testes neuropsicologicos de luria

Upload: rivas-pereira-maritza

Post on 09-Apr-2018

256 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    1/67

    1

    Aleksandr Romanovitch Luria

    Traduo de

    Egidio Jose Romanelli

    e colaboradores

    APOSTILA DE TESTESNEUROPSICOLGICOS

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    2/67

    2

    CONTEDOS

    Captulo 1 FUNES VISUAIS SUPERIORES1.1. PERCEPO DE OBJETOS E DESENHOS

    1.1.1. Objetos e desenhos1.2 ORIENTAO ESPACIAL

    1.2.1 Operaes espaciais1.3 ORIENTAES INTELECTUAIS NO ESPAO

    1.3.1 Atividade de sntese e construo

    Captulo 2 ORGANIZAO ACSTICO-MOTORA2.1 PERCEPO E REPRODUO DE RELAES TONAIS

    2.1.1. Percepo do tom.2.1.2. Reproduo de relaes tonais e de melodias musicais.

    2.2 PERCEPO E REPRODUO DE ESTRUTURAS RTMICAS2.2.1 Percepo e avaliao de sinais acsticos2.2.2. Execuo motora de grupos rtmicos

    Captulo 3 FUNES CUTNEAS SUPERIORES E FUNESCINESTSICAS

    3.1 SENSAES CUTNEASSensaes tteis3.1.1 Limiar da sensao tctil:3.1.2. Discriminao tctil:3.1.3. Localizao tctil:

    3.1.4. Discriminao tctil espacial:3.1.5. Identificao tctil da direo do movimento:3.2 SENSAES MUSCULARES E ARTICULATRIAS3.2.1. Sensaes cinestsicas

    3.3 ESTEREOGNOSIA

    Captulo 4 FUNES MOTORAS4.1. FUNES MOTORAS DAS MOS

    4.1.1. Movimento simples.4.1.2. Bases cinestsicas do movimento.4.1.3 Organizao ptico-espacial do ato motor.

    4.1.4. Organizao dinmica do ato motor.4.1.5. Formas complexas de praxias.

    4.2. PRAXIAS ORAIS4.2.1. Movimentos simples.4.2.2. Movimento cinestsico4.2.3. Organizao dinmica.4.2.4. Praxias orais e integradoras

    4.3. REGULAO VERBAL DO ATO MOTOR4.3.1. Seletividade da ao em resposta a uma instruo.4.3.2. Regulao verbal dos movimentos.

    Captulo 5 LINGUAGEM RECEPTIVA5.1 AUDIO FONMICA

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    3/67

    3

    5.1.1 Efeito de repetio5.1.2Escrita5.1.3Princpio dos reflexos condicionados5.1.4Mudana de estmulo

    5.2 COMPREENSO DE PALAVRAS

    5.2.1 Definio5.2.2 Efeito de repetio5.2.3 Identificao

    5.3 COMPREENSO DE ORAES SIMPLES5.3.1 Uma srie de frases simples5.3.2 Instrues verbais5.3.3 Oraes cujo significado no est limitado aos objetos

    mencionados5.3.4Instrues conflitivas

    5.4 COMPREENSO DE ESTRUTURAS GRAMATICAIS LGICAS5.4.1Construes inflexivas simples5.4.2Construes utilizando caso atributivo genitivo5.4.3Construes preposicionais que implicam relaes espaciais5.4.4Construes comparativas5.4.5construes gramaticais invertidas5.4.6.Estrutura gramatical complexa

    Captulo 6 LINGUAGEM EXPRESSIVA6.1 ARTICULAO DOS SONS DA FALA.

    6.1.1 Repetio6.2 LINGUAGEM REPETITIVA

    6.2.1 Repetio de palavras isoladas6.2.2. Repetio de sries de palavras.6.2.3. Repetio de frases

    6.3. FUNO NOMINATIVA DA FALA6.3.1. Nomeao de objetos ou imagens de objetos.6.3.2. Nomeao a partir de descries.6.3.3. Determinao de categorias de palavras.

    6.4 FALA NARRATIVA AUTOMATIZADA6.4.1. Fluidez e automatizao da fala

    6.5 FALA NARRATIVA PREDICATIVA OU FLUENTE6.5.1. Formas reprodutivas simples e mais complexas.

    6.5.2 Formas produtivas espontneas6.5.3. Sistemas complexos de expresses gramaticais.

    Captulo 7 LEITURA E ESCRITA7.1 ANLISE FONTICA E SNTESE DE PALAVRAS

    7.1.1Anlise fontica7.2 ESCRITA

    7.2.1. cpia e escrita ordinria7.2.2. Formas complexas de escrita

    7.3 LEITURA7.3.1 Anlise da percepo de letras

    7.3.2 Leitura de slabas ou palavras7.3.3 Leitura de frases e textos

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    4/67

    4

    Captulo 8 PROCESSOS MNSICOS8.1 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

    8.1.1Sries de palavras ou nmeros desconexos8.2 RETENO E RECUPERAO

    8.2.1 Reconhecimento de forma8.2.2Efeitos de contraste e tamanho8.2.3 Reproduo imediata de traos visuais, acsticos, cinestsicos e

    verbais8.2.4Lembranas de palavras8.2.5 Lembranas de oraes e pargrafos

    8.3 MEMRIA LGICA8.3.1Lembrana mediante ajuda visual8.3.2. Lembrana mediante pictogramas

    Captulo 9 HABILIDADES ARITMTICAS

    9.1 COMPREENSO DA ESTRUTURA DO NMERO9.1.1 Compreenso, escrita e reconhecimento de nmeros.9.1.2Diferenas numricas

    9.2 OPERAES ARITMTICAS9.2.1Clculos simples automatizados9.2.2 Operaes aritmticas complexas9.2.3 Sinais aritmticos9.2.4 Sries de operaes aritmticas9.2.5 Sries de operaes aritmticas consecutivas

    Captulo 10 PROCESSOS INTELECTUAIS10.1. COMPREENSO DE IMAGENS TEMTICAS E TEXTOS

    10.1.1 Desenhos10.1.2Textos10.1.3Explicaes

    10.2 FORMAO DE CONCEITOS10.2.1Definio10.2.2Comparao e diferenciao10.2.3Relaes lgicas10.2.4Analogias10.2.5 Inteligncia categrica.

    10.3 ATIVIDADE INTELECTUAL DISCURSIVA10.3.1Problemas aritmticos elementares10.3.2Problemas aritmticos complexos

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    5/67

    5

    Captulo 1

    FUNES VISUAIS SUPERIORES

    O exame neuropsicolgico das funes visuais deve ser sempreprecedido por uma investigao neuro-oftalmolgica dos aspectoselementares da viso, sua acuidade, sua sensibilidade a cores, aintegridade dos campos visuais e a qualidade de adaptao visual.Existem dois elementos bsicos; os campos visuais e os movimentosoculares, to importantes que podem dar lugar s seguintesconsideraes que suplementam a avaliao neuro-oftalmolgica.Quando se apresenta uma diminuio do campo visual importanteavaliar o quanto o aluno/cliente percebe de seu problema e como ocompensa. Tem-se demonstrado que quando um aluno/cliente tem umaleso no hemisfrio esquerdo como causa de uma hemianopsia no ladodireito, ele percebe seu defeito e o compensa por meio de um giroapropriado no ato de olhar, enquanto que, quando o aluno/cliente temhemianopsia no lado esquerdo (que frequentemente aparece nasndrome de anosognosia) ele no se d conta de seu defeito e por issono o compensa, seu olhar adquire um carcter fixo. Para uma avaliaomais detalhada podem ser utilizados os seguintes mtodos:

    a) O aluno/cliente recebe instrues para contar algumas cartascolocadas sobre uma mesa a sua frente.b) Pede-se ao aluno/cliente para ler um texto escrito em letrasgrandes.

    Ignorar o lado esquerdo do campo visual um trao caracterstico dahemianopsia fixa do lado direito. No exame dos movimentos oculares importante distinguir entre os movimentos elementares (reflexos) e oscomplexos (psicomotores). Quando existe uma relativa preservao dosmovimentos reflexos do olho, acompanhada de alteraes (atraso, baixaamplitude e fatigabilidade) ou ausncia absoluta de movimentospsicomotores do olho, ela pode indicar um considervel problema noaparelho cortical relacionado com este nvel de ajustamento visual.Estaro alteradas a inspeo ativa de um objeto e a percepo visualativa. A investigao adequada das funes visuais superiores importante, pois no s revela o estado das divises corticais doanalisador ptico, como tambm pode ajudar a identificar alteraes emoutras regies que afetam os processos de anlise e sntese visual.

    A estrutura da percepo visual de um estmulo ptico complexo,compe-se de quatro estgios: o primeiro deles o exame do objeto; o

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    6/67

    6

    segundo a distino de suas caractersticas essenciais; o terceiro oestabelecimento de relaes entre estas caractersticas; e o ltimoconsiste na integrao destas caractersticas em configuraes. Apercepo pode ressentir-se quando qualquer um dos estgios doprocesso est deteriorado. Por isso, a investigao deve ser feita de talmaneira que oferea resultados vlidos para anlises qualitativas. Ainvestigao compreende o estudo de:

    1. Percepo de objetos e desenhos.2. Orientao espacial.3. Operaes intelectuais no espao.

    1.1. PERCEPO DE OBJETOS E DESENHOS

    Observaes preliminares:1- No h limite de tempo.2- A apresentao dos desenhos pode variar, a figura pode serapresentada somente por um curto perodo de tempo ou os desenhosserem apresentados em posio invertida.3- Se o desejo simplificar o teste, orienta-se ao aluno/cliente que siga ocontorno da figura com o dedo, ou o investigador lhe dirige perguntasque sugerem a resposta ou o prprio examinador pode apontar qualquerdos indcios essenciais.4- Se h alterao da fala, pode-se utilizar comunicao no verbal.

    5- Os nmeros entre parnteses referem-se as pginas do livro de apoio(Luria, 1981).

    1.1.1. Objetos e desenhosa) Pede-se ao aluno/cliente que examine cuidadosamente enomeie 3 objetos ou desenhos de objetos delineados claramente- Anexo 1.1b) Pede-se ao aluno/cliente que examine e descreva desenhoscomplexos, tais como paisagens, gravuras e figuras temticas (pg.187).

    c) Pede-se ao aluno/cliente que examine e nomeie desenhos deobjetos rabiscados ou superpostos uns sobre os outros (pg. 94).- Anexo 1.2d)Pede-se ao aluno/cliente que identifique 4 figuras inseridas emum desenho complexo.Anexo 1.3e) Pede-se ao aluno/cliente que complete uma figura onde faltauma parte, selecionando, entre os cinco desenhos, um que seencaixe na figura maior.Anexo 1.4

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    7/67

    7

    ANLISE DA CONDUTA

    1 - O aluno/cliente percebe somente um detalhe (o mais visvel ouevidente), mas no consegue correlaciona-lo com os demais ou integra-lo no grupo do desenho ou tira concluses prematuras sobre o

    significado do mesmo, adivinhando-o a partir de um s detalhe que tenhapercebido. Por exemplo, pode confundir um par de culos com umabicicleta, porque no pode sintetizar dois crculos com a srie de linhasna figura que lhe apresentada. Em casos menos evidentes, estasdificuldades s vem luz durante o exame das estruturas visuais maiscomplexas. O aluno/cliente mostra-se inseguro nas opinies referentesao significado dos desenhos, est constantemente em dvida ou sequeixa de sua pouca viso.Indicativo de AGNOSIA PTICA ou VISUAL; leses nas reasocipitoparietais (secundrias) (pag. 95).

