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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO PRISCILA OENNING DE SOUZA O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA CELEBRADO COM AS INSTALAÇÕES IRREGULARES DA SUINOCULTURA NA CIDADE DE BRAÇO DO NORTE/SC NO ANO DE 2003. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL ORLEANS 2013

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Page 1: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

PRISCILA OENNING DE SOUZA

O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA CELEBRADO COM AS

INSTALAÇÕES IRREGULARES DA SUINOCULTURA NA CIDADE DE

BRAÇO DO NORTE/SC NO ANO DE 2003. VANTAGENS E

DESVANTAGENS DA SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL

ORLEANS

2013

Page 2: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

PRISCILA OENNING DE SOUZA

O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA CELEBRADO COM AS

INSTALAÇÕES IRREGULARES DA SUINOCULTURA NA CIDADE DE

BRAÇO DO NORTE/SC. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA

SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Barriga Verde – UNIBAVE. Orientador: Prof. André Garcia Alves Cunha

ORLEANS

2013

Page 3: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

PRISCILA OENNING DE SOUZA

O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA CELEBRADO COM AS

INSTALAÇÕES IRREGULARES DA SUINOCULTURA NA CIDADE DE

BRAÇO DO NORTE/SC. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA

SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL

Monografia apresentada, avaliada e aprovada no dia __ de fevereiro de 2013 como

requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito do Centro Universitário

Barriga Verde - UNIBAVE, pela banca examinadora constituída pelos professores:

Orleans, ___ de fevereiro de 2013.

_____________________________________ Professor e Orientador André Garcia Alves Cunha Centro Universitário Barriga Verde - UNIBAVE

_____________________________________ Prof. Xxxxxxxxxx Xxxxxxxx, abreviatura da titulação Centro Universitário Barriga Verde - UNIBAVE

___________________________________ Prof. Xxxxxxxxxx Xxxxxxxx, abreviatura da titulação Centro Universitário Barriga Verde - UNIBAVE

Page 4: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

Dedico este trabalho, com imensa gratidão aos meus pais Célito Hercílio de Souza (in memoriam) e Terezinha Oenning de Souza que de diferentes formas sempre foram muito presentes.

Page 5: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por tudo o que tenho na vida, por este sonho realizado e

por todos os frutos decorrentes deste que estão por vir.

A minha mãe Terezinha e meu irmão Murilo, por todo o incentivo ao longo dos

cinco anos do curso de Direito, e por não medirem esforços para que este se

concluísse, assim como pela paciência e compreensão no período de elaboração

deste trabalho, tornando assim a realização de um sonho em grupo.

Ao meu pai, sempre lembrado, e que está, como sempre foi, muito presente

em minha vida, pelo apoio na escolha do curso, e por me ajudar a planejar, sonhar,

acreditar e lutar por uma vida melhor para todos.

Ao meu noivo Edgar por ser meu companheiro, e por estar sempre presente

em todas as dificuldades nesta jornada chamada Vida, também pela ajuda, apoio e

incentivo necessário para a conclusão deste.

Ao meu orientador, professor André Garcia Alves Cunha, por todo

conhecimento e confiança depositados em mim, por toda dedicação e incentivo na

confecção do presente trabalho e por muitas risadas e aflições compartilhadas

durante esse período.

Às minhas amigas especiais, Pátila, Zilmara, Karla, por toda a ajuda e

companheirismo ao longo do curso, e principalmente, pela amizade verdadeira.

Aos professores do Curso de Direito, que me acompanharam nesta jornada e

que contribuíram na busca do conhecimento jurídico.

Page 6: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

“A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço.” (MARTINHO LUTERO)

Page 7: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

RESUMO

O presente estudo objetiva abordar as vantagens e desvantagens da celebração do

Termo de Ajuste de Conduta – TAC, na esfera extrajudicial, diante das atividades

irregulares da suinocultura da cidade de Braço do Norte/SC, analisando a

responsabilidade civil dos suinocultores e abordando aspectos sócio-históricos da

legislação brasileira. Serão abordadas conjuntamente a falta de informações dos

produtores como consequência do impacto ambiental, destacando a importância dos

princípios do poluidor pagador, precaução, prevenção, formas de dano e

recuperação ambiental.

A criação de medidas para determinar diretrizes, como o TAC, conceito extrajudicial

que busca descongestionar o judiciário do País e findar as irregularidades de forma

acessível diante de sua flexibilidade e agilidade, possibilita que os envolvidos se

adaptem às exigências legais com prazos exequíveis, condicionando o cumprimento

das etapas ao funcionamento de seus empreendimentos.

Palavras-chave: Termo de Ajuste de Conduta. Suinocultura. Dano Ambiental.

Legislação Ambiental.

Page 8: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

ABSTRACT

This study aims to address the advantages and disadvantages of the celebration of

the Terms of Adjustment of Conduct - TAC, the ball court, given the irregular

activities of swine City Braço do Norte/ SC, analyzing the liability of pig farmers and

addressing socio-Historic Brazilian law. Will be jointly addressed the lack of

information from producers as a result of environmental impact, highlighting the

importance of the principles of polluter pays, precautionary, prevention, and recovery

forms of environmental damage.

The creation of guidelines to determine measures such as TAC, extrajudicial concept

that seeks to decongest the country's judiciary and ending irregularities in accessible

before its flexibility and agility, which enables stakeholders to adapt to the legal

requirements with enforceable deadlines, conditioning steps to comply with the

functioning of their enterprises.

Keywords: Term of Adjustment of Conduct. Hogs. Environmental Damage.

Environmental Legislation.

Page 9: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Dados de quantidade de propriedades e licenças ambientais. ................. 58

Gráfico 2: Dados referentes a unidade de instalação. ............................................... 59

Gráfico 3: Dados referentes ao tempo eu exercem a suinocultura. ........................... 60

Gráfico 4: Dados referentes a quantidade de propriedades implantada a suinocultura. .............................................................................................................. 61

Gráfico 5: Dados referentes a pessoas envolvidas na atividade. .............................. 62

Gráfico 6: Dados referentes a licença ambiental. ...................................................... 62

Gráfico 7: Dados referentes aos conhecimentos básicos. ........................................ 63

Gráfico 8: Dados referentes aos conhecimentos básicos. ........................................ 64

Gráfico 9: Dados referentes ao amparo profissional. ................................................ 65

Gráfico 10: Dados referentes aos conhecimentos sobre APP................................... 66

Gráfico 11: Dados referentes a celebração do TAC. ................................................. 67

Gráfico 12: Dados referentes ao motivo de celebração do TAC. .............................. 68

Gráfico 13: Dados referentes ao TAC na propriedade. ............................................. 68

Gráfico 14: Dados referentes a dificuldade de cumprir o TAC. ................................. 69

Gráfico 15: Dados referentes a natureza da dificuldade de cumprir o TAC. ............. 70

Gráfico 16: Dados referentes ao tempo previsto para regularização do TAC. .......... 71

Gráfico 17: Dados referentes a penalidade imposta do TAC. ................................... 72

Gráfico 18: Dados referentes ao conhecimento das irregularidades em momento anterior ao TAC. ........................................................................................................ 73

Gráfico 19: Dados referentes a regularização após o TAC. ...................................... 74

Page 10: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.

EIA - Estudo de Impacto Ambiental.

FATMA - Fundação do Meio Ambiente.

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

LI - Licença de Instalação.

LO - Licença de Operação.

LP - Licença Prévia.

MP - Ministério Público.

PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente.

RIMA - Relatório de Impacto Ambiental.

SC - Santa Catarina.

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente.

TAC - Termo de Ajuste de Conduta.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

PMBN – Prefeitura Municipal de Braço do Norte

CDC - Código de Defesa do Consumidor

Page 11: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................... 15

1.1 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA ..................................................... 15

1.2 A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL RASILEIRA ............................ 15

1.2.1 A responsabilidade civil ambiental nos dias atuais .................................. 22

1.2.2 Aplicação do código de defesa do consumidor no que tange a

responsabilização civil ambiental .......................................................................... 26

1.3 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA .......................................................... 27

1.3.1 Princípios da preservação e da precaução ................................................ 29

1.3.2 Princípio do poluidor pagador .................................................................... 32

1.4 DANO AMBIENTAL ........................................................................................... 33

1.4.1 Classificação do dano ambiental ................................................................ 34

1.4.2 Tipos de dano ambiental .............................................................................. 34

1.4.3 Tipos de reparação do dano ambiental ...................................................... 36

1.4.3.1 Restauração ecológica ou recuperação in natura ........................................ 36

1.4.3.2 Compensação ecológica .............................................................................. 37

1.4.3.3 Indenização ou compensação pecuniária .................................................... 38

1.4.3.4 Órgãos fiscalizadores: competência ............................................................ 39

1.5 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ACERCA DAS ATIVIDADES

EMPRESARIAIS DO MUNICÍPIO DE BRAÇO DO NORTE/SC E, EM EPECIAL, DA

SUINOCULTURA ...................................................................................................... 42

1.5.1 Legislação associada a atividade da suinocultura .................................... 44

1.5.2 O termo de ajustamento de condutas, suas vantagens e desvantagens,

e a suinocultura na cidade de Braço do Norte/SC ............................................... 46

CAPÍTULO II - DELIMITAÇÕES METODOLÓGICAS .............................................. 49

2.1 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 50

2.2 PROBLEMA ...................................................................................................... 51

2.3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 51

2.4 MÉTODO E ABORDAGEM DE PESQUISA ...................................................... 52

2.5 PROCEDIMENTO DE PESQUISA .................................................................... 54

2.6 POPULAÇÃO E AMOSTRA .............................................................................. 54

Page 12: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............. 56

3.1 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS REFERENTES AOS

QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS SUINOCULTORES DO MUNICÍPIO DE

BRAÇO DO NORTE/SC ............................................................................................ 57

3.1.1 Dados da secretaria de agricultura e da FATMA ....................................... 57

3.1.2 Dados referentes à relação com a atividade .............................................. 59

3.1.3 Quanto ao tempo que trabalham na agricultura ........................................ 60

3.1.4 Quanto à quantidade de propriedade com a mesma atividade ................ 61

3.1.5 Quanto à mão de obra envolvida na atividade ........................................... 61

3.1.6 Quanto a licença ambiental ......................................................................... 62

3.1.7 Dados sobre conhecimentos básicos diante da legislação ambiental .... 63

3.1.8 Quanto ao acesso de informações ............................................................. 64

3.1.9 Quanto ao amparo profissional ................................................................... 64

3.1.10 Quanto à área de preservação permanente ............................................... 65

3.1.11 Quando a celebração do TAC ...................................................................... 66

3.1.12 Quanto ao motivo de celebração do TAC ................................................... 67

3.1.13 Quanto ao motivo do TAC ........................................................................... 68

3.1.14 Quanto a dificuldade de cumprir o TAC ..................................................... 69

3.1.15 Quanto à natureza da dificuldade ............................................................... 70

3.1.16 Quanto a previsão de regularização do TAC ............................................. 71

3.1.17 Quanto a penalidade .................................................................................... 72

3.1.18 Quanto ao conhecimento das irregularidades em momento anterior ..... 73

3.1.19 Quanto a regularização no final do TAC ..................................................... 73

3.2 ANÁLISE DOS DADOS CONTIDOS NOS TERMOS DE AJUSTE DE

CONDUTA ................................................................................................................. 74

3.2.1 Proprietário 01 .............................................................................................. 75

3.2.2 Proprietário 02 .............................................................................................. 76

3.2.3 Proprietário 03 .............................................................................................. 77

3.2.4 Proprietário 04 .............................................................................................. 77

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 79

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 81

ANEXOS ................................................................................................................... 84

Page 13: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

ANEXO A - QUESTIONÁRIO SOBRE A RESPONSBILIDADE CIVIL OBJETIVA

DAS INSTALAÇÕES IRREGULARES NA SUINOCULTURA DO MUNICÍPIO DE

BRAÇO DO NORTE/SC ........................................................................................... 85

ANEXO B - TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTAS .. 89

Page 14: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

13

INTRODUÇÃO

A questão ambiental tem merecido atenção e espaço diante de ações

impensadas do ser humano, que, movido pela necessidade exacerbada de

enriquecimento, faz uso indiscriminado dos recursos naturais essenciais à

manutenção da vida em quaisquer de suas formas.

Diante disso, surgiu à necessidade de regras especificas capazes de

efetivarem a proteção ao meio ambiente. Sendo assim, as atividades praticadas pelo

homem, seja em sua esfera particular ou, ainda, dentro das organizações

empresariais, devem respeitar a legislação ambiental, com o desenvolvimento de

ações que evitem a poluição, ou, ao menos, para que a mesma seja minimizada.

Seja como for, a legislação prevê, num primeiro momento, a atuação na

prevenção, evitando-se os efeitos devastadores de uma atividade empresarial

desregrada e potencialmente poluidora, que propicie danos ao planeta e venha

prejudicar as presentes e futuras gerações. Apenas num segundo momento, há de

se pensar na responsabilização pelo dano propriamente dito..

O Município de Braço do Norte, localizado na região sul de Santa Catarina

tem como principal atividade econômica a exploração da suinocultura sendo que os

desdobramentos ambientais relacionados a esta, objetos de solução extrajudicial,

revelam o objetivo pelo qual o presente trabalho foi realizado.

Os danos ambientais que se observam a partir daquela atividade tornam

relevante a verificação do desenvolvimento da suinocultura em respeito ao meio

ambiente e à legislação. Acredita-se que esse é um tema de interesse tanto da

academia como da sociedade, já que a responsabilização do poluidor é matéria que

afeta a todos.

Diante dos suinocultores que possuem sua atividade de suinocultura de forma

irregular, estará se abordando as vantagens e desvantagens dessa solução

extrajudicial.

Esse estudo será dividido em três capítulos, sendo que no primeiro será

abordada a parte histórica da legislação ambiental no Brasil, assim como a previsão

legal da responsabilidade civil objetiva.

Page 15: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

14

Também serão destacados os princípios que norteiam a aplicação da

legislação ambiental, bem como os principais danos ambientais, tendo em vista que

muitos recursos naturais não são renováveis e necessitam ser protegidos.

