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1 APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA - E.E.E.P. OSMIRA EDUARDO DE CASTRO - MORADA NOVA/CE PROFº HECCTOR RODRIGO MAGALHÃES FREITAS - CREF 006283-G/CE 1. CAPACIDADES FÍSICAS BÁSICAS Para a prática de uma atividade física, coloca-se em jogo várias capacidades físicas. Capacidades físicas são ações musculares e processos motores que dizem respeito à formação corporal e a técnica de movimentos, ou seja, qualidades que fazem parte de nosso corpo, essenciais para uma vida ativa e saudável. Entre as capacidades físicas, podemos citar: a coordenação, a flexibilidade, resistência, velocidade, força, agilidade e equilíbrio. Cada um delas tem características, desenvolvimento e curiosidades muito peculiares. Quando assistimos ao desempenho de um atleta vencendo obstáculos, podemos ter certeza de que ele está utilizando uma ou mais capacidades físicas. Mas o cidadão que não pratica esporte de alto nível também deve melhorar o nível de suas capacidades físicas se estiver interessado em manter uma boa postura, resolver as tarefas do cotidiano ou mesmo praticar atividade física voltada para o lazer. (DARIDO E JUNIOR, 2007). 1.1 COORDENAÇÃO A coordenação motora é a capacidade do cérebro de equilibrar os movimentos do corpo, mais especificamente dos músculos e das articulações. Pode-se verificar o desempenho motor de uma pessoa através de sua agilidade, velocidade e energia. A coordenação motora é dividida em: Coordenação geral • Coordenação geral especifica • Coordenação fina Coordenação motora grossa ou geral - que visa utilizar os grandes músculos (esqueléticos) de forma mais eficaz tornando o espaço mais tolerável à dominação do corpo, de fora global mais eficiente, plástica e econômica. Este tipo de coordenação permite a criança ou adulto dominar o corpo no espaço, controlando os movimentos mais rudes. Ex: andar, pular, rastejar e etc. Coordenação geral especifica - permite controlar movimentos específicos de uma atividade. Ex: chutar uma bola (futebol), arremessar (basquete) e etc. Coordenação motora fina - que visa utilizar os pequenos músculos de forma mais eficaz tornando o ambiente controlável pelo corpo para o manuseio de objetos, produzindo assim movimentos delicados e específicos. Ex: recortar, lançar ao alvo, escrever, digitar e etc.

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Apostila de Educação Física do Professor Hecctor.

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APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA - E.E.E.P. OSMIRA EDUARDO DE CASTRO - MORADA NOVA/CE PROFº HECCTOR RODRIGO MAGALHÃES FREITAS - CREF 006283-G/CE

1. CAPACIDADES FÍSICAS BÁSICAS

Para a prática de uma atividade física, coloca-se em jogo várias capacidades físicas. Capacidades

físicas são ações musculares e processos motores que dizem respeito à formação corporal e a técnica de movimentos, ou seja, qualidades que fazem parte de nosso corpo, essenciais para uma vida ativa e saudável.

Entre as capacidades físicas, podemos citar: a coordenação, a flexibilidade, resistência, velocidade, força, agilidade e equilíbrio. Cada um delas tem características, desenvolvimento e curiosidades muito peculiares.

Quando assistimos ao desempenho de um atleta vencendo obstáculos, podemos ter certeza de que ele está utilizando uma ou mais capacidades físicas. Mas o cidadão que não pratica esporte de alto nível também deve melhorar o nível de suas capacidades físicas se estiver interessado em manter uma boa postura, resolver as tarefas do cotidiano ou mesmo praticar atividade física voltada para o lazer. (DARIDO E JUNIOR, 2007).

1.1 COORDENAÇÃO

A coordenação motora é a capacidade do cérebro de equilibrar os movimentos do corpo, mais especificamente dos músculos e das articulações. Pode-se verificar o desempenho motor de uma pessoa através de sua agilidade, velocidade e energia.

A coordenação motora é dividida em: • Coordenação geral • Coordenação geral especifica • Coordenação fina

Coordenação motora grossa ou geral - que visa utilizar os grandes músculos (esqueléticos) de forma mais eficaz tornando o espaço mais tolerável à dominação do corpo, de fora global mais eficiente, plástica e econômica. Este tipo de coordenação permite a criança ou adulto dominar o corpo no espaço, controlando os movimentos mais rudes.

Ex: andar, pular, rastejar e etc.

Coordenação geral especifica - permite controlar movimentos específicos de uma atividade. Ex: chutar uma bola (futebol), arremessar (basquete) e etc.

Coordenação motora fina - que visa utilizar os pequenos músculos de forma mais eficaz tornando o ambiente controlável pelo corpo para o manuseio de objetos, produzindo assim movimentos delicados e específicos.

Ex: recortar, lançar ao alvo, escrever, digitar e etc.

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1.2 FLEXIBILIDADE

Flexibilidade - É capacidade de aproveitar as possibilidades de movimentos articulares, os mais amplos possíveis, em todas as direções. Em diversos esportes e atividades físicas, pode-se perceber a influencia de flexibilidade na execução de movimentos.

Amplitude de Movimento - Dimensão do deslocamento do corpo ou de seus segmentos entre certos pontos, de orientação convencionalmente escolhida, expressada em graus e unidades lineares.

Mobilidade - Refere-se à amplitude de movimento permitida pela articulação em função de seus diversos componentes.

Elasticidade - Diz-se à capacidade de extensão elástica dos componentes. Plasticidade - É a capacidade dos elementos articulares de se distendem e não retornarem à sua

medida inicial. Em parte, no caso dos componentes articulares, a deformação é apenas temporária, porém, uma pequena parte das deformações plásticas ocorridas como resultado do treinamento de flexibilidade de alta intensidade são irreversíveis.

Porque a flexibilidade é importante?

• Para aumentar a qualidade e a quantidade dos movimentos;

• Melhora a postura corporal; • Diminui os riscos de lesões; • Favorecer a maior mobilidade nas atividades diárias e esportivas.

Ligamentos - tem baixo coeficiente de elasticidade e alto coeficiente de plasticidade. Tendões - tem baixo coeficiente de elasticidade e de plasticidade. Músculos - tem alto coeficiente de elasticidade, principalmente quando trabalhados para tal.

Obs.: - Geralmente quando os limites são superados em seus coeficientes de elasticidade e plasticidade, causa o rompimento das estruturas e o surgimento de lesões.

FATORES QUE LIMITAM A FLEXIBILIDADE

INFLUÊNCIAS INTERNAS INFLUÊNCIAS EXTERNAS

Tipo de articulação Temperatura ambiente

Resistência interna da articulação Hora do dia

Estrutura óssea que limita o movimento Idade

Elasticidade do tecido muscular Gênero (masculino ou feminino)

Elasticidade de tendões e ligamentos Roupa ou equipamentos inadequados

Elasticidade da pele Nível de condicionamento

Habilidade do músculo de contrair e relaxar de acordo com a intensidade do movimento

Habilidade particular em alguns movimentos

Temperatura das articulações associadas aos tecidos Recuperação da articulação ou músculo após uma lesão

Quanto a Flexibilidade:

A flexibilidade é bastante específica para cada articulação podendo variar de indivíduo para indivíduo e até no mesmo indivíduo com passar do tempo.

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Curiosidades e características da flexibilidade

A flexibilidade sofre a influencia de alguns fatores que podem ser caracterizados pela idade e pelo sexo. Do nascimento até a velhice, a flexibilidade tem picos e quedas. Nos bebês, as articulações não estão formadas por completo, por isso eles conseguem colocar os pés na boca.

Até a fase pré-púbere, a flexibilidade é grande. Na adolescência, há uma diminuição, que tende a se acentuar na fase adulta e na velhice.

As meninas, em geral, têm flexibilidade maior que os meninos, porque, entre outros fatores, elas tendem a ter uma quantidade menor de massa muscular, possibilitando uma maior mobilidade articular. Existem meninos com mais flexibilidade do que as meninas, mas é uma minoria.

Tipos de Flexibilidade:

1- Ativa - é a máxima amplitude que se pode obter através de movimentos efetuados pelos músculos de forma voluntária.

2- Passiva - é a máxima amplitude articular que se consegue em um movimento através da ação de uma segunda pessoa, aparelhos, força da gravidade, etc.

1.3 RESISTÊNCIA

Resistência – é a capacidade de realizar trabalho muscular com uma dada intensidade e durante um determinado período de tempo. O principal fator limitante e que simultaneamente afeta o resultado é a fadiga. Considera-se que um atleta tem uma boa resistência quando não se cansa facilmente ou ainda quando consegue continuar a realizar um determinado movimento em estado de fadiga. Dentro do complexo das capacidades motoras, a resistência é a capacidade que deve ser desenvolvida em primeiro. Sem uma boa resistência é difícil repetir suficientemente outros tipos de treino de modo a desenvolver outros componentes da aptidão física.

Tipos de resistências:

• Resistência aeróbica; • Resistência anaeróbica.

Resistência anaeróbia - É a capacidade de execução de determinada atividade com alta intensidade em um curto espaço de tempo, durante um período de tempo inferior a três minutos. O desenvolvimento da resistência anaeróbia em atletas de alto nível possibilita o prolongamento dos esforços máximos mantendo a velocidade e o ritmo do movimento, mesmo com o crescente débito de oxigênio, da conseqüente fadiga muscular e o aparecimento de uma solicitação mental progressiva.

Resistência aeróbia – Esse tipo de resistência permite manter o esforço de intensidade moderada durante longo tempo, com equilíbrio entre o que se capta de oxigênio e o que se consome.

A maratona, as corridas de longa distância do atletismo, como a prova de 10 mil metros, a marcha atlética, o triatlo, o duatlo, a natação de longa distância são exemplos de atividades físicas que requerem bons níveis de resistência aeróbia.

1.4 VELOCIDADE Velocidade – É a capacidade de execução de um movimento ou cobertura de

uma distância no menor tempo possível ou como a capacidade de realizar um esforço de máxima freqüência e amplitude de movimentos durante um tempo curto.

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Podemos observar a velocidade em muitas atividades esportivas e recreativas, assim como no nosso cotidiano. Nas atividades esportivas, a velocidade aparece no futebol, no atletismo, no basquete, no vôlei, na natação. Nas atividades recreativas, está em jogos como pega-pega, pique-bandeira. Em nosso cotidiano, aparecem situações como “atravessar a rua correndo”, “correr porque vai chover”.

A velocidade está dividida em três:

Velocidade de reação - “tempo requerido para ser iniciada

uma resposta a um estímulo específico”. Velocidade de deslocamento ou velocidade de

movimento - “A capacidade máxima de um indivíduo deslocar-se de um ponto para outro”, sendo importantíssima nos esportes coletivos e no Atletismo (provas de velocidade).

Velocidade de movimento dos membros (superiores ou inferiores) - “a habilidade de mover os braços ou pernas tão rápido quanto possível”.

1.5 FORÇA

Força - É a capacidade física que permite a um músculo ou um grupo de músculos produzir uma tensão e vencer uma resistência na ação de empurrar, tracionar, elevar, apertar, abaixar, segurar, etc.

Tipos de Força: A força nunca aparece sob uma forma pura, mas constantemente como uma combinação, ou mais ou menos como uma mistura de fatores físicos de condicionamento da “performance”. São elas:

Força dinâmica (isotônica) - É “o tipo de força que envolve as forças dos músculos nos membros em movimentos repetidos durante um período de tempo”.

Força de explosão (potência) - É a capacidade que o sistema neuromuscular tem de superar resistências com a maior velocidade de contração possível. Esta combinação de velocidade de contração muscular e velocidade de movimento designam-se freqüentemente potência.

Força estática (isométrica) - É “o tipo de força que explica o fato de haver força produzindo calor, e não havendo produção de trabalho em forma de movimento”.

1.6 AGILIDADE

Agilidade - É a capacidade de deslocar o corpo no espaço o mais rápido possível, mudando o centro de gravidade de posição, sem perder o equilíbrio e a coordenação dos movimentos.

A agilidade aparece muito nas atividades esportivas e recreativas, assim como em movimentos relacionados ao nosso dia-a-dia. Por exemplo: nos esporte – basquete, esgrima, boxe, vôlei, tênis, futsal, futebol americano; nas atividades recreativas – pega-pega, queimada, pique-bandeira; nas atividades do cotidiano – o desviar de algum objeto lançado em nossa direção.

1.7 EQUILÍBRIO

Equilíbrio - É uma das capacidades físicas mais importantes e precisamos dele em diferentes situações: ficar em pé, andar, andar de bicicleta, de patins, de skate, etc.

É a capacidade de manter o corpo estável em uma posição estática ou em movimento.

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Os principais órgãos responsáveis pelo equilíbrio são o labirinto do ouvido interno e o cerebelo, que tem influência no equilíbrio por ser responsável pela coordenação de todos os movimentos.

A posição da cabeça nas atividades é importante para a manutenção ou perda do equilíbrio. Observe uma bailarina quando faz giros, ela está sempre olhando para um ponto fixo e só gira a cabeça após o corpo girar, sem tirar o olho do ponto.

