teorias nÃo objeto.pdf

Upload: elaine-stankiewich

Post on 24-Feb-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    1/38

    AUTORIZAO PARA USO DE OBRAS

    Atribuio - No comercial

    Atravs deste instrumento, autorizo a utilizao gratuita da obra Estudo

    aberto: um ensaios sobre o no-obejto como um mergulho na teoria

    neoconcretapara download, assim como para cpia, distribuio, exibio do

    trabalho protegido por direitos autorais. Os trabalhos derivados feitos com base

    nele, devero possuir crdito autora e propsitos no comerciais.

    Rio de Janeiro, 06 de agosto de 2013.

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    2/38

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    3/38

    Projeto de Graduo apresentado UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul como requisitoparcial para a obteno do ttulo de Bacharel emArtes Visuais, com a nfase na Histria, Teoria eCrtica da Arte.

    Orientador:Profa. Dra. Ana Maria Albani de Carvalho

    Banca Examinadora:Prof. Dr. Alexandre SantosProfa. Dra. Mnica Zielinsky

    Porto Alegre, primavera de 2008.

    Jorge Soledar

    ESTUDO ABERTO:Um ensaio sobre o no-objeto como um mergulho na teoria neoconcreta

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    4/38

    Ao mestre Henrique Leo FuhroIn memorian

    i

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    5/38

    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho de concluso representa quase umadcada de percurso inconcluso: da biologia arte.Por isso, agradeo a muitas pessoas quecolaboraram neste caminho.

    Minha famlia, Lourdes, Jorge, Patrcia, Viviane,Eduardo, Felipe, Amanda e Laura que respeitam e

    admiram meus estudos.

    Minha orientadora, Ana Maria Albani de Carvalho,pela oportunidade, pelo zelo e estmulo com oexerccio da escrita.

    Ao Mergulho, Camila Mello, Manuela Eichner, AliKhodr e Z Vicente, pela troca afetiva e intelectualque me estimula a entender e questionar asordenaes.

    Cristiane Schmidt, Joubert Vidor, Mayra Redin ePilar Prado pela amizade e disponibilidade aoencontro e experincia.

    Daniela Fuhro que me acompanha ao longo destepercurso inconcluso, percurso de fora e luz.

    rsula Rocha pelo carinho e respeito desde ostempos de colgio.

    ii

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    6/38

    RESUMO

    No-objeto um conceito criado por FerreiraGullar, atravs do ensaio Teoria do No-Objeto(1959), de modo a especificar o sentido da obraou da experincia vivida pela arte neoconcreta.

    O corpusterico ensaiado no texto, ainda poucoestudado, destaca certos trabalhos de Lygia

    Clark (1958) e de Amilcar de Castro (1959) comomotivaes desta formulao.

    Aqui, estudo como o conceito do no-objeto estproposto no ensaio acima referido, e tambmcomo a teoria de arte neoconcreta pode sercaracterizada de hermenutica, segundo critrioproposto por Anne Cauquelin (2005).

    ...............................................................................

    Palavras-chave:no-objeto, teoria da arte e neoconcretismo.

    iii

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    7/38

    SUMRIO

    I. Abrindo o estudo

    II. Teoria hermenutica

    III. Olhares cruzados

    IV. Eixo 1:Morte da Pintura

    V. Eixo 2:Obra e Objeto

    VI. Eixo 3:Formulao Primeira

    VII. Estudo aberto

    VIII. Bibliografia

    Anexo A.Resumo Biogrfico: Ferreira Gullar

    Anexo B.Cpia de Teoria do No-Objeto(1959)

    Anexo C.Publicaes de Ferreira Gullar

    1

    2

    8

    10

    13

    18

    21

    23

    24

    25

    30

    iv

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    8/38

    LISTA DE FIGURAS

    v

    Figura 12: Georges BraqueTelhados em Cret, 1911.

    leo sobre tela, 88 x 65cm

    Col. Particular

    Fonte: TASSINARI, 2001

    Figura 13: Piet Mondrian

    Broadway Boogie Woogie, 1942-3.

    leo sobre tela, 127 x 127cm

    Col. The Museum of Modern Art (NY)

    Fonte: http://www.lichtensteiger.de

    (acesso em 23.11.2008)

    Fonte: TASSINARI, 2001

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    9/38

    I. Abrindo o estudo (1985, p. 11), que atribui ao

    conceito no-objeto aespecificidade daO conceito no-objetoexperincia neoconcreta.proposto pelo terico

    1brasileiro Ferreira GullarDurante o levantamento(1930-), no ensaio Teoria

    32 bibliogrfico realizado ,do No-Objeto (1959) ,

    localizei muitos trabalhosmuito citado e poucosobre o assuntoestudado. Partindo disto, oneococretismo, mas

    objetivo desse ensaio nenhum sobre teoria doapresentar uma perspectivano-objeto.de anlise sobre o corpus

    terico do no-objeto,Desse modo, este trabalhoextraindo-se dele umasegue a seguinte hiptese:seleo de temasse a teoria do no-objetorelevantes ao campo dapode ser o fundamentoHistria, Teoria e Crtica de

    Arte, em especial, uma terico do neoconcretismo

    e o seu autor, Ferreiraperspectiva de estudoenfocando a teoria de arte Gullar, principal tericono pas. desse movimento, de

    acordo com Ronaldo BritoGrosso modo, a teoria do (1985, p. 50), por que entono-objeto no se destaca no produzir um estudo quenos discursos sobre a arte destaque o no-objetogeomtrica brasileira, como a prpria teoria daespecialmente, a

    arte neoconcreta?neoconcreta. Contudo,Frederico Morais (1995, p.

    Para tanto, discuto como247) assinala a teoria doseus argumentos estono-objeto como a baseconcatenados ao longo dosterica do movimentotrs eixos do ensaio: Morteneoconcreto, concordando

    com a posio de Gullar da pintura; Obra e objeto

    1. Ver resumobiogrfico em

    ANEXO A.