No segundo capítulo delimita-se o objeto de estudo, sendo necessário

verificar se a atividade da suinocultura na cidade de Braço do Norte está sendo

manejada de forma correta e cumprindo o TAC imposto. E, ainda, diante da

ocorrência do dano ambiental, quais as medidas legais aplicáveis diante da

legislação brasileira e se os suinocultores tinham conhecimento dessas

irregularidades antes de celebrar o TAC.

Essa pesquisa tem o objetivo especifico de conhecer a atividade na região, os

impactos que ela causa, qual o conhecimento dos suinocultores diante da

celebração do termo, e anterior ao mesmo, e ainda se estão cumprindo o celebrado.

Tudo a partir da pesquisa de campo na cidade de Braço do Norte, verificando

como ocorre a fiscalização, qual a autoridade competente para tanto e quais

responsabilidades podem ser impostas ao infrator. A abordagem será qualitativa,

haja vista que consistirá numa análise subjetiva.

Ainda, no terceiro capítulo, será feita a discussão e apresentação dos

resultados, obtidos mediante a coleta de dados que será realizada a partir de dois

procedimentos, quais sejam, a pesquisa bibliográfica, sendo utilizados livros, artigos,

meios eletrônicos e a coleta de dados, além do estudo de caso, pois o objeto da

pesquisa será investigado de maneira mais detalhada a partir da análise de casos

concretos. O instrumento utilizado para mencionada coleta consistirá em: um

questionário aplicado aos suinocultores, que não possuem licença ambiental, devido

a estarem respondendo ao Termo de Ajuste de Conduta.

Page 16: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

15

CAPÍTULO I -

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

A legislação ambiental brasileira vem evoluindo diante da conscientização da

humanidade. Nesse capitulo será apresentada a evolução normativa da legislação

ambiental brasileira, que culmina com a proteção do meio ambiente na esfera

constitucional, onde também se encontra a previsão da responsabilidade civil

ambiental, que, aliás, já era prevista na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente,

que será também mencionada em seus pontos principais.

As noticias a respeito da degradação ecológica, e das graves consequências

que dela decorrem, colocando em perigo a humanidade, tem levado não só o poder

público, como toda a comunidade, em especial a cientifica, a uma tomada de

posição no sentido de evitar ou minorar os problemas sociais. E a ciência jurídica

tem um papel de destaque neste aspecto, também, no trato da solução extrajudicial

dos conflitos (Termos de Ajustamento de Condutas).

1.2 A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL RASILEIRA

Ao longo da história, antes mesmo de existir o Direito Ambiental, já havia a

necessidade de um dispositivo jurídico autônomo para proteger o meio ambiente,

diante da noção que os recursos naturais não eram ilimitados e necessitavam de

proteção para manterem-se existentes.

O Direito Ambiental, conforme Silva (2004, p. 41) faz parte do ramo do direito

publico.

[`] O Direito Ambiental é hoje um ramo do Direito Público, tal é a forte presença do Poder Público no controle da qualidade do meio ambiente, em função da qualidade de vida concebida como uma forma de direito fundamental da pessoa humana; especialmente o é o direito Ambiental Constitucional.

Page 17: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

16

Sendo assim, um direito que afeta a coletividade merece atenção, como vem

ocorrendo nas ultimas décadas, diante da busca por enriquecimento do homem, de

forma desmedida. Então, uma vez que o direito caminha com a sociedade, este

deve se moldar as necessidades da mesma, e ter regras objetivas e efetivas. Para o

presente trabalho nos interessam as regras relacionadas ao direito ambiental.

Segundo Magalhães (1998, p. 20):

[`] os problemas ambientais vêm de longa data. Nossos homens mais lúcidos percebiam que algo de errado estava acontecendo e que era preciso fazer alguma coisa. Infelizmente, as providências necessárias demoraram a chegar. Isto porque a concepção individualista do direito de propriedade sempre funcionou como uma barreira à atuação do Poder Público na proteção ambiental.

Retroagindo no tempo, percebe-se que o homem começou a valorizar o meio

ambiente quando notou a importância da natureza, porém, nem sempre teve

medidas de proteção eficazes.

A preocupação de fato com a questão ambiental iniciou na década de 70,

quando ocorreu a I Conferencia Mundial sobre Meio Ambiente em Estocolmo, na

Suécia. Mencionada conferencia influenciou a legislação brasileira e, através da Lei

da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938/81, parâmetros mais concretos

e conceituais foram traçados e, em especial, tratou-se de maneira clara a questão

da responsabilidade civil ambiental.

Para conceituar o que seria meio ambiente, cita-se o inciso I do artigo terceiro

da Lei n° 6.938/81:

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

É importante mencionar que a Lei da Política Nacional do Meio ambiente foi

instituída visando não apenas a proteção sobre elementos naturais, como a fauna,

flora, entre outros e sim assegurar o equilíbrio ecológico, a qualidade ambiental

sobre as características físicas, químicas e biológicas do ecossistema.

Ainda deve-se destacar o surgimento da Lei nº 7.347/85, que criou a Lei da

Ação Civil Pública, desde então a defesa do meio ambiente se fortaleceu, pois esse

passou a ser um instrumento poderosíssimo colocado à disposição do cidadão, de

modo geral, e, em particular, do Ministério Público.

Page 18: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

17

A Ação Civil Pública é um dos meios mais importantes para a defesa do meio

ambiente, pois visa a efetiva responsabilização por danos ambientais e, em regra, a

apuração dessa responsabilidade ocorre de forma objetiva. Resta configurada a

importância da referida lei, por tratar-se de um instrumento que visa assegurar o

direito a um meio ambiente equilibrado.

Como se pode verificar, a legislação ambiental brasileira está em constante

evolução, buscando atender as demandas resultantes dos problemas que afetam o

meio ambiente. Por isso, a própria Constituição Federal de 1988 consagrou um

capítulo específico destinado a proteção ecológica, que se manifesta no artigo 225

da carta magna.

As Constituições que antecederam a de 1988, até então, não tinham relatado

de forma majorada a proteção do direito ambiental, tanto que nem expressamente a

palavra ‘meio ambiente’ foi mencionada, dando a entender que o espaço em que

vivemos não necessitava ser preservado.

Em um breve relato referente às constituições anteriores à vigente, temos a

do ano de 1824, a Constituição do Império, que apenas determinou que não

houvesse indústrias, que prejudicassem a saúde dos cidadãos, Art. 179, n. XXIV,

sendo que esta medida para aquela época já demonstrava um certo avanço. Em

1934 a Constituição conferiu ainda a União competência diante das riquezas do

subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração. Na Carta de

1937 constou a proteção aos monumentos históricos, artísticos, naturais e dotados

pela natureza, e a Constituição de 1946 não trouxe grandes mudanças na questão

ambiental e a Constituição de 1967 ratificou a necessidade de proteção do

patrimônio cultural e paisagístico, e contemplou ser norma da União legislar sobre

normas sobre a saúde, riqueza do subsolo, águas, florestas, caça e pesca.

Então, pode-se verificar que desde a Constituição de 1934, todas mantiveram

os itens de preservação do patrimônio cultural, histórico, e paisagístico do País, e

houve também varias citações sobre a função social da propriedade, que não

oferecia proteção para o patrimônio ambiental, e apenas citou de maneira indireta

alguns elementos integrantes como água, pesca, florestas entre outros, ficando o

Direito Ambiental “desamparado” até a Constituição de 1988, logicamente que sem

esquecer os já vigentes: Código Florestal, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente

e Lei da Ação Civil Pública.

Page 19: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

18

Sendo assim, a Constituição de 1988 foi denominada “verde”, e

reconhecidamente como a mais avançada do Planeta.

A Constituição de 1988, em seu Art. 225, traz:

Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Sobre esse artigo Milaré (2009) destaca, que o meio ambiente como um bem

difuso é de toda sociedade para uso e fruto de toda a nação.

A legislação ambiental veio evoluindo de maneira a respeitar a circunstância

de que o meio ambiente é um bem finito, frágil e precisa ser preservado para

continuar a existir. Infelizmente, essa produção legislativa não ocorreu mais cedo

como cita Magalhães (1998, p. 20):

[`] os problemas ambientais vêm de longa data. Nossos homens mais lúcidos percebiam que algo de errado estava acontecendo e que era preciso fazer alguma coisa. Infelizmente, as providências necessárias demoraram a chegar. Isto porque a concepção individualista do direito de propriedade sempre funcionou como uma barreira à atuação do Poder Público na proteção ambiental.

Busca-se demonstrar com a retrospectiva acima esmiuçada que, de forma

geral, a preocupação com o meio ambiente veio se alastrando durante os anos, no

entanto, a base para repreensão dos infratores ao meio ambiente se deu apenas

com a nossa constituição atual, indispensável para a tutela do meio ecológico. A

propósito, o Art. 225, §3º, da Carta Magna prevê que:

[...] as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Apenas a título de informação, já que este assunto não é objeto deste

trabalho, o tratamento constitucional acima citado influenciou o surgimento da Lei

dos Crimes contra o Meio Ambiente (Lei 9.605, de 12.02.1998), que se trata de uma

lei mista, onde se misturaram conteúdos de direito penal, administrativo e

internacional.

Como já referido, a Constituição Federal Brasileira de 1988, no artigo

supracitado, delimitou um capítulo objetivo ao meio ambiente. Porém há vários

outros dispositivos que versam acerca da proteção ambiental

Page 20: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

19

O Art. 5º, inc. LXXIII da Carta Magna traz que qualquer cidadão é parte

legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público

ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio

ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-

fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Ainda, outros artigos se

referem, de forma direta ou indireta, à proteção do direito fundamental do meio

ambiente, sendo alguns destacados: art. 5º, LXXIII, art. 20, II, art. 23, I, III, IV, VI, VII,

IX e XI, art. 24, VI, VII e VIII, art. 91, § 1º, III, art. 129, III, art. 170, VI, art. 173, § 5º,

art. 174, § 3º, art. 186, II, art.200, VIII, art. 216, V, art. 220, § 3º, II, E art. 231, § 1º.

É importante, quando tratamos de proteção constitucional, mencionar a

função do Ministério Público, descrito no Art. 129, III da CF/88, onde está descrito

que o mesmo deve “promover o inquérito civil e a ação civil publica, para a proteção

do patrimônio publico e social do meio ambiente”. Sendo assim, uma norma de

garantia, e de acordo com Sirvinskas (2009, p. 126-127):

Normas de garantia são as colocadas à disposição do cidadão para fazer valer seus direitos fundamentais; em outras palavras, trata-se das ações processuais que podem ser utilizadas em juízo para se exigir do Estado e dos particulares o cumprimento dos direitos individuais, coletivos e difusos [`].

Imperioso declarar que o Art. 170, VI, da CF/88, relaciona que a defesa do

meio ambiente deve ocorrer diante do impacto ambiental existente, fazendo o

tratamento daquele conforme a intensidade deste.

De acordo com Sirvinskas, (2009, p.105) “todas as atividades econômicas

causadoras de degradação ambiental deverão adequar-se às normas ambientais em

defesa do meio ambiente”, ou seja, a exploração econômica e a proteção do meio

ambiente devem ser conciliadas para ocorrer desenvolvimento sustentável,

garantindo a utilização dos recursos naturais de forma responsável, sem agredi-los

ou esgotá-los.

No Art. 186, II, da CF/88, também deixa claro que a função da social da

propriedade é cumprida quando são utilizados os recursos naturais, mas com a

preservação do meio ambiente, sobre isso Sirvinskas (2009, p. 111) cita que:

Deve ser banida a atividade agrícola predatória e causadora de poluição e de danos ecológicos, tendo-se em vista que todos têm direito ao meio ambiente equilibrado. Com base nesse princípio é que o constituinte exigiu do proprietário o cumprimento da função social, o qual deverá utilizar adequadamente os recursos naturais existentes em sua propriedade com vistas à proteção ambiental. [...]

Page 21: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

20

Assim, a propriedade rural cumpre sua função social quando ela é utilizada com critérios, observando-se a preservação ambiental.

Outro raciocínio que não deve passar despercebido, é o fato de que quase

sempre se liga a proteção do meio ambiente aos bens da natureza. Porém, essa

ideia nos leva ao erro, já que o meio ambiente corresponde a tudo o que nos cerca,

ou seja, o natural, o artificial, o social, o cultural e até o laboral.

Por exemplo, o meio ambiente cultural está protegido na Constituição Federal

de 1988, em seu Art. 216, V. Nesse são descritos alguns bens, num rol

exemplificativo do patrimônio cultural brasileiro, e no §1º, determina que o Poder

Público assim como os cidadãos da comunidade devem protegê-lo:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: [...] V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

É fundamental neste momento que seja destacado, na íntegra, o Art. 225 da

Carta Magna vigente, que dispõe sobre o meio ambiente:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

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V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Sobre o caput deste artigo, Sirvinskas (2009, p. 73) aduz que:

Esse dispositivo pode ser dividido em quatro partes: a) o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental da pessoa humana (direito à vida com qualidade); b) o meio ambiente é um bem de uso comum do povo – bem difuso, portanto, indisponível; c) o meio ambiente é um bem difuso e essencial à sadia qualidade de vida do homem; e d) o meio ambiente deve ser protegido e defendido pelo Poder Público e pela coletividade para as presentes e futuras gerações.

Um tópico muito importante está no §1°, inciso IV, que trata do Estudo Prévio

de Impacto Ambiental (EIA), medida preventiva que evita que alguma atividade surta

efeito danoso ao meio ambiente, lembrando que essa previsão legal também está

descrita na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, a qual será mais bem

trabalhada posteriormente.

De qualquer forma, adianta-se que aquela medida é a consagração de dois

importantes princípios, quais sejam, o principio da prevenção e o da precaução.

Enfim, a Constituição Federal detém normas de grande relevância para a

preservação do meio ambiente, sendo ela natural, do trabalho ou cultural, tudo

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22

visando um meio ambiente ecologicamente equilibrado, que preserve o direito das

presentes e das futuras gerações.

Com efeito, a obrigação de reparar o dano (art. 225, parágrafo §3º), descrito

no mandamento constitucional e na legislação em vigor, é não só de fundamental

importância, como o objeto desta monografia, que é a responsabilização civil

ambiental, a partir da assinatura de Termo de Ajustamento de Condutas, onde o

legitimado à propositura confere determinadas benesses àquele que desenvolve

atividade potencialmente poluidora, para que o mesmo regularize seu

empreendimento com base na lei em vigor.

