermecanismos de atualização monetária.

    Starke Juniore Freitag(2007)

    Congresso USPControladoria

    e Contabilidade

    Testar a hipótese de que as contascirculantes nanceiras são erráticasem relação às operações das empresasbrasileiras, especicamenteas de médio e grande porte.

    O ACF e o PCF são erráticosem relação às operações.O PCC apresentou linearidadecom a receita líquida operacional,sendo fortemente correlacionado

    com esta proxy  das operações.

    Fonte: Compilado pelos autores.

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 336

    Constatou-se que os artigos que deram ênfase ao estudo do ModeloFleuriet, para análise financeira, abordaram-no nos seguintes temas: ges-tão financeira de curto prazo, desempenho econômico-financeiro, identifi-cação de variáveis do Modelo em demonstrações financeiras, utilizaçãodo Modelo juntamente com índices tradicionais, estudo da precificaçãode ativos por meio de indicadores do Modelo, análise de valor econômi-co agregado, comparação da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) como Modelo Dinâmico e o Tradicional, comparação de métricas que mensu-ram o fluxo de recursos, estudo da política de marketing e a lucratividade,comparação de variáveis do Modelo com o beta da empresa, avaliaçãodo Modelo para estudar a rentabilidade e análise de estrutura financeira.Dentre os resultados obtidos, em geral, as empresas tiveram problemas de

    liquidez; as variáveis do Modelo evidenciam melhor a saúde financeiraque a abordagem tradicional; capital de giro investido e endividamento;confirmou-se que a liquidez é uma abordagem multidimensional; verifi-cou-se uma relação entre a liquidez e retorno de ações; saldo de tesoura-ria positivo tende a criar valor; problemas nas demonstrações financei-ras (DF’s) publicadas; confirmou-se a relevância do conteúdo informa-cional nos dividendos; ligação direta entre a política de marketing e alucratividade; níveis de solvência como condicionantes para a rentabili-

    dade; constatação do efeito tesoura como impositivo a uma restrição fi-nanceira; desenvolveu-se um índice para avaliação de empresas do mes-mo setor.

     No que se refere aos trabalhos que testaram o Modelo, foram estu-dados: empresas virtuais; a NCG de cooperativas agropecuárias; o rela-cionamento entre ativos e passivos erráticos e cíclicos; as fontes de finan-ciamento da NCG; diretrizes da política de gestão da NCG; verificaçãodo instrumental Fleuriet; comparação entre o Modelo Fleuriet e o tradi-

    cional para análise de risco financeiro; estratégias de levantamento de re-cursos financeiros; simulação de fluxo de caixa por meio de probabilidade para estimar a NCG, e estudos da DFC.Os resultados indicaram que:a) o autofinanciamento foi insuficiente para atender à NCG;

     b) as fontes onerosas de curto prazo foram bastante utilizadas;c) a gestão financeira de curto prazo ineficiente;d) há necessidade de atualização monetária das DFs para maior efeti-

    vidade do Modelo;

    e) o Modelo possui maior sensibilidade para captar as mudanças nasituação financeira;f) foram propostas estratégias financeiras com custos competitivos;

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    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 337

    g) o Modelo se mostrou eficaz para estudar a DFC à luz de suas estru-turas financeiras.

     No que se refere às teses e dissertações, optou-se por sintetizar suaanálise no Quadro 10.

    Quadro 10 – Aplicação do Modelo Fleuriet em dissertações e teses

    Autores IES Orientador Objetivo(s) Síntese das Conclusões

    Silva(1997)

    UNICAMPFERRAZ,

    C. P.

    Fazer uma comparaçãoeconômico-nanceiraentre empresasde mineração de ouro.

    Percebeu-se que o melhor desempenhoeconômico-nanceiro está associadoa baixo custo operacionale reservas com alto teor, alémde programas de hedge contra risco

    incorrido nas decisões estratégicas.

    Diel(2001)

    UFRGSGALLI,O. C.

    Desenvolver um modelo integradode planejamento nanceiroe vericar a sua aplicabilidadeem um setor especíco.

    Visualizou-se que falta um processode análise de projeção do desempenhonanceiro e de crescimento. O processodecisório muito se pauta em avaliaçõesinformais e no feeling dos gestores.

    Dacol(2002)

    UFSC RODRIGUEZ,A. M.

