tecnologia de informação e comunicação - ceará inteligente e competitivo

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Sugestões Para Elaboração de Política de Desenvolvimento do Setor de Tecnologia deInformação e Comunicação no Ceará – 24/08/2014

Tecnologia de Informação e Comunicação(Ceará Inteligente e Competitivo)

O setor de tecnologia da informação e da comunicação (TIC), constitui não apenas umanova indústria, mas o núcleo dinâmico de uma revolução tecnológica. Ao contrário demuitas tecnologias, que são típicas de processos específicos, as inovações derivadas desuas ferramentas têm a característica de permear, potencialmente, todos os setores daeconomia.

Para as empresas e organizações, as TIC estimulam a criação de inovaçõesorganizacionais, especialmente pelo desenvolvimento de novos modelos de gestão e denegócios mais intensivos em informação e conhecimento. A possibilidade de integrarcadeias globais de suprimentos, aproximar fornecedores e usuários e acessarinformações online em multimídia independente do local onde estejam armazenadas,alimenta o desenvolvimento de uma nova infraestrutura, o aumento da produtividade e acriação de novos modelos de negócios intensivos em conhecimento.

O Ceará, em especial a Região Metropolitana de Fortaleza, não conseguiu consolidar-se,até o momento, como pólo importante de desenvolvimento tecnológico em nosso país,apesar de ter sido beneficiado com investimentos em infraestrutura e de contar comalgumas vantagens comparativas, pois Fortaleza é a cidade da América Latina com omaior backbone óptico (rede troncal de transmissão de serviços de telecomunicações emcabos ópticos).

Em 2014, cerca de 11 cabos submarinos de fibra ótica estão operando ou prontos paraoperar, ligando Fortaleza às Américas, Caribe, Europa e África. A capital cearense é oportão por onde passa a vasta maioria das comunicações entre Brasil, Argentina, Uruguai,e o resto do mundo (mapa anexo).

Não obstante esses fatores favoráveis, cumpre destacar que a desarticulação entre asdiversas esferas de governo, a falta de plano estratégico de longo prazo e outras lacunasconsideradas neste documento fizeram com que investimentos significativos, porémisolados, como o “Cinturão Digital” e o “Programa Polo Tecnológico de Fortaleza (PMF)”,não obtivessem, até agora, os resultados impactantes esperados. As reduções tributárias(Lei do bem e Plano Brasil Maior), propiciadas pelo Governo Federal, e que temimpulsionado a TIC em nível nacional, também não foram bem aproveitadas a nível local,como se observa pelas considerações abaixo.

“Custo Ceará”

De acordo com estudos realizados pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva deTecnologia da Informação e Comunicação – CSTIC, a legislação tributária vigente noestado do Ceará continua sendo entrave para o desenvolvimento da “Indústria deSoftware” pois enquanto Lei Complementar Federal No. 116 de 31/07/2003, estabeleceque o licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação é operaçãotributada pelo ISS, interpretação adotada pela grande maioria dos estados brasileiros,inclusive São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina eDistrito Federal, o Ceará, a partir de 2004, na contramão, cobra ICMS de forma indevida.

A lei estadual 13.569 afirma textualmente que:

“A base de cálculo do ICMS, nas operações com programas de computador (softwares),será o seu valor da operação, entendendo-se como tal o valor da obra e do meiomagnético ou ótico em que estiver gravado” .

A obra a que se refere a lei é resultado da produção de software. Esta situação conflitanteprejudica toda a cadeia produtiva cearense de “Tecnologia de Informação e Comunicação”na medida que atinge um de seus principais pilares, a produção de software, segmentointensivo em recursos humanos qualificados. Na prática, afeta diretamente a

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competitividade das empresas cearenses do setor e traz perdas de arrecadação para oCeará com a migração das empresas cearenses para outros Estados com menor cargatributária, esvaziando o mercado cearense. A atração de empresas de TIC para o Cearátambém fica prejudicada pela insegurança jurídica decorrente dessa dupla incidênciatributária sobre a mesma transação econômica, o que fere expressamente o CódigoTributário Nacional.