1.2.1 A responsabilidade civil ambiental nos dias atuais

Inicialmente, devemos tratar de uma lei pioneira que tratou a responsabilidade

civil ambiental, qual seja a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº.

6938/81), de suma importância ao desenvolvimento do presente estudo. Neste

aspecto, é necessário verificar o contexto historio dessa lei.

Cinco foram os séculos entre o Mundo Novo e o Século XX, muito marcados

pela grande influência e domínio rápido do homem europeu, que dominou mares,

terras e progrediu com a ciência e a tecnologia, além de iniciar a criação de uma

civilização econômica, com avanço tecnológico progressivo.

O homem se assustou com Hiroshima e Nagasaki, pois se pode perceber o

impacto das ações daquele sobre o meio ambiente. Então, além desse episódio,

inúmeros outros desastres ecológicos causados fizeram com que a raça humana se

questionasse a respeito de que os recursos naturais são finitos, e o desenvolvimento

econômico foi revisto, para ser encarado de maneira sustentável.

Nasce o movimento ambientalista, que combate a poluição e defende a

preservação do meio ambiente. Esse movimento é contra o modo de viver capitalista

e consumista, sendo o descartável o símbolo desse último.

O radical movimento ambientalista mostra a face inconciliável da defesa do

meio ambiente e do crescimento econômico, o que marca a segunda metade do

século XX e o inicio desse novo século.

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23

Nas sociedades mais ricas, existe uma maior consciência ambiental, com as

pessoas exigindo uma legislação adequada para as suas realidades territoriais, e

também para o Mundo. Já as sociedades mais pobres são, normalmente,

conduzidas por uma elite econômica que enriquece à custa da exploração

ambiental.

No Brasil a divisão entre regiões mais ricas e pobres evidencia-se tanto

quanto entre os municípios mais prósperos e mais carentes, diante disso,

analisemos a Questão Ambiental no Brasil.

Em Estocolmo 1972, o Brasil defendeu o desenvolvimento econômico,

expressando oposição ao Hemisfério Norte, rico e preocupado com a proteção

ambiental e o Hemisfério Sul, pobre e preocupado com o crescimento econômico no

País.

Então, em 1981, surgiu um marco na legislação brasileira, no que tange ao

trato do meio ambiente, evidentemente influenciado pela Conferência de Estocolmo.

Assim, Milaré (2009, p. 329), descreve a criação da Lei LPNMA:

No início da década de 80, no entanto, a Lei Federal 6.938 de 31.08.81, dispôs sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Essa lei incorporou e aperfeiçoou normas estaduais já vigentes e instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente, integrado pela União, por Estados e Municípios, e atribuiu aos Estados a responsabilidade maior da execução das normas protetoras do Meio Ambiente.

Surgiu assim a primeira lei que efetivamente objetivou o interesse na

preservação do meio ambiente, onde os estados mais industrializados incorporaram

a responsabilidade além de criar outras normas próprias.

A este respeito, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, órgão

superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA (criado pela Lei

6.938/81), tem editado normas importantes relacionadas à matéria ambiental, a

exemplo do regramento do licenciamento de empreendimentos causadores de

impactos ambientais, com exigência, em alguns casos, do estudo prévio de impacto

ambiental.

Então, a LPNMA foi por assim dizer, o marco, o primeiro diploma legal que

cuidou do meio ambiente como um direito próprio e autônomo. Antes disso, a

proteção do meio ambiente era feita de modo mediato, indireto e reflexo, na medida

em que ocorria apenas quando se prestava tutela a outros direitos, tais como o

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direito de vizinhança, propriedade, regras urbanas de ocupação do solo, entre

outros.

Também instituído por essa lei foi o Sistema Nacional do Meio Ambiente

(SISNAMA), sendo que a finalidade dessa lei era se expandir e estar presente em

todas as regiões do pais de forma eficaz buscando a preservação, melhoria e

recuperação ambiental.

Considerada uma das leis ambientais mais avançadas, por conter algumas

punições para crimes ambientais tanto para pessoas físicas, como para pessoas

jurídicas, a lei da política nacional do meio ambiente tem reflexos diretos na

responsabilidade civil ambiental.

Uma vez aprovada, a Lei da Política Nacional do Meio ambiente, veio à tona

em uma época em que a política se manifestava de forma autoritária. A lei sofreu

vedações que vieram para regular, principalmente, ações do governo e da iniciativa

privada.

Inovadora, e enriquecida por posteriores regulamentações, são notáveis os

benefícios oriundos da lei da política nacional do meio ambiente. Hoje a modificação

legal, que se iniciou de forma amena, ganha contornos de verdadeira revolução para

o Direito Ambiental. Com efeito, de forma audaciosa, temos uma ligação muito forte

entre a sociedade brasileira com o meio ambiente.

O objetivo geral da lei se embasa na preservação, melhoria e recuperação da

qualidade ambiental, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento

socioeconômico, aos interesses da segurança social e à proteção da dignidade da

vida humana, como disposto no Art. 2º da LPNMA.

Os princípios norteiam a preservação, melhoria e recuperação, quando o

enfoque de desenvolvimento não se baseava na sustentabilidade, que só apareceu

uma década mais tarde com o desenvolvimento sustentável.

A Lei 6.938/81 instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA),

que tem por finalidade estabelecer uma rede de agencias governamentais nos

diversos níveis de federação, visando estabelecer de forma igualitária a Política

Nacional do Meio Ambiente.

O Art. 6º da LPNMA estabelece que o SISNAMA deve ser composto por um

órgão consultivo e deliberativo, um órgão consultor, central, e um executor, entre

órgãos setoriais, seccionais, locais.

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O órgão consultivo e deliberativo é o CONAMA, que tem como finalidade

assessorar, estudar e propor ao Governo procedimentos de políticas

governamentais para o meio ambiente e recursos naturais. Sua composição está

regrada pelo Decreto 99.274/90. Uma das atuações mais destacadas do CONAMA

refere-se ao poder de editar Resoluções.

O órgão central do SISNAMA é o IBAMA, que tem o objetivo de coordenar,

executar, e fazer executar, a política nacional do meio ambiente, entre outros. É

autarquia federal de regime especial, com personalidade jurídica de direito publico.

Conforme o Art. 10 da LPNMA, o IBAMA pode declarar os tipos ou

modalidade de empreendimentos e atividade que necessitaram de licença

ambiental, mas não possui competência para criar normas de licenciamento.

Os órgãos seccionais são responsáveis pela execução de programas,

projetos e pelo controle e fiscalização da degradação ambiental. Em Santa Catarina

temos a FATMA.

Os órgãos locais ou entidades municipais são responsáveis pelo controle e

fiscalização dessas atividades. A atuação do Município foi normatizada pela

Resolução 237/97 do CONAMA, ao prever a possibilidade de licenciamento

municipal de atividades de impacto local.

Além da Lei da Política Nacional do Meio ambiente, o Código Civil de 2002,

diante da crescente complexidade das relações presentes na moderna sociedade

brasileira, acrescentou importantes modificações nas normas que regulam a

sociedade, passado assim a coexistir o sistema tradicional da culpa ou do dolo do

agente causador do dano (responsabilidade civil subjetiva) e a responsabilidade sem

culpa, ou, objetiva.

A responsabilidade civil subjetiva tem fundamento no dolo ou na culpa do

agente, como causador do dano. No Código Civil a previsão atual está consagrada

na combinação dos artigos 186 e 927, caput. Em síntese: ”aquele que por ação ou

omissão, voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a

outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”, ficando obrigado a

repara-lo.

Assim, o infrator será censurado e condenado quando circunstâncias

concretas do caso apontem que poderia ter agido de maneira diferente. Sendo

assim, para a responsabilização civil pelo dano, deve ocorrer a culpa, não havendo a

culpa exclui-se qualquer responsabilidade reparatória.

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Já na responsabilidade civil baseada na teoria da objetividade, tem com

fundamento a teoria do risco (em especial quando se trata de meio ambiente),

marcada pelos excessos na utilização dos recursos naturais.

A propósito, o Art. 927, § único do Código Civil traz que: “haverá obrigação de

reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou

quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua

natureza, risco para os direitos de outrem”.

É o reconhecimento da responsabilidade sem culpa, estabelecendo a ligação

entre o dano e o agente, No entanto, sem o nexo causal não se pode

responsabilizar. Por outro lado, sendo o mesmo estabelecido há o direito de

reparação do dano ao ofendido, que consiste numa obrigação de fazer que remonte

o estado anterior ou numa obrigação de dar, indenização.

Feitas estas considerações históricas, em itens posteriores adentraremos de

forma mais específica no trato da responsabilidade civil objetiva.

1.2.2 Aplicação do código de defesa do consumidor no que tange a

responsabilização civil ambiental

A questão ambiental dentro do Código de Defesa do Consumidor (CDC)

surgiu para dar efetivação à proteção ao consumidor, denominado agente

econômico no mercado, favorecendo-os de direitos indisponíveis frente aos

fornecedores de produtos e serviços, assim um reflexo do tratamento protetivo do

comando constitucional descrito no art. 5º, XXXII.

O CDC se ocupa da matéria ambiental, no art. 4º, inciso III, ao estabelecer

que a Política Nacional de Relações de Consumo seja exercida de modo a

harmonizar os interesses dos participantes da relação de consumo segundo os

princípios da ordem econômica, previsto no Art. 170 e incisos da Constituição

Federal.

A defesa do consumidor, como princípio geral da atividade econômica, deve

conciliar-se com a defesa do meio ambiente enquanto princípio de mesma função e

natureza constitucionais, sendo esse, um dos fins da política de proteção dos

consumidores no direito brasileiro.

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O CDC cuida da questão ambiental na matéria referente à coibição da

publicidade abusiva, art. 37, § 2º, compreendida, dentre outros casos, como aquela

que desrespeita valores ambientais.

O código ainda aborda a matéria ambiental no campo da proteção contratual

do consumidor, mais especificamente, no tema do controle das cláusulas contratuais

abusivas, descrito no art. 51, XIV. Com efeito, a sociedade de consumo se

caracteriza pela extensa produção, contratação e oferta de bens e serviços, essa é a

razão pela qual as cláusulas contratuais abusivas são nulas de pleno direito, art. 51,

caput, permitindo ao prejudicado ou aos legitimados às ações judiciais coletivas,

descrito no CDC em seu art. 82, requerer a qualquer tempo, a invalidade da

cláusula, ou, se não for possível a manutenção do contrato, a invalidade deste, Art.

51, § 2º do CDC.

Nesse sentido, considera-se abusiva a cláusula contratual que infringir ou

possibilitar a violação de normas ambientais descritas no art. 51, XIV/CDC. Segundo

Bonatto (2004, p. 107): “não há necessidade da efetiva agressão ao meio ambiente,

bastando, para caracterizar a abusividade, que a cláusula contratual possibilite a

ofensa ambiental”.

Todavia, a principal contribuição está no Art. 81 do CDC, que define os

direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Sendo os direitos difusos

aqueles indivisíveis, cujos titulares são pessoas indeterminadas, coletivos são

aqueles de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de

pessoas ligadas entre si ou com a parte contraria por alguma relação jurídica, e

individual homogêneo de natureza divisível, cujo titular é pessoa determinada.

Sendo que tanto o direito difuso, coletivo bem como o individual homogêneo,

devem ser resguardados, com a responsabilização do poluidor, no caso, como será

abordado abaixo.

1.3 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

A Responsabilidade Civil Objetiva, no que concerne à seara ambiental, está

descrita no Art. 225, §3º da Constituição Federal de 1988, que recepcionou o Art. 14,

parágrafo 1º da Lei 6.938/81. A propósito, este último prevê que:

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Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

A Teoria da Responsabilidade Objetiva desatenta da ideia de culpa, para que

se manifeste a responsabilidade. Dependendo da situação a culpa do agente será

presumida, ou dispensável fazer a prova da mesma. Gonçalves (2003, p. 18) afirma

que:

[...] quando a culpa é presumida, inverte-se o ônus da prova. O autor da ação só precisa provar a ação ou omissão e o dano resultante da conduta do réu, porque sua culpa já é presumida.

Ademais, o Código Civil traz no seu Art. 927, de forma transparente, à

responsabilidade civil, baseada na teoria do risco afirmando que:

[...] independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Dessa forma para existir o dever de indenizar é necessária a existência do

fato e não da culpa. Rodrigues (2002, p. 10) define a responsabilidade objetiva:

Na responsabilidade objetiva a atitude culposa ou dolosa do agente causador do dano é de menor relevância, pois, desde que exista relação de causalidade entre o dano experimentado pela vitima e o ato do agente, surge o dever de indenizar, quer tenha esse ultimo agido ou não culposamente.

Especificamente, a moderna doutrina entende que a responsabilidade objetiva

ambiental tem sua sustentação na teoria do risco. Pois, toda pessoa que maneja

uma atividade pode criar o risco de dano para terceiros, devendo reparar este,

mesmo que não tenha atuado com culpa.

A obrigação de reparar é necessária diante do risco da atividade exercida.

Como o agente se beneficia com certa atividade, também tem a responsabilidade de

reparar os danos que porventura outros sofram por sua atividade, diante do regime

de responsabilização objetiva, não havendo necessidade da vitima do dano, ou dos

legitimados para a propositura da ação civil publica, provar a culpa ou dolo do

agente.

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Sendo o meio ambiente bem de uso comum do povo, indisponível, indivisível

e inapropriável, o mesmo se encaixa na proteção jurídica por esse sistema de

responsabilização civil, suscetível de ser reparado, independente de outras

reparações individuais que vierem a ocorrer por titulares do objeto particular do

dano.

Para alcançar a satisfação do interesse publico que consiste na preservação

e conservação dos bens ambientais, é necessário deixar expresso que a

responsabilidade civil por dano ao meio ambiente assume uma função claramente

preventiva, voltada a incorporar os custos, e realizar os princípios da equidade

intergeracional, da precaução, da prevenção e do poluidor-pagador, sendo os três

últimos, por sua primordial importância, abaixo esmiuçados.