    Identicar, analisar e propor fatoresde auxílio à tomada de decisãonanceira do capital de giropara o varejo eletrônico.

    Constatou- se que a Internettem agilizado a eciência da cadeiade valor, fazendo que haja mudançasnos processos, e essas alteraçõestêm contribuído para que os gerentesreformulem suas estratégiase utilizem ferramentas nanceiras.

    Marques(2002)

    UnB/UFPBUFPE/UFRN

    SILVA,J. D. G.

    Averiguar se o CDG, NCG e T,conjuntamente, são capazesde explicar o comportamento do EVA.

    Sinalizou-se um signicativorelacionamento entre as variáveise o EVA, mas elas explicaramapenas parte das variações do EVA.

    Eifert(2003)

    UFRGSSCHMIDT,

    P.

    Investigar a prevenção da inadimplênciaa partir de índices relativosàs demonstrações contábeis nomomento da solicitaçãodo nanciamento.

    Constatou-se que as empresasque vieram a inadimplir eram menoslucrativas, com maiores despesasnanceiras, e desequilíbrioentre fontes e aplicações de recursose estrutura de capitais deciente.

    Borba(2004)

    UFRGSKLOECKNER,

    G. O.

    Analisar se a inadequaçãode fontes de nanciamentoé uma das principais causasdos desequilíbrios nanceiros.

    Vericou-se que o mercado bancário nãodisponibiliza recursos para nanciar CDGno LP para empresas comerciais, apenasempréstimos de curto e médio prazo,

    ou de LP para outros investimentos.

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 338

    Vidotto

    (2004) UEL/UEM

    LOPES,

    P. C.

    Denir e caracterizar os conceitose técnicas relacionadas à administraçãodo capital de giro, identicando

    o domínio, a utilização e o impactono ciclo nanceiro nas médias e grandesindústrias da região de Londrina – PR.

    Os fatos permitem concluir que asindústrias vêm sendo administradasde forma empírica na questão do capital

    de giro, mas que vêm dando certo porum motivo ou outro que na pesquisanão foi possível descobrir.

    Buratto(2005)

    UFRGSGALLI,O. C.

    Construir um modelo de simulaçãode Monte Carlo para avaliar a capacidadede pagamento das empresasem nanciamentos de longo prazo,com base no FC projetado.

    Averiguou-se que o modelode simulação confere aos tomadoresde decisão maior segurança na avaliaçãodo crédito pretendido.

    Grabin(2005)

    UFSMCERETTA,

    P. S.

    Vericar o desempenho econômico-

    -nanceiro de cooperativas agropecuáriasdo Estado do RS, por meio do ModeloFleuriet e do EVA, além de possívelrelacionamento entre ambos.

    Um grande número de cooperativas

    apresentou situação nanceirainsatisfatória, mas criaram valor.O EVA apresentou uma relação maissignicativa com as variáveis CDG e NCG.

    Soares(2006)

    UFRGSPORTUGUAL,

    M. S.

    Utilizar um modelo integradoque permita a projeção do BP, DRE e DFC,baseado em um cenário de incertezas.

    Percebeu-se que a aplicaçãodo modelo de Monte Carlo em modelosque representem razoavelmente bema realidade esperada, mostra-se efetivana avaliação dos riscos no processodecisório nanceiro.

    Haushahn(2006)

    UFRGSKLOECKNER,

    G. O.

    Analisar a relação entreo resultado da empresa (EVA)e o crescimento na receita das empresas.

    Os resultados sugeriram inexistircorrelação signicativa entreas variáveis analisadas.

    Vasconcelos(2006)

    FURBSILVEIRA,

    A.

    Estudar empresas têxteisdo Vale do Itajaí \ SC quanto à adoçãodo método direto da DFC, buscandoum modelo para sua aplicação.

    Constatou-se que só quatro empresaselaboram efetivamente a DFC, aindaque grande parte dos gestores tivessepós-graduação em Contabilidade,Controladoria ou Administração.

    Sato(2007)

    USPTACHIBANA,

    W. K.

    Analisar a relação entre liquideze rentabilidade de empresasde Tecidos, Vestuário e Calçadosà luz do Modelo Dinâmico.

    Os resultados indicaram que o tipo deestrutura nanceira – 3é o mais frequente, e utilizam muitoos empréstimos de curto prazo.