Há alguns tipos de equilíbrio. O equilíbrio dinâmico é aquele que o indivíduo mantém equilibrando-se durante um movimento. Por exemplo, quando andamos de bicicleta, quando andamos em um muro, quando corremos. O equilíbrio estático é a capacidade de equilibrar-se em uma posição estática, sem movimento. Esse equilíbrio está presente ao ficarmos de pé por exemplo. O equilíbrio de recuperação é a capacidade de recuperar o equilíbrio em uma posição específica, após sofrer um desequilíbrio. Por exemplo, quando um ginasta sai da barra fixa, ou cavalo, após um salto, e tem que cair de pé, sem mover os dois pés para frente ou para trás. Atividade: 1. Marque V para afirmativa verdadeira e F para afirmativa falsa:

a) O desenvolvimento da força depende de alguns fatores, dentre eles, a idade e o sexo. ( ) b) A força aumenta desde o nascimento até a idade adulta, diminuindo na velhice. ( ) c) Existem mulheres “mais fortes” do que os homens. ( ) d) Pessoas altas são sempre mais fortes do que as mais “baixinhas”. ( ) e) Na maioria dos casos, os homens são mais fortes que as mulheres, em virtude da diferença de

massa muscular. ( ) f) A flexibilidade diminui com a idade. ( ) g) Exercícios de alongamento são importantes no ganho da flexibilidade. ( ) h) As moças, geralmente, têm mais flexibilidade do que os rapazes. ( ) i) A flexibilidade é uma capacidade física não treinável. ( ) j) As capacidades físicas só são necessárias para atletas. ( )

2. Assinale a segunda coluna de acordo com a primeira (deve-se analisar a capacidade física que está sendo mais exigida):

( 1 ) Resistência ( 2 ) Velocidade ( 3 ) Força ( 4 ) Agilidade ( 5 ) Flexibilidade ( 6 ) Equilíbrio ( 7 ) Coordenação

( ) Escrever uma carta ( ) Exercícios de alongamento ( ) Correr por 10 km ( ) Desviar de um soco no boxe ( ) 50 metros livre na natação ( ) Deslocar uma TV da sala ao quarto ( ) Fazer uma faxina completa em casa ( ) Andar sobre um muro ( ) Dar uma finta no basquete ( ) 100 metros rasos no atletismo ( ) Ficar em pé por 30 minutos na fila do banco

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2. INTRODUÇÃO AOS PRIMEIROS SOCORROS

O corpo de bombeiros define socorros de urgência, ou primeiros socorros, como as medidas inicialmente tomadas por alguém que esteja qualificado para prestar o socorro, a fim de manter os sinais vitais e evitar o agravamento de lesões já existentes em uma pessoa que esteja fora do ambiente hospitalar.

Já segundo a Cruz Vermelha Americana, socorros de urgência são os cuidados imediatamente prestados a quem esteja lesionado ou subitamente adoecido. Quem presta os socorros de urgência precisa saber também que encorajar aquele que recebe os socorros, com palavras tranquilizadoras e motivadoras, que demonstrem sua competência para socorrer.

Assim, quem presta socorros deve saber o que fazer e o que não fazer, evitando os erros frequentemente cometidos por quem não está preparado para lidar com situações de urgência. A diferença entre a vida e a morte (em casos mais extremos) ou entre uma rápida recuperação ou um longo período de hospitalização e tratamento pode depender da qualidade dos conhecimentos sobre socorros de urgência daquele que presta esse atendimento.

Quando estamos em uma atividade corporal, seja em uma aula de educação física na escola, seja uma atividade esportiva ou recreativa, o risco de ocorrer uma lesão ou um acidente está sempre presente. Em tais situações, precisamos saber como fazer para prestar socorro a quem está lesionado, acidentado ou subitamente se sente mal.

Toda pessoa que for realizar o atendimento pré hospitalar (APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve antes de tudo, atentar para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a outras pessoas, não justifica a tomada de atitudes inconseqüentes, que acabem transformando-o em mais uma vítima.

A seriedade e o respeito são premissas básicas para um bom atendimento de APH (primeiros socorros). Para tanto, evite que a vítima seja exposta desnecessariamente e mantenha o devido sigilo sobre as informações pessoais que ela lhe revele durante o atendimento.

Quando se está lidando com vidas, o tempo é um fator que não deve ser desprezado em hipótese alguma. A demora na prestação do atendimento pode definir a vida ou a morte da vítima, assim como procedimentos inadequados. Importante lembrar que um ser humano pode passar até três semanas sem comida, uma semana sem água, porém, pouco provável, que sobreviva mais que cinco minutos sem oxigênio. 2.1 ALGUNS CONCEITOS APLICADOS AOS PRIMEIROS SOCORROS Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa, fora do ambiente hospitalar, cujo estado físico, psíquico e ou emocional coloquem em perigo sua vida ou sua saúde, com o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de suas condições (estabilização), até que receba assistência médica especializada. Prestador de socorro: Pessoa leiga, mas com o mínimo de conhecimento capaz de prestar atendimento à uma vítima até a chegada do socorro especializado.

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Socorrista: É a pessoa tecnicamente capacitada para, com segurança, avaliar e identificar problemas que comprometam a vida. Cabe ao socorrista prestar o adequado socorro pré-hospitalar e o transporte do paciente sem agravar as lesões já existentes. Manutenção da Vida: Ações desenvolvidas com o objetivo de garantir a vida da vítima, sobrepondo à "qualidade de vida". Qualidade de Vida: Ações desenvolvidas para reduzir as seqüelas que possam surgir durante e após o atendimento. Urgência: Estado grave, que necessita atendimento médico, embora não seja necessariamente uma emergência. Ex: contusões leves, entorses, luxações. Emergência: Estado que necessita de encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é encontrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível. Ex: Parada Cardiorrespiratória e hemorragias graves. Acidente: Fato do qual resultam pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de atendimento. Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resulta pessoas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco futuro. Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima. Sintoma: É informação a partir de um relato da vítima.

Acidentes ocorrem a qualquer hora, em qualquer lugar e com qualquer pessoa. Devemos estar

preparados para enfrentá-los, e da melhor maneira possível.

2.2 OMISSÃO DE SOCORRO

Deixar de prestar socorro, ou seja, não dar nenhuma assistência a vítima de acidente ou a pessoa em perigo iminente podendo fazê-lo, é crime segundo o artigo 135 do Código Penal Brasileiro.

A omissão ou a falta de um pronto atendimento eficiente são os principais motivos de mortes ou danos irreversíveis em vítimas de acidentes de trânsito. 2.3 OBJETIVOS DOS PRIMEIROS SOCORROS:

Preservar a vida; Reduzir o sofrimento; Prevenir complicações; Proporcionar transporte adequado, possibilitando melhores condições para receber o tratamento

definitivo. 2.4 ATITUDES BÁSICAS Para que se possa realizar o primeiro atendimento a uma vítima, é necessário algumas atitudes, como:

Seriedade, compreensão e confiança; Manter a calma de si mesmo e das outras pessoas; Agilidade; Bom senso; Conhecimento técnico e científico; Agir com segurança para não se tornar outra vítima; Improviso; Jamais ultrapassar os limites de atuação; Não levar a mão à boca e olhos sem antes lavar com água e sabão; Utilizar luvas de borracha no atendimento;

Lembre-se!!!

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2.5 OS 10 MANDAMENTOS DO SOCORRISTA 1º - Mantenha a calma; 2º - Tenha em mente a seguinte ordem de segurança quando você estiver prestando socorro: primeiro

eu (o socorrista), depois minha equipe (incluindo os transeuntes) e por ultimo a vítima. Isso parece ser contraditório à primeira vista, mas tem o intuito básico de não gerar novas vítimas; 3º - Ao prestar socorro, é fundamental ligar para o atendimento pré-hospitalar assim que chegar ao local do acidente. Podemos, por exemplo, discar 193 (número do corpo de bombeiros); 4º - sempre verificar se há riscos no local, para você e sua equipe, antes de agir no acidente; 5º - Mantenha sempre o bom-senso; 6º - Mantenha o espírito de liderança, pedindo ajuda e afastando os curiosos; 7º - Distribua tarefas, assim, os transeuntes que lhe atrapalhariam o ajudará e se sentirão mais úteis; 8º - Evite manobras intempestivas (realizar de forma imprudente, com pressa); 9º - Em caso de múltiplas vítimas, dê preferência aquelas que correm maior risco de vida como, por exemplo, vítimas em parada cardiorrespiratória ou que estejam sangrando muito; 10º - Seja socorrista e não um herói (lembre-se do 2º mandamento).

2.6 ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS

Enquanto o socorro especializado não chegar, devemos tomar algumas precauções básicas. Antes de qualquer procedimento, avaliar a cena do acidente e observar se ela pode oferecer riscos,

para o acidentado e para você. EM HIPÓTESE NENHUMA PONHA SUA PRÓPRIA VIDA EM RISCO. Existem critérios internacionalmente aceitos, no que se refere a abordagem (atendimento) da

vítima. As etapas principais são as seguintes: 2.6.1 PRINCIPAIS ETAPAS

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

Consiste na primeira avaliação feita ao chegar ao local do acidente, antes de se iniciar o socorro: 1º Avaliar o Local

É importante observar rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o socorro nas proximidades da ocorrência. Por exemplo:

Fios elétricos soltos e desencapados; tráfego de veículos; andaimes; vazamento de gás; máquinas funcionando; risco de desmoronamento, explosão, queda de objetos, etc.;

Assumir o controle da situação; Evitar o pânico e afastar os curiosos.

2º Avaliar a Vítima - o estado que ela se encontra:

Neste momento deverá ser feito um rápido exame da vítima, obedecendo a uma sequência padronizada e corrigindo imediatamente os problemas encontrados. O exame deverá ser feito rigorosamente nessa seqüência: O “ABCDE” da vida.

A - Abertura das vias aéreas com controle cervical - Estão desobstruídas? Existe lesão da cervical? B - Boa ventilação, respiração - Está adequada? C - Circulação, hemorragia e controle do choque - Existe pulso palpável? Há hemorragias graves? D - Distúrbio neurológico, nível de consciência; E - Exposição e proteção da vítima

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AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA É realizado após a estabilização dos sinais vitais da vítima. Consiste em uma avaliação minuciosa,

a qual se inicia na cabeça e vai até os pés, na parte anterior (frente) e posterior (costas), identificando lesões que apesar de sua gravidade não colocam a vítima em risco iminente de morte. 2.6.2 CLASSIFICAÇÃO DA VÍTIMA

Pelo histórico do acidente deve-se observar indícios que possam ajudar ao prestador de socorro

classificar a vítima como clínica ou traumática. Vítima Clínica: apresenta sinais e sintomas de disfunções com natureza fisiológica, como doenças, etc. Vítima de Trauma: apresenta sinais e sintomas de natureza traumática, como possíveis fraturas. Devemos nesses casos atentar para a imobilização e estabilização da região suspeita de lesão. 2.7 SINAIS VITAIS - FORMAS DE CHECAGEM: "VER / OUVIR / SENTIR"

Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos ou indícios que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os sinais sobre o funcionamento do corpo humano que devem ser compreendidos e conhecidos são:

Temperatura (precisa de instrumental específico) Pulso - braquial e carotídeo Respiração - geralmente usa-se o dorso da mão para sentir Pressão arterial (precisa de instrumental específico)

Parâmetros considerados normais para sinais vitais.

Temperatura: 36.5º C; Pulso: 60 a 100 bpm; FR: 12 a 20 ipm; P.A: 120 x 80 mmHg.

Os sinais vitais são sinais que podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se assim, que na

ausência deles, existem alterações nas funções vitais do corpo 2.7.1 TEMPERATURA CORPORAL

A temperatura resulta do equilíbrio térmico mantido entre o ganho e a

perda de calor pelo organismo. A temperatura é um importante indicador da atividade metabólica, já que o calor obtido nas reações metabólicas se propaga pelos tecidos e pelo sangue circulante.

A temperatura do corpo humano está sujeita a variações individuais e a flutuações devido a fatores fisiológicos como: exercícios, digestão, temperatura ambiente e estado emocional. A avaliação diária da temperatura de uma pessoa em perfeito estado de saúde nunca é maior que um grau Celsius, sendo mais baixa pela manhã e um pouco elevada no final da tarde. Existe pequena elevação de temperatura nas mulheres após a ovulação, no período menstrual e no primeiro trimestre da gravidez.

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Nosso corpo tem uma temperatura média normal que varia de 36 a 37ºC. A avaliação da temperatura é uma das maneiras de identificar o estado de uma pessoa, pois em algumas emergências a temperatura muda muito.

O sistema termorregulador trabalha estimulando a perda de calor em ambientes de calor excessivo e acelerando os fenômenos metabólicos no frio para compensar a perda de calor. Graças a isto, o homem é um ser homeotérmico que, ao contrário de outros animais, mantêm a temperatura do corpo constante a despeito de fatores externos.