1.3.1 Princípios da preservação e da precaução

Dos princípios do direito ambiental, os principais são os da prevenção e o da

precaução, ambos afeitos a evitar a ocorrência de danos. A Constituição Federal,

em seu Art. 225, estabeleceu a obrigação de prevenir danos ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, atribuída ao Ministério Público e à coletividade,

adotando como linha fundamental a tutela preventiva.

São princípios basilares do direito ambiental que buscam evitar atentados ao

meio ambiente e que buscam a eliminação de ações que alterem sua qualidade.

Alguns autores tratam esses dois princípios como se fossem idênticos, porém é

inegável a diferença entre ambos. Enquanto o principio da prevenção trata de riscos

ou impactos já conhecidos pela ciência, o da precaução alcança também as

atividades em que não haja uma certeza cientifica da mazela destas.

Os princípios do direito ambiental se atentam a terem sua natureza protetiva,

sendo o da prevenção a base para o equilíbrio ecológico do meio ambiente, para

que não haja nenhum tipo de degradação por ação humana, mesmo havendo a

procura e a tentativa de reparação de uma área ou de um determinado espaço

ambiental poluído ou degradado.

O homem jamais conseguirá fazer com que tal meio volte ao seu status

anterior de equilíbrio e originalidade, sempre haverá uma perda, sempre algo será

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suprimido. Assim, o homem é impotente frente a uma completa recuperação

ambiental. Uma vez danificado, sempre haverá determinada perda na qualidade

ambiental, mesmo que todas as melhores formas de recuperação sejam aplicadas.

Já o Principio da Precaução surgiu com a necessidade de evitar a ocorrência

de atividades das quais não se tem certeza acerca de seu potencial lesivo ao meio

ambiente, então devem ser adotadas medidas ou providências acautelatórias.

Diante disso a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança de

Clima, informalmente conhecida como a Cúpula da Terra, realizada no Rio de

Janeiro em 1992, cita em seu Artigo 3, principio 3º:

As Partes devem adotar medidas de precaução para prever, evitar ou minimizar as causas da mudança do clima e mitigar seus efeitos negativos. Quando surgirem ameaças de danos sérios ou irreversíveis, a falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar essas medidas, levando em conta que as políticas e medidas adotadas para enfrentar a mudança do clima devem ser eficazes em função dos custos, de modo a assegurar benefícios mundiais ao menor custo possível. Para esse fim, essas políticas e medidas devem levar em conta os diferentes contextos socioeconômicos, ser abrangentes, cobrir todas as fontes, sumidouros e reservatórios significativos de gases de efeito estufa e adaptações, e abranger todos os setores econômicos. As Partes interessadas podem realizar esforços, em cooperação, para enfrentar a mudança do clima.

Esse princípio atua antes da prevenção, ele é eficaz para que nunca precise

ser prevenido algum perigo ao meio ambiente. Existindo dúvida sobre o impacto que

determinada atividade ou ação possa causar no meio ambiente, é necessário que a

precaução seja o meio de intervenção para que não ocorra a ação, assim atuando

na eliminação de perigos comprovados ou presumidos.

A tutela preventiva e de precaução do meio ambiente são regulados pelo art.

225, caput e §1º, IV da Constituição Federal, deixando claro que é necessário

estudo prévio de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.

Na Declaração do Rio de Janeiro de 1992, em seu principio 15, destaca o

Principio da precaução:

Princípio 15: Com a finalidade de proteger o meio ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o critério de precaução conforme suas capacidades. Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para que seja adiada a adoção de medidas s eficazes em função dos custos para impedir a degradação ambiental.

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A precaução se faz diante de risco incerto de forma antecipada, de forma que

envolve perigo abstrato ou potencial. Resumidamente, poderíamos definir o Principio

da Precaução como risco hipotético, probabilidade de risco, acidente ou perigo e o

da prevenção como risco certo.

Existem três níveis de extensão da precaução, a primeira é a radical, visa

garantir o risco zero, gerando a cessação definitiva da atividade, com a inversão do

ônus da prova para que aquele que desenvolve sua atividade comprove que a

mesma nada tem de prejudicial ao meio ambiente. A minimalista é a segunda,

requer riscos sérios e irreversíveis e a terceira seria a intermediaria, que se baseia

em risco cientifico provável.

É seguindo esse principio (primeira teoria) que a doutrina atrai a necessidade

de inversão do ônus da prova, que faz o réu, suposto poluidor, provar que não

mantém atividade poluidora.

A Lei dos Crimes Ambientais, cita em seu Art. 54, § 3º o verbo “possam”, o

que consagra o princípio da precaução:

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. (grifo meu).

Para não deixar qualquer duvida sobre a acolhida do princípio da precaução

na ordem jurídica nacional, temos o Decreto Federal nº 4.297/02 em seu art. 5º, que

versa sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil:

Art. 5º: O ZEE orientar-se-á pela Política Nacional do Meio Ambiente, estatuída nos arts. 21, inciso IX, 170, inciso VI, 186, inciso II, e 225 da Constituição, na Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, pelos diplomas legais aplicáveis, e obedecerá aos princípios da função socioambiental da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador, da participação informada, do acesso equitativo e da integração.

Ainda, sobre controle de acidentes com cargas perigosas o Decreto Federal

nº 5.098/04, art. 2º, deixa claro:

Art. 2º: São princípios orientadores do P2R2, aqueles reconhecidos como princípios gerais do direito ambiental brasileiro, tais como: I - princípio da informação;

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II - princípio da participação; III - princípio da prevenção; IV - princípio da precaução; V - princípio da reparação; e VI - princípio do poluidor-pagador

Para a maioria da doutrina o princípio da precaução deve ser aplicado com

força obrigatória na esfera judicial. Sendo que existem divergências sobre o alcance

deste principio, o Judiciário o utiliza para realizar suas decisões em relação a

antecipação de tutela, tutela inibitória, e cautelares.

1.3.2 Princípio do poluidor pagador

Regulado no Art. 225, §3º da Constituição Federal, este principio descreve

que ficarão sujeitos às sanções penais e administrativas as pessoas físicas ou

jurídicas que tiverem condutas ou atividades consideradas lesivas ao meio

ambiente.

Arcar com os custos sociais, diante das externalidades negativas, que são

recebidas pela coletividade, ao contrário do lucro, que é recebido pelo produtor

privado, é o objetivo do principio do poluidor-pagador, que procura corrigir esse

custo adicionado à sociedade, impondo-se sua internalização.

O principio não se delimita a aceitar o dano diante de um preço, e sim a evitar

o dano ao meio ambiente, diante de sanções que vão além de compensar o dano

causado. O objetivo é fazer com que o poluidor passe a integrar no seu sistema

produtivo o valor econômico que integra o conjunto dos custos ambientais. Este

princípio é ligado ao da prevenção e ao da precaução, de modo a impor que o

poluidor tenha cautela com diante de possível dano ambiental, de forma que não

pague por que poluiu e sim para que não ocorra a poluição.

A Declaração do Rio, também fez seu regramento com base nesse principio:

Princípio 16: Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.

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A Lei 6.938/81 em seu Art. 4º, inc. VII acolheu o princípio, relatando à

imposição, ao poluidor, a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados

e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins

econômicos.

Por esse princípio se quer evitar uma apropriação irregular do meio ambiente,

um descaso por parte dos poluidores, acabar com a privatização do lucro e a

socialização do prejuízo.

Numa sociedade como a nossa, em que por um lado o descaso com o meio-

ambiente ainda é regra, e, por outro a Constituição prevê o meio ambiente como

‘bem de uso comum do povo’, só podemos entender o principio do poluidor-pagador

como significando a internalização total dos custos da poluição. Nem mais, nem

menos.

Este princípio, somados aos dois tratados no tópico anterior, fundamentam

sobremaneira a solução extrajudicial para os conflitos ambientais (TAC), já que as

cláusulas que permeiam a mesma são, normalmente obrigações de fazer ou não

fazer destinadas a prevenção e precaução ambientais, ou, ainda, imposição de

multas e/ou compensações financeiras a serem arcadas pelo poluidor-pagador.

Essas cláusulas podem facilmente ser verificadas no TAC anexo ao presente

trabalho, que é objeto do mesmo.

1.4 DANO AMBIENTAL

Meio ambiente é algo comum a todos, que pode ser composto por bens

pertencentes ao domínio público ou ao domínio privado, encontrando tutela no

Direito público ou privado. A propriedade do bem jurídico meio ambiente, quando se

tratar de coisa apropriável, pode ser pública ou privada. Mas a fruição do bem

jurídico meio ambiente é sempre de todos, da sociedade.

Antunes (2000, p. 156 e 157) ensina que dano é o prejuízo, sendo uma

alteração negativa da situação jurídica, material ou moral, causado a alguém por um

terceiro que se vê obrigado ao ressarcimento. A doutrina civilista tem entendido que

só é ressarcido ou passível de ressarcimento o dano que preencha aos requisitos da

certeza, atualidade e subsistência.

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34

O dano ambiental é o prejuízo ao meio ambiente, dessa relação entre

degradação ambiental e poluição, Milaré (2009, p. 421) arrisca-se a dizer que "dano

ambiental é a lesão aos recursos ambientais, com conseqüente degradação –

alteração adversa ou in pejus – do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida".

1.4.1 Classificação do dano ambiental

A devastação ambiental não ocorre há pouco tempo, ela acompanha o

homem desde os primórdios de sua história.

A expressão “dano ambiental” tem conteúdo ambivalente e, conforme o

ordenamento jurídico em que se insere, a norma é utilizada para designar tanto as

alterações nocivas, como efeitos que tal alteração provoca na saúde das pessoas e

em seus interesses. Assim, ele resulta da degradação, que se objetiva pelo

resultado danoso, independente da inobservância de regras ou padrões científicos.

O maior problema na matéria ambiental se situa na prova do dano, pelas

diversificadas e especificas características, e das fontes causadoras, sendo ainda

que alguns danos apenas aparecem algum tempo depois da ação ou da omissão.

Neste aspecto, a pericia é umas das modalidades de prova admitidas, e que

realizam uma avaliação mais precisa sobre a extensão dos danos sendo o quantum

indenizatório fixado pelo juiz e tribunais.

Em outras palavras, o dano ecológico pode degradar o meio ambiente ou

seus elementos naturais, com será abordado a seguir.

1.4.2 Tipos de dano ambiental

A deterioração causada ao meio ambiente em sentido amplo afeta os direitos

difusos, pois lesa uma coletividade indeterminada, sendo determinado dano

ambiental coletivo, de natureza indivisível de que sejam titulares pessoas

indeterminadas e ligadas por circunstancias de fato.

Nesse sentido cita Carvalho (2001, p. 197):

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35

[...]m dizem respeito aos sinistros causados ao meio ambiente lato sensu, repercutindo em interesses difusos, pois lesam diretamente uma coletividade indeterminada ou indeterminável de titulares. Os direitos decorrentes dessas agressões caracterizam-se pela inexistência de uma relação jurídica base, no aspecto subjetivo, e pela indivisibilidade (ao contrario dos danos ambientais pessoais) do bem jurídico, diante do aspecto objetivo.

Sendo então direito difuso ou coletivo em sentido estrito, os aspectos

destacados são o da “transindividualidade” e “indivisibilidade” do direito tutelado.

Então o direito e/ou interesse lesado tem sua tutela realizada através de ação civil

publica, mandado de segurança coletivo, entre outros.

Não se deve esquecer, ademais, que quando for possível identificar um ou

alguns lesados em seu patrimônio particular temos o dano individual, também

conhecido como ricochete ou reflexo, que diz respeito a quando a pessoa for afetada

sobre seus direito patrimoniais e extrapatrimoniais. Esta pode buscar seu direito,

diante do dano sofrido, por intermédio de uma ação indenizatória de forma

individual.

Segundo Leite (p. 100 -146):

[...] este dano individual pode ser elencado dentro do gênero ambiental, levando em consideração que a lesão patrimonial ou extrapatrimonial que sofre o proprietário, em seu bem, ou a doença que contraria uma pessoa, inclusive a morte, podem ser oriundas da legislação ambiental.

Assim a vítima do dano reflexo pode buscar a reparação do mesmo, diante de

uma ação indenizatória, de cunho individual, dentro das regras do direito de

vizinhança.

Esse ramo vem sofrendo alterações, trazendo conceitos mais antigos, como o

da vizinhança, que hoje abrange as propriedades de forma mais distante, que de

alguma forma tiverem sido atingidas por atividades lesivas à saúde de determinadas

pessoas de uma região, e de forma igual às áreas contiguas. Tudo isso revela e

consagra a função socioambiental da propriedade como descreve o Art. 5º, XXIII da

CF, a propriedade atenderá a sua função social.

Sobre o instituto da função social da propriedade acentua Kildare, citado por

Milaré (2009, p. 831) que sem deixar de ser privada a propridade, se socializou, com

isso significando que deve oferecer à coletividade uma maior utilidade, dentro da

concepção de que o social orienta o individual.

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36

Há que se mencionar, ainda, que a função social da propriedade não está

limitada a área/zona rural, mas, também, abrange a propriedade urbana, que só

atenderá àquela a partir do cumprimento das exigências do plano diretor da cidade.

Então, vencidas as considerações acerca dos tipos de dano ambiental, inicia-

se, neste momento, o trato das formas de reparação do mesmo, quando será

observada a existência de uma ordem hierárquica relacionada àqueles.

1.4.3 Tipos de reparação do dano ambiental

A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente determina que o poluidor e/ou o

predador, terá obrigação de reparar e/ou indenizar os danos causados. Assim, há

três formas da reparação do dano ambiental: a restauração natural (levar ao retorno

do status quo ante), compensação ecológica e a indenização pecuniária, em

dinheiro.

1.4.3.1 Restauração ecológica ou recuperação in natura

A restauração natural ou, in specie, é a modalidade ideal, sendo a primeira

tentativa a ser realizada, mesmo que seja mais onerosa.

O aplicador da lei, de forma imperiosa, atento para essa constatação, profere

o seguinte entendimento. Machado (2010, p. 347):

Não basta indenizar, mas fazer cessar a causa do mal, pois um carrinho de dinheiro não substitui o sono recuperador, a saúde dos brônquios ou a boa formação do feto.

