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19 | 06| 2013 www.grupoastral.com.br VACINA CONTRA DENGUE PODERÁ PREVENIR TODOS OS TIPOS DA DOENÇA Fonte: epharma.com.br Dengue afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas todos os anos no mundo. No Brasil, 800 mil pessoas já foram atingidas pela doença entre os meses de janeiro e abril deste ano A dengue é uma das doenças com o maior crescimento nos últimos anos. Contudo, a expecta- tiva é que o quadro mude de figura até 2015, já que alguns laboratórios cuidam da prevenção efetiva da doença. Já está em estudo uma vacina para prevenir os quatro tipos da doença, a fim de erradicar os surtos que ocorrem no Brasil, em geral, no verão. A vacina, criada pelo grupo farmacêutico Sanofi Pasteur, divisão de vacinas da Sanofi, da França, parece ser uma das mais promissoras, do ponto de vista clínico e industrial. O trabalho, há mais de 20 anos em desenvolvimento, pode render como resultado uma proteção aliada às medidas de prevenção da proliferação do mosquito. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dengue afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas todos os anos e só no Brasil quase 800 mil pessoas foram atingidas pela doença entre janeiro e abril deste ano. Jair Rosa Duarte, biólogo consultor da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas (AB- CVP), explica que a vacina só será eficaz se for polivalente. Ele explica que a aplicação da vacina não evita a proliferação do vetor, pois a ligação dela é com o vírus.

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Informativo semanal com notícias sobre o mundo das pragas.

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VACINA CONTRA DENGUE PODERÁ PREVENIR TODOS OS TIPOS DA DOENÇAFonte: epharma.com.br

Dengue afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas todos os anos no mundo. No Brasil, 800 mil pessoas já foram atingidas pela doença entre os meses de janeiro e abril deste ano

A dengue é uma das doenças com o maior crescimento nos últimos anos. Contudo, a expecta-tiva é que o quadro mude de figura até 2015, já que alguns laboratórios cuidam da prevenção efetiva da doença. Já está em estudo uma vacina para prevenir os quatro tipos da doença, a fim de erradicar os surtos que ocorrem no Brasil, em geral, no verão.

A vacina, criada pelo grupo farmacêutico Sanofi Pasteur, divisão de vacinas da Sanofi, da França, parece ser uma das mais promissoras, do ponto de vista clínico e industrial. O trabalho, há mais de 20 anos em desenvolvimento, pode render como resultado uma proteção aliada às medidas de prevenção da proliferação do mosquito.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dengue afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas todos os anos e só no Brasil quase 800 mil pessoas foram atingidas pela doença entre janeiro e abril deste ano.

Jair Rosa Duarte, biólogo consultor da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas (AB-CVP), explica que a vacina só será eficaz se for polivalente. Ele explica que a aplicação da vacina não evita a proliferação do vetor, pois a ligação dela é com o vírus.

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INFESTAÇÃO DO MOSQUITO DA DENGUE EM PORTO ALEGRE É A MAIOR EM 10 ANOSFonte: G1

O nível de infestação do mosquito da dengue em Porto alegre aumentou de 4,6% em janeiro para 5,8% em abril, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (6) pela Secretaria Muni-cipal de Saúde (SMS). Trata-se do maior índice registrado na capital gaúcha nos últimos 10 anos.

Conforme a SMS, o resultado do estudo indica níveis alarmantes de infestação de Aedes Aegypti na capital gaúcha. O mosquito está presente em 77 dos 82 bairros amostrados. Em apenas cinco não foram identificadas larvas do mosquito transmissor da dengue.

O Índice de Infestação Predial é maior nos bairros da Zona Sul de Porto Alegrx, chegando a 14,2%. Em nove bairros os índices de infestação calculados eram superiores a 10%, indicando condição de risco elevado para a transmissão do vírus da dengue.

