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1 LUCIANA TIEMI KATAOKA ANÁLISE DA DEFORMABILIDADE POR FLUÊNCIA E RETRAÇÃO E SUA UTILIZAÇÃO NA MONITORAÇÃO DE PILARES DE CONCRETO São Paulo 2010

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    LUCIANA TIEMI KATAOKA

    ANLISE DA DEFORMABILIDADE POR FLUNCIA E RETRAO E

    SUA UTILIZAO NA MONITORAO DE PILARES DE CONCRETO

    So Paulo

    2010

  • LUCIANA TIEMI KATAOKA

    ANLISE DA DEFORMABILIDADE POR FLUNCIA E RETRAO E

    SUA UTILIZAO NA MONITORAO DE PILARES DE CONCRETO

    Tese de doutorado apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de doutor em Cincias, Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil

    So Paulo

    2010

  • 1

    LUCIANA TIEMI KATAOKA

    ANLISE DA DEFORMABILIDADE POR FLUNCIA E RETRAO E

    SUA UTILIZAO NA MONITORAO DE PILARES DE CONCRETO

    Tese de doutorado apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de doutor em Cincias, Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil rea de concentrao: Engenharia de Estruturas Orientador: Prof. Dr. Tlio Nogueira Bittencourt

    So Paulo

    2010

  • FICHA CATALOGRFICA

    Kataoka, Luciana Tiemi

    Anlise da deformabilidade por fluncia e retrao e sua Utilizao na monitorao de pilares de concreto / L.T. Kataoka. -- So Paulo, 2010.

    228 p.

    Tese (Doutorado ) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotec-nica.

    1.Fluncia dos materiais 2.Concreto (Monitoramento) I.Uni- versidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotcnica II.t.

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho minha famlia e a meu marido.

  • AGRADECIMENTOS

    A minha famlia, marido e amigos pela compreenso, apoio, carinho e incentivo

    durante todo perodo de doutorado.

    Ao meu orientador Tlio Nogueira Bittencourt pela confiana, orientao e apoio

    realizao deste trabalho.

    Aos professores do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotcnica (PEF)

    e do Departamento de Engenharia de Construo Civil (PCC) que contriburam para

    minha formao.

    Aos funcionrios do Laboratrio de Estruturas e Materiais Estruturais (LEM) pelo

    apoio na experimentao e contribuies tcnicas.

    A Furnas Centrais Eltricas S.A. pelo apoio tcnico.

    empresa Engemix pela oportunidade e instalaes cedidas.

    Aos funcionrios do Laboratrio da Engemix pelo apoio tcnico fundamental na

    realizao dos ensaios.

    Aos bibliotecrios pelo constante apoio e esclarecimentos na pesquisa bibliogrfica.

    Ao Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotcnica (PEF) pela

    oportunidade e pelas instalaes.

    Aos todos os funcionrios do Departamento de Engenharia de Estruturas e

    Geotcnica (PEF) sempre prestativas e eficientes.

    FAPESP Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo, pelo auxlio

    financeiro pesquisa.

  • RESUMO

    Esta pesquisa consiste no estudo da deformabilidade de estruturas de concreto,

    decorrente da retrao e fluncia. Este estudo envolve aspectos de caracterizao

    do concreto por meio de ensaios em laboratrio de retrao, de fluncia e de suas

    propriedades mecnicas (resistncia compresso, resistncia trao por

    compresso diametral e mdulo de elasticidade). Por meio dessa caracterizao,

    foram obtidos parmetros experimentais de fluncia e retrao baseados em traos

    de concreto utilizados em obras que possam ser confrontados queles indicados

    pelas normas vigentes. Alm disso, nove prottipos de pilares com duas taxas de

    armadura foram mantidos sob carga constante em um ambiente controlado de

    temperatura e umidade relativa durante 91 dias. O principal objetivo deste ensaio foi

    o estudo da influncia da taxa de armadura na redistribuio de esforos do

    concreto para armadura devido s propriedades de fluncia e retrao em prottipos

    de pilares. Para prever esta redistribuio de esforos, foram feitas simulaes

    numricas utilizando o Mtodo dos Elementos Finitos. As simulaes consideraram

    tanto o modelos de previso de fluncia e retrao disponvel no programa quanto

    os resultados provenientes da caracterizao laboratorial. Alm disso, foram

    avaliadas outras formulaes tericas que prevem as deformaes ao longo do

    tempo em pilares. Um dos modelos de fluncia que melhor se ajustou ao trao dos

    pilares foi calibrado e os resultados alimentaram as formulaes tericas. Os

    resultados tericos foram confrontados com os observados na monitorao dos

    prottipos. Neste contexto, a caracterizao das propriedades de fluncia e retrao

    do concreto e os indicadores estatsticos que apontam os melhores modelos de

    previso representam uma contribuio ao conhecimento do comportamento de

    materiais usados atualmente, de forma a tornar possvel o uso de um modelo eficaz

    em projetos de estruturas em concreto armado para os concretos estudados. Alm

    disso, o estudo da fluncia e retrao em prottipos de pilares forneceu um melhor

    entendimento da redistribuio de tenses do concreto para armadura. Finalmente,

    o ajuste do modelo de fluncia demonstrou ser eficaz para previso das

    deformaes obtidas experimentalmente.

    Palavras-chave: fluncia, retrao, propriedades mecnicas, concreto, pilar,

    monitorao.

  • ABSTRACT

    This thesis presents the study of the time dependent deformation of concrete

    structures due to creep and shrinkage. Creep, shrinkage, compressive strength,

    splitting tensile strength and modulus of elasticity tests were performed in mixtures

    commonly used in construction. Experimental parameters were obtained from these

    mechanical characterizations and creep and shrinkage models were evaluated.

    Nine short reinforced and non reinforced columns were long term loaded and

    monitored for 91 days. The tests were performed in a temperature and relative

    humidity controlled ambient. The redistribution of internal stresses from concrete to

    reinforcement due to creep and shrinkage were investigated.

    In order to analyze the redistribution of internal stresses Finite Element Method

    simulations were performed. Creep and shrinkage models and experimental data

    were considered in simulations. Other formulations were also applied to examine the

    experimental data from columns. One of the creep models which best fit the

    experimental data of the column mixture characterization was adjusted and the

    model results were used in these formulations. Numerical results and experimental

    data were evaluated.

    In this context, the characterization of creep and shrinkage of concrete and statistical

    evaluation of models contribute to know the behaviour of present-day construction

    materials and makes possible the use of efficiency models. Besides the study of

    creep and shrinkage in columns enhance the knowledge of internal stresses

    redistribution. Finally, an updating creep model was successfully applied to concrete

    experimental data.

    Keywords: creep, shrinkage, mechanical proprieties, concrete, column, healthy

    monitoring.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1.1 Vista da Ponte do Rio Sorraia monitorada (Fonte: ASSIS, 2007). ........21

    Figura 3.1 Condies empregadas na avaliao paramtrica................................95

    Figura 4.1 Etapas do programa experimental. .....................................................104

    Figura 4.2 Bastidor de fluncia.............................................................................108

    Figura 4.3 Prtico de retrao (prtico e barra de referncia)..............................109

    Figura 4.4 Forma de fluncia................................................................................110

    Figura 4.5 Discos superior e inferior.....................................................................110

    Figura 4.6 Forma de retrao...............................................................................110

    Figura 4.7 - Sensor de deformao de imerso. .....................................................112

    Figura 4.8 Sensor de deformao de colagem.....................................................112

    Figura 4.9 Terminais. ...........................................................................................112

    Figura 4.10 - Mdulo de expanso e DataTaker DT600. ........................................113

    Figura 4.11 - DataTaker DT800 (Fonte: Manual tcnico). .......................................113

    Figura 4.12 - Janela do DeTransfer (Fonte: Manual Tcnico). ................................114

    Figura 4.13 - Cmara climatizada. ..........................................................................115

    Figura 4.14 Vista externa da cmara climatizada.................................................115

    Figura 4.15 Vista interna da cmara climatizada..................................................116

    Figura 4.16 Equipamento de carregamento. ........................................................118

    Figura 4.17 Ensaio de manuteno de presso no cilindro..................................119

    Figura 4.18 Marcao do fio do sensor e reforo do orifcio do disco. .................120

    Figura 4.19 Vedao da forma com uma camada de cera...................................120

    Figura 4.20 Nivelamento do disco superior. .........................................................121

    Figura 4.21 Fixao do disco superior utilizando gesso.......................................121

    Figura 4.22 Selagem com fita adesiva. ................................................................122

    Figura 4.23 Ensaio de fluncia bsica..................................................................123

    Figura 4.24 Ensaio de fluncia por secagem. ......................................................123

    Figura 4.25 Esquema de monitorao de uma srie de ensaio de fluncia (sem

    escala).....................................................................................................................124

    Figura 4.26 Adensamento com haste plstica......................................................126

    Figura 4.27 Adensamento com martelo de borracha. ..........................................126

  • Figura 4.28 Acabamento com haste plstica........................................................126

    Figura 4.29 - Topo do corpo de prova de retrao. .................................................127

    Figura 4.30 - Fixao dos pinos na desmoldagem..................................................127

    Figura 4.31 Ensaio de retrao pro secagem.......................................................128

    Figura 4.32 - Detalhamento dos pilares com taxa de armadura 2,8 e 1,4%............133

    Figura 4.33 - Instrumentao longitudinal dos prottipos de pilares. ......................135

    Figura 4.34 Instrumentao transversal dos prottipos de pilares. ......................135

    Figura 4.35 Superfcie da armadura preparada para colagem do sensor. ...........136

    Figura 4.36 Proteo dos sensores da armadura. ...............................................137