Esta medida como já mencionado anteriormente, trata-se de um aspecto do

principio do poluidor-pagador, e presta-se a uma função preventiva e não

compensatória do dano causado, pois a restauração do meio ecológico é

extremamente importante, onde o autor (do dano) se obriga a adotar medidas para a

recuperação daquele.

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37

A função da restauração natural ecológica e da capacidade do

aproveitamento pelo ser humano é determinada pelo sistema jurídico, que visa o

equilíbrio dinâmico, ou seja, a capacidade de autorregeneração e autorregulação.

Tomo nota então que a composição do dano, através da restauração natural

toma dois caminhos diversos, sendo o primeiro a restauração ecológica, que preza

pela reintegração, e o segundo, a compensação ecológica que visa a substituição

dos bens lesados por outros equivalentes, mesmo que deslocados para um local

diferente (algo que será melhor explicado no próximo item).

A regra, portanto, é procurar meios sustentáveis de reprimir o dano, ir além

das indenizações propostas, que são inadequadas para recompor o dano ambiental,

visto que nem sequer realizam a aproximação de reestabelecer o meio ambiente

ecologicamente equilibrado, apenas visando o ressarcimento monetário da lesão.

Sendo assim, a forma mais completa de reparação (reintegração do meio

ambiente), é a recuperação de todas as funções e características do meio ecológico.

Consiste numa obrigação de fazer (atividade é recompor o ambiente ou cessar o

exercício de alguma atividade lesiva).

Em determinados casos pode não se mostrar como a melhor forma de

reparação, em razão da própria dinâmica do meio ambiente.

1.4.3.2 Compensação ecológica

Quando não for viável ou for desnecessária a restauração ecológica integral,

há que se buscar a substituição do bem ou elemento lesionado por outro

equivalente, com intuito de buscar uma situação ao menos semelhante àquela

anterior ao dano.

Prevista na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza (SNUC), Lei nº 9.985/2000 em seu art. 36 e regulamentada pelo Decreto

n° 4.340/2002. Enquanto forma de reparação do dano ambiental, decorre do caráter

global e unitário do meio ambiente. Pressupõe-se que o dano a uma parte consiste

num dano ao todo e a recuperação ou melhoria de uma parcela daquele acarreta

melhoria da totalidade. Baseia-se na ideia de equivalência: considerar todas as

funções e capacidades do meio ambiente.

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Pode ser: qualitativa (recupera apenas determinadas capacidades e funções)

e quantitativamente proporcional (todas as capacidades e funções, mas

parcialmente).

Assim que é fixado o valor da compensação ambiental para um determinado

empreendimento e definida a sua destinação pelo órgão licenciado, o empreendedor

é notificado a firmar termo de compromisso com o Instituto Chico Mendes, visando

ao cumprimento da medida. Esse procedimento foi regularizado através da Instrução

Normativa nº 20/2011 do Instituto Chico Mendes.

Então, a título exemplificativo, a Coordenação de Compensação Ambiental do

Instituto Chico Mendes é o setor responsável pela operacionalização da

compensação ambiental destinada às unidades de conservação federais, apenas

quando essa recuperação não for viável é que se admite indenização em dinheiro,

como trataremos no próximo momento.

1.4.3.3 Indenização ou compensação pecuniária

A indenização em dinheiro, ou pecuniária, como já citado acima, deve ser

aceita, de forma primária, apenas quando a restauração in natura, ou ainda a

compensação ecológica, não forem viáveis, sendo uma forma indireta de sanar a

lesão.

O Art.14, §1º da LPNMA, descreve o direito de reparar o dano ambiental a

terceiros, quando o poluidor, afetar outrem diante de sua atividade.

O legislador busca de todas as formas fazer o poluidor reparar o dano

ambiental, impondo um custo, para suprir dois objetivos: dar uma resposta

econômica para a vítima (indivíduo ou sociedade) e intervir para que não ocorra

comportamento semelhante do poluidor ou de terceiros. Para ocorrer a efetividade, é

necessária a certeza e a rapidez da ação reparatória.

Sempre a última alternativa ou hipótese deve ser a conversão da reparação

em dinheiro, especialmente em razão da dificuldade de se atribuir valor econômico

aos bens ou elementos ambientais. Só se aplica na impossibilidade da restauração

natural.

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No entanto, caso a reparação pecuniária seja a utilizada, há que se esclarecer

que no Brasil o valor da indenização é revertido para o Fundo de Defesa dos Direitos

Difusos, como descrito no art. 13 da Lei Ação Civil Pública, Lei n° 7347/85:

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. § 1o. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 12.288, de 2010) § 2o Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.288, DE 2010).

Então, para que quaisquer dos procedimentos acima relacionados

(restauração in natura, compensação ecológica ou reparação pecuniária) ocorram, é

necessário que os agentes fiscalizadores (órgãos e/ou agentes públicos) estejam

atentos e operantes, pelo que merecem uma menção no tópico a seguir debatido.

1.4.3.4 Órgãos fiscalizadores: competência

A fiscalização age para prevenir e repreender à ocorrência de danos

ambientais, diante de aplicação de multas aos infratores. Sendo o exercício do poder

de policia tomado para evitar, ou sancionar, a ocorrência de lesões ou possíveis

lesões ao meio ambiente.

É necessária a atuação de órgãos públicos para que essa fiscalização seja

eficiente. Destacamos a atuação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos

Recursos Renováveis (IBAMA), da Fundação do Meio Ambiente (FATMA), e do

Ministério Público (MP) e dos órgãos locais.

O IBAMA foi instituído pela Lei 7.735 de 22 de fevereiro de 1989, e tem sua

finalidade descrita no artigo 2º da citada lei:

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[...] I - exercer o poder de polícia ambiental; II - executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do Ministério do Meio Ambiente; e III – executar as ações supletivas de competência da União, de conformidade com a legislação ambiental vigente.

Deve-se discorrer que o IBAMA tem competência para fiscalizar, exercendo o

poder de policia ambiental, e fazer cumprir as diligencias da PNMA, como exposto

no Art. 6º da Lei 6.938/81, e executar as leis supletivas de competência da União.

Inicialmente, o IBAMA era responsável pelas Unidades de Conservação, que

passou a ser regulado pelo Instituto Chico Mendes, criado pela Lei 11.51679 de 28

de agosto de 2007. Então, aquele órgão é de extrema importância por possuir

grande força para prevenir e repreender atos lesivos ao meio ambiente, em conjunto

com os órgãos estaduais e municipais.

A Fundação do Meio Ambiente (FATMA) é um órgão com competência

estadual, foi criada em 1975, e têm como suas funções principais as de preservar e

garantir os recursos naturais do Estado de Santa Catarina. Diante da Lei da PNMA,

a FATMA possui como sua função, executar programas e fiscalizar atividades com

grande poder de causar a degradação ambiental descrito no Art. 6º, V da referida lei.

Como órgão seccional estadual, a FATMA tem como dever fiscalizar as

atividades capazes de causar lesão ao meio ambiente, e ainda promover o

licenciamento ambiental necessário para a instalação de atividades com o potencial

de degradação ambiental na esfera estadual.

Contudo, exerce competência também para realizar pesquisas ambientais,

como a pesquisa de balneabilidade executada para auferir a qualidade das águas

para o banho humano em áreas pluviais e lacustres. Essa ação conjunta dos órgãos

federal e estadual é de relevante importância para a obtenção de um meio ambiente

ecologicamente equilibrado.

O Ministério Público (MP) atua como fiscal da lei, e é o responsável por

conferir se a lei está sendo cumprida, e se isto está ocorrendo de forma correta. No

que se refere ao meio ambiente, o MP tem a competência para propor a ação civil

pública, de acordo com o que dispõe o artigo 129, inciso III, da Constituição Federal

de 1988.

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Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: [...] III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

Citado órgão, rege-se pelo respeito às garantias constitucionais, sendo o

direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado entre elas. Verifica-se ainda,

que o MP se destaca por defender o interesse público, sendo que o meio ambiente

está contemplado no mesmo.

Ainda os órgãos ou entidades municipais, também são responsáveis pelo

controle e fiscalização de atividades potencialmente poluidoras, dentro dos limites de

respectivas jurisdições. Esta definição está descrita no artigo 6º, inciso VI da PNMA,

e dispõe que os órgãos municipais são responsáveis por fiscalizar e controlar as

atividades descritas nesta lei, na esfera municipal:

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; § 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. § 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. § 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada. § 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA.

Em face dessa competência concorrente com Estado e União, entende-se

que o município tem legitimidade para legislar sobre matéria ambiental, bem como

praticar as atividades de prevenção e recuperação do meio ambiente, dentro da

esfera municipal.

Tendo em vista que o meio ambiente saudável é um direito de todos, e que

cabe ao Poder Público o dever de preservá-lo e defendê-lo, resta comprovada a

importância dos órgãos locais em também contribuir para a garantia deste direito.

Encerrando assim o capitulo das competências, o próximo abaixo nos remete

ao objeto do presente estudo e que está relacionado aos tópicos acima trabalhados.

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1.5 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ACERCA DAS ATIVIDADES

EMPRESARIAIS DO MUNICÍPIO DE BRAÇO DO NORTE/SC E, EM EPECIAL,

DA SUINOCULTURA

Braço do Norte começou a ser povoada com a chegada dos imigrantes

alemães, em 1870. Em 1875 chegaram os italianos e, em 1876, os portugueses. A

partir daí a localidade começou a desenvolver-se rapidamente e com a Lei n° 231,

22 de outubro de 1955, o município foi criado.

Como todas as cidades de origem europeia, preserva a tradição das festas

em homenagem aos imigrantes. Uma delas é a Schweinfest (Festa do Porco) que

traz milhares de pessoas ao município, sendo que até a década de 1960 a economia

do município era fundamentada na agropecuária.

Braço do Norte é um município de empreendedores, que traz muitas opções

de empregos. O grande destaque fica por conta do setor de molduras, com o título

de "Capital Sul Americana da Moldura". Mas, também são destaques as indústrias

de máquinas, acessórios para molduras e vidraçarias. Indústria alimentícia, bebidas,

doces, metalúrgicas, plásticos, tecidos e tantos outros segmentos que compõem

nosso parque industrial.

A suinocultura na cidade de Braço do Norte é uma atividade importante do

ponto de vista econômico e social, sendo que fixa o homem no campo e gera

empregos. Todavia, até bem pouco tempo atrás o meio ambiente e os recursos

naturais eram utilizados sem o menor cuidado, sem que as pessoas entendessem

que os mesmos acabariam, ou se tornariam impróprios para usos futuros.

Preservar o meio ambiente deixou de ser uma escolha pessoal e passou a ser

uma necessidade com obrigações legais. No desenvolvimento de sua atividade

econômica, todas as pessoas ou empresas devem promover e exigir medidas que

garantam a qualidade do meio ambiente, da vida e da diversidade biológica.

É importante destacar que no uso, exploração, preservação e conservação

dos recursos ambientais, o interesse comum possui prevalência sobre o privado e

cabe ao Poder Público a responsabilidade de fazer as políticas de crescimento

econômico e social como as de proteção do meio ambiente, para serem compatíveis

e terem como finalidade o desenvolvimento integrado, harmônico e sustentável.

Page 44: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

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Pois bem, a suinocultura é uma atividade muito importante do ponto de vista

social e econômico e passou por transformações durante os últimos anos, visando

um aumento da produtividade com custos de produção reduzidos. Importante

ressaltar que grande parte das criações de suínos no Brasil é feita pelo sistema de

confinamento gerando uma quantidade de dejetos significativa por dia, sendo que o

tratamento desses dejetos é indispensavel para manter a qualidade de vida do local

onde essa atividade é instalada.

É necessário tornar a suinocultura sustentável, desenvolvendo para isso

recursos que possam diminuir o volume de resíduos sólidos e líquidos gerados, bem

como o uso adequado dos resíduos sólidos em áreas agriculturáveis.

Caso estaja em local inadequado, como áreas de preservação permantente

(APPs), devem ser retiradas as criações e sistemas de tratamento de dejetos, e feita

a recuperando da vegetação junto aos recursos hídricos, mantendo a atividade

juntamente com boas práticas ambientais, para diminuir os riscos de poluição. Como

será verá adiante algumas dessas medidas foram impostas, na prática, através da

solução extrajudicial (TAC) aos entrevistados no presente trabalho.

As denominadas ‘boas praticas ambientais’ consistem em evitar a poluição e

a perda da qualidade ambiental de mananciais hídricos, considerando o uso das

águas superficiais e subterrâneas da bacia hidrográfica regional, aproveitar os

resíduos como compostos orgânicos, minimizar a poluição das águas, do solo e do

ar e, consequentemente, evitar a contaminação da cadeia alimentar, garantindo o

equilíbrio e a integração das atividades de suinocultura com a vizinhança e o meio

ambiente, além de que para a criação de suíno, assim como qualquer outra

atividade com potencial poluidor, devem ser adotadas medidas e/ou sistemas de

segurança contra acidentes que coloquem em risco a saúde pública ou a natureza.

A suinocultura necessita de licenciamento ambiental para ser exercida, esta

licença deverá ser solicitada à FATMA ou ao órgão municipal responsável pelo setor

de Meio Ambiente. Caso o município tenha competência de licenciamento ambiental,

dependendo do tamanho da atividade, as licenças ambientais estabelecem as

condições para que a atividade cause o menor impacto possível à natureza. O

suinocultor que não possuir licença ambiental está sujeito às sanções previstas na

lei: advertências, multas, embargos e paralisação temporária ou definitiva dos

trabalhos. A legislação ambiental está em constante atualização para se adequar

perfeitamente a melhorias, diante da atividade de suinocultura.

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44

No que tange ao aspecto do licenciamento desta atividade, as licenças são

divididas em Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação

(LO).

Para a Licença Prévia é feita a apresentação de documentos, laudos e

plantas ao Órgão Ambiental, para que este verifique a viabilidade da atividade no

local proposto pelo empreendedor. Já a Licença de Instalação após a apresentação

de documentos, laudos e plantas ao órgão ambiental, para que este verifique a

possibilidade da instalação da atividade no local proposto pelo empreendedor e a

licença de operação com a apresentação de documentos, laudos e plantas ao órgão

ambiental, para que este verifique as condicionantes de operação da atividade no

local proposto pelo empreendedor.