    Mesquita(2008)

    PUC/RJMOREIRA,

    R. M.

    Analisar a utilização conjuntados modelos de avaliação do CDG(Estático versus Dinâmico) no Brasil,Argentina, Chile e México.

    Corroborou-se a efetividadedo Modelo Fleuriet, indicando que devecomplementar a análise nanceiradas empresas de todos esses países.

    Fonte: Compilado pelos autores.

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    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 339

     Tabela 10 – Temas mais estudados nas teses, dissertações e artigos

    Temas mais recorrentes Quantidade % % acumulado

    Desempenho econômico-nanceiro 19 34,55 34,55

    Gestão nanceira/Planejamento de curto prazo 05 09,09 43,64

    Comparação do Modelo Dinâmico com o Tradicional 05 09,09 52,73

    Fontes de nanciamento da NCG 04 07,27 60,00

    Estudos da DFC com o Modelo Dinâmico 04 07,27 67,27

    Estudo de variáveis do Modelo Fleuriet 03 05,45 72,73

    Outros 15 27,27 100,00

    Total 55 100

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Embora a maior parte das dissertações e das teses concentrarerem--se em IES da região Sul (nove), sendo que quatro dissertações foramorientadas pelos professores Galli e Kloeckner (duas cada), não se levan-tou artigos com a participação deles. Na única tese que tratou do tema,de Dacol (2002), foi identificado, analisado e proposto fatores de auxílioà tomada de decisão financeira do capital de giro para o varejo eletrônico,constatando que a internet tem agilizado a eficiência da cadeia de valor,fazendo com que haja alterações nos processos e que elas têm contri-

     buído para que os gerentes reformulem suas estratégias e utilizem fer-ramentas financeiras.

    Já nas dissertações, o Modelo foi estudado para examinar desempe-nho econômico-financeiro, planejamento financeiro, prevenção da inadim-

     plência, inadequação de fontes de financiamento, liquidez em financiamen-tos de longo prazo, desenvolvimento de modelo integrado para redução

    de risco em decisões financeiras, liquidez e rentabilidade, alinhamentoestratégico e desempenho e, ainda, comparação com o modelo tradicio-nal de análise financeira.

    Os resultados sugerem que: o melhor desempenho econômico--financeiro está associado ao baixo custo operacional; no planejamentofinanceiro há carência de processos de análise de projeção do desempe-nho financeiro e de crescimento; o desequilíbrio entre fontes e aplicaçõesde recursos determinou altas despesas financeiras, redução no lucro, acar-

    retando inadimplência; as instituições financeiras não fornecem recursosde longo prazo para financiamento do CDG; modelos de simulação mos-tram-se efetivos na concessão de crédito; o EVA® positivo indicou maior

  • 8/18/2019 Mapeamento da produção científica sobre o modelo Fleuriet no Brasil

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 340

    significância com o CDG e a NCG, mas outras pesquisa não corrobo-raram isso; o modelo de Monte Carlo apresentou-se efetivo na precau-ção ao risco no processo de decisão financeira; o tipo 3 de estruturafinanceira é o mais comum; houve aplicação demasiada de recursos one-

    rosos de curto prazo; o alinhamento estratégico influencia positivamenteo desempenho das empresas. E, por fim, o Modelo Dinâmico auxiliaefetivamente a AFT em diferentes países.

    Em síntese, as pesquisas em dissertações e teses corroborarama efetividade do Modelo Fleuriet, assim como aconteceu nos artigosanalisados. Isso significa que, mesmo nas pesquisas mais robustas, querseja em termos da discussão teórica ou da implementação de metodolo-gias mais complexas para testar o Modelo, no geral, os resultados indi-

    caram a eficácia do Modelo Fleuriet na avaliação financeira de empresasou apenas do capital de giro.Contudo, pôde-se concluir que, dentre os temas mais recorrentes

     para se estudar o Modelo, seja em artigos, seja em dissertações e teses, odesempenho econômico-financeiro foi utilizado em quase 35% das pes-quisas, seguido pela gestão financeira/planejamento financeiro de curto

     prazo e comparações com a AFT, em 9% dos trabalhos cada, conforme aTabela 10.

    De uma forma geral, os trabalhos apresentaram considerações posi-tivas acerca da efetividade do Modelo Fleuriet para análises financeiras,tanto quanto para estudar o capital de giro. Houve pesquisas que contes-taram esse Modelo, conquanto, há carência de estudos que corroboremesse tipo de pesquisa. Além disso, o Modelo mostrou-se mais efetivo pa-ra analisar o CDG, enquanto o modelo tradicional seria mais adequado

     para verificar a situação financeira.