    2 - Nos testes B, C, D e E o aluno/cliente pode perceber um desenho eavalia-lo adequadamente, mas sempre quando for um s desenho ouelemento de cada vez. Ele perde a viso de conjunto do desenho quandoexamina seus detalhes. Seu exame dos objetos acompanhado deataxias do olhar (olhar desordenado).Indicativo de AGNOSIA SIMULTNEA; leso bilateral das reassecundrias occipitais e com um distrbio concomitante chamadoATAXIA DE FIXAO; incapacidade de focalizar um objeto.

    3 - Em todos os testes. O aluno/cliente olha passivamente o desenho,no muda a direo de seu olhar nem parece procurar selecionar ossinais identificadores, geralmente emite, com segurana, uma respostaqualquer sobre o significado do desenho e no tem dvidas nem procurafazer correes. Se o desenho apresentado na posio invertida oaluno/cliente o avalia nesta posio, no virando-o nem procurandoinvert-lo mentalmente. Estmulos visuais complexos lhe do aimpresso de um caos. possvel tambm que persevere na mesmapercepo, isto , que interprete os diferentes desenhos de uma mesmamaneira (pag. l86).Indicativo de leso dos lobos frontais.

    4 - O aluno/cliente no percebe o lado esquerdo do desenho (pag. 88).Apresenta HEMIANOPSIA FIXA; leso das reas visuais primrias dohemisfrio direito.

    1.2 ORIENTAO ESPACIAL

    A orientao no espao um processo complexo que se relaciona em

    primeiro lugar com a direo em relao a determinadas coordenadascomo; em cima, embaixo, direita e esquerda. Intervm no processo a

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    8/67

    8

    percepo visual simultnea a anlise e a sntese vestibular (no ouvidointerno) e os estmulos cinestsicos do membro superior dominante. Adistino entre esquerda e direita depende muito da identificao da modominante).

    A investigao da ao espacial ser descrita no captulo 4 (funesmotoras), aqui so investigados os funcionamentos no plano da imagemvisual e as operaes que se efetuam a nvel de esquema simblico.

    1.2.1 Operaes espaciaisa) Pede-se ao aluno/cliente que analise a ordenao espacial defiguras familiares e que aponte as semelhanas e diferenas entreas linhas e formas colocadas em simetria espelhada. Anexo 1.5A seguir orienta-se o aluno/cliente para desenhar com algunspalitos de fsforo, figuras colocadas em espelho.b) Pede-se ao aluno/cliente que leia as horas em um relgioanalgico (de ponteiros) e a seguir que indique uma determinadahora, desenhando os ponteiros em um relgio.c) Pede-se ao aluno/cliente que indique as coordenadas espaciaisde um mapa; que desenhe um plano de uma sala (croqui) e umdeterminado itinerrio, desenhando-o.

    ANLISE DA CONDUTA

    1 - O aluno/cliente no pode distinguir entre os elementos de um figura

    quando formam imagens espelhadas; analisa de forma incorreta adireo das linhas que compem a figura; confunde horas simtricas (3 e9, 2 e 10, 4 e 8 horas, etc.). Comete erros quando desenha os ponteirosde um relgio (p. 125)Indicativo de leso das reas inferoparietais ou parieto-ocipitais(tercirias).

    2 - Teste C. O aluno/cliente no pode identificar corretamente Leste eOeste em um mapa; e situa mal cidades, por no perceber suas posiesrelativas. Geralmente comete o erro de desenhar imagens espelhadas deesquemas geogrficos. Confunde facilmente esquerda com direita e seatrapalha na indicao de um itinerrio (pag. 141).Quadro indicativo de leso das divises parieto-ocipitais (tercirias).

    3 - O aluno/cliente comete erros ao copiar ou construir relaes entreimagens refletidas, sua ateno inativa em todos os testes cometendoerros impulsivos.Indicativo de leso dos lobos frontais.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    9/67

    9

    1.3 ORIENTAES INTELECTUAIS NO ESPAO

    1.3.1 Atividade de sntese e construoAs provas de orientao visual referentes as relaes espaciaiscompreendem uma srie de testes que no se restringem apenas ainvestigao das funes visuais superiores, mas procuram explorar asntese espacial que abrange a atividade construtiva e as operaesintelectuais no espao.Obs.: Considerando que nem sempre se realizam com facilidade ostestes, nem por indivduos normais, eles possuem um valor limitado.Contudo, importante observar como o aluno/cliente realiza a tarefa, otipo de dificuldades que encontra e como procura supera-las.

    a) Pede-se ao aluno/cliente que reproduza desenhos de figurasgeomtricas, utilizando as peas apresentadas pelo examinador

    (adaptado do teste de cubos de Kho's).Anexo 1.6b) So dadas ao aluno/cliente instrues para completar umaconfigurao composta por hexgonos, parecida com um favo demel.Anexo 1.7 .c) Apresenta-se ao aluno/cliente um desenho com blocos e outrocom cubos, conforme o modelo, e pede-se que indique o nmerode blocos, ou cubos, de cada desenho.Anexo 1.8

    d) Mostra-se o desenho de um paralelogramo contendo um crculoem um de seus ngulos. O aluno/cliente dever desenhar estecrculo no mesmo ngulo em outro paralelogramo que lhe eapresentado. Anexo 1.9

    ANLISE DA CONDUTA

    1 - O aluno/cliente no pode decompor as figuras geomtricas dosdesenhos nos componentes individuais (peas) e organiza-losespacialmente. Isto particularmente difcil quando os detalhes que

    percebe visualmente, na configurao, no coincidem com os desenhosdas peas apresentadas (pag. 292).

    2 - O aluno/cliente no pode manter o sistema de relaes espaciaisexigido na prova B e completa a configurao de forma simples e direta,apenas ligando os pontos. Nas provas C e D tambm ocorre dificuldadede organizao espacial.Quadro indicativo de leso das reas tercirias parieto-ocipitais.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    10/67

    10

    Captulo 2

    ORGANIZAO ACSTICO-MOTORA

    Um fator de importncia no diagnstico das leses delimitadas no crtex o estudo das coordenaes acstico-motoras, ou seja, dos atosmotores simples dependentes do sistema auditivo aferente. Estes atostem uma organizao seriada precisa e consistem em melodias"motoras", cuja sequncia se baseia nos intervalos de tempo. Dada aenorme variao existente na capacidade musical humana, a explorao

    no deve ir alm do emprego de provas simples.Esta investigao compreende duas sries de testes:

    1 - Percepo e reproduo de relaes tonais.2 - Percepo e reproduo de estruturas rtmicas.

    2.1 PERCEPO E REPRODUO DE RELAES TONAIS

    2.1.1. Percepo do tom.a) Pede-se ao aluno/cliente que estime o tom de sons, com uma

    diferena tonal suficientemente marcada. Pode-se cantar a nota ouemiti-la mediante instrumento musical ou audmetro.b) Pede-se ao aluno/cliente para distinguir grupos diferentes desons (notas), por exemplo; levantando a mo direita em resposta aum grupo tipo D, R, MI e a mo esquerda em resposta a outrogrupo tipo D, R, D.c) Pede-se ao aluno/cliente que compare, 2 a 2, arranjos de notasapresentadas em uma sequncia inversa de tons. Por exemplo:D, R, R, D e R, D, D, R;D, R, R, D, R e R, D, D, R, D;

    D, R, MI e MI, R, D.ANLISE DA CONDUTA:1. Se o aluno/cliente no puder discernir as relaes tonais, supe-seleso na regio secundria temporal esquerda e, s vezes, direita (108).2. No teste B o aluno/cliente pode reagir de modo inseguro e acusarinstabilidade motora. Isto pode significar leso em reas temporais oufrontais, outros testes (4.3.2, regulao verbal dos movimentos)determinaro quais so as reas envolvidas (179).

    2.1.2. Reproduo de relaes tonais e de melodias musicais.a) Pede-se ao aluno/cliente que preste ateno a uma srie de

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    11/67

    11

    notas e que as reproduza depois cantando: a srie formada porgrupos de mesmo nmero de notas apresentadas em ordemdistinta como:D, R e R, Dou D, R, D e R, D, Rou D, R, R, D e R, D, D, R.b) Pede-se ao aluno/cliente que cante uma msica familiar.

    ANLISE DA CONDUTA

    1. O aluno/cliente no consegue estabelecer relaes tonais e lhe difcila reteno da melodia apresentada. O ato fontico em si no oferecedificuldade por estar ligado ao hemisfrio dominante.Isto indicativo de Amusia sensorial, leso da regio temporalsecundria do hemisfrio no dominante (112).

    2. O aluno/cliente no capaz de cantar uma msica com suavidade esuas tentativas resultam em uma srie de impulsos vocais noharmnicos.Indicativo de leses bilaterais nas divises anteriores (secundrias) dazona cinestsica (sensrio-motora), com predominncia no hemisfriodireito (150).

    3. O aluno/cliente no pode passar da reproduo de um som a outro,podendo apresentar perseveraes motoras.Indicativo de leso nas divises inferiores da zona pr-motora,associadas a sinais de inrcia patolgica no analisador motor.

    4. A diferenciao tonal est alterada em relao a mudana e aperseverao. Os transtornos se manifestam com a mesma clareza nocanto e na fala e formam parte de uma apraxia cinestsica.Indicativo de Amusia motora aferente, leso na regio secundria ps-central (parietal) (150).

    2.2 PERCEPO E REPRODUO DE ESTRUTURA RTMICAS

    2.2.1 Percepo e avaliao de sinais acsticosa) O aluno/cliente deve indicar o nmero de sons apresentados emgrupos de duas ou trs batidas rtmicas, por exemplo:.. ou ...b) Pede-se ao aluno/cliente que diga o nmero de batidas de queconstam sries de grupos, por exemplo;.. .. .. ou ... ... ...c) Pede-se ao aluno/cliente que diga o nmero de diversos grupos

    homogneos diferenciados pela intensidade (forte = ! fraco = .), porexemplo:

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    12/67

    12

    !!!, ou !!, ou ..., ou ..d) Pede-se ao aluno/cliente que analise estruturas rtmicas degrupos heterogneos de batidas com diferena de intensidade queformam cada grupo (forte = ! fraco = .); por exemplo:!!!... ou ..!!.!..

    ANLISE DA CONDUTA

    1. Nos testes A e B o aluno/cliente consegue reproduzir os sinaisacsticos mais simples. Mas se os sinais forem apresentados com umavelocidade maior ou se o aluno/cliente for proibido de contarritmicamente em voz alta ele reclama que os sinais so apresentadosmuito depressa.Indicativo de leso nas reas secundrias de um dos lobos temporais,geralmente o esquerdo.

    2. Nos testes B e C o aluno/cliente encontra grandes dificuldades se osgrupos rtmicos forem repetidos muitas vezes ou se apresentaremvariaes de intensidade .Indica alteraes do analisador auditivo.

    3. O aluno/cliente responde com inrcia e estereotipia as estruturasrtmicas apresentadas.Indicativo de leso nas reas secundrias dos lobos frontais (156).

    2.2.2. Execuo motora de grupos rtmicosa) O aluno/cliente deve repetir no ritmo certo as sequncias debatidas apresentadas (forte = ! fraco = .):1).. .. .. .. 2)... ... ... ...3).. .. .. .. 4)..!!!..!!!..!!!..5)!!..!!...!!..!!...b) O aluno/cliente deve reproduzir certos ritmos mediante umainstruo verbal:1) uma srie de duas batidas;2) uma srie de 3 batidas;3) duas batidas fortes e trs fracas;4) trs batidas fracas e duas fortes.c) O aluno/cliente deve ler os modelos rtmicos de A e B e executa-los enquanto diz em voz alta a sequncia de batidas.d) O aluno/cliente deve passar da reproduo de uma estruturartmica para outra, por exemplo: de !! para !!!. ou de ..!!!para ..!!

    ANLISE DA CONDUTA

    1. A prova A explora a coordenao audio-motora e se o aluno/clienteno reproduzir o nmero correto de batidas, mistura grupos diferentes

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    13/67

    13

    em um nico grupo amorfo ou bate caoticamente, sem distinguir osdiversos grupos rtmicos; se os grupos de ritmos com diferenas deintensidade lhe parecem mais difceis; se abandona a prova depois detentar realiza-la sem sucesso; mesmo que a instruo verbal diminuasuas dificuldades, presume-se ser leso nas divises temporais deambos hemisfrios.