    Figura 4.37 Posicionamento dos espaadores.....................................................137

    Figura 4.38 - Posicionamento dos sensores de imerso no concreto. ....................137

    Figura 4.39 - Sensor de concreto centralizado na armadura. .................................137

    Figura 4.40 Instrumentao dos prottipos com taxa de 2,8% de armadura

    longitudinal. .............................................................................................................138

    Figura 4.41 Instrumentao dos prottipos com taxa de 1,4% de armadura

    longitudinal ..............................................................................................................138

    Figura 4.42 - Chapas metlicas...............................................................................139

    Figura 4.43 Chapas de polipropileno....................................................................139

    Figura 4.44 - Formas de madeira. ...........................................................................139

    Figura 4.45 - Moldagem dos prottipos de pilares. .................................................140

    Figura 4.46 - Moldagem dos corpos de prova cilndricos. .......................................140

    Figura 4.47 - Ensaio de fluncia dos prottipos de pilares......................................141

    Figura 6.1 Modelo de Maxwell-Chain (Fonte: Manual do Diana)..........................178

    Figura 6.2 Modelos numricos dos prottipos de pilares (1,4, 2,8 e 0%). ............179

    Figura 6.3 Malha dos prottipos de pilares. .........................................................181

    Figura 6.4 Elemento CHX60 (Fonte: Manual do Diana). ......................................181

    Figura 6.5 Elemento L6TRU (Fonte: Manual do Diana). ......................................181

    Figura A.1 - Esquema de clculo para a previso da deformao da barra............216

    Figura A.2 Instrumentao da armadura...............................................................217

    Figura A.3 - Simulao de engaste na armadura.....................................................217

    Figura A.4 - Peso utilizado para deformao da armadura......................................217

    Figura B.1 - Circuito de 1/4 de ponte com trs vias (ponte de Wheatstone)............218

    Figura B.2 - Circuito de 1/4 de ponte com duas vias (ponte de Wheatstone)..........218

    Figura B.3 - Circuito de 1/2 de ponte com duas vias (ponte de Wheatstone)..........219

  • Figura B.4 - Configurao da ponte de Wheatstone com sensor eltrico (Fonte:

    Manual Tcnico).......................................................................................................220

    Figura B.5 - Configurao da ponte de Wheatstone com sensor eltrico (Fonte:

    Manual Tcnico).......................................................................................................220

    Figura B.6 Configurao da ponte de Wheatstone com sensor eltrico (Fonte:

    Manual Tcnico).......................................................................................................220

    Figura C.1 - Isobanda de deformao no concreto no Diana (ACI).........................222

    Figura C.2 - Isobanda de deformao na armadura no Diana (ACI).......................222

    Figura C.3 - Isobanda de tenso na armadura no Diana (ACI)................................223

    Figura C.4 - Isobanda de deformao no concreto no Diana (CP)..........................223

    Figura C.5 - Isobanda de deformao na armadura no Diana (CP)........................223

    Figura C.6 - Isobanda de tenso na armadura no Diana (CP).................................224

    Figura C.7 - Isobanda de deformao no concreto no Diana (P)............................224

    Figura C.8 - Isobanda de deformao na armadura no Diana (P)..........................224

    Figura C.9 - Isobanda de tenso na armadura no Diana (P)..................................225

    Figura C.10 - Isobanda de deformao no concreto no Diana (ACI)......................225

    Figura C.11 - Isobanda de deformao na armadura no Diana (ACI)....................225

    Figura C.12 - Isobanda de tenso na armadura no Diana (ACI)............................226

    Figura C.13 - Isobanda de deformao no concreto no Diana (CP)......................226

    Figura C.14 - Isobanda de deformao na armadura no Diana (CP).....................226

    Figura C.15 - Isobanda de tenso na armadura no Diana (CP).............................227

    Figura C.16 - Isobanda de deformao no concreto no Diana (P).........................227

    Figura C.17 - Isobanda de deformao na armadura no Diana (P).......................227

    Figura C.18 - Isobanda de tenso na armadura no Diana (P)...............................228

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 2.1 - Deformao dependente do tempo em concreto submetido carga

    constante (Fonte: NEVILLE, 1997)............................................................................30

    Grfico 2.2 Exemplo do princpio da superposio de deformaes de McHenry

    (Fonte: NEVILLE, 1997). ...........................................................................................31

    Grfico 2.3 - Reversibilidade da retrao por secagem (Fonte: MEHTA; MONTEIRO,

    2008). ........................................................................................................................32

    Grfico 2.4 - Reversibilidade da fluncia (Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2008).........32

    Grfico 2.5 - Influncia do tipo de agregado na retrao por secagem e na fluncia.

    (Fonte: TROXELL et al. apud METHA; MONTEIRO, 2008). .....................................37

    Grfico 2.6 - Fluncia em concretos carregados a 28 dias e mantidos em diferentes

    umidades relativas (Fonte: NEVILLE, 1997). ............................................................42

    Grfico 2.7 - Retrao em concretos mantidos em diferentes umidades relativas

    (Fonte: NEVILLE, 1997). ...........................................................................................42

    Grfico 2.8 - Influncia do tamanho da pea e da umidade relativa no coeficiente de

    fluncia (Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2008)............................................................44

    Grfico 2.9 - Influncia do tempo de exposio e tamanho da pea sobre o

    coeficiente de retrao por secagem (Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2008). .............44

    Grfico 2.10 - Curvas de ccf(t) (Fonte: NBR6118, 2004). .........................................63 Grfico 2.11 - baco da variao f(t) em relao idade fictcia do concreto em dias (Fonte: NBR6118, 2004). ..........................................................................................65

    Grfico 2.12 - Variao de s(t) em relao ao tempo em dias (Fonte: NBR6118,

    2004). ........................................................................................................................67

    Grfico 2.13 - Comparao do ACI com o RILEM data bank (Fonte: GARDNER,

    2004). ........................................................................................................................74

    Grfico 2.14 - Comparao do B3 com o RILEM data bank (Fonte: GARDNER,

    2004). ........................................................................................................................74

    Grfico 2.15 - Comparao do GL com o RILEM data bank (Fonte: GARDNER,

    2004). ........................................................................................................................74

  • Grfico 2.16 - Comparao do CEB com o RILEM data bank (Fonte: GARDNER,

    2004). ........................................................................................................................75

    Grfico 2.17 - Modelos de fluncia e resultados experimentais (Fonte: ALMEIDA,

    2006). ........................................................................................................................77

    Grfico 2.18 Deformao por fluncia e retrao do concreto (Fonte: TAKEUTI,

    2003). ........................................................................................................................80

    Grfico 2.19 Deformao de retrao por secagem do concreto (Fonte: MILLER,

    2008). ........................................................................................................................80

    Grfico 2.20 - Exemplo de calibrao da fluncia do modelo B3 (fonte: Baant,

    2001). ........................................................................................................................82

    Grfico 2.21 Deformaes por fluncia e retrao no corpo de prova e pilar

    (Fonte: HOLM; PISTRANG, 1966). ...........................................................................86

    Grfico 2.22 Deformaes por fluncia e retrao no corpo de prova e pilar (Fonte:

    ZIEHL; CLOYD; KREGER, 2004)..............................................................................87

    Grfico 2.23 Deformaes por fluncia e retrao no corpo de prova e pilar (Fonte:

    ZIEHL; CLOYD; KREGER, 2004)..............................................................................87

    Grfico 2.24 Deformaes por fluncia e retrao em pilares (Fonte: COSTA

    NETO, 1998). ............................................................................................................88

    Grfico 3.1 Sensibilidade paramtrica dos modelos de fluncia. ...........................97

    Grfico 3.2 Sensibilidade paramtrica dos modelos de retrao. ..........................98

    Grfico 4.1 Temperatura e umidade relativa ambiente da cmara climatizada....117

    Grfico 4.2 Avaliao da manuteno de presso no cilindro..............................119

    Grfico 5.1 - Deformao por fluncia e retrao do concreto (Trao I). ................144

    Grfico 5.2 - Deformao por fluncia e retrao do concreto (Trao II). ...............145

    Grfico 5.3 - Deformao por fluncia e retrao do concreto (Trao III). ..............145

    Grfico 5.4 - Fluncia por secagem e bsica (Trao I)............................................146

    Grfico 5.5 - Fluncia por secagem e bsica (Trao II)...........................................146

    Grfico 5.6 - Fluncia por secagem e bsica (Trao III)..........................................147

    Grfico 5.7 - Comparao dos resultados experimentais e numricos de fluncia por

    secagem (Trao I). ..................................................................................................149

    Grfico 5.8 - Comparao dos resultados experimentais e numricos de fluncia

    bsica (Trao I). ......................................................................................................149

    Grfico 5.9 - Comparao dos resultados experimentais e numricos de fluncia por

    secagem (Trao II). .................................................................................................150

  • Grfico 5.10 - Comparao dos resultados experimentais e numricos de fluncia

    por secagem (Trao III). ..........................................................................................150

    Grfico 5.11 - Comparao dos resultados experimentais e numricos de fluncia

    bsica (Trao III). ....................................................................................................151

    Grfico 5.12 Perda de massa em corpos de prova de retrao por secagem (Trao

    I). .............................................................................................................................154

    Grfico 5.13 Deformao de retrao por secagem (Trao I). .............................154

    Grfico 5.14 Perda de massa em corpos de prova de retrao por secagem (Trao

    III). ...........................................................................................................................155

    Grfico 5.15 Deformao de retrao por secagem (Trao III). ...........................155

    Grfico 5.16 Perda de massa em corpos de prova de retrao por secagem (Trao

    IV)............................................................................................................................156

    Grfico 5.17 Deformao de retrao por secagem (Trao IV)............................156

