terra livre 45

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TERRA LIVRE PARA A CRIAÇÃO DE UM COLECTIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL BOLETIM Nº 45 MAIO DE 2012 POR UM ASSOCIATIVISMO DIFERENTE Mais de 2000 assinaturas Pelo Fim dos apoios públicos à tauromaquia Os quatro princípios da agricultura biológica

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Boletm do CAES

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TERRA LIVRE PARA A CRIAÇÃO DE UM COLECTIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL

BOLETIM Nº 45 MAIO DE 2012

POR UM ASSOCIATIVISMO DIFERENTE

Mais de 2000 assinaturas Pelo Fim dos apoios públicos à tauromaquia

Os quatro princípios da agricultura biológica

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De vez em quando fala-se na crise por que

passa o associativismo seja ele de carácter

cultural, desportivo, recreativo, ambiental,

sindical, etc.

Quem estiver atento à vida das ONGA -

Organizações Não Governamentais de

Ambiente dos Açores, para além de

verificar que algumas delas são verdadeiras

OSGA- Organizações prestadoras de

Serviços ao Governo dos Açores e que para

muitas outras a defesa do ambiente é uma

atividade marginal nos seus Planos Anuais

de Atividades, facilmente chegará à

conclusão de que o seu silêncio é quase

total e a sua ação está quase reduzida à

organização de saídas fotográficas ou de

cursos de iniciação ou aprofundamento

associados à fotografia e à organização de

passeios pedestres e a estarem presentes em

conselhos consultivos disto e daquilo,

dando assim, muitas vezes com a sua

concordância ou com o seu silêncio, o seu

aval às desastrosas ou desastradas decisões

governamentais, como foi a da construção

de centrais de incineração de resíduos

sólidos urbanos na Terceira e em São

Miguel. Quantas associações de ambiente

se manifestaram em relação a este assunto?

Uma. Quantas associações de ambiente se

manifestaram relativamente ao cultivo de

OGM? Tanto quanto se sabe, duas.

Se contássemos o número de pessoas

envolvidas em regime de voluntariado, nas

várias organizações, na preparação das

diversas atividades ou em sessões de

sensibilização ou informação

constataríamos que o mesmo era diminuto e

(quase) inversamente proporcional ao

número de participantes/clientes nas

atividades recreativas, desportivas ou nos

percursos pedestres.

Face ao exposto é urgente a criação de um

novo tipo de associativismo que não pode

estar subordinado ao Estado ou aos

interesses económicos nem depender deles

para nada. As novas associações, que não

precisam de se constituir como tal ao abrigo

de qualquer legislação em vigor, não devem

ter como obsessão o crescimento do número

de membros, mas pelo contrário deverão

preocupar-se em possuir membros com

capacidade para de forma solidária agir com

autonomia e liberdade.

POR UM ASSOCIATIVISMO DIFERENTE

2

As novas associações que embora tenham

objetivos bastante definidos, como a defesa

de uma determinada área protegida, o

combate à tauromaquia, a proteção dos

animais de companhia, o fomento da

agricultura biológica, a luta contra a

incineração de resíduos sólidos ou o

combate aos OGM, não podem nunca

esquecer o grande fim que as deve unir e

que é o da emancipação social.

As novas associações que devem estar ao

serviço dos interesses das populações não

podem isolar-se delas e não podem atuar

isoladas pelo que é de todo o interesse a

criação de laços com todas as outras

existentes e com elas trabalhar em rede em

temáticas que sejam comuns.

Nos Açores, ainda não existem associações

deste novo tipo e as tentativas de por em

funcionamento coletivos que funcionem de

forma não autoritária não têm sido bem-

sucedidas pois, para além de ter sido muito

difícil vencer a apatia das pessoas, o hábito

de trabalhar em instituições hierarquizadas

tem um peso enorme nos potenciais

ativistas que esperam que sejam sempre os

outros a tomar a iniciativa ou a arcar com

todo o trabalho que necessita ser feito.