    Considerações finais

    Objetivou-se nesta pesquisa fazer um levantamento bibliométricosobre a produção científica relacionada ao Modelo Fleuriet, em anais deimportantes congressos e periódicos, no período de 1995 a 2012, a partirda identificação e da análise de alguns indicadores bibliométricos. Tam-

     bém foram buscadas dissertações e teses em bibliotecas digitais dos principais departamentos de Administração e Contabilidade das univer-sidades do País.

    Se, por um lado, o Modelo Fleuriet desenvolveu efetiva simplifica-ção na análise financeira, por meio do estudo de apenas três variáveis

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    Mapeamento da produção cientíca sobre o Modelo Fleuriet no Brasil

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 341

    (CDG, NCG e T), que retratam a situação financeira de uma empresa,obtendo, devido a isso, aceitação nos contextos acadêmico e empresa-rial; por outro, no entanto, cabe ponderar que o fato de ele manipular

     poucas variáveis, o torna restritivo para certos tipos de análises que sósão possíveis a partir de indicadores da AFT, continuando esses, portan-to, a ter sua validade e espaço na análise financeira empresarial.

    Considera-se que os 41 artigos encontrados nos 18 anos investiga-dos é uma quantidade pequena. Porém, os dados levantados nesses arti-gos, além das 14 dissertações e teses, permitiram traçar o per fil dessas

     publicações referentes ao modelo, o qual permitiu fazer um diagnósticofinanceiro das empresas brasileiras por meio de uma nova e efetiva dinâ-mica. É importante destacar, contudo, que essa baixa quantidade de produ-

    ção acadêmica pertinentes ao Modelo tem levado os autores a enfatizar aconsulta aos livros, e isso se mostra como um impeditivo para a geraçãode novos conhecimentos sobre o assunto. Além disso, os distintos resul-tados encontrados entre os artigos e as dissertações e teses, até certo pon-to, é surpreendente e instiga a querer saber o que tem levado os autores aisso e qual é o per fil deles.

    Por fim, é oportuno enfatizar que os levantamentos bibliométricoscumprem papel importante para a sedimentação do conhecimento de de-

    terminada área, ao possibilitar, além de um resumo do arcabouço teóricosobre o tema, uma reflexão sobre suas tendências e avanços. Assim, sãoúteis para pessoas leigas terem o primeiro contato com determinado as-sunto e para pesquisadores da área se localizarem e entenderem os ru-mos que ela está tomando. Nesse sentido, espera-se, com esta pesquisa,

     possibilitar uma visão em perspectiva dos estudos sobre o ModeloFleuriet, sua evolução e tendências.

    Têm-se como limitações desta pesquisa a não ampliação do levan-tamento de dados para uma quantidade maior de revistas, periódicos eeventos científicos, o que proporcionaria uma amostra ainda maior que aanalisada, que poderia gerar resultados mais robustos.

    Como recomendações para pesquisas futuras, propõe-se uma revi-são dos principais achados nas pesquisas científicas sobre o Modelo, des-de seu desenvolvimento, o que poderia indicar a evolução e diferenças desua aplicação em diferentes setores e conjunturas econômicas, além deexplorar com maior profundidade essas inquietações relacionadas a dis-sertações e teses.

     Recebido em junho de 2013.

     Aprovado em agosto de 2013.

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    Elisson Alberto Tavares Araújo, Miguel Luiz de Oliveira Costa e Marcos Antônio de Camargos

    Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 10, n. 14, p. 311-347, jul./dez. 2013

    Disponível em: 342

    Referências

    ALVARADO, R. U. A Lei de Lotka na bibliometria brasileira. Ciência da Informação,Brasília, v. 31, n. 2, p. 14-20, mai/ago, 2002.

     ___________, R. U. A Lei de Lotka: modelo lagrangiano de Poisson aplicado à produti-vidade de autores. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 8, n. 2, p.188-207, jul./dez. 2003.

    BARBOSA, E. T. et al. Uma análise bibliométrica da Revista Brasileira de Contabilidade no período de 2003 a 2006. In: Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade, 05,2008, São Paulo. Anais... Paulo: FEA-USP, 2008.

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    COSTA