    Grfico 5.18 Resultados experimentais e do RILEM data bank. ..........................158

    Grfico 5.19 Resultados experimentais e tericos (Trao I).................................159

    Grfico 5.20 Resultados experimentais e tericos (Trao III)...............................159

    Grfico 5.21 Resultados experimentais e tericos (Trao IV). .............................160

    Grfico 5.22 - Deformao nas armaduras do pilar F40-2,8-1. ...............................163

    Grfico 5.23 - Deformao no concreto do pilar F40-2,8-1. ....................................163

    Grfico 5.24 - Deformao nas armaduras do pilar F40-2,8-2. ...............................164

    Grfico 5.25 - Deformao no concreto do pilar F40-2,8-2. ....................................165

    Grfico 5.26 - Deformao nas armaduras do pilar F30-2,8-1. ...............................166

    Grfico 5.27 - Deformao no concreto do pilar F30-2,8-1. ....................................166

    Grfico 5.28 - Deformao nas armaduras do pilar F40-1,4-1. ...............................167

    Grfico 5.29 - Deformao no concreto do pilar F40-1,4-1. ....................................167

    Grfico 5.30 - Deformao nas armaduras do pilar F30-1,4-1. ...............................168

    Grfico 5.31 - Deformao no concreto do pilar F30-1,4-1. ....................................169

    Grfico 5.32 - Deformao no concreto do pilar F40-0,0-1. ....................................169

    Grfico 5.33 - Deformao no concreto do pilar R-2,8-1.........................................170

    Grfico 5.34 - Deformao no concreto do pilar R-1,4-1.........................................171

    Grfico 5.35 - Deformao no concreto do pilar R-0,0-1.........................................171

    Grfico 5.36 - Deformao por fluncia e retrao com tenso de 30%. ................175

    Grfico 5.37 - Deformao por fluncia e retrao com tenso de 40%. ................176

    Grfico 6.1 Deformao no concreto (ACI). .........................................................182

  • Grfico 6.2 Deformao na armadura (ACI).........................................................182

    Grfico 6.3 Tenso no concreto (ACI). .................................................................183

    Grfico 6.4 Tenso na armadura (ACI). ...............................................................183

    Grfico 6.5 Deformao no concreto (CP). ..........................................................183

    Grfico 6.6 Deformao na armadura (CP)..........................................................183

    Grfico 6.7 Tenso no concreto (CP)...................................................................183

    Grfico 6.8 Tenso na armadura (CP). ................................................................183

    Grfico 6.9 Deformao no concreto (P). .............................................................184

    Grfico 6.10 Deformao na armadura (P). .........................................................184

    Grfico 6.11 Tenso no concreto (P). ..................................................................184

    Grfico 6.12 Tenso na armadura (P)..................................................................184

    Grfico 6.13 Deformao por fluncia e retrao do prottipo sem armadura (x10-

    6)..............................................................................................................................189

    Grfico 6.14 Deformao por fluncia e retrao do prottipo com taxa de

    armadura de 1,4% (x10-6)........................................................................................189

    Grfico 6.15 Deformao por fluncia e retrao do prottipo com taxa de

    armadura de 2,8% (x10-6)........................................................................................189

    Grfico 7.1 - Fluncia especfica calibrada do modelo B3. .....................................193

    Grfico 7.2 Deformao por fluncia e retrao considerando ajuste do modelo B3

    e do coeficiente de geometria para tenso de 40% (x10-6). ....................................194

    Grfico 7.3 - Deformao por fluncia e retrao considerando ajuste do modelo B3

    e do coeficiente de geometria para tenso de 30% (x10-6). ....................................195

    Grfico 7.4 - Fluncia especfica calibrada do modelo B3 estendido. .....................196

    Grfico A.1 Resultados experimentais da armadura.............................................217

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Tipos de deformao (Fonte: NEVILLE, 1997).....................................27

    Tabela 2.2 - Limitaes dos modelos de fluncia e retrao. ...................................47

    Tabela 2.3 Parmetros de entrada dos modelos de fluncia e retrao. ...............48

    Tabela 2.4 - Fator de correo referente ao perodo de cura inicial mida. ..............50

    Tabela 2.5 Constantes e . .................................................................................52 Tabela 2.6 Valores de kh na equao.....................................................................55

    Tabela 2.7 Valores usuais para a determinao da fluncia e da retrao (Fonte:

    NBR6118, 2004)........................................................................................................66

    Tabela 2.8 - Valores da fluncia e da retrao em funo da velocidade de

    endurecimento do cimento (Fonte: NBR6118, 2004). ...............................................67

    Tabela 2.9 Valores caractersticos superiores para a deformao especfica de

    retrao cs(,t0) e o coeficiente de fluncia (,t0) (Fonte: NBR6118, 2004). ........68 Tabela 2.10 - Correlao entre os tipos de cimento..................................................68

    Tabela 2.11 - Coeficiente de variao B3 de diversos modelos de fluncia para diferentes faixas de idade de carregamento e durao da fluncia em dias (Fonte:

    BAANT; BAWEJA, 2000). .......................................................................................76

    Tabela 2.12 - Coeficiente de variao B3 de diversos modelos de retrao para diferentes faixas de durao de secagem em dias (Fonte: BAANT; BAWEJA, 2000).

    ..................................................................................................................................76

    Tabela 2.13 - Comparao do coeficiente de variao B3 entre diversos modelos de retrao e diferentes concretos (Fonte: VIDELA, 2006)............................................78

    Tabela 2.14 Estudos de caracterizao da fluncia e retrao em corpos de prova

    no Brasil. ...................................................................................................................79

    Tabela 2.15 Caractersticas dos pilares ensaiados fluncia e retrao...............85

    Tabela 3.1 Traos analisados. ...............................................................................96

    Tabela 4.1 Traos de concreto convencional estudados para CPIIE40. ..............103

    Tabela 4.2 Planejamento dos ensaios (trao, compresso e mdulo). ..............104

    Tabela 4.3 Planejamento dos ensaios (fluncia e retrao).................................105

    Tabela 4.4 Propriedades fsico-qumicas do cimento...........................................106

  • Tabela 4.5 Caracterizao fsica dos agregados midos (areia natural e areia de

    brita). .......................................................................................................................106

    Tabela 4.6 Caracterizao fsica dos agregados grados (Brita 0 e Brita 1). ......107

    Tabela 4.7 Materiais auxiliares.............................................................................111

    Tabela 4.8 - Especificaes da cmara climatizada de fluncia. ............................114

    Tabela 4.9 - Nmero de prottipos de pilares. ........................................................130

    Tabela 4.10 - Detalhes dos prottipos de pilares. ...................................................131

    Tabela 4.11 - Propriedades fsicas e mecnicas das armaduras. ...........................134

    Tabela 5.1 Propriedades do concreto fresco........................................................142

    Tabela 5.2 Propriedades mecnicas dos traos I, II, III e IV. ...............................143

    Tabela 5.3 Equao logartmica e R2. .................................................................148

    Tabela 5.4 Coeficientes de variao 3B e allB ,3 para fluncia por secagem (%).................................................................................................................................151

    Tabela 5.5 Coeficientes de variao 3B e allB ,3 para fluncia bsica (%). ........151 Tabela 5.6 Equao logartmica e R2. .................................................................157

    Tabela 5.7 Caractersticas dos concretos selecionados do RILEM data bank. ....158

    Tabela 5.8 Coeficientes de variao 3B e allB ,3 (%)...........................................160 Tabela 5.9 Deformao da armadura e do concreto (x10-6) aos 91 dias e diferena

    percentual (%). ........................................................................................................172

    Tabela 5.10 Fluncia especfica (x10-6/MPa) e deformao por fluncia e retrao

    (x10-6) aos 91 dias...................................................................................................173

    Tabela 5.11 Restrio das deformaes de fluncia e retrao devido taxa de

    armadura aos 91 dias (%). ......................................................................................174

    Tabela 6.1 Propriedades do concreto dos prottipos de pilares. ..........................180

    Tabela 6.2 Propriedades das armaduras dos prottipos de pilares......................180

    Tabela 6.3 Nmero de ns e elementos dos modelos numricos........................181

    Tabela 6.4 Restrio das deformaes de fluncia e retrao devido taxa de

    armadura aos 91 dias (%). ......................................................................................185

    Tabela 6.5 Deformao de fluncia e retrao aos 91 dias no concreto (x10-6). .185

    Tabela 6.6 Deformao aos 91 dias na armadura (x10-6). ...................................185

    Tabela 6.7 Transferncia de tenso do concreto para armadura aos 91 dias (%).