    2. Se em todos os testes o aluno/cliente no chega a perceberclaramente os erros de sua execuo, indica uma Anosognosiaauditiva, leso da regio temporal direita.

    3. Nos testes A4, B e D o aluno/cliente no pode desenvolver um modelortmico e precisa de um impulso isolado para cada batida. Se o tempo acelerado torna-se mais difcil a inibio das batidas rtmicas e passa abater sem necessidade. Para o aluno/cliente muito difcil a reproduode ritmos com diferenas de intensidade de modo que atribui o mesmonmero de batidas, e com a mesma fora, aos diferentes elementos quecompem um ritmo complexo. s vezes, nos testes A e B, difcil amudana de um ritmo a outro executando-os igualmente mal.Indicativo de leso da regio pr-motora.

    4. Testes A, B e C. O aluno/cliente reproduz os ritmos da prova B pior doque os da prova A, j que est alterada a funo reguladora dalinguagem. esquece rapidamente o ritmo descrito na instruo verbal ouo recorda somente por um breve instante, findo o qual bate com inrcia,seguindo os esteretipos formados previamente. muito difcil para elepassar de um ritmo sabido a um novo e no se d conta de seus erros.Indicativo de leso nas divises pr-motoras.

    5. O aluno/cliente mostra em todas as provas uma falta de coordenaomuito acentuada.Indicativo de leso na regio fronto-temporal.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    14/67

    14

    Captulo 3

    FUNES CUTNEAS SUPERIORESE FUNES CINESTSICAS

    Como a investigao faz parte do exame neurolgico geral, a informaosobre as desordens no analisador cutneo cinestsico pode ser obtidageralmente atravs da descrio do estado neurolgico do aluno/cliente.Para completar a anlise da sndrome neuropsicolgica, mencionamos aseguir os mtodos utilizados na prtica clnica. A investigao abrange o

    estudo seguinte:1. Sensaes cutneas.2. Sensaes musculares e articulatrias.3. estereognosia.

    3.1 SENSAES CUTNEAS

    Sensaes tteisVamos nos fixar sobretudo nos mtodos de investigao das

    funes tteis.Para evitar qualquer participao dos receptores cinestsicos evisuais dos aluno/clientes, o mesmo deve ficar com braos e mosimveis e com os olhos vendados.Para evitar as pseudo-sensaes que se originam da inrciapatolgica de todo analisador quando os estmulos soapresentados em intervalos regulares, devemos anular o ps-efeito(somao de estmulos) das sensaes tteis passando levementeo dedo sobre o local estimulado.

    3.1.1 Limiar da sensao tctil:a) Pede-se ao aluno/cliente para dizer quando percebe claramenteque tocado por estmulos que aumentam gradativamente depeso. [preparar uma bateria de 5 escalas, usando como peso fiosou linhas]. Os estmulos so aplicados nos dedos, na palma damo, no punho e no brao.

    3.1.2. Discriminao tctil:a)Pede-se ao aluno/cliente que diga com que lado de um alfineteest sendo tocada sua pele: se com a ponta ou cabea. Aplicar os

    estmulos em trs locais diferentes, dos dedos at o brao.b)Pede-se ao aluno/cliente que classifique trs estmulos de

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    15/67

    15

    intensidade diferentes aplicados numa ordem aleatria.

    3.1.3. Localizao tctil:a)Pede-se ao aluno/cliente que localize qual parte da sua pele tocada com a cabea de um alfinete. Depois aplicam-se novos

    estmulos e pede-se que ele indique, no membro oposto, o pontocorrespondente parte tocada pelo examinador.

    3.1.4. Discriminao tctil espacial:a) Usando um compasso de Weber, pede-se ao aluno/cliente paradizer quando comea a distinguir 2 pontos. Comear com oaparelho fechado, abrindo-o gradativamente para determinar olimiar de estmulo. Pode-se aplicar o mesmo estmulo,simultaneamente, em partes simtricas do corpo.

    3.1.5. Identificao tctil da direo do movimento:a) Pede-se ao aluno/cliente para indicar a direo do movimentode um objeto em contacto com sua pele. Depois pede-se que eleidentifique nmeros ou letras traadas em sua pele. A prova podetornar-se mais difcil se o aluno/cliente no e avisado das formas(letras ou nmeros) aplicadas ou das mudanas na aplicao.

    ANLISE DA CONDUTA:

    1. A atuao do aluno/cliente e imprecisa, com distrbio da exterocepo

    em todas as provas.Indicativo de leso nas divises primrias do crtex parietal (145).

    2. O aluno/cliente mostra sua sensibilidade diminuda em todo um ladodo corpo (hemiestesia).Indica leso nas divises ps-centrais do hemisfrio contra-lateral ou dostractos de conduo correspondentes.

    3) A sensao tctil do membro superior direito encontra-se diminuda.Indica leso da rea ps-central (sensrio-motora) do hemisfrio

    esquerdo.

    4) O funcionamento tctil do membro superior esquerdo est deteriorado.Em alguns casos h leso do hemisfrio ipsolateral (esquerdo), distrbiode lateralidade e decorrente reverberao.

    5) No teste 3.1.4 o aluno/cliente apresenta um limiar muito alto dediscriminao de dois pontos e no interpreta bem a direo domovimento.Indicativo de leso da regio ps-central (primria) ou parietal posterior

    (secundrias e tercirias) do hemisfrio contralateral.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    16/67

    16

    6) O aluno/cliente nota o estmulo tctil aplicado no lado direito, mas noo nota aplicado ao mesmo tempo no lado esquerdo. Somente diferenciacom facilidade se os dois estmulos forem aplicados em separado.Indicativo de leso da regio parietal do hemisfrio direito (140).

    7) Nos testes 3.1.1 e 3.1.2, o aluno/cliente incapaz de discriminarsensaes tteis e suas respostas so inertes e estereotipadas.Indicativo de desordens cerebrais envolvendo as reas pr-frontais eps-centrais.

    3.2 SENSAES MUSCULARES E ARTICULATRIAS

    3.2.1. Sensaes cinestsicasEstes testes so realizados estando o aluno/cliente de olhos vendados.

    a) O examinador movimenta os braos, mos ou dedos doaluno/cliente para cima, para baixo, para a direita ou esquerda epede que ele indique a direo do movimento.b) O examinador coloca o brao e a mo do aluno/cliente em umadeterminada posio, por breve tempo, retornando a seguir aposio normal. O aluno/cliente dever reproduzi-la com o membrooposto.c) O examinador induz trs movimentos consecutivos no brao doaluno/cliente e este dever repeti-los com o membro oposto.

    ANLISE DA CONDUTA:

    1. Em todos os testes o aluno/cliente no pode avaliar movimentos nemreproduzir posies, embora se esforce. Sua capacidade de determinar aposio dos segmentos distais do membro superior est especialmentealterada. H falta de propriocepo.Indicativo de leso das regies parietais (ps-centrais primrias esecundrias) do hemisfrio oposto.

    2. Nos testes A e C o aluno/cliente pode apresentar uma dificuldadeespecial nas reaes motoras diferenciais, devido ao efeito de umainrcia patolgica.Indicativo de leso dos lobos pr-frontais.

    3. O aluno/cliente no procura reproduzir ativamente a posio pedida,mas a substitui por uma ao impulsiva.Indicativo de leso dos lobos frontais.

    3.3 ESTEREOGNOSIA

    O aluno/cliente permanece de olhos vendados.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    17/67

    17

    a) O examinador coloca um objeto na palma da mo do aluno/cliente efecha-a pedindo que o nomeie sem manuse-lo.

    b) O aluno/cliente deve nomear um objeto depois de apalp-loativamente com a mo dominante e a seguir com a outra.

    c) O aluno/cliente deve selecionar o objeto que tinha na mo depois queeste foi misturado com outros objetos sobre a mesa.

    ANLISE DA CONDUTA:

    1. O aluno/cliente pode sentir e descrever o objeto colocado em sua mo(o seu tamanho, sua textura e sua temperatura), mas tem dificuldadepara integrar estes estmulos e identifica-los.Indicativo de alteraes nos terminais centrais do analisador cutneo

    cinestsico ou de AESTEREOGNOSIA; leso das regies parietaissecundrias, que se manifesta no membro contralateral superior.

    2. Alm das dificuldades que o aluno/cliente apresenta nas sntesessensoriais, aparecem tambm defeitos nos movimentos finos.Indicativo de alteraes nos segmentos motores da regio sensrio-motora (reas primrias frontais e parietais).

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    18/67

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    19/67

    19

    2. Praxias orais.3. Regulao verbal do ato motor

    4.1. FUNES MOTORAS DAS MOS

    Esta bateria exige a aplicao prvia dos testes de funes cutneassuperiores (captulo 3), para que j tenha sido observada a integridadedos sistemas proprioceptivos.

    4.1.1. Movimento simples.a) O aluno/cliente deve tocar sucessivamente seus dedos com opolegar enquanto os vai contando, do mnimo at o indicador,realizando estes movimentos com ambas as mos e o mais rpidopossvel.b) O aluno/cliente deve juntar (tocar) alternadamente, um a um, osdedos correspondentes de suas mos.c) O aluno/cliente deve, sucessivamente, abrir e fechar as mos aomesmo tempo.O examinador deve concentrar sua ateno na facilidade daexecuo dos movimentos, nas diferenas entre as mos e nafadiga que pode alcanar uma mo antes que a outra.

    ANLISE DA CONDUTANo se observa a potncia e o tnus muscular apropriados nos

    movimentos do aluno/cliente. Existe diferena entre as mos naexecuo dos movimentos e uma mo se cansa antes que a outra.Indicativo de leses nas reas corticais motoras primrias e/ou nossistemas aferentes (reas primrias parietais) do hemisfrio contralateral(151).

    4.1.2. Bases cinestsicas do movimento.a) O examinador coloca a mo do aluno/cliente ou seus dedos emuma determinada posio e pede que ele a reproduza de olhosfechados.

    b) O examinador mostra, por um breve espao de tempo, a figura 1e pede ao aluno/cliente que a reproduza de olhos fechados. Omesmo deve se feito com a figura 2 (Anexo 4.1)c) De olhos fechados, o aluno/cliente deve colocar o dedoindicador sobre o dedo mdio e o polegar sobre o anular damesma mo.d) O examinador coloca uma das mos do aluno/cliente em umadeterminada posio e pede-lhe que reproduza esta posio com aoutra mo, mantendo os olhos fechados.e) O aluno/cliente deve estender, ao mesmo tempo, os dedos

    indicador e anular, mantendo os demais dobrados.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    20/67

    20

    ANLISE DA CONDUTA

    1. O aluno/cliente pode mostrar-se incapaz de reproduzir as posiespropostas ou apresentar uma execuo pobre. A medida que o cansaovai aparecendo, as dificuldades vo aumentando. s vezes o

    aluno/cliente, percebendo sua dificuldade de adequao ao modelo,procura ajudar na execuo da posio com a outra mo.Indicativo de Apraxia motora aferente; leso das demarcaescinestsicas (parietal secundria) do hemisfrio contralateral.

    2. Alteraes menos acentuadas do mesmo tipo, o aluno/cliente engana-se e corrige o erro.Indicativo de leso do hemisfrio ipsolateral, havendo influncia de umhemisfrio sobre o outro.

    3. Nos testes D e E o aluno/cliente sentado a frente do examinador,estende o dedo mnimo da mo direita, quando deveria estender oindicador, devolvendo uma imagem espelhada do movimento(Ecopraxia).Indicativo de leses das reas pr-frontais.

