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Teoria Literária. Tema 1: O Papel Social da Literatura – o fenômeno literário. Por que estudar Teoria Literária? Teoria literária: existe em função da leitura e da literatura. A teoria literária está presente na formação do professor: 1- Alicerçando a teoria. / 2- Subsidiando a prática. / 3- Ampliando a crítica. / 4- Estimulando o fazer. / 5- Proporcionando a recriação do texto. O papel da sensibilidade na análise - Necessidade: sensibilidade que busque pelas habilidades inerentes em todo indivíduo, que serão despertadas ao longo das leituras que se propõe a realizar. Tudo na vida se modifica à medida em que você conquista compreensão para a leitura plena de um texto. Tecendo palavras – o texto - Tecer vem do grego, e significa a ação de entrelaçar, o movimento realizado pelo tecelão. Do mesmo modo, tecer/escrever um tecido/texto, implica em criar pelo envolvimento profundo que o autor desenvolve com o texto a partir da sua tecitura. Literariedade É a força transformadora da linguagem, que pode ser reconhecida quando apresenta algumas peculiaridades. -Subjetividade, / -Conotação, / -Criatividade acentuada, / -Gramática inovadora, / - Plurissignificação, etc. Atemporalidade do texto literário Uma das características do texto literário é a sua atemporalidade. Por ser produzido no seio de uma dada sociedade, o texto literário vence todas as barreiras e conquista status de eterno pela absorção das diversas influências, já que o autor também absorve essas influências do meio. A Gratuidade do texto literário “A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma estilização formal da linguagem , que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas (...). Nela se combinam elementos de vinculação à realidade natural ou social, e elementos de manipulação técnica, indispensáveis à sua configuração, implicando em uma atitude de gratuidade. ” (CANDIDO, 1972, p. 53) A arte não é um utensílio, um objeto com uma função determinada para servir para alguma coisa, pelo contrário, o objeto artístico não tem uma utilidade evidenciada e tampouco função predeterminada – isso representa a sua gratuidade. Devemos, entretanto, tomar cuidado para não desfazermos do objeto artístico considerando-o dispensável ao ser humano. De modo diverso, a arte, pelas suas funções de educar, de curar, de transformar e de proporcionar prazer consegue ser tão mais importante e útil do que um objeto qualquer . A necessidade da leitura Quando lemos um livro, a sensação que nos causa empatia permite a experienciação daquilo que na hora não podemos experimentar, o que causa uma sensação de completude, ou seja, a ação é realizada por outro quando as nossas limitações de leitores não nos permitem agir . Ideologia na Literatura Ideologia - maneira de interpretar o mundo de acordo com aquilo que é estabelecido por um determinado grupo, cujos interesses são voltados para eles mesmos. Característica principal: o mascaramento da realidade. Ideologia dominante imposição pela mídia, produções culturais etc. Utopia

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Page 1: Temas - Teoria Literaria

Teoria Literária.Tema 1: O Papel Social da Literatura – o fenômeno literário.Por que estudar Teoria Literária?Teoria literária: existe em função da leitura e da literatura.A teoria literária está presente na formação do professor:1- Alicerçando a teoria. / 2- Subsidiando a prática. / 3- Ampliando a crítica. / 4- Estimulando o fazer. / 5- Proporcionando a recriação do texto.O papel da sensibilidade na análise- Necessidade: sensibilidade que busque pelas habilidades inerentes em todo indivíduo, que serão despertadas ao longo das leituras que se propõe a realizar.Tudo na vida se modifica à medida em que você conquista compreensão para a leitura plena de um texto.Tecendo palavras – o texto- Tecer vem do grego, e significa a ação de entrelaçar, o movimento realizado pelo tecelão. Do mesmo modo, tecer/escrever um tecido/texto, implica em criar pelo envolvimento profundo que o autor desenvolve com o texto a partir da sua tecitura.LiterariedadeÉ a força transformadora da linguagem, que pode ser reconhecida quando apresenta algumas peculiaridades.-Subjetividade, / -Conotação, / -Criatividade acentuada, / -Gramática inovadora, / -Plurissignificação, etc.Atemporalidade do texto literárioUma das características do texto literário é a sua atemporalidade. Por ser produzido no seio de uma dada sociedade, o texto literário vence todas as barreiras e conquista status de eterno pela absorção das diversas influências, já que o autor também absorve essas influências do meio.A Gratuidade do texto literário“A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma estilização formal da linguagem , que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas (...). Nela se combinam elementos de vinculação à realidade natural ou social, e elementos de manipulação técnica, indispensáveis à sua configuração, implicando em uma atitude de gratuidade. ” (CANDIDO, 1972, p. 53)A arte não é um utensílio, um objeto com uma função determinada para servir para alguma coisa, pelo contrário, o objeto artístico não tem uma utilidade evidenciada e tampouco função predeterminada – isso representa a sua gratuidade.Devemos, entretanto, tomar cuidado para não desfazermos do objeto artístico considerando-o dispensável ao ser humano. De modo diverso, a arte, pelas suas funções de educar, de curar, de transformar e de proporcionar prazer consegue ser tão mais importante e útil do que um objeto qualquer . A necessidade da leituraQuando lemos um livro, a sensação que nos causa empatia permite a experienciação daquilo que na hora não podemos experimentar, o que causa uma sensação de completude, ou seja, a ação é realizada por outro quando as nossas limitações de leitores não nos permitem agir .Ideologia na LiteraturaIdeologia - maneira de interpretar o mundo de acordo com aquilo que é estabelecido por um determinado grupo, cujos interesses são voltados para eles mesmos. Característica principal: o mascaramento da realidade. Ideologia dominante imposição pela mídia, produções culturais etc.

Utopia Utopia - entendemos a forma de estar no mundo em condição de fazer vigorar aquilo que ainda não é, e que achamos que deve ser. A utopia é o ponto de força da realização humana – todas as realizações foram antes utopias (Ernest Bloch,2005).Ethos pessoal - tudo o que podemos fazer por nós mesmos em relação às imposições ideológicas e em relação ao potencial utópico.≠Ética - leis e normas: mantém o bem-estar do grupo. Precisa de um agente/sujeito moral que aceite e aplique essas determinações e regras. O encontro com o Texto- Textos clássicos – modelam nosso espírito.- Encontro com o texto – empatia e apreensão.- Denotação (objetividade) de uma palavra.- Conotação (subjetividade).Para reconhecer a leitura das entrelinhas (conotação), precisamos ter conhecimento das linhas (denotação).Características da Teoria Literária• Interdisciplinar – junto à disciplina do texto;• Analítica – entende a mensagem;• Crítica do senso comum – liberta o texto;• Reflexiva – dá sentido.