    ................................................................................................................................186

    Tabela 6.8 Tenso aos 91 dias na armadura (MPa). ...........................................187

  • Tabela 6.9 Tenso aos 91 dias no concreto (MPa)..............................................187

    Tabela 6.10 Coeficientes de variao 3B e allB ,3 para prottipos de pilares (%).................................................................................................................................188

    Tabela 7.1 Previso da tenso no concreto aos 91 dias (MPa). ..........................190

    Tabela 7.2 Previso da deformao no concreto aos 91 dias pelo modelo de Ziehl;

    Cloyd e Kreger (2004) (x10-6)..................................................................................191

    Tabela 7.3 Deformao no concreto aos 91 dias pelo modelo de Ziehl; Cloyd e

    Kreger (2004) ajustado (x10-6). ...............................................................................194

    Tabela B.1 Linhas de comando para sensores.....................................................218

  • SUMRIO

    CAPTULO 1 INTRODUO.................................................................................21 1.1 Justificativas .............................................................................................22 1.2 Objetivos....................................................................................................24 1.3 Estrutura da pesquisa ..............................................................................25

    CAPTULO 2 REVISO DA LITERATURA ...........................................................27 2.1 Deformao do concreto..........................................................................27

    2.1.1 Retrao autgena ..............................................................................28

    2.1.2 Retrao por secagem.........................................................................28

    2.1.3 Deformao imediata ou instantnea ..................................................29

    2.1.4 Deformao lenta ou fluncia ..............................................................29

    2.1.4.1. REVERSIBILIDADE......................................................................30

    2.2 Fluncia e retrao do concreto..............................................................33 2.2.1 Causas da fluncia e retrao por secagem........................................33

    2.2.2 Fatores que influenciam na fluncia e retrao por secagem..............35

    2.2.2.1. MATERIAIS E DOSAGEM............................................................36

    2.2.2.2. TENSO E RESISTNCIA...........................................................38

    2.2.2.3. PROPRIEDADES DO CIMENTO .................................................39

    2.2.2.4. ADITIVOS.....................................................................................40

    2.2.2.5. UMIDADE RELATIVA DO AMBIENTE E TEMPERATURA..........41

    2.2.2.6. GEOMETRIA DO ELEMENTO .....................................................43

    2.2.2.7. IDADE DE CARREGAMENTO .....................................................44

    2.2.2.8. FATORES ADICIONAIS ...............................................................45

    2.2.3 Efeitos da fluncia e retrao por secagem.........................................45

    2.3 Modelos para previso da fluncia e retrao .......................................47 2.3.1 ACI 209R (2008) ..................................................................................48

    2.3.2 Eurocode 2 (2003) ...............................................................................52

    2.3.3 Baant e Baweja (2000).......................................................................57

    2.3.4 Gardner e Lockman (2001)..................................................................60

    2.3.5 NBR6118 (2004) ..................................................................................62

  • 2.3.6 Estudos realizados de comparao entre resultados experimentais e

    modelos de previso de fluncia e retrao.......................................................68

    2.3.6.1. ANLISE ESTATSTICA...............................................................69

    2.3.6.2. PESQUISAS PRECEDENTES .....................................................72

    2.4 Calibrao da fluncia do modelo B3 .....................................................81 2.5 Fluncia e retrao em pilares de concreto armado..............................83

    2.5.1 Pesquisas precedentes........................................................................83

    2.5.2 Modelos de previso da fluncia e retrao em pilares .......................89

    2.5.2.1. Holm e Pistrang (1966) .................................................................89

    2.5.2.2. Ziehl; Cloyd e Kreger (2004).........................................................92

    CAPTULO 3 ANLISE PARAMTRICA DOS MODELOS ESTUDADOS...........94 3.1 Metodologia...............................................................................................94 3.2 Resultados e anlises...............................................................................96

    3.2.1 Umidade relativa ..................................................................................98

    3.2.2 Tipo de cimento ...................................................................................99

    3.2.3 Temperatura ......................................................................................100

    3.2.4 Resistncia compresso.................................................................100

    CAPTULO 4 PROGRAMA EXPERIMENTAL.....................................................102 4.1 Definio do programa experimental ....................................................102 4.2 Materiais empregados nos traos .........................................................105

    4.2.1 Cimento .............................................................................................105

    4.2.2 Agregado mido.................................................................................105

    4.2.3 Agregado grado ...............................................................................107

    4.2.4 Aditivo polifuncional ...........................................................................107

    4.3 Equipamentos e materiais dos ensaios de fluncia e retrao ..........108 4.3.1 Bastidores de fluncia e prticos de retrao ....................................108

    4.3.2 Formas de fluncia e retrao ...........................................................109

    4.3.3 Materiais auxiliares ............................................................................111

    4.3.4 Sensores............................................................................................111

    4.3.5 DataTaker e Detransfer .....................................................................112

    4.3.6 Cmara climatizada para ensaios de fluncia e retrao ..................114

    4.3.7 Equipamento de aplicao de carga..................................................118

    4.4 Metodologia do ensaio de fluncia........................................................119 4.4.1 Instrumentao ..................................................................................120

  • 4.4.2 Moldagem ..........................................................................................121

    4.4.3 Selagem.............................................................................................122

    4.4.4 Carregamento ....................................................................................122

    4.4.5 Monitorao .......................................................................................123

    4.4.6 Clculo das deformaes por fluncia ...............................................124

    4.5 Metodologia do ensaio de retrao .......................................................125 4.5.1 Moldagem ..........................................................................................126

    4.5.2 Desmoldagem....................................................................................127

    4.5.3 Monitorao .......................................................................................127

    4.5.4 Clculo das deformaes por retrao ..............................................128

    4.6 Metodologia do ensaio dos prottipos de pilares................................129 4.6.1 Definio dos prottipos ....................................................................129

    4.6.2 Detalhamento das armaduras............................................................131

    4.6.3 Instrumentao ..................................................................................134

    4.6.3.1. INSTRUMENTAO DAS ARMADURAS..................................135

    4.6.3.2. INSTRUMENTAO DO CONCRETO ......................................137

    4.6.4 Formas...............................................................................................138

    4.6.5 Moldagem ..........................................................................................139

    4.6.6 Equipamento de ensaio e monitorao..............................................140

    CAPTULO 5 RESULTADOS E ANLISES DOS ENSAIOS EXPERIMENTAIS 142 5.1 Propriedades do concreto no estado fresco ........................................142 5.2 Propriedades mecnicas do concreto ..................................................143 5.3 Fluncia em corpos de prova ................................................................143

    5.3.1 Resultados experimentais..................................................................144

    5.3.2 Anlises dos resultados experimentais..............................................148

    5.4 Retrao em corpos de prova................................................................153 5.4.1 Resultados experimentais..................................................................153

    5.4.2 Anlises dos resultados experimentais..............................................157

    5.5 Prottipos de pilares ..............................................................................162 5.5.1 Resultados experimentais..................................................................162

    5.5.1.1. F40-2,8-1 ....................................................................................162

    5.5.1.2. F40-2,8-2 ....................................................................................164

    5.5.1.3. F30-2,8-1 ....................................................................................165

    5.5.1.4. F40-1,4-1 ....................................................................................166

  • 5.5.1.5. F30-1,4-1 ....................................................................................168

    5.5.1.6. F40-0,0-1 ....................................................................................169

    5.5.1.7. R-2,8-1........................................................................................170

    5.5.1.8. R-1,4-1........................................................................................170

    5.5.1.9. R-0,0-1........................................................................................171

    5.5.2 Anlises dos resultados experimentais..............................................172

    CAPTULO 6 SIMULAO NUMRICA DOS PROTTIPOS DE PILARES......177 6.1 Modelo de elementos finitos dos materiais..........................................177 6.2 Modelos de fluncia e retrao no Diana..............................................178 6.3 Modelos numricos dos prottipos de pilares.....................................179 6.4 Resultados e anlises da simulao numrica ....................................181 6.5 Anlises dos resultados experimentais e da simulao numrica ....187

    CAPTULO 7 RESULTADOS E ANLISES DA PREVISO DA FLUNCIA E RETRAO EM PILARES .....................................................................................190

    7.1 Calibrao do modelo de fluncia B3 ...................................................192 CAPTULO 8 CONCLUSES E TRABALHOS FUTUROS.................................197

    8.1 Anlise paramtrica ................................................................................197 8.2 Fluncia e retrao dos corpos de prova .............................................199 8.3 Prottipos de pilares em concreto armado ..........................................200 8.4 Sugestes para trabalhos futuros .........................................................203

    REFERNCIAS........................................................................................................197 ANEXO A.................................................................................................................208 ANEXO B.................................................................................................................210 ANEXO C.................................................................................................................214

    C.1 Isobandas de deformao e tenso no concreto e na armadura para tenso de 40%.....................................................................................................214 C.2 Isobandas de deformao e tenso no concreto e na armadura para tenso de 30%.....................................................................................................217

  • 21

    CAPTULO 1 INTRODUO

    O comportamento ao longo do tempo do concreto, devido s propriedades de

    fluncia e retrao, tem considervel influncia no desempenho de estruturas em

    concreto, podendo causar deformao excessivas e redistribuio de tenses (AL-

    MANASSEER; LAM, 2005). Com o passar do tempo, essas deformaes

    excessivas e redistribuio de tenses, se no detectadas e adequadamente

    tratadas, podem provocar a degradao e, eventualmente, o colapso das

    estruturas, resultando em considerveis custos econmicos e sociais (ALMEIDA,

    2006). Em geral, a fluncia e retrao do concreto afetam a durabilidade, as

    condies em servio, a integridade estrutural, a esttica e a estabilidade da

    estrutura (GOEL; KUMAR; PAUL, 2007). Neste sentido, a caracterizao das

    propriedades de fluncia e retrao, assim como a anlise estrutural desempenha

    um papel importante no desenvolvimento do projeto de grandes estruturas.

    Para avaliar o desempenho das estruturas de concreto, tem-se utilizado cada vez

    mais o recurso de monitorao de corpos de prova para caracterizao das

    propriedades de fluncia e retrao, assim como a monitorao de estruturas reais

    (ASSIS, 2007 e FLIX, 2004), durante a sua construo e aps a sua concluso,

    como pode ser visto na figura 1.1. Estas informaes permitem a aferio dos

    modelos disponveis na literatura para previso da fluncia e retrao, assim como

    de parmetros adotados; a avaliao de critrios de projeto e o acompanhamento

    da evoluo do comportamento destas obras.

    Figura 1.1 Vista da Ponte do Rio Sorraia monitorada (Fonte: ASSIS, 2007).