    2. O objetode estudo estpublicado emExperinciaNeoconcreta(2007).Ver cpia doensaio emANEXO B.

    3. A busca dos

    assuntos teoria dono-objeto,GULLAR, Ferreira',neoconcretismo,concretismo(incluindo asexpresses arteneoconcreta earte concreta)visou resumos etextos completos

    nas bases de dadosda UFRGS, da PUCRS,da UFRJ, do Portalde Peridicos daCAPES (Web ofScience, Art FullText, editoresJstor e Scopus)e do GoogleAcadmico.

    1

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    10/38

    e Formulao primeira.

    Considerando os limitesdeste projeto de graduao Como fundamento tericoe a complexidade que dessa abertura de estudo,caracteriza o assunto caracterizo a teoria da arteproposto, que parte de uma neoconcreta a partir doperspectiva pouco modelo hermuticodesenvolvida, no ser proposto por Annepossvel abarcar a profuso Cauquelin, em Teorias da

    5terica do tema. Limito-me

    Arte (2005). Este modeloa considerar aspectos que visa caracterizar umjulguei chave para uma panorama ou umacompreenso geral deste topografia (p. 15) dascorpus. Como j existe uma teorias de arte que,srie razovel de distintamente, propem

    4historiografias do assunto , significados tanto aoopto por abrir espao ao processo quanto estudo da estrutura e dos recepo de obras.

    aspectos do ensaio de1959. As teorias caracterizadascomo hermuticas

    Tambm no ser possvel pertencem, de acordo cominvestigar o importante a autora, a um conjuntopapel que a fenomenologia maior, denominadoatua no caso no-objeto, teorizaes secundrias,visto que exigiria trabalhar quenoutra direo: tempo maior

    ...podem ser reagrupadasde reflexo e escrita cujosao longo de dois eixos.lastros tericos maisUm nos leva a questionarprofundos, esto alm o sentido das obras e do

    desses limites.

    II. Teoria hermenutica4. Para uma leiturahistoriogrfica do

    assunto, recomendoAMARAL(2003) eCOCCHIARALE &GEIGER(1987).

    5. Ver refernciacompleta no itemem Bibliografia.

    2

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    11/38

    trabalho artstico. Sentido Um no-objeto, seja umentendido, no caso, tanto poema espacial, seja umcomo significao quando Bicho (Fig. 1), est imveldireo: a obra 'abre um diante de voc, mas mundo', ela visa o espera de que o manuseieinvisvel (direo), ela tem e assim revela o que trazum sentido, semelhante oculto em si. Depois deassim linguagem manuse-lo, voc o devolve(significao). situao anterior [...] PorFenomenologia, isso, defini assim naquelahermenutica, psicanlise

    poca: o no-objeto umae histria da arte se

    imobilidade aberta a umasituam sobre esse eixo... mobilidade aberta a umaA diviso segundo sobreimobilidade aberta. (GULLAR,esses dois eixos ,2007, p. 59)evidentemente, muito

    sumria; existemAssim, sua teoria do no-numerosas passagens

    entre as teorizaes, objeto promove uma novatodas fazendo interpretao da arte eemprsticos entre si. como deve ser entendida(CAQUELIN, 2005, p. 94-95)

    a arte neoconcreta (pelouso do conceito do no-Para Ferreira Gullar (1985),objeto). Essa viso sugereo ensaio Teoria do No-que ela pode ser

    Objeto assinala a criao caracterizada a partir doou a teorizao de um novo critrio hermenutico.conceito,cujo significadovisa compreender a Para Cauquelin,especificidade da obra de caracteriza-se uma teoria e

    arteneoconcreta. Carter um terico de arte, levando-especial que envolve, para se em conta a(s) sua(s)ele, a necessidade da capacidade(s) deexperincia sensorial do construo, transformaopblico na recepo do ou modelagem do campo

    da arte (2005, p. 16). Eobjeto neoconcreto.torna-se evidente aMelhor nas suas palavras:

    Figura 1.Lygia ClarkBicho, Relgio do Sol, 1960.

    3

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    12/38

    participao da teoria e do

    trico do no-objeto namodelagem do campo daarte geomtrica, pois,embora seja minimizado oconceito neoconcreto, oseu campo decorre deobras/artistas cuja baseterica (Morais, 1985) foicriada por Ferreira Gullar,

    considerado por RonaldoBrito (1985, p. 50) oprincipal terico doneoconcretismo. Portanto,a teoria do no-objetocomo argumento esttico Neste texto, Oiticicado neoconcretismo parte concorda com a posiofundamental desta de Gullar sobre amodelagem.

    dmarcheque representao processo de Lygia Clark,Outro aspecto que revela o quando em 1954, elapeso da teoria no campo passa a desintegrar ogeomtrico o da sua quadro convencionalparticipao no (1997, p. 311), e mais

    tarde,o plano, o espaopensamento de Hliopictrico,etc.. OiticicaOiticica, em Esquemasegue dizendo quegeral da nova objetividade

    (1967), texto em que se ...no movimentodestacam, por exemplo, neoconcreto d-se essaas experincias dos formulao

    (desintegrao doParangols (Fig. 3).quadro) pela primeira veze tambm a proposiode poemas-objetos(Gullar, Jardim, Pape),

    Figura 2.Hlio OiticicaCorrentes perifricas do,

    esquema geral...1967.

    4

    Figura 3.Hlio OiticicaParangol I, 1964.

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    13/38

    que culminaram na teoria dois deles, a composio(OITICICA, geomtrica extravasavado no-objeto.

    1997, p. 311) da tela para a moldura,incluindo-a, por assim

    Ainda sobre a viso de dizer, no espao virtualda obra... (Fig. 4 e 5) eraHlio Oiticica, ocomo se toda a pinturaneoconcreto est entre asevoporara-se... Estacorrentes perifricas observao, que est

    (Fig.2) que ele julga registrada no texto decolaborar no processo apresentao da mostra,

    me levar a uma novaconstitutivo de suas leitura do processo daestruturas objetivasarte contempornea,(1997, p. 312), em grande dando origem, mais

    parte, pela inovao tarde, Teoria do No-trazida das prticas de Objeto. (GULLAR, 2007, p.