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• Sistemática – trabalha com métodos de análise.A Leitura do MundoVocê já teve a sensação de que lia os pensamentos de uma pessoa, ou analisava inconscientemente uma expressão facial ou um contexto de determinado grupo? Essas sensações são a leitura do mundo, ou seja, estamos ‘lendo’ o tempo todo, utilizando para isso todos os nossos sentidos.Importância da Teoria LiteráriaPara o professor, a teoria literária é um instrumento de interpretação, conferindo capacidade para interpretar juntamente com os alunos e sob o olhar destes, as obras literárias. Dessa maneira, o texto se amplia, fazendo com que as experiências de leitura se misturem engrandecendo o olhar sobre a obra.É preciso que o ensino da Literatura na escola busque meios de persuadir o aluno-leitor a encontrar, na leitura do texto literário, um espaço lúdico de reconstrução de sentidos, em que sua imaginação seja guiada pelos indícios textuais no ato mutante e dinâmico da leitura. Vamos exercitar?Observe o quadro abaixo e veja-o como uma aula de Teoria Literária. Como você faria uma leitura dessa obra?

Vamos exercitar?Explique com suas palavras: a leitura é uma espécie de observação das diferenças específicas e das relações inevitáveis e atemporais que sempre levaram e levam o homem a construir e a querer fruir a palavra ficcional, os mundos possíveis que a ficção exibe nos textos imaginativos.Vamos exercitar?“Só se vê bem com o coração – o essencial é invisível para os olhos” Antoine de Sant - ExpéryExplique, com suas palavras o trecho acima, levando em consideração tudo o que aprendeu sobre Teoria Literária.Vamos exercitar?Você já sentiu que seus pensamentos se modificaram após a leitura de um determinado texto? Qual texto? De que forma ele modificou a sua forma de encarar a vida?ConcluindoNeste tema você conheceu a condição da criação do fenômeno literário e a importância da literatura e da correta compreensão dos textos para a formação do ser humano. Entendeu também o que é teoria da literatura e qual o papel da sua força transformadora na vida do ser humano. Percebeu que, para entender e empatizar com um texto, é necessário primeiro desenvolver certas habilidade, entre elas, a principal: a sensibilidade. Percebeu que, sem a sensibilidade, a leitura não transforma, não engrandece e nem recria a consciência do leitor .Como você será um professor de literatura, compreendeu qual é a importância em ensinar a ler e a compreender um texto, pela percepção dos alunos e pelas mais variadas maneiras de ‘olhar’ uma obra. Como professor de literatura, seu papel serádespertar para esse ‘olhar’ .Por isso a Teoria Literária nunca chega ao fim, está sempre a caminho, continuamente em busca de um fim que não é nem nunca será verdadeiramente um fim. Até porque o fim, de fato, é sempre um início, como o “ovo” de João Cabral de Melo Neto. “(... ) No entretanto, o ovo, e apesar de pura forma concluída, não se situa no final: está no ponto de partida.(... )”

Tema 2: A Teoria e a Crítica – conceitos e métodos.A relação entre a Teoria e a CríticaCrítica: apreciação minuciosa e criteriosa de uma determinada obra sob dois aspectos: a negatividade e a positividade.Características:- Neutra; / - Metodológica; / - Fidelizada.

O papel do teóricoO teórico precisa estar disposto a investigar em qualquer área do conhecimento humano, definindo, discutindo, investigando para que, somente então, possa discutir o conteúdo do texto.Interdisciplinaridade -Não é disciplina;-Não reúne disciplinas.Disponibilidade de aprender e apreender o conhecimento e as relações entre as ciências, os homens e o mundo.Conceitos da Crítica

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a) A observação da arte deve ser um processo de reflexão sobre a literariedade desta: é necessário espontaneidade e emoção.b) O fenômeno literário precisa ser observado pelo seu conteúdo e não pelas escolas ou gêneros da época em que foi produzido.c) A mimese, teorizada por Platão e Aristóteles, é a relação de adequação e semelhança com uma realidade natural já existente. O artista imita a própria natureza ao criar e é dessa forma que se reconhece um artista: pela capacidade de imitar a natureza até fazê-la parecer arte.d) A catársis aristotélica atribui aos efeitos das tragédias encenadas à época a capacidade de aliviar as tensões e angústias da platéia. Necessidade de entendimento do leitor: alcançar a finalidade da literatura, ou seja, exteriorizar seu caráter de transformadora do homem e do mundo.e) A metáfora é o elemento linguístico que definirá se uma linguagem é literária ou nãoliterária. Para alguns estudiosos, todalinguagem é essencialmente figurada, uma vez que é pura representação.

Escolha do métodoO método que deve ser aplicado nos exercícios de leitura é sempre sugerido pelo próprio texto. Há de contar também com uma certa sensibilidade do crítico, já que a crítica literária é uma questão de método, assim como todo ato de pensar(Portella, 1974).

Função da críticaPor isso o próprio método deve se definir ao longo da leitura, procurando ser flexível, amplo, vigoroso tanto quanto seu objeto de estudo. A função da crítica, na literatura, é revigorar o texto, pela sua eterna função de observar, manter eveicular a arte.Fato literário - inesgotávelÀ sensibilidade do autor criativo está vinculada a tarefa de dar novas configurações à matéria-prima da literatura – a palavra, que, dita em outros tempos e em outras situações, pode ser ‘travestida’ de novas escolhas e novos posicionamentos.

Literatura e a conquista da consciênciaA grande conquista da literatura é apresentar aos leitores as variadas formas de ser e estar no mundo. Para que você consiga alcançar esse status de consciência, é necessário que as experiências ruins com um texto se apaguem da memória, a fim de que as novas experiências auxiliem na escolha do próximo livro a ler.A grande conquista da literatura é apresentar aos leitores as variadas formas de ser e estar no mundo. Para que você consiga alcançar esse status de consciência, é necessário que as experiências ruins com um texto se apaguem da memória, a fim de que as novas experiências auxiliem na escolha do próximo livro a ler .

Historiografia da críticaOs estudos literários serão, em qualquer época, associados às correntes estéticas do seu tempo.No século XVII: a crítica portava características do neoclassicismo, dogmática e sem a preocupação em explicar a obra.Com a chegada do Renascimento, no final do século XVIII, passou de crítica clássica para a historiográfica, ou seja, o homem, inserido num tempo em que as ciências começam a aflorar, passa do processo abstrato para o processo concreto e mutável, mais histórico.Nos séculos XIX e XX o fenômeno literário é estudado de um ponto de vista históricogenético, ou seja, a apreensão do individual do autor e de seu momento histórico na obra, já que a obra determina onde nasceu a partir dos elementos que seconfiguram em sua história. Inaugura-se, assim, a necessidade de estudar os fatos literários a partir das suas relações com outros dados da cultura e da civilização.

