texto 03 a criança, a educaçaõ infantil e o ensino fundamental de nove anos
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Programa Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - PNAIC
A CRIANÇA, A EDUCAÇÃO INFANTIL E O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS
Autores: Alexsandro da Silva e Solange Alves de Oliveira -Mendes
Historicamente ocorreu a predominância de políticas educacionais assistencialistas, pautadas em uma perspectiva compensatória, que atribuía o fracasso escolar à carência cultural e a deficiências cognitivas e linguísticas.
Direito à educação na infância – o que diz a legislação?
A Constituição de 1988, institui o direito à educação às crianças de zero a seis anos e o dever do Estado de oferecer creches e pré-escolas;
- O Estatuto da Criança e do Adolescente ( BRASIL 1990);
-Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394/96;
- Lei nº 11.274 de 06/02/2006 que amplia o Ensino Fundamental para nove anos com a inclusão das crianças de seis anos.
Inclusão da criança de seis anos no Ensino
Fundamental
Desafios, vantagens , controvérsias/ críticas e cuidados necessários
Questões desafiadoras
• A inserção da criança de seis anos no Ensino Fundamental desencadearia uma escolarização precoce?
• Seria um processo danoso à infância?
Questões desafiadoras
• Existe incompatibilidade entre “ ser criança” e “ser aluno”?
• É possível alfabetizar letrando em um contexto lúdico, que respeite as singularidades da criança nessa etapa?
Vantagens
,
• Ampliação do tempo na escola, em especial para as crianças de baixa renda;
• Responsabilização dos poderes públicos com o direito da criança a um maior tempo de escolaridade obrigatória;
Vantagens
,
• Estímulo à mudanças significativas nas formas de pensar e conceber a criança, o ensino e a escola.
Controvérsias/ críticas
,
• O ingresso, por si só, não assegura às crianças acesso a um contexto de ensino que promova aprendizagens;
• Visão de escola marcada por uma “disciplina rígida, pela falta da criatividade, de espontaneidade, lugar que forma
alunos por meio de práticas repetitivas” ( BRANDÃO, 2009)
Cuidados necessários
• É preciso ampliar o tempo de permanência das crianças na escola, mas, também, garantir o direito de aprender em um ambiente no qual as suas necessidades e interesses sejam respeitados;
• Respeitar as singularidades do meninos e meninas nas suas etapas de desenvolvimento e aprendizagem;
Cuidados necessários
• É preciso escutar a criança para a organização do trabalho pedagógico a ser desenvolvido em sala de aula;
• Maior integração entre o brincar, o letramento e a alfabetização, na Educação Infantil e Ensino Fundamental.
“Por meio das constantes reclamações e “chiados”, pude perceber o quanto estavam sendo enfadonhas e cansativas as atividades de apropriação da escrita a que eles estavam sendo expostos. Por meio dessas reações, eles me diziam: “Ei, professora, ainda somos crianças!” Ou seja, o amontoado de tarefas sobrecarregava-os e eu lançava sobre eles apenas um olhar de aluno, esquecendo, assim, de que eles eram crianças”.
Depoimento da Professora Nayanne
“os jogos, as brincadeiras e a roda de história ganharam espaço na minha prática docente, pois percebi o entusiasmo e envolvimento das crianças quando essas atividades eram realizadas em sala de aula”.
Depoimento da Professora Nayanne
• É possível alfabetizar letrando as crianças em um contexto lúdico, respeitando as necessidades e interesses da infância? Como?
- Por meio da articulação da aprendizagem da leitura e da escrita a momentos de brincadeiras e de exploração de outras linguagens.
- Possibilitar o trabalho com a linguagem escrita e sua notação desde a Educação Infantil
( BRANDÃO; ROSA, 2010)
• Mudança brusca em relação à liberdade de
expressar-se em diferentes linguagens e no modo de vivenciar a infância;
• O mobiliário e a organização das crianças na escola da Educação Infantil e no Ensino Fundamental de modo muito diferente.
A Transição da Criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental
• Dicotomias criança/ aluno, escola/ infância, brincar/ estudar, como se constituíssem polos diametralmente opostos, que se excluiriam mutuamente;
• Descontinuidade que frequentemente tem ocorrido na passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental;
• Educação Infantil constitui um tempo e espaço no qual a infância é, necessariamente, respeitada;
• A entrada no Ensino Fundamental, normalmente, acontece o o oposto.
Moss (2001) considera que que a Educação Infantil tem servido muito mais a uma antecipação do Ensino Fundamental do que para a preparação
Peter Moss (2011) propõe quatro possibilidades de relação entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental:
• Preparação para o ensino fundamental;
• Distanciamento das práticas de leitura e escrita ( letramento sem letras);
• Preparação da escola para as crianças;
• Possível convergência (princípio da continuidade e ampliação, alfabetizar e letrar de forma indissociável).
Não há por que se opor Educação Infantil e Ensino Fundamental, como se constituísse dois mundos à parte, um no qual, pelo menos em tese, a criança seria tratada como criança, e outro no qual, também em tese, a criança seria tratada apenas como aluno.
ReferênciasBRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. A ampliação do Ensino Fundamental contribui para a escolarização precoce? 2009. Disponível em: <http://ne10.uol.com.br/canal/educacao/noticia/2009/12/09/a-ampliacao-do-ensino-fundamental-contribui-para-a-escolarizacao-precoce-208046.php>. Acesso em: agosto de 2014.
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; LEAL, Telma Ferraz. Alfabetizar e letrar na Educação Infantil: o que isso significa? In: BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland de Souza. Ler e Escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 13-31.
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland de Sousa. Ler e escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
MOSS, Peter. Qual o futuro da relação entre Educação Infantil e ensino obrigatório? Cadernos de Pesquisa, São Paulo, vol. 41, n.o 142, p. 142-159, jan-abr/2011.