    4. Mesmo depois de ter conseguido executar o movimento apropriado, oaluno/cliente no consegue passar a uma nova posio, ocorrendoinrcia patolgica do ato motor.Indicativo de leso nas reas secundrias do lobo frontal.

    4.1.3 Organizao ptico-espacial do ato motor.a) O aluno/cliente, sentado ao lado do examinador, deve reproduziras posies das mos mostradas pelo examinador , conformemodelo abaixo.Anexo 4.2b) Pede-se ao aluno/cliente que coloque um lpis nos planoshorizontal, vertical e inclinado para frente.c) O aluno/cliente, de frente para o examinador, deve reproduzirseus movimentos; levantar primeiro a mo direita e depois aesquerda (teste de Head).d) O aluno/cliente, de frente para o examinador, deve reproduzir osgestos apresentados conforme o modelo abaixo:Anexo 4.3e) Pede-se ao aluno/cliente que reproduza a posies usando asduas mos ao mesmo tempo; a mo direita tocando o nariz e aesquerda tocando a orelha direita; a mo direita tocando o olhodireito e a esquerda tocando a orelha esquerda.OBS. Em lugar de realizar os modelos o examinador pode indica-los verbalmente.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    21/67

    21

    ANLISE DA CONDUTA.

    1. O aluno/cliente no pode colocar a mo ou um lpis na posioespacial solicitada e no pode realizar mentalmente a transposioespacial.Indicativo de leses nas reas tercirias inferoparietais e parieto-ocipitaisdo hemisfrio dominante, pela influncia da linguagem na formao daespacialidade.

    2. O aluno/cliente no pode superar sua tendncia a Ecopraxia(movimento de imagem espelhada).Indicativo de leso, difusa, dos lobos frontais.

    4.1.4. Organizao dinmica do ato motor.a) O aluno/cliente deve, alternadamente, abrir e fechar as mos aomesmo tempo.b) Pede-se ao aluno/cliente que estenda as mos a sua frente eque, com os punhos fechados, golpeie alternadamente; duas vezescom a mo direita e uma com a esquerda. Realizada esta primeirasequncia, inverte-se a ordem dos golpes e pede-se a ele queexecute o teste com rapidez.OBS.: Como comum alguns sujeitos sadios apresentaremdificuldades na execuo dos trs testes a seguir, as instruesdevem ser repetidas e mostradas vrias vezes.c) O aluno/cliente inicia este exerccio com o brao dobrado e osdedos formando um anel, em seguida ele estende o brao,fechando a mo, conforme o modelo. (como variante oaluno/cliente inicia com o brao dobrado e a mo aberta, fechando-a ao estender o brao).Anexo 4.4d) Pede-se que coloque a mo, sucessivamente, em trs posies;mo fechada sobre a mesa; aberta verticalmente, com o dedomnimo apoiado na mesa; com a palma aberta sobre a mesa,conforme modelo.Anexo 4.5e) Pede-se ao aluno/cliente que apoie os dedos sobre a mesa, emposio de tocar piano e que "toque" sucessivamente com o dedopolegar e indicador e depois com o polegar, indicador, mdio,anular e mnimo.f) Pede-se ao aluno/cliente que copie o modelo abaixo;Anexo 4.6g) Pede-se ao aluno/cliente para desenhar dois crculos, seguidosde uma cruz e trs tringulos.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    22/67

    22

    ANLISE DA CONDUTA.

    1. No teste A o aluno/cliente no pode executar o movimento comrapidez e flexibilidade. Realiza cada movimento separadamente, demodo que em lugar de uma mudana simultnea de posio, executamovimentos semelhantes com as duas mos.Indicativo de leso das reas secundrias do lobo frontal.

    2. Uma das mos do aluno/cliente se atrasa em relao a outra.Indicativo de leso nas regies pr-motoras (frontal) e ps-centrais(parietal) do hemisfrio contralateral.

    3. completamente impossvel a coordenao das mos, embora oaluno/cliente continue sendo capaz de realizar com uma s momovimentos dinamicamente organizados.Indicativo de leso parassagital que afeta as demarcaes anteriores docorpo caloso (221).

    4. O aluno/cliente no pode dar os golpes com suficiente suavidade ecada um deles ocorre como um fenmeno isolado. D golpes suprfluosou executa movimentos idnticos com as duas mos. Normalmentecorrigir os erros que comete.Indicativo de leso da rea pr-motora do hemisfrio dominante.

    5. O aluno/cliente golpeia ao acaso, no relaciona seus movimentos como modelo apresentado e no corrige seus erros.Indicativo de leso dos lobos pr-frontais do hemisfrio no dominante.

    6. O aluno/cliente no pode ligar suavemente um movimento com oseguinte; as posies permanecem "fixas". Ou ele estende o antebraopara o lado sem mudar a postura dos dedos ou ele muda a postura dosdedos mas sem esticar o brao para frente.Indicativo de leso da rea pr-motora.

    7. No teste D o aluno/cliente no pode estabelecer uma melodia cintica,ou ele perde a seqncia correta das posies ou ele continua repetindocom inrcia a posio anterior.Indicativo de leso das demarcaes corticais anteriores (157).

    8. O aluno/cliente, no teste E, no pode inibir o movimento uma veziniciado e continua "tocando" na mesma direo, sempre do indicadorpara o mnimo.Indicativo de leses das demarcaes corticais anteriores (pr-frontal).

    9. Se o aluno/cliente d a si mesmo uma instruo verbal, melhora aexecuo da seqncia requerida.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    23/67

    23

    Indicativo de leses nos sistemas pr-motores.

    10. O aluno/cliente continua a realizar a ao solicitada incorretamente,ainda que possa repetir corretamente a instruo.Indicativo de leso no sistema pr-frontal (183).

    11. No teste F o aluno/cliente no pode alternar dois movimentos de ummodo constante (para cima, para baixo, reto e inclinado). Sua execuoadquire um carcter no automtico e substituda, em alguns casos,pela perseverao de um elemento.Indicativo de leses nos sistemas pr-motores.

    12. Em quase todos os testes o aluno/cliente deixa de lado uma de suasmos.Indicativo de leso dos lobos parietal ou frontal do hemisfrio direito.

    4.1.5. Formas complexas de praxias.a) O examinador olha como o aluno/cliente realiza tarefasintencionais complexas; como abotoar a camisa ou amarrar osapato.b) Pede-se ao aluno/cliente para realizar aes com objetosausentes:1. mostrar como se pe caf na xcara e se mexe o acar;2. passar o fio pela agulha;3. cortar com tesoura.

    c) Pede-se ao aluno/cliente que realize aes simblicas; assustaralgum; acenar dizendo adeus.

    ANLISE DA CONDUTA1. A complexidade das aes includas nessas provas no facilitam odiagnstico tpico do defeito observado. Porm as provas so muitosensveis ao grau de preservao ou conservao das formas complexasde praxias.

    4.2. PRAXIAS ORAIS

    As funes da lngua, dos lbios e msculos faciais tem carcterinstrumental na construo do ato verbal. importante fazer a diferenaclara entre os distrbios associados a desordens da inervao perifricado aparelho articulatrio e das mudanas no ato verbal de tipo afsico.Os distrbios encontrados no aparelho verbal, de carcter paretico,distnico e hipercintico, provocam defeitos disrtricos na linguagem. Osdistrbios pareticos ou tnicos que atingem os msculos da produovocal debilitam a voz do aluno/cliente que se cansa facilmente e incapaz de uma modulao correta.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    24/67

    24

    4.2.1. Movimentos simples.a) O aluno/cliente deve executar as seguintes ordens, uma de cadavez; encher as bochechas, assoprar e franzir a testa.

    b) Pede-se ao aluno/cliente que coloque a lngua para fora omximo que puder e que a mantenha nesta posio poraproximadamente 30 segundos.O examinador observa se no h sinais de tremor dos lbios,desvios da lngua, paresia dos msculos faciais e salivao.

    ANLISE DA CONDUTA.1. Mesmo antes dos exerccios observa-se que a fala do aluno/clienteno bem clara. V-se uma assimetria de movimentos, menor proporodo movimento da lngua, desvio da lngua para um dos lados,aparecimento de dificuldades na inervao do movimento, alta incidnciade movimentos associados (sincinesias) e perda da suavidade dosmovimentos.Indicativo de alteraes da inervao perifrica do aparelho articulador.

    4.2.2. Movimento cinestsicoa) Pede-se ao aluno/cliente que estenda a lngua para frente, queenrole-a para cima e depois coloque-a entre os dentes e o lbiosuperior.

    ANLISE DA CONDUTA.1. O aluno/cliente faz prolongadas tentativas para alcanar osmovimentos pedidos mas os substitui frequentemente por outros ouexecuta movimentos mal diferenciados. Encontra ainda dificuldades parapassar de um movimento ao outro e repete o mesmo movimentoalgumas vezes.Indicativo de leses nas pores inferiores da regio ps-central (rea deprojeo da lngua no Boneco de Penfield Sensitivo).

    4.2.3. Organizao dinmica.a) Pede-se ao aluno/cliente que repita, rpida e sucessivamente,os seguintes movimentos; cerrar os dentes, tirar a lngua para fora,colocando-a em seguida entre os dentes o lbio inferior.

    ANLISE DA CONDUTA.

    1. O aluno/cliente executa rapidamente o primeiro movimento, mas incapaz de passar ao segundo ou persiste no mesmo movimento.Indicativo de Inrcia Patolgica do Sistema Motor; leses nas reastercirias do crtex motor.

    4.2.4. Praxias orais e integradorasa) Pede-se ao aluno/cliente que imite movimentos habituais, como

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    25/67

    25

    mastigar e assobiar.Obs.: importante que o examinador compare a execuo naturalcom a execuo realizada a partir de uma ordem.

    ANLISE DA CONDUTA.

    As provas no permitem uma anlise das condies que originam osdistrbios, mas mostram at os mais leves distrbios da praxia oral. Oaluno/cliente pode atuar em situaes reais, mas no pode executar asmesmas aes quando e solicitado.Indicativo de leses em diversas reas cerebrais; temporal (audio),parietal (cinestesia), motor e pr-frontal (planejamento e organizao),resultando num baixo nvel de organizao da ao.

    4.3. REGULAO VERBAL DO ATO MOTOR

    4.3.1. Seletividade da ao em resposta a uma instruo.Como a seletividade implicada no ato motor pode estar distorcidapor diversas razes, sua investigao deve ser feita de tal modoque fiquem reveladas com a maior clareza possvel as condiesque levaram a tal distrbio.a) Pede-se ao aluno/cliente que desenhe figuras geomtricas. Seno consegue, pode-se apresentar modelos simples, como umcrculo, uma cruz, um quadrado, mostrados separadamente.

    b) Pede-se ao aluno/cliente para reproduzir uma srie de 5 figurasgeomtricas, que so mostradas durante um tempo de 15 a 20segundos. Apresentar pelo menos trs sries diferentes. Anexo 4.7c) Pede-se ao aluno/cliente para reproduzir uma srie de 4 figuras,respondendo a uma ordem verbal.d) Pede-se ao aluno/cliente para realizar um ato motor comoresposta a um sinal "simblico". Por exemplo; bater 2 vezes comoresposta a um som, ou uma vez como resposta a 2 sons. Oexerccio deve ser repetido duas vezes.

    ANLISE DA CONDUTA1.O aluno/cliente incapaz de executar cpias simples ou perdeimediatamente a capacidade seletiva da sua ao ou passa a repetir amesma ao.Indicativo de leses graves nas reas pr-frontais (174).

    2. O aluno/cliente reproduz a 1a srie bem, mas na 2a substitui um oumais elementos por elementos da srie anterior. Ele pode repetircorretamente as duas instrues, mas em vez de executar a 2a srie

    depois de terminar a 1a

    ,repete os seus elementos de modoestereotipado.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    26/67

    26

    Indicativo de leses nas reas pr-frontais (177).