VARIAÇÃO DE TEMPERATURA DO CORPO

ESTADO TÉRMICO TEMPERATURA (ºC) Sub-normal 34-36

Normal 36-37

Estado febril 37-38

Febre 38-39

Febre alta (pirexia) 39-40

Febre muito alta (hiperpirexia) 40-41

Perda de Calor

O corpo humano perde calor através de vários processos que podem ser classificados da seguinte maneira:

Eliminação - fezes, urina, saliva, respiração. Evaporação - a evaporação pela pele (perda passiva) associada à eliminação permitirá a perda de calor em elevadas temperaturas. Condução - é a troca de calor entre o sangue e o ambiente. Quanto maior é a quantidade de sangue que circula sob a pele maior é a troca de calor com o meio. O aumento da circulação explica o avermelhamento da pele (hipermia) quando estamos com febre.

Verificação da Temperatura

Oral ou bucal - Temperatura média varia de 36,2 a 37ºC. O termômetro deve ficar por cerca de três minutos, sob a língua, com o paciente sentado, semi-sentado (reclinado) ou deitado.

Não se verifica a temperatura de vítimas inconscientes, crianças depois de ingerirem líquidos (frios ou quentes) após a extração dentária ou inflamação na cavidade oral.

Axilar - Temperatura média varia de 36 a 36,8ºC. A via axilar é a mais sujeita a fatores externos. O termômetro deve ser mantido sob a axila seca, por 3 a 5 minutos, com o acidentado sentado, reclinado ou deitado.

Não se verifica temperatura em vítimas de queimaduras no tórax, processos inflamatórios na axila ou fratura dos membros superiores.

Retal - Temperatura média varia de 36,4 a 37ºC. O termômetro deverá ser lavado, seco e lubrificado com vaselina e mantido dentro do reto por 3 minutos com o acidentado em decúbito lateral, com a flexão de um membro inferior sobre o outro.

Não se verifica a temperatura retal em vítimas que tenham tido intervenção cirúrgica no reto, com abscesso retal ou perineorrafia.

A verificação da temperatura retal é a mais precisa, pois é a que menos sofre influência de fatores externos.

O instrumento padrão para a medida da temperatura corpórea é o termômetro clínico de vidro com mercúrio. Em nosso meio, o método mais aceito é a temperatura axilar o que satisfaz plenamente aos propósitos clínicos. Vários instrumentos podem ser usados para a avaliação da temperatura da pele. A literatura internacional adota a medida da temperatura retal ou oral.

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2.7.2 PULSO

O pulso é a onda de distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o coração exerce sobre o sangue. Esta onda é perceptível pela palpação de uma artéria e se repete com regularidade, segundo as batidas do coração.

Existe uma relação direta entre a temperatura do corpo e a freqüência do pulso. Em geral, exceto em algumas febres, para cada grau de aumento de temperatura existe um aumento no número de pulsações por minuto (cerca de 10 pulsações).

O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua freqüência, regularidade, tensão e volume.

a) Regularidade (alteração de ritmo) Pulso rítmico: normal Pulso arrítmico: anormal

b) Tensão c) Freqüência - Existe uma variação média de acordo com a idade como pode ser visto no Quadro abaixo.

PULSO NORMAL FAIXA ETÁRIA

60-100 bpm Adultos

80-90 bpm Crianças acima de 7 anos

80-120 bpm Crianças de 1 a 7 anos

110-130 bpm Crianças abaixo de um ano

130-160 bpm Recém-nascidos

d) Volume - Pulso cheio: normal

Pulso filiforme (fraco): anormal

A alteração na freqüência do pulso denuncia alteração na quantidade de fluxo sanguíneo. As causas fisiológicas que aumentam os batimentos do pulso são: digestão, exercícios físicos,

banho frio, estado de excitação emocional e qualquer estado de reatividade do organismo. No desmaio / síncope as pulsações diminuem. Através do pulso ou das pulsações do sangue dentro do corpo, é possível avaliar se a circulação e

o funcionamento do coração estão normais ou não. Pode-se sentir o pulso com facilidade: Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada. Usar o dedo indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida para sentir o pulso, fazendo uma

leve pressão sobre qualquer um dos pontos onde se pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa.

Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias pulsações. Contar no relógio as pulsações num período de 60 segundos. Neste período deve-se procurar

observar a regularidade, a tensão, o volume e a freqüência do pulso. Existem no corpo vários locais onde se podem sentir os pulsos da corrente sanguínea.

Recomenda-se não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isto pode impedir que se percebam os

batimentos.

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O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Usar as pontas de 2 a 3 dedos levemente sobre o pulso da pessoa do lado correspondente ao polegar, conforme a figura abaixo.

O pulso carotídeo é o pulso sentido na artéria carótida que se localiza de cada lado do pescoço.

Posicionam-se os dedos sem pressionar muito para não comprimir a artéria e impedir a percepção do pulso.

Do ponto de vista prático, a artéria radial e carótida são mais fáceis para a localização do pulso, mas há outros pontos que não devem ser descartados.

2.7.3 RESPIRAÇÃO

A respiração é uma das funções essenciais à vida. É através dela que o corpo promove permanentemente o suprimento de oxigênio necessário ao organismo, vital para a manutenção da vida.

A respiração é comandada pelo Sistema Nervoso Central. Seu funcionamento processa-se de maneira involuntária e automática. É a respiração que permite a ventilação e a oxigenação do organismo e isto só ocorre através das vias aéreas desimpedidas.

A observação e identificação do estado da respiração de um acidentado de qualquer tipo de afecção é conduta básica no atendimento de primeiros socorros. Muitas doenças, problemas clínicos e acidentes de maior ou menor proporção alteram parcialmente ou completamente o processo respiratório.

Fatores diversos como secreções, vômito, corpo estranho, edema e até mesmo a própria língua podem ocasionar a obstrução das vias aéreas. A obstrução produz asfixia que, se prolongada, resulta em parada cardiorrespiratória.

O processo respiratório manifesta-se fisicamente através dos movimentos ritmados de inspiração e expiração. Na inspiração existe a contração dos músculos que participam do processo respiratório, e na expiração estes músculos relaxam-se espontaneamente. Quimicamente existe uma troca de gazes entre os meios externos e internos do corpo. O organismo recebe oxigênio atmosférico e elimina dióxido de carbono. Esta troca é a hematose, que é a transformação, no pulmão, do sangue venoso em sangue arterial.

Deve-se saber identificar se a pessoa está respirando e como está respirando. A respiração pode ser basicamente classificada por tipo e freqüência.

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A freqüência da respiração é contada pela quantidade de vezes que uma pessoa realiza os movimentos combinados de inspiração e expiração em um minuto. Para se verificar a freqüência da respiração, conta-se o número de vezes que uma pessoa realiza os movimentos respiratórios: 01 inspiração + 01 expiração = 01 movimento respiratório.

A contagem pode ser feita observando-se a elevação do tórax se o acidentado for mulher ou do abdome se for homem ou criança. Pode ser feita ainda contando-se as saídas de ar quente pelas narinas.

A freqüência média por minuto dos movimentos respiratórios varia com a idade. Por exemplo: um adulto possui um valor médio respiratório de 12 - 20 respirações por minuto.

FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA (VALORES NORMAIS)

FAIXA ETÁRIA FREQUENCIA RESPIRATÓRIA (ipm)

Recém nascido 30-60

Lactente 24-40

Pré-escolar 22-34

Escolar 18-30

Adolescente 12-16

Adulto 12-20 TIPOS DE RESPIRAÇÃO

Eupnéia - Respiração que se processa por movimentos regulares, sem dificuldades, na freqüência média.

Apnéia - É a ausência dos movimentos respiratórios, equivale à parada respiratória. Dispnéia - Dificuldade na execução dos movimentos respiratórios. Bradpnéia - Diminuição na frequência média dos movimentos respiratórios. Taquipnéia - Aceleração dos movimentos respiratórios. Ortopnéia - O acidentado só respira sentado. Hiperpnéia ou hiperventilação - É quando ocorre o aumento da freqüência e da profundidade

dos movimentos respiratórios.

Fatores fisiopatológicos podem alterar a necessidade de oxigênio ou a concentração de gás carbônico no sangue. Isto contribui para a diminuição ou o aumento da freqüência dos movimentos respiratórios. A nível fisiológico os exercícios físicos, as emoções fortes e banhos frios tendem a aumentar a freqüência respiratória. Em contra partida o banho quente e o sono a diminuem. 2.7.4 PRESSÃO ARTERIAL

A pressão arterial é a pressão do sangue, que depende da força de

contração do coração, do grau de distensibilidade do sistema arterial, da quantidade de sangue e sua viscosidade.

Uma pessoa com hipertensão deverá ser mantida com a cabeça elevada; deve ser acalmada; reduzir a ingestão de líquidos e sal e ficar sob observação permanente até a chegada do médico. No caso do hipotenso, deve-se promover a ingestão de líquidos com pitadas de sal, deitá-lo e chamar um médico.

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É importante perguntar à vítima sua pressão arterial e passar essa informação ao profissional que for prestar o socorro especializado.

CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL (> 18 ANOS DE IDADE)

PAD (mmHg) PAS (mmHg) CLASSIFICAÇÃO

<85 < 130 Normal

85-89 130-139 Normal limítrofe

90-99 140-159 Hipertensão leve (estágio 1)

100-109 160-179 Hipertensão moderada (estágio 2)

≥ 110 ≥ 180 Hipertensão grave (estágio 1)

< 90 ≥ 140 Hipertensão Sistólica isolada

2.8 SINAIS DE APOIO

Além dos sinais vitais do funcionamento do corpo humano, existem outros que devem ser observados para obtenção de mais informações sobre o estado de saúde de uma pessoa. São os sinais de apoio; sinais que o corpo emite em função do estado de funcionamento dos órgãos vitais.

Os sinais de apoio podem ser alterados em casos de hemorragia, parada cardíaca ou uma forte batida na cabeça, por exemplo. Os sinais de apoio tornam-se cada vez mais evidentes com o agravamento do estado do acidentado. Os principais sinais de apoio são:

Dilatação e reatividade das pupilas Cor e umidade da pele Estado de consciência Motilidade e sensibilidade do corpo

2.8.1 DILATAÇÃO E REATIVIDADE DAS PUPILAS

A pupila é uma abertura no centro da íris - a parte colorida do olho - e sua função principal é controlar a entrada de luz no olho para a formação das imagens que vemos. A pupila exposta à luz se contrai. Quando há pouca ou quase nenhuma luz a pupila se dilata, fica aberta. Quando a pupila está totalmente dilatada, é sinal de que o cérebro não está recebendo oxigênio, exceto no uso de colírios midriáticos ou certos envenenamentos.

A dilatação e reatividade das pupilas são um sinal de apoio importante. Muitas alterações do organismo provocam reações nas pupilas. Certas condições de "stress", tensão, medo e estados de pré-choque também provocam consideráveis alterações nas pupilas.

Devemos observar as pupilas de uma pessoa contra a luz de uma fonte lateral, de preferência com o ambiente escurecido. Se não for possível deve-se olhar as pupilas contra a luz ambiente.

MIOSE – Pupilas contraídas, sem reação a luz Lesões no sistema nervoso central. Abuso de drogas

ANISOCORICA – Pupilas assimétricas (uma dilatada e outra contraída) Acidente vascular cerebral - AVC, Traumatismo crânio encefálico - TCE.

MIDRIASE – Pupilas dilatadas Ambiente com pouca luz, anóxia ou hipóxia severa, inconsciência, estado de choque, parada cardíaca, hemorragia, TCE.

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2.8.2 COR E UMIDADE DA PELE A cor e a umidade da pele são também sinais de apoio muito útil no reconhecimento do estado

geral de um acidentado. Uma pessoa pode apresentar a pele pálida, cianosada ou hiperemiada (avermelhada e quente).

A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas extremidades dos membros, onde as alterações se manifestam primeiro. A pele pode também ficar úmida e pegajosa. Pode-se observar estas alterações melhor no antebraço e na barriga.

ALTERAÇÕES ORGÂNICAS QUE PROVOCAM ALTERAÇÕES NA COR E UMIDADE DA PELE

ALTERAÇÃO OCORRÊNCIA

Cianose (pele azulada) Exposição ao frio, parada cardiorrespiratória, estado de choque,

morte.

Palidez Hemorragia, parada cardiorrespiratória, exposição ao frio,

extrema tensão emocional, estado de choque.

Hiperemia (pele vermelha e quente)

Febre, exposição a ambientes quentes, ingestão de bebidas alcoólicas, queimaduras de primeiro grau, traumatismo.

Pele fria e viscosa ou úmida e pegajosa Estado de choque

2.8.3 Estado de Consciência

Este é outro sinal de apoio importante. A consciência plena é o estado em que uma pessoa mantém o nível de lucidez que lhe permite perceber normalmente o ambiente que a cerca, com todos os sentidos saudáveis respondendo aos estímulos sensoriais.