De acordo com as Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue os parâmetros para classificação quanto à infestação pelo mosquito causador da dengue, são: menor que 1%, satisfatório; entre 1 e 3,9%, alerta; e acima de 3,9%, alto risco.

“Sem vírus, ainda que haja proliferação do mosquito, não há transmissão da doença. De todo modo, o controle dos mosquitos vetores será sempre fundamental nas áreas urbanas”, esclarece.

A vacina, segundo ele, é mais uma ferramenta de controle da doença. As medidas de combate, como campanha 10 Minutos contra a Dengue, cujo objetivo é engajar a população no combate ao foco do mosquito Aedes aegypti, vão permanecer e há necessidade que a vacinação seja disponibilizada de forma ampla pelos órgãos públicos.

Quanto ao andamento da pesquisa, o biólogo explica que os estudos estão avançados. Alguns testes não apresentaram a eficiência esperada. “Os estudos têm evoluído para a eficiência para todos os sorotipos e disponibilização para a prevenção da população”, completa.

Fim da epidemia nos municípios fluminenses

A Secretaria de Saúde do estado informou essa semana que todos os 92 municípios fluminenses estão livres de epidemia de dengue. Até o último boletim, de 25 de maio, o Rio de Janeiro havia contabilizado, neste ano, 28 mortes por dengue e notificado 178.765 casos suspeitos da doença em todo o estado. A epidemia estava confirmada em 29 municípios.

Segundo a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Saúde, a redução no número de casos de dengue já era esperada com a chegada dos dias mais frios e a intensificação das ações de controle da doença.

O boletim da Secretaria mostra que 12 pessoas morreram vítimas de dengue no município do Rio neste ano, o maior número de todo o estado. Depois vieram São Gonçalo, com três mortes, Maricá, com duas, e Magé, Volta Redonda, Itaocara, Itaperuna, Petrópolis, Duque de Caxias, São João de Meriti, Pinheiral, Valença, Barra Mansa e Campos dos Goytacazes, com uma morte em cada município.

Conforme a Secretaria de Saúde, de janeiro a maio do ano passado, foram notificados em todo o estado 145.078 casos suspeitos de dengue, com 34 mortes.

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O levantamento diz que 59% dos criadouros com a presença do mosquito da dengue estão em recipientes pequenos e móveis, como vasos, pratinhos que suportam vasos, potes e vasilhames de uso na residência.

Os depósitos fixos, como ralos e calhas e os resíduos sólidos foram também itens frequentes com larvas do mosquito, cada um com 12% de ocorrência. Depósitos naturais, como as bromé-lias, representaram 10% dos criadouros positivos.

Já os pneus representaram 6%, enquanto os depósitos para armazenamento de água para consumo humano no nível do solo tiveram ocorrência de 1%. Não foram encontradas larvas do mosquito nos depósitos de água para consumo humano vistoriados.

A malária ainda atinge meio bilhão de pessoas todos os anos em diversas partes do mundo. Sua maior incidência ocorre no continente africano, onde o Plasmodium falciparum, o protozoário causador da doença, é transmitido pelo mosquito Anopheles gambiae, cujo genoma foi sequen-ciado em 2002. No mês passado, pesquisadores de 25 laboratórios brasileiros que integram a Rede Genoma Brasileiro finalizaram os trabalhos de sequenciamento do genoma do mosquito transmissor da doença na região amazônica, o Anopheles darlingi.

O Laboratório de Genética Molecular e Genômica de Tripanossomatídeos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG teve participação direta no sequenciamento do genoma do mosquito. As atividades foram coordenadas pela professora Santuza Teixeira, do Departamento de Bioquímica e Imunologia, com a participação do também professor do ICB, Ricardo Gazzinelli.

O genoma de um indivíduo consiste na sequência de bases que constituem o seu DNA, respon-sável por determinar suas características fenotípicas (físicas). A descrição de um genoma permite que os pesquisadores consigam prever quais características podem se manifestar no indivíduo

REDE GENOMA CONCLUI SEQUENCIAMENTO GENÉTICO DO MOSQUITO TRANSMISSOR DA MALÁRIA AMAZÔNICAFonte: planetauniversitario.com

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estudado.