    3. O aluno/cliente interpreta mal o significado das palavras. Pode reter ainstruo verbal, mas acaba desenhando figuras erradas e reproduzindopor inrcia esteretipos motores anteriores.Indicativo de leses nos sistemas fronto-temporais (177).

    4. O aluno/cliente no pode reter instrues verbais complexas econfunde o significado das palavras, embora no apresente umaexcessiva tendncia perseveratria.Indicativo de leses nas reas temporais.

    5. O aluno/cliente no pode executar uma instruo verbal simblicasimples. Pode repetir corretamente as instrues, mas limita osmovimentos sob influncia direta do sinal. A reproduo verbal dasinstrues no provoca o movimento adequado. A ao pode sersubstituda por uma resposta ecoprxica. O aluno/cliente executa a aodiretamente calcada no modelo. Sua capacidade para avaliar os prprioserros est mais severamente atingida do que a capacidade para avaliarerros alheios.Indicativo de leso de reas pr-frontais (173).

    4.3.2. Regulao verbal dos movimentos.

    a) Pede-se ao aluno/cliente que aperte a mo do examinadordiante da palavra "vermelho" e que no tenha nenhuma reaofrente a palavra "verde".

    b) Pede-se ao aluno/cliente que levante a mo direita frente a umsinal e a mo esquerda frente a dois sinais. O examinador deveestabelecer uma sequncia variada.

    c) Reaes conflitivas. Pede-se ao aluno/cliente que levante odedo indicador quando o examinador mostrar o punho e vice-versa. Depois pede-se que ele apresente uma resposta (bater)forte a um sinal (batida) fraco e vice-versa.

    ANLISE DA CONDUTA.

    1. O aluno/cliente retm a instruo verbal, sabe repeti-la corretamente,mas mesmo reagindo adequadamente algumas vezes, comea a repeti-las de modo estereotipado. Ou acaba convertendo suas reaesmotoras, uma vez iniciada, em uma srie de movimentos incontroladosque no pode inibir (175).

    2. Mesmo reproduzindo corretamente a instruo verbal o aluno/cliente

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    27/67

    27

    reage inadequadamente, vacilando frente aos sinais. Frequentementeobservam-se movimentos perseveratrios (179).

    3. O aluno/cliente costuma reagir frente ao sinal com respostas de igualintensidade, em lugar das reaes "fortes ou fracas" exigidas. Ocansao, as pausas e a conversa de distrao provocam uma transiopara reaes "isomrficas". O aluno/cliente incapaz de relacionar umaao com uma instruo simblica (173).Quadro indicativo de leses graves nos lobos pr-frontais.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    28/67

    28

    Captulo 5

    LINGUAGEM RECEPTIVA

    A investigao das funes da linguagem deve ser levada a cabo depoisde feita uma investigao preliminar dos processos que no implicam alinguagem. O conjunto de descobertas de anormalidades nas funessensoriais, motoras e do comportamento geral do aluno/cliente devemser, naturalmente, a base da investigao subsequente da linguagem.

    So investigadas as duas categorias de funes da fala; a categoriareceptiva (impressiva) e a motora (expressiva). A rea do crebroresponsvel pela anlise e sntese dos sons da fala a zona temporalsuperior do hemisfrio esquerdo. A fala impressiva e expressivatrabalham em estreita relao, por isto a perturbao da audiofonmica produz, inevitavelmente, uma perturbao secundria daarticulao e da fala expressiva: e a perturbao do processoarticulatrio e da fala interna deve afetar tambm ao processoimpressivo. Por exemplo; a percepo dos sons da fala e a compreensode seu significado.

    Na prtica se investigam ao mesmo tempo as duas categorias da fala, es vezes, com os mesmos mtodos. Porm, por razes didticas , asconsideramos em separado. Outra razo que as perturbaesprimrias de uma e de outra categoria tm um significado completamentediferente na hora de estabelecer a localizao.

    As diferentes formas de fala expressiva (exclamaes afetivas,denominaes, pronncia de uma frase ou fala expontnea) e asdiversas formas de fala impressiva (captao do tom emocional,

    compreenso de palavras bem formuladas ou de aspectos nominativos)incluem sistemas de associaes organizados em diferentes nveis dedesenvolvimento, e que tambm devem ser levados em conta.

    5.1 AUDIO FONMICA

    Em todas as provas o aluno/cliente no deve ver os movimentos labiaisdo examinador.

    5.1.1 Efeito de repetio

    a) Pede-se ao aluno/cliente que repita os fonemas; /b/, /p/ e /m/.b) Pede-se ao aluno/cliente que repita os pares de fonemas

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    29/67

    29

    (disjuntivos); /m-t/, /b-n/ e /p-c/.c) Pede-se ao aluno/cliente que repita os fonemas (correlativos);/b-p/, /d-t/, /c-j/, /m-n/, /p-q/, /f-s/ e /f-v/.d) Pede-se ao aluno/cliente que repita uma srie de fonemasdisjuntivos; /a-o-a/, /a-o-u/, /m-s-d/, /b-c-g/ e /t-b-d/.e) Pede-se ao aluno/cliente que repita uma srie de fonemascorrelativos; /b-p-b/ e /t-d-d/.f) Pede-se ao aluno/cliente que reproduza uma srie deconsoantes idnticas, mas com vogais diferentes; bi-ba-bo, ti-to-te,di-d-du.

    5.1.2EscritaPara excluir a possibilidade de que as perturbaes se devam adificuldades de pronncia pode comprovar-se a discriminao dossons da fala por meio das seguintes provas:

    a) Pede-se ao aluno/cliente que escreva ou que mostre as letras, asua frente, correspondentes a sons que foram apresentados(ditados).

    b) Pede-se ao aluno/cliente que diga se os pares de sonsapresentados so idnticos ou diferentes; /b-p/, /p-p/, /c-z/, /c-v/, e/d-d/.

    5.1.3Princpio dos reflexos condicionados

    a) Pede-se ao aluno/cliente que levante a mo direita ao ouvir osom Be (ou Te) e a mo esquerda quando ouvir Pe (ou De)respectivamente.

    b) Pede-se ao aluno/cliente para levantar a mo direita apenasquando o examinador pronunciar o som Te (ou Fe) e que deixe-acomo est quando for pronunciado De (ou Ve)respectivamente.

    5.1.4Mudana de estmuloa) Pede-se ao aluno/cliente para dizer se so iguais ou diferentes

    alguns sons distintos pronunciados com o mesmo tom (Be-Pe eCe-Ze), ou alguns sons iguais pronunciados em tons diferentes(B-B, C-C).

    ANLISE DA CONDUTA

    1. O aluno/cliente apresenta dificuldade para diferenciar sons da fala.Quando ocorre alterao o aluno/cliente no pode sequer discriminarfonemas muito diferentes. As dificuldades s existem quando a tarefaconsiste em diferenciar fonemas correlativos ou oposicionais. O

    aluno/cliente no pode identificar pares de sons como B e P. No osrepete claramente e no capaz de escrev-los corretamente, sendo at

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    30/67

    30

    mesmo incapaz de mostrar a letra correspondente. Para ele soidnticos ou apenas distinguveis. As tarefas complicadas como repetirsries de sons superam completamente suas possibilidades. Contudo, aaudio musical est preservada.Indicativo de Afasia de Wernicke; leso da regio pstero-superior dolobo temporal esquerdo (112 e 150).

    2. O aluno/cliente capaz de discriminar sons da fala, mas umaavaliao anterior (cap. 2) pode detectar dificuldades na reproduo deritmos.Indicativo de Amusia Sensorial; leso das reas secundrias do lobotemporal direito.

    3. O aluno/cliente mostra dificuldade para discriminar sons da fala, pormas alteraes so menos marcadas. So especialmente difceis os sonscom caractersticas acsticas bastante diferentes, mas que se articulamde forma parecida; como /p-m/ e /d-t/.Indicativo de alteraes cinestsicas decorrentes de leses das reasps-centrais.

    4. O aluno/cliente apresenta dificuldades para passar de um fonema aoutro e pode apresentar sinais de perseverao. especialmente difcil areproduo de uma srie que apresente trs consoantes idnticas comvogais trocadas. Pode acabar dando uma repetio inerte da 1a srie derespostas.Indicativo de Afasia Motora Eferente ou de Broca; leso das reas pr-motoras do hemisfrio dominante (rea 44 de Brodmann).

    5. O aluno/cliente tem graus de dificuldade para organizar sequnciaslongas de sons, especialmente na ordem em que devem serpronunciadas.Indicativo de leso do sistema fronto-temporal do hemisfrio esquerdo.

    5.2 COMPREENSO DE PALAVRASPara compreender as palavras necessrio ouvir de um formasuficientemente precisa e estvel, e associar adequadamente estesgrupos de sons com os objetos, qualidades, aes ou relaes indicadospor eles.

    5.2.1 Definioa) Pede-se ao aluno/cliente que defina palavras isoladas que lheso apresentadas verbalmente, ou que descreva os objetos ou

    desenhos que as representam; como lpis, garrafa, casa e rvore.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    31/67

    31

    b) Pede-se ao aluno/cliente que assinale partes de seu corpo queno v diretamente; como olho, nariz, orelha, nuca e queixo.

    c) Pede-se ao aluno/cliente que assinale trs objetos ou trs partesdo rosto; como um lpis, um vaso e uma faca; ou uma orelha, umnariz e uma orelha.

    5.2.2 Efeito de repetioUm mtodo mais simples para estudar a compreenso de palavras a sua repetio frequente, j que tal repetio leva a umaestranheza do significado.

    a) Pede-se ao aluno/cliente que mostre os olhos, orelhas, nariz,olhos e nariz.

    b) Pede-se ao aluno/cliente que assinale um vaso, lpis, faca, lpise vaso.

    5.2.3 Identificaoa) Pede-se ao aluno/cliente que d um ttulo a um desenho,escolhendo-o entre vrios outros.

    b) Pede-se ao aluno/cliente que defina; lagarta, centopia e girino.

    c) Pede-se ao aluno/cliente que mostre partes do corpo comnomes no usuais (rtula, patela, superclios, tornozelo epanturrilha).

    d) Pede-se ao aluno/cliente que d o significado de pares depalavras, diferenciadas por um fonema, como caso-vaso, lar-mar,faca-vaca, paca-maca, lata-mata, gato-pato e guerra-terra.

    ANLISE DA CONDUTA1. O aluno/cliente no consegue perceber a palavra apresentada nemseus sons constituintes com suficiente clareza para entender osignificado preciso da palavra. O significado pode tambm chegar aperder-se aps um nmero pequeno de repeties, devido a inibiomtua induzida pela apresentao simultnea das palavras.Indicativo de Afasia Sensorial ou Acstica; leso do lobo temporalesquerdo ou Afasia Acstico-mnsica; leso da poro media daregio temporal esquerda.

    2. O aluno/cliente percebe e at retm normalmente o significado de umapalavra; porm quando tenta pronunci-la em voz alta apresentadificuldades devido a articulao incorreta.Indicativo de Afasia Motora Aferente; leso das reas ps-centrais(secundrias parietais cinestsicas).

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    32/67

    32

    3. O aluno/cliente compreende as palavras isoladas, porm sua fala podealterar-se por dificuldades articulatrias ou por uma inrcia patolgicaque impede uma transferncia rpida e fluida de uma forma verbal aoutra.Indicativo de Afasia Motora Eferente (cintica); leso das reas pr-motoras.

    4. O aluno/cliente entende palavras apresentadas isoladamente, mas temdificuldades quando considera uma srie de palavras, pois fixa osignificado da primeira que acaba inibindo as seguintes (paragnosia). Osignificado da primeira palavra mantido de forma perseveratriaextinguindo o significado das seguintes, pois a inrcia patolgica daprimeira palavra seguida de instabilidade dos traos mnemnicos dasdemais palavras, cujo significado ficou perdido. O aluno/cliente comea ainterpretar por causa de associaes irrelevantes que costumam serinibidas no curso normal da atividade consciente.Indicativo de leso das reas secundrias frontais e temporais. Da reade Broca ligando-se com a de Wernicke.

