tecnews - 16/04/14

6
16 | 04| 2014 PESQUISADORES ALERTAM PARA ENTRADA DE NOVO VÍRUS NO BRASIL Fonte: G1 Pesquisadores brasileiros e fran- ceses estão preocupados com o risco de entrada de um novo vírus no Brasil. E o transmissor a gente conhece muito bem. O vírus tem um nome difícil de pro- nunciar: chikungunya. E é transmiti- do pelo mosquito aedes aegypti . A febre chikungunya ficou um lon- go tempo restrita à África. Por volta de 2004, o vírus migrou para a Ásia e também para a Europa. Os sintomas mais comuns são parecidos com os da dengue, apesar de não haver parentesco entre os vírus. A única diferença é a dor intensa nas articulações, que pode durar meses. “É uma dor que pode ser incapacitante, ou seja, que impeça a pessoa de se locomover ade- quadamente, e que pode permanecer durante um bom tempo depois do desaparecimento da febre”, explica o infectologista Celso Ramos. O chikungunya não tem a forma hemorrágica. E não tem vacina. Para tratar, é preciso cuidar dos sintomas. Por enquanto o Brasil só registrou casos importados de chikungunya, ou seja, pessoas que foram infectadas fora do país. Mas o surgimento de casos em algumas ilhas do Caribe, e tam- bém na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Amapá, deixou os pesquisadores brasileiros em alerta. Para eles, o risco de transmissão da doença aqui é real. O pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto Osvaldo Cruz, no Rio, coordenou o estudo sobre a nova doença com o Instituto Pasteur, de Paris. Segundo ele, a prevenção é igual à da dengue: evitar água parada onde os mosquitos se reproduzem. Ricardo Lourenço afirma que o Brasil vai estar mais vulnerável à chegada do chikungunya durante a Copa do Mundo. “Quando tem viajantes chegando de áreas endêmicas e epidêmicas, estando muito próximo do Brasil, e havendo eventos como Copa do Mundo, faz um fluxo muito grande e aumenta a vulnerabilidade, portanto, as chances de transmissão local”, declara Ricardo Lourenço, pesqui- sador do Instituto Oswaldo Cruz. O Ministério da Saúde declarou que tem treinado médicos e laboratórios e orientado secreta- rias municipais e estaduais. www.grupoastral.com.br .br

Upload: grupo-astral

Post on 14-Mar-2016

218 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Informativo semanal com notícias sobre o mundo das pragas.

TRANSCRIPT

Page 1: TecNews - 16/04/14

16 | 0

4| 2

014

PESQUISADORES ALERTAM PARA ENTRADA DE NOVO VÍRUS NO BRASILFonte: G1

Pesquisadores brasileiros e fran-ceses estão preocupados com o risco de entrada de um novo vírus no Brasil. E o transmissor a gente conhece muito bem.

O vírus tem um nome difícil de pro-nunciar: chikungunya. E é transmiti-do pelo mosquito aedes aegypti.

A febre chikungunya ficou um lon-go tempo restrita à África. Por volta de 2004, o vírus migrou para a Ásia e também para a Europa.

Os sintomas mais comuns são parecidos com os da dengue, apesar de não haver parentesco entre os vírus. A única diferença é a dor intensa nas articulações, que pode durar meses.

“É uma dor que pode ser incapacitante, ou seja, que impeça a pessoa de se locomover ade-quadamente, e que pode permanecer durante um bom tempo depois do desaparecimento da febre”, explica o infectologista Celso Ramos.

O chikungunya não tem a forma hemorrágica. E não tem vacina. Para tratar, é preciso cuidar dos sintomas.

Por enquanto o Brasil só registrou casos importados de chikungunya, ou seja, pessoas que foram infectadas fora do país. Mas o surgimento de casos em algumas ilhas do Caribe, e tam-bém na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Amapá, deixou os pesquisadores brasileiros em alerta. Para eles, o risco de transmissão da doença aqui é real.

O pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto Osvaldo Cruz, no Rio, coordenou o estudo sobre a nova doença com o Instituto Pasteur, de Paris. Segundo ele, a prevenção é igual à da dengue: evitar água parada onde os mosquitos se reproduzem.

Ricardo Lourenço afirma que o Brasil vai estar mais vulnerável à chegada do chikungunya durante a Copa do Mundo.

“Quando tem viajantes chegando de áreas endêmicas e epidêmicas, estando muito próximo do Brasil, e havendo eventos como Copa do Mundo, faz um fluxo muito grande e aumenta a vulnerabilidade, portanto, as chances de transmissão local”, declara Ricardo Lourenço, pesqui-sador do Instituto Oswaldo Cruz.