Vamos exercitar?Explique por que o fato literário é considerado INESGOTÁVEL.Vamos exercitar?Depois do que você viu sobre a literatura, explique, com suas palavras, o trecho do poema de Cassiano Ricardo abaixo: “Boião de leite / que a noite leva / com mãos de treva, / pra não sei quem beber. E que, embora levado / muito devagarinho / vai derramando pingos brancos / pelo caminho”. Vamos exercitar?Explique, com suas palavras, o que entende a respeito das palavra abaixo:“Bom crítico é aquele que conta as aventuras de sua alma no meio das obras-primas.”(Anatole France, 1950, apudSOUZA, 2004, p. 18)Vamos exercitar?Leia: A grande conquista da literatura é apresentar aos leitores as variadas formas de ser e estar no mundo. Você concorda?Resumindo- Nesta aula você viu que a teoria está vinculada às ‘descobertas’ efetivadas pela literatura, ou seja, é o texto quem dá as

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respostas para as perguntas do teórico. - Desse modo, para aproveitar os conhecimentos de uma obra, há necessidade demergulhar em seu universo particular . - Observou que aos métodos utilizados pela teoria damos o nome de crítica. - Verificou também que há uma interação existente entre a teoria, a crítica e o texto. - Observou a condição interdisciplinar emultidisciplinar da teoria e da crítica e percebeu o quanto ela é necessária para a formação do educador interdisciplinar .

Tema 3: Movimentos Críticos – da crítica biográfica à hermenêutica.O que é crítica literária?É a atividade de desenvolvimento da forma de ver e entender as obras artísticas, as produções literárias e, com isso, desenvolver também o senso crítico para poder enxergar de modo diversificado o mundo em que vivemos.

Tipos de crítica literária• Crítica biográfica – criador: Sainte-Beuve. Consistia na descrição e estudos da obra pelas informações da biografia do seu autor, desde o seu exterior até o interior psicológico. Optou por renovar sua crítica, utilizando mais a compreensão em buscada história da literatura.Crítica determinista • Criador: Hipollité Taine.• Cientificista - aproveitou ideias de August Comte. Razão em expressar os fatos com objetividade e racionalismo: tudo nomundo é determinado por três fatores principais: a raça, o meio e o momento.Crítica impressionista É da subjetividade da leitura das obras universais que surge o diálogo entre o leitor e a obra, impregnado, das impressões de ambos sobre o mundo. A sensibilidade na obra gera um processo de autoprojeção, pano de fundo para as expressões da sensibilidade do autor .Crítica formalista• Todorov, Jakobson e Vladimir Propp. Acredita que a obra é que apresenta as características que a tornam literária. A literariedade marca-se na obra pela singularidade em diferenciar a linguagem literária da linguagem do cotidiano. Garante aanálise dos contos de fadas, muito utilizada na literatura infantil.Crítica estilística• Charles Bally (in Aguiar e Silva, 1979). A linguagem oral é que deveria ser explorada numa obra. Dessa forma, a linguagem é vista como um ato fantasioso da individualidade do autor/criador, sendo considerada como um organismo poético.Nova críticaO texto por si mesmo apresenta seu significado poético, ou seja, não há dependência de um contexto externo para compreensão do texto. Busca analisar, pelo estudo das figuras de linguagem presentes no texto, a denotação e conotação, sem esquecer de preservar o aspecto humano da obra, aproximando cada vez mais o crítico do texto Crítica estruturalista• Roland Barthes e Saussure. Objetiva reconhecer o texto pelas suas estruturas interdependentes, ou seja, o conhecimento das partes que compõem o texto, em que ocorre uma investigação horizontal e vertical, a fim de compreender a obra apartir dos efeitos que produz e dos sentidos que têm.Crítica pós-estruturalista • Roland Barthes, Jaques Lacan e Michel Foucault. Analisa cada sujeito individualmente como um efeito problemático, enfatizando que ele está vulnerável às forças que produzem algum efeito. Desse modo, passaram a descrever de maneira mais ampla os fenômenos literários que observavam, a fim de desvendar o sujeito da ação em sua totalidade.Crítica sociológica • Georg Lukács e Lucien Goldmann. O herói problemático é fruto do meio social. É do meio social que surge o romance de fundo político ou social, sendo este responsável pelo modo de ser ‘bom’ ou ‘mau’ do herói. Nas últimas décadas, os romances apresentam um herói problemático, gerado a partir de uma sociedade doente que adoece o sujeito social.Crítica semióticaO espaço, a personagem e o fato. O espaço - pano de fundo que compõe o cenário do mundo ficcional; a personagem é o elemento principal desse padrão narrativo; o fato submete a personagem e o espaço a si mesmo, integrando a ficção e a realidade.Crítica psicanalítica • Terry Eagleton. Aproveita-se de alguns aspectos da teoria da psicanálise freudiana, sempre muito utilizada nas interpretações mais profundas de alguma obra. Teoria de Freud – análise psicológica da estrutura da obra e das personagens.Estética da recepção• Hans Robert Jauss. Duas categorias: a do horizonte de expectativas, propõe que se considere o conhecimento prévio doleitor, suas expectativas e visão do mundo, domínio dos códigos linguísticos e experiências acumuladas. A categoria emancipação, propõe que a arte tira o indivíduo do lugar comum, abrindo-lhe novas formas de ver o mundo.Crítica hermenêutica

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• Hermes, deus da comunicação na Grécia antiga. Acredita que é o texto a base para uma reflexão sobre a essência do ser humano. Observa que é o texto quem dá condições para a interação subjetiva entre a obra e o crítico. Usa premissas, busca um aprofundamento que chegue até o mais profundo da alma do autor/criativo.Como entender a crítica• A literatura é (trans)formadora de consciências; • Função principal: retirar o sujeito/leitor do lugar em que se encontra e levá-lo a espaços e horizontes mais distantes;• Deve conter elementos que também deixem libertos a vontade e o caráter de pesquisadores que todos nós possuimos.Como entender a crítica• Para que a crítica apreenda o verdadeiro caráter dinâmico da criação literária, então, há necessidade de visitar constantemente não só a escritura do texto, mas a recepção deste pelo leitor .Como entender a crítica• Espera-se que o crítico esteja preparado para, com competência reflexiva e criativa, se apropriar do texto, a fim de interpretá-lo tão verdadeira e corretamente como se fosse o seu próprio autor.Vamos exercitar?• De que modo a crítica literária ajuda na compreensão dos textos pelo leitor?Vamos exercitar?• Preste atenção agora na leitura do texto: ‘A pequena vendedora de fósforos”, de Andersen.Vamos exercitar?• Os contos de fadas têm importância especial para a estruturação das crianças, e apesar das resistências, sobretudo dos adultos ainda malinformados, seu potencial representativo goza de aprovação quase unânime daqueles que consideram a imaginação o melhor dos caminhos para se chegar à realidade. Vamos exercitar?• Como você analisaria esse conto de fadas?• Que teoria crítica poderia ser utilizada nesse conto?Vamos exercitar?• Sugerimos algumas atividades com o conto: - Fazer um mural com recortes que retratem situações semelhantes às vividas no conto e discuti-las em classe,- Propor a produção de um final feliz para o conto,- Promover uma campanha de agasalhos e alimentos para alguma comunidade próxima.Resumindo:Nesta aula você pôde ver as diversas maneiras de analisar criticamente um texto literário. Observou que cada crítico desenvolveu características peculiares no modo de apreender a obra literária. Estudou e entendeu alguns conceitos discutidos e utilizados em diálogos entre as expressões artísticas do passado e do presente e as análises críticas realizadas ao longo dos tempos. Verificou que todos os métodos, apesar de distantes um do outro, ainda são aceitos e a partir de agora também fazem parte de nossos conhecimentos. Há muito que já se distingue entre teoria do autor histórico, autor implícito e função do autor . Nesta aula você viu a diferença entre as várias teorias críticas: o que se diz ser por um autor é historicamente variável. Como professor de literatura, você deverá ampliar seus conhecimentos e buscar formas de entender o texto literário.