Em relação à tributação sobre hardware, há igualmente dificuldades, pois o Decreto no31.066/12 estabeleceu regime de substituição tributária nas operações com produtos deinformática, beneficiando lista de produtos, a qual, em razão da dinâmica de inovação dosetor de TIC, torna-se obsoleta com frequência. Reivindica-se, diante deste quadro, que oregime de substituição tributária se aplique ao setor de TIC estabelecido no Estado doCeará, sem que haja uma especificação exaustiva de determinada lista de produtos.

“Educação: Investimento, Desperdício e Falta de Política”

Não existe uma política para fortalecimento e expansão de ensino competente em áreasestratégicas como Ciências, Tecnologia, Matemática, Engenharia, disciplinas necessáriasà formação de profissões do futuro/presente, como Engenheiro de dados, Especialista em“cloud computing”, Gestor de big data, Técnico em telemedicina, Gestor de marketing parae-commerce, entre outras, o que leva a um quadro de insuficiência de profissionaisqualificados para os empregos de alta tecnologia. Enquanto isso, países como EstadosUnidos estão discutindo a facilitação de vistos de trabalho para os imigrantes que sãoqualificados nestas áreas, dentre outras iniciativas que visam reduzir esta deficiência.

Apesar de terem sido feitos investimentos significativos na área de educaçãoprofissionalizante, é patente a descoordenação das diversas esferas de governo, dainiciativa privada e de outras entidades da área, o que agrava o quadro de falta de mão deobra devidamente e oportunamente preparada, além de provocar um desperdício derecursos.

É necessário, assim, que o Governo do Estado exerça sua liderança para coordenaresforços e articular/incentivar, dentro de uma política de longo prazo, o papel maiseficiente que pode ser exercido pelos diversos agentes públicos e privados no campo daeducação, requisito indispensável para o desenvolvimento do setor.

“Dificuldades de Financiamento”

Em geral instrumentos de crédito ofertados à indústria de informática, sobretudo asMPMEs de software, se caracterizam pela utilização de requisitos tradicionais paraconcessão de financiamentos, baseados em garantias reais, desconsiderando as altastaxas de incerteza inerentes ao desenvolvimento de software e outros produtosinovadores, aliadas à característica dessas empresas de situar a maior parcela de seusativos no capital humano, relacionamento com clientes e acervo de programas.

Como forma de facilitar o financiamento de empresas do setor, sugere-se:

Financiamento através de linhas de crédito especiais para empresas cujos ativossão intangíveis e que não tem garantias reais a oferecer.

Estímulo a projetos de desenvolvimento tecnológico: incentivos fiscais efinanciamento de P&D, cooperação universidade-empresa, bolsas de estudos,apoio a certificação de empresas, apoio a congressos científicos, etc.

Financiamento em Rede: onde é privilegiado a contribuição da empresa financiadapara o desenvolvimento local; atenda a um arranjo, colocando as empresas nocentro do processo; compartilhe o risco entre investidores e permita a customizaçãodos produtos financeiros.

“Novos Desafios e Oportunidades”

As empresas cearenses de TIC poderão se beneficiar de novos mercados que estãosendo abertos pelas ondas tecnológicas, mas é necessário que “Governo, Universidades

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e Centros de Tecnologia, e Empresas” estejam preparados, sendo oportuno destacar, paratal, as seguintes sugestões:

Data Centers

A localização estratégica do Ceará poderá se concretizar como vantagem comparativapara implantação de grandes “Data Centers”, que poderão atender especialmente acrescente demanda nas áreas de “Big data, Computação em nuvem e da Internet móvel”,entre outras. Destaque-se que “Data Centers” são grandes consumidores de energia -neste aspecto o Ceará é um forte e potencial produtor de energias eólica, solar e térmica.

Internet das Coisas

Desenvolvimento de soluções tecnológicas para Internet das Coisas abre um novo esignificativo mercado para as empresas de TIC de diversos portes. A Internet das Coisas ébaseada na conexão, em rede, de pessoas, processos, dados e objetos e o valor quesurge quando “tudo” se liga à rede. Muitas transições tecnológicas – incluindo amobilidade crescente, a emergência do cloud computing e a maior relevância do Big Dataentre outros – combinam-se para permitir maior eficiência à Internet das Coisas.