O Ministério da Saúde declarou que tem treinado médicos e laboratórios e orientado secreta-rias municipais e estaduais.

www.grupoastral.com.br.br

Page 2: TecNews - 16/04/14

www.grupoastral.com.br

CASOS DE DENGUE ESTÃO FICANDO MAIS GRAVES NO BRASILFonte: sites.uai.com.br

O Ministério da Saúde divulgou em meados de março uma redução de 80% nos casos de den-gue registrados no país no primeiro bimestre de 2014 em relação a 2013. Para contextualizar a boa notícia, é importante lembrar que, no ano passado, a transmissão da doença superou todas as experiências anteriores no Brasil: foram notificados dois milhões de casos. O dado positivo também vem perdendo força com notícias que chegam de São Paulo. No início de abril, a capital paulista assistiu a um aumento de 55% no número de casos de dengue em uma semana e a incidência da doença até o início deste mês cresceu 42% na comparação com o mesmo período de 2013. Em Minas, até o momento, foram confirmados 8.029 casos e sete mortes pela doença.

No Brasil, além de a incidência da doença estar numa crescente do ponto de vista global, a gravidade dos casos também aumenta. Pesquisadores brasileiros se debruçaram em 51 estudos realizados entre 2000 e 2010 com o objetivo de compreender o comportamento da doença no país. Publicado no periódico científico PLOS Neglected Tropical Diseases com o título Epidemio-logical Trends of Dengue Disease in Brazil (2000–2010): A Systematic Literature Search and Analy-sis a pesquisa mostra que o número de mortes e a quantidade de hospitalizações têm crescido em razão não só da alta incidência da doença, mas também em função da circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus no país. No período analisado foram contabilizados 8,44 milhões de casos – o maior volume em todo o continente americano entre 2000 e 2010 -, sendo 221 mil casos graves, com mais de 3 mil mortes.

Autores dessa revisão de literatura, João Bosco Siqueira Junior, Lúcia Bricks e Maria Gloria Teixeira também observaram uma distribuição da doença em todas as faixas etárias. Desde 2007, a den-gue, que era mais comum em adultos jovens, também passou a acometer de forma sistemática crianças e idosos. É importante lembrar ainda, que pelo fato de o sorotipo 4 do vírus ter entrado no país há pouco tempo, desde 2011, a maior parte da população com menos de 30 anos está susceptível à doença.

Para os pesquisadores, embora imprescindíveis, as ações de controle ao mosquito não têm sido efetivas. Infelizmente, a população não está sensibilizada para entender o impacto dos focos do

Page 3: TecNews - 16/04/14

Aedes aegypti dentro das casas. Como ainda não existe uma vacina, a situação fica mais com-plicada e a disseminação não para. Por isso, a recomendação continua a mesma: para conter o avanço da epidemia, brasileiros precisam manter o ambiente doméstico livre de criadouros do mosquito. E atenção para os sinais de alerta da doença: febre alta, dor abdominal intensa, tontura com desmaios e rompimento de vasos superficiais da pele.

O Saúde Plena conversou com o professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás, João Bosco Siqueira Junior, um dos autores da pesquisa, que comenta os prin-cipais pontos do estudo que analisou a dengue no Brasil entre 2000 e 2010.

Casos mais graves

Para João Bosco Siqueira Junior, a conclusão de que o Brasil vive o crescimento da disseminação da doença, do número de internações e do número de mortes, mostra a necessidade de usar todas as alternativas tecnológicas disponíveis para controlar a transmissão da dengue. “Vimos no ano passado a maior transmissão de dengue na história do Brasil. Não temos uma resposta sim-ples para isso porque é sempre multifatorial. Fatores climáticos podem favorecer a reprodução do mosquito e a chegada de um sorotipo novo de vírus também influencia. Notamos também que, em anos de grandes epidemias temos um sorotipo predominando. Em 2002, era o dengue 3; em 2008, o dengue 2; e, em 2010, o dengue 1”, explica.

Segundo ele, a alternância na predominância de um sorotipo do vírus explicaria a razão de as crianças estarem se contaminando mais com o passar dos anos. “Só o grupo que foi exposto anteriormente está imunizado”, explica. Para ajudar a entender, uma criança que nasceu em 2010 pode não ter tido contato com o sorotipo 3 já que, nessa época, predominava a circulação do sorotipo 1, por exemplo. No entanto, os adultos de 2002 tiveram esse contato. Apesar de sempre predominar um tipo de vírus, atualmente no Brasil circulam quatro sorotipos da dengue.