Tema 4: Nas entrelinhas da Teoria – elementos do texto.Texto de UsoTexto recomendado para uma leitura iniciante, não aprofundada; uma leitura que se prenderá aos aspectos superficiais da obra, procurando revelar sua utilidade, mas sem tentar extrair nada mais profundo, contentando-se com a obviedade da produção literária.Texto de InterpretaçãoMergulho no texto, em busca de suas verdades, tentando desvendar-lhe o que vai na alma. Dessa forma, esse tipo de leitura procura não se ater à aparência do texto, mas se preocupa com a sua essência, seu interior, numa análise psicanalítica do texto.Como ler um texto?É pelo desvelamento das palavras, ou seja, pela sua leitura denotativa e, posteriormente, conotativa. Entendemos desse modo que todo texto é uma caixinha de surpresas, que se pode revelar das mais diversas maneiras, desde que interpretadosubjetivamente. Como entender um texto?Despertar para o que realmente está contido nas profundezas de um texto literário reside na necessidade de apreender as nuances da vida e do mundo contidas nele e reveladas pela disposição das palavras na obra, trabalho do produtor/autor .Texto e Teoria Literária- Na Teoria Literária, não se pode afirmar que um determinado texto é dado, mas sim construído a partir da sua leitura.- Nem sempre o método escolhido para essa leitura é o mais adequado.- Torna-se imprescindível adequar o método de leitura.

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O que interfere na análise?As modernas correntes de análise literária analisam o texto literário a partir de vários processos sociais, sejam estes ideológicos,históricos, culturais, econômicos, dentre muitas outras possibilidades.Análise Literária- Critérios de análise: a concepção do escritor e da linguagem como imprescindíveis instrumentos de criação literária.- Análise de elementos que transcendem ao texto, isto é, forjam um método de análise literária na plena acepção do termo.Texto de prazer- Contenta, enche de saber, vem da cultura sem romper com ela – prática confortável, não dá trabalho.- Exemplos: poesias, livros de ficção, revistas educativas – tudo o que gostamos e não temos obrigação de ler .Texto de fruição- Coloca em desconforto, treme com as bases históricas, os valores e as recordações – faz entrar em crise com a linguagem que conhecemos . - Exemplos: livros de leitura obrigatória para concursos, textos e revistas temáticas ou técnicas de qualquer natureza, fórmulas.Tipos de leitor- Leitor analista: levado pelas aparências, entende de tudo. Não gosta de rituais e nem de cerimônias; se algo dificulta a leitura, abandona-a sem conclusão.- Leitor crítico: preocupado com as entrelinhas,evidencia o que nem sempre precisa ser evidenciável. Busca tanto o saber que perde o sabor do texto.- Leitor emocional: ocupa-se apenas do que sente, lê rapidamente e sem concentração. A ansiedade prejudica a compreensão e o aproveitamento do texto.- Leitor interativo: contemplativo e reflexivo, como um filósofo. Amplia, enriquece e valoriza a vida do texto. Busca o segredo do texto: é a reunião de tudo de bom em um leitor.As duas faces do contextoO contexto é composto de todos os elementos extralinguísticos a que o texto faz referência ou que aparecem no mesmo.O mesmo fato, em contextos diferentes pode receber interpretações equivocadas ou incompletas. O autor – entidade do mundo real. O autor não é nem personagem e nem narrador. É importante fazer a separação consciente entre o autor, o narrador e a personagem – o autor NÃO é parte da narrativa.O imaginárioÉ o poder que possibilita a realização do real pela ficção – é o motor da realidade. A imaginação e a inteligência, se não forem cultivados, se atrofiam e podem até morrer.Imaginação e UtopiaÉ pela imaginação que nós conseguimos sair de onde estamos e procurar aquilo que ainda não temos ou o que ainda não existe.Somente a utopia do imaginário cria condições para que o espírito inventivo acredite e busque novidades na vida.

Vamos exercitar?Leia o texto abaixo, de Mário Quintana, e interprete -o, primeiro denotativamente, depois,conotativamente.POEMINHA DO CONTRATodos estes que aí estão Atravancando o meu caminho,Eles passarão.Eu passarinho!Vamos exercitar?Eles passarão ( a gente não irá se lembrar de quem foi imortal). Mas,"eu passarinho", sou livre e meus versos irão ficar e serão eternos .Vamos exercitar?“O autor na sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda parte, mas não visível em nenhuma.” Gustave FlaubertInterprete a frase acima de acordo com o estudado nesta teleaula.Vamos exercitar?Num texto, o uso indevido de apenas uma palavra pode modificar inteiramente o contexto. Explique a figura abaixo de acordo com essa afirmativa.ResumindoNesta aula você pôde observar que há diversos tipos de textos: textos de uso, de interpretação, de prazer e de fruição.Aprendeu também que cada um deles tem seu mérito e suas especificidades. Verificou que para ler um texto deverá estar de posse de alguns elementos importantes que sempre o compõem: - a denotação e - a conotação.Estudou quais os elementos que compõem um texto e verificou que para compreendê-lo deverá levar em conta, alem dos seus próprios conceitos e valores, também os conceitos e valores do autor e da sociedade em que vive. Aprendeu que há vários tipos de leitor e pôde se reconhecer em um deles. Viu que o melhor leitor é aquele que se deixa mergulhar no texto, apreendendo deste o que de melhor poderá dar.

Tema 5: Entre a Estética e a Arte – relação e interação.Estética e Arte

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- A arte revela a estética.- A estética produz arte.As manifestações artísticas são manifestações da alma que fazem eco em outras almas.

EstéticaA estética é o resultado de todas as emoções sentidas e apreendidas pela nossa alma. Não devemos ignorar que nosso universo emocional é infinito, mas não podemos deixá-lo voando solto.Os estudos da Arte e SócratesEsse filósofo foi o responsável pela mudança de pensamento dos jovens atenienses, pela educação através da maiêutica e da ironia. Como modificava e aprimorava os pensamentos e visão de mundo dos jovens, foi condenado a tomar veneno.

