teste intermedio filosofia 11º ano

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Teste intermedio Filosofia 11º ano 16/04/2013 O que é a lógica? Qual o seu objetivo? Qual o interesse em estudar lógica? A lógica é uma disciplina filosófica que estuda a argumentação. O objetivo da lógica consiste na avaliação sistemática dos argumentos com vista a determinar a sua validade ou invalidade. Existem dois tipos de lógica: Lógica formal ou dedutiva : estuda os argumentos dedutivos, que são aqueles cuja validade depende exclusivamente da sua forma lógica. Lógica informal ou não dedutiva : estudo os argumentos não dedutivos, que são aqueles cuja validade não depende exclusivamente da sua forma lógica, mas do conteúdo das proposições e dos contextos concretos da argumentação. Quem aprende lógica: Poderá pensar e argumentar de uma forma mais coerente; O seu pensamento será mais preciso e rigoroso, sendo os seus argumentos mais exatos; Comete menos erros. O que é um argumento? É um conjunto de proposições frases declarativas com valor de verdade) em que uma delas (a conclusão) é defendida pelas outras (premissas). O que faz de uma frase uma proposição? Uma frase só exprime proposição quando for declarativa e tiver valor de verdade. Ser declarativa significa que declara, que através dela exprimimos diretamente ideias e pensamentos. Ter valor de verdade significa que podemos classifica-la como verdadeira ou falsa. Clarificação de conceitos Podemos clarificar um conceito definindo-o: há condições necessárias e condições suficientes. 1

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Teste intermedio Filosofia 11º ano 16/04/2013

O que é a lógica? Qual o seu objetivo? Qual o interesse em estudar lógica?

A lógica é uma disciplina filosófica que estuda a argumentação.O objetivo da lógica consiste na avaliação sistemática dos argumentos com vista a determinar a sua validade ou invalidade. Existem dois tipos de lógica:

Lógica formal ou dedutiva : estuda os argumentos dedutivos, que são aqueles cuja validade depende exclusivamente da sua forma lógica.

Lógica informal ou não dedutiva : estudo os argumentos não dedutivos, que são aqueles cuja validade não depende exclusivamente da sua forma lógica, mas do conteúdo das proposições e dos contextos concretos da argumentação.

Quem aprende lógica: Poderá pensar e argumentar de uma forma mais coerente; O seu pensamento será mais preciso e rigoroso, sendo os seus argumentos

mais exatos; Comete menos erros.

O que é um argumento?É um conjunto de proposições frases declarativas com valor de verdade) em que uma delas (a conclusão) é defendida pelas outras (premissas).

O que faz de uma frase uma proposição?

Uma frase só exprime proposição quando for declarativa e tiver valor de verdade. Ser declarativa significa que declara, que através dela exprimimos diretamente ideias e pensamentos. Ter valor de verdade significa que podemos classifica-la como verdadeira ou falsa.Clarificação de conceitosPodemos clarificar um conceito definindo-o: há condições necessárias e condições suficientes.O gato é um animal de quatro patas. É preciso ter quatro patas para ser gato? Sim. Trata-se de uma condição necessária. Não se pode ser gato sem se ter quatro patas. Basta ter quatro patas para ser um gato? Não, porque os cães também têm quatro patas, e isso não faz deles gatos. Ter quatro patas não é uma condição suficiente para ser gato. Um animal pode ter quatro patas e não ser gato.

Indicadores típicos de conclusão:

E por essa razão… ; Segue-se que… ; Portanto… ; Por isso… ; Assim sendo… ; Por conseguinte… ; Daí que… ; Consequentemente… ; Assim… ; O que mostra que… ; Então…

Indicadores típicos de premissa:

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Porque… ; Ora… ; Por causa de… ; Devido a… ; Pode inferir-se disto… ; Considerando que… ; Assumindo que… ; Como… ; Em virtude de… ; Visto que… ; Uma vez que…; Pois…

O que é um entimema?

Em lógica denomina-se de entimema um argumento que uma ou mais premissas não foram explicitamente apresentadas, ou seja, foram omitidas.Exemplo: José Saramago é português, por conseguinte é Europeu.

Forma padrão: P.O- Todos os portugueses são europeus.P.- José Saramago é português.

C. – Logo, José Saramago é europeu.

O que é a validade de um argumento?Tem a ver com a relação entre o valor de verdade das premissas e o valor de verdade da conclusão.Há, em termos gerais, dois tipos de validade:

Validade dedutiva: no caso dos argumentos dedutivos, as premissas devem garantir ou tornar certa a conclusão. Um argumento dedutivo válido é aquele em que é logicamente inconsistente afirmar a verdade das premissas e negar a verdade da conclusão por elas garantida. Quem aceita as premissas tem de aceitar a conclusão que delas foi corretamente deduzida. Os argumentos dedutivos não admitem graus de validade: ou são válidos ou não são válidos. Se forem válidos, podem ser sólidos, isto é, formados por premissas que, além de implicarem a conclusão, são de facto verdadeiras.