Outra razão, afirma João Bosco, é que a maioria das crianças não apresenta sintomas. Por isso, a distribuição da doença por faixa etária não refletir muito a realidade da disseminação. “Nas crianças os sintomas costumam ser mais inespecíficos e mais leves. Além disso, elas não conse-guem dizer claramente o que estão sentindo”, diz. O pesquisador vê com preocupação não só o fato de a doença estar atingindo mais essa faixa etária, mas os casos graves também estarem aumentando.

Dengue de novo

Se uma pessoa já teve dengue e tem contato com um outro sorotipo do vírus a doença vai se manifestar sempre de forma mais grave? Segundo João Bosco essa é uma das perguntas que rondam a doença ainda sem reposta definitiva. “Sabemos que infecções sequenciais podem le-var a casos mais graves, isso acontece com algumas pessoas, mas não com todas. O contato com o sorotipo não é um fator em si que determina casos mais graves”, explica. Segundo ele, essa foi a razão de a Organização Mundial de Saúde deixar de usar o termo dengue hemorrágica. “Não é só a febre hemorrágica (quando a perda de líquido acontece dentro do corpo) que é um caso grave de dengue”, explica.

Dor abdominal intensa, vômitos persistentes, tontura, queda de pressão são sintomas que podem indicar casos de dengue grave. Qualquer um desses sinais é motivo para procurar

www.grupoastral.com.br

Page 4: TecNews - 16/04/14

ajuda médica. João Bosco frisa que a hidratação rigorosa é o tratamento contra a doença já que pode ocorrer perda de líquido externo (diarreia) e perda de líquido interno (febre hemorrágica). “Dengue deveria ser associada a aumentar o consumo de líquidos”, reforça. O pesquisador alerta ainda que febre abaixando não é indicativo de melhora do quadro da doença. “Casos graves acontecem quando a febre está diminuindo, no quarto ou quinto dia da doença”, diz.

Nem a vacina isenta a população de participar

João Bosco salienta que a imensa maioria dos focos de dengue estão dentro de casa. “A dengue deveria ser uma preocupação de cada cidadão no Brasil. É preciso cada um ter compreensão e clareza de que nós todos estamos em risco de adoecer. Se a população não participar, já está claro que as ações públicas não vão funcionar sozinhas. E mesmo que exista a vacina, ela não será uma medida mágica que vai acabar com a doença no país. Até por que a vacina está sendo pensada para ser mais usada em crianças”, informa.

Outro aspecto importante é que a febre amarela urbana é transmitida pelo Aedes aegypti e te-mos também o Chikungunya, novo vírus que também é transmitido pelo mosquito da dengue, e é ameaça real na América do Sul. Por isso, segundo o pesquisador, não se pode deixar de fazer o controle do vetor transmissor.

Tecnologias de combate à dengue

O professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás afirma que o Ministério da Saúde tenta acompanhar todas as tecnologias disponíveis de controle à dengue. João Bosco cita, por exemplo, uma armadilha para o mosquito adulto que consiste em infectá-lo com uma bactéria (que não prejudique a saúde humana) que impede que o Aedes aegypti seja contaminado pelo vírus da dengue. Outra alternativa, ainda segundo o professor, é modificar o mosquito geneticamente, liberá-los no meio ambiente, misturá-los a outros e, desse cruza-mento, os que nascerem não terem asas. “Junto com a vacina, essas experiências são potenciais ferramentas de controle da doença”, afirma.

Pesquisadores também se esforçam para encontrar um método que diagnostique a dengue com rapidez. Na semana passada, foi divulgado que a Universidade de São Paulo (USP) desen-volveu um sensor que oferece o diagnóstico da doença em 20 minutos. O método foi patentea-do e aguarda avaliação da Anvisa .

www.grupoastral.com.br

Page 5: TecNews - 16/04/14

www.grupoastral.com.br

A cheia do rio Madeira e afluentes trouxe para Rondônia a preocupação com doenças de veicu-lação hídrica. O caso mais grave é o de leptospirose. Doença causada por uma bactéria presente na urina de ratos. De acordo com a diretora-geral da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) de Rondônia, Arlete Baldez, os casos da doença já sinalizam para um surto epidêmico.