A atividade de suinocultura está devidamente contemplada por inúmeros

aspectos que realizam os princípios da prevenção, precaução e do poluidor-

pagador, em especial no que concerne ao licenciamento ambiental, importante

instrumento capaz de conferir lisura ecológica à atividade, bem como diminuir os

riscos para que a mesma não venha a ser responsabilizada objetivamente.

1.5.1 Legislação associada a atividade da suinocultura

O art. 1º, III da Constituição Federal contempla a dignidade da pessoa

humana como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, sendo que

essa produziu, num passado recente, leis que realizem aquele objetivo. Como

exemplo que se aplica ao presente trabalho, temos as normas que regulam a

atividade da suinocultura.

Com efeito, a Resolução CONAMA nº 302/2002, define os parâmetros e

limites de Áreas de Preservação Permanente, assim como de reservatórios artificiais

e o regime de uso do entorno.

O decreto nº 14250, de 05 de junho de 1981, regulamenta a proteção e a

melhoria da qualidade ambiental, definindo a situação e localização dos resíduos

sólidos, assim como os líquidos, para o lançamento direto ou indireto nos corpos de

água.

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45

Ressaltando ainda que o direito de propriedade, art. 5º, inc. XXII/CF, e o

direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, art. 225/CF, são

artigos/princípios constitucionais que consubstanciam valores fundamentais da

sociedade contemporânea, e norteiam a responsabilidade civil objetiva, com vistas

ao desenvolvimento sustentável.

Diante das unidades de produção de suínos, incluindo o sistema de

armazenamento e tratamento de dejetos, quando estiverem na faixa de proteção,

devem ser relocados, como traz a Lei 12.651/2012, em seu Art. 2º,§2º, II:

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Outro ponto que merece destaque é o fato de que os sistemas de

armazenamento de dejetos nas propriedades dos suinocultores devem atender o

que estabelece a Instrução Normativa nº 12 da FATMA, e os volumes dos sistemas

de armazenagem devem ser calculados com base na capacidade física máxima das

pocilgas. Sendo que a quantidade máxima de dejetos para a utilização em lavouras

é de 50 m³/ha/ano.

Os sistemas de armazenagem e de tratamento de dejetos devem ser

impermeabilizados de tal forma a impedir qualquer tipo de infiltração no solo e nas

águas subterrâneas, devendo ser isolados com cerca de arame ou outro material,

impedindo a passagem de pessoas e animais. Ainda, a Instrução Normativa nº 12 da

FATMA também recomenda a instalação de sistemas de calhas e cisternas, visando

o aproveitamento das águas pluviais para uso nas pocilgas.

Então, uma vez esmiuçadas as principais normas que se relacionam à

atividade da suinocultura, passa-se, agora, ao tratamento específico dos termos de

ajustamento de condutas celebrados na cidade de Braço do Norte.

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46

1.5.2 O termo de ajustamento de condutas, suas vantagens e desvantagens, e

a suinocultura na cidade de Braço do Norte/SC

Diante da importância da suinocultura para o município de Braço do Norte/SC,

é um erro pensar na hipótese de extinguir essa atividade. Porém, a mesma deve

estar atenta para se adequar às normas ambientais, a fim de evitar danos ao meio

ambiente.

Nessa linha de pensamento, surge o termo de ajustamento de conduta (TAC),

que surgiu no ordenamento jurídico brasileiro na década de 90, tendo como principal

característica a resolução democrática dos conflitos, bem descrito por Milaré (2002,

p. 271), ao exarar:

[...] que obriga que o empreendedor promova as necessárias correções e regularizações no exercício de suas atividades e na operação dos equipamentos utilizado sem seu processo produtivo [...]

Sobre a legitimidade para a propositura do TAC, há que se observar o

importante Art. 5º, § 6º da Lei 7.347/85, Lei da Ação Civil Pública:

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: [...] § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

E, ainda, no Art. 79-A da Lei 9.605/98:

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores.

Neste aspecto, os TAC´s constituem eficazes instrumentos na observação da

preservação e recuperação do meio ambiente, tendo em vista que seu objetivo

maior é fazer com que todos os que utilizam os recursos naturais nos processos de

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47

produção, se adaptem às exigências legais, como condição para o funcionamento

de seus empreendimentos.

Com efeito, este escopo realiza não somente os princípios da prevenção,

precaução e poluidor pagador, como também revela submissão aos preceitos

relacionados à responsabilidade civil ambiental, alicerçada no risco da atividade

daqueles que desenvolvem atividades potencialmente poluidoras.

Ainda, deve-se dizer que o TAC contribui para o descongestionamento do

Poder Judiciário, pois atua de forma extrajudicial, alcançando os objetivos finais com

mais rapidez, sendo sua natureza de titulo executivo extrajudicial, conforme já citado

no Art. 5º, § 6º da Lei de Ação Civil Pública, não existindo desvantagens dessa

solução extrajudical.

Por sua vez, a legitimidade para firmá-los também está descrita no Art. 5º,§ 6°

da Lei 7.347/81, com exceção das associações. Assim, os compromissos de ajuste

de conduta, obtidos por outros, não legitimados por lei, são considerados

inexistentes. Na interpretação de AKAOUI (2008, p. 72) justifica a retirada das

associações como legitimas, para estabelecer o TAC:

Certamente que, longe de querer destinar todas as associações a uma vala comum, tentou o legislador evitar que algumas delas, que muito embora tenham presentes os requisitos constitutivos exigidos para que sejam legitimadas à propositura de ação civil pública, mas não tenham capacidade técnica ou moral para firmar o acordo para resguardo do bem jurídico difuso ou coletivo tutelado, venham a se aventurar neste campo.

Para que os termos de ajuste de conduta sejam homologados, é necessário

se ater a alguns requisitos, que são descritos por Milaré (2009, p. 479):

a) Necessidade da integral reparação do dano, em razão da natureza indisponível do direito violado; b) Indispensabilidade de cabal esclarecimento dos fatos, de modo a ser possível a identificação das obrigações a serem estipuladas, já que desfrutará de eficácia de título executivo extrajudicial; c) Obrigatoriedade de cominações para a hipótese de inadimplemento; d) Anuência do Ministério Público quando não seja autor.

Considera-se que a intervenção do Ministério Público nos TAC’s, é de

importância relevante, tendo em vista que o objeto do termo trata-se de um direito

fundamental.

Resta comprovada a importância do Termo de Ajuste de Conduta na

prevenção e recuperação ambiental. No entanto, em pesquisa realizada junto à 2ª

Page 49: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

48

Promotoria de Justiça do Município de Braço do Norte, constatou-se que há apenas

05 (cinco) Inquéritos Civis, relacionados à suinocultura, instaurados de 2004 à 2012.

Considerando-se os resultados auferidos a partir da investigação in loco,

pode-se constar que a atividade de suinocultura praticada no município de Braço do

Norte, SC, desenvolve-se, de certa maneira, à margem do ordenamento jurídico

brasileiro. A par de tais resultados, busca-se, na conclusão, refletir sobre os

mesmos, aliando-os aos fundamentos legais e doutrinários incorporados à pesquisa.

Ainda sobre o TAC, Freitas (2005, p. 86) relata que:

Um bom acordo, como é de conhecimento popular, vale bem mais que uma boa demanda. Essa solução é a adequada para danos tanto de pequena como de grande monta, pois o Promotor de Justiça passa a contar com um titulo executivo extrajudicial que dispensa a propositura de uma Ação Civil Pública.

Concluído todo esse aporte teórico, dá-se ensejo à pesquisa sobre a atividade

da suinocultura no município de Braço do Norte, Estado de Santa Catarina, que será

explorada no capítulo seguinte.

Page 50: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

49

CAPÍTULO II -

DELIMITAÇÕES METODOLÓGICAS

Para apresentar a pesquisa, é necessária uma trajetória metodológica para

apresentação do estudo realizado, o qual demonstra o caminho seguido para o

alcance do objetivo do presente trabalho de conclusão de curso.

A metodologia é um conjunto dos processos utilizados para desenvolver o

projeto de pesquisa. Seu propósito é ajudar a compreender em termos mais amplos

possíveis o sistema de investigação cientifica que o pesquisador aplicará em seu

trabalho. Conforme o desenvolver das etapas o estudo cientifico terá métodos e

formas próprias para sua elaboração.

A especificação de metodologia da pesquisa é a que abrange maior numero de itens, pois responde, a um só tempo, às questões como?, com quê?, onde ? quanto? (MARCONI; LAKATOS, 2009, p. 223)

Deve-se ressaltar que existe mais de um método cientifico. Dos inúmeros

métodos da ciência, cada trabalho tem seu método especifico para poder

desenvolver corretamente as etapas metodológicas para obter os resultados

esperados.

É essencial a utilização de métodos rigorosos, pois é dessa forma que se

atinge um tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo, para nos

proporcionar esta ciência.

Assim, a metodologia auxilia na coleta de dados para um referido tema. Com

os dados obtidos por meio de aplicação de questionário é possível obter dados para

responder as variáveis contidas no problema em estudo.

Dessa forma, serão abordados a justificativa, o problema, os objetivos gerais

e específicos, as hipóteses, os métodos, a abordagem, o instrumento de pesquisa,

população e amostra.

Page 51: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

50

2.1 JUSTIFICATIVA

Estima-se que na cidade de Braço do Norte, existam aproximadamente

29.000 (vinte e nove mil) matrizes, conforme dados fornecidos pela Secretaria da

Agricultura, com dados do ano de 2010. Forçoso reconhecer que tal atividade é de

grande impacto ambiental, se não manejada de forma correta.

Considerando o aumento da preocupação com questões relativas ao meio

ambiente e com a edição de normas para buscar a proteção ambiental, a atividade

da suinocultura, sempre presente, deve estar limitada aos parâmetros legais, além

de receber fiscalização por parte do órgão ambiental que licencia e controla a

atividade, que, em Santa Catarina, é a FATMA, conforme disposição legal ( Art. 6º,IV

da Lei PNMA).

A propósito, buscado um maior envolvimento dos conhecimentos técnicos que

nos vem sendo repassados, com a realidade vivida na região, optou-se por abordar

a área ambiental.

A escolha do assunto é justificada pelo objeto do estudo que busca extinguir a

produção irregular de suínos, sendo uma atividade de alto índice de poluição,

entrando em confronto com órgãos fiscalizadores, diante de eventuais

irregularidades no sistema.

Em vista a legislação em vigor (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente e

Código Civil), já devidamente abordada em tópicos anteriores, à responsabilidade

civil, relacionada a atividades com potencial de impacto ao meio ambiente, é de

caráter objetivo.

Reconhecidamente, a atividade de suinocultura tem um significativo potencial

poluidor, pelo que qualquer tipo de irregularidade naquela, independentemente de

culpa, ainda que apenas reflita a possibilidade de um dano ou a ameaça do mesmo,

resulta na obrigação de reparar ou, ainda, de prevenir.

Então, uma das contribuições sociais desta pesquisa será no sentido de saber

se as instalações dos suinocultores estão sendo regularizadas por intermédio de

Termo de Ajustamento de Condutas que, na seara ambiental, nada mais são, do que

instrumentos de responsabilização civil objetiva sem a necessidade de acesso ao

Poder Judiciário.

Page 52: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

51

Por conseguinte, esta pesquisa se justifica no sentido de analisar num estudo

mais aprofundado, a questão do manejo de suínos em seus aspectos legais dentro

da propriedade rural e de que forma o Termo de Ajustamento de Conduta facilita, ou

não, a adequação à legislação.

2.2 PROBLEMA

Na atualidade, a mídia e tantos outros setores da sociedade têm demonstrado

vários conflitos envolvendo ruralistas e ambientalistas.

São dois grupos que estão em constante discussão. Os ruralistas defendem a

questão econômica, que é afetada diante de todas as modificações e localização

irregular dessa atividade dentro de sua propriedade. Os ambientalistas defendem a

necessidade de manter um padrão de legalidade, para que a atividade não polua o

meio ambiente, e cause degradação ambiental, principalmente dos cursos de água,

que normalmente são os mais afetados nessa situação.

Em razão da interferência do homem na natureza, é necessário de certos

ajustes para manter uma qualidade de vida estável e assegurar um meio ambiente

saudável à todos os que nesse meio vivem. Assim são necessárias diretrizes como

as da PNMA, que visam garantir a preservação, melhoria e recuperação da

qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao

desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à

proteção da dignidade da vida humana.

Acredita-se que parte das irregularidades sejam ocasionadas pela falta de

informação dos produtores que muitas vezes são mal assessorados pelas

cooperativas e sindicatos, e desconhecem a legislação, esta desinformação pode

ocasionar sérios riscos ao meio ambiente e acarretando em diversas penalidades a

serem cumpridas pelos produtores.

Além de destacar a importância da solução extrajudicial, como também as

desvantagens desta.

Page 53: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

52

2.3 OBJETIVOS

A pesquisa cientifica tem como objetivo encontrar respostas para as questões

propostas no problema.

No estudo serão utilizados objetivos gerais e específicos.

O estudo tem como objetivo geral verificar as vantagens e desvantagens do

TAC, na esfera extrajudicial diante das propriedades rurais, com instalações

irregulares na suinocultura, destacando o instituto da responsabilidade civil objetiva.

Partindo do objetivo geral buscar-se-á os objetivos específicos consistindo

em:

1- Analisar 04 (quatro) propriedades rurais de Braço do Norte, de forma

aleatória, que possuem a atividade da suinocultura de forma irregular, estando à

mesma “respondendo” TAC diante do MP;

2- Verificar as vantagens e desvantagens da solução extrajudicial.

3- Verificar se ocorre a falta de informação dos produtores frente a sua

responsabilidade objetiva ambiental, o que acarreta o não atendimento as suas

diretrizes, causando o impacto ambiental.

4- Verificar junto à Secretaria Municipal de Agricultura, quantos suinocultores

têm no município e quantos são licenciados;

5- Verificar junto a FATMA, quantas licenças foram expedidas para Braço do

Norte/SC.

2.4 MÉTODO E ABORDAGEM DE PESQUISA

O método de pesquisa nos leva as etapas do processo para poder colher o

resultado satisfatório no trabalho proposto.