Validade indutiva: no caso dos argumentos indutivos, a verdade das premissas não garante a verdade da conclusão, unicamente a torna porvável. Um argumento indutivo é aquele em que não há inconsistência lógica em afirmar as premissas e negar a conclusão. Quem aceita as premissas não tem de aceitar a conclusão. A conclusão é provavelmente verdadeira, se as premissas forem verdadeiras. Os argumentos indutivos válidos denominam-se argumentos fortes. A força que as premissas dão à conclusão tem diversos graus. Quanto maior for o grau de probabilidade que as premissas conferem à conclusão tanto mais forte será o argumento. Assim, há argumentos indutivos muito fortes, razoavelmente fortes, fracos ou muito fortes.

O que é um silogismo categórico?

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É um raciocínio dedutivo constituído por três proposições: as duas primeiras são as premissas e a terceira, que delas deve derivar necessariamente, é a conclusão. O silogismo categórico tem e só deve ter três termos: maior, médio e menor.O termo médio é aquele que aparece em ambas as premissas, mas não aparece nem deve aparecer na conclusão.O termo maior é o predicado da conclusão, aparecendo também na premissa maior.O termo menor é identificado como sujeito da conclusão e aparece também na premissa menor.

Classificação das proposições categóricas

Critérios Caracterização Forma Lógica

QuantidadeUniversais Todo o S é P/Nenhum S é PParticulares Algum S é P/Algum S não é

PSingulares

Qualidade Afirmativa Todo o S é P/Algum S é PNegativa Nenhum S é P/Algum S não

é P

Proposições universais: o sujeito está tomado em toda a sua extensão.Proposições particulares: o sujeito está tomado em parte indeterminada da sua extensão.Proposições singulares: o sujeito refere-se a um ser concreto.

Que tipo de proposições podem estar presentes num silogismo?

Há quatro formas válidas de proposições categóricas: A,E,I,O (são provenientes das palavras latinas AfIrmo e nEgO)

Tipo A: Todo o S é P (Proposição universal afirmativa) Tipo E: Nenhum S é P (Proposição universal negativa) Tipo I: Algum S é P (Proposição particular afirmativa) Tipo O: Algum S não é P (Proposição particular negativa)

A quantificação dos termos na proposição categórica

Os termos têm extensão. A extensão de um termo diz respeito ao conjunto de objetos ou seres a que se

refere. Um termo diz-se distribuído se, e apenas se ocorre em toda a sua extensão.

Também se diz que está quantificado universalmente.

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Um termo diz-se não distribuído se, e só se refere a uma parte indeterminada dos seres que represente. Também se diz que está quantificado particularmente.

O sujeito está distribuído em todas as proposições universais. O predicado está distribuído em todas as proposições negativas, sejam elas particulares ou universais.

Tipos de proposição Termos distribuídosUniversal Afirmativa Sujeito(s)Universal Negativa Sujeito(s) e predicado(s)Particular Afirmativa NenhumParticular Negativa Predicado(s)

Figuras do silogismo

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Como verificar a validade de um silogismo

Há 8 regras: Quatro para os termos e quatro para as proposições.Regras relativas aos termos:

1) Um silogismo tem de ter exatamente três termos e apenas três termos: maior, médio e menor e cada termo deve ter o mesmo significado;

2) O termos médio só pode aparecer nas premissas;3) Os termos maior e menor não podem ter, na conclusão, maior extensão do que

nas premissas, ou seja, não podem ser universais na conclusão e particular nas premissas. Qualquer termo distribuído na conclusão também tem que estar na premissa onde ocorre.

4) O termo médio deve ter extensão universal pelo menos numa das premissas onde ocorre ou o termo médio deve estar distribuído só uma vez.

Regras relativas às proposições:1) Premissas afirmativas pedem conclusão afirmativa;2) De duas premissas negativas nada se pode concluir;3) De duas premissas particulares nada se pode concluir;4) A conclusão deve seguir sempre a parte mais fraca: será negativa se houver

uma premissa negativa e particular se houver uma premissa particular.

Falácias silogísticas

Uma falácia é um argumento incorreto que parece ser correto. São erros de raciocínio ou de argumentação. As falácias formais são aquelas em que o erro é relativo à forma lógica do argumento (incorreção na estrutura). Designa-se de falácia formal quando se verifica o não cumprimento de uma ou mais regras de validade silogística.Existem quatro falácias associadas às regras de validade silogística para termos e que são as seguintes:

Falácia dos quatro termos : falácia que ocorre quando um silogismo tem mais de três termos. (por exemplo, um dos termos é ambíguo);

Falácia do médio não distribuído: ocorre num silogismo cujo termo médio não está distribuído numa das premissas em que ocorre;

Falácia da ilícita maior : ocorre num silogismo quando o termo maior está distribuído na conclusão mas não na premissa.

Falácia da ilícita menor : ocorre num silogismo quando o termo menor está distribuído na conclusão mas não na premissa.

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O que é a Lógica Informal?

É o estudo de argumentos cuja validade não depende exclusivamente da sua forma lógica, mas do conteúdo das proposições e do contexto concreto da argumentação.