Quando se encontra um acidentado capaz de informar com clareza sobre o seu estado físico, pode-se dizer que esta pessoa está perfeitamente consciente. Há, no entanto, situações em que uma pessoa pode apresentar sinais de apreensão excessiva, olhar assustado, face contraída e medo. Esta pessoa certamente não estará em seu pleno estado de consciência.

Uma pessoa pode estar inconsciente por desmaio, estado de choque, estado de coma, convulsão, parada cardíaca, parada respiratória, alcoolismo, intoxicação por drogas e uma série de outras circunstâncias de saúde e lesão.

No desmaio há uma súbita e breve perda de consciência e diminuição do tônus muscular. Já o estado de coma é caracterizado por uma perda de consciência mais prolongada e profunda, podendo o acidentado deixar de apresentar gradativamente reação aos estímulos dolorosos e perda dos reflexos.

2.8.4 Motilidade e Sensibilidade do Corpo

Qualquer pessoa consciente que apresente dificuldade ou incapacidade de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo está obviamente fora de seu estado normal de saúde. A capacidade de mover e sentir partes do corpo são um sinal que pode nos dar muitas informações.

Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos movimentos, pode-se suspeitar de uma paralisia da área que deveria ser movimentada. A incapacidade de mover o membro superior depois de um acidente pode indicar lesão do nervo do membro. A incapacidade de movimento nos membros inferiores pode indicar uma lesão da medula espinhal.

O desvio da comissura labial (canto da boca) pode estar a indicar lesão cerebral ou de nervo periférico (facial). Pede-se à vítima que sorria. Sua boca sorrirá torta, só de um lado.

Pedir à vítima de acidente traumático que movimente os dedos de cada mão, a mão e os membros superiores, os dedos de cada pé, o pé e os membros inferiores

Quando um acidentado perde o movimento voluntário de alguma parte do corpo, geralmente ela também perde a sensibilidade no local.

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Muitas vezes, porém, o movimento existe, mas o acidentado reclama de dormência e formigamento nas extremidades. É muito importante o reconhecimento destas duas situações, como um indício de que há lesão na medula espinhal. É importante, também, nestes casos tomar muito cuidado com o manuseio e transporte do acidentado para evitar o agravamento da lesão. Convém ainda lembrar que o acidentado de histeria, alcoolismo agudo ou intoxicação por drogas, mesmo que sofra acidente traumático, pode não sentir dor por várias horas.

A verificação rápida e precisa dos sinais vitais e dos sinais de apoio é uma chave importante para o desempenho de primeiros socorros. O reconhecimento destes sinais dá suporte, rapidez e

agilidade no atendimento e salvamento de vidas.

DICAS IMPORTANTES!!!

Toda vítima de trauma possui lesão cervical até provar o contrário! O estado de uma vítima é inversamente proporcional ao número de informações obtidas pelo socorrista.

Não se administra nada via oral para vítimas inconscientes!

Atividade:

1. Uma das ações do socorrista para manter a vítima viva é a estabilização dos seus sinais vitais. Cite quais são esses sinais: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Antes de proceder à avaliação secundária, o socorrista deverá realizar: a) O transporte, não se preocupando com qualquer análise. b) A avaliação secundária. c) A pesquisa do ambiente onde ocorreu o acidente, relacionando-o com os problemas da vítima. d) A avaliação primária, afastando todos os perigos que ameaçam a vida

3. Dentre os objetivos dos primeiros socorros estão: a) Preservar a vida. b) Manter a vítima sofrendo. c) Prevenir complicações. d) Proporcionar transporte adequado e) Os itens a, c e d estão corretas.

4. Midríase é o estado em que as pupilas encontram-se: a) Contraídas. b) Normais. c) Dilatadas. d) Assimétricas.

5. Existem no corpo vários locais onde se podem sentir os pulsos da corrente sanguínea, cite os dois principais. 1 _____________________________________ 2 ____________________________________

6. Ao observar uma pessoa que acaba de acidentar-se o socorrista percebe que a vítima encontra-se em apnéia respiratória, isso significa que:

a) A respiração apresenta movimentos regulares, sem dificuldades, na freqüência média. b) Há uma ausência dos movimentos respiratórios. c) Há uma diminuição na frequência média dos movimentos respiratórios. d) Há uma dificuldade na execução dos movimentos respiratórios.

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3. POSTURA CORPORAL – COLUNA VERTEBRAL

A inteligência e a capacidade de deslocamento e movimentação, executando tarefas com precisão,

entre outros aspectos, é o que diferencia o ser humano de outros seres vivos. Com exceção da visão, nem mesmo os outros sentidos como o olfato e a audição são tão

importantes para uma vida saudável como a motricidade da coluna e membros. A coluna vertebral suporta o peso do corpo, contém e protege a medula espinhal que conduz todos

os estímulos nervosos do cérebro para os membros superiores, tronco e membros inferiores, permitindo e controlando todas as funções musculoesqueléticas, viscerais do abdômen e estrutural do tórax (pulmão e coração).

Qualquer doença que comprometa a coluna vertebral pode colocar em risco todas as estruturas e funções descritas. Na prática, os principais problemas da coluna vertebral são os degenerativos (desgastes) dos discos e articulações da coluna. Com o passar dos anos, o efeito da má postura, ganho de peso corporal, levantar e carregar pesos e a falta de condicionamento físico podem desencadear problemas na coluna.

O conhecimento da anatomia da coluna, como ela funciona, a importância de uma postura correta e de técnicas adequadas para a realização de esforços ou de levantar pesos, pode prevenir e proteger a coluna de lesões.

O reforço muscular, através de exercícios adequados e condicionamento físico, também são úteis na prevenção de desgastes e lesões tanto no trabalho quanto fora dele.

A coluna vertebral é parte subcranial do esqueleto axial. De forma muito simplificada, é uma haste firme e flexível, constituída de elementos individuais unidos entre si por articulações, conectados por fortes ligamentos e suportados dinamicamente por uma poderosa massa musculotendinosa. 3.1 ASPECTOS GERAIS 3.1.1 ARRANJO ANATÔMICO GERAL DE COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é uma série de ossos individuais – as vértebras – que ao serem articulados constituem o eixo central esquelético do corpo. A coluna vertebral é flexível porque as vértebras são móveis, mas a sua estabilidade depende principalmente dos músculos e ligamentos. Embora seja uma entidade puramente esquelética, do ponto de vista prático, quando nos referimos à “coluna vertebral”, na verdade estamos também nos referindo ao seu conteúdo e aos seus anexos, que são os músculos, nervos e vasos

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com ela relacionados. Seu comprimento é de aproximadamente dois quintos da altura total do corpo. A coluna vertebral, sob o ponto de vista de engenharia, é de uma constituição perfeita. Imaginem a

coluna de um prédio que tivesse que suportar toda a estrutura e ao mesmo tempo tivesse que movimentar esse prédio. Seria "impossível". Mas a espinha faz isso.

Constituição óssea - A coluna é formada de 33 ossos que são chamados vértebras e está dividida em 4 regiões: a região cervical (pescoço), com 7 vértebras; a torácica ou dorsal, com 12; a lombar, com 5; a região sacra, com 5 vértebras que se fundiram num só osso chamado sacro, e a região do cóccix, com 3 ou 4 vértebras, que também se fundiram em um só osso, o cóccix. É a região sacrococcigeana.

As vértebras tornam-se progressivamente maiores na direção inferior até o sacro, tornando-se a partir daí sucessivamente menores. 3.1.2 REGIÕES DA COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral do adulto apresenta quatro curvaturas: cervical, torácica, lombar e sacral. Essas curvaturas ajudam a centralizar a cabeça sobre o corpo, proporcionando um equilíbrio para andar na posição ereta. É também a responsável pela proteção da Medula Espinhal. Esta estrutura (medula) é de vital importância no organismo humano, pois todo o comando do Sistema Nervoso depende da integridade medular, que está contido dentro do canal vertebral.

1. Cervical: constitui o esqueleto axial do pescoço e suporte da cabeça.

2. Torácica: suporta a cavidade torácica.

3. Lombar: suporta a cavidade abdominal e permite mobilidade entre a parte torácica do tronco e a pelve.

4. Sacral: une a coluna vertebral à cintura pélvica.

5. Coccígea: é uma estrutura rudimentar em humanos, mas possui função no suporte do assoalho pélvico.

Como já vimos, a coluna é um eixo central do corpo humano, portanto ela apresenta uma série de

curvaturas conforme a nossa postura, por isso, quanto mais errado a postura, mais deformidades ocorrerão na coluna, podendo ocasionar serias lesões, como a hérnia de disco, osteófitos (bico de papagaio), escoliose, lordose, cifose, gibosidade (corcunda), etc.

A maioria destes desvios da coluna causa pinçamento de nervos que partem de dentro da coluna. O mais famoso deles é o nervo ciático (popularmente chamada de dor ciática).

Diversos fatores podem interferir para o desenvolvimento destas lombalgias, tais como: dormir em posição errada, carregar objetos de forma incorreta, posturas inadequadas, movimentos bruscos, entre outros.

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3.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS POSTURAIS

A coluna vertebral possui 3 tipos de curvas: a lordose, a cifose e a escoliose . A lordose é presente na coluna cervical e na coluna lombar e a cifose é presente na coluna torácica. A presença dessas duas curvas é NORMAL nesses níveis ao lado, fazendo parte das curvaturas normais da coluna. Apenas em casos em que a lordose e a cifose aparecem em grau aumentado é que são consideradas anormais e devem ser investigadas.

O aumento acentuado (anormal) do grau da cifose e da lordose são denominados de:

• Hipercifose; • Hiperlordose. • A Escoliose é sempre uma curva anormal.

3.2.1 ESCOLIOSE Definição

A escoliose é uma ou mais curvaturas laterais anormal, que atinge geralmente as vértebras torácicas. Ela pode ser do tipo funcional (ou fisiológica) e estrutural (patológica).

No caso da escoliose funcional a coluna curva-se lateralmente devido à diferença de peso nas duas metades do corpo em conseqüência:

• Da poliomielite; • Da diferença de comprimento dos membros inferiores, devido às

fraturas mal reduzidas, a uma prótese mal adaptada ou a um joelho valgo unilateral;

• De uma má postura.

A escoliose estrutural, geralmente aparece na infância e é progressiva. A causa é o crescimento desigual das vértebras. Dependendo da gravidade da curvatura, esta pode comprimir órgãos abdominais e também prejudicar a respiração.

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3.2.2 HIPERCIFOSE Definição

A cifose é uma acentuada curvatura torácica, deixando a pessoa com aspecto de corcunda. As causas mais importantes dessa deformidade são a má postura e o condicionamento físico insuficiente.

3.2.3 HIPERLORDOSE Definição

A Lordose é um aumento exagerado nas curvaturas cervical e/ou lombar. Pode ser uma compensação de uma cifose ou à flacidez muscular com um ou sem aumento de peso anterior à coluna – como na obesidade e na gravidez.

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3.3 DICAS PARA UMA POSTURA SAUDÁVEL 3.3.1 POSTURA AO ANDAR

A má postura ao andar é a causa de muitas dores. Procure andar o

mais ereto possível, sempre olhando acima da linha do horizonte. Um bom treino é andar em casa com um livro sobre a cabeça.

3.3.2 POSTURA AO LEVANTAR PESOS

A maneira correta para levantar pesos e volumes exige a flexão dos

joelhos e aproximação do objeto junto ao corpo, agachando-se sem inclinar o corpo para frente.

Contraindo a musculatura abdominal, com a coluna ereta force os músculos das coxas e pernas para elevar o peso. Utilizando as articulações dos quadris, joelhos e tornozelos, pode-se atenuar a pressão e esforços sobre as delicadas articulações da coluna vertebral. Se o objeto é muito pesado para ser elevado com segurança ou se você não consegue se posicionar corretamente, solicite auxílio de outra pessoa. 3.3.3 POSTURA SENTADO

Quando sentado, procure manter sua coluna bem

posicionada utilizando uma cadeira que ofereça suporte à sua curvatura lombar (lordose).

3.3.4 POSTURA DEITADO

Sua coluna também necessita de suporte quando você está deitado.

Procure utilizar colchão firme e manter os joelhos dobrados (fletidos) para preservação do balanço e equilíbrio da coluna. Um colchão muito macio permite o corpo afundar causando torções à coluna. Quando se está deitado de barriga para cima, o posicionamento de uma almofada ou travesseiro sob os joelhos também é útil para a manutenção do posicionamento correto e relaxamento da musculatura das costas.

X ERRADO √ CERTO

X ERRADO √ CERTO

X ERRADO √ CERTO

X ERRADO √ CERTO

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3.3.5 POSTURA AO LEVAR UMA MOCHILA OU SACOLA

No transporte das mochilas no ombro, tome cuidado para não compensar o peso da mochila com a inclinação do tronco para frente. Os alunos que transportam a mochila através de alças e rodinhas devem variar o lado que carregam as mochilas, ora no lado direito ora no lado esquerdo. Isso ajuda a evitar um “vício” postural inadequado. No caso de sacola cheia, tentar dividir o peso em duas sacolas e levar uma em cada lado, distribuindo melhor o peso.