A Beleza e PlatãoO modo primitivo de observar o mundo veio das teorias platônicas da observação da beleza e de seus efeitos sobre o ser humano. Para ele, o mundo das imitações é o real, reflexo de um mundo imaginário e perfeito, em que impera a beleza.

O platonismoPara Platão, a alma conhece e sabe tudo, e, se nós não acompanhamos o seu desenvolvimento, é porque a nossa partematerial e grosseira se esqueceu de como ser hábil, perfeito e puro.

A Arte para AristótelesPara Aristóteles, o que importava era a harmonia entre os elementos, já que a estética dependerá da arte de olhar, de quemcontempla. Para ele, a harmonia é indispensável à beleza.

A Arte para Santo AgostinhoAssimila parte das teorias de Platão quando acredita que há duas unidades sempre em contraposição: o belo e o feio, o bom e o mau. De Aristóteles, assimilou que esses dois opostos podem estar no mesmo campo de observação.

A Arte para São Tomás de AquinoAcredita que cada manifestação artística tem a beleza em si mesma, sendo valorizada, portanto, pela fruição que pode proporcionar . Acredita no poder objetivo e também na subjetividade da arte.

A Arte para KantPropõe que a maior emoção sentida pela observação da arte deve estar no sujeito que a contempla, e não na arte em si mesma. Os juízos estéticos decorrem da contemplação de quem observa e não das propriedades destes.

A Arte para SchillerEste alemão propõe que a arte é marcada pela valorização da aparência da realidade que é representada pelo artista.Desse modo, a estética é marca da civilidade do ser humano.

A Arte para SchellingAlemão que acreditava que a estética é o infinito apresentado no finito, sendo que o homem só se aproxima desse universodesejado quando em contato com a beleza da estética.

A Arte para HegelPara esse alemão, a beleza é a manifestação sensível da ideia. A observação criteriosa da arte é que vai definir um conceito arespeito da mesma. Formular conceitos é pensar: pensa muito melhor quem observa criteriosamente.

Um mergulho na ArteOs estudos da Teoria da Literatura ficam mais aprofundados à medida em que o pensar do ser humano se especializa em tecer considerações sobre a Arte.A compreensão de um texto- Nem sempre é fácil;- A insistência leva à compreensão;- A cada etapa vencida, novos horizontes se abrem;- O objetivo é atingir a essência, desvendar as entrelinhas de um texto.

A Filosofia na Literatura

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Há muita interferência da Filosofia na Literatura, pois tanto a teoria como a filosofia fazem parte do pensar do ser humano, da sua capacidade de contemplação e de compreensão de um dado objeto ou fato. O pensar é uma tarefa exercida o tempo todo.

Vamos exercitar?Para Hegel, o ser humano precisa sempre estar exercitando sua capacidade de observação estética. Observe as imagens quese seguem e diga o que contempla em cada uma delas.

Vamos exercitar?

Disserte sobre a frase acima.

ResumindoNesta aula você pôde ver como os estudos da teoria da literatura ficam cada vez mais aprofundados e relacionados com outras disciplinas ou outras atividades do pensar do ser humano.Pôde perceber que nem sempre a interpretação de um texto é uma tarefa fácil. Mas é a insistência para alcançar o entendimento que nos faz crescer e sair do lugar em que nos encontramos, levando-nos sempre em busca de novos conhecimentos e horizontes.Estudou alguns pensadores da Filosofia e compreendeu suas teorias de observar a arte, verificando que a filosofia interfere de maneira indiscutível nas relações do ser humano com a arte, pela sua capacidade de contemplar .Em síntese, pôde perceber que cada filósofo estudado trouxe algum tipo de acréscimo ao universo contemporâneo, estimulando nossas percepções e incentivando a buscar, cada vez mais, novas características da arte e novos horizontesde interpretação.

Tema 6: Gêneros Literários – historiografia e classificação.Configuração dos Gêneros LiteráriosO conhecimento das estruturas dos gêneros literários é de suma importância para o professor, para compreensão dos textos e da crítica.São elas:- Gênero épico,- Gênero lírico e- Gênero dramático.

A Historiografia dos Gêneros- A República de Platão – terminologia dos gêneros.- Pensamento de Platão: mundo das ideias: onde tudo era original e perfeito.- A partir dessa concepção, todo o resto era uma cópia grosseira.

Termos da Teoria- Livro III A República: mimesis ou mimese.- Todos os escritores eram chamados de poetas.- A poesia:1. Drama – ação/imitação.2. Lírico – subjetividade.

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3. Épico – mistura dos dois aspectos: lírico e dramático.

Pensadores da Poesia- Platão: a poesia não deve remeter à paixão, estado de desiquilíbrio.- Aristóteles: escreveu sobre o épico e o dramático.- Sua produção lírica nunca chegou até nós.

ÉPICO – apresentação / luz- Narrador: somente registra, não se emociona.- Objetivo: apresentação dos fatos narrados.- O autor se deixa notar como narrador .- Narrador: testemunha.- Narrativa minuciosa.- Ex. como uma pintura, que congela um quadro, registrando o ocorrido.- Há necessidade de clareza sobre os fatos.- Não há preocupação com o fim, mas com o meio.- Necessidade de um herói idôneo.- Deve ser a representação de um povo, uma nação.- O herói deve ser virtuoso, preocupado com o povo, representante da nação.

DRAMÁTICO – representação/pathos- Drama é ação, em grego – seu centro é a tensão.- Pathos – paixão, perturbação dos sentidos.- Pathos pela dor e pelo prazer: intenção de provocar comoção, contagiar purificação da alma, pela sensação de alívio.-Deve haver sempre um problema, um embróglio. - Deve ter início, meio e fim.- O início é sempre uma premissa e o fim é uma conclusão.- Há uma ligação muito forte entre o dramático e o teatro, mas não deve ser compreendido como algo que dependa de um palco.

Tragédia – a história da história- Imitação de uma coisa séria e completa.- Catarse – purificação das emoções excessivas: sensação de alívio, de libertação.- Coro – narrador, como se fosse a ‘voz do povo’, que explica o que não fica claro para a audiência.-Édipo Rei – Sófocles.- Medéia – Eurípedes.

Comédia – crítica da sociedade- Referência aos seres inferiores, de qualidade moral risível.- O risível é um defeito: não causa dor nem dano.- O humor é capaz de desfazer as tensões mediante o ridículo. - Experimentamos o alívio de rir de nós mesmos.