Mas, nem tudo é negativo. Com efeito,

perante algumas situações concretas têm

surgido grupos informais, embora de

duração efémera, que têm conseguido fazer

ouvir a sua voz através de iniciativas

pontuais, de que se destaca pressão exercida

sobre as diversas entidades.

TB

“ A espoliação das massas humanas e da

Terra, operada pelas multinacionais, não

seria possível se não se inculcasse desde o

berço uma visão hierárquica do mundo, um

ethos de submissão e de reverência, e sem o

complexo aparato de disciplina e punição”

Ronald Creagh

3

A petição, hoje, enviada à Assembleia

Legislativa da Região Autónoma dos

Açores e ao Presidente do Governo

Regional dos Açores, e que tem como

objetivo solicitar que a Região

Autónoma dos Açores tome as devidas

medidas legislativas com vista a proibir

qualquer apoio financeiro ou logístico

por parte de entidades públicas às

touradas, recolheu em poucas semanas

mais de dois milhares de assinaturas.

Os promotores da petição, membros de

várias associações e coletivos de

proteção dos animais, regozijam-se com

a adesão manifestada pelos açorianos e

agradecem todo o apoio que receberam

por parte da comunicação social

regional e nacional que amplamente

noticiou a iniciativa. De igual modo,

destacamos a divulgação dada por

agências de informação, blogues e

páginas web estrangeiras, ligadas à

defesa dos direitos dos animais.

Os peticionários, entre os quais naturais

e residentes nos Açores, emigrantes e

descendentes de açorianos, cidadãos

nacionais e alguns estrangeiros, de

vários credos religiosos e de diversas

opções partidárias e ideológicas,

consideram que, em pleno século XXI,

não se justifica o divertimento

associado ao sofrimento animal, e que,

num contexto de crise como o atual, são

ainda mais inaceitáveis e vergonhosos

os apoios públicos dados às touradas,

apoios que seriam muito mais bem

empregues se o fossem na educação, na

saúde, no fomento do emprego, na

melhoria das condições de habitação, no

estímulo à diversificação da agricultura,

entre outros.

A todos o nosso muito obrigado.

Açores, Abril de 2012

Movimento Cívico para a Abolição da

Tauromaquia nos Açores

PETIÇÃO PELO FIM DOS SUBSÍDIOS À TAUROMAQUIA

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A IFOAM – Federação Internacional

dos Movimentos de Agricultura

Biológica, define os seguintes

princípios subjacentes à Agricultura

Biológica:

Saúde – o papel da Agricultura

Biológica, tanto na produção como na

transformação, distribuição ou

consumo, é produzir alimentos

nutritivos e de alta qualidade, que

contribuam para a saúde e o bem-estar.

Considera-se, numa abordagem mais

abrangente, que a saúde dos

ecossistemas, animais e plantas é

indissociável da saúde do Homem.

Ecologia – o respeito pelo ambiente

leva, em Agricultura Biológica, ao

desenho de sistemas agrícolas onde se

inclui a criação de habitats e a

manutenção da diversidade genética e

agrícola, onde se fomentam ciclos

fechados de nutrientes e materiais e o

uso eficiente da energia e onde se

preservam e beneficiam as paisagens e

os recursos naturais.

Justiça – o objetivo de contribuir para a

soberania alimentar e para a eliminação

da pobreza, através da produção de

alimentos nutritivos e em quantidade

suficiente, o respeito pela qualidade de

vida de todos os intervenientes, partindo

dos agricultores e mão-de-obra agrícola,

até ao consumidor final, e uma atitude

respeitadora para com os outros seres

vivos e os recursos naturais, são

princípios que norteiam a Agricultura

Biológica.

Precaução – a precaução, a

responsabilidade e a transparência são

as principais preocupações na escolha e

desenvolvimento de métodos e

tecnologias aplicáveis em Agricultura

Biológica.

Texto: Mauro Serra

Fonte:

http://www.agrobio.pt/pt/agricultura-

biologica/4-principios-da-ab.html

OS QUATRO PRINCÍPIOS DA AGRICULTURA BIOLÓGICA