texto 8 - os intelectuais e a organizacao da cultura - coutinho, 2005[1]

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    CDD306

    CDD316.7

    ~~DP&A

    edi1:ra

    Titulo:

    Cultura e sociedade no Brasil

    Ensaios sobre ideias e formas

    Carlos Nelson Coutinho

    Rcv isii o de !)rovas

    Paulo Telles Ferreira

    Andrea Carvalho Cultura e sociedade no Brasil

    Ensaias sabre ideias e farmasProjeto grdfico c diagramCli;ao

    Maria Gabriela Delgado

    Capa

    Rodrigo Murtinho

    'Xilogravura da capa

    Leonardo Leal

    CIP- BRASIL. Ca taloga\;fio -na -fan te

    Sindicato Nacional dos Editores de Livros, R]

    C895c2.ed.

    Coutinho, Carlos Nelson, 1943-

    Cu ltura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e fonnas /

    Carlos Nelson Coutinho. 3.ed. rev. e ampliada. - Rio de Janeiro:

    DP&A,2005.

    14 x 21 cm

    272p.

    lnclui bibliografia

    ISBN: 85-7490-351-5

    1. Cultura - Aspectos sociais -' Brasil. 2. Literatura e sociedade -

    Brasil. 1. Titulo.

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    Gostaria de come

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    \' pressao do desenvolvimento capitalista, surge uma esfera social

    ,

    t . \ ~ nova, dotada de leis e de funs;oes relativamente autonomas e

    espedficas, e - 0 que nem sempre e observado - de uma

    dimensao material pr6pria. E essa esfera queele vai chamar de"sociedade civil", introduzindo uma novidade termino16gica com

    relas;ao a Marx e Engels (para os qua{s "sociedad~ c'ivil" e

    sinonimo de relas;oes de produs;ao economic as), mas retomando

    alguns aspectos do conceito tal como aparece em Hegel (queintroduzia na sociedade civil as "corporas;oes", isto e, associas;6es

    polftico-economicas que, de certo modo, podem ser vistas como

    formas primitivas dos modernos sindicatos).

    Nessa nova situas;ao, ou seja, nas formas;oes sociais que

    Gramsci chama de "ocidentais" por contraste com as "orientais"

    e mais primitivas, 0Estado - os mecanismos de poder - nao se

    limita mais aos institutos de dominas;ao direta, aos mecanismos

    de coers;ao. Em suma: ao que Gramsci chama ora de "Estado

    em sentido estrito", ora de "sociedade polftica", e que eIe

    identifica com 0 governo, com a burocracia executiva, com os .

    aparelhos policial-militares, com os organismos repressivos em

    geraI.

    E claro que tais institutos continuam a existir nas sociedades"ocidentais" mais complexas; continuam a ter papel fundamental

    na reprodus;ao da sociedade segundo os interesses de uma classe

    dominante. Mas, ao lado deles, Gramsci ve a emergencia da

    "sociedade civil". E 0que especifica essa sociedade civil e 0

    fato de, atraves dela, ocorrerem relas;oes socia is de dires;ao

    politico-ideoI6gica, de hegemonia, que - por assim dizer -

    "completam" a dominas;.ao estatal, a coers;ao, assegurando

    tambem 0consenso dos dominados (ou assegurando tal consenso,

    ou hegemonia, para as fors;as que querem destruir a velha

    dominas;ao) .

    Pode-se observar que tambem as formas anteriores de

    dominas;ao de dasse, as formas abertamente ditatoriais ou

    autoritarias, apoiavam-se na ideologia, careciam de algum

    modo de legitimas;ao e consenso para poderem funcionar. Papel

    decisivo, na conquista dessa legitimidade por um Estado,

    digamos, de tipo absolutista, vinha da ideologia religiosa: a

    Igreja era-um "aparelho ideol6gico de Estado", fundamental

    na epoca do absolutismo. Basta pensar, por exemplo, na teoria

    do "direito divino" dos reis, da origem divina da soberania do

    monarca.Nao usei por acaso 0termo de Louis Althusser, "aparelhos

    ideol6gicos ~e Estado", que a meu ver nao e sinonimo do termo

    grams ciano "aparelhos 'privados' de hegemonia", com 0qual

    Gramsci denomina os organismos da sociedade civil. Nao quero

    aqui entrar na discussao sobre 0valor do conceito de Althusser,

    mas apenas me servir dele para indicar uma diferens;a hist6rica.