Por que razão é necessária uma lógica informal?

O estudo da lógica informal é necessário porque usamos argumentos que, não excluindo a possibilidade de a sua conclusão ser falsa, nos dão razões para aceitarmos que a conclusão é plausível, provável ou verosímil. É necessária para avaliar os argumentos que, apesar de dedutivamente inválidos, dão algum apoio à conclusão; porque precisamos de uma lógica que não prescinda de referências aos conteúdos e para estudar os aspetos concretos da argumentação.

Quais os principais argumentos informais?

1) Argumentos indutivos

Generalizações : atribuem a todos os casos possíveis de uma dada espécie o que foi observado nalguns casos da mesma espécie. Justifica uma conclusão universal a partir com base em premissas particulares. Não garante que a sua conclusão é verdadeira, o máximo que conseguimos é a legitimidade para tratar a conclusão como sendo muito provável, dependendo do número de casos observados.

Previsões : são argumentos em que as premissas se baseiam em cassos passados observados e a conclusão se refere a casos particulares não observados.

Regras para construir bons argumentos indutivos:1. A amostra deve ser ampla.2. A amostra deve ser relevante ou representativa.3. A amostra não deve omitir informação relevante.

Falácia associada aos argumentos indutivosFalácia da generalização precipitada.

-Ocorre quando uma generalização se baseia num número muito limitado de casos.

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2) Argumentos por analogia

Este tipo de argumento atribui uma propriedade a um acontecimento ou a um objeto por ela ter sido observada num acontecimento ou objeto semelhante.É uma inferência baseada numa comparação.A força das analogias, tal como a das generalizações e a das previsões, não depende apenas da sua forma.Para determinar em que medida as premissas de uma analogia dão grande apoio à conclusão tornando-a altamente provável, podemos recorrer a certas regras:

1. Quanto maiores forem as semelhanças relevantes e em número suficiente entre os objetos comparados nas premissas, mais estas confirmam ou tornam provável a conclusão.

2. Uma analogia é forte ou válida se as semelhanças entre os objetos comparados forem relevantes.

Falácia relativa aos argumentos por analogia: Falácia da falsa analogia. Esta falácia é cometida por várias razões:

o O número de objetos comparados é reduzido;o O número de semelhanças entre os objetos é escassoo As semelhanças apresentadas são pouco ou nada relevantes.

3) Argumentos de apelo à autoridade

São argumentos em que se conclui que uma determinada proposição é verdadeira porque uma certa autoridade reconhecida defende que essa proposição é verdadeira.Estes argumentos não são dedutivamente válidos, mas as suas premissas podem confirmar a sua conclusão, ou seja, podem torna-la provavelmente verdadeira. Para que isso aconteça é necessário que a autoridade invocada satisfaça certas condições.Regras para que um argumento deste tipo não seja falacioso:

1. A autoridade invocada tem de ser reconhecida como competente nas matérias em questão;

2. Deve haver consenso entre as autoridades competentes sobre as matérias em questão;

3. A autoridade invocada tem de ser imparcial sobre o assunto em causa.

Caso não se verifique estas condições cometemos a falácia que a tradição filosófica intitulou de “Ad verecundiam”

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Outras falácias informais relativamente frequentes.

Ataques pessoais (argumentum ad hominem)

Estas falácias consistem em ataques pessoais. Parar mostrar que uma certa proposição é falsa, ataca-se quem defenda que ela é verdadeira. Em vez de se apresentarem verdadeiras razões para aceitar a conclusão, tenta-se desacreditar a pessoa que rejeita essa conclusão, descrevendo-a em termos desfavoráveis. Resumindo, ataca-se a pessoa, quando se deveria refutar aquilo que ela defende.

Há três formar maiores da falácia ad hominem:I. Ad hominem (abusivo): em vez de atacar uma afirmação, o argumento ataca a

pessoa que a proferiu;II. Ad hominem (cisrcunstância): em vez de atacar uma afirmação, o autor aponta

para as circunstâncias em que a pessoa que a fez e as suas circunstâncias;III. Tu quoque: esta forma de ataque à pessoa consiste em fazer notar que a

pessoa não pratica o que diz.

Apelo à ignorância (argumentum ad ignorantiam )

Neste tipo de falácias, usam-se argumentos que consistem em refutar um enunciado, só porque ninguém provou que é verdadeiro, ou em defendê-lo, só porque ninguém conseguiu provar que é falso.O esquema lógico deste argumento reveste-se de duas formas:

o Não se conseguiu provar a verdade de A.o Logo, A é falso.

o Não se conseguiu provar a falsidade de A.o Logo, A é verdadeiro.

Falso dilema

Comete-se esta falácia caso se apresentem duas hipóteses alternativas como se estas esgotassem todas as possibilidades, quando, na verdade, existem mais do que duas hipóteses.

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Derrapagem (ou bola de neve)

Comete-se esta falácia quando, invocando uma cadeia causal implausível, se defende que não devemos aceitar algo porque, se o fizermos, esse será o primeiro passo em direção a algo terrível.A falácia da derrapagem tem a seguinte forma:

Se A, então B.Se B, então C.Se C, então D.Então, se S, então D.

