teste 11º ano- grupo i-os maias

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Teste sobre "Os Maias"-tema da educação- com proposta de correção.

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Page 1: Teste 11º ano- Grupo I-Os Maias

Agrupamento de Escolas de Ribeira de Pena

TESTE DE AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS Ano Letivo 2012/2013

A PREENCHER PELO ESTUDANTE

Nome completo ___________________________________________________________________BI/CC nº Emitido em ( localidade) Assinatura do Estudante Teste de PORTUGUÊS Ano de Escolaridade 11º Turma A Nº_____ 1º/2º/3º CEB/ CEF/ES/ EPDuração do Teste 90 mn Número de Páginas Utilizadas

A PREENCHER PELO PROFESSOR CLASSIFICADORClassificação em percentagemCorrespondente ao nível Menção Qualitativa de Assinatura do professor classificadorObservações: Data ___/___/____

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.Não é permitido o uso de corretor. Em caso de engano, deve riscar, de forma inequívoca, aquilo que pretende que não seja classificado.Escreva de forma legível a identificação das atividades e dos itens, bem como as respetivas respostas. As respostas ilegíveis ou que não possam ser identificadas são classificadas com zero pontos.Para cada item, apresente apenas uma resposta. Se escrever mais do que uma resposta a um mesmo item, apenas é classificada a resposta apresentada em primeiro lugar.As cotações dos itens encontram-se no final do teste._____________________________________________________________

IALê o texto com atenção e, de seguida, responde às questões com frases completas:

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Mas quando ela se acomodou ao lado da Viscondessa, gravezinha e com as mãos no regaço - Carlos veio logo estirar-se ao pé dela, meio deitado para as costas do canapé, bamboleando as pernas.

- Vamos, filho, tem maneiras- rosnou-lhe muito seca D. Ana.- Estou cansado, governei quatro cavalos- replicou ele, insolente e sem a olhar.De repente porém, dum salto, precipitou-se sobre o Eusebiozinho. Queria-o levar à África, a

combater os selvagens: e puxava-o já pelo seu belo plaid de cavaleiro de Escócia, quando a mamã acudiu aterrada.

- Não, com o Eusebiozinho não, filho! Não tem saúde para essas cavaladas... Carlinhos, olhe que eu chamo o avô!

Mas o Eusebiozinho, a um repelão mais forte, rolara no chão, soltando gritos medonhos. Foi um alvoroço, um levantamento. A mãe, tremula, agachada junto dele, punha-o de pé sobre as perninhas moles, limpando-lhe as grossas lágrimas, já com o lenço, já com beijos, quase a chorar também. O delegado, consternado, apanhara o bonet escocês, e cofiava melancolicamente a bela pena de galo. E a Viscondessa apertava às mãos ambas o enorme seio, como se as palpitações a sufocassem.

O Eusebiozinho foi então preciosamente colocado ao lado da titi; e a severa senhora, com um fulgor de cólera na face magra, apertando o leque fechado como uma arma, preparava-se a repelir o Carlinhos que, de mãos atrás das costas e aos pulos em roda do canapé, ria, arreganhando para o Eusebiozinho um lábio feroz. Mas nesse momento davam nove horas, e a desempenada figura do Brown apareceu à porta.

Apenas o avistou, Carlos correu a refugiar-se por detrás da Viscondessa, gritando:- Ainda é muito cedo, Brown, hoje é festa, não me vou deitar!Então Afonso da Maia, que se não movera aos uivos lancinantes do Silveirinha, disse de dentro,

da mesa do voltarete, com severidade:- Carlos, tenha a bondade de marchar já para a cama.- Ó vovô, é festa, que está cá o Vilaça!Afonso da Maia pousou as cartas, atravessou a sala sem uma palavra, agarrou o rapaz pelo

braço, e arrastou-o pelo corredor - enquanto ele, de calcanhares fincados no soalho, resistia, protestando com desespero:

- É festa, vovô... É uma maldade!... O Vilaça pode-se escandalizar... Ó vovô, eu não tenho sono!

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Uma porta fechando-se abafou-lhe o clamor. As senhoras censuraram logo aquela rigidez: aí estava uma coisa incompreensível; o avô deixava-lhe fazer todos os horrores, e recusava-lhe então o bocadinho da soirée...

- Ó sr. Afonso da Maia, porque não deixou estar a criança?- É necessário método, é necessário método- balbuciou ele, entrando, todo pálido do seu rigor.E à mesa do voltarete, apanhando as cartas com as mãos trémulas, repetia ainda:- É necessário método. Crianças à noite dormem.D. Ana Silveira voltando-se para o Vilaça - que cedera o seu lugar ao Dr. delegado e vinha

palestrar com as senhoras - teve aquele sorriso mudo que lhe franzia os lábios, sempre que Afonso da Maia falava em «método.»

Depois, reclinando-se para as costas da cadeira e abrindo o leque, declarou, a transbordar de ironia, que, talvez por ter a inteligência curta, nunca compreendera a vantagem dos «métodos»... Era à inglesa, segundo diziam: talvez provassem bem em Inglaterra; mas ou ela estava enganada, ou Sta. Olávia era no reino de Portugal... […]

D. Ana, depois de bocejar de leve, retomou a sua ideia:- Sem contar que o pequeno está muito atrasado. A não ser um bocado de inglês, não sabe

nada... Nem tem prenda nenhuma!- Mas é muito esperto, minha rica senhora! - acudiu Vilaça.- É possível, respondeu secamente a inteligente Silveira.E, voltando-se para Eusebiozinho, que se conservava ao lado dela, quieto como se fosse de

gesso:- Oh filho, diz tu aqui ao Sr. Vilaça aqueles lindos versos que sabes... Não sejas atado, anda!...