    Na epoca absolutista, e justo dizer que a Igreja, por exemplo, e

    um "aparelho ideol6gico de Estado". E por que? PQrque havia

    uma unidade indissoluvel entre Estado e Igreja: a Igreja nao se

    colocava como algo "privado" em face do Estado corrio entidade

    "publica". A ideologia que ela veiculava (e nao se deve esquecer

    que ela controlava todo 0sistema escolar) nao tinha nenhumaautonomia em reIas;ao ao Estado propriamente dito. 0 Estado

    impunha a sua ideologia de modo tao coercitivo como impunha

    a sua dominas;.ao em geral: quem discordava dessa ideologia

    cometia um crime contra 0Estado.

    Com as revolus;oes clemocrarico-burguesas, com 0triunfo

    do liberalismo, acontece um fato novo: 0que poderfamos chamar

    de laicizas;ao do Estado. As instancias ideol6gicas de legitimac;:ao

    passam a ser algo "privado" em relas;ao ao "Pllblico": 0Estado ja

    nao impoe uma religiao, ou uma visao do mundo em geral; a

    religiao cleve conquistar consciencias, deve confrontar-se, entrar

    em luta contra outras ideologias, contra outras visoes do mundo.

    Criam-se assim, enquanto portadores materiais dessas visoes demundo, 0que Gramsci chama de "aparelhos 'privaclos' de

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    hegemonia". Por urn lado, velhos "aparelhos ideologicos de

    Estado" (como as Igrejas, as Universidades) tornam-se

    autonomos, passam a fazer parte da "sociedade civil";e poroutro,

    com a propria intensifica

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    independencia de pensamento, 0"inte!ectual organico" tem uma

    maior consciencia do vinculo indissoluvel entre sua fun~ao e as

    contradi~6es concretas da sociedade.

    A "()~g?ni}Clsa:9Qcl.

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    de uma sociedade civil. Nao tinhamos parlamento, nem partidos

    politicos, nem um sistema de educa

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    E verdade que essa situac;ao de subordinac;ao pessoal as classesdominantes era disfarc;ada pelo status relativamente elevado

    atribufdo a condic;ao de intelectual. A posse da cultura era urn

    meio de distinc;ao para homens livres mas nao proprietarios, que

    nao queriam se dedicar a urn trabalho efetivo, ja que.0trabalho., - . - . - . -- - _ . -.-

    era marcado pelo estigma da condic;ao escrava ..2~tl}J~lectual

    .~~L.9.f.ig.9..i..precisamente na possibilidade de desfrutar desse

    ocio e que residia0 trac;o de distinc;ao, 0 status superior do

    intelectual. E esse status, ao mesmo tempo em que servia de

    disfarce para a posic;ao dependente do intelectual, acentuava 0

    carater ornamental da cultura dominante da epoca.

    E nesse clima que surge 0que tenho chamado (usando urntermo de Thomas Mann recolhido por Lukacs) de "intimismo a

    sombra do poder". 0intelectual cooptado nao tern necessariamente

    de ser urn apologeta dire to do regime social que 0mantem e do

    Estado ao qual esta ligado. Ele pode, em sua criac;ao cultural ou

    artfstica, .~.':!:Lt.!Y?L?l,laP.f

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    ornamental", algo que Afranio Peixoto expressou muito bem

    quando, ingenuamente, definiu a literatura como sendo "0sorriso

    da sociedade". As polemicas culturais abrem fissurasna superffcie

    homogenea da camada intelectual, mas nab tocam nas quest6es

    de fundo; nao passam, no mais das vezes, de tempestades em

    capo d'agua. Parnasianos, simbolistas, ro~anti~os tardios; tad os

    -s~.jcl~ll,!ifiC:Clm~uma cO~~~--~9~c~p~ao de cultura, au seja, Ul~-;

    concep~ao elitista, aristocratizante, ornamental.

    Mas seria errado nao ver que algo come~a a se mover, algo

    que explodiria a luz do sol sobretudo aJ2artir dosanos2Qdo~ulo xx. A sociedade brasileira vai se"~~r~;~d-~"~~i~'~;~pi~~~(ou menos simples), a capitalismo vai se tornando 0modo de

    produ~ao dominante tambem nas rela~6es internas. Nossa

    estrutura social, com a Aboli~ao, com os primeiros inicios da" . ."Vla prusslana no campo, come~a a se tornar mais proxima da

    estrutura de vma sociedade capitalista, ainda que continue

    atrasada e forte mente marcada por restos pre-capitalistas; novas

    classes e :camadas sociais se apresentam no cenario politico do

    Pais. Antes de mais nada,,,,9mes:a a surgir uma classe operaria,

    formada ainda essencialmente por semi-artesiosj--;;'-primeiros

    esbo~osde industrializa~ao, a grande imigra~ao de finais do

    seculo passado, criam um bloco social contestatario, que p6e

    em discussao de modo organizado (0 que talvez ocorra no Brasil

    pel a primeira vez) 0modelo "prussiano", elitista e marginalizador

    de domina~ao politica, economica e social ate entao dominante.