LÍRICO – recordação, emoção, mistério- Lira: instrumento musical que acompanhava as produções poéticas – inseparável da música.- Aedos: cantadores e poetas.- Rapsodos: apenas cantores- Outros instrumentos que Também eram utilizados: cítaras, castanholas, bandolins e pandeiros.Tipos de poesias líricas antigas- Iâmbica: irônica, sarcástica, satírica.- Elegia: estilo sério, comentava aspectos morais.- Égloga: poemas pastoris, usados pelos pastores.- Coral coletivo: voltado para homenagens e celebrações.Formas líricas modernas- Hino: cântico de louvor aos deuses.- Soneto: estrutura rígida, predominância do amor .- Outras: canção, cantiga, balada, rondó, madrigal, epigrama, haicai.- O poeta lírico abandona-se à inspiração, é um solitário, procura despertar para o encantamento emocional da alma.

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Não há gênero puroNão há produção que apresente um gênero puro, talvez o que apresente um grau maior de pureza é o gênero lírico.Os outros dois gêneros estarão sempre interferidos pelo lírico – TUDO É LÍRICO. Atualizando a classificação dos gênerosNarrativo: romance, biografia, autobiografia,conto, novela, fábula, epopéia, legenda.Dramático: drama, auto, farsa, tragédia,comédia, tragicomédia.Lírico: soneto, canção,balada, rondó, idílio, ode,elegia, hino, etc.Gênero: crônicas, memórias,ensaios. (p. 159)

Importante!Devemos perceber que as mudanças nos gêneros sempre acontecerão, por conta da inserção de novos tipos de textos e do aumento das produções textuais. Porém, a atualização se dá sem que haja mudança essencial nas classificações originais.Uma mesma obra pode ser lírica e dramática, simultaneamente, ou dramática e épica.Como então classificar corretamente? É pela predominância das características que fazemos a classificação de uma obra.

Vamos exercitar?Leia o texto e classifique-o em narrativo, dramático, lírico.A bailarina - Cecília MeirelesEsta menina / tão pequenina / quer ser bailarina.Não conhece nem dó nem rémas sabe ficar na ponta do pé.Não conhece nem mi nem fá Mas inclina o corpo para cá e para lá.Não conhece nem lá nem si,mas fecha os olhos e sorri.Roda, roda, roda, com os bracinhos no are não fica tonta nem sai do lugar.Põe no cabelo uma estrela e um véu e diz que caiu do céu.Esta meninatão pequeninaquer ser bailarina.Mas depois esquece todas as danças, e também quer dormir como as outras crianças.

Vamos exercitar?Leia o texto e classifique-o em narrativo, dramático, lírico.Narizinho (Monteiro Lobato)Numa casinha branca, lá no Sítio do Picapau Amarelo, mora uma velha de mais de sessenta anos. Chama-se Dona Benta.Quem passa pela estrada e a vê na varanda, de cestinha de costura ao colo e óculos de ouro na ponta do nariz, segue seu caminho pensando:-Que tristeza viver assim tão sozinha neste deserto...Mas engana-se. Dona Benta é a mais feliz das vovós, porque vive em companhia da mais encantadora das netas - Lúcia, amenina do narizinho arrebitado, ou Narizinho como todos dizem.Narizinho tem sete anos, é morena como jambo, gosta muito de pipoca e já sabe fazer uns bolinhos de polvilho bem gostosos.

Vamos exercitar?Leia o texto e classifique-o em narrativo, dramático, lírico.Pluft, o fantasminha - fragmento (Maria Clara Machado)PLUFT: - Mamãe!MÃE: - O que é, Pluft?PLUFT: - Mamãe, gente existe?MÃE: - Claro, Pluft, claro que gente existe.PLUFT: - Mamãe, eu tenho tanto medo de gente!MÃE: - Bobagem, Pluft.PLUFT: - Ontem passou lá embaixo, perto do mar, e eu vi.MÃE: - Viu o quê, Pluft?

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PLUFT: - Vi gente, mamãe. Só pode ser. Três.MÃE: - E você teve medo?PLUFT: - Muito, mamãe.MÃE: - Você é bobo, Pluft. Gente é que tem medo de fantasma e não fantasma que tem medo de gente.PLUFT: - Mas eu tenho.

ResumindoNesta aula você pôde conhecer as origens gregas e as características mais evidentes para a classificação de uma obra literária. Verificou que, de acordo com os gregos, os textos devem ser classificados em épico, dramático ou lírico.Também compreendeu que há um determinado entrelaçamento entre os gêneros numa obra literária, mesmo que apresentem uma certa predominância em um gênero, as obras sempre apresentam características específicas do gênero aoqual pertencem. Conheceu os tipos de textos que compõem os gêneros, e as classificações antigas e novas desses textos.Para que você compreenda que a literatura se modifica de acordo com as mudanças na sociedade, estudou alguns autores e textos antigos.

Tema 7: Períodos, Estilos e História – literatura e sociedade.Estrutura dos períodos literáriosSão os fatos históricos e as mudanças sociais que determinam a identificação de um período estilístico.No Brasil, os períodos históricos e a Semana de 22 foram os responsáveis pela formação da Literatura Brasileira.

O que é um período estilístico?- Pode também ser chamado de período, escola, corrente estilística.- Compreende um tempo em que há predominância de um sistema de convenções ou normas ligadas às produções artísticas,incluindo-se a literatura.

Arte + Literatura + HistóriaO momento artístico e o movimento da criação não podem estar desvinculados do processo histórico.O ponto de partida para a teoria/crítica é a realidade histórica, as doutrinas, as experiências e a obra literária.O estiloAs obras são o determinante do estilo – que se encontra em sua estrutura. Da predominância do estilo é que provém aclassificação. Os estilos podem coexistir não só numa mesma época, mas numa mesma obra.

PeriodizaçãoOs períodos literários não são marcados de modo rígido e linear e não se extinguem de uma só vez, subitamente.Logo, não podem ser demarcados por linhas divisórias rígidas, mas muitas vezes se misturam ao que já está consagrado.

Estilo + estiloImbricação: tornar-se integrante do novo. Interpenetração: fazer com que os traços anteriores desapareçam no novo. Porém, o olhar experiente e atento do observador crítico vai encontrá-los lá.

Definindo o estilo e o períodoÉ o contexto da obra que fornecerá os elementos constitutivos das mudanças realizadas pelo momento histórico. É pelas obras e por meio das obras que encontramos e definimos os traços constitutivos deste ou daquele período.

Clássicos da humanidade- Escritos religiosos, filosóficos ou moralizantes.- Mitos de origem x mitos escatológicos.- Sementes da ética, da estética e da utopia.- Subjetividade presente.-Textos educativos de linguagem diferente da cotidiana, que necessitava de alguém para explicá-los.

Clássicos religiosos1) O Tao, de Lao Tzu: busca da harmonia interior .2) O Shu, de Confúcio: caráter moral e harmônico.3) Os Upanishads: hinduísmo, a vida é transitória, deve ser vivida para o bem.4) O Alcorão: maometismo, islamismo, reforma moral, justiça e caridade.5) O Talmude: judaísmo, cristianismo, utilizado pelos semitas e hebreus, de caráter moral e ético.6) A Bíblia: cristianismo, amor a um único Deus, a si mesmo e aos semelhantes. Valores definidos em busca da criação e

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manutenção de uma sociedade harmoniosa.