Petição de Principio (petitio principii)

Consiste em adotar, para premissa de um raciocino, a própria conclusão que se quer demonstrar.Esta falácia é também conhecida por “falácia da circularidade” devido ao facto de as petições de princípio conduzirem a um círculo lógico do qual não se consegue sair.

Falácia do boneco de palha ou do espantalho

Consiste em distorcer a posição do oponente de moto a atacá-la mais facilmente. Assim, em vez de se refutar a verdadeira perspetiva que o oponente defende, derruba-se uma mera caricatura dessa perspetiva- metaforicamente, um mero boneco de palha, e não um homem autêntico. É uma das técnicas de argumentação mais usadas.

O que é a retórica?

É a arte de persuadir através do discurso. A retórica consiste num conjunto de técnicas para atingir um certo objetivo. Aqueles que percebem de retórica dominam técnicas que permitem persuadir através do discurso.

O que é persuadir?

É convencer alguém unicamente através do uso da palavra. A persuasão através da violência ou da sedução física, por exemplo, está fora do âmbito da arte da retórica.

O retor ou orador é aquele que recorre ao discurso para persuadir com técnicas retóricas.O auditório é o conjunto de pessoas que o orador visa persuadir.

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A retórica segundo Aristóteles

Segundo este filósofo, a retórica é a capacidade de discernir aquelo que é persuasivo em caso considerado. Tal como um médico não consegue curar toda e qualquer doença, um retor não é capaz de obter a adesão de um auditório a todas e quaisquer perspetivas. Porém, o retor tem a capacidade de descobrir as formas mais eficazes de persuadir.Apesar de não ter um objeto determinado, a retórica exerce-se num âmbito muito definido: o discurso político. Há 3 espécies de discurso político:

O discurso deliberativo, que decorre numa assembleia; O discurso judicial, que decorre perante um tribunal; O discurso epidítico, que se destina a louvar ou censurar uma pessoa.

As técnicas de persuasão mais usadas segundo Aristóteles

Segundo Aristóteles existem dois tipos de provas:

Provas não técnicas que são aquelas que não dependem do orador. Já existem e este limita-se a usá-las no seu discurso: as leias, os testemunhos, os contratos, os juramentos, etc.

Provas técnicas que são aquelas que podem ser preparadas pelo orador. Estas são de três espécies:

As que residem no caráter moral do orador (ETHOS); As que assentam no estado emocional do auditório (PATHOS); As que residem no próprio discurso ou argumentação, pelo que esta

demonstra ou parece demonstrar (LOGOS).

ETHOS

Esta técnica persuasiva depende do caráter do orador.Sustente que o poder persuasivo do discurso ou teses é maior se o auditório reconhece credibilidade ao orador, ou seja, quando este é visto como alguém que inspira confiança, como uma pessoa integra, virtuosa, prudente e benevolente, especialista na matéria em discussão, por tal conquistará a confiança e persuadirá os seus ouvintes.Os dispositivos retóricos ligados a esta técnica são os argumentos por autoridade e ad hominem ou ataque pessoal, e podem gerar uma posição desfavorável no auditório, dado que podem ser mal usados pelo orador.

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PATHOS

Esta técnica persuasiva relaciona-se com o estado emocional do auditório.Se quer ser persuasivo, o orador deve procurar suscitar sentimentos e emoções no auditório que o predisponham de forma favorável para a tese que defende.Aristóteles reconhece a importância de emoções como a ira, a compaixão e o medo para a persuasão do auditório, que deve ser emocionalmente impressionado e seduzido.Alguns dispositivos retóricos ligados a esta técnica são:

O argumento de apelo à popularidade ou à maioria , que é uma forma de argumento falacioso que desperta e manipula os sentimentos e emoções da audiência ou maioria para fazer aceitar o ponto de vista de quem fala. É utilizado frequentemente no discurso publicitário, nos contextos de masketing e propaganda e nas campanhas políticas.

O argumento de apelo à compaixão ou à piedade ( Ad misericordium ) que acontece quando alguém argumenta procurando despertar sentimentos de piedade e compaixão no auditório de modo que a conclusão ou o que se defende seja aprovado.

LOGOS

É aquela técnica que se baseia no discurso. A persuasão obtém-se pela apresentação de argumentos por parte do orador de forma a convencer o auditório da verdade da tese defendida. Os dispositivos retóricos a usar pelo orador no seu discurso devem ser:

O entimema, que é uma forma de argumento dedutivo que permite no domínio dos discursos públicos demonstrar ou provar uma posição a partir de premissas que são sempre ou quase sempre prováveis;

Os exemplos, que são argumentos do tipo indutivo que se baseiam em factos observados no passado ou em factos inventados pelo orador.

O que são demonstrações?

São argumentos dedutivamente válidos, onde as premissas são verdades evidentes e bem estabelecidas, o que implica a obrigatoriedade da aceitação da conclusão, uma vez que esta se segue de verdades indisputáveis.