    Come~a assim a surgir, com a introdu~ao do capitalismo,

    com Qjll,i

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    (.

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    sua autonomia), instalando em 1937 uma ditadura aberta que

    fechou partidos e parlamentos, criando com 0Departamento de

    Imprensa e Propaganda (DIP) urn arremedo de organismo

    cultural totalitario (ou seja, uma tentativa. de par a cultura

    diretamente a servi~o do Estado). Mas a diversifica~ao da

    forma~ao social brasileira prosseguiaio pr6'prio c~pitalismo

    "a prussiana", impulsionado pelo Estado getulista, encarregava-se

    de promover essa diversifica~ao. Tinha-se agora urn pressuposto(que se podia certamente reprimir, porem nao mais eliminar)

    para a criac;ao de uma sociedade civil, de uma organiza~ao da

    cultura menos vinculada a urn Estado onipotente.

    o romance nordestino - urn grande protesto literario contra

    o modo "prussiano" de modernizar 0Pais - e urn exemplo vivo

    de que agora se tornava possivel, e nao mais apenas como excec;ao

    que confirma a regra, criar uma cultura nao elitista, nao

    intimista, ligada aos problemas do povo e da Na~ao.5 Uma

    cultura, em suma, nacional-popular.

    E nao me parece possivel desligar a irrup~ao de fenomenos

    como a florac;ao de importantes estudos sociais no periodo (e de

    1933 a primeira tentativa seria deltnterpretar a historia do Brasila luz do marxismo, 0ensaio pioneiro sobre a Evolu~ao Politica do

    (] Bra_s~lde. Caio Prado JUnior) da tendencia a socializa~ao da

    pohtlca que, apesar dos evidentes limites, come~a a se manifestar

    nos anos trinta. A Alian~a Nacional Libertadora e a A

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    economicas, mas inclusive na vida polftica nacional. Tambem

    as camadas medias buscam formas de organiza

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    32 (\(; ,!

    Isso se tornou evidente quando, em\1964,'uma alian

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    intelectuais, que - independente de suas posi~6es ideol6gicas

    - colocaram-se em oposi~ao as medidas repressivas do regime

    no plano da cultura. Ha urn fato que me parece ainda mais

    significativo, ja que esta na raiz dessa resistencia: e que 0regime,

    modernizando 0pais, promovendo urn i~1tens_~d~sel1Vo!vimento

    das for~as produtivas, ainda que a servi~o das multinacionais,

    ainda que conservando tra~os essenciais do atraso no campo,

    o regime deu impulso aos fatores objetivos que levam a umadiferencia~ao social e, comQ tal, a constrw;ao de uma autentica

    sociedade civil entre n6s:V\ intensa sede de organiza~ao que,

    nos ultimos anos, atravessou 0pais, envolvendo operarios,

    mulheres, jovens, setores medios, intelectuais, ate mesmo setores

    das classes dominantes, atesta a presen~a ja efetiva dessa

    sOci:dade civil:;

    I E certo' que a regime militar tudo fez para abafar essei II Iflorescimento da sociedade civil, desde a momento em que

    \ i percebeu as imensas potencialidades democraticas de sua

    ~ atua~ao. Mas a ditadura brasileira nao foi uma ditadura fascista

    "classica", au seja, urn regime reacionario c om b a se de mass as

    organizadas. Nao dispos de organismos de massa capazes de lutare conquistar a hegemonia na sociedade civil, para depois destruir

    sua autonomia e fazer funcionar seus organismos como "correias

    de transmissao" de urn Estado totalitario, como ocorreu na Italia

    ou na Alemanha fascistas. E certo que a ditadura brasileira lutoupara conquistar - e, em alguns momentos (quando da sua

    implanta~ao e nos anos do "milagre"), conseguiu ate mesmo

    obter - 0consenso de ponderaveis parcelas da popula~ao. Mas

    se tratou sempre de urn consenso passivo, que pressupunha a ~

    atomiza~ao das massas e nao se expressava mediante organiza~6es Ide apoio ativo a ditadura. 0regime, em suma, era desmobilizador; ~

    sua tentativa de legitima~ao nao se fundava numa ideologia ~

    claramente fascista, mas na luta contra as ideologias em geral,

    icontra a politica, acasadas de "dividicem 8 Na,ao" e de J

    : ,:.\. telectuais e a organiza~ao da cultura(!l)s,n

    bJ1pediremassim a "seguran~a" que "garante 0desenvolvimento".