Compreender que o nosso corpo e a nossa mente recebem influências no nosso dia-a-dia é de fundamental importância para entendermos os cuidados que devemos ter com eles.

Um aspecto bem interessante é analisarmos nossa postura e nosso comportamento durante o dia, e verificar se estamos sentando corretamente e alinhados, se ao ficar muito tempo em pé numa fila estamos nos apoiando o tempo inteiro apenas numa das pernas, pois

estes fatos podem nos ajudar a identificar compensações estabelecidas ao nosso corpo que interferem na postura corporal, e conseqüentemente em nossa saúde.

Ao ficar sentado em frente ao computador procure manter o corpo ereto e os pés apoiados no chão, evite ficar com as pernas cruzadas e os joelhos muito flexionados. Observe se você não está projetando para frente a cabeça e mantenha-a alinhada com seu tronco.

1 - Evite assistir televisão deitado. 2 - Evite ficar muito tempo com a cabeça baixa como ao passar roupa, fazer tricô e nos casos de leitura prolongada. 3 - Evite flexionar (dobrar) a coluna para pegar objetos ou peso do chão. Procure sempre se agachar (dobrar os joelhos). 4 - Evitar ou Reduzir o excesso de peso (obesidade). 5 - Procure sentar de maneira correta, evite sofá muito macio e cadeira sem encosto ou banquinho. 6 - Procure fazer períodos de intervalo no uso do computador. 7 - Caminhe com a coluna reta, olhando para frente.

8 - Pratica de atividade física (como a caminhada) regularmente. 9 - Procure adaptar os móveis de sua casa e do trabalho de acordo com a sua altura (por exemplo a pia da cozinha, o tanque de lavar roupa, a mesa ou escrivaninha). 10 - Evite carregar peso somente de um lado. 11 - Evite dormir de bruços (de barriga para baixo). 12 - Evite fazer musculação sem uma orientação adequada. 13 - Evite usar sapato de salto muito alto. 14 - Evite se virar bruscamente para olhar atrás de você.

X ERRADO √ CERTO

CUIDADOS BÁSICOS PARA

VOCÊ TER UMA COLUNA

VERTEBRAL SAUDÁVEL!!!

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Atividade: Faça uma pesquisa em livros e/ou internet e responda:

1. Qual a definição de postura? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Existe uma “postura correta” para todas as pessoas? _______________________________________________________________________________

3. Escolha uma atividade que você faz durante o dia (brincar, ver televisão, andar, dormir, etc.). Como você acha que a sua coluna vertebral permanece enquanto você realiza esta atividade? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Realize uma pesquisa em sua escola, sobre o número de alunos que relatam sentir dor nas costas devido à má postura e/ou problemas na coluna.

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4. CORPORIEDADE

A corporeidade constitui-se das dimensões: Física (estrutura física biofísico-motora organizadora de todas as dimensões humanas); Emocional (instinto, afeto); Mental espiritual (cognição, razão, pensamento, idéia, consciência); Sócio-histórico-cultural (valores, hábitos). Sendo assim, corporeidade é a maneira pela qual o cérebro reconhece e utiliza o corpo como instrumento relacional com o mundo.

O corpo é movido por intenções provenientes da mente. As intenções manifestam-se através do corpo, que interage com o mundo, que dá uma resposta para o corpo, que informa a mente através de seus órgãos sensoriais, que, analisando as respostas obtidas do ambiente, muda ou reafirma suas intenções, utilizando o corpo para novas manifestações, enfim, é sentir e utilizar o corpo como ferramenta de manifestação e interação com o mundo.

Corporeidade é o seu modo de ser e estar no mundo com e através do corpo. É uma expressão própria dos seres humanos. É o jeito de o ser humano se expressar e comunicar. Ignorando essa forma única de ser, a sociedade impõe padrões estéticos corporais a serem seguidos, tendo os jovens como alvo predileto.

O apelo para que se transforme o corpo e o adapte a um padrão corporal imposto pela cultura movimenta o mercado de consumo. Este vende dietas, vitaminas, suplementos alimentares, moda esportiva, bebidas isotônicas, ginástica e exercícios. Publicações especializadas na “venda” do corpo são comuns em bancas. A indústria de cosméticos, produtos estéticos, cirurgia plástica e programas de TV completam o quadro. O propósito é ser padrão, não há respeito à corporeidade e sim a imposição da busca do corpo dito aceitável socialmente.

Diante de um apelo diário pela busca da estética corporal ideal, o corpo vem sendo padronizado. Na sociedade, os indivíduos se encontram reféns de modelos que, estampados nas mais diversas formas de venda de sua imagem, “estão prontos” a influenciar o corpo do outro a se transformar.

Vivenciando, identificando e brincando com o corpo, a escola possibilita discussões sobre os estereótipos e estigmas corporais, e a dualidade mente/corpo.

4.1 CONCEPÇÕES DE CORPO 4.1.1 A sociedade do culto ao corpo perfeito

Intensificação do culto à estética ao longo dos séculos pode ter colaborado para a transformação do indivíduo em objeto.

Produtos de beleza cada vez mais sofisticados, revistas que dão dicas para manter a boa forma, clínicas de estética e de cirurgia plástica, salões de cabeleireiros e academias de ginástica. Hoje o mundo está cercado por serviços à disposição de quem deseja cuidar da aparência ou moldá-la.

A preocupação do homem com o corpo, no entanto, não é recente. A origem do culto ao corpo remonta à Antiguidade. Os gregos acreditavam, há cerca de 2.500 anos a.C., que a estética e o físico eram tão importantes quanto o intelecto na busca pela perfeição – pensamento traduzido na frase “mens sana in corpore sano” (mente saudável em corpo são) e na própria história das Olimpíadas.

Após a Era Clássica, na Idade Média, as questões estéticas e o físico ficaram relegados ao segundo plano. Durante essa época, o corpo foi tratado pela sociedade de forma discreta, com todo o decoro exigido pelas crenças religiosas, e de acordo com as leis divinas.

Apenas no século 18, nos anos que se seguiram às Revoluções Francesa e Industrial, o corpo voltou a ter destaque no cotidiano do homem ocidental. De acordo com o psicólogo Fernando de

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Almeida Silveira, doutor em Filosofia e professor da Universidade Federal de São Paulo, com a queda da aristocracia européia, a burguesia foi se auto-afirmando por meio de uma nova relação corpo-essência. "Se os nobres tinham suas origens genealógicas como diferencial, a burguesia passou a desenvolver a noção de um corpo disciplinado, saudável e longevo para se destacar tanto da aristocracia decadente quanto do proletariado promíscuo e desregrado".

Além disso, a partir desse período, o corpo que tinha condições de fornecer uma maior produtividade passou a ser mais valorizado devido à ascensão do Capitalismo Industrial. "Pouco tempo depois da primeira Revolução Industrial, no fim do século 19, o mundo assistiu ao chamado 'movimento ginástico europeu', que buscava 'construir' homens ideais para esse novo modelo de sistema, mais fortes e saudáveis, por meio da difusão de métodos de ginástica", ressalta o professor de Educação Física da Universidade Metodista de São Paulo, Wilson Alviano.

No século 21, com a pressão dos ideais de beleza impostos pela indústria da moda e alimentados pela mídia, a valorização do corpo perfeito tornou-se uma obsessão global. Hoje cada vez mais pessoas buscam formas de transformar o físico, em busca da perfeição de acordo com os padrões. Segundo Alviano, essa intensificação do culto à estética já traz danos notórios para a sociedade. "Doenças como anorexia, bulimia e vigorexia [transtorno caracterizado pela prática de exercícios físicos em excesso] tomaram um vulto assustador. Muitos colocam suas vidas em risco, consumindo remédios para emagrecer e anabolizantes ou até mesmo fazendo cirurgias desnecessárias."

Para o psicólogo Fernando de Almeida Silveira, o maior prejuízo da valorização exagerada da boa aparência é o fortalecimento da concepção de corpo-objeto. "As pessoas passaram a enxergar o corpo hoje como uma coisa moldável, conforme certos padrões estéticos, fomentados por uma pressão social de classe. Nesse sentido, o físico, os sentidos e a alma são massificados por conta dessa ditadura de idealização da beleza". Alviano completa: "Com essa transformação do corpo em coisa, o próprio indivíduo se reduziu a um objeto, que só possui valor como ostentação dentro dos padrões preestabelecidos".

Por Renata Firace 4.1.2 Corpo, consumo e mídia

O fim do século passado e o início deste configuram um novo estágio do capitalismo, denominado por muitos, globalização, ou ainda, ocidentalização do mundo. Nessa fase, a comunicação, o desenvolvimento tecnológico e a economia vêm trazendo uma acelerada transformação nas sociedades e, ao mesmo tempo, profundas mudanças no nosso modo de ser, viver, aprender, sentir, pensar e agir.

Vivemos em um sistema capitalista, somos impulsionados a produzir e consumir produtos. Por isso, passamos a maior parte do tempo envolvidos com o trabalho, dimensão da vida humana que nos permite atender a toda ordem de necessidades - as essenciais para nossa sobrevivência e as criadas pelo próprio sistema. O - deus mercadoǁ, muitas vezes, interfere também em nossas opções de lazer com a família e amigos, principalmente, sobre a influência da indústria cultural.

É nesta lógica que nosso corpo está inserido: por meio dele estamos neste mundo. A partir de suas interações com outros corpos, espaços e culturas, construímos nossas identidades e subjetividades, pensamentos e valores. Então, vamos focar nosso olhar sobre a corporeidade (ou as questões relativas ao corpo) no mundo contemporâneo.

Você deve ter observado que os corpos presentes na telinha (principalmente nas propagandas e novelas) são, em sua maioria, corpos bonitos, sarados, brancos, louros, jovens, viris, belos, bem cuidados, ágeis e felizes. Corpos gordos, velhos, flácidos, não são reproduzidos, mas escondidos, disfarçados e dissimulados. Quase sempre, apenas nos telejornais, é comum aparecerem os corpos do cotidiano, de gente simples, ligados muitas vezes à pobreza, violência, tragédia e assim por diante.

Isto nos faz pensar que existe um modelo de corpo desejado e suscitado pela mídia, que o transforma em objeto a ser conquistado e comprado. Torna-se algo idealizado e, na atualidade, é sinônimo de saudável, belo, atlético, como se esse modelo de corpo fosse a única possibilidade de ser. Vivemos uma verdadeira tirania da aparência em que o corpo tem sido mais valorizado por suas próteses, enfeites, vestuário, enfim, pelo que tem e não pelo que é.

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Assim, o corpo se torna uma mercadoria como qualquer outra. Compram-se seios, nádegas, narizes, orelhas.

Eliminam-se os sinais de envelhecimento mudando a cor dos cabelos, injetando produtos para minimizar as rugas, etc. O corpo é o principal estímulo da indústria da beleza associada à imagem de juventude que esbanja saúde, alegria. Em nome da beleza (veja bem, da beleza e não da saúde e da qualidade de vida) consomem-se roupas, alimentos, adereços, aparelhos, suplementos, silicones, imagens e exercícios físicos. Essa mercantilização dos corpos tem estimulado o comércio e o consumo de produtos. O próprio corpo tornou-se veículo utilizado para vender os mais variados tipos de produtos.

Nesse mercado do corpo, aqueles que não têm acesso aos produtos de consumo tornam-se, muitas vezes, mercadorias baratas. Num país marcado pela desigualdade social, e também racial, como é o nosso, os representantes de etnias negras e indígenas são os mais atingidos.

Leia a poesia do poeta mineiro Carlos Drumond de Andrade, escrita no início da década de 40, no século XX, período em que o Brasil estava vivendo o início de seu processo de industrialização: Sensível às mudanças que vinham ocorrendo em nossa sociedade naquela época, o poeta antecipa seu olhar sobre suas implicações para os corpos.

Eu, etiqueta Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada por este provador de idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça até o bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordem de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, preemência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, todos os logotipos de mercado. Com que inocência demito-me de ser eu que antes era e me sabia tão diverso de outros, tão mim-mesmo, ser pensante, sentinte e solitário

com outros seres diversos e conscientes de sua humana invencível condição. Agora sou anúncio, ora vulgar, ora bizarro, em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer, principalmente). E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares, festas, praias, pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas indiossicrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelhavam, e cada gesto, cada olhar, cada vinco de roupa resumia uma estética? Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, me recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo dos outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem, meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente.

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Assim como denunciado pelo poeta, podemos perceber que é uma tendência do mundo moderno reproduzir a mesma lógica do mercado, isto é, o corpo é explorado economicamente e utilizado para vender e consumir produtos de toda natureza, mesmo que não sejam tão recomendáveis como as bebidas e os cigarros. Mulheres sedutoras vendem produtos destinados ao público masculino e, o contrário, recentemente, também tem acontecido. É o caso, por exemplo, das propagandas de cerveja. Como as mulheres já constituem parte considerável do público que usufrui o produto, é hora de usar modelos, atores e outros ícones da beleza e do sucesso masculino, com o fim único de vender mais e mais, lucrar mais e mais. São comerciais planejados e preparados para atingir uma determinada camada da população, cada vez mais vulnerável a essa visão estereotipada propagada pela mídia – corpos jovens perfeitos, como modelos a serem copiados e reproduzidos. 4.1.3 A mulher magra que é admirada hoje seria considerada feia até pouco tempo atrás.