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O que é a argumentação?

Relativamente aqueles argumentos que Aristóteles designa de dialéticos, não obstante de serem dedutivamente válidos, conclui-se que a sua solidez é disputável, porque apresentam uma ou mais premissas que não são verdades evidentes mas apenas prováveis ou verosímeis, digamos que se tratam, muitas vezes, de opiniões humanas respeitáveis mas controversas.

A persuasão racional

Fala-se do bom uso da retórica e não de manipulação quando é possível aos membros de um auditório tomarem posição crítica e informada sobre o que se debate, se discute ou se transmite. O orador dirige-se à inteligência do auditório, usando argumentos racionais, respeitando a sua autonomia e liberdade no ajuizamento das teses apresentadas e, por isso, não os impedindo de pensar.

A persuasão irracional

Fala-se do mau uso da retórica e de manipulação quando o orador procura ludibriar, intimidar e explorar as emoções do auditório em função dos seus interesses (interesses do orador). É frequente que isto aconteça quando na argumentação do orador predominam os fatores afetivos ou emotivos, a exploração de preconceitos e de medos ou inclinações não racionais. Neste caso, o orador não respeita a autonomia e a liberdade das pessoas, impedindo-as de pensar.Há manipulação sempre que o orador joga com os impulsos e os interesses do auditório conduzindo-o a uma adesão emocional e acrítica às suas ideias.

Na persuasão irracional procura-se fechar o debate; por contraste, a persuasão racional é um convite ao debate e à reflexão. Na persuasão racional argumentamos para chegar à verdade das coisas, independentemente de quem “ganha” o debate; na persuasão irracional discute-se para “ganhar” o debate, independentemente de saber de que lado está a verdade.

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Doutrinas dos sofistas

Os sofistas tinham como atividade pedagógica o ensino da retórica, ou seja, a arte do bem falar e do bem argumentar, aos jovens atenienses.Entendem a retórica como uma arte poderosa, como o discurso do poder ou dos que aspiravam a exercê-lo.Os sofistas valorizam a subjetividade das opiniões e assumem uma atitude cética relativamente à possibilidade de conhecimento, mostrando-se descrentes quanto á possibilidade de encontrar verdades absolutas e universais, bem como sustentam um relativismo num plano ético-moral.

Confronto entre sofistas e filósofos

Os filósofos sustentam que existem verdades absolutas e universais que podem ser conseguidas por meio da dialética, ou seja, da razão.Platão e Sócrates acusavam os sofistas de desonestidade intelectual. Acusavam-nos de desprezar a razão e a ética na formação dos cidadãos atenienses, voltando o seu ensino apenas para saberem manipular a opinião pública, consoante lhes fossa conveniente.Os filósofos apoiam que só o poder da reflexão levará o Homem ao conhecimento autêntico e o conduz no caminho do bem e da virtude.

A perspetiva de Platão face à retórica.

Platão mostra que o orador só é persuasivo se aquelas pessoas para quem fala não conhecerem o assunto de que fala; se conhecerem, o orador não é mais persuasivo do que um profissional. Segundo Platão, enquanto o sofista ensina a conquistar pela persuasão, o filósofo procura o saber, visa descobrir a verdade.Para este filósofo, a retórica não é uma arte, mas uma forma de atividade empírica, que tem por fim produzir no auditório um sentimento de agrado e de prazer. Platão chama a essa atividade empírica adulação.

Caracterização da filosofia

A filosofia é uma aticidade intelectual, que se caracteriza essencialmente pela busca da verdade. É uma atividade crítica e racional.Desenvolve-se colocando problemas filosóficos (conceptuais).A argumentação desempenha, assim, um papel crucial na filosofia, dada a natureza dos problemas que os filósofos equacionam e investigam.

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O que é a epistemologia?

É uma área da filosofia que estuda os problemas ligados ao conhecimento humano em geral, seja ele científico, artístico ou outro qualquer.

Elementos estruturais do ato de conhecer

Todo o conhecimento envolve uma relação entre um sujeito (cognoscente) e um objeto (cognoscível). O sujeito é aquele que conhece e o objeto é aquele que é conhecido. O objeto pode ser uma realidade exterior/física ou uma realidade abstrata (Deus, alma, sonho, pensamento).A partir dessa relação entre o sujeito e o objeto, o sujeito forma uma imagem de representação dos objetos.

Géneros de conhecimento

Conhecimento Prático (ou saber fazer ): o objeto deste tipo de conhecimento são atividades;

Conhecimento por contacto : tem como objeto lugares/países, obras de arte, monumentos, pessoas etc; ou seja, um ser concreto. Este tipo de conhecimento implica que o agente cognitivo tenha um contacto direto, presencial e imediato com o objeto do conhecimento;

Conhecimento proposicional : tem como objeto proposições- “S” sabe que “P” é verdade. NOTA: o saber fazer não implica necessariamente o conhecimento proposicional.