    26)Lygia Clark, antes deBicho, processo

    Desse modo, Gullar efundamental teoria do Oiticica concordam sobre ano-objeto, como relata o

    ligao do surgimento daprprio Ferreira Gullar: teoria neoconcreta aosexperimentos que

    Em 1958, Lygia Clark foi culminaram nos Bichosconvidada a realizar uma(Fig.6) de Lygia. O tericoexposio individual naestende o sentido do no-Galeria de Arte dasobjeto, igualmente, aosFolhas, em So Paulo, e

    pediu-me para escrever trabalhos de Lgia Pape,a apresentao das Franz Weissmann,obras que mostraria ali... Reynaldo Jardim e TheonMostrou-me os trabalhos Spandis, que, lideradosdesde 1951... Ao v-los

    por ele (Morais, 1995, p.percebi que alguns247-248), comporo oquadros tinham moldura

    larga e no mesmo nvel Grupo Neoconcreto, queda tela, sendo que, em ir romper com o

    Figura 4.Lygia ClarkComposio 5,1954.

    Figura 5.Lygia ClarkCasulo,1958.

    Figura 6.Lygia Clark.Bicho.1960.

    5

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    14/38

    movimento concreto, em construtiva, liderada,

    sobretudo, por Waldemar21 de maro de 1959, ao Cordeiro (Fig.8). Valepublicar o artigodestacar agora, oManifesto Neoconcretoesquema histricono Jornal do Brasil.proposto por Gullar emEtapas da arteDe acordo com Fredericocontempornea (1985):Morais (1991, p. 117-118),

    o ncleo do grupo eraAs idias de Ulm

    composto Pape, Clark, vieram atravs deBuenos Aires e foramGullar e Weissmann, e jadotadas,atuara antes, entre 1954- demasiadamente ao pda letra, pelo grupo de6, no conjunto do Grupoartistas paulistaFrente, organizado por liderados por Waldemar

    Ivan Serpa (Fig.7) e Cordeiro no comeo dadcada de 50. No Rio,constitudo, em geral,essas idias sofreram

    pelos seus alunos no uma inflexo, graas aseu principal defensor,Museu de Arte ModernaMrio Pedrosa, que(RJ), destacando-se, partira delas para

    Alosio Carvo, Dcio indagaes originaisacerca do fenmenoVieira, Hlio e Csar esttico e que

    Oiticica, Joo Jos, valorizavam, a par daarte geomtricaVincent Ibberson, Carlosconstrutiva, as

    Val e Elisa Martins da manifestaesartsticas das crianasSilveira).e dos doentes mentais.

    Tal viso abrangenteVoltando ao relato de refletir-se-ia no trabalhodos artistas deGullar (1985), a maioriavanguarda que, pordestes artistasinfluencia de Mriomencionados orientou Pedrosa, voltaram-se

    seus trabalhos durante a para o concretismo,como Ivan Serpa, Almirdcada de 50, rumo Mavignier, Alusioarte geomtricaCarvo, Franz

    Figura 7.Ivan SerpaPintura n 178,1957.

    6

    Figura 8.Waldemar CordeiroMovimento, 1951.

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    15/38

    Weissmann, Amlcar de integrando conjunto deCastro, Lygia Clark e

    publicaes de Gullar, que,outros. As diferenas entre maro de 1959 eentre os dois gruposficaram evidentes quando outubro de 1960, editou aeles se juntaram na I srie Etapas da arteExposio Nacional de contempornea. Em 1985,Arte Concreta em

    ele rene estas publicaesdezembro de 1959, emSo Paulo, e janeiro de em livro de mesmo ttulo,1957, no Rio, dando onde, na apresentao,margem a divergncias Aracy Amaral diz que oque culminaram na ciso

    SDJB promovera a estticado movimento. Em funodisso, os cariocas, mais da poca, permitindo umintuitivos, foram ousado projeto grficoestimulados a aprofundar

    assinado por Amlcar deteoricamente suaexperincia, dando-se Castro. (Fig.9)conta do que ela continhade original e suscetvel de

    At aqui, destaquei algunsdesdobramento autnomocom respeito s idias e aspectos que permitemobras importadas. Essa configurar a teoria do no-

    tomada de posio est objeto como uma teoria deexpressa no Manifesto arte hermenutica.neoconcreto, que dincio ao movimento. Destaquei ainda que HlioNovos conceitos acerca Oiticica concorda comda obra de arte, de sua Ferreira Gullar sobre asignificao, de sua

    importncia dasnatureza, foram propostospor ns na tentativa de experincias de Lygia Clarkapreender o carter nesta teorizao. Por isso,especfico da arte

    no aprofundei o contextoneoconcreta: era a Teoriaconcreto-neoncocreto,do No-Objeto. (GULLAR,1985, p. 10) enfoque valorizado porRonaldo Brito (1985), que,

    A teoria neoconcreta foi de certo modo, representapublicada dois dias antes a viso geral dos estudos(Morais, 1995), em que obscurescem,19.03.1959, do seu curiosamente, este corpus.manifesto no SuplementoDominical do Jornal do

    Brasil - SDJB (21.03.1959),

    Figura 9.Amlcar de CastroProjeto grfico no SDJB,1958-9.