  • 22

    Outro efeito da fluncia e da retrao a transferncia gradativa de carregamento

    do concreto para a armadura, em pilares de concreto armado. Esta transferncia

    de carregamento pode causar, mesmo sob nveis de tenses baixas, o escoamento

    da armadura em pilares subarmados ou a flambagem de pilares carregados

    excentricamente (NEVILLE, 1997). Em pilares curtos o efeito da fluncia causa

    pequena reduo na resistncia do concreto (MAUCH, 1965). Alm disso, esta

    redistribuio de esforos tambm permite que seja determinada a carga atuante

    em um pilar, no caso da necessidade da transferncia de carregamentos devido

    remoo de pilares (CASTRO et al., 2008).

    Visando contribuir para compreenso do comportamento das propriedades de

    fluncia e retrao, nesta pesquisa estas propriedades so caracterizadas em

    corpos de prova e so estudados pilares de concreto armado, procurando explorar

    a redistribuio de tenses do concreto para a armadura, que ocorre nestes

    pilares. Alm disso, os resultados experimentais de corpos de prova e prottipos de

    pilares so confrontados com modelos de previso de fluncia e retrao e

    utilizados como parmetros de entrada para aferio na simulao numrica.

    1.1 Justificativas

    Embora o estudo da deformabilidade das estruturas de concreto armado,

    decorrentes das propriedades da retrao e fluncia tenha sido objeto de estudo de

    muitos pesquisadores, estas propriedades esto ainda longe de serem totalmente

    compreendidas (BAANT, 2001).

    Alm disso, a fluncia e a retrao de peas de concreto, nos ltimos tempos, tm

    sido apontadas como as causas principais de patologias ps-obra, principalmente

    de rupturas de vedaes devido deformao excessiva dos elementos

    estruturais. Esta deformao excessiva tem ocorrido, pois os projetos estruturais

    tm sido elaborados com parmetros que no representam a deformao por

    fluncia e retrao, em virtude dos modelos de previso no considerarem os

    significativos avanos no campo de materiais e produtos voltados construo

    civil; as decorrentes mudanas nas sees transversais de elementos estruturais e

    a imposio de um acelerado ritmo de construo (ALMEIDA, 2006; HOWELLS,

  • 23

    LARK, BARR, 2005). Dessa forma, embora muitos pesquisadores tenham

    desenvolvido equaes sofisticadas de previso de fluncia e retrao, a preciso

    dos modelos para estimar a fluncia e retrao ainda baixa (ACI209R, 2008;

    BAANT; BAWEJA, 2000; OJDROVIC e ZARGHAMEE, 1996).

    O que mais afeta a impreciso dos modelos de previso so os materiais

    constituintes utilizados. necessrio conhecer o comportamento da fluncia e

    retrao de concretos utilizando materiais provenientes de diferentes regies e

    encontrar um modelo apropriado para estas propriedades (VIDELA; AGUILAR,

    2006 e AL-MANASSEER; LAM, 2005). Embora haja um banco de dados de

    fluncia e retrao (RILEM data bank) contendo resultados do mundo todo, no h

    resultados de concretos brasileiros neste banco de dados e o comportamento da

    fluncia e retrao para concretos feitos com os cimentos brasileiros existentes

    pobre e muito incompleto. No Brasil, h poucos resultados de retrao autgena e

    por secagem em concreto convencional, apesar de haver dados considerveis de

    fluncia bsica em concreto (TAKEUTI, 2003; EQUIPE DE FURNAS, 1997;

    PEREIRA, 2001). Entretanto, so muito escassas as pesquisas de fluncia por

    secagem (KALINTZIS, 2000). Tambm foi verificado que so raros os resultados

    em concreto com cimento de escria. A utilizao deste tipo de adio nos

    concretos atuais tem sido crescente considerando as vantagens que a escria

    apresenta em relao ao cimento convencional (TIS et al., 2007; MURGIER,

    ZANNI, GOUVENOT, 2004; SCRIVENER; KIRKPATRICK, 2007). Alm disso,

    importante analisar o comportamento fluncia e retrao deste cimento, pois,

    quando comparado aos cimentos convencionais, apresenta maior retrao, fato

    que supostamente limitaria sua utilizao mais abrangente (MELO NETO;

    CINCOTTO; REPETTE, 2007 e METHA; MONTEIRO, 2008).

    Neste sentido, a caracterizao das propriedades de fluncia e retrao de corpos

    de prova pode trazer informaes relevantes para verificao da eficcia dos

    modelos de previso e contribuio para o banco de dados do RILEM TC 107-SCP

    Subcommittee 5 considerando concretos brasileiros (BAANT; LI, 2008). Esta

    caracterizao torna possvel a previso de deformaes e, conseqentemente, de

    falhas estruturais, com importantes reflexos na segurana e no aumento da vida til

    de estruturas. Alm disso, a partir de resultados experimentais possvel obter

    parmetros e ajust-los nos modelos de previso.

  • 24

    A aplicao prtica do estudo de caracterizao das propriedades de fluncia

    feita por meio da monitorao de deformaes ao longo do tempo de prottipos de

    pilares em laboratrio, para o estudo da transferncia gradativa de carregamento

    do concreto para a armadura. Esta redistribuio de esforos permite, por exemplo,

    a determinao da tenso existente nas armaduras para determinao da carga

    que o pilar est submetido (CASTRO et al., 2008), assim como a avaliao da

    influncia da taxa de armadura. Alm disso, se h necessidade de prever com

    maior preciso as deformaes por fluncia e retrao, fundamental avaliar

    numrico e experimentalmente estas propriedades ao longo do tempo tanto para

    prottipos de concreto quanto para corpos de prova (BAANT; BAWEJA, 2000 e

    GARDNER; LOCKMAN, 2001).

    Por fim, os resultados experimentais de fluncia e retrao provenientes dos

    pilares e dos corpos de prova confrontados com os resultados analticos permitem

    a melhor compreenso das propriedades estudadas.

    1.2 Objetivos

    O objetivo principal deste trabalho estudar a deformabilidade do concreto devido

    s propriedades de fluncia e retrao.

    Como objetivos especficos desta pesquisa destacam-se os indicados abaixo:

    Construo de uma infra-estrutura laboratorial que permitisse a realizao dos ensaios programados;

    Caracterizao da fluncia e retrao de quatro traos comerciais de concreto utilizados em obras que possam ser confrontados queles

    indicados por normas vigentes, fornecendo indicadores estatsticos dos

    modelos de previso mais eficazes. Alm disso, tambm se tem como

    objetivo avaliar o crescimento das resistncias trao e compresso,

    assim como do mdulo de elasticidade com o tempo;

    Projeto, instrumentao e monitorao de prottipos de pilares para anlise da fluncia e retrao com a finalidade de avaliar a influncia da taxa de

    armadura na transferncia de carregamento gradativa do concreto para

  • 25

    armadura. Para isso, foram confeccionados, em laboratrio, prottipos que

    permitiram a avaliao deste fenmeno;

    Simulao numrica dos prottipos de pilares utilizando um programa computacional baseado no Mtodo dos Elementos Finitos (Diana 9.3) para

    avaliar e prever o comportamento experimental dependente do tempo. Nesta

    simulao utilizaram-se o modelo do ACI209 (1982) disponvel no programa

    e curvas experimentais de fluncia e retrao;

    Comparao e anlise de modelos de previso de fluncia e retrao disponveis na literatura (ACI209R, 2008 ACI, BAANT E BAWEJA, 2000

    B3, EUROCODE 2, 2003 EC2, GARDNER E LOCKMAN, 2001 GL E

    NBR6118, 2004 NBR) e resultados experimentais de caracterizao de

    corpos de prova e prottipos, assim como a aferio de um dos modelos de

    fluncia que melhor se ajustou aos resultados obtidos experimentalmente

    dos prottipos.

    1.3 Estrutura da pesquisa

    Esta pesquisa est estruturada em oito captulos:

    O primeiro captulo constitudo pela introduo, justificativas, objetivos e estrutura

    da pesquisa.

    O segundo captulo apresenta a conceituao das deformaes do concreto, assim

    como so discutidas as causas, os fatores que influenciam e os efeitos da fluncia

    e da retrao. Alm disso, so apresentados os modelos de previso da fluncia e

    retrao, assim como a comparao entre estes modelos e resultados

    experimentais de outros autores, levando em considerao a anlise estatstica.

    Este captulo finaliza com a reviso bibliogrfica de pesquisas relacionadas com a

    deformabilidade ao longo do tempo de pilares de concreto armado e modelos de

    previso que consideram a transferncia de carregamento devido s deformaes

    por fluncia e retrao.

  • 26

    O terceiro captulo apresenta uma anlise dos modelos de previso da fluncia e

    retrao, assim como da variao dos parmetros que influenciam os modelos de

    fluncia e retrao.

    No quarto captulo feita uma abordagem detalhada do programa experimental

    dos ensaios de fluncia e retrao em corpos de prova e prottipos de pilares.

    Esto descritos os equipamentos, materiais, traos e a metodologia utilizada para

    os ensaios, tanto em corpos de prova quanto nos prottipos de pilares.

    No quinto captulo esto apresentados os resultados experimentais e discusses

    dos resultados obtidos de fluncia e retrao em corpos de prova e prottipos de

    pilares.

    No sexto captulo feita a simulao numrica dos prottipos de pilares, assim

    como so apresentados os resultados e anlises. Alm disso, so apresentadas as

    anlises envolvendo os resultados da simulao numrica e resultados

    experimentais (corpos de prova e prottipos de pilares).

    No stimo captulo so apresentados os resultados tericos e anlises da previso

    da transferncia de carregamento dos pilares.

    No oitavo captulo esto descritas as observaes e concluses obtidas nesta

    pesquisa, assim como so feitas algumas sugestes para trabalhos futuros

    relacionados com a deformabilidade do concreto ao longo do tempo.