O conhecimento proposicional

De acordo com a análise platónica, o conhecimento proposicional envolve três condições fundamentais:

1) A condição de crença;2) A condição de verdade;3) A condição de justificação.

Crença e conhecimento. Que relação?

Crença é todo e qualquer tipo de convicção que uma pessoa possa ter, seja ela religiosa ou não (A terra é plana; Deus existe; A neve é branca).

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Muitos filósofos defendem que todo o conhecimento implica que uma crença, ou seja, quando sabemos algo acreditamos que sabemos algo, pois parece impossível saber algo sem acreditar no que se sabe.Conclusão 1: A crença é uma condição necessária para o conhecimento.

“S” sabe que “P” se e só se:“S” acredita que “P”.

Será a crença uma condição suficiente para o conhecimento?

Embora a crença seja uma condição necessária não é uma condição suficiente para o conhecimento, porque as pessoas podem acreditar em coisas que não podem ser, ou seja, em falsidades, e crenças falsas não constituem conhecimento. Saber e acreditar são coisas diferentes.Por exemplo, as pessoas podem acreditar que existem fadas, mas não podem afirmar que sabem tal coisa, pois as fadas não existem ou pelo menos, não foi provada a sua existência.

Outra crença é necessária para o conhecimento (verdade)

A verdade é uma condição necessária para que haja conhecimento. O conhecimento é factivo, ou seja, não se pode conhecer falsidades. As nossas crenças têm de descrever corretamente a realidade. Sem verdade não há conhecimento. “S” acredita que “P”,Logo, “P” é verdadeiro.

Será a crença verdadeira uma condição suficiente para o conhecimento?

Não, porque crenças que por acaso se revelem verdadeiras, não constituem conhecimento. Para haver conhecimento, aquilo em que acreditamos tem de ser verdade, mas podemos acreditar em coisas verdadeiras sem saber que realmente são verdadeiras. Toda e qualquer crença que se revele verdadeira por obra do acaso, palpite feliz ou coincidência, não constitui qualquer conhecimento.

Última condição necessária ao conhecimento (Justificação)

As crenças que são defendidas irracionalmente não constituem casos de conhecimento. Para haver conhecimento, temos que acreditar na proposição que defendemos, que essa crença seja verdadeira e que não se deva a um palpite feliz, mas que seja justificada, isto é, que não sejas uma simples opinião, que haja provas da sua veracidade. A justificação é a forma como testamos a verdade das nossas proposições.

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Se “S” sabe que “P”:o “S” acredita que “P”;o “P” é verdadeiro;o “S” tem uma justificação para que “P”.

A objeção de Edmund Gettier

Até Edmund L. Gettier (filosofo americano) , em 1963, apresentar os seus contraexemplos, a teoria tripartida do conhecimento (crença verdadeira justificada) era aceitável.Este, em 1963, publicou um pequeno artigo cujo título era «A crença verdadeira justificada é conhecimento?» e nele mostrou que a teoria tripartida do conhecimento não descreve adequadamente o conhecimento, visto que é possível deduzir proposições verdadeiras de proposições falsas.

Os contraexemplos de Gettier utilizam argumentos dedutivos, mas é possível fazer o mesmo com argumentos não dedutivos.

Ex: O relógio da cozinha é sempre fiável e costumo utilizá-lo para ver as horas.Hoje antes de ir para a escola vi as horas no relógio da cozinha e marcava 7:55h.Daí pensei que eram 7:55h. O facto de o meu relógio da cozinha nunca me ter enganado , estando sempre certo, justifica a minha crença.Embora, sem que eu soubesse o relógio ficou sem pilhas e parou no dia anterior precisamente às 7:55h.

Caso for este o caso, temos uma crença verdadeira justificada (é ainda necessário que sejam, de facto, 7:55h) que não é um conhecimento.

Definição tradicional de conhecimento Conhecimento a priori.

É um conhecimento racional. “S” sabe que “P” a priori se e só se “S” sabe que “P” pelo recurso ao pensamento e á razão. Ex: o todo é maior que a parte.

Conhecimento a posteriori. Conhecimento empírico ou sensorial.“S” sabe que “P” a posteriori se e só se “S” sabe que “P” através da experiência ou das impressões dos sentidos.

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Page 17: Teste intermedio Filosofia 11º ano

O que é o ceticismo?

É uma teoria filosófica que nega a possibilidade de uma ser humano vir a alcançar certezas ou verdades absolutas. Os céticos argumentam que por mais fortes que sejam as nossas crença e que por melhores que nos pareçam as nossas justificações, estas serão sempre insuficientes para a fundamentação da verdade do que sabemos, iludindo-se aqueles que julgam saber alguma coisa.

Quais os argumentos utilizados pelos céticos?

A divergência de opiniões

É relativa ao modo como os entendidos concebem, por exemplo, o que é o bem e o mal, o justo e o injusto. Ora, se há uma divergência de opiniões mesmo entre os entendidos das matérias, então nenhuma dessas opiniões está suficientemente justificada, logo, se nenhuma crença está suficientemente justificada, não há conhecimento.