A finalidade da pesquisa é “descobrir respostas para questões, mediante a aplicação de métodos científicos”. Estes métodos, mesmo que, ás vezes, não obtenham respostas fidedignas, são os únicos que podem oferecer resultados satisfatórios ou de total êxito. (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 16).

O método utilizado neste trabalho é o método exploratório, pois conforme

conceitua Marconi e Lakatos, (2007, p. 85):

Page 54: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

53

São investigações de pesquisa cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com o ambiente,fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos.

De acordo com Pereira, a pesquisa exploratória, visa proporcionar maior

familiaridade com o problema e com o intuito de torná-la explicita ou de construir

hipóteses. (2010, p. 72)

Não só o método de pesquisa deve ser levado em consideração na

elaboração de um trabalho especifico, mas também a forma de abordagem para a

obtenção dos resultados propostos.

Quando a forma de abordagem pode ser classificada em pesquisa qualitativa

e quantitativa. Segundo Pereira (2010, p. 71), na pesquisa quantitativa tudo pode ser

mensurado numericamente, ou seja, podem ser traduzidas em números, opiniões e

informações para classificá-las e analisa-las.

Já a abordagem quantitativa de acordo com Pereira (2010, p. 71) define que:

Parte do entendimento de que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um veículo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não poder ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tentem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

É quantitativo por utilizar de dados numéricos, opiniões e informações na

analise dos dados coletados para poder chegar aos resultados da investigação. Esta

forma de abordagem quantitativa leva o pesquisador a identificar os elementos

básicos do fato estudado.

Estes elementos quantitativos serão coletados mediante pesquisa na FATMA

e no Ministério Púbico, sendo o objeto do estudo os Termos de Ajuste de Condutas

– TAC.

O qualitativo se efetua com toda informação numérica, resultante da

investigação. Este vínculo será explorado por meio de questionários e avaliações in

locco da situação das propriedades.

Page 55: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

54

2.5 PROCEDIMENTO DE PESQUISA

Como instrumento de pesquisa para obtenção das e informações necessárias

para atingir objetivos do presente trabalho, se utiliza fundamentalmente a pesquisa

com aplicação de questionário.

Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 98), “questionário é o instrumento de

coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser

respondidas [...]”.

O questionário é uma técnica de pesquisa, submetida às pessoas com o

propósito de obter informações.

Para Gil (2008, p. 121) os questionários:

Na maioria das vezes, são propostos por escrito aos respondentes. Costumam, nesse caso, ser designados como questionários auto aplicados. Quando, porem, as questões são formuladas oralmente pelo pesquisador, podem ser designados como questionários aplicados com entrevista ou formulários.

Cabe destacar que conforme a forma, a pergunta, o questionário é

classificado em aberto, fechado e de múltipla escolha.

Segundo Pereira (2010, p. 74):

As perguntas do questionário podem ser abertas, por exemplo: “qual é a sua opinião?”. Fechadas, em que a resposta esta restrita a duas escolhas, como “sim” ou “não”. De múltiplas escolhas em que há uma série de respostas possíveis.

No instrumento de questionário foram utilizadas perguntas fechadas. Neste

tipo de questão pede-se aos respondentes para que escolham uma alternativa

dentre as apresentadas para identificar a que melhor se adéqua ao proposto.

2.6 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Para obter os dados desejados no presente trabalho em relação às

instalações irregulares da suinocultura na cidade de Braço do Norte, delimitou-se a

população de pesquisa.

Page 56: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

55

Sendo de difícil aplicação, diante da extensão rural do município e da

incidência de suinocultores, a pesquisa foi de forma aleatória, onde se selecionou

um TAC, o qual é um termo ajustado no município de Braço do Norte e no município

de Concórdia. Ambos com índice alto de criação suinícola no Estado de Santa

Catarina e que consta 11 (onze) propriedades (produtores de suínos), distribuídos

entre os municípios de Braço do Norte e Concórdia, dentro do Estado de Santa

Catarina. Sendo determinados então objetos para esse feito. Destes, como se verá a

seguir, 04 foram os entrevistados.

O Termo de Ajustamento de Conduta que esta sendo citado ao longo desse

estudo esta sob o numero 09.2010.000180-8, encontra-se em anexo. (Anexo 02)

De acordo com Gil alguns conceitos básicos são fundamentais para

compreensão de amostragem. São eles:

Universo e população é um conjunto definido de elementos que possuem determinadas características. Comumente fala-se de população como referencia ao total de habitantes de determinado lugar. [...] Amostra é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população. (GIL, 2008, p. 89)

Será aplicado os questionários junto aos suinocultores, para verificar se

estão cumprindo as exigências impostas; se tem conhecimento sobre o manejo

adequado dessa atividade; e, sobre a imputação de penalidade prevista caso isso

não ocorra.

Assim para facilitar a pesquisa foi utilizada a amostragem probabilística por

área.

Marconi e Lakatos (2007, p. 45), assim fundamentam sobre a questão:

Uma das formas de variação da amostragem aleatória simples é por área, utilizada quando não se conhece a totalidade dos componentes da população, ou é possível de ser encontrada mais facilmente, por meio de mapas cartográficos ou de fotos aéreas, como geralmente ocorre com pesquisas da área rural.

Para buscar os resultados deste estudo foi utilizada a pesquisa de campo,

visando abordar àqueles suinocultores que celebraram Termo(s) de Ajustamento de

Conduta(s) em Braço do Norte.

Page 57: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

56

CAPÍTULO III -

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com a aplicação do instrumento de pesquisa e o levantamento dos dados é

indispensável que se proceda à sua apresentação e discussão dos resultados

obtidos, para que a pesquisa seja concluída e que se alcance o fim almejado com a

mesma, observando a percepção da população do município de Braço do Norte

sobre o que lhe foi indagado.

Ensina Marconi (2201, p. 64) acerca deste momento da pesquisa:

A análise dos dados é realizada após a coleta dos dados, quando o pesquisador lança mão critica, procurando interpretar bem o pensamento do autor. Por isso, é importante a compreensão e o entendimento dos fatos. Essa fase implica juízo de valor, posicionamento e criatividade, interpretando o conteúdo da obra em sua dimensão, significado e repercussão. Para isso, o pesquisador deve ter objetividade, espírito crítico, agudez e sutiliza.

Primeiramente, após a aplicação do instrumento de pesquisa, há a coleta de

dados, seguindo-se de sua analise detalhada, devendo o pesquisador utilizar-se de

sua critica e objetividade.

E coleta de dados referente ao numero de suinocultores regulares e

irregulares, se deu com a Secretaria da Agricultura e a FATMA, conjuntamente.

A amostra escolhida para a distribuição dos questionários se dá por

determinados indivíduos que celebraram Termo de Ajuste de Conduta (Anexo 02),

em vista de suas instalações irregulares. A apresentação dos resultados se dará

conforme ordem referente ao questionário, correlacionando-o com os objetivos

almejados com a pesquisa.

O questionário confeccionado para o presente trabalho de conclusão de curso

inicia indagando o individuo qual a relação com a área em que a produção de suínos

está instalada, com o intuito de analisar seu autoconhecimento referente ao objeto

da pesquisa.

Seguiu-se perguntando quanto tempo exerce a suinocultura, para verificar o

tempo que o mesmo trabalha nessa atividade.

A pergunta: qual a quantidade de propriedades que tem implantado a

suinocultura, serve para fazer um parâmetro com a pergunta abaixo, para saber sua

situação se encontra regular.

Page 58: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

57

Com o fim de observar quais as expectativas dos suinocultores acerca das

condições impostas pelo TAC, pergunta-se: qual o motivo de estar celebrando o

TAC?

As outras perguntas realizadas têm como finalidade principal verificar até que

ponto os suinocultores da cidade de Braço do Norte têm conhecimento da

legislação, se estão bem assessorados tecnicamente e se tinham conhecimento das

irregularidades anteriormente ao termo pactuado.

3.1 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS REFERENTES AOS

QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS SUINOCULTORES DO MUNICÍPIO DE

BRAÇO DO NORTE/SC

A pesquisa realizada objetivava obter dados da Secretaria da Agricultura e da

FATMA, para se ter um parâmetro acerca de quantas instalações de suínos estão

irregulares na cidade de Braço do Norte, além de questionar proprietários que

celebraram o TAC, junto ao Ministério Publico, por meio de escolha de forma

aleatória de um desses termos, para estar aplicando o questionário. Segue abaixo

apresentação de gráficos e discussão dos resultados obtidos.

3.1.1 Dados da secretaria de agricultura e da FATMA

Diante dos dados informados pela Secretaria de Agricultura Municipal de

Braço do Norte, a cidade hoje possui 29.000 (vinte e nove mil) matrizes suínas,

dados do ano de 2010, espalhadas por 200 propriedades, com atividade principal a

suinocultura, e destes 200 produtores, na Fundação Nacional do Meio Ambiente

(FATMA), a quantidade de licenças ambientais são de 140, expedidas no ano de

2010.

Segue anexo o gráfico referente à porcentagem do resultado diante das

informações obtidas:

Page 59: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

58

30%

70%Propriedades sem licençaambiental

Propriedades com LicençasAmbietais expedidas pelaFATMA

Gráfico 1: Dados de quantidade de propriedades e licenças ambientais. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Retira-se do gráfico a porcentagem do resultado de propriedades sem licença,

de 30% com pendência ou irregulares. Verifica-se, portanto, a existência de 60

instalações irregulares, que não possuem licença junto ao órgão licenciador.

Sendo que essa incidência, de 30%, é alta para a região que movimenta uma

quantidade de suínos semanalmente, e com o alto índice de poluição, como descrito

na resolução SEMA nº. 031, de 24 de agosto de 1998:

Art. 98 - No tratamento e disposição final dos dejetos, os dejetos gerados em suinocultura, devido ao seu alto grau de poluição, deverão obrigatoriamente sofrer tratamento preliminar e posteriormente para os destinos abaixo relacionados, desde que atendidos os Parâmetros de Lançamentos estabelecidos: a. tratamento secundário; b. aplicação no solo para fins agrícolas.

Sendo um número preocupante, é necessário o acompanhamento e vistoria

dessas áreas, como descrito no Art. 225, IV da CF. Neste está exarado que é

necessário exigir das atividades que sejam potencialmente causadoras estudo

prévio de impacto ambiental. Além disso, a LPNMA, em seu Art.10, expressa a

necessidade de atividades desta natureza dependerem de prévio licenciamento

ambiental.

É necessário conscientizar os produtores de suínos sobre a importância

dessa regularização, além dos benefícios que terão a curto e médio prazo. Neste

aspecto, a regularização pode se dar, primeiramente, pelo TAC, na esfera

administrativa como disposto, por exemplo, no Art.79-A, da Lei 9.605 de 1998:

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título

Page 60: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

59

executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores.

Ademais, é necessário destacar os benefícios que a regularização traz, já que

o empreendedor estará defeso da aplicação de multas, bem com da paralisação da

atividade.

Os gráficos a seguir têm sua porcentagem embasada nas respostas de 04

(quatro) produtores escolhidos de forma aleatória no TAC, e que responderam o

questionário aplicado.

3.1.2 Dados referentes à relação com a atividade

No que diz respeito à relação dos indivíduos com a propriedade, segue abaixo

o gráfico referente à porcentagem do resultado da identificação quanto à relação

com a área pesquisada: Qual a sua relação com a área em que a unidade de

produção de suínos está instalada?

100%

0%

0%

Proprietario

Arrendatario

Outros

Gráfico 2: Dados referentes a unidade de instalação. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Verifica-se que dos entrevistados, 100% são proprietários das granjas assim

como das propriedades que a atividade é exercida, facilitando assim, o cumprimento

do TAC.

Page 61: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

60

3.1.3 Quanto ao tempo que trabalham na agricultura

Um dos objetivos a serem alcançados com o instrumento de pesquisa, é a

verificação do tempo que essas pessoas atuam na área.

Segue o gráfico referente à porcentagem do resultado do tempo de atuação

nessa área.

0%

25% 75%

Mais de 10 anos

De 10 à 20 anos

Mais de 20 anos

Gráfico 3: Dados referentes ao tempo eu exercem a suinocultura. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

No que tange aos indivíduos que responderam este questionário, 25%

trabalham entre 10 a 20 anos nesta atividade e 75% trabalham a mais de 20 anos,

deixando claro que se trata de uma atividade, que passa de pai para filho, sempre se

propagando entre a família.

E, ainda, isso demonstra que os produtos conseguem ver as mudanças

realizadas pela atividade no meio ambiente, e tem consciência do efeito destrutivo e

tóxico delas, pois a maioria já tem contato com a atividade desde criança, e tiveram

pais que trabalharam nesse ramo.

Conclui-se que essa atividade além de ter significativa na região, em sua

maioria são construções antigas de grande porte que de maneira geral possuem

mais de 100 matrizes.

Page 62: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

61

3.1.4 Quanto à quantidade de propriedade com a mesma atividade

Segue gráfico referente à quantidade de propriedades que os produtores

têm implantado a atividade.

100%

0%

0%

Apenas 1 propriedade

De 2 á 3 propriedades

Mais de 3 propriedades

Gráfico 4: Dados referentes a quantidade de propriedades implantada a suinocultura. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Percebe-se que a predominância total, diante da amostragem do gráfico, que

100% dos entrevistados, possuem apenas uma propriedade com a atividade

implantada, de modo que tem sua atividade concentrada em apenas uma região,

sendo que legalmente e ambientalmente é uma opção interessante, pois o produtor

possui mais facilidade e agilidade na hora de regularizar sua atividade.

3.1.5 Quanto à mão de obra envolvida na atividade

Para verificar quantos empregos essa atividade esta proporcionando, foi

realizada a pergunta ‘ quantas pessoas estão envolvidas nesta atividade em seu

total?’.

Segue o gráfico referente a essa porcentagem, obtida na pesquisa.

Page 63: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

62

100%

0%

0%

Até 05 pessoas

De 05 à 10 pessoas

Mais de 10 pessoas

Gráfico 5: Dados referentes a pessoas envolvidas na atividade. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Como podemos verificar 100% das propriedades opera com até 05 pessoas,

ligadas diretamente à suinocultura, e que sua mão de obra em geral é denominada

familiar. Presume-se que a família envolvida na atividade percebe os impactos

negativos de forma mais aprofundada.