    7

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    16/38

    III. Olhares cruzados Essa perspectiva seqencialdestaca o contexto doconcretismo brasileiro comoRonaldo Brito escreveu umcausa da ruptura dos artistasimportante texto sobre o temaneoconcretos. Sem refutarconcretismo-neoconcretismo.agora essa tese, limito-me aEntretanto, emquestionar o statusda teoriaNeoconcretismo: vrtice edo no-objeto nesse trabalho,ruptura do projeto construtivopois somente no trecho:brasileiro (Brito, 1985), no h

    meno sobre a teoria do no-Com Merleau-Ponty, paraobjeto, i. , o carterGullar o principal tericosespecfico e a base terica de suas manobras anti-

    do neoconcretismo, segundo concretas, vinhas noafirmam, respectivamente, apenas a fenomenologia,Ferreira Gullar e Frederico mas at um certoMorais. A tese proposta por existencialismo. (BRITO,Ronaldo Brito que o 1985, p. 50)Neoconcretismo foi o ltimo

    Ronaldo Brito descreve omovimento de tendnciaterico Ferreira Gullar a partirconstrutiva no pas,

    de suas manobras, semencerrando um ciclo (1985, p. investigar adiante, o corpus49), sendo ainda umamanobrado pelo terico:objetivo do meu estudo. Por...seqncia do movimentoisso, nos tpicos seguintes:concreto, e mais(IV) Morte da Pintura, (V)amplamente comoObra e Objeto e (VI)seqncia da penetrao

    das estticas Formulao Primeira, abroconstrutivas... Grosso uma perspectiva de estudo

    modo, o Concretismo seria que visa destacar estes eixosa fase dogmtica, o teorizados por Gullar ao longoNeoconcretismo a fase de do referido ensaio de 1959.ruptura, o Concretismo afase de implantao, o De fato, o nome neoconcretoNeoconcretismo os deriva de concreto, porm,choques da adaptao como afirma Gullar (2007, p.

    90), o no-objeto ou o conceitolocal. (BRITO, 1985, p. 49)

    8

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    17/38

    da obra de arte neoconcreta Voltando ao relato de Ferreirasurge da sua leitura sobre as Gullar, em Experinciatransformaes pictrico- Neoconcreta (2007), o no-espaciais do processo de objeto representou o resultadoLygia Clark, sobretudo, dos de suaseus gestos de desintegraodo quadro convencional ...anlise sobre a arte(como concordou Oiticica). moderna, notadamente, doNas primeiras linhas de processo que elaEtapas... (1985, p. 10), o experimenta a partir doterico apresenta que o surgimento da pintura no-

    movimento neoconcreto no figurativa, ou seja, quandodeve ser visto como uma se exclui da pintura adissidncia do concretismo, imagem dos objetosmas como uma atitude de (GULLAR, 2007, p. 45).autonomia esttica, cujamatriz est ligada aos gestos Nesse relato posterior, odesta artista. terico refere-se em geral, ao

    contedo do primeiro eixo dePor contraste, o pensamento sua teoria: tema do prximode Ronaldo Brito refora o item (IV).nosso estudo, cuja perspectivaconcorda com a afirmao de A perspectiva por mim adotadaSantaella (1995, p. 17) sobre a ope-se, parcialmente, datendncia de confudir arte

    usada por Ronaldo Britocom histria da arte. Em(1985), pois sua perspectivaPanorama das Artes Plsticasoculta o corpusdo texto deSculo XIX e XX (1991), e,Gullar. Isto no retira o seuCronologia das Artesvalor: realizar uma importantePlsticas no Rio de Janeiro

    (1995), Frederico Morais anlise do tema concreto-

    configura uma exceo, pois, neoconcreto. A seguir, avanoembora no vise um estudo noutra direo: observo ossobre o conceito do no- termos do eixo 1, Morte daobjeto, contempla-o, Pintura, cujo propsito o dedivulgando alguns fatos enunciar a tradio artsticaimportantes, como j foi dito, que Gullar critica parana publicao de Teoria do

    contextualizar a inovao daNo-Objeto dias antes desua teoria hermenutica.Manifesto Neoconcreto.

    9

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    18/38

    IV. Eixo 1:Morte da

    pintura

    os objetos representados:

    a tela e a moldura seriamobjetos contemplao,e, portanto, funcionais eFerreira Gullar prope norestritivos ao olhar.primeiro eixo da sua

    teoria, uma breve histriaA obra tradicional ou oda runa ou da morte daobjeto de arte figurativa representao de objetosconsiderada por ele,(2007, p. 90-91),

    anunciada desde o ...um objeto que fixaimpressionismo de Monet pela cor a(Fig.10). Nessa viso, sua representao de outros

    objetos do mundo,pintura visaria "apreenderrepresentando "objetoso objeto imerso naque perdem aluminosidade natural".significao aos olhos",Assim, ela marcaria aquando dispostos nopassagem dos gestos deinterior de um recorte deobjetivao (fundados narealidade delimitadoteoria albertiana) aos de pela moldura. (GULLAR,

    impresso pictrica dos 2007, 91)objetos da realidade: oincio da morte do objeto O eixo discorre sobre o

    problema do significadono espao deimposto pela tela, dadorepresentao. E aindaque ela daria sentido um processo que assinalarestrio corporal eao terico uma

    perceptiva imposta pelaconscincia crtica,representao: restrio corporal e perceptiva dapercepo humana, ondearte.a pintura cannicarestringieria-se, assim, aOs objetos queuma mera tela de viso.interessam Gullar no so

    Figura 10. Claude Monet,1897-9.Water-Lilies

    10

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    19/38

    Estes elementos (tela e no sentido restritivo da

    moldura) permanecem moldura, e, de outro,temas do debate Tassinari, e com a tesede uma segunda fase dacontemporneo, comoarte moderna, cujo marcodemonstra Albertoseria a molduraTassinari, em O espaoresignificada por Johnsmoderno (2001). Sua(em obra do mesmotese defende umaperodo de Clark). Emperspectiva da arteambos, a moldura contempornea como

    chave.uma segunda fase daarte moderna, da qual

    Alberto Tassinari (2001)Tela (Fig.11), de Jasperainda discute sobre aJohns marcaria o seuimportncia do cubismoincio (p. 91).nos movimentosmodernos:Percebe-se que,

    distintamente, JasperA formao da arte

    Johns e Lygia Clark moderna por volta deincorporaram a moldura 1870, est ligada ao interior dos espaos oposio dode criao, resignificando naturalismo de matriz

    renascentista...Oassim, sua funocubismo de 1911anterior, tradicionalmente,(Fig.12) o momentoligada aos limites domais importante da arte

    espao artstico e real. moderna. NenhumEssa aproximao, que outro movimento se

    no feita por Tassinari, espalhou torapidamente quanto ojustifica a aproximaocubismo. Mais ainda osde distintas teorias: demovimentos passam aum lado, a de Gullar com se conceber como

    o problema vanguardas. A suahermenutico- importncia reside na

    sua concepo devanguardista, baseado

    Figura 11. Jasper JohnsTela, 1955.