Erros e ilusões percetivas

Segundo os céticos, a justificação que temos para a maioria das nossas crenças baseia-se na nossa perceção. Sucede que perante os objetos ou uma situação, as pessoas têm perceções diferentes, dependendo do modo como as interpretam. Por outro lado, muitas vezes somos simplesmente enganados pelos nossos sentidos, ou seja, muitas vezes ouvimos ou vemos coisas que não existem, que não passam de meras ilusões percetivas.O cético conclui que é sempre possível que a maior parte das crenças baseadas na perceção sejam falsas. Logo, a perceção não é uma justificação adequada para as nossas crenças, ela é fonte de erro em vez de fonte de conhecimento.

Argumento da regressão infinita

De acordo com os céticos, o único modo de tentar justificar as nossas crenças é recorrer a outras crenças. Assim, grande parte da justificação de crenças consiste em inferir umas crenças das outras. Os céticos sustentam que se a justificação das nossas crenças é baseada noutras crenças, então nunca nos podemos dar como satisfeitos; as justificações que damos, precisam elas mesmas de ser justificadas e, assim, o processo de justificação continua infinitamente. Se há regressão infinita neste processo não podemos dizer que há conhecimento.

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O que é o racionalismo?

É uma teoria relativamente à origem do conhecimento que se opõe ao empirismo. Defende que a razão é a origem do conhecimento, opondo-se ao empirismo, que defende que o conhecimento provém da experiência.

Para construir o edifício do saber do seu tempo em bases firmes e seguras, o que pensa Descartes ser necessário?

Trata-se de começar tudo de novo, do princípio. Esse princípio tem de ser um conhecimento que resista a todas as tentativas de pô-lo em causa (verdade indubitável). Uma vez encontrada, encontramos também, o alicerce ou a base que seja o fundamento do sistema do saber. As principais características deste conhecimento são:

1. Deve ser de tal modo evidente que o pensamento não possa dele duvidar (absolutamente indubitável);

2. Deve ser absolutamente primordial; dele vão depender todos os outros conhecimentos, mas não dependendo ele de nenhum outro;

3. Fecundo (original).

Como encontrar esse principio ou conhecimento inteiramente inabalável?

Metodologia a adotar a dúvida.Para tal, Descartes decidiu avaliar a firmeza ou a solidez das bases em que assentam os conhecimentos que lhe foram transmitidos, as suas crenças. São elas:

1. A crença de que a experiência é a fonte dos nossos conhecimentos, isto é, de que o conhecimento começa com a experiência sendo os sentidos dignos de confiança argumento dos erros percetivos;

2. A crença de que existe um mundo físico que, por isso mesmo, constitui objeto de conhecimento argumento do sonho;

3. A crença de que o nosso entendimento (ou razão) não se engana ou não pode estar enganado quando descobre conhecimento verdadeiro (credibilidade das operações mentais) argumento do génio maligno.´

Se estas bases forem frágeis, todo o edifício dos conhecimentos estabelecidos ruinará e teremos de o reconstruir em bases firmes e seguras.

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Como avaliar a solidez destas bases ou destes alicerces?

Para isso, Descartes submeteu as crenças do seu tempo a um exame impiedoso

A dúvida hiperbólica instrumento da procura da verdade absolutamente indubitável.

Metódica; Catártica na medida em que procura libertar a razão humana de falsos

princípios ou conhecimentos, e desta forma evitar que se considerem princípios na ciência que não merecem esse nome;

Temporária, porque quando a duvida atingir a seu máximo há uma verdade indubitável que se vai impor;

Voluntária.

Características da dúvida hiperbólica:

1) Considerar como absolutamente falso o que for minimamente duvidoso;

2) Considerar como sempre enganador aquilo que alguma vez nos enganou.

Descartes decide aplicar a dúvida hiperbólica 1 para ficar seguro de que quando descobrir uma crença que lhe resiste, essa crença seja absolutamente verdadeira. Conhecimento verdadeiro é sinónimo de conhecimento absolutamente verdadeiro. Entre a verdade e a falsidade não há meio-termo. Um conhecimento ou é absolutamente verdadeiro (totalmente indubitável) ou então deve ser considerado como falso.

Percurso até à verdade

Com aplicação da dúvida hiperbólica, com base nos seus dois grandes princípios, Descartes estabeleceu três níveis de aplicação da dúvida.

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Primeiro nível de aplicação da dúvida

Põe em causa as informações sensoriais (crenças à posteriori) - até que ponto essas afirmações são fidedignas?Aplicação do 1º critério

Descartes questiona e rejeita a crença de que o conhecimento começa com a experiência, ou seja, de que os sentimentos são fontes seguras de conhecimento. Os sentidos enganam-nos, criam certas ilusões. Descartes defendia que é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem nos engana uma vez (aplicação do principio hiperbólico), logo, os sentidos não merecem qualquer confiança e não são fonte de conhecimento. Assim, Descartes rejeita um dos princípios fundamentais do saber tradicional, de que o saber começa com a experiência, com as informações sensoriais. Por exemplo: a impressão do ser redondo o que é quadrado; quebrado o que é inteiro, etc.

