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Polícia Penal - PEC 308

Estudo aponta que a perspectiva de vida dos agentes penitenciários é de 45anosCategoria : NacionalPublicado por Daniel em 24/11/2010

Carlos VitoloAssessor de imprensa do Sindasp-SP

De acordo com uma publicação da agência USP (Universidade de São Paulo), um estudo realizadopelo Instituto de Psicologia (IP) da universidade, apontou o que, na prática, a categoria dos agentesde segurança penitenciária (ASP) experimentam diariamente no exercício de suas funções: “aspéssimas condições de infraestrutura das penitenciárias brasileiras, a extensa jornada de trabalho eo estresse laboral”, destaca o texto.

Conforme o estudo, tais fatores são os principais responsáveis pela baixa expectativa de vida dosservidores penitenciários. A publicação relata a opinião do psicólogo Arlindo da Silva Lourenço, querealizou um estudo de doutorado sobre o tema. Lourenço atua como psicólogo em penitenciáriasmasculinas do Estado e já acompanhou diversos servidores penitenciários que foram feitos refénsdurante as rebeliões nas unidades prisionais.

De acordo com o psicólogo, “o trabalho em locais insalubres como as prisões, e as condições detrabalho bastante precarizadas do agente, são estressantes, desorganizadoras e afetam sua saúdefísica e psicológica”. Ele destaca ainda as pressões e ameaças como fatores que prejudicam asaúde psicológica do agente penitenciário. “Cerca de 10% dos agentes penitenciários se afastam desuas funções por motivos de saúde, geralmente, desordens psicológicas e psiquiátricas”, afirma opsicólogo na publicação.

Um fato preocupante e que chama a atenção no estudo divulgado é a média de vida dos agentespenitenciários apontada pela pesquisa. Segundo os dados, a média está entre 40 e 45 anos. “Muitosdeles morrem novos, em média entre 40 e 45 anos devido à uma série de problemas de saúdecontraídos durante o exercício da profissão, como diabetes, hipertensão, ganho de peso, estresse edepressão”, disse o psicólogo. Conforme a pesquisa, tais “índices são reflexo da alta jornada detrabalho dos agentes carcerários (12 horas de trabalho e 36 horas de repouso), das más condiçõesde trabalho das penitenciárias do País e do ressentimento dos agentes em relação a dificuldade demodificar o ambiente laboral”, descreve.

Em relação às condições de trabalho vividas pelos servidores penitenciários, o documento descreveser “precária e carente de equipamentos”. Tal carência é apontada pela pesquisa como fator dedesorganização psicológica dos agentes penitenciários, já que, “as penitenciárias são repletas deambientes úmidos e de iluminação insuficiente, de cadeiras sem encosto ou assento, e janelas debanheiros quebradas, elementos que comprometem o bem-estar e a privacidade de agentes e desentenciados”, destaca.

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Conforme Lourenço, “os recursos atuais não permitem a execução do trabalho do agentepenitenciário com decência, o que implica em um não reconhecimento de sentido na profissão e, porconsequência, em um não reconhecimento de sua função social e de sua existência”, ressalta.

O texto aponta que, para o psicólogo, se houvesse a resolução desses problemas estruturais dasinstalações, o convívio e a permanência humana seriam mais adequados e já representaria umagrande diferença na qualidade de trabalho dos agentes e na reabilitação dos detentos.

No entanto, “a situação tende a permanecer como está, pois os trabalhadores penitenciários lutam ereivindicam, principalmente, melhorias salariais; ao mesmo tempo, as penitenciárias estão longe deser uma política pública prioritária para o Estado”, finaliza.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado deSão Paulo (Sindasp-SP), Cícero Sarnei dos Santos, há muito a categoria reclama a devida atençãoe carrega o sistema nas costas, “muitas vezes, pagando com a vida”, ressalta Sarnei.

O diretor aponta que “mesmo assim, ninguém se digna a nos ouvir, tampouco a nos atender.Infelizmente são males que sutilmente acometem os profissionais sem que tenham a necessáriapercepção e consciência da gravidade”, diz.

Conforme o presidente, há ainda mais dois males, que são tão prejudiciais quanto os demais, e quetalvez o pesquisador tenha detectado mas não os citou para não estarrecer ainda mais, que são: adiscriminação e o preconceito. “Lembro-me que lutamos muito para conseguir uma folga mensal,justamente para compensar o excesso da carga horária. E mais importante que isso, viver mais emelhor”, relata Sarnei.

O líder sindical aponta ainda que, pesar de toda a luta do Sindasp-SP para proporcionar melhoriaspara a categoria, “hoje constatamos que trocamos seis por meia dúzia quando somos convocados aprestar serviços no dia de nossa folga um plantão por mês para realizar revista (blitz) nas unidadespenais”. O presidente argumenta que “é a própria política de estado que está abreviando nossosdias de vida e ampliando as sequelas que acometem e matam esses profissionais, que se quer,ainda não foram reconhecidos constitucionalmente”, finaliza Sarnei.

Para o Diretor de Comunicação do Sindasp-SP, Daniel Grandolfo, o nível de tensão é tão alto que“em algumas unidades é feito um sorteio para ver quem é que vai trancar os presos ou soltar para obanho de sol”, afirma. O sindicalista também relata que, devido a este alto nível de tensão queocorre durante o exercício das atividades no “fundão” das unidades prisionais, diversoscompanheiros até preferem optar por funções administrativas.

Grandolfo destaca que a carga horária de trabalho é excessiva e que, de fato, muitos agentespenitenciários vivenciam problemas psicológicos, de depressão profunda e de síndrome do pânico.O sindicalista relata que as condições de trabalho e de saúde dos agentes é tão ruim, que eles são“obrigados a fumar” passivamente, já que são obrigados a respirar a fumaça emitida pelos cigarrosdos presos. “Existe uma lei estadual que proíbe fumar em locais fechados, mas ela não é respeitadanos presídios, e nossa saúde é prejudicada por isso”, disse Grandolfo.

Para o Secretário Geral do Sindasp-SP, Rozalvo José da Silva, a pesquisa comprova que asreivindicações dos servidores penitenciários são justas e “as autoridades deveriam se sensibilizar eatender minimamente as necessidades básicas da categoria, já propostas nas pautas de

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reivindicação protocoladas na Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e Secretaria daGestão Pública. Entre elas, aposentadoria com 25 anos de trabalho; impedimento da superlotaçãodas unidades; contratação de mais efetivo para não sobrecarregar os agentes penitenciários;acompanhamento e tratamento psicológico, conforme lei já aprovada; políticas de valorização dosagentes penitenciários, entre outras", disse o dirigente.

A grande verdade é que, apesar de todo o conhecimento (agora científico) sobre as péssimascondições de trabalho e de saúde (física e mental) que envolvem o exercício das funções do agentede segurança penitenciária, as autoridades do governo permanecem inertes e insensíveis às vidasde homens e mulheres que colocam a própria vida em risco para servir aos estados e ao País.Quem sabe se, antes de assumirem seus cargos no próximo ano, os governadores eleitos passemum dia vivendo como agente de segurança penitenciária em qualquer unidade prisional de seusestados, e assim, experimentem um pouco daquilo que eles mesmos ainda não tiveram acapacidade política para solucionar.

Clique aqui para baixar Tese sobre expectativa de vida

Direitos reservados. É permitida a reprodução da reportagem em meios impressos e eletrônicos, somente com a citação do crédito do jornalista e da Instituição Sindasp-SP (sob pena da Lei9.610/1998, direitos autorais).

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