    11

    Figura 12. Georges BraqueTelhados em Cret,1911.

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    20/38

    espao em abertura. histria cujo processoH nela uma fuso das

    demonstra, ao terico,coisas com o espao. tentativas e fracassos de(TASSINARI, 2001, p.17-34) suas prprias questes

    (to variadas queEssa viso, que assinala rumariam a outroo espao cubista como estudo) guiadas pelosdmarchedo incio da movimentosarte moderna, difere por abstracionistasbvio, da que teoriza europeus: a destruio

    Ferreira Gullar sobre a dos objetos da pintura,dmarcheneoconcreta: sobretudo, pelo gesto dao espao impressionista representao, sendo a indcio da morte da tela e a moldura ospintura. Contudo, os elementos-chave,primeiros "gestos de totalmente, refutados aoeliminao do objeto" longo do prximo e(2007, p. 91-92) seriam segundo eixo, Obra evistos por Gullar

    Objeto.somente nas obras deMondrian e deMalevitch. E sobreModrian, em Broadway(Fig.13), ele observa

    ...o sentido maisrevolucionrio docubismo, dando-lhe

    continuidade atravsde uma atitude radical(em Broadway).(GULLAR, 2007, p. 91)

    O eixo de Gullar propeuma perspectivaesquemtica de uma

    12

    Figura 13. Piet MondrianBroadway Boogie Woogie,1942-43.

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    21/38

    V. Eixo 2:Obra e

    Objeto

    envolvimento de todos

    os sentidos dapercepo humana, eno, somente, o daO problema da molduraviso. Nas suascomo elemento que dpalavras:sentido obra

    tradicional visto porQuando a pintura

    Gullar, no segundo eixo, abandonacomo metafrica do radicalmente amundo do pintor representao - como

    no caso de Mondrian,tradicional (p. 91-92), eMalevitch e seuspor isso, deve serseguidores - a moldurarefutado pela arte perde o sentido. No

    neoconcreta. se trata mais deerguer um espao

    Ele argumenta que os metafrico numcantinho bemgestos da arteprotegido do mundo, econtempornea (a suasim de realizar a obra

    arte neoconcreta) devem no espao real mesmopassar da representao e de emprestar a essede objetos do mundo espao, pela aparioaos de apresentao/ da obra - objeto

    especial -, umaexperimentao, designificao e umamodo a ampliar astranscendncia.possibilidades sensoriais(GULLAR, 1959, p. 92)

    do pblico. Esse ,talvez, o trao mais

    Gullar destaca nascrtico que a teoria do atitudes de Kurtno-objeto investe Schwitters, emcontra a esttica Merzbau (Fig.14), essa

    ousadia, que se formaconvencional dapela ao direta docontemplao, poiscorpo sobre os objetos,considera o

    Figura 14. Kurt SchwittersMerzbau, 1933.

    13

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    22/38

    foi ento que concebi agestos que envolveriamnova arte, a quetodos os sentidos e, aochamo suprematismo...mesmo tempo, configurao quadrado dosuma potica crtica aossuprematistas... podevalores e gestosser comparado aostradicionaissmbolos dos homens(contemplativos) daprimitivos. Suapintura e escultura.inteno no a deproduzir ornamentos

    Alm de Schwitters, mas de expressarsensaes de ritmo.outros exemplos soPara o suprematista,trazidos luz doos fenmenos visuaisneoconcretismo, comodo mundo objetivo soos contra-relevos dedesprovidos de sentido

    Tatlin (Fig.15) e em si mesmo; o que Rodchenko e as significativo aarquiteturas de Malevitch sensao, como tal,

    bastante destacada do(Fig.16), pois, alm demeio ambiente... Oatuarem diretamente nosuprematista no

    espao, so, para o observa e no toca,terico (2007, p. 92), ele sente. (MALEVITCH,uma evoluo coerente 1959, p.67-84)do espao real, dasformas representadas Percebe-se nesse relatopara as formas criadas". uma esttica da

    sensao, ou seja, umaesttica que no envolveAparentemente, podenem observao, nemparecer estranho aotoque. Se na esttica daleitor do no-objeto noteoria do no-objeto,encontrar uma defesa scomo foi dito, investe-sepremissas suprematistasnuma tomada derelatadas por Malevitch:conscinciapercepctiva, envolvendoEu sentia apenas a

    noite dentro de mim, e todos sentidos, justifica-

    Figura 15. Vladimir TatlinRelevo suspenso no canto,1914-1915.

    14

    Figura 16. Kasimir MalevitchArchitectona,1924-1926.

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    23/38

    se nela uma crtica sobre mantivessem no espao",como afirma o terico,os limites da perceposervindo de exemplo parasuprematista. Para Gullar,

    a esttica geral no- estabelecer uma analogiafigurativa ou crtica aos elementosabstracionista, embora refutados no segundoimportante, no passou eixo: a moldura da pinturaadiante pelas suas tradicional. Nessequestes, conforme foi sentido, ele observa edito, seus gestos no exemplifica que

    interviram diretamentenos objetos do mundo ao h mais afinidade entreas obras dos pintores eestilo de Schwitters.dos escultoresconstrutivistas do queDesse modo, a sensaocom as de Millol, dena teoria suprematista Rodin ou Fdias, e o

    refutada pela teoria mesmo poderia ser ditoneoconcreta, cuja sobre um quadro de Lygia

    e uma escultura derecepo da obra de arte

    Amlcar de Castrodeve ser um meio de (Fig.18).(GULLAR, 2007, p.ao direta: a experincia93)

    neoconcreta, para Gullar,tem latente o estado de O autor sugere umaser no-objeto, mediante "convergncia da pinturaparticipao de todos os e da escultura a um pontosentidos por parte do comum, afastando-sepblico-participante. cada vez mais das suas

    origens (da sua matrizalbertiana), deixando deA escultura construtivistalado a tradio da(Fig.17), querepresentao e asrefuncionaliza acategorias "pintura etradicional base da"escultura". O conceitoescultura, extrai do seuno-objeto visto comovolume a estrutura paraum novo conceito que"realizar obras que se serve a uma nova

    Figura 17.Vladimir TatlinMonumento para a IIIInternacional,1924-1926.