Segundo nível de aplicação da dúvida

Põe em causa a crença de uma realidade física, independente de nós (crenças à posteriori).Neste nível de aplicação da dúvida, Descartes questiona a existência de uma realidade física independente do nosso pensamento. Descartes inventa um argumento que se baseia na impossibilidade de encontrar um critério absolutamente convincente que nos permita distinguir o sonho da realidade. Não havendo maneira clara de diferenciar o sonho da realidade, surge a suspeita de que aquilo que consideramos real, não passa de um sonho. Esta suspeita transforma coisas que julgamos reais em realidades imaginárias, guiadas pela nossa mente. Tais podem incluir desde o nosso próprio corpo (a própria existência enquanto corpo) a corpos ao acaso.

Terceiro nível de aplicação da dúvida

Põe em causa aquilo que até então considerava um modelo do saber verdadeiro: o conhecimento matemático (conhecimento à priori).As matemáticas são produtos da atividade do entendimento, e por isso, são objetos inteligíveis. O argumento que vai abalar a confiança depositada nas noções e demonstrações matemáticas baseia-se numa hipótese ou suposição: a de que Deus, que supostamente me criou, criou também o meu entendimento, sendo um ser omnipotente, pode fazer tudo, mesmo aquilo que acho incrível. Deus, ao criar o meu entendimento, ao depositar as verdades matemáticas, pode tê-lo criado virado do avesso. Ou seja, o meu entendimento, à partida, pode estar radicalmente pervertido:

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toma por verdadeira o que é falso e vice-versa. Assim, não podemos ter a certeza de que as mais elementares verdades matemáticas são realmente verdadeiras.

Percurso até à verdade

1. Duvidar é um ato que tem de ser exercido por alguém;2. Para duvidar, seja do que for e mesmo que seja de tudo, é necessário que

exista um sujeito que duvide;3. A dúvida é um ato do pensamento que só é possível se existir um sujeito que o

realize;4. A existência do sujeito que duvida é uma verdade indubitável.

Penso, logo existo; Duvido, logo existo

Quando nos libertarmos de falsidades, chegaremos à verdade (cogito); para duvidar é preciso pensar (intuitivo e racional)

Prova da existência de Deus

Refletindo acerca do seu eu pensante, Descartes descobre entre as ideias nele existentes, uma ideia clara e distinta- a ideia de perfeito. Interroga-se sobre a causa ou origem dessa ideia.Resposta:

1) Sei que sou imperfeito. Duvidar de tanta coisa é sinal de imperfeição.2) Mas como sei que duvidar é sinal de imperfeição? Porque tenho consciência do

que é ser perfeito, ou seja, tenho no meu pensamento a ideia do que é ser perfeito.

3) A ideia de ser perfeito é, assim, uma ideia clara e distinta.4) Se está no meu pensamento, se sou eu que a descubro, será que sou eu o seu

autor? Não. A causa da ideia de um ser perfeito não pode ser causada por um ser imperfeito (para ser seu autor teria que reunir todos os predicados do ser perfeito, ou seja, todas as perfeições- a causa tinha que ter tanta realidade como o efeito- ora isso não acontece).

5) Por que razão não pode a ideia de um ser perfeito ser causada por um ser imperfeito? Porque seria absurdo que o efeito- ser perfeito- tivesse mais realidade e perfeição do que a causa- nesta hipótese o sujeito pensante (imperfeito).

6) Só um ser perfeito pode ser cauda da ideia de perfeito.7) Só Deus é perfeito.

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8) A ideia de perfeito existe. O que existe tem de ter uma causa. Não pode, neste caso, ser o sujeito pensante. Logo, Deus tem de existir e é a necessária causa da ideia de perfeito.

O objetivo da prova é garantir a objetividade das ideias claras e distintas, em especial das ideias matemáticas que tinham sido postas em causa diante da suspeita de que Deus podia enganar.Provando a existência de Deus como ser perfeito ou não enganador, Descartes afirma que Deus é fonte de verdade e é ele que vai garantir a veracidade e objetividade de todas as crenças que são concebidas de forma clara e distinta.

Críticas à teoria Cartesiana

Uma das críticas mais poderosas tecidas à teoria Cartesiana é a de estar ter envolvido uma falácia: a da circularidade. Esta falácia tomou como nome de “O circulo Cartesiano”.Consiste no facto de Descartes ter cometido, na sua teoria, uma falácia. Consiste no facto de Descartes pressupor como já existente aquilo cuja existência iria demonstrar. O argumento circular resulta do facto de Descartes aceitar as seguintes afirmações:

1. Deus existe porque concebemos clara e distintamente a sua existência pela ideia de perfeição e tudo aquilo que concebemos claro e distintamente é verdadeiro;

2. Tudo aquilo que concebemos de forma clara e distinta é verdadeiro porque Deus existe e o garante.

Em suma…A clareza e distinção da ideia de perfeição serve para prova que Deus existe e Deus garante a veracidade dessa ideia.

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