Clássicos filosóficos- A contribuição da Filosofia ficou por conta dos gregos: Platão, Aristóteles, Hesíodo, Eurípedes, Sófocles, Fedro, Ésquilo, Esopo;- Dos latinos: Ovídio, Virgílio, Dante Alighieri;- E dos mais modernos: Shakespeare, Rui Barbosa, Fernando Pessoa, Mahatma Gandhi e Martin Luther King

A Idade Média- Alta Idade Média: séc. VI ao XI; Plena Idade Média: séc. XII ao XIII; Baixa Idade Média: séc. XIII ao XV .-Novelas: façanhas dos cavaleiros andantes, heróis nobres e valentes, códigos de ética: Rei Arthur; Carlos Magno; Alexandre, o Grande.Produções europeias- Inglaterra: poema épico Beowulf, obra de cavalaria com aparência mista de conto de fadas.- França medieval: trovadores e jograis - cantigas.- Dante – A Divina Comédia- Possui características renascentistas, viagem de sonho através do inferno, do purgatório e do paraíso.

Renascimento- Culto do super-homem: Giovanni Boccaccio – Decameron; Petrarca, Maquiavel – O Príncipe; Giordano Bruno, Galileu Galilei, Camões – Os Lusíadas, Gil Vicente, Anchieta.- Maneirismo: período de transição, pré-barroco, divergências religiosas e sensuais.

Barroco- A cor é essencial e dá tom às obras;- Instabilidade, abundância, exuberância, aspectos morais e artísticos.- Culto à oposição: beleza e monstruosidade, delicadeza e grosseria.- Sensações paradoxais.- Culto da estética do grotesco e do feio, do horrível e do macabro.

Classicismo- Estética intelectualizada e clara, imitação dos clássicos greco-latinos.- Sentimentos dignos, idealistas, intelectualizados.- Reflexões lúcidas e rigorosas no modelo de Homero e Eurípedes.- Função moralizante, textos de utilidade moral, com função pedagógica significativa.

Correntes dos Séc. XVII-XVIII- Iluminismo: culto da razão, do progresso.- Neoclassicismo: estilo rococó, renascentista.- Rococó: delicadeza e estilização, refinamento.- Arcadismo: bucolismo, gosto pela sensibilidade a caminho da subjetividade.- Pré-Romantismo: religiosidade mística, sentimentalismo.

Correntes dos Séc. XVII-XVIII- Romantismo: o ‘eu’ em conflito com a realidade, busca e evasão para o passado ou espaços idealizados.- Imaginação ilógica, alegria e tristeza, melancolia e entusiasmo.- Um dos movimentos mais importantes e que ainda perdura até os dias de hoje: busca pelo mistério, mundo ideal, fé.

Períodos dos Séc. XIX-XX- Realismo: observação criteriosa próximo da realidade.-Narrativa lenta e minuciosa, interesse pelo presente, linguagem simples e natural.- Naturalismo: expansão do Realismo, apresentação científica dos fatos, aspectos desagradáveis de linguagem documental próxima ao vulgar .

Períodos dos Séc. XIX-XX- Parnasianismo: culto à poesia como uma religião, impassibilidade e serenidade emocional.- Impressionismo: imagens sugeridas, captação da impressão, da sensação, muito subjetivo.- Decadentismo: transição do final do século, negação da intelectualidade.

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Períodos dos Séc. XIX-XX- Simbolismo: a razão não é tudo. Visão do invisível, evocações e associações livres, exploração dos cinco sentidos, sinestesias, interpretações não-lógicas.- Vanguardas: tendências de desconstrução de valores preestabelecidos, estabelecimento de novos conceitos.

Movimentos de Vanguarda- Futurismo: negação do passado, inovações;- Cubismo: arte pura, supressão de toda regra.- Dadaísmo: destruição do texto, construção do nada, deu origem ao surrealismo.- Surrealismo:manifestação psíquica sem controle e sem censura, posse do segredo do universo, psicanálise textual.

Vamos exercitar?Leia os textos abaixo e responda de acordo com as características das Vanguardas: Noturno (João Cabral de Melo Neto)O mar soprava sinosos sinos secavam as floresas flores eram cabeças de santos........Minha memória cheia de palavrasmeus pensamentos procurando fantasmasmeus pesadelos atrasados de muitas noites.De madrugada, meus pensamentos soltosvoaram como telegramase nas janelas acesas toda a noiteo retrato da morta faz esforços desesperados para fugir .

Retire do poema elementos surrealistas que justifiquem:- Relações estranhas entre os sujeitos e as ações que praticam; - Comparações Imprevistas; - Palavras ligadas ao sonho, sono, inconsciente.

Vamos exercitar?Ode Triunfal (Fernando Pessoa)À dolorosa luz das grande lâmpadas elétricas das fábricasTenho febre e escrevo.Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto.Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!(... ) Ah, poder exprimir-me todo como ummotor se exprime!Ser completo como uma máquina!Poder ir na vida triunfante como umautomóvel último-modelo!

Os versos acima estão relacionados com uma das vanguardas artísticas surgidas na Europa no começo do século XX.Diga a qual vanguarda pertencem essas características e em que parte do texto podemos comprová-las.

Em sínteseNesta aula você pôde entender que os períodos estilísticos são definidos pelas características que as obras apresentam que, por sua vez, são definidas pelo momento histórico e movimentos sociais que o artista capta para dentro de sua obra.Entendeu também que os grandes livros da literatura universal, pela sua forma narrativa atemporal, ofereceram e ainda oferecem uma contribuição inestimável para o enriquecimento intelectual da humanidade, pelas produções culturais ehistóricas, com narrativas originais que permanecem até hoje rica fonte de consulta.Conheceu basicamente o que formou e como se apresentam as produções literárias desde os tempos da Idade Média até os dias atuais. Entendeu que as correntes literárias mantêm vivas as manifestações culturais dos homens de todas as épocas.

Tema 8: Teoria Literária – novas tendências.

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Educação – novos caminhosNesta aula observaremos como as novidades tecnológicas universais estão interferindo na educação e no ensino da literatura e suas teorias. Com a velocidade das novas tecnologias, também as análises das obras acompanharão o momentode mudanças rápidas.

Novas tendências – novos olharesCom as velozes mudanças e a chegada de muitas ferramentos preciosas para a análise dos textos, os primeiros que devem se beneficiar com a chegada das novas tendências são os professores: eis porque é necessário conhecê-las e examiná-las.

Possibilidades de experimentarÉ pela integração entre a teoria e as demais disciplinas que se enriquecem os conhecimentos advindos do processo de mudanças. No livro A cabeça benfeita: repensar a reforma, de Edgar Morin (2006), reflete-se sobre os diversos aspectos daexistência do ser humano.