No mundo atual, e no Brasil principalmente, a busca pela beleza e pela juventude está em todo o lugar. O apelo vem da televisão, do cinema, das propagandas onde homens e mulheres parecem ter vindo do Olimpo, sem qualquer imperfeição física. Na modernidade, a busca pela beleza virou comércio e movimenta bilhões de dólares em cosméticos, cirurgias plásticas, tratamentos contra rugas, celulites e gordurinhas inconvenientes. Está declarada a guerra contra a natureza que criou o envelhecimento. E nessa batalha, a pressão pela beleza recai com mais força sobre as mulheres. O poeta Vinicius de Moraes resumiu a situação com certa crueldade quando disse simplesmente: as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental.

Mas a revolta da humanidade com o passar do tempo vem de longa data. A Grécia Antiga admirava a beleza dos corpos e cultuava deuses imortais, sempre jovens e sedutores. A filósofa Maria de Lourdes Borges, da Universidade Federal de Santa Catarina, lembra que a busca pela beleza e pela juventude são universais.

"A busca da beleza é natural. A busca da juventude é natural, no sentido de que isso acontece em todas as civilizações. Isso vem na nossa consciência que somos finitos, nós tememos a morte, não queremos a morte. Nós sentimos que quando o nosso corpo envelhece isso significa uma certa proximidade maior da morte. Então de certa maneira é natural que tanto homens quanto mulheres queiram manter a juventude"

Mas o que é ser belo? Essa pergunta já teve diversas respostas ao longo da história. Mas algumas características aparecem em lugares e épocas diferentes. A admiração pela simetria dos traços do rosto, os ombros fortes para os homens e o corpo de violão para as mulheres são sinais de beleza considerados universais. Civilizações antigas fizeram imagens onde o barro moldou mulheres de quadris largos e seios fartos. Nas cavernas ou nas obras de arte de pintores como Boticcelli e Rubens, as mulheres eram admiradas por curvas que permitiam uma barriguinha sem maiores traumas.

O geneticista Renato Zambora aponta que a beleza é uma questão importante para que os homens escolham as esposas. E durante a evolução humana, a beleza feminina se relacionou com a capacidade de ter filhos. Mulheres gordas, de quadril largo e cintura fina, indicavam a possibilidade de gerar uma prole saudável. Zambora explica que a cultura pode criar padrões estéticos diferentes, como o culto à magreza que se vê hoje, mas o cérebro masculino continua reagindo à beleza da mesma forma que há milhares de anos.

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Não é verdade que homens achem muito bonitas mulheres muito magras. Elas perdem os ícones sexuais, a relação da cintura quadril fica prejudicada porque o quadril emagrece, e ficam praticamente com ausência de mamas. O cérebro acaba não identificando aquilo como corpo de mulher.

A historiadora Mary del Priore, indica que o primeiro documento sobre a beleza da mulher brasileira seria a carta de Pero Vaz de Caminha, que louva a beleza da mulher indígena, descrita como limpa e gorda.

É interessante esse olhar masculino sobre o corpo da índia nua e gorda porque a gordura, de fato, no século XVI, as carnes cheias, o corpo cheio, é sinônimo de beleza que nós já podemos detectar na pintura do Barroco, tendo como exemplo à pintura As três graças (ao lado), de Rubens, que é um dos mais importantes representantes desse tipo de pintura. Onde o referencial era mulheres gordas, na época, sinal de prestígio social e boa condição financeira, uma vez que só pessoas nobres conseguiam se alimentar com fartura. Uma mulher de costelas à mostra seria certamente um sinônimo de feiúra. A magreza sempre é vista da perspectiva da fome, do empobrecimento e da doença.

A gordura como padrão de beleza se associa também com o consumo alimentar das elites que tinham acesso ao açúcar, artigo raro e muito caro naquela época. Mary del Priore explica que no decorrer dos séculos, o corpo feminino mais cheio continuou a ser admirado. As curvas seguiam insinuando o poder feminino de gerar.

E esse potencial procriador está nos quadris, está nas cadeiras, no bumbum, no ventre. Quanto mais cheio embaixo, mais bonita era a mulher. A moda, inclusive, vai acentuar esse critério estético porque a moda das anquinhas (que era uma almofada ou armação que as mulheres usavam sob a saia, para entufá-la), que atravessa toda a segunda metade do século XIX, ela acentua o posterior da mulher, enquanto o espartilho comprime violentamente a cintura, projetando os seios. Então, realmente a mulher se torna no imaginário masculino um verdadeiro violão.

Nesse mesmo século XIX, a magreza vira moda na esteira das heroínas românticas retratadas nos livros. As mulheres se deixavam emagrecer e se maquiavam para simular olheiras mais profundas. Mas foi um modismo passageiro, e a imagem das carnes cheias como padrão de beleza vai chegar até o século XX. Mas nesse momento, transformações importantes acontecem com a mudança nos papéis da mulher e sua entrada no mercado de trabalho. O fortalecimento da indústria da beleza e a globalização também irão modificar a maneira como as pessoas buscam uma forma física atraente.

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Atividade: Com base nos textos abordados no capítulo 4, responda:

1. Como o corpo tem sido visto? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Com que imagem de corpo convivemos em nosso dia-a-dia? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Que mensagens são transmitidas por essas imagens? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Será que hoje a maioria das pessoas consideraria belas as mulheres que o artista escolheu como

modelos para seus quadros (as três Graças)? Comente. _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Formem grupos e realizem uma pesquisa em jornais impressos, vídeos, revistas, internet e outros, sobre os padrões de beleza preconizados no Brasil. Quem dita esses padrões e quais os benefícios e prejuízos decorrentes da busca por esses padrões?

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5. INFLUÊNCIAS DA MÍDIA NO ESPORTE “Basta ligar a televisão e ´zapear´ um pouco com o controle remoto: o

esporte está em toda a parte. Não apenas nos programas e noticiários

especificamente esportivos, em que é produto espetacular, mas nos filmes,

nos programas de auditório, de entrevistas, nos telejornais, nos desenhos

animados, nas telenovelas e nos seriados. Nos anúncios publicitários, é

invocado para vender sorvete, assinatura de jornal, remédio, automóvel,

desodorante, serviços bancários, refrigerante” (BETTI, 1998).

Mauro Betti, no trecho citado acima, e em todo o seu livro “A janela

de vidro”, faz uma análise de como a mídia televisiva exerce influência sobre o esporte. Podemos, entretanto, estender sua análise para todos os tipos de mídia: jornais, revistas, rádio e internet. De fato, o esporte é onipresente e ocupa espaços relevantes em todas elas. A Folha de São Paulo, em levantamento sobre os assuntos mais abordados em suas páginas no ano de 2004, revelou que o futebol foi o assunto que mais apareceu, acima de quaisquer temas políticos, econômicos e culturais. Mídia e esporte têm, hoje, uma relação de interdependência extremamente forte.

Entretanto, essa relação não é apenas de divulgação do esporte na mídia. A mídia também assume o papel de participar da determinação dos rumos do esporte (horários, regras, formas de disputa, etc), de enfatizar uma certa compreensão de esporte, de defender ou atacar políticas públicas de esporte, enfim, mais do que apenas informar sobre o esporte, a mídia influencia o esporte.

Por outro lado, o esporte não só depende da mídia para ser divulgado e patrocinado, e é por ela influenciado, mas também influencia a cobertura que dele se faz, ao censurar certos assuntos, ao impor certas visões, ao ocupar os horários nobres, etc. O jornalista Jorge Kajuru, em crônica na Folha de São Paulo (12/10/2005) afirma que, ao ser convidado para trabalhar por uma emissora de TV, teria sido alertado: “você não vai poder criticar horário de jogo porque é assunto comercial. Nem vai bater em dirigentes quando a emissora estiver negociando direitos com os mesmos”.

A lógica que rege a relação entre esporte e mídia é a da espetacularização e do consumo, uma vez que tanto o esporte quanto a mídia se beneficiam dessa relação. Porém, ao nos referirmos ao esporte que está na mídia, não estamos nos referindo a qualquer esporte, mas em particular ao esporte de alto rendimento, uma vez que o esporte de lazer raramente se torna assunto da mídia. Enfim, já não

é possível referir-se ao esporte contemporâneo, especialmente o esporte de alto rendimento, sem associá-lo aos meios de comunicação de massa.

A discussão sobre os modos de produção do discurso da mídia nos ajuda a compreender a quem interessa esse discurso e por que aqueles jornalistas que fogem à submissão às regras desse jogo perdem espaço na mídia. Os ângulos da TV numa transmissão, a omissão de certas informações, a construção e desconstrução dos ídolos esportivos, os comentários durante uma transmissão esportiva, dentre outros, não são questões meramente técnicas.

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5.1 ESPORTE E MÍDIA

Muitas vezes, os profissionais que trabalham com o ensino negligenciam a forte influência que a mídia pode exercer no educando por meio de contínuos e variados modismos. Na área de Educação Física, esse poder é mais acentuado, pois os esportes foram transformados em grandes espetáculos, os clubes e selecionados, em grandes marcas e os atletas, em “estrelas” com alto potencial para a venda de produtos esportivos. Um exemplo típico é o número de empresas que procuram fazer sua publicidade através dos jogadores de futebol, voleibol, basquetebol, etc., de acordo com a popularidade que esses esportes tem nos diferentes países em que são praticados.

É em virtude disso que as pessoas associam os ídolos a determinadas marcas. Assim, passam a consumir certos produtos não por sua qualidade, mas, sim, pela falsa impressão de que ela é fundamental para o sucesso do atleta. Esportistas de destaque, como Ronaldinho, Rivaldo, Giba, Gustavo Borges, Oscar, Paula, Hortência, Ayrton Senna e Guga já eram talentosos antes de assinarem contratos milionários com empresas de grande porte. Por sinal, os equipamentos com tecnologia de ponta usados pelos atletas profissionais trazem uma sutil melhora de performance, interferindo apenas nos resultados de competições de alto nível - como os campeonatos mundiais, Olimpíadas, ligas, etc. - e são insignificantes para o praticante amador. Exemplo disso foi o lançamento de uma bicicleta aparelhada com todos os equipamentos necessários para a realização de acrobacias. A propaganda desse produto mostrava um dos atletas de renome mundial fazendo várias peripécias com muita facilidade. Milhares de bicicletas foram vendidas, mas as crianças e jovens que as compraram acabaram frustrando-se, pois a dificuldade para realizar as manobras era muito grande, ao contrário do que era enfatizado na propaganda. Outro exemplo foi o marketing criado em torno do jogador Ronaldinho. O cognome “fenômeno”, como é chamado o jogador, não se refere somente à sua excelência em campo, mas à sua capacidade de aumentar as vendas do produto que anuncia: de bebidas lácteas a cerveja e de artigos esportivos a roupas clássicas. Há que se destacar que as chuteiras feitas de couro de canguru usadas pelo jogador, que pesam poucos gramas, têm um preço muito acima das chuteiras comuns, mas, mesmo assim, é um sucesso de vendas. Nada comprova que elas sejam responsáveis pelo bom futebol praticado por Ronaldinho e muito menos que elas possam fazer alguém jogar melhor.

Além dos esportes, a própria concepção de estética é construída com base nos meios de comunicação. Os atores, atrizes e outras personalidades de programas como novelas, jornais, seriados, de auditório, entre outros, mostram um perfil que não condiz com o da maioria da população. As pessoas exibidas pelos meios de comunicação são magras, altas e belas. Uma pesquisa constatou que a estatura média dos atores de novela é 1,88 m para homens e 1,76 m para mulheres, enquanto a média da população brasileira não ultrapassa 1,70m e 1,60m respectivamente. O contraste é muito grande e afeta diretamente a relação que temos com o próprio corpo. É só pensar nos meninos que praticam voleibol e que, aos 15 anos de idade, mesmo com 1,80 m, são rejeitados nas “peneiradas” dos grandes clubes brasileiros porque a altura mínima exigida é de 1,85 m. Esses jovens passam a se considerar baixos, apesar de se encontrarem muito acima da média da população.

Com a existência de casos tão variados, não se deve ignorar a constante influência que a mídia exerce sobre os adultos e principalmente os adolescentes. A melhor forma de trabalhá-la é conduzir, através do debate, a entender que a mídia lança modismos que nem sempre devem ser incorporados pelo nosso repertório e que a concepção estética é baseada na auto-estima, ou seja, o conceito de beleza depende mais do autoconhecimento e da aceitação de si mesmo do que de medidas definidas pelos meios de comunicação.