    5. O aluno/cliente apresenta dificuldades quanto ao significado depalavras que expressam relaes como: em cima, embaixo, direita,esquerda, antes e depois, preposies e conjunes complexas.Indicativo de Afasia Semntica: leso da regio parieto-ocipital.

    6. O aluno/cliente entende as palavras somente num contexto estrito ergido ou somente na presena de imagem visual correspondente.Indicativo de alteraes cerebrais generalizadas (271-272).

    5.3 COMPREENSO DE ORAES SIMPLES

    A compreenso de oraes requer o entendimento das palavras, aapreciao das estruturas gramaticais, a capacidade de memorizaodas palavras que formam as oraes e a capacidade para inibir

    concluses prematuras sobre o significado de uma expresso. Acomplexidade do processo explica a existncia de mltiplas lesescerebrais e tambm exige uma anlise mais cuidadosa.

    5.3.1 Uma srie de frases simplesa) Apresentam-se ao aluno/cliente uma srie de desenhos e pede-se que relacione um deles com uma frase fornecida peloexaminador, por exemplo: "escrever mquina", "hora de comer" e"pr do sol".

    5.3.2 Instrues verbais

    a) O aluno/cliente recebe ordens complexas, como: "pegue o livro,

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    33/67

    33

    ponha-o no parapeito da janela e passe-me o cinzeiro".

    5.3.3 Oraes cujo significado no est limitado aos objetosmencionados

    a) Pergunta-se ao aluno/cliente: "de quem este relgio ?".

    b) Mostra-se ao aluno/cliente desenhos de uma lareira, lenha efsforos, e pergunta-se: "O que que se usa para acender fogo?".Como variante: caderno, lpis, borracha e rgua, e pergunta-se: "Oque que se usa para escrever?".

    5.3.4Instrues conflitivasa) Mostra-se ao aluno/cliente um carto cinza e um preto, e pede-se: "Quando eu disser dia mostre o carto preto e quando dissernoite mostre o carto cinza".

    ANLISE DE CONDUTA

    1. O aluno/cliente tem grandes dificuldades para compreender umaordem verbal, sobretudo se for expressa numa orao um pouco maiscomplexa. O aluno/cliente reage palavras isoladas, j que no percebea orao como um conjunto.Indicativo de leso das reas secundrias do crtex temporal.

    2. O aluno/cliente extrapola as relaes sugeridas pelo contexto, fazendoassociaes irrelevantes que incapaz de inibir.

    Indicativo de Sndrome Frontal; leso das reas pr-frontais.

    3. O aluno/cliente mostra uma tendncia a adivinhar o significado de umafrase ao invs de tentar entend-la em sua significao real. Estatendncia aumenta, sobretudo quando a palavra apresenta umsignificado diferente ao que tem habitualmente.Indicativo de Sndrome Frontal, Fronto-temporal e desordens cerebraisgeneralizadas.

    5.4 COMPREENSO DE ESTRUTURAS GRAMATICAIS LGICAS

    A compreenso das relaes existentes numa linguagem, como seobserva nas formas gramaticais, tal como o sistema de inflexes, aordem das palavras na orao, as preposies e conjunes, implicanum processo muito complexo.

    5.4.1Construes inflexivas simplesColoca-se 3 objetos (um lpis, uma chave e um pente) na frente doaluno/cliente.

    a) Pede-se que aponte dois objetos por ordem, ex.: "lpis-chave"ou "lpis-pente".

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    34/67

    34

    b) Que aponte com um objeto outro objeto, ex.: "O lpis com achave".c) Instrues semelhantes a anterior mas com estrutura gramaticalmodificada, ex.: "indique com a chave o lpis".

    5.4.2Construes utilizando caso atributivo genitivoa) Apresenta-se um desenho de uma senhora e uma menina e sepede que assinale a "me da filha".b) Pede-se que diga se "irmo do pai e o pai do irmo" tem omesmo significado.

    5.4.3Construes preposicionais que implicam relaes espaciaisa) Pede-se que desenhe "uma cruz debaixo de um crculo e direita de uma cruz" ou "uma cruz direita de um crculo e esquerda de um tringulo".b) Pede-se para dizer quais dessas frases esto corretas:"Sbado vem antes de 3a feira ou 3a vem antes de sbado?"."Maro vem antes de maio ou maio vem antes de maro?"."89 maior que 101 ou 101 maior que 89?".

    5.4.4Construes comparativasa) Dizer quem mais baixo, se "Joo mais alto que Pedro".b) Dizer quem mais alto e quem mais baixo, se "Joo maisalto que Pedro e Pedro mais alto que Paulo".c) Dizer qual menina mais loura, se " Olga mais loura que Ktiaporm mais morena que Snia".d) Qual das frases est correta; "uma mosca maior que umelefante ou um elefante maior que uma mosca".e) Apresentar 3 tonalidades de uma cor e perguntar: "qual dostraos est mais claro, e qual menos claro?".

    5.4.5construes gramaticais invertidasa) Pede-se ao aluno/cliente que responda: "Pedro bateu em Joo;quem foi a vtima?", "Tomei o caf da manh depois de cortar alenha; o que fiz primeiro?" e "Estou desacostumado a obedecerregras; quem disse isso, uma pessoa disciplinada ouindisciplinada?".

    5.4.6.Estrutura gramatical complexaa) Pede-se ao aluno/cliente que explique o significado de umafrase que inclui oraes subordinadas, ex.: "A mulher que trabalhana fbrica veio ao colgio onde estudava margarida para dar umaconferncia". Havendo dificuldades, pode-se ajudar comperguntas; "quem deu a conferncia?", "quem estudava nocolgio?", "quem trabalha, aonde?"

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    35/67

    35

    ANLISE DA CONDUTA

    1. O aluno/cliente no pode reter o significado de palavras. s vezeschega ao ponto de no poder repeti-las e nem mesmo assinalar o objetocorrespondente.Indicativo de Afasia Acstica; leso das divises temporais dohemisfrio esquerdo.

    2. O aluno/cliente pode assinalar o objeto pedido, mas no conseguefaz-lo nos casos em que aparecem relaes gramaticais nas instrues.Indicativo de Agramatismo receptivo; leso dos sistemas occipitais dohemisfrio esquerdo.

    3. O aluno/cliente capta o significado das palavras separadamente, masse recebe a instruo: "Desenhe uma cruz e embaixo dele um crculo"ele entende como se fosse: "Desenhe uma cruz debaixo de um crculo".Ento desenha as figuras na ordem que foram entendidas. Oaluno/cliente no pode captar a essncia das construes preposicionais;ou desenha as figuras de um modo inerte, no mesmo lugar, ou repete amesma figura, perfeitamente satisfeito com a sua execuo.Indicativo de Sndrome Frontal.

    4. O aluno/cliente entende as ordens simples mas tem dificuldade nasinstrues invertidas. No analisa as associaes que contm asinstrues e mostra um tendncia ecoprxica, para seguir a ordem daspalavras na orao. Pode entender as relaes gramaticais lgicasnecessrias, mas se faz 2 ou 3 provas do tipo "desenhe uma cruzdebaixo...", incapaz de pr uma cruz sobre um crculo e insiste emreproduzir a inverso estabelecida.Indicativo de Sndrome Frontal.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    36/67

    36

    Captulo 6

    LINGUAGEM EXPRESSIVA

    A linguagem expressiva um processo complexo que compreende apronncia, supe uma atividade motora precisa e uma organizao emsrie bem estabelecida, assim como a reteno de um esquema geral defrases ou oraes.Este estudo supe a explorao de:

    1. Articulao dos sons da fala.2. Linguagem repetitiva.3. Funo nominativa da fala.4. Fala narrativa.

    6.1 ARTICULAO DOS SONS DA FALA.

    O estudo de como se articulam os sons deve ser precedido por umestudo do aparelho articulatrio da lngua e lbios (cap. 4 Funesmotoras).Deve-se prestar especial ateno potncia, extenso, assim como aoritmo e mobilidade destes componentes motores.

    6.1.1 Repetioa) Pede-se ao aluno/cliente que pronuncie os seguintes fonemas;/a/, /i/, /m/, /b/, /s/, /w/, /x/, /v/, /f/, /n/ e /z/.b) Pede-se ao aluno/cliente que repita fonemas em pares ou emgrupos de 3; /s-p/, /s-t-r/, /a-v-b/ e /f-w-m/.c) Pede-se ao aluno/cliente que articule slabas abertas efechadas; "ba-bu, po-pu, me-m, b-b e te-tu".Como complemento destas investigaes, pode-se permitir o usode outros sistemas aferentes. Pode-se explicar o esquema dearticulao de um som em particular ou incorporar aes prticas,como apagar velas soprando (praxias orais).

    ANLISE DA CONDUTA

    1) O aluno/cliente confunde os fonemas de sons similares, como m, n,b, p, d e t e, nos casos mais graves, no distingue fonemas

    prximos, como f-v ou z-d.Indicativo de leso da rea secundria do lobo temporal esquerdo (112).

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    37/67

    37

    2) A articulao do aluno/cliente pobre, os impulsos motores soimprecisos e confunde articulemas de sons familiares, como b-p, m-n e b-t.Indicativo de leso da poro inferior da regio sensrio-motora (reasprimrias Frontais e Parietais) e das divises ps-centrais.

    3) O aluno/cliente articula perfeitamente mas lhe difcil passar de umaarticulao a outra. Devido a inrcia patolgica, desenvolveestereotipias articulatrias, como "b-p: b, b, b..." ou "p-b: p, p,p...".Indicativo de leso das divises pr-motoras da rea da fala.

    6.2 LINGUAGEM REPETITIVA

    Obs.: Caso o aluno/cliente seja alfabetizado as palavras podem serapresentadas visualmente.

    6.2.1 Repetio de palavras isoladasPede-se ao aluno/cliente que repita as seguintes sries depalavras de complexidade fontica crescente:a) Palavras simples; Sol, mar, co, boi, tio, av e av.b) Mais complicadas; Casa, mesa, ma, pra e copo.c) Expresses; Secador de cabelo, guarda-roupa, cortador de unhae ralador de queijo.d) Palavras pouco familiares; Rinoceronte, hipoptamo, esdrxulae defenestrar.e) Palavras foneticamente complexas: aracndeos,susceptibilidade, paraleleppedo e reivindicao.f) Palavras que diferem em apenas um sinal fontico: guerra-terra,gato-pato, mo-po, vela-cela e faca-vaca.

    6.2.2. Repetio de sries de palavras.Pede-se ao aluno/cliente que repita os seguintes grupos depalavras, apresentadas com intervalos de 1s:a) "Sol, po, trem", "bem, tem, sem, quem, vem", "lesma, grampo,montanha, meia" e "mel, vu, gel, cu".b) As mesmas sries de palavras, porm apresentadas em ordeminversa.

    6.2.3. Repetio de frasesPede-se ao aluno/cliente que repita:a) Frases curtas: "O dia est bonito" ou "O carro anda velozmente".b) Frases longas: "As mas cresciam no jardim do outro lado da

    cerca" e "O menino viu o cachorro latindo do outro lado da rua".c) Uma srie de trs frases curtas: "A casa verde, o sol brilha, o

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    38/67

    38

    vento sopra".

    ANLISE DA CONDUTA

    1. Aluno/clientes com leses graves no podem nem mesmo repetir

    palavras simples; combinaes de sons e palavras sem sentido tornam-se impossveis de serem repetidas. Esto sempre inseguros quanto apronncia.Indicativo de leso do lobo temporal (115 e 159).