    15

    Figura 18. Amilcar de CastroEscultura em ferro,1959-60.

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    24/38

    representao de objetoscategoria: assinalar um tiporeconhecveis. O que emde arte que noprincpio abandonou foi acorresponde ou no se representao da espcieenquadra nestas categoriasde espao que os objetoscannicas. reconhecveis etridimencionais podem

    A teoria neoconcreta ocupar. O Abstracionismo,ou no-Figurativismo,defende ento uma novaainda no se afirmoucategoria caracterizadacomo um momentotanto pelo gesto no- inteiramente necessrio

    figurativo quanto pelana autocrtica da artepictrica, mesmo querecepo experimentadaartistas eminentes comopelo seu pblico, tornando-Kandinsky e Mondrianse assim, participante. Noassim tenham pensado. Aentanto, no h na teoria, representao no

    promoo ou enfraquece a univocidadesistematizao da da arte pictrica; o que o

    faz so as associaeslinguagem da pintura,das coisas representadas.como, por exemplo, naTodas as entidades

    teoria de Clement reconhecveis existemGreenberg, sobretudo, em (incluindo as prpriasA Pintura Moderna (1965), pinturas) existem em

    espao tridimensional, e ana qual ele defende ossimples sugesto de umaelementos especiais daentidade reconhecvel categoria pictrica: a suficiente para evocar

    planaridade e o associaes daquelaantiilusionismo. Cabe espcie de espao... O

    espao pictrico dadestacar um trecho dobidimensionalidade daensaio de Greenberg que pintura como arte adefende o espao dagarantia da sua

    sugesto de objetos na independncia.(GREENBERG, 1976, p. 97)representao das pinturas:

    No por princpio que a Greenberg e Gullarpintura moderna, em sua assinalam, distintamente,ltima fase, abandonou a

    16

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    25/38

    Mondrian e Malevitch, o especialidade dos objetosde arte que visariam,primeiro, em razo dasegundo Gullar, diluir osdefesa do espaolimites da tradicionalbidimensional derepresentao pictrica erepresentao comoescultrica.garantia da sua

    independncia (sem A concluso do tericodesconsiderar, contudo, a brasileiro neste segundoimportncia do eixo indica uma diluioabstracionismo, mas

    clara das categoriasdizendo que este no teria cannicas:se afirmado,suficientemente, como ...a pintura (Clark) e aautocrtica da arte escultura (Castro) atuais

    (1959) convergem parapictrica), j o segundoum ponto comum...(Gullar), assinala-os comoTornam-se objetosartistas que se limitaramespeciais, no-objetos...

    ao espao interno da (GULLAR, 2007, p. 93).moldura, restingindo-se

    Nessa perpectiva, aaos sentidos da viso.moldura da pintura e abase da escultura soA crtica greengergiana,anlogas e refutadas,que influenciou a escola

    pictrica de Nova York porque significam,(1945-1962) criou, comodismos das artesconsigo, novos conceitos tradicionais, albertianas.

    para fortalecer a categoria Estas seriam, de acordopintura, tais como: action com ele, limitadas aopainting(Pollock), campos olhar, promovendo umde cor (Newman, Rotkho tipo de recepo passivae Kelly) e abstrao ps- e contemplativa do objetopictrica (Nolland(Fig.19), da arte: problema queOlitsky e Louis). E o

    estimular a concluso daconceito do no-objetoteoria do no-objeto,caracteriza-se pela

    Figura 19. Kenneth Noland

    Turnsole,1961.

    17

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    26/38

    VI. Eixo 3:Formulao

    Primeira

    Mondrian e Malevitch, masque no responderam (p.94) a sua prpria esttica.Pois seus gestos, em geral,No ltimo eixo, Gullarno trocaram a telaapresenta uma crena no(pintura) e a basepapel subversivo da arte,(escultura) pela experinciacuja negao dos gestosna realidade, e, por isso,que mantm a moldura e aMerzbau, de Kurtbase, permitiriam umSchwitters exemplar.rompimento dos prprios

    limites da cultura O conceito do no-objetoconvencional da arte, parano uma atribuioele, contemplativa enegativa, segundo o autordistante da realidade fsicaapresenta, mas sim, odo mundo. Estassignificado de um tipo deconvenes estariamobjeto cuja experimentoligadas tanto ao processoseria real.do artista quanto

    recepo assistida do Para o autor,pblico. Segundo o terico,

    Pode-se dizer que toda...no se percebia que aobra de arte tende a serprpria obra de matrizum no-objeto e que esseno-figurativa colocavanome s se aplica, comproblemas novos e quepreciso, quelas obrasela procurava escapar,que se realizam fora dospara sobreviver, aolimites convencionais dacrculo da esttica

    arte, que trazem essatradicional. (GULLAR, 2007, necessidade de deslimitep. 94)como a intenofundamental de seuA matriz no-figurativa,aparecimento. (GULLAR,

    representada no primeiro 2007, p. 94)eixo da teoria, , sobretudo,destacada pelas obras de Essa viso refora uma

    18

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    27/38

    lpis, a pra, o sapato,aproximao torica a partiretc. Nessa condio, odo modelo hermenuticoobjeto se esgota naproposto por Cauquelin referncia de uso e de