  • 27

    CAPTULO 2 REVISO DA LITERATURA

    2.1 Deformao do concreto

    No concreto submetido a carregamento, assim como em vrios outros materiais, as

    deformaes podem ser elsticas (reversveis), viscoelsticas (parcialmente

    reversveis, consistindo de uma fase viscosa e outra elstica) e plsticas (no

    reversveis) conforme tabela 2.1 (NEVILLE, 1997).

    A deformao elstica instantnea, linear e sempre recupervel com o

    descarregamento. Portanto, a relao tenso deformao dada pela Lei de

    Hooke.

    A deformao plstica instantnea, irreversvel, sem variao volumtrica do

    material e no existe proporcionalidade entre deformao plstica e tenso

    aplicada, ou entre tenso e velocidade de deformao (NEVILLE, 1997).

    A deformao viscosa irreversvel no descarregamento, sempre depende do

    tempo e existe proporcionalidade entre a velocidade de deformao viscosa e a

    tenso aplicada. A elasticidade retardada totalmente reversvel j que a energia

    produzida no dissipada, mas armazenada no material (NEVILLE, 1997).

    Tabela 2.1 Tipos de deformao (Fonte: NEVILLE, 1997).

    Tipo de deformao Instantnea Dependente do tempo

    Reversvel Elstica Elstica retardada

    Irreversvel Plstica Viscosa

    Alm das deformaes devido carga aplicada, h deformaes inerentes do

    concreto causadas pela perda de gua, demominada de deformao por retrao.

    Dessa forma, as deformaes no concreto podem ser classificadas da seguinte

    maneira: retrao plstica, retrao autgena, retrao por secagem, retrao por

    carbonatao, deformao trmica, deformao imediata ou instantnea e

    deformao lenta ou fluncia. Nesta pesquisa, so estudadas as propriedades de

  • 28

    retrao autgena, retrao por secagem, deformao imediata ou instantnea e

    deformao lenta ou fluncia.

    2.1.1 Retrao autgena

    Retrao autgena a reduo de volume do material cimentcio na hidratao do

    cimento aps o incio da pega. Esta retrao conseqncia da remoo de

    umidade dos poros capilares pela hidratao do cimento ainda no hidratado. A

    reduo de volume que ocorre na retrao autgena no causada pela perda ou

    ganho de umidade para o ambiente, variao de temperatura e restries

    (TAZAWA; MIYAZAWA, 1993 e NEVILLE, 1997).

    A reao qumica entre o cimento e a gua se d com reduo de volume, de tal

    forma que a gua quimicamente combinada (22 a 32%) sofre uma contrao de

    25% de seu volume original (KALINTZIS, 2000).

    A contrao da pasta de cimento restringida pelo esqueleto rgido da pasta de

    cimento j hidratada e tambm pelas partculas do agregado (NEVILLE, 1997).

    A deformao autgena tende a aumentar devido a temperaturas muito altas,

    teores de cimento maiores e relaes gua/cimento menores (NEVILLE, 1997).

    2.1.2 Retrao por secagem

    Retrao por secagem, ou hidrulica a propriedade que consiste na contrao

    irreversvel decorrente da variao de umidade das pastas de cimento, argamassa

    ou concreto, assim como em outros materiais cuja estrutura interna seja de

    natureza porosa (EQUIPE DE FURNAS, 1997).

    Esta deformao est associada perda de umidade para o meio ambiente o que

    a torna uma das principais causas de fissurao e faz com que assuma papel

    importante, pois sua ocorrncia pode afetar a durabilidade do concreto

  • 29

    (KALINTZIS, 2000). A retrao por secagem ocorre juntamente com a retrao

    autgena (TAZAWA; MIYAZAWA, 1993).

    2.1.3 Deformao imediata ou instantnea

    A deformao imediata ou instantnea a que se apresenta no momento da

    aplicao da carga. A velocidade de aplicao da carga influencia na deformao

    instantnea registrada (RSCH, 1981).

    2.1.4 Deformao lenta ou fluncia

    De acordo com Neville (1997), fluncia pode ser definida como o aumento de

    deformao sob tenso mantida ou, se a deformao for mantida constante a

    fluncia se manifesta como uma reduo progressiva da tenso com o tempo

    denominada relaxao. A fluncia geralmente representada em termos de

    fluncia especfica que a deformao por fluncia por unidade de tenso (x10-

    6/MPa).

    Rsch (1981) afirma que a fluncia do concreto deve ser atribuda migrao de

    gua causada pela carga externa. Para as camadas de gua absorvida da

    estrutura de gel, bem como o efeito das tenses capilares, ou seja, ao se aplicar a

    carga no concreto, existe uma distribuio da mesma pelo esqueleto do slido e

    pelas guas dos poros.

    Mehta e Monteiro (2008) conceituam como fluncia bsica como todo aumento de

    deformao ao longo do tempo com tenso constante sob condies de umidade

    relativa de 100%. Esta condio geralmente surge em estruturas de grande porte

    onde a retrao por secagem pode ser desprezada. A fluncia por secagem uma

    fluncia adicional que ocorre quando a pea est sob carga e sob secagem.

    Dessa forma, a fluncia total a soma da fluncia bsica e da fluncia por

    secagem e a deformao total a soma da deformao devido fluncia total e a

  • 30

    deformao por retrao. Simplificadamente, a fluncia calculada como a

    diferena entre a deformao total com o tempo do elemento carregado e a

    retrao de um elemento semelhante descarregado observado nas mesmas

    condies durante igual perodo de tempo, grfico 2.1 (NEVILLE, 1997).

    Tempo

    Def

    orm

    ao

    Fluncia por secagem

    Fluncia bsica

    Retrao

    Deformao elstica nominal

    t0 Grfico 2.1 - Deformao dependente do tempo em concreto submetido carga constante

    (Fonte: NEVILLE, 1997).

    Em condies normais de carregamento, a deformao instantnea registrada

    depende da velocidade da aplicao da carga e inclui, portanto, no apenas a

    deformao elstica, mas tambm uma parte da fluncia. difcil distinguir a

    deformao elstica imediata e a fluncia inicial, mas isto no tem importncia

    prtica, pois a deformao total devido aplicao da carga que interessa. Como

    o mdulo de elasticidade do concreto aumenta com a idade, a deformao elstica

    decresce progressivamente e, a rigor, a fluncia deveria ser tomada como a

    deformao que excede a deformao elstica no momento em que a fluncia est

    sendo determinada (NEVILLE, 1997).

    Para fins prticos, se faz uma diferenciao arbitrria: a deformao que ocorre

    imediatamente ou simultaneamente aplicao do carregamento considerada

    elstica e o aumento subseqente desta deformao devido carga constante

    considerado como fluncia (SAMPAIO, 2004).

    2.1.4.1. REVERSIBILIDADE

    Segundo Neville (1997), foi desenvolvido por McHenry um tratamento possvel da

    recuperao parcial da fluncia a partir do princpio da superposio de

  • 31

    deformaes. Esse tratamento estabelece que as deformaes produzidas no

    concreto a qualquer tempo t por um incremento de tenso aplicado em um

    momento qualquer t0, so independentes dos efeitos de qualquer tenso aplicada

    antes ou depois de t0. Segue ento que, se a tenso removida idade t1, a

    recuperao resultante da fluncia ser igual fluncia de um elemento

    semelhante submetido a uma tenso igual de compresso idade t1. O grfico 2.2

    ilustra essa afirmativa, e pode ser visto que a recuperao representada pela

    diferena entre a tenso em qualquer momento e a tenso que existiria no mesmo

    momento se o elemento continuasse submetido tenso de compresso inicial.

    0

    10

    20

    30

    40

    0 40 80 120 160 200

    Idade - dias

    Flu

    ncia

    esp

    ecfi

    ca10

    -6M

    Pa-1

    Grfico 2.2 Exemplo do princpio da superposio de deformaes de McHenry (Fonte:

    NEVILLE, 1997).

    Entretanto, Costa Neto (2004) verificou na literatura que a recuperao da fluncia

    proposta pelo princpio da superposio maior do que a recuperao real. De

    fato, Neville (1997) conclui que o princpio da superposio leva a um erro tolervel

    em condies de cura em concreto massa, ou seja, para fluncia bsica. Quando

    se verifica fluncia por secagem, o erro grande pelo fato de que a recuperao

    grosseiramente superestimada. Baant; Li e Yu (2008) tambm afirmam que no

    h desvio do princpio da superposio para fluncia bsica, sendo notada apenas

    na fluncia por secagem. Entretanto, Gardner e Tsuruta (2004) concluem que, para

    nveis de tenso de 0,25 a 0,4, a reversibilidade tanto da fluncia bsica quanto por

    secagem somente de 70 a 80% e, portanto, a superposio no vlida nem

    para concretos sujeitos a secagem ou queles selados, em situaes que

    envolvem descarregamento.

    Um aspecto relevante citado por Mehta e Monteiro (2008) que o comportamento

    tpico do concreto na molhagem e na secagem ou no carregamento e

    descarregamento so bastante semelhante, grficos 2.3 e 2.4. Tanto a propriedade

  • 32

    de retrao por secagem quanto o de fluncia no concreto apresentam um grau de

    irreversibilidade que possui importncia prtica. O grfico 2.3 mostra que aps a

    primeira secagem, o concreto no retornou a sua dimenso original mesmo depois

    de molhado. A retrao por secagem, portanto, foi classificada em retrao

    reversvel, que a parte da retrao total reproduzvel em ciclos de molhagem-

    secagem; e retrao irreversvel, que a parte da retrao total na primeira

    secagem que no pode ser reproduzida em ciclos subseqentes de molhagem-

    secagem.