    2. O aluno/cliente apresenta grandes dificuldades para repetir frases ousries de palavras; pode repetir apenas uma ou duas palavras e podeperder a sequncia das palavras que formam uma srie dada. Maioresdificuldades ter ainda se tiver que repetir uma orao inteira. Apesar deentender o significado geral da orao, no retm suas palavras. Oureproduz apenas uma parte da frase ou a repete com parfrases. Arepetio da srie de trs frases curtas extremamente difcil.Indicativo de leso da parte medial das reas (secundrias) temporaisesquerdas

    3. No repete sons isolados nem palavras individuais e, s vezes, podenomear um objeto mas no pode repetir uma palavra dada, porincapacidade de analisar a composio articulatria das mesmas. Umsintoma caracterstico que o aluno/cliente confunde articulemas desons familiares (po/mo).Indicativo de Afasia Motora Aferente (cinestsica); leso das divisesps-centrais (115 e 119).

    4. O aluno/cliente repete facilmente sons isolados, mas no podereproduzir uma palavra inteira devido a inrcia patolgica. difcil passarde uma articulao para outra.Indicativo de Afasia Motora Eferente (cintica); leso das reas pr-motoras(159).

    5. O aluno/cliente no consegue repetir sries de palavras individuais.Tambm no consegue prender-se ordem requerida.Indicativo de leso das divises fronto-temporais do hemisfrio esquerdo.

    6.3. FUNO NOMINATIVA DA FALA

    Nomear objetos, design-los por meio de palavras uma das funesbsicas da linguagem.

    Nomear um objeto, uma ao ou qualidade requer a integridade dacomposio fontica de uma palavra particular. Requer tambm uma

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    39/67

    39

    associao estvel entre a palavra e o objeto. Porm seria um erroimaginar que para nome-lo basta simplesmente fazer a associao comuma palavra particular. Como regra geral, quando vemos um objeto,especialmente no familiar, nos vem mente toda uma srie deassociaes. Quando nomeamos um objeto devemos selecionar umadas associaes, inibindo as demais.

    6.3.1. Nomeao de objetos ou imagens de objetos.a) Mostram-se ao aluno/cliente objetos isolados e pede-se que osnomeie; borracha, relgio, caneta, copo, etc.

    b) Pede-se ao aluno/cliente que nomeie partes do corpo, indicadaspelo examinador; joelho, cotovelo, tornozelo, orelha, etc.

    c) Pede-se ao aluno/cliente que nomeie 3 desenhos ou objetos quelhe so apresentados ao mesmo tempo; uma colher, um culos eum livro; uma caneta, uma xcara e um pente.

    6.3.2. Nomeao a partir de descries.a) Pede-se ao aluno/cliente que responda a perguntas do tipo:"Como se chama a coisa que serve para pentear o cabelo?", "Qualo nome do objeto que se usa para escrever?".

    6.3.3. Determinao de categorias de palavras.a) Pede-se ao aluno/cliente que d um nome geral a uma srie de

    objetos: "bola, boneca e carrinho", "faca, colher e garfo", "cala,meia e camisa" e "tomate, repolho e berinjela".

    ANLISE DA CONDUTA

    1. O aluno/cliente apresenta dificuldades para encontrar os nomesadequados. Indicativo de Afasia Sensorial (acstica); leso dossistemas temporais.

    2. O aluno/cliente apresenta dificuldades para encontrar os nomespedidos. Em suas tentativas pode trocar a palavra que est buscando poroutra, ainda que o examinador oferea uma pista, uma slaba porexemplo, o aluno/cliente continua incapaz de realizar a tarefacorretamente.Indicativo de Afasia Acstico-mnmica; leso das reas tercirias dolobo temporo-ocipital esquerdo (120).

    3. Se o examinador oferece pistas ao aluno/cliente, este pode encontrarrapidamente a palavra requerida.Indicativo de Afasia Amnsica; leso dos sistemas infero-parietais ouparieto occipitais (131).

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    40/67

    40

    4. O aluno/cliente no pode identificar os objetos at que tenha umcontato ttil com os mesmos.Indicativo de Afasia ptica; leso dos sistemas temporo-ocipitais.

    6.4 FALA NARRATIVA AUTOMATIZADA

    A investigao da fala narrativa constitui uma parte vital do estudo dasfunes mais complexas da fala expressiva. A linguagem, utilizada comomeio de comunicao e de atividade intelectual no s nomeia objetos,aes e qualidades, como tambm descreve acontecimentos.

    6.4.1. Fluidez e automatizao da falaa) Pede-se ao aluno/cliente que conte de 1 a 20.b) Pede-se ao aluno/cliente que diga os dias da semana e os meses doano.Repetir as mesmas sries de trs para frente.

    ANLISE DA CONDUTA1. O aluno/cliente pode reproduzir sries de palavras automatizadas,porm tem dificuldade em dizer os dias da semana e os meses do ano,sobretudo de forma invertida. Ao responder as perguntas, fica buscandoas palavras, mostra confuso e usa de rodeios. Os substantivos estoparticularmente prejudicados e frequentemente so omitidos ousubstitudos. O aluno/cliente no pode realizar os testes de operaesmais complexas devido a instabilidade dos traos da palavra e a perdado significado.Indicativo de Afasia Sensorial ou Acstica; leso dos sistemastemporais.

    2. O aluno/cliente no capaz de recitar sries j que sua fala desiguale lenta, devido a desintegrao das operaes sequenciais.Indicativo de leso das divises anteriores (lobos pr-frontais).

    6.5 FALA NARRATIVA PREDICATIVA OU FLUENTE

    6.5.1. Formas reprodutivas simples e mais complexas.a) Formular ao aluno/cliente perguntas simples, como: "vocalmoou hoje?"; "voc vai ao cinema toda semana?".

    b) Pede-se ao aluno/cliente para descrever uma figura simples,como uma rvore, um banco ou uma casa.

    c) O aluno/cliente deve reproduzir o relato de um fato qualquer,contado pelo examinador.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    41/67

    41

    6.5.2 Formas produtivas espontneasa) pedido ao aluno/cliente que conte uma histria conhecida(Branca de neve, etc.).

    b) O aluno/cliente deve discorrer sobre um tema selecionado peloexaminador, como "A chuva" ou "O inverno".

    ANLISE DA CONDUTA1. O aluno/cliente capaz de descrever facilmente objetosseparadamente e repetir palavras isoladas, mas no capaz de falarfluentemente. Responde as perguntas muito secamente e tem dificuldadeem formular novos termos; a fala predicativa e impossvel.Indicativo de Afasia Motora Eferente (cintica); leso dos sistemas pr-motores.

    6.5.3. Sistemas complexos de expresses gramaticais.a) O aluno/cliente deve completar oraes, como "o inverno muito...". Havendo dificuldade na resposta pode-se forneceralternativas: "Frio, quente, branco, etc."

    b) O aluno/cliente deve construir uma orao que inclua trspalavras isoladas, como; "Madeira, garagem e carro", "chave,parede e caderno" e "casaco, rvore e pedra".

    c) Pede-se ao aluno/cliente que reorganize as palavras de umaorao que est desordenada, como: "bosque lenhador foi Ocortou rvore uma ao e" ou "escolar correndo atrasada A nibusmenina o pegar foi".

    ANLISE DA CONDUTA

    1. primeira vista o aluno/cliente parece falar normalmente; no temdificuldades articulatrias e gramaticais apreciveis. Entretanto suanarrativa inadequada, no podendo continuar as sries automatizadassozinho, precisando de um estmulo a cada reao. Os defeitos so maisaparentes no dilogo e na fala narrativa. No pode dar uma versocoerente sobre um determinado tema, geralmente s produz fragmentosisolados. Contudo pode reproduzir os elementos de uma histriarespondendo a perguntas isoladas. A linguagem produtiva espontneaest geralmente formada por esteretipos.

    Indicativo de Afasia Dinmica; leso das reas pr-frontais esquerda,no se estendendo aos sistemas pr-motores e a rea de Broca (pg.280).

    2. O aluno/cliente mostra alteraes no especficas da fala narrativa,bem como um aumento da tendncia a fadiga e instabilidade das funes

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    42/67

    42

    mnsicas.Indicativo de desordens cerebrais gerais.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    43/67

    43

    Captulo 7

    LEITURA E ESCRITA

    A escrita e a leitura diferem essencialmente da linguagem falada em suaorigem, na estrutura psicofisiolgica e em suas propriedades funcionais.

    A linguagem escrita resultado de um treinamento especial e de umaatividade voluntariamente organizada, com uma anlise consciente dossons que a constituem. A leitura de carcter igualmente complexo.Ambas se aprendem estgio por estgio e no se convertem emhabilidades automatizadas at seus ltimos estgios. O processo dearticulao (vocalizao), que desempenha um papel decisivo nosprimeiros estgios de aprendizado, tem muito pouca relao com a formaaltamente automatizada da escrita. Isto sugere que nos diferentesestgios do desenvolvimento da escrita e da leitura o papel quedesempenham os sistemas corticais nem sempre permanece igual.Assim tambm, deve-se pressupor que as diferentes bases dasatividades em distintas linguagens ocasionam uma organizao corticaldiferente.

    Na investigao da escrita e da leitura importante ter em conta que aescrita vai no sentido do pensamento para a palavra, enquanto que aleitura segue o curso da palavra ao pensamento. Por causa da complexacomposio da leitura e da escrita, a explorao deve ser precedida deum estudo sobre a anlise e a sntese dos sons que o aluno/clienterealiza.

    A investigao compreende o estudo de:

    1. Anlise fontica e sntese de palavras.2. Leitura e escrita.

    7.1 ANLISE FONTICA E SNTESE DE PALAVRAS

    A presente explorao continuidade do exame da anlise da audiofonmica (linguagem impressiva). O objetivo descobrir a compreensoque o aluno/cliente tem do significado de uma palavra completa e suashabilidades para executar operaes complexas que abranjam todos os

    elementos da composio fontica da palavra, isto , separar as partescomponentes do contnuo acstico na linguagem falada, abstrair e

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    44/67

    44

    identificar determinados fonemas dentro da pauta geral, separando-os deoutros estmulos sonoros que no tem importncia de sinais, manter aordem adequada destes fonemas e finalmente integr-los em gruposfonticos.

    7.1.1Anlise fonticaa) Nmero de sons. Pede-se ao aluno/cliente que diga quantossons h nas palavras: "po, tambm, trem, batata e chuveiro".

    b) Identificao de sons. Pede-se ao aluno/cliente que identifiquesons isolados em certas palavras, ex.: o segundo som da palavra"po" e o primeiro som de "corda".

    c) Posio de sons. Pede-se ao aluno/cliente que estabelea aposio de sons em relao a outros, ex.: Que som na palavra"farol" vem antes de "o"?; Que som na palavra "plantas" vem antesde "t"? e depois de "n"?; e que som vem antes de "a" na palavra"chave".Deve-se prestar especial ateno a habilidade do aluno/clientepara distinguir consoantes de vogais, j que a pronncia dasvogais est associada a menor nmero de sinais cinestsicos dalngua, do palato e dos lbios. O mtodo utilizado pelo aluno/clientepara fazer anlise fontica deve ser cuidadosamente observado,ou porque realiza a anlise imediatamente em sua mente, ouporque diz a palavra em voz alta e usa um processo "parte porparte".

    ANLISE DA CONDUTA

    1. O aluno/cliente no pode distinguir os sons de um grupo fontico.Percebe as palavras como um rudo indivisvel do qual socasionalmente poder selecionar os fragmentos que possuem aacstica ou as qualidades articulatrias mais fortes. No consegue dizerque sons constituem uma determinada palavra, nem pode identificar ossons isolados ou analisar as relaes entre eles.Indicativo de leso das reas secundrias, adjacentes s primrias dolobo temporal esquerdo. Porm no so includas alteraes queprovocam transtornos acsticos gnsticos, decorrentes de leses dasdivises mediais e inferiores deste lobo e de leses do Plo temporal.