    (2005), visto que o conceito sentido. Por contradio,do no-objeto representaria podemos estabelecero significado da experincia uma primeira definio do

    no-objeto: o no-objetoneoconcreta: ano se esgota nasparticularidade ou a razoreferncias de uso ede s-la, em outrassentido porque no sepalavras, aplicaria-se com insere na condio do til

    preciso, quelas obras que e da designao verbal.se realizam fora dos limites (GULLAR, 2007, p. 94)convencionais da arte(2007, p. 94). Voltando ao terceiro e

    breve eixo de Teoria doO que est nas entre-linhas No-Objeto, Ferreira Gullardesta teoria antes, uma defende o ineditismo deatitude subversiva frente ao sua crtica, afirmando queprocesso e recepo da o problema da moldura earte legitimada pela tradio da base, na pintura e namoderna. Isto porque, escultura, respectivamente,Gullar confunde, nunca tinha sidopropositalmente, noutro examinado... (2007, p. 93).texto, Dilogo sobre o no- Creio que uma avaliaoobjeto (1959), uma dessa afirmao requerdefinio de arte uma retrospectiva almconvencional como objeto deste trabalho, pois

    comum. Melhor nas suas percorriria o modo pelo qualpalavras: o problema da moldura eda base teriam sido vistos

    (Objeto comum) a coisa pela crtica nacional ematerial tal como se d a internacional.ns, naturalmente, ligadas designaes e usos

    Finalmente, Gullarcotidianos: a borracha, o

    19

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    28/38

    apresenta no eixoconclusivo, FormulaoPrimeira, uma reafirmaoda arte como formulaoprimeira do mundo (2007,p. 95): pensamento queconcorda, de certo modo,com a utopia do espaodesrtico vislumbrado pelosuprematismo de Malevitch(Fig.20).

    Figura 20.Kasimir MalevitchBlack Square,1913.

    20

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    29/38

    VII. Estudo aberto brasileiros de peso, comoFerreira Gullar, Lygia Clark,Hlio Oiticica e outros noComo foi visto, pintura eenfocados. Prticas que seescultura so categoriasmantm visveis em parte,que nofazem sentido aosnas diversas experinciaspropsitos hermenuticoscontemporneas que emda teoria neoconcreta. Ogeral expem o corpo emconceito do no-objetosituaes de umaserve como nova categoriarealidade fsica e social.da arte que visa diluir

    esses limites canonizados Os limites desse trabalhopela tradio de Alberti.implicaram numa grandedificuldade de dominaoDesse modo, justifica-se odos aspectos trazidos pelocarter subversivo dessaensaio de Ferreira Gullar.teoria de arte brasileira queEnto, destaquei aquelesrefuta a representao, ajulgados importantes aotela, a moldura e a base ementendimento da estrutura eprol de uma recepodo contedo geral doesttica baseada nacorpusterico neoconcreto.experincia do corpo: temaIsto significou rumar noutragrosso modo, constante noperspectiva de estudo, ouescopo das discusses daseja, no investir numaarte contempornea.reflexo do tema

    historiogrficoInserido num complexoacerca do concreto-lugar de artista e estudante

    neoconcreto.de histria, teoria e crtica,propus um trabalho noDurante o levantamentomenos complexo, pois visabibliogrfico, percebi que asuma teoria curiosamente,perspectivas de carterpouco estudada, emborahistoriogrfico tendem atenha sido praticada porencobrir, de modo geral,artistas e intelectuais

    (visadssimo)

    21

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    30/38

    fatos e contedos dessa objeto, conceito criado peloteoria brasileira com a terico que se confundiuexceo de dois textos de em outras figuras (poeta,Frederico Morais j citados. intelectual, revolucionrio,

    reacionrio etc.). Contudo,O ensaio escrito por Gullar o legado terico e artsticoem 1959 curto e rico, que figura a obra de Josporque dialoga com a Ribamar Ferreiracrtica de arte, a filosofia exemplifica a relevnciaexistencial e que a teoria dos artistas

    fenomenolgica, ao mesmo pode ter sobre o complexotempo, que difunde uma campo da cultura, aoteoria de arte brasileira. mesmo tempo, que dRelaes importantes que matria ao fazer reflexivodenotam a relevncia de da crtica contra a alienaoprosseguir no tema da da conformidade doteoria de arte no pas. pensamento.

    Finalmente, os argumentosteorizados por FerreiraGullar so pessoais efragmentados, prximos deuma liberdade percebidanos ensaios de Montaigne.

    O texto que d ttulo teoria neoconcreta articula-

    se a partir de trs eixos quediscutem definies deobjetos entre os tiposcomuns e contemplativos,especiais e experimentais.Aos ltimos, experimentais,caberia a categoria no-

    Figura 21. Jorge SoledarEstudo Aberto na Usina doGasmetro, 2008.

    22

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    31/38

    VIII. Bibliografia realidade. Porto Alegre, v. 29, n. 1,p. 27-43, 2004.

    BRITO, Ronaldo. Neoconcretismo: vrtice e MORAIS, Frederico. Cronologia dasruptura do projeto construtivo brasileiro. artes plsticas no Rio de Janeiro,Rio de Janeiro: FUNARTE, 1985. 1816-1994. Rio de Janeiro: Top-books,

    1995.CAUQUELIN, Anne. Teorias da Arte. So _________.A vocao construtiva da

    Paulo: Martins, 2005. arte latino-americana. In:Continente Sul Sur. Revista do

    CHIPP, Herschel Browning. Teorias da Arte Instituto Estadual do Livro, n6,Moderna. 2ed. So Paulo: Martins 1997.Fontes, 1996.

    OITICICA, Hlio. Esquema geral da

    COCCHIARALE, Fernando; GEIGER, Anna nova objetividade. In: ContinenteBella (org.).Abstracionismo geomtrico e Sul Sur. Revista do Institutoinformal: a vanguarda brasileira nos anos Estadual do Livro, n6, 1997.cinqenta. Rio de Janeiro: FUNARTE,

    PINTO, Regina Clia. O Movimento1987.Neoconcreto [1959-1961]. In:PINTO, Regina Clia. QuatroCOTRIM, Ceclia & FERREIRA, Glriaolhares procura de um leitor,(org.). Escritos de Artistas: anos 60/70.mulheres importantes, arte eRio de Janeiro: Zahar, 2006.identidade. Rio de Janeiro, 1994.415p.GREENBERG, Clement.A Pintura Moderna.