    ~j na mesma medida em que era obrigada a dispensar a

    6tganizac;;:aodas massas, a luta no interior da sociedade civil, a

    ditadura dispensou tambem 0concurso de intelectuais organicos,

    que elaborassem uma ideologia reacionaria a seu servi~o: 0que

    ela exigia dos intelectuais, do mesmo modo como 0haviam feito

    os velhos regimes autoritarios brasileiros, e que eles continuassem

    a cultivar a seu "intimismo a sombra do poder", deixando aos

    tecnocratas "antiideoI6gicos" a discussao e 0encaminhamento

    das quest6es decisivas da vida politica.

    Ora, durante a fase do chamado "milagre economico", essa

    "ideologia da nao-ideologia" (de fundo neopositivista) pode

    desfrutar de urn relativo consenso entre setores medios e servir

    a legitima~ao parcial do regime. Mas, a partir do inicio da crise

    do "modelo" e da reativac;;:aoe reorganiza~ao da sociedade civil,

    o que tem lugar em meados dos anos 7 0 , essa ideologia entrou

    em bancarrota. Como vimos, 0regime nao tinha (e nao podia

    criar) movimentos de massa capazes de' organizar 0consenso na

    sociedade civil, de torna-Io relativamente estavel, mesmo em

    epocas de dificuldades e crises. Para lutar pela obtenc;;:aodeste

    consenso, ele se viu for~ado a empreender uma tentativa de" I:auto-relOrma", a abandonar a repressao como unico instrumento

    de governo; e essa auto-reforma, para ser exequivel, implicava

    de certo modo a necessidade, por parte do regime, de fazer

    Polltica. _10~.mo_lu~~DE..9_..l??ra conservar 0seu monop6lio de

    ~cisao, a ditadura foi obrigada a respeitar em cerra medida os

    ~P'I~os co~~~~~d~~_p_~~~~_--_f~_~_-~.~~:~_'~_~_-~~~~.ica.L~._a_s_o

    -Yh.,a conviver com a presen~a de algo que escapava ao seu

    Controle. Confirma-se assim, de certo modo, atese do PCB em

    1958: malgrado os retrocessos, a democratiza~ao da vida

    brasileira - que se ap6ia no desenvolvimento da sociedade civil

    gerada objetivamente pela moderniza~ao capitalista - pareceset lima tendencia permanente e, a longo prazo, irreversivel.

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    o proprio desenvolvimento do capitalismo, ao criar ummercado de forc;a de trabalho intelectual, alterou a situac;ao

    dos produtores de cultura: a possibilidade de que eles exerc;am

    sua func;ao ja nao depende do favor pessoal, ja nao resulta da

    coopta~ao. 0 velho intelectual mandar~m, pr_t:stigiad,opor possuir

    cultura, converte-se em trabalhador assalariado. Experimenta

    agora a necessidade de se organizar, como qualquer outro grupo

    social, para lutar por seus interesses espedficos, entre os quais

    nao se situa apenas a melhoria das condic;6es de trabalho:

    e, entre essas ultimas, ocupa lugar de destaque a sua autonomia

    enquanto criador. A luta pelo espedfico articula-se aqui com a

    luta geral, ou seja, com a luta pela liberdade de expressao, de

    cria~ao e decritic

    a, que so podem ser asseguradas plenamentenum regime democratico aberto a renovac;ao social. De castafechada, de carporac;ao de notaveis, os intelectuais pass am a

    ser uma parcela do mundo do trabalho.

    ~\I'{'i'){J' l~~iaram-se assim as condic;6es pa~a Aqu~ os intelec:ua~s

    } compreendam de dentro, como uma eXlgenCla de sua propna

    sobrevivencia como produtores de cultura, a necessidade daconstruc;ao de uma sociedade democraticid A conquista da

    democracia - de um sistema de organizac;&~cult~rais aberto e

    pluralista, apoiado numa sociedade civil autonoma e dinamica

    - torna-se a base para 0florescimento de uma cultura nacional-

    popular entre nos; mas a elaborac;ao e difusao de tal cultura,

    contribuindo para a hegemonia dos trabalhadores (do brac;o eda mente) na vida nacional, e par seu turno um momentoineliminavel na conquista, consolidac;ao e aprofundamento da

    democracia, de uma democracia de mass as que seja parte

    integrante da luta e da construc;ao de uma sociedade socialista

    em nosso pais.