tecnica medicina e etica - capa

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Ao resgatar filosoficamente o tema da vida, apoia- do nos dados das ciências biológicas, o autor aponta os desafios e as ameaças contemporâneas lançadas pela técnica, diante dos quais seria preciso formular novos critérios éticos, visto que os modelos tradicio- nais já não dão conta da nova realidade. O tema central da obra é o fato de que a técnica transformou o homem em seu objeto. De sujeito da tecnologia, os avanços no campo da medicina e da moderna biotecnologia fizeram do ser humano um objeto, ou seja, uma espécie de artefato. Quais as consequências disso no campo ético, e quais as novas exigências e obrigações daí advindas? Até onde podem ir os experimentos com seres humanos? O que restará ainda da imagem do homem caso a técnica melhorativa realizar seu projeto utópico? Em que consiste o fato, ontológica e eticamente falando, de que o homem tenha se habilitado a “refabricar in- ventivamente” a si mesmo? Eis alguns dos problemas tão graves e urgentes quan- to polêmicos que Hans Jonas enfrenta nesta obra. HANS JONAS nasceu na Ale- manha em 1903 e faleceu nos Estados Unidos em 1993. Judeu, foi atingido pelos eventos mais marcan- tes do século XX, em espe- cial as duas guerras, o nazis- mo, o avanço dos poderes da técnica e o surgimento da sociedade de consumo e a crise ambiental. Aluno de Husserl, Heidegger e Bult- mann, amigo de Hannah Arendt, foi professor na Palestina, no Canadá e em Nova York, onde trabalhou na New School for Social Re- search. Engajado com seu tempo, elabora um pensa- mento original que come- ça com os estudos sobre o gnosticismo, passa por uma ontologia da vida, pelo diagnóstico das ameaças da técnica moderna, até che- gar ao princípio responsa- bilidade, com o qual ganha repercussão internacional. O fio condutor de seu pen- samento será a reflexão so- bre o dualismo como marca Hans Jonas Técnica, medicina e ética da cultura ocidental, ao qual pretende ofe- recer uma alternativa no campo da com- preensão da vida atra- vés de uma filosofia da biologia, base de sua proposta ética. Para ele, a promessa utópi- ca da técnica se tornou uma ameaça para a vida e é preciso propor uma ética da respon- sabilidade que leve em conta o âmbito da natureza e as gerações do futuro. Técnica, me- dicina e ética, de 1985, é a aplicação dessas premissas ao campo da biotecnologia e das práticas médicas. Com essa obra e com sua atuação no Hastings Center-on-Hudson de estudos interdiscipli- nares, Jonas se torna também uma referên- cia para o campo da bioética. Tecnica Medicina e Etica - Capa.indd 1 27/11/13 10:49

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Jonas

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Ao resgatar fi losofi camente o tema da vida, apoia-do nos dados das ciências biológicas, o autor aponta os desafi os e as ameaças contemporâneas lançadas pela técnica, diante dos quais seria preciso formular novos critérios éticos, visto que os modelos tradicio-nais já não dão conta da nova realidade.O tema central da obra é o fato de que a técnica transformou o homem em seu objeto. De sujeito da tecnologia, os avanços no campo da medicina e da moderna biotecnologia fi zeram do ser humano um objeto, ou seja, uma espécie de artefato.Quais as consequências disso no campo ético, e quais as novas exigências e obrigações daí advindas? Até onde podem ir os experimentos com seres humanos? O que restará ainda da imagem do homem caso a técnica melhorativa realizar seu projeto utópico? Em que consiste o fato, ontológica e eticamente falando, de que o homem tenha se habilitado a “refabricar in-ventivamente” a si mesmo?Eis alguns dos problemas tão graves e urgentes quan-to polêmicos que Hans Jonas enfrenta nesta obra.

HANS JONAS nasceu na Ale-manha em 1903 e faleceu nos Estados Unidos em 1993. Judeu, foi atingido pelos eventos mais marcan-tes do século XX, em espe-cial as duas guerras, o nazis-mo, o avanço dos poderes da técnica e o surgimento da sociedade de consumo e a crise ambiental. Aluno de Husserl, Heidegger e Bult-mann, amigo de Hannah Arendt, foi professor na Palestina, no Canadá e em Nova York, onde trabalhou na New School for Social Re-search. Engajado com seu tempo, elabora um pensa-mento original que come-ça com os estudos sobre o gnosticismo, passa por uma ontologia da vida, pelo diagnóstico das ameaças da técnica moderna, até che-gar ao princípio responsa-bilidade, com o qual ganha repercussão internacional. O fi o condutor de seu pen-samento será a refl exão so-bre o dualismo como marca

Hans Jo

nas Técnica, med

icina e ética

da cultura ocidental, ao qual pretende ofe-recer uma alternativa no campo da com-preensão da vida atra-vés de uma fi losofi a da biologia, base de sua proposta ética. Para ele, a promessa utópi-ca da técnica se tornou uma ameaça para a vida e é preciso propor uma ética da respon-sabilidade que leve em conta o âmbito da natureza e as gerações do futuro. Técnica, me-dicina e ética, de 1985, é a aplicação dessas premissas ao campo da biotecnologia e das práticas médicas. Com essa obra e com sua atuação no Hastings Center-on-Hudson de estudos interdiscipli-nares, Jonas se torna também uma referên-cia para o campo da bioética.

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