    In: BATTCOCK, Gregory (org.).A NovaSANTAELLA, Lucia. (Arte) & (Cultura):Arte. So Paulo: Perspectiva, 1975.

    equvocos do elitismo. So Paulo:Cortez, 1995.GULLAR, Ferreira. Etapas da arte

    contempornea: do cubismo arteTASSINARI, Alberto.O Espaoneoconcreta. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan,

    Moderno. So Paulo: Cosac &1998.Naify Edies, 2001.________. Manifesto Neoconcreto. In:

    Experincia Neoconcreta: momento-VILLA, Dirceu. O ensasmo, grosso

    limite da arte. So Paulo: Cosac Naify,modo. In: BAUDELAIRE, Charles.

    2007.Escritos sobre arte. So Paulo:

    ________. Ferreira. Teoria do No-Objeto.

    Hedra, 2008.In: Experincia Neoconcreta: momento-limite da arte. So Paulo: Cosac Naify, ZIELINSKY, Mnica. La critique dart2007.

    contemporaine au Bresil: parcours,

    enjeux et perspectives. Paris:LARROSA, Jorge.A operao ensaio: sobreUniversite de Paris 1,2003.360 f.o ensaiar e o ensaiar-se no pensamento,Tese (doutorado).na escrita e na vida. Educao &

    23

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    32/38

    Anexo A. Resumo6Biogrfico : Ferreira Gullar

    1959, escreve o "ManifestoNeoconcreto", que, publicado no

    mesmo Jornal, foi tambmassinado por, entre outros, LgiaJos Ribamar Ferreira, mais Pape, Franz Waissman, Lygiaconhecido por Ferreira Gullar, Clark, Amilcar de Castro enasceu no dia 10 de setembro Reynaldo Jardim. Ali tambm foide 1930, em So Luiz. Muda-se publicado "Teoria do no-para o Rio de Janeiro, em 1951, objeto.trabalhando na redao da"Revista do Instituto de Criou o "livro-poema",Aposentadoria e Penso do construdo na casa do pai do

    Comrcio". Torna-se amigo do artista plstico Hlio Oiticica.crtico de arte Mrio Pedrosa. Em 1969, lana o ensaioEm 1954, lana "A luta "Vanguarda ecorporal", que estimula o subdesenvolvimento". 1970envolvimento com Augusto e marca sua entrada naHaroldo de Campos e Dcio clandestinidade. Passa aPignatari. Engaja-se no projeto dedicar-se pintura. Somente"Suplemento Dominical do em 10 de maro de 1977Jornal do Brasil". desembarca no Rio. No dia

    seguinte, preso peloA convite deste trio, participa da Departamento de PolciaI Exposio Nacional de ArtePoltica e Social, rgo sucessorConcreta, no Museu de Artedo famoso "DOPS. Retorna,Moderna de So Paulo, emaos poucos, s atividades de1956. Gullar discorda dacrtico, poeta e jornalista. Lana,publicao do artigo "Da

    psicologia da composio em 1993, "Argumentao contramatemtica da composio", a morte da arte", que provocaescrito pelo grupo concretista de polmica entre artistas plsticos.So Paulo. Redige resposta Em 2002, indicado ao Prmio

    intitulada "Poesia concreta: Nobel de Literatura por noveexperincia fenomenolgica". professores titulares deOs dois textos so publicados universidades de Brasil,lado a lado na mesma edio do

    Portugal e Estados Unidos."Suplemento Dominical". ComAtualmente, colunista daseu artigo, Gullar marca suaFolha de So Paulo.ruptura com o movimento. Em

    6. Fonte: http://portalliteral.terra.com.br/ferreira_gullar(acesso em 30.09.2008)

    Figura 22: Ferreira GullarFoto:NortesteWeb.com

    24

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    33/38

    Anexo B. Cpia do ensaio em Experincia Neoconcreta, 2007.

    25

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    34/38

    26

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    35/38

    27

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    36/38

    28

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    37/38

    29

  • 7/25/2019 TEORIAS NO OBJETO.pdf

    38/38

    Anexo C. Publicaes deFerreira Gullar

    O menino e o arco-ris, 2001

    MemriasRabo de foguete - Os anos dePoesias exlio, 1998Um pouco acima do cho, 1949 Biografia:A luta corporal, 1954 Nise da Silveira: uma psiquiatraPoemas, 1958 rebelde, 1996Joo Boa-Morte, cabra marcado paramorrer (cordel), 1962

    EnsaiosQuem matou Aparecida? (cordel),Teoria do no-objeto, 19591962Cultura posta em questo, 1965A luta corporal e novos poemas, 1966

    Vanguarda e subdesenvolvimento,Histria de um valente, (cordel, na 1969clandestinidade, como JooAugusto do Anjos ou Vida e morteSalgueiro), 1966nordestina, 1977Por voc por mim, 1968Tentativa de compreenso: arteDentro da noite veloz, 1975concreta, arte neoconcreta - UmaPoema sujo, 1976contribuio brasileira, 1977Na vertigem do dia, 1980Uma luz no cho, 1978Crime na flora ou Ordem e progresso,Sobre arte, 19831986Etapas da arte contempornea:Barulhos, 1987do cubismo arte neoconcreta,O formigueiro, 1991

    Muitas vozes, 1999 1985Indagaes de hoje, 1989Argumentao contra a morte daAntologiasarte, 1993Antologia potica, 1977"O Grupo Frente e a reaoFerreira Gullar - seleo de Beth Brait,neoconcreta", 19981981Cultura posta emOs melhores poemas de Ferreira

    Gullar - seleo de Alfredo Bosi, 1983 questo/Vanguarda ePoemas escolhidos, 1989 subdesenvolvimento, 2002

    Rembrandt, 2002Relmpagos, 2003Contos

    Gamao, 1996Cidades inventadas, 1997 Literatura infanto-juvenil

    Fbulas, La Fontaine, 1997Um gato chamado Gatinho, 2000CrnicasO rei que mora no mar, 2001A estranha vida banal, 1989

    30