    2. O aluno/cliente pode captar palavras individuais e entender seusignificado, porm tem dificuldades na anlise fontica de palavras queapresentem vogais tonas ou encontros consonantais. Ele realiza aanlise da palavra baseando-se nos sinais cinestsicos de suaarticulao. Pode ter dificuldades em discriminar fonemas parecidos eem avaliar a posio relativa dos sons na palavra. Apresenta dificuldades

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    45/67

    45

    para analisar um grupo completo de sons, omitindo ora um ora outrocomponente. Perde a sequncia correta dos sons e no retm suassries. Os traos da sintaxe acstica so to instveis que retm apenasfragmentos da estrutura apresentada. O aluno/cliente capaz dedeterminar o nmero de sons que compem uma palavra, mas seprocura identific-los com preciso pode, ou omitir alguns sons, retendosomente a articulao mais forte, ou articular erroneamente avaliandoento de forma incorreta. Pode identificar /n/ como /l/ ou /d/ e /b/ como /m/. Quando o aluno/cliente no se apoia na anlise articulatria, podeser incapaz de determinar a posio dos sons numa palavra e desintetizar palavras a partir de sons individuais. Um articulema pode sersubstitudo por outro parecido levando-o a concluses erradas, por ex.:Avalia a srie p-e-d-r-a como "pema"; c-h-u-v-e-i-r-o como "chuvemo".Indicativo de Afasia aferente; alterao das bases cinestsicas do atode falar, decorrente de leso das divises posteriores da regio sensrio-motora esquerda.

    3. O aluno/cliente no pode distinguir, nem articular a srie de sons quecompem uma palavra e tem dificuldade para diferenciar sons voclicos.No pode determinar que som precede ou segue a um outro. A sntesede uma palavra a partir de seus sons isolados est prejudicada.Indicativo de Afasia Eferente; leso das pores inferiores da rea pr-motora do hemisfrio esquerdo.

    4. O aluno/cliente no pode sintetizar sons individuais, especialmenteporque no avalia a posio dos sons dentro da palavra, nem une sriesconsecutivas de sons de uma estrutura nica, entretanto no apresentanenhum defeito na audio fonmica ou na articulao.Indicativo de leso das divises parietais inferiores ou parieto-temporo-ociptal do hemisfrio dominante.

    5. O aluno/cliente no pode avaliar a posio dos sons numa palavra,no pode inibir respostas impulsivas na sntese de uma palavra a partirdos sons que a compem.Indicativo de leso das divises frontais e fronto-temporais do hemisfriodominante.

    7.2 ESCRITA

    As provas so apresentadas para analisar o estado dos diversoscomponentes elementares da escrita, sendo importantes para aavaliao de desordens gnstico-visuais e motoras, assim como para aavaliao visuo-espacial, da sntese construcional, da anlise acstica

    dos sons da fala e da manuteno de "melodias" cinticas fluidas.Ser feito o exame da escrita de letras isoladas, de slabas e de

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    46/67

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    47/67

    47

    Indicativo de Afasia Sensorial (Acstica); leso de reas secundriastemporais.

    3. O aluno/cliente encontra a letra requerida, porm apresentadificuldades para passar de uma articulao a outra, escreve letrasditadas separadamente, mas no capaz de escrever uma slaba oupalavra. No mantm as letras em ordem adequada e substitui as sriesde letras por repeties perseverativas.Indicativo de Afasia Motora Eferente (cintica); leso das poresinferiores da zona pr-motora esquerda (rea de Broca).

    4. O aluno/cliente no capaz de transformar os fonemas em grafemas,embora saiba que som deve escrever. O sistema de conexes acstico-pticas to instvel que o aluno/cliente escreve em espelho (escritaespecular) ou inverte a ordem das letras. Ex.; escreve gara em lugar degraa.Indicativo de leso da regio parieto-temporo-ocipital esquerda (esquemaespacial).

    5. O aluno/cliente mostra vrias desordens na escrita. Cansa-sefacilmente, ou progressivamente vai diminuindo o tamanho das letras(micrografia). Pode apresentar, eventualmente, perseveraes.Indicativo de leso das divises frontais esquerdas.

    7.3 LEITURA

    O processo de leitura inicia com a recepo visual e com a anlise de umgrafema, continua com a recodificao destes grafemas em estruturasfonticas correspondentes e termina com a compreenso do significadodo que foi lido. A leitura, em seu estgio mais desenvolvido, transforma-se em um processo direto e altamente automatizado, onde no necessria a anlise fontica. um processo baseado noreconhecimento direto do significado das palavras escritas e s vezes de

    frases inteiras. A investigao da capacidade de leitura deve serprecedida por exames preliminares da acuidade e alcance visuais, e domovimento (captulo 1).

    A investigao comea com a anlise da percepo das letras, continuacom experimentos para determinar a capacidade para ler palavras e,finalmente, para ler textos.

    7.3.1 Anlise da percepo de letrasa) Pede-se ao aluno/cliente que leia letras isoladas, impressas ou

    manuscritas.b) Pede-se ao aluno/cliente que indique letras que aparecem numa

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    48/67

    48

    palavra. Ex.: "Qual das letras B, J ou S aparece em Joo?".

    7.3.2 Leitura de slabas ou palavrasPede-se ao aluno/cliente que leia:a) slabas (tal, ble, tla, cor, mir e pra).

    b) palavras (fertilizantes, juiz e bolo).c) ideogramas (INSS, MEC, RFA, C&A e RAF).d) palavras complexas (insubordinao, insdistinguvel,prosopopia, nebulizador e alfarrbio).

    7.3.3 Leitura de frases e textosPede-se ao aluno/cliente que leia:a) uma frase simples ("O menino joga bola").b) uma orao em desacordo com seu significado antecipatrio ("Osol nasce ao anoitecer").

    c) cerca de 3 linhas de um texto.

    ANLISE DA CONDUTA

    1. O aluno/cliente confunde letras de contorno familiar, confunde "m" com"n", "p" com "q", "k" com "h" e "b" com "d". Nas formas latentes podereconhecer letras impressas, mas tem dificuldade no reconhecimento deletras manuscritas.Pode tambm perceber letras isoladas, porm no identifica palavrasinteiras. Nesse caso recorre a recomposio da palavra, letra por letra.

    Em alguns casos ocorre ataxias do olhar.Indicativo de Alexia ptica Literal; leso das regies occipitaisesquerdas.

    2. O aluno/cliente pode ignorar o lado esquerdo de um texto, achando-odesprovido de sentido. No consciente de seu defeito e por isso notenta compens-lo. Se consegue ler uma palavra escrita verticalmente,confirma-se a Hemianopsia (perda do campo visual contralateral).Indicativo de Hemianopsia Fixa do hemisfrio direito; leso do crtexocipital direito.

    3. O aluno/cliente reconhece o significado de palavras usuais, mas noconsegue l-las em voz alta, em decorrncia de distrbios daanlise fontica.Indicativo de Afasia Sensorial (Acstica); leso da regio secundriatemporal esquerda, que leva a alterao da leitura (Alexia) (112).

    4. O aluno/cliente reconhece palavras usuais, porm o verdadeiroprocesso analtico-sinttico da leitura est alterado pela dificuldade dearticulao de fonemas parecidos, como /l-b/ e /d-m/.Indicativo de Afasia Motora Aferente (cinestsica); leso das regiesps-centrais esquerdas.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    49/67

    49

    5. O aluno/cliente reconhece e pode pronunciar letras isoladas,apresentando dificuldades na leitura de slabas e palavras.Indicativo de Afasia Motora Eferente (cintica); leso da regio pr-motora esquerda.

    6. A leitura do aluno/cliente apresenta graves deterioraes, comoassociaes sem sentido e perseveraes.Indicativo de leso dos lobos pr-frontais.

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    50/67

    50

    Captulo 8

    PROCESSOS MNSICOS

    Para compreender os fatores bsicos de que dependem os distrbios damemria essencial examina-los cuidadosamente do ponto de vistaneuropsicolgico. preciso tambm tratar das estruturas corticais queatuam nos processos mnsicos.

    As alteraes de memria podem ser de tipo geral (modalidades noespecficas), como na clssica sndrome de Korsakoff ou podem ser deum tipo determinado (modalidade especfica), por exemplo, acstica,verbal e espacial. Podem acontecer em todos os nveis de codificao oupodem limitar-se a um nico nvel, por exemplo, o inferior (sensorial) esuperior (intelectual). Podem ocorrer em aluno/clientes que no sofremde confuso ou sonolncia, associados a estes estados, ou emassociao com inrcia patolgica de atividade nervosa.

    As partes do crebro que poderiam estar implicadas so as poresmedias dos hemisfrios, onde as alteraes nos lobos temporaisprovocam um tipo especfico de distrbio de memria verbal (Afasiaamnsica ou nomeao errnea), ou dos lobos frontais, produzindoalteraes secundrias nos casos de leses macias.

    Supe-se que a causa principal das alteraes de memria deve-se a umcrescente bloqueio dos traos por interferncia de impresses e aes;tambm poderiam ser devidas a progressiva deteriorao destes traos.A investigao da memria inclui o estudo de:

    8.1 - O processo de aprendizagem8.2 - Reteno e recuperao8.3 - Memria lgica, associativa ou verbal

    8.1 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

    O aspecto mais importante desta investigao a anlise dos mtodosutilizados, da maneira de aumentar o volume de material retido, dainfluncia do nvel de expectativa e da reao diante dos erros.

    8.1.1Sries de palavras ou nmeros desconexosa) O examinador l em voz alta, pausadamente, um conjunto de 10

  • 8/8/2019 Testes Neuropsicologicos de Luria

    51/67

    51

    palavras*, variadas morfo e foneticamente, e pede para oaluno/cliente memorizar a srie e reproduzi-la, em qualquer ordem.Depois de escrever os elementos que pde reter, a srie apresentada outra vez e se recolhe de novo os resultados at oaluno/cliente conseguir reter toda a srie. Caso no consiga,suspender o processo na 10a tentativa. Os resultados soanotados uma curva de memria (l85).Durante a memorizao pergunta-se ao aluno/cliente quantaspalavras ser capaz de memorizar quando a srie for repetida.Suas respostas (nvel de expectativa) so comparadas na curvacom o resultado real.

    b) Numa variante do teste podem ser utilizados nmeros(normalmente 8 ou 10); 7, 1, 3, 9, 4, 2, 5, 6 e 8.

    ANLISE DA CONDUTA

    1. O aluno/cliente se esfora para aprender as palavras na ordemapresentada e a cada nova apresentao procura reter as palavras nomemorizadas. Comete poucos erros e no incide no mesmo erro vriasvezes.Aprende as palavras devagar e no consegue memorizar mais de 5 ou 6palavras. Sua capacidade limitada de memorizao se revela pelo fatode; ao procurar recuperar palavras no retidas na apresentao anterior,acaba por inibir palavras j memorizadas. Pode se cansar facilmente;depois da 4a ou 5a repetio seu desempenho declina.Indicativo de leso nas reas tercirias temporo-parieto-ocipitais; quedificulta a ordenao da srie apresentada.

    2. O aluno/cliente no avalia sua atuao de forma realista; incapaz depredizer quantos elementos da srie seria capaz de repetir. Podecontinuar repetindo inertemente um nmero baixo; inclusive depois de terdemonstrado que seus resultados reais so superiores. Repete aspalavras de forma aleatria, e no presta especial ateno as palavrasde que no se lembrava anteriormente. A srie que continua repetindopode ser estereotipada, assim como os erros.Indicativo de leso dos lobos frontais (l83).

    8.2 RETENO E RECUPERAO

    8.2.1 Reconhecimento de formaa) Apresenta-se ao aluno/cliente uma figura (um tringulo azul)durante 5". Aps um intervalo livre de 30", apresenta-se outrafigura, que difira na forma (quadrado azul) ou na cor (tringuloverde) da anterior. O aluno/cliente deve dizer se as duas figuras

  • 8/8/2019 Testes Neuro