    Def

    orm

    ao

    por

    retr

    ao

    (10-

    6 )

    Tempo (dias)

    Grfico 2.3 - Reversibilidade da retrao por secagem (Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2008).

    Def

    orm

    ao

    por

    flu

    ncia

    (10-

    6 )

    Tempo (dias)

    Grfico 2.4 - Reversibilidade da fluncia (Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2008).

    A curva de fluncia para o concreto sujeito a uma compresso uniaxial constante

    durante 91 dias e, aps, descarregado mostrado no grfico 2.4.

    Quando carregado, o concreto apresenta uma deformao elstica instantnea.

    Com a continuidade da aplicao da carga ao longo do tempo, as deformaes

    aumentam.

  • 33

    Quando descarregado, a recuperao instantnea ou elstica

    aproximadamente da mesma ordem da deformao elstica resultante da primeira

    aplicao de carga. A recuperao instantnea seguida por uma reduo gradual

    da deformao denominada recuperao da fluncia. Embora a recuperao da

    fluncia ocorra mais rapidamente que a fluncia, a reverso da deformao por

    fluncia no total. Analogamente na retrao por secagem, essa propriedade

    definida pelos termos correspondentes, fluncia reversvel e irreversvel.

    2.2 Fluncia e retrao do concreto

    Os movimentos da umidade na pasta de cimento hidratada, os quais

    essencialmente controlam a retrao por secagem e as deformaes por fluncia

    no concreto so influenciadas por vrios fatores. As inter-relaes entre esses

    fatores so bastante complexas e no facilmente compreendidas (MEHTA;

    MONTEIRO, 2008). Neste item so discutidos as causas, efeitos e fatores que

    influenciam a fluncia e a retrao.

    2.2.1 Causas da fluncia e retrao por secagem

    Presume-se que tanto as deformaes por retrao por secagem quanto as de

    fluncia do concreto sejam relativas, principalmente remoo da gua adsorvida

    da pasta de cimento. A diferena que, para retrao, a umidade diferencial

    relativa entre o concreto e o ambiente a fora motriz, enquanto que, para a

    fluncia, a tenso aplicada (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

    Uma pasta de cimento saturada no se manter dimensionalmente estvel quando

    exposta a umidades relativa do ambiente que estiverem abaixo da saturao,

    principalmente porque a perda de gua fisicamente adsorvida do C-S-H resulta em

    deformao por retrao. Alm disso, uma causa menor da retrao do sistema, ou

    como resultado de secagem ou de tenso aplicada, a remoo da gua mantida

  • 34

    por tenso hidrosttica em pequenos capilares (

  • 35

    Acker e Ulm (2000) afirmam que, analisando a fluncia bsica de pastas de

    cimento, h dois mecanismos que explicam a origem da fluncia, ambos

    relacionados com a mobilidade da gua. O primeiro mecanismo se d no perodo

    de 10 dias (short-tem creep) e ocorre devido mudana do equilbrio hdrico que

    induz a movimentao da gua em direo aos poros maiores, gerando

    deformaes e tenses. O segundo mecanismo corresponde ao comportamento

    irreversvel viscoso (long-term creep) e praticamente no ocorre alterao de

    volume. Baant et al. (1997) sugeriram que o segundo mecanismo ocorra dentro da

    estrutura do CSH. importante notar que o comportamento da fluncia est

    largamente relacionado com a resposta viscoelstica do produto primrio de

    hidratao e do produto final da pasta de cimento endurecida (CSH). Entretanto, as

    propriedades do CSH no foram medidas diretamente. Vandamme e Ulm (2009)

    demonstraram que provavelmente a fluncia ocorra devido ao rearranjo das

    partculas em nanoescala.

    2.2.2 Fatores que influenciam na fluncia e retrao por secagem

    A fluncia e retrao por secagem dependem de vrios fatores relacionados entre

    si que proporciona uma abordagem complexa. Alm disso, na interpretao de

    muitos dos fatores, surge uma dificuldade do fato de que na dosagem do concreto,

    no possvel alterar um dos fatores sem alterar tambm, pelo menos, mais um

    outro. Algumas caractersticas da fluncia decorrem das propriedades intrnsecas

    das misturas, outras das condies externas (NEVILLE, 1997 e MEHTA;

    MONTEIRO, 2008).

    A relevncia em se fazer comentrios sobre as propriedades que influenciam a

    deformao por fluncia e retrao vem do fato de que, tanto os modelos de

    fluncia e retrao estudados nesta pesquisa quanto o programa Diana levam em

    considerao estas propriedades no desenvolvimento de seus clculos para o

    estudo da fluncia. Como ambos sero utilizados para a elaborao desta

    pesquisa, achou-se de maneira fundamental o comentrio destas propriedades.

    Neste item, so apresentados e discutidos os fatores que influenciam a fluncia e

    retrao por secagem.

  • 36

    2.2.2.1. MATERIAIS E DOSAGEM

    Segundo Mehta e Monteiro (2008) a granulometria, o tamanho mximo e a forma

    do agregado so fatores bastante significativos para a fluncia e a retrao por

    secagem no concreto.

    Na retrao, o agregado o fator mais influente, restringindo a retrao. O

    tamanho e a granulometria por si mesmo, no tem influncia sobre a magnitude da

    retrao, mas agregados maiores resultam no aumento do teor de agregado no

    volume total do concreto e, portanto, menor retrao. De modo semelhante para

    uma mesma resistncia com agregado do mesmo tamanho, um concreto com

    trabalhabilidade baixa contm mais agregado e menor retrao do que outro com

    trabalhabilidade alta. Alm disso, as propriedades elsticas do agregado

    determinam o grau de conteno, por exemplo, os agregados naturais comuns no

    apresentam retrao; dolenitos e basaltos apresentam retrao; agregados leves,

    de um modo geral, resultam em maior retrao (NEVILLE, 1997).

    Para concretos com baixa relao gua cimento a maior parte das deformaes

    devida retrao autgena do que a retrao por secagem. Nos concretos com

    baixa relao gua cimento ou alto teor em quantidade ou substituio por escria

    de alto-forno (concreto de alta resistncia, concreto auto adensvel e concreto

    massa convencional) deve ser dado ateno especial para a retrao autgena

    (TAZAWA; MIYAZAWA, 1993). Entretanto, o uso de adies pode provocar tanto o

    aumento da retrao autgena, bem como da retrao por secagem (NUNES;

    FIGUEIREDO, 2007).

    Para a fluncia, segundo Neville (1997), o aumento do teor de agregado de 65%

    para 75% pode reduzir a fluncia em 10%. O mdulo de elasticidade do agregado

    a propriedade fsica que mais influencia na fluncia do concreto. Quanto maior o

    mdulo menor a fluncia. Outra propriedade seria a porosidade do agregado.

    Agregados com grande porosidade tm mdulo de elasticidade baixo, embora

    agregados porosos desempenhem uma funo direta nas trocas de umidade no

    interior do concreto, explicando a elevada fluncia inicial em concretos que usam

    agregados leves secos. Concreto com agregado de arenito mostrou fluncia mais

    que duas vezes maior do que outro com agregado de calcrio. A fluncia de um

    concreto com agregado leve com qualidade estrutural aproximadamente igual a

  • 37

    dos concretos com agregado normal. Uma fluncia maior dos concretos com

    agregados leves apenas um reflexo do menor mdulo de elasticidade desses

    agregados. Alm disso, a velocidade da fluncia de concretos com agregados

    leves diminui com o tempo menos lentamente que no caso dos agregados normais;

    como a deformao elstica de concretos com agregados leves geralmente

    maior do que a dos concretos normais, a relao entre a fluncia e a deformao

    elstica menor no caso dos concretos com agregados leves.

    Estudos realizados por Troxell et al. apud Mehta; Monteiro (2008) mostraram que

    concretos com mesmo trao apresentam deformaes por fluncia e retrao por

    secagem diferentes, dependendo do tipo de agregado utilizado. De modo geral,

    concretos contendo agregados de maior mdulo de deformao apresentam menor

    fluncia e menor retrao como pode ser visto nos grficos 2.5 a e b.

    a) Retrao. b) Fluncia.

    Grfico 2.5 - Influncia do tipo de agregado na retrao por secagem e na fluncia. (Fonte: TROXELL et al. apud METHA; MONTEIRO, 2008).

    De acordo com Mehta e Monteiro (2008), a influncia do consumo de cimento e da

    relao gua cimento do concreto sobre a retrao por secagem e a fluncia no

    direta, pois um aumento no volume de pasta de cimento significa uma diminuio

    da frao do agregado e, portanto, um aumento correspondente nas deformaes

    dependentes de umidade no concreto. Para um dado consumo de cimento e

    crescente relao gua cimento aumenta a retrao por secagem e a fluncia

    devido ao aumento da permeabilidade e diminuio da resistncia,

    respectivamente. O aumento do consumo de cimento diretamente proporcional

    retrao e a fluncia, para uma dada relao gua cimento, devido ao aumento de

    pasta.

  • 38

    De acordo com Tazawa e Miyazawa (1993), para concretos e pastas com baixa

    relao gua cimento, a retrao autgena maior. Alm disso, concluiu que para

    pastas e concretos com relao gua aglomerante entre 0,3 e 0,4 a retrao por

    secagem muito maior que a retrao autgena, enquanto que para relao gua

    aglomerante de 0,17 praticamente no h diferena entre ambas as retrao

    autgena e por secagem.