Vá, Eusébio, filho, sê bonito...Mas o menino, molengão e tristonho, não se descolava das saias da titi: teve ela de o pôr de pé,

ampará-lo, para que o tenro prodígio não aluísse sobre as perninhas flácidas; e a mamã prometeu-lhe que, se dissesse os versinhos, dormia essa noite com ela...

Isto decidiu-o: abriu a boca, e como duma torneira lassa veio de lá escorrendo, num fio de voz, um recitativo lento e babujado:

É noite, o astro saudosoRompe a custo um plúmbeo céu,Tolda-lhe o rosto formosoAlvacento, húmido véu...Disse-a toda - sem se mexer, com as mãozinhas pendentes, os olhos mortiços pregados na titi.

A mamã fazia o compasso com a agulha do crochet; e a viscondessa, pouco a pouco, com um sorriso de quebranto, banhada no langor da melopeia, ia cerrando as pálpebras.

- Muito bem, muito bem! - exclamou o Vilaça, impressionado, quando o Euzebiozinho findou coberto de suor. - Que memória! Que memória! É um prodígio!...

QUEIRÓS, Eça de, Os Maias, Cap. III

1. Caracteriza comparativamente o comportamento dos dois rapazes.2. Repara nas atitudes de Afonso da Maia.2.1. A teu ver, porque não interfere na luta entre Carlos e Euzebiozinho?2.2. Já no que diz respeito ao cumprimento dos horários, a sua postura é de intransigência. Como

justificas esta aparente contradição.3. Que críticas tece D. Ana Silveira à educação de Carlos?4. Mostra como o narrador faz a caricatura de Eusebiozinho, através da utilização expressiva de

adjetivos, verbos, diminutivos e outros processos estilísticos.4.1. Atenta nos últimos parágrafos do excerto. Que aspetos da sua educação são realçados?5. Identifica, com passagens textuais, três marcas da escrita queirosiana neste excerto.

B- Num texto bem estruturado, entre 60 e 90 palavras, comenta a afirmação que se segue:

“O tema da educação é frequentemente tratado por Eça de Queirós e surge n’Os Maias como um dos principais fatores comportamentais e da mentalidade do Portugal romântico por oposição ao Portugal novo, voltado para o futuro.” (in http://www.infopedia.pt/$educacao-em-os-maias cons. 08/05/ 2013)

BOM TRABALHO!!! A professora: Lucinda Cunha

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PROPOSTA DE CORREÇÃO (Teste adaptado de uma ficha de trabalho do manual “Plural 11”- p. 196.

1. Carlos é irrequieto, um pouco “insolente”, para a viscondessa. Gosta de lutas e de imaginar aventuras. Tenta impor a sua vontade ao avô, embora acabe por obedecer. Eusebiozinho não consegue defender-se, solicitando proteção. Não brinca, mantendo-se imóvel ao lado da mãe e da tia. É inseguro e obedece a troco de recompensas.

2. 2.1. Afonso entenderá que a luta devia ser resolvida sem interferência dos adultos.

2.2. Afonso mostra-se intransigente no que concerne ao respeito pelas normas.

3. D. Ana acha que está tudo errado na educação de Carlos, sendo-lhe permitido fazer “todos os horrores” e depois obrigando-o a dormir cedo. Também acha que a criança não sabe nada, exceto um pouco de inglês.

4. A falta de energia de Eusebiozinho é evidenciada por adjetivos como “mole”, “molengão”, “tristonho”, “tenro”, “flácidas”, “lassa”, “lento e babujado”, “pendentes”, “mortiço”.

Também os verbos (por vezes associados a advérbos) e os diminutivos sublinham a mesma característica, associada à excessiva proteção de que Eusebiozinho é vítima: “preciosamente colocado”, “não se descolava das saias da titi”. Alguns recursos expressivos contribuem para o retrato caricatural do menino, como sendo a hipérbole (“soltando gritos medonhos”; “uivos lancinantes”); a comparação (“quieto como se fosse de gesso”, “como de uma torneira lassa”) e a metáfora (“não aluísse”).

4.1. Na educação de Eusebiozinho realça-se a falta de energia e de alegria, tão normais em qualquer criança.. O rapaz foi educado à base da memorização, pelo que recita um poema de cor, mas sem qualquer emoção. Mostra-se inseguro, devido à proteção excessiva, e não quer dizer os versos, pelo que a mãe se serve de “chantagem emocional” para o convencer a fazê-lo. É considerado um prodígio, mas limita-se a repetir maquinalmente o que decora.

5. Alguns exemplos:

O uso do diminutivo com intenção irónica (“gravezinha”, “Eusebiozinho”; “perninhas”, “Silveirinha”, “titi”, “versinhos”…);

Verbos expressivos (“rosnou-lhe”, “arreganhando”)

O advérbio expressivo ( “melancolicamente”, “preciosamente”)

Ironia (“respondeu secamente a inteligente Silveira”, “a viscondessa, pouco a pouco, com um sorriso de quebranto, banhada no langor da melopeia, ia cerrando as pálpebras”);

Discurso indireto livre (“aí estava uma coisa incompreensível; o avô deixava-lhe fazer todos os horrores, e recusava-lhe então o bocadinho da soirée...)

Adjetivação (“A mãe trémula, agachada junto dele, punha-o de pé sobre as perninhas moles, limpando-lhe as grossas lágrimas”, “o menino, molengão e tristonho”)

Comparação (“como uma arma”, “quieto como se fosse de gesso”);

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(…)

B- Resposta aberta.

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