Portal Educacional

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Atividade: 1. Por que tal visão se impõe na mídia que o esporte competitivo e de alto rendimento são a única

forma ou a forma mais legítima de se praticar e organizar esporte? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Por que a perspectiva do esporte de lazer é pouco noticiada? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Por que não se encontram ou se encontram muito poucas reportagens sobre as políticas públicas de esporte e lazer? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Pesquise sobre que esportes tiveram suas regras, formas de disputa e horários de realização alterados devido a influencia da mídia? Esquematize relatando os prejuízos e/ou benefícios provocados por tais mudanças no esporte?

5. Formem grupos e pesquisem se possível, em todas as produções midiáticas sobre esporte: recortes de jornal, programas de televisão, documentários, transmissões ao vivo, páginas na internet, livros sobre esporte, propagandas que usam o esporte ou esportistas para vender seus produtos, etc. Apresentem em sala os resultados da pesquisa. (trabalho oral, painel, cartazes, slides, encenação, etc). Pesquise também os esportistas que atualmente são os mais requisitados para realização de comerciais.

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6. HISTÓRIA DO FUTSAL 6.1 A ORIGEM

O Futebol de Salão tem duas versões sobre o seu surgimento, e, tal como em outras modalidades desportivas, há divergências quanto a sua invenção. Há uma versão que o futebol de salão começou a ser jogado por volta de 1940 por frequentadores da Associação Cristã de Moços (ACM), em São Paulo, pois havia uma grande dificuldade em encontrar campos de futebol livres para poderem jogar e então começaram a jogar suas ''peladas'' nas quadras de basquete e hóquei.

No início, jogava-se com cinco, seis ou sete jogadores em cada equipe, mas logo definiram o número de cinco jogadores. As bolas usadas eram de serragem, crina vegetal, ou de cortiça granulada, mas apresentavam o problema de saltarem muito e freqüentemente saiam da quadra de jogo, então tiveram seu tamanho diminuído e seu peso aumentado, por este fato o futebol de salão foi chamado o ''esporte da bola pesada''.

Há também a versão, tida como a mais provável, onde sua origem se remete ao Uruguai na década de 30, mais precisamente em 1934 na Associação Cristã de Moços de Montevidéu, Uruguai, pelo Professor de Educação Física Juan Carlos Ceriani, que chamou este novo esporte de ''INDOOR-FOOT-BALL''.

6.2 PRIMEIRAS ENTIDADES OFICIAIS

Habib Maphuz é um dos nomes que mais se destaca nos primórdios do futebol de salão. Maphuz era professor da ACM de Saõ Paulo e no início dos anos cinqüenta participou da elaboração das normas para a prática de várias modalidades esportivas, sendo uma delas o futebol jogado em quadras, tudo isto no âmbito da ACM paulista, este mesmo salonista fundou a primeira Liga de Futebol de Salão, a Liga de Futebol de Salão da Associação Cristã de Moços. Mais tarde o professor se tornou o primeiro presidente da Federação Paulista de Futebol de Salão. 6.3 PRIMEIRAS REGRAS

As primeiras regras publicadas foram editadas em 1956. As normas foram feitas por Luiz Gonzaga de Oliveira Fernandes, em são Paulo.

Juan Carlos Ceriani e Habib Maphuz, ambos, professores da ACM são considerados os pais do Futebol de salão. Este esporte, relativamente novo, é sem nenhuma contestação a segunda modalidade esportiva mais popular no Brasil, somente atrás do futebol, e atualmente o esporte em maior crescimento em todo o mundo.

O Futebol de Salão brasileiro tinha no seu início, várias regras. Foi então que em 5 de fevereiro de 1957 o então presidente da Confederação Brasileira de Desportos – CBD, Sylvio Pacheco criou o Conselho técnico de Assessores de Futebol de Salão para conciliar divergências e dirigir os destinos de tal esporte no Brasil.

Juan Carlos Ceriane Criador do Futebol de Salão

1930 - Futebol de Salão jogado em quadra de basquete em Montevidéu, no

Uruguai

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6.4 O PRIMEIRO CAMPEONATO MUNDIAL

Em 1982 no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, foi realizado o 1º Campeonato mundial de Futebol de Salão, com a participação de Brasil, Argentina, Costa Rica, Tchecoslováquia, Uruguai, Colômbia, Paraguai, Itália, México, Holanda e Japão. O Brasil venceu a final do Paraguai por 1 x 0.

6.4.1 Galeria dos Campeões do Mundo

ANO CAMPEÃO LOCAL ENTIDADE 1982 Brasil Brasil FIFUSA 1985 Brasil Espanha FIFUSA 1988 Paraguai Austrália FIFUSA

1989 Brasil Holanda FIFA 1992 Brasil Hong Kong (China) FIFA 1996 Brasil Espanha FIFA 2000 Espanha Guatemala FIFA

2004 Espanha Taipei (China) FIFA 2008 Brasil Brasil FIFA

6.4.2 Mudança na terminologia Na década de 90 ocorreu a grande mudança na trajetória do futebol de salão, pois é feita sua

fusão com o futebol de cinco (prática esportiva reconhecida pela FIFA). Surge então o "FUTSAL" terminologia adotada para identificar esta fusão no contexto esportivo

internacional.

6.5 CONHECENDO AS DIMENSÕES DA QUADRA DE FUTSAL - REGRA 1

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1 – DIMENSÕES DA QUADRA A quadra de jogo será um retângulo tendo um comprimento mínimo de 25 metros e máximo de 42

metros e a largura mínima de 16 metros e máxima de 25 metros.

a) Para os Certames Nacionais nas categorias Adulta e Sub-20, masculinas, a quadra de jogo terá medidas de no mínimo 38 metros de comprimento por 18 metros de largura, com área de escape de no mínimo 1,5 metros. Para as Ligas Futsal masculina e feminina, as medidas da quadra de jogo, excepcionalmente, poderão ser definidas em reunião entre clubes participantes e organização, constando, obrigatoriamente, nos regulamentos das competições;

b) Para os Certames Nacionais nas categorias Adulta, Sub-20, Sub-17 e Sub-15 femininas, bem como nas categorias Sub-17 e Sub-15 masculinas, a quadra de jogo terá medidas de no mínimo 36 metros de comprimento por 18 metros de largura, com área de escape de no mínimo 1,5 metros;

c) Para as competições estaduais, as dimensões das quadras, poderão ser regulamentadas pelas Federações locais;

d) As quadras devem possuir, obrigatoriamente, em perfeitas condições de uso e visibilidade para o público, jogadores, membros da comissão técnica e para a equipe de arbitragem, placar ou mostrador, onde serão fixados ou indicados os tentos da partida e o cronômetro eletrônico para controle do tempo de jogo.

2 - PARTIDAS INTERNACIONAIS

Para as partidas internacionais a quadra de jogo deverá ter um comprimento mínimo de 38 metros e máximo de 42 metros e ter a largura mínima de 20 metros e a máxima de 25 metros. 3 - MARCAÇÃO DA QUADRA

Todas as linhas demarcatórias da quadra deverão ser bem visíveis, com 8 (oito) centímetros de largura e pertencem as zonas que demarcam.

a) As linhas limítrofes de maior comprimento denominam-se linhas laterais e as de menor comprimento linhas de meta;

b) Na metade da quadra será traçada uma linha divisória, de uma extremidade a outra das linhas laterais, eqüidistantes às linhas de meta;

c) As linhas demarcatórias da quadra, na lateral e no fundo, deverão estar afastadas no mínimo 1(um) metro de qualquer obstáculo (redes de proteção, telas, placas de propagandas, grades ou paredes);

d) O centro da quadra será demarcado por um pequeno círculo com 10 (dez) centímetros de raio, situado no meio da linha divisória;

e) Ao redor do pequeno círculo será fixado o círculo central da quadra com um raio de 3 (três) metros. 4 - ÁREA PENAL

A área penal, situada em ambas as extremidades da superfície de jogo, será demarcada da seguinte forma:

A 6 (seis) metros de distância de cada poste de meta, parte externa, haverá um semicírculo perpendicular à linha de meta que se estenderá ao interior da quadra com um raio de 6 (seis) metros. A parte superior deste semicírculo será uma linha reta de 3,16 metros, paralela a linha de meta, entre os postes. A superfície dentro deste semicírculo denomina-se área penal. A linha curva que marca o limite exterior da área penal denomina-se como linha da área penal e faz parte da área. 5 - PENALIDADE MÁXIMA

A distância de 6 (seis) metros do ponto central da meta, medida por uma linha imaginária em ângulo reto com a linha de meta e assinalada por um pequeno círculo de 10 (dez) centímetros de raio, será marcado o respectivo local para a cobrança da penalidade máxima. À distância de 5 (cinco)

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metros da marca do tiro livre para a direita e para a esquerda, serão feitas marcas, para sinalizar a distância mínima que os jogadores podem ficar na cobrança dos tiros livres dos 10 (dez) metros. A largura dessas marcas é de 8 (oito) centímetros. 6 - TIRO LIVRE SEM BARREIRA

A distância de 10 (dez) metros do ponto central da meta, medida por uma linha imaginária em ângulo reto com a linha de meta, serão marcados retângulos de 10 (dez) por 8 (oito) centímetros, de onde serão cobrados os tiros livres sem barreira. 7- TIRO DE CANTO

Nos quatro cantos da quadra, no encontro das linhas laterais com as linhas de meta serão demarcados 1/4 (um quarto) de círculo com 25 centímetros de raio, de onde serão cobrados os tiros de canto. O raio de 25 centímetros partirá do vértice externo do ângulo formado pelas linhas lateral e de meta até o extremo externo da nova linha. 8 - ZONA DE SUBSTITUIÇÕES E ÁREA TÉCNICA

1. É o espaço determinado na linha lateral, do lado onde se encontra a mesa de anotações e cronometragem, iniciando-se a uma distância de 5 (cinco) metros para cada lado, partindo da linha divisória do meio da quadra, onde inicia a zona de substituição. Para cada zona haverá um espaço de 5 (cinco) metros, localizado em frente ao banco de reservas das equipes, identificados com linhas de 80 (oitenta) centímetros por 8 (oito) centímetros de largura, ficando 40 (quarenta) centímetros no interior da quadra e 40 (quarenta) centímetros para fora da quadra. Este espaço de 5 (cinco) metros situado entre estas linhas de 80 (oitenta) centímetros os jogadores deverão entrar e sair da quadra por ocasião das substituições. O espaço a frente da mesa do anotador e cronometrista com 5 (cinco) metros de cada lado da linha divisória do meio da quadra deverão permanecer livres.

2. A área técnica deverá ser marcada junto à zona de substituições, a uma distância de 0,75 (setenta e cinco) centímetros da linha lateral, no mesmo alinhamento do início da zona de substituições e terminando 1 (um) metro após o término da zona de substituições, fechando até o alinhamento dos bancos de reservas, onde o técnico ou treinador poderá permanecer em pé e passar as instruções para sua equipe. 9 - METAS

As metas serão colocadas no centro de cada linha de meta. Serão formadas por dois postes verticais separados em 3 (três) metros entre eles (medida interior) e ligados por um travessão horizontal cuja medida livre interior estará a 2 (dois) metros do solo.

a) A largura e espessura dos postes e do travessão serão de 8 (oito) centímetros e quando roliços

terão o diâmetro de 8 (oito) centímetros; b) Os postes e travessão poderão ser confeccionados em madeira, plástico, ferro ou material similar e

pintados em cores contrastantes com a quadra de jogo; c) Serão colocadas redes por trás das metas e obrigatoriamente presas aos postes, travessão e aos

suportes de sustentação junto ao solo. Deverão estar convenientemente sustentadas e colocadas de modo a não perturbar ou dificultar a ação do goleiro. As redes serão de corda ou náilon, em material resistente e malhas de pequena abertura para não permitir a passagem da bola;

d) A profundidade da meta ficará na parte externa da superfície de jogo, sendo no mínimo 80 centímetros na parte superior e de 100 centímetros ao nível do solo.

10 - SEGURANÇA

As metas podem ser portáteis, mas devem ser, preferencialmente, fixadas firmemente ao solo durante as partidas, de maneira que não caiam sobre os jogadores.

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11 - SUPERFÍCIES DE JOGO A superfície de jogo deverá ser lisa, estar livre de asperezas e não ser abrasiva. O seu piso será

construído de madeira, material sintético ou cimento, rigorosamente nivelado, sem declives, nem depressões, prevenindo escorregões e acidentes. 12 – DECISÕES

1. Perpendiculares as linhas de meta e para fora da superfície de jogo, deverá ser feita uma marca com largura de 8 (oito) centímetros e comprimento de 10 (dez) centímetros, a uma distância de 5 (cinco) metros da união da parte externa das linhas laterais com as linhas de meta, para regular a distância que os jogadores devem permanecer por ocasião da cobrança dos tiros de canto e laterais. Os jogadores não necessitam ficar a 5 (cinco) metros da linha lateral, mas devem ficar a uma distância de 5 (cinco) metros da bola.