O processo de sequenciamento genético é complexo e conta com três etapas. Inicialmente, o trabalho é focado na descoberta do tamanho do genoma. Esse processo determina algumas de suas características como o número de cromossomos que será seqüenciado.

“Uma maneira de estimar o tamanho do genoma é por meio da coloração do DNA do indivíduo com uma substância fluorescente. Medindo a quantidade dessa fluorescência, conseguimos visualizar o tamanho do genoma que vamos estudar”, esclarece a professora Santuza.

Depois desse processo, o DNA é purificado e fragmentado, uma vez que o sequenciamento não pode ser feito em uma única etapa. “Sequenciamos pedaços de DNA. Como a fragmentação é feita de forma aleatória, vários pedaços possuem sobreposição de sequências, o que nos permite ‘remontar’ o genoma por meio de programas que buscam essas sobreposições nas sequências geradas.

A maior dificuldade é reagrupar esses fragmentos do cromossomo no final do processo. Num último momento, fazemos a anotação do genoma, ou seja, analisamos a seqüência e observa-mos o que cada gene em cada posição do DNA é capaz de fazer”, explica.

Controle populacional

Segundo a pesquisadora, o sequenciamento do genoma do mosquito que transmite a malária na Amazônia traz boas perspectivas para o controle populacional do inseto, pois ferramentas de manipulação genética podem agora ser utilizadas para alterar sequências de DNA do Anopheles darlingi.

“Depois de sequenciá-lo, há a possibilidade de manipular o genoma e fazer com que mosquitos estéreis sejam liberados no meio ambiente”, afirma. O sequenciamento do Anopheles darlingi permite, ainda, o desenvolvimento de inúmeras outras pesquisas envolvendo a manipulação do genoma do mosquito. Essas pesquisas podem ajudar na redução da transmissão da doença na Amazônia.

“Uma das possibilidades de pesquisa consiste na identificação dos genes que codificam as pro-teínas e que têm a função de fazer o mosquito identificar o cheiro do ser humano (receptores de odores) e ser atraído para picá-lo. A inibição dessa proteína anularia essa capacidade do mosqui-to”, explica.

Pesquisa integrada

Para Santuza Maria Ribeiro, o sequenciamento do mosquito Anopheles darlingi só foi possível devido à Rede Genoma Brasileiro. A rede foi criada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia em 2001 e tem como objetivo realizar pesquisas integradas sobre genoma em vários laboratórios do país. A rede já havia feito vários sequenciamentos genéticos, mas a pesquisa com o Anopheles darlingi, por ser um organismo eucariótico e que apresenta grande variedade na população coletada para o sequenciamento, trouxe novos desafios.

“No caso do mosquito da malária, os estudos começaram em 2007, mas o trabalho só avançou mais rapidamente quando o laboratório de Bioinformática de Petrópolis adquiriu sequenciador de última geração que consegue fazer o sequenciamento com muito mais rapidez. A existência, dentro da Rede Genoma, de laboratórios com alta capacidade de sequenciamento e também de grupos da Amazônia e do exterior que tem grande conhecimento da biologia do Anopheles darlingi foi essencial para que pudéssemos concluir o trabalho”, diz.

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Os resultados do sequenciamento do mosquito transmissor da malária estão disponíveis na internet para pesquisadores do mundo inteiro, que poderão usá-los como base para novos estudos. “Agora qualquer pessoa que quiser estudar esse mosquito poderá acessar o genoma completo na internet. Esse sequenciamento é só o começo para novas pesquisas, que poderão culminar no desenvolvimento de novas formas de controle da transmissão da malária ”, conclui Santuza.

(Luana Macieira)

Artigo: The Genome of Anopheles darlingi, the main neotropical malaria vector.

Publicado na revista Nucleic Acids Research