Morin: a fragmentação do conhecimentoSegundo o autor, é necessário resolver o problema da hiperespecialização, que mantém os saberes em nichos separados.Acredita que uma mente que está habituada a fragmentar não tem como observar um todo completo.Morin: fora o mecanicismoA perda da competência para relacionar objetos aos contextos e os contextos entre si leva à estagnação do processo de aprendizagem. O indivíduo torna-se um mero repetidor mecanicista e robotizado.

O aluno da modernidadeDeve se empenhar em:- Conquistar a subjetividade e a complexidade;- Deslocar-se em direção à autoeducação;- Perceber que o caminho do saber não tem volta;- Dominar o horizonte da palavra.

O conhecimento das palavrasO domínio de uma palavra comporta quatro aspectos, por inteiro. É preciso que se saiba:1) quando usá-la;2) onde usá-la;3) como usá-la e4) por que usá-la.

Cultura humanística e cultura científicaSegundo Morin, separar essas culturas traz prejuízo para o conhecimento de ambas. -Humanas: genérica, alimenta a inteligência geral, vê as interrogações humanas e incita à reflexão.-Científica: compartimenta as descobertas, separando as áreas do conhecimento.

Literatura Infanto-JuvenilSegundo Morin, os textos de reflexões simples e intensas veiculam melhor a grande filosofia da vida, o pensamento profundo, por meio da via da simplicidade construtora.Autores como: Lygia Bojunga Nunes, Ziraldo, Ruth Rocha, Monteiro Lobato e tantos outros.

Qual a necessidade do conhecimento?‘Os homens se marcam como diferentes dos outros seres exatamente pela capacidade de conhecer(... )’ (Leda Hühne, 1997)Os homens devem ter a coragem de renascer quando têm a oportunidade de conhecer coisas novas.

O homem e o conhecimentoO homem tem a capacidade de:a) Fazer o conhecimento: reavalia as verdades e avalia a própria capacidade de aprender e conhecer .b) Usar o conhecimento e adequá-lo à sua realidade.c) Posicionar-se perante o conhecimento, refletindo e contextualizando.

Literatura e interdisciplinaridadeAs presenças interdisciplinares contribuem significativamente para novas visões e novas teorias a respeito não só da educação mas da arte em si. A literatura como força de impulso, toma parte ativa desse processo.

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Novas interseçõesA preocupação de cientistas sérios e conceituados com as condições da vida humana e os propósitos da educação tornam muito mais claras as funções educacionais e os papéis dos envolvidos no processo ensino aprendizagem. (PAULA, p. 337)

A educação integralDermeval Saviani, em Escola e Democracia (2007), ressalta que a única forma de lutar contra a farsa do ensino é a prioridade que se dá aos conteúdos. Para ele, o domínio da cultura constitui instrumento indispensável para a participação política das massas.

Desenvolvimento pessoal e coletivoA preocupação central da educação deve conduzir a uma visão crítica de si e do outro, a alteridade como valor fundamental da sociabilidade e a preservação de valores humanos essenciais, tudo voltado para evoluir, sutilizar e refinar a consciência, de modo que ela se expanda. (PAULA, p.141)

Novos teóricos- Linda Hutcheon (1991) Poética do pósmodernismo: história, teoria, ficção – assunto controvertido: discussão do termo pós-moderno.- A nova crítica deve reunir teoria e prática, de modo a problematizar e reformular narrativas e representações na textualidade.

Teoria Pós-ModernaO papel da teoria pós-moderna é estabelecer uma diluição entre autor-leitor-texto, de modo que se encontrem a alma de um agente com a alma de outro, experiência que somente a arte oportuniza.

Algumas consideraçõesO investigador/professor/aluno da literatura nos dias de hoje deverá observar as condições sociais e históricas como um todo, de modo aprofundado e abrangente, já que esses são os campos constituintes da teoria e da crítica literária.

Vamos exercitar?Você aprendeu nesta aula que o aluno de hoje deve tentar conquistar a subjetividade e a complexidade e aprender a dominar o horizonte das palavras. Leia o texto a seguir, de Oscar Wilde, e reflita sobre as palavras do autor .

“Nós nos sentamos na platéia para ver uma peça, ou ouvimos uma música, ou passeamos pelas frescas galerias da casa do Papa em Roma, e de repente tomamos conhecimento de que temos paixões nas quais jamais havíamos pensado, pensamentos que nos assustam, prazeres cujo segredo nos havia sido negado, tristezas que havíamos escondido de nossas lágrimas. O ator não tem consciência da nossa presença: o músico está pensando nas sutilezas da fuga; os deuses de mármore, que sorriem de modo tão curioso, são feitos de pedra insensível. Porém eles deram forma e substância ao que estava dentro de nós; e uma sensação de alegria perigosa, ou algum toque ou arrepio de dor, ou aquela estranha autopiedade que o homem tantas vezes sente nos avassala e nos deixa diferentes. ” (Oscar Wilde)

Vamos exercitar?Leia e analise as palavras do filósofo Giorgio Agamben em O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.“[... ] o contemporâneo não é apenas aquele que, percebendo o escuro do presente, e nele apreende a resoluta luz; é também aquele que, dividindo e interpolando o tempo, está à altura de transformá-lo e de colocá-lo em relação com os outros tempos, de nele ler de modo inédito a história. ”

Vamos exercitar?Monteiro Lobato foi um escritor que se apropriou de recursos geniais para prender o leitor em suas narrativas, pela sua capacidade encantadora de jogar com as palavras, tornando-as verdadeiros ensinamentos. Observe a definição de “verdade” feita pela personagem Emília, em Reinações de Narizinho:“Verdade é uma espécie de mentira bem pregada, das que ninguém desconfia” (LOBATO, 1987).Analise quanto de didatismo há nas palavras da boneca nesse excerto.

ResumindoComo você pôde ver, nessas aulas você estudou como a teoria da literatura busca, a cada momento, abrir caminhos para novas aquisições de conhecimento, que enriqueçam e ampliem as reflexões sobre os textos literários.

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Durante esta aula percebeu que todas as abordagens deixam claro que estudar e analisar textos literários deve ser um ato de prazer, de crescimento do nível de consciência individual, de dentro para fora, expandindo-se ao redor em busca de um mundo mais subjetivo e reflexivo. Estudou os movimentos pós-modernos que auxiliam no envolvimento e no desenvolvimento do pensamento reflexivo e na formação integral do aluno, o que conduzirá à posse da subjetividade,fator indispensábel em todos os aspectos da compreensão da existência do ser humano. Compreendeu que há possibilidades de novos processos educacionais e que esses se abrem para a formação integral de seres reflexivos e amorosos, que valorizarão a subjetividade estabelecendo como prática uma atitude contemplativa e reflexiva em relação ao mundo, no seutodo.