2. Os bancos de reservas das equipes situam-se atrás da linha lateral, imediatamente na continuação da área livre, situada ao lado da mesa de anotações, ficando cada equipe no banco situado em sua quadra de defesa, onde serão realizadas as suas substituições. RECOMENDAÇÕES:

a) Os árbitros ao entrarem na quadra, devem conferir se todas as marcações estão corretas e se não

estiverem, solicitar a imediata correção e registrar em relatório as incorreções; b) Verificar as condições das redes das metas e redes de proteção em volta da quadra de jogo; c) Não será permitido que o Massagista ou Atendente, Médico ou Fisioterapeuta e Preparador Físico

permaneçam em pé durante a partida, quando não estiverem executando suas respectivas funções. Também não será permitido qualquer tipo de manifestação durante a partida;

d) Os jogadores reservas devem permanecer sentados em seus respectivos bancos de reservas ou em aquecimento nos locais apropriados e determinados pelos árbitros;

e) Cada equipe deve permanecer no banco de reservas correspondente a sua meia quadra de defesa, onde serão feitas as suas substituições;

f) Não serão permitidas marcações na quadra de jogo que não estão previstas. Atividade:

1. Formem grupos, cada grupo ficará responsável pela verificação das medidas de cada setor da quadra (divisões a critério do professor) e realizar um comparativo com as medidas estabelecidas pela Confederação Brasileira de Futsal - CBFS.

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7. JOGO E ESPORTE – COOPERAÇÃO X COMPETIÇÃO

O aumento da conscientização da necessidade de incentivar e desenvolver o espírito de cooperação, de participação numa comunidade, vem transformando profundamente o estilo de se trabalhar em grupo. A própria capacidade cooperativa é um quesito valorizado na hora de conseguir emprego, porque as pessoas estão descobrindo que não dá para ir muito longe sozinhas. Antigamente, as grandes invenções eram atribuídas a uma pessoa. Foi assim com o telefone, com a lâmpada. Hoje, são as equipes que trabalham em conjunto, e unir-se de maneira eficiente tornou-se muitíssimo importante.

Há muito que os jogos estão presentes nas atividades educacionais, mas a maioria dos jogos tradicionais no Ocidente são competitivos.

O conceito de jogos cooperativos tem como elementos primordiais a cooperação, a aceitação, o envolvimento e a diversão.

Nos jogos cooperativos o confronto é eliminado e joga-se uns COM os outros, ao invés de uns CONTRA outros. A comunicação e a criatividade são estimuladas.

Nos jogos cooperativos existe cooperação, que significa agir em conjunto para superar um desafio ou alcançar uma meta, enquanto que nos jogos competitivos cada pessoa ou time tenta atingir um objetivo melhor do que o outro. Ex.: marcar gols, cumprir um percurso em menor tempo, etc.

O quadro abaixo nos dá uma idéia das principais características dos dois tipos de jogos.

JOGOS COOPERATIVOS JOGOS COMPETITIVOS

Visão de que "tem para todos" Visão de que "só tem para um"

Objetivos comuns Objetivos exclusivos

Ganhar COM o outro Ganhar DO outro

Jogar COM Jogar CONTRA

Confiança mútua Desconfiança, suspeita

Descontração Tensão

Solidariedade Rivalidade

A vitória é compartilhada A vitória é somente para alguns

As atividades que privilegiam os aspectos cooperativos são importantes por contribuírem para o

desenvolvimento do sentido de pertencer a um grupo, para a formação de pessoas conscientes de sua responsabilidade social, pois trabalham respeito, fraternidade e solidariedade de forma lúdica e altamente compensatória, levando a perceber a interdependência entre todas as criaturas. Nelas, ninguém perde, ninguém é isolado ou rejeitado porque falhou. Quando há cooperação todos ganham, baseados num sistema de ajuda mútua.

Os jogos cooperativos requerem o desenvolvimento de estratégias onde a cooperação é necessária para que um determinado objetivo seja atingido, superando as condições ou regras estabelecidas. Em lugar da competição pessoal, é estimulado o desenvolvimento da ajuda mútua e do trabalhar com os outros para um objetivo comum. Como ninguém é desclassificado, todos os participantes podem retirar total satisfação do jogo, porque ninguém corre o risco de se sentir inferiorizado perante o grupo. A satisfação pessoal advém não do fato de ganhar dos outros, mas do melhorar progressivo das suas capacidades individuais, que são usadas para atingir um objetivo grupal. Através de jogos cooperativos torna-se mais fácil criar um bom espírito de grupo, de elementos ligados por laços solidários e afetivos.

Os jogos competitivos, por sua vez, também têm seu papel educacional, quando nos ensinam a lidar com a competitividade existente dentro de nós. Compreender a competição e as emoções

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relacionadas a ela num ambiente assistido, no espaço da aprendizagem, é uma oportunidade para que as crianças passem a lidar com a realidade do mundo competitivo de maneira mais serena e equilibrada. Afinal, a competição pode gerar diversos conflitos e emoções desagradáveis. Pode levar à comparação, frustração, ao sentimento de vitória ou de derrota, à exclusão, e as situações de aula, quando bem encaminhadas, podem contribuir para ajustar a percepção destes momentos à sua verdadeira dimensão íntima, visando o equilíbrio. No ambiente competitivo bem administrado também estão presentes a necessidade do respeito, a superação de limites e a amizade.

Quando saudável, a competição pode permitir que uma pessoa chegue a um desempenho que dificilmente conseguiria alcançar sem a contraposição de outra. Segundo Shutz, a competição é prejudicial quando há a tentativa de trapacear, quando há um gasto excessivo de energia para ganhar ou, ainda, quando representa a diminuição do adversário.

Do contrário, ela pode ser altamente positiva, preparando a pessoa inclusive para a competitividade da própria vida, às vezes expressa pela chamada “seleção natural”. Assim, a presença do outro em situações de comparação a disputa pode levar a um significativo aprimoramento cognitivo, afetivo, motor e social.

COOPERAÇÃO: é uma situação em que para o objetivo de uma pessoa ser alcançado, todos os demais deverão alcançar os seus respectivos objetivos. COMPETIÇÃO: é quando para que um dos membros alcance os seus objetivos, os outros serão incapazes de atingir os deles. 7.1 JOGAR COM OU CONTRA?

O que diferencia o jogar com e o jogar contra? Quando jogamos com alguém, entendemos que

ele está apenas temporariamente do outro lado e que significa um desafio lúdico, mas de forma alguma provoca o desejo de ser violento, desleal, desonesto, rancoroso. Quando jogamos com, elogiamos a beleza das jogadas do outro lado, reconhecemos a sua superioridade quando for o caso, encaramos cada bola perdida como um desafio a ser superado na próxima disputa, vibramos com o nosso sucesso sem diminuir quem está na outra equipe. É preciso ficar claro, entretanto, que quando jogamos com continuamos movidos pelo desafio de jogar bem e superar o outro lado. O que não fazemos é tentar ser melhor a qualquer custo, passando por cima de valores como o respeito ao outro, a lealdade, a ludicidade, entre outros.

Quando jogamos contra, transformamos nossa frustração em violência verbal e corporal, desdenhamos do sucesso da outra equipe, mentimos (“Eu?!! Nem encostei a mão na bola”, após deliberadamente termos colocado a mão na bola, por exemplo) quando a mentira nos permite levar vantagem. Ao jogar contra, podemos chegar a ponto de criar inimigos quando a outra equipe nos vence ou nos frustra e quando nos recusamos a nos confraternizar com o outro lado após as partidas.

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Atividade: Com os conhecimentos que a leitura lhe trouxe e sua experiência de vida, responda às questões. 1. Você já vivenciou alguma situação de jogo em que estiveram presentes itens contidos no texto jogo

e esporte – cooperação x competição, seja de forma a dificultar ou a facilitar a realização de um jogo? Narre sua experiência.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Em sua opinião, quando vivenciamos um jogo em que sua metodologia tem como objetivo a

competição, quais aspectos positivos e negativos estamos sujeitos a adquirir para nossa vida? Faça a mesma análise quando a ênfase for à cooperação.

Competição:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Cooperação:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Crie uma estória em quadrinhos que envolva cooperação.

COMPETIÇÃO

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8. O CONCEITO DE LAZER

O Lazer é um fenômeno moderno que, cada vez mais ganha espaço no âmbito social e acadêmico, respectivamente inserindo-se na vida das pessoas dentro das comunidades, e nas discussões acerca de seus potenciais e reflexos no mundo em que vivemos.

Os melhores e principais trabalhos realizados a respeito do lazer no Brasil fundamentam-se nas teorias do sociólogo DUMAZEDIER, que define lazer como sendo: Um conjunto de ocupações às quais o individuo pode entregar-se

de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-

se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou

formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua

livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das

obrigações profissionais, familiares e sociais. (DUMAZEDIER, 1976, p. 34).

Próximo a este conceito está o de CAMARGO que define como: Um conjunto de atividades gratuitas, prazerosas, voluntárias e liberatórias, centradas em interesses

culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos e associativos, realizadas num tempo livre roubado ou

conquistadas historicamente sobre a jornada de trabalho profissional e doméstica e que interferem no

desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. (CAMARGO, 1989). Diante disto, percebe-se que o lazer pode ser considerado como qualquer atividade que venha a

proporcionar: - Descanso, quando possibilita a reparação das energias físicas e mentais dos indivíduos

ocasionados pelos trabalhos e pelas diversas obrigações cotidianas; - Prazer e divertimento, quando rompe com o ritmo de vida através da recreação e do

entretenimento; - Desenvolvimento, quando proporcionam as pessoas a desenvolverem a personalidade

através da participação e da sociabilidade, com mais liberdade. Não importa as diferentes interpretações que se possa dar à palavra lazer, o que importa é que o

lazer se dá pelo fato de se configurar como espaço de transformação social e de colaboração para a construção de novas normas de convivência e estabelecimento de novas relações entre as pessoas, podendo também ser entendido como lugar de execução da cidadania e da liberdade, de forma a contribuir para a formação do ser humano. 8.1 TIPOS DE LAZER

Existe hoje uma classificação que divide o lazer em cinco tipos, são eles:

• Lazer contemplativo – são aqueles que predominam a beleza plástica, ou seja, tudo aquilo considerado bonito e agradável de ser visto. Este tipo de lazer é muito importante, pois, vai mostrar ao usuário o respeito pelo uso, diminuindo assim, a degradação e/ou depredação. Além disso, gera agradáveis sensações de repouso mental, de bem estar, de relaxamento, entre outros.

• Lazer recreativo – é o tipo de lazer que faz uso da terapia ocupacional das pessoas. Para as

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crianças, seriam os parquinhos, o playground, as praças, e para os mais velhos, os locais com bancos fixos e mesas para jogos de cartas, dominós, xadrez, conversas, etc.

• Lazer cultural – é o lazer que envolve a cultura de alguma forma, seja ela de apresentação, de ensinamento ou de conhecimento. É o tipo de lazer que, além de satisfazer o desejo de diversão e entretenimento, é indispensável para a produção de conhecimentos que contribuam até para a solução dos graves problemas que comprometem o desenvolvimento do País. Este tipo de lazer necessita de espaços bem projetados para a realização de manifestações culturais, apresentações teatrais, musicais, entre outros.

• Lazer esportivo – é uma realidade que propõe benefícios à saúde física e mental dos freqüentadores. Esse tipo de lazer necessita de espaços como, campo de futebol, quadras poliesportivas, pistas de Cooper, área para ginástica, piscinas, e/ou qualquer equipamento para a realização da prática esportiva.

• Lazer aquisitivo – seriam os equipamentos ou edificações destinados às compras de objetos de uso pessoal ou doméstico como shoppings, feiras de artesanatos, hipermercados, restaurantes, lanchonetes, barraquinha e, etc., onde as pessoas também freqüentariam para passear e trocar idéias.

8.2 O LAZER COMO DIREITO

O lazer como direito está contemplado na Constituição Federal do Brasil no Art. 6º do capítulo que trata dos “Direitos Sociais”. Como um direito social é dever do Estado promover ações e Políticas Públicas que garantam a participação da população em um lazer saudável.

Lazer não é privilégio dos que detêm melhor poder aquisitivo. É um direito a ser conquistado, compreendido e praticado, mesmo que seja difícil de ser exercido. Parte da população ainda luta pela garantia de direitos essenciais para sua sobrevivência, ficando o lazer esquecido.

A educação de crianças e jovens deve assumir um compromisso, em apresentar a importância do lazer. O ócio, o uso do tempo livre com atividades culturais são fatores determinantes para a melhoria da condição humana.

Reservar um tempo para nós mesmos. Participar de grupos de convivência, praticar esportes, visitar espaços culturais, ler livros, escutar boa música, fazer atividades na natureza e por fim contemplar o nascer e o pôr do sol, são atividades de lazer importantes para o nosso equilíbrio. (Universidade Estadual do Ceará) Atividade: 1. Quais as atividades de lazer que você realiza regularmente?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Formem grupos e realizem uma pesquisa sobre os espaços de lazer disponíveis em nossa cidade. Registre os achados em fotos e/ou vídeos e depois apresentem os resultados da pesquisa.

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