    Com relao retrao por secagem, Neville (1997) explica que, retrao da pasta

    de cimento hidratada diretamente proporcional gua cimento entre valores 0,2

    e 0,6. Para valores maiores que 0,6 a gua excedente pode ser removida por

    secagem sem retrao. Em concretos com mesma trabalhabilidade, ou seja,

    mesmo teor de gua, a retrao no alterada pelo aumento do teor de cimento. O

    mesmo resultado foi observado por Kalintzis (2000).

    2.2.2.2. TENSO E RESISTNCIA

    De acordo com Neville (1997) existe uma proporcionalidade direta entre a fluncia

    e a tenso aplicada, exceo feita para elementos carregados a idades muito

    pequenas. Essa proporo, para o concreto, est usualmente entre 0,4 e 0,6, da

    carga de ruptura, mas ocasionalmente pode atingir valores to baixos como 0,3, ou

    altos como 0,75. Este ltimo se aplica a concretos de alta resistncia. Mehta e

    Monteiro (2008) e Neville (1997) afirmam que esta proporcionalidade vlida

    desde que a tenso aplicada esteja na faixa linear da relao tenso deformao,

    ou seja, at 0,4.

    Acima do limite de proporcionalidade, a fluncia aumenta com o aumento da

    tenso a uma razo crescente e existe uma relao tenso resistncia acima da

    qual a fluncia produz a ruptura por fluncia. Essa relao tenso resistncia est

    no intervalo de 0,80 e 0,90 da resistncia a curto prazo. A fluncia aumenta a

    deformao total at que seja atingido um valor limite que corresponde

    deformao admissvel mxima para o concreto dado. Essa afirmativa implica um

    conceito de ruptura baseado na deformao limite, pelo menos na pasta de

    cimento hidratada endurecida.

  • 39

    De acordo com Muller e Pristl (1993), em ambientes com temperatura constante e

    umidade relativa cclica, h no linearidade da fluncia para os nveis de tenses

    de 0,25 e 0,5.

    A resistncia compresso do concreto afeta consideravelmente a fluncia. A

    fluncia inversamente proporcional resistncia do concreto no momento da

    aplicao da carga (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Quando a resistncia do concreto

    aumentada a fluncia decresce, pois, para aumentar resistncia do concreto, a

    quantidade de gua utilizada tem que ser reduzida (HOWELLS; LARK; BARR,

    2005).

    2.2.2.3. PROPRIEDADES DO CIMENTO

    Muitos pesquisadores observaram que mudanas normais na finura ou composio

    do cimento tm efeito insignificante sobre a retrao do concreto. Entretanto, como

    o tipo de cimento influencia a resistncia do concreto na aplicao da carga, a

    fluncia afetada, Mehta e Monteiro (2008). Por esse motivo, qualquer

    comparao de concretos feitos com diferentes tipos de cimento deveria levar em

    conta a influncia do tipo de cimento sobre a resistncia no momento da aplicao

    da carga, Neville (1997). Quando carregado nas primeiras idades, o concreto que

    utiliza cimento Portland comum apresenta fluncia maior do que o concreto

    correspondente que contenha cimento de alta resistncia inicial. Em virtude de sua

    baixa resistncia inicial, misturas de concreto feitas com cimento de escria

    apresentam maior fluncia em idade inicial (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Em estudos feitos por Neville (1997), cimentos extremamente finos, com rea

    especfica de at 740m2/kg apresentam uma fluncia inicial maior, mas depois de

    carregados durante um ou dois anos, uma fluncia menor. Isso talvez se deva ao

    aumento rpido de resistncia do cimento mais fino resultando em uma reduo da

    relao tenso resistncia efetiva.

    Neville (1997) afirma que para uma tenso constante a uma mesma idade inicial, a

    fluncia aumenta para os cimentos na ordem: alta resistncia inicial, comum e de

    baixo calor de hidratao.

  • 40

    A composio e a finura do cimento que influenciam a retrao da pasta de

    cimento no tm efeito significativo sobre a retrao do concreto. Cimentos finos

    no aumentam a retrao do concreto, embora seja aumentada a retrao de

    pastas de cimento. No se acredita que a composio qumica do cimento tenha

    influncia na retrao, exceto nos casos dos cimentos com deficincia de gesso. A

    adio de cinzas volantes e escria de alto-forno aumentam a retrao. A retrao

    do concreto feito com cimento aluminoso da mesma ordem de grandeza dos

    concretos de cimento Portland (MEHTA; MONTEIRO, 2008; NEVILLE, 1997).

    Mehta e Monteiro (2008) afirmam que o cloreto de clcio, escria granulada e

    pozolanas tendem a aumentar o volume de poros finos no produto de hidratao

    do cimento e, portanto, aumentam a retrao por secagem e fluncia. Mello Neto;

    Cincotto e Repette (2007) tambm verificaram maior retrao para pastas e

    argamassas com escria.

    Neville (1997) afirma que se pode dizer com confiana que o modelo da evoluo

    da fluncia e da recuperao no alterado pela presena de cinza volante Classe

    C ou Classe F, escria granulada de alto-forno ou slica ativa, ou mesmo uma

    combinao desses materiais. No entanto, pode haver algum efeito da pasta de

    cimento sobre a fluncia resultante da incluso de vrios materiais cimentcios. O

    efeito sobre a fluncia por secagem, onde so importantes permeabilidade e a

    difusividade da pasta de cimento hidratado, pode ser diferente do efeito sobre a

    fluncia bsica. Por exemplo, o uso da escria de alto-forno pode levar a uma

    fluncia bsica menor, porm com aumento da fluncia por secagem.

    Deve ser lembrado que os diferentes materiais cimentcios tm diferentes

    velocidades de reao e, portanto, aumento de resistncias diferentes enquanto o

    concreto estiver sob carga.

    2.2.2.4. ADITIVOS

    Aditivos redutores de gua e retardadores de pega, que so capazes de causar

    uma melhor disperso de partculas de cimento anidro na gua, tambm levam a

    um refinamento dos poros no produto de hidratao. Em geral, espera-se que

  • 41

    aditivos que aumentem a retrao por secagem e a fluncia (MEHTA; MONTEIRO;

    2008).

    Neville (1997) afirma que aditivos redutores de gua causam pequeno aumento na

    retrao. O principal efeito indireto, pois o uso de aditivo modifica o teor de gua

    e/ou de cimento, influenciando na retrao. Os superplastificantes aumentam a

    retrao em 10 a 20%, embora Al-Sleh e Al-Zaid (2004) tenham verificado que o

    plastificante utilizado no afetou a retrao. Alm disso, Neville (1997) afirma que

    aditivos redutores de gua e retardadores podem aumentar a fluncia bsica.

    Existem indicaes de que os aditivos base de lignossulfonato resultam em

    fluncia maior do que aqueles base de cidos carboxlicos. Entretanto, no h

    um modelo confivel do efeito desses aditivos sobre a fluncia ou secagem. A

    mesma situao existe com relao aos superplastificantes.

    2.2.2.5. UMIDADE RELATIVA DO AMBIENTE E TEMPERATURA

    Neville (1997) afirma que um dos fatores mais importantes que atuam sobre a

    fluncia e retrao do concreto a umidade relativa do ar que envolve o concreto.

    Para a fluncia, quanto menor a umidade relativa maior a fluncia (figura 2.6).

    Entretanto, a influncia da umidade relativa muito menor, ou nenhuma, no caso

    de elementos que tenham atingido equilbrio higroscpico com o meio antes da

    aplicao da carga, ou seja, no a umidade relativa que tem efeito sobre a

    fluncia, mas o processo de secagem. Para a retrao, ocorre o mesmo fenmeno,

    quanto maior a umidade menor a retrao (figura 2.7).

    Muller e Pristl (1993) concluram que, para temperatura constante, as deformaes

    por fluncia em corpos de prova foram aceleradas em ambientes com umidade

    relativa cclica, demonstrando um aumento de 20% em relao exposio do

    concreto a umidade relativa mdia constante. Entretanto, Sakata e Ayano (2000)

    afirmam que a variao do coeficiente de fluncia devido a condies cclicas de

    umidade relativa pequena e possvel expressar este coeficiente em funo da

    mdia da umidade relativa.

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    Grfico 2.6 - Fluncia em concretos carregados a 28 dias e mantidos em diferentes umidades

    relativas (Fonte: NEVILLE, 1997).

    Grfico 2.7 - Retrao em concretos mantidos em diferentes umidades relativas

    (Fonte: NEVILLE, 1997).

    Para a retrao, Muller e Pristl (1993) verificaram que a umidade relativa no teve

    grande influncia em ambientes cclicos de umidade. Foi observada uma reduo

    mnima nas deformaes em ambientes cclicos, provavelmente devida

    exposio inicial do concreto a umidade relativa de 90%.

    Conforme Sakata e Ayano (2000) a influncia do histrico de temperatura na

    deformao por retrao no concreto muito maior do que a variao de umidade

    relativa. Alm disso, concluiu que, na faixa de temperatura de 5 a 30C, a relao

    entre a temperatura ambiente e deformao por retrao praticamente linear.

    Mehta e Monteiro (2008) relatam que se uma pea de concreto exposta a uma

    temperatura maior que a ambiente como parte do processo de cura antes de ser

    carregada, a resistncia aumentar e a deformao por fluncia ser um tanto

    menor do que de um concreto armazenado a uma temperatura mais baixa. Por

    outro lado, a exposio alta temperatura, durante o perodo em que o concreto

    est sendo carregado, pode aumentar a fluncia.

    Para temperaturas abaixo 5C, a deformao lenta praticamente cessa. Por outro

    lado, para temperaturas acima de 20C a fluncia aumenta. Esse fato notado

    principalmente em pontes, nas quais o concreto do tabuleiro, sobre o qual existe

    uma camada de asfalto, atinge temperaturas acima de 40C quando exposto

    radiao solar durante um tempo