Esta nova fronteira econômica pode e deve ser explorada em praticamente todos ossetores de negócio, como saúde, educação, transporte, engenharia, etc. Cite-se, poroportuno, alguns exemplos de aplicações de um mercado que já movimenta no Brasilmais de 2 bilhões de dólares por ano: monitoração remota de prédios, casas, pontes eelevadores; otimização do consumo de energia; cidades inteligentes; segurança pública eprivada; agricultura moderna; defesa civil; roupas e acessórios inteligentes; cuidadosmédicos com diagnósticos mais eficientes e rápidos; manutenção, inclusive segurançaveicular.

“Outras Sugestões”

Elaboração de Plano Estratégico de Longo Prazo, para que empresas,universidades, prefeituras e outros agentes se sintam estimulados a desenvolveremprojetos de investimentos e outras atividades no setor;

Inserção de tecnologia, especialmente tecnologia da informação (que é umacompetência transversal), no coração do desenvolvimento econômico. A tecnologiatem sido o estímulo e catalisador de grande parte dos avanços econômicos globaisao longo dos últimos 20 anos. Países como os EUA, Países Nórdicos, e Índia, quecolocaram a tecnologia de forma exponencial no centro da sua estratégia dedesenvolvimento, tem sido extraordinariamente bem sucedidos;

Ampliação de Investimentos em P&D (Europa 2020, estratégia de 10 anos propostapela Comissão Europeia define como meta de investimento de 3% do PIB em P&D,dos quais 1% oriundo de governos e 2% a partir de financiamento privado) –Igualmente importante é desburocratização de processos de acesso a essesrecursos;

Criação de Sistema Cearense de Parques Tecnológicos - Implantação de parquestecnológicos com o apoio de Governos Municipais, Federal e “Iniciativa Privada”,em parceria com instituições de ensino, para hospedarem (incubadoras) empresasiniciantes (startups e spin-offs), laboratórios de empresas renomadas, empresasâncoras e outras empresas inovadoras de base tecnológica que utilizemferramentas de TIC com insumo básico de seus produtos;

Incentivos de ICMS, como, por exemplo, outorga de créditos equivalentes aparcelas de ICMS, e outros tipos de financiamentos, para as empresas instaladasem parques tecnológicos que implantem, no local, uma unidade de Pesquisa eDesenvolvimento (P&D) – As unidades de P&D teriam como objetivo a produção de

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avanços do conhecimento sobre produtos e serviços, de forma a aplicá-los nodesenvolvimento de novos produtos;

Utilização do Cinturão Digital como uma ferramenta importante para implantação de“Parques de Tecnologia” em regiões do Estado onde possam ser criadosecossistemas formados principalmente pelo governo, setor produtivo einfraestrutura científico-tecnológica. Estes ecossistemas serão embriões detecnopólos, promovendo industrialização com empresas de alta tecnologia nasprincipais regiões do Ceará. – Como passo inicial, os próprios Governos, Estaduale Municipais, poderiam utilizar empresas localizadas nestes parques tecnológicos,para desenvolver soluções para problemas, por exemplo, de melhorias na saúde eeducação;

Projeto de Apoio às Empresas, Universidades e Parques Tecnológicos paracaptação de recursos de Editais de Inovação, Fundos Setoriais e FinanciamentosNacionais e Internacionais;

Incentivo a Criação de Incubadoras de empresas em Centros de Ensino e Pesquisana Região Metropolitana de Fortaleza e no Interior - as incubadoras devem procuraraliar as “Tecnologias da Informação e Comunicação” e a “Internet das Coisas” comas principais atividades econômicas dos municípios;

Articulação de participação de entidades federais, estaduais e municipais no capitalde empresa privada que vise o desenvolvimento de projetos científicos outecnológicos;

Anexo

Map of the World's Major Submarine Cable Systems and Landing Stations