Segundo Arlete, foram registrados 56 casos de leptospirose em Rondônia, sendo 22 em Porto Velho. ”Comparando com o mesmo período de 2013 significa para o Estado um aumento de cerca de 143% de aumento e 100% em relação ao município de Porto Velho”, disse. Os dados são do boletim epidemiológico concluído na última sexta-feira (4), que deve ser disponibilizado esta semana no site da Agevisa.

A diretora explicou como uma doença assume a condição de epidemia. ”Tem o número de casos esperados por semana epidemiológica e nós acompanhamos para saber se o número de casos está dentro do esperado para aquele período. Quando o número está além do esperado aí a gente diz que estamos em uma situação epidêmica”, esclareceu.

Segundo Arlete, neste primeiro trimestre do ano há registro de casos de leptospirose além do esperado em Porto Velho e em Machadinho d’Oeste – nesta última cidade as ocorrências não tem relação com a enchente. “Em Machadinho do Oeste já estamos trabalhando e o número de casos começaram a diminuir. Diferente de Porto Velho, onde estamos observando um aumento gradativo de casos a cada semana”, disse.

Número de casos de leptospirose na capital de Rondônia agrava-se dia após dia. “Em Porto Velho, a gente já está sinalizando uma situação de surto de leptospirose. E todas as medidas de contro-le, independente de surto ou não estão sendo tomadas”, assegurou diretora-geral da Agevisa, que tem percebido o aumento de casos de doenças respiratórias nos abrigos para onde foram levadas as pessoas atingidos pela enchente. ”Muitas pessoas juntas, isso predispõe a transmissão de doenças respiratórias. Nós já estamos monitorando esses abrigos e o trabalho vai ficar mais

CASOS DE LEPTOSPIROSE AUMENTAM 143% DURANTE ENCHENTE EM RONDÔNIAFonte: portalamazonia.com.br

Page 6: TecNews - 16/04/14

www.grupoastral.com.br

fácil quando todos forem para o abrigo único, pois vamos concentrar todos os esforços, todos os técnicos em um só local”.

A reportagem do Portal Amazônia teve acesso ao último boletim epidemiológico da Agevisa, disponível com dados registrados até 28 de março. O relatório aponta que de janeiro até março de 2013 foram registrados 23 casos de leptospirose no Estado. No mesmo período deste ano fo-ram 49 casos. A maioria dos casos foram notificados em Porto Velho (18) e Machadinho d’Oeste (14).

Casos de doenças diarréicas também foram monitorados. Segundo o boletim, até 11ª semana de 2013 houve 8.854 casos de doenças diarreicas agudas em Rondônia; já no mesmo período de 2014 são 8.128 casos. Em Porto Velho, foram registrados 1.605 casos até a 11ª semana de 2013 e 1.347 casos em igual período de 2014.

Pós-cheia

A diretora da Agevisa disse que doenças que já vinham preocupando durante as cheias tendem a se agravar mais no pós- cheia. ”É o caso da leptospirose, pois passou o período de incubação depois do contato. Então alguns dias depois do contato é que aparecem os sintomas da doença. Toda a nossa rede do Estado e dos municípios atingidos estão em alerta”, contou.

Segundo a diretora, há duas semanas a Agevisa tem verificando o reflexo dos indicadores é o resultado é que os casos das doenças estão aumentando. ”Há aumento de caso de diarreia, de leptospirose, aumento por acidente com animais peçonhentos e agora no pós-cheia novos cui-dados são precisos com doenças vetoriais como malária e dengue por conta do número enorme de criadouros que vão se formar”.

Período mais crítico

O nível do rio Madeira começa a baixar. Nesta terça-feira (8) estava em 19,49 metros – abaixo dos 19,60 metros do dia anterior. A diminuição é motivo de comemoração por um lado e preocupa-ção por outro. ”Esse início de estiagem está sendo muito festejado, mas também é o momento de mais trabalho – o mais complexo. É quando vamos está avaliando a segurança dessa popula-ção que voltam para casa e como fazer a desinfecção dessas casas”, disse Arlete.

Medidas voltadas para a segurança da água são estudadas por órgãos públicos de saúde munici-pal, estadual e federal. O trabalho é importante devido às condições do rio Madeira. “Para os ribeirinhos só tem uma alternativa de água que é o rio Madeira e ele está contaminado. Essa con-taminação se dá pelo lixo, temos as fossas que foram inundadas. Tem também os esgotos que estão contaminando esta água. Tem os animais mortos que junto com aquela matéria orgânica potencializam o aumento de bactérias e de uma série de outros agentes que podem causar do-ença no homem. Nós temos também substâncias químicas provenientes de inseticidas usados nas plantações”, alertou.