3.1.6 Quanto a licença ambiental

Nesse ponto, foi indagado sobre a licença ambiental, se já possuíam ou ainda

não, e verificar se o encaminhamento já teria sido realizado, seguindo abaixo o

gráfico referente a esta pergunta:

0%

25% 75%

Sim

Não

Não, mas já foi encaminhado

Gráfico 6: Dados referentes a licença ambiental. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Page 64: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

63

Diante do gráfico fica claro que 75% dos suinocultores, mesmo não tendo a

licença ambiental, buscam se padronizar e regulamentar sua atividade, enquanto

25% deles não possui e também não tem encaminhado a correção.

Diante do cumprimento do TAC (os questionamentos relacionados ao mesmo

serão abaixo tratados), 75% estão se regularizando e dentro do prazo, sendo que já

foram expedidas licenças, e alguns já finalizaram o cumprimento do TAC.

3.1.7 Dados sobre conhecimentos básicos diante da legislação ambiental

A pergunta realizada a seguir, sobre se procuram ou não informações sobre a

legislação ambiental aplicada a atividade, foi de grande importância para esse

trabalho, referindo-se diretamente para obtermos uma resposta, diante da

negligencia ou não dessa atividade.

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas obtidas:

50%

50%

Sim

Não

Gráfico 7: Dados referentes aos conhecimentos básicos. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

A busca por informações também se divide neste momento, 50% busca estar

informado de forma particular, questionando e perguntando aos técnicos ou

diretamente da cooperativa onde são filiados, muito comum na suinocultura, e outros

50% esperam que a informação venha a seu encontro.

Essa falta de informação pode gerar novos danos ambientais e continuar com

a atividade irregular, para isso é necessário que os suinocultores tenham

Page 65: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

64

informações adequadas e iniciativa para manejarem suas atividades de forma à

respeitarem o Art. 225 da Carta Magna.

3.1.8 Quanto ao acesso de informações

0%

75%

25%

Meios decomunicação emmassa ( Rádio, TV,Jornal)

Através deconsultoriaespecializada

Não buscainformações

Gráfico 8: Dados referentes aos conhecimentos básicos. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Pelo gráfico podemos verificar que 75% têm acesso às informações mediante

consultoria especializada, sendo que 25% não buscam essa informação.

Ocorre que se verificou que existe uma enorme deficiência nesse setor, pois

muitos que buscam essas informações são orientados de forma errada, e não tem o

amparo necessário e confiável. Sendo que 50% dos entrevistados descreveram que

foram enganados por seu técnico particular.

Ainda no termo (Anexo 02) em sua clausula 6ª, traz que os signatários do

termo comprometem-se os a realizarem eventos, tanto quanto necessários para

orientar os produtores sobre o contido no mesmo, sendo que esses eventos são

desconhecidos e que pelo que pude observar foi recebido apenas visitas de vistoria

da FATMA, em momentos alternados.

3.1.9 Quanto ao amparo profissional

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas quando ao

amparo profissional:

Page 66: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

65

50%

25%

25%

Sim, de forma particular

Sim, alguem ligado a cooperativa

Não

Gráfico 9: Dados referentes ao amparo profissional. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Diante do gráfico, podemos verificar que 50% são amparados por consultoria

especializada, e 25% amparados por cooperativas que predominam muito nessa

atividade. No entanto, as informações prestadas por aquelas são relacionadas a

produção, alimentação, e saúde dos animais. No que tange a licença ambiental a

cooperativa apenas informa que seus cooperados a tenham, e esclarecem algumas

duvidas de caráter mais simples.

Relativo aos 25% que não tem nenhum tipo de amparo profissional, a licença

será de difícil obtenção, em vista do pouco conhecimento que estes produtores têm

acerca dos estudos técnicos necessários, descritos em legislação ambiental

específica, à obtenção da Licença Ambiental de Operação.

3.1.10 Quanto à área de preservação permanente

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas quanto a

Área de Preservação Permanente:

Page 67: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

66

100%

0%

Sim

Não

Gráfico 10: Dados referentes aos conhecimentos sobre APP. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Sobre a APP, matéria muito relevante desse estudo, verificou-se que 100%

dos entrevistados acreditam ter conhecimento do que esse termo significa.

Conforme verificado nos TAC’s firmados pelos entrevistados, pode-se verificar que já

foram retiradas a maioria das esterqueiras desta área.

É necessário preservar essas áreas, como descrito no decorrer deste

trabalho, e diante da atividade descrita, é necessário primeiramente respeitar o

principio da prevenção e da precaução, para não serem necessárias outras medidas

relacionadas ao princípio do poluidor pagador. Essas últimas manifestações de

responsabilidade civil objetiva, previstas em virtude do descumprimento do TAC

celebrado pelos entrevistados.

3.1.11 Quando a celebração do TAC

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas quando a

celebração do TAC:

Page 68: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

67

100%

0%

0%

Durante Inquérito Civil, na esferaextrajudicial, pela FATMA, MP ouIBAMA.

No curso de ação judicial

Outros

Gráfico 11: Dados referentes a celebração do TAC. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Essa pergunta se deu para verificar o conhecimento acerca da celebração do

TAC, verificando no gráfico que 100% dos entrevistados têm conhecimento que o

TAC foi imposto durante a tramitação de um Inquérito Civil, se tornando assim uma

medida extrajudicial.

Gilberto Passos de Freitas, (2005, p. 86) que, este instrumento se destaca, na

medida em que possibilita a satisfação da tutela do direito sem a necessidade de

ingresso em juízo, obtendo uma rápida condução ou recondução do status quo

almejado.

Assim resta claro que essa é uma medida mais rápida, que veio para

descongestionar o judiciário, além de ser mais benéfica para o próprio produtor,

ficando apenas na seara extrajudicial.

3.1.12 Quanto ao motivo de celebração do TAC

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas diante da

celebração do TAC:

Page 69: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

68

50%

50%

Sim

Não

Gráfico 12: Dados referentes ao motivo de celebração do TAC. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Sendo que na celebração do TAC é de extrema importância que as partes

tenham conhecimento sobre as irregularidades destacadas em suas propriedades e

a importância destas, o correto seria que todos soubessem os motivos pelos quais

estão celebrando o acordo. Com certeza isso revela confiança na assessoria

técnica, ou, pior, medo de confrontar o Ministério Público e aceitar condicionantes,

sem conhecimento técnico das mesmas.

3.1.13 Quanto ao motivo do TAC

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas diante do

motivo de celebração do TAC:

50% 0%

25%

0%25%

Esterqueira em Área de Preservação Permanente (APP)

Revegetação próximo a nascente e curso d´agua

Outro

Mais de uma alternativa

Não tem conhecimento

Gráfico 13: Dados referentes ao TAC na propriedade. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Page 70: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

69

Diante do gráfico 50% descreveram que estavam em APP, 25%

desconhecem o motivo de estarem em TAC, e outros 25% descrevem outro motivo.

Verificando os envolvidos, foi verificado que, em geral, a maioria das

propriedades, na implantação do TAC, tinha o empreendimento e esterqueiras em

área de APP, além de falta de composteira.

3.1.14 Quanto a dificuldade de cumprir o TAC

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas diante da

dificuldade de cumprir o TAC:

75%

0%

25%

Sim

Não

Não esta cumprindo

Gráfico 14: Dados referentes a dificuldade de cumprir o TAC. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Diante das dificuldades encontradas, verifica-se que 75% dos entrevistados

possuem dificuldade para cumprir o TAC, e 25% não estão cumprindo.

Acredito que a falta de informação seja o ponto chave de toda a discussão,

pois quem tem uma boa assessoria, é acompanhado e incentivado, tendo condições

de verificar as modificações positivas em sua atividade. Desta forma, acaba

aceitando e cumprindo as condicionantes do TAC.

Page 71: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

70

3.1.15 Quanto à natureza da dificuldade

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas diante da

natureza da dificuldade do TAC:

75%

25%

0%

Fator Economico

Falta de Interesse

Falta de informação

Gráfico 15: Dados referentes a natureza da dificuldade de cumprir o TAC. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

O fator econômico lidera com 75% dos entrevistados, e 25% pela falta de

interesse em estar se regularizando.

A dificuldade relacionada ao fator econômico pode ser minorada caso as

modificações necessárias, explicitadas no TAC, forem realizadas de modo correto,

com o devido acompanhamento técnico, sem que haja necessidade de refazer o

trabalho.

Há que se mencionar, que as dificuldades enfrentadas quanto a reparação,

ainda que causem dificuldades financeiras ao reparador, revelam uma obrigação e,

sem dúvida, têm grande relevância para a manutenção do meio ambiente

ecologicamente equilibrado Com efeito, Marques (2002, p. 190) denota que:

A reparação do dano é de extrema importância na prevenção especial porque cria no autor do delito uma relação especial com o bem jurídico por ele lesado, na medida em que o obriga a adotar medidas para sua restauração.

A restauração é de indiscutível importância, quando houve a degradação, o

meio ambiente tem que voltar ao estado anterior, sendo que, como descrito no Art.

225,§ 3º, as condutas consideradas lesivas, sujeitarão os infratores a atividades

administrativas, independente da obrigação de reparar o dano.

Page 72: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

71

O Art. 4ª, VII da Lei PNMA, nos lembra de que à imposição, ao poluidor e ao

predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao

usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos,

é realizada em virtude de uma utilização indevida dos recursos naturais.

3.1.16 Quanto a previsão de regularização do TAC

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas diante do

tempo previsto para a regularização do TAC:

0%

0%

100%Até 02 anos

Mais de 02 anos

Não sabe

Gráfico 16: Dados referentes ao tempo previsto para regularização do TAC. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Diante do tempo que foi instaurado o TAC, cerca de 8 anos, até o momento,

os entrevistados em seu total, desconhecem qual o prazo estipulado para o

cumprimento desta medida.

Verificando o TAC, constatei que todos estão fora do prazo, e com a LAO

expirada. O prazo datado era de até 90 meses, iniciando-se no mês de janeiro de

2004, finalizando em junho do ano de 2010.

Até o presente momento não houve ingresso na esfera judicial para a

execução.

Page 73: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

72

3.1.17 Quanto a penalidade

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas diante da

penalidade:

0%

0%

100%Até 02 anos

Mais de 02 anos

Não sabe

Gráfico 17: Dados referentes a penalidade imposta do TAC. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Verificamos no gráfico que 100% dos entrevistados não têm conhecimento

sobre as penalidades previstas no TAC, quando este restar não cumprido.

A Instrução Normativa SEMA nº 1/2007, em seu Art. 36, traz:

Art. 36. Nos casos em que o requerente tenha assinado TAC para recuperação de áreas degradas e/ou TCC e não os tenha cumprido é vedada a assinatura de novo Termo, devendo o processo ser encaminhado à Subprocuradoria-Geral de Defesa do Meio Ambiente para as providências. Os demais empreendimentos cadastrados na SEMA, contendo PRAD e TAC, são acompanhados por técnicos da Superintendência de Infra-estrutura, Mineração, Indústria e Serviços (SUIMS).

Sendo que o não cumprimento desse acordo, gera o imediato cancelamento

das licenças expedidas, e ingressar com a execução judicial do mesmo, além de

multa diária, nesse caso estipulada em R$500,00 (quinhentos reais), revertida para o

Fundo de Reconstituição de Bens Lesados, como consta na clausula 18 (anexo 02).

O art. 79-A, VI em seu §4º da Lei 9.605/98, trata das multas:

§ 4º A celebração do termo de compromisso de que trata este artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas antes da protocolização do requerimento.

Page 74: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

73

3.1.18 Quanto ao conhecimento das irregularidades em momento anterior

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas diante do

conhecimento das irregulares anteriores ao TAC:

0%

100%Sim

Não

Gráfico 18: Dados referentes ao conhecimento das irregularidades em momento anterior ao TAC. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

Como verificamos no gráfico 100% não tinha conhecimento que possuía

esterqueira em lugar impróprio, ou empreendimento em área de APP, assim como a

falta de composteira e a necessidade de realização de revegetação.

Caso esses suinocultores tivessem a informação adequada anteriormente,

não seria necessária a realização do TAC, com riscos até de responderem uma

Ação Civil Pública.

De qualquer forma, o Termo de Ajustamento de Conduta foi celebrado para

melhor resguardar os direitos difusos, vez que o processo civil tradicional,

eminentemente individualista, não atende satisfatoriamente aos reclames da tutela

coletiva.

3.1.19 Quanto a regularização no final do TAC

Segue gráfico referente à porcentagem do resultado das respostas diante da

regularização da atividade:

Page 75: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

74

50%

25%

25%

Sim, totalmente

Sim, parcialmente

Não

Gráfico 19: Dados referentes a regularização após o TAC. Fonte: Elaborado pela acadêmica (2012)

O gráfico deixa claro que 50% entendem estar regularizando por completo

sua atividade, 25% estar parcialmente e 25% não estarem realizando as

modificações.

Pela visita feita as propriedades, consegui verificar que a grande maioria esta

com seu Termo de Ajuste de Conduta sendo cumprindo, composteira feita,

esterqueiras regularizadas, revegetação crescendo, o ambiente em algumas delas é

agradável, e não possui odor forte, típico da atividade.

A maioria dos produtores quer realizar as mudanças visando não apenas

cumprir algo proposto, mas sim ajudar o meio ambiente, e manter a natureza que os

rodeia.

3.2 ANÁLISE DOS DADOS CONTIDOS NOS TERMOS DE AJUSTE DE

CONDUTA

Os Termos de Ajuste de Conduta, objeto dessa pesquisa, foram escolhidos

de forma aleatória, e fazem parte do Programa Nacional do Meio Ambiente II -

PNMA II - que atua na melhoria da qualidade ambiental em todo o País, através do

incentivo à gestão integrada dos recursos naturais e do fortalecimento das

instituições que compõem o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.

O projeto "Controle da Degradação Ambiental Decorrente da Suinocultura em

Santa Catarina" esta sendo executado nas Bacias Hidrográficas do Lajeado dos

Page 76: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

75

Fragosos, no município de Concórdia (Oeste do Estado), e do Coruja/Bonito, no

município de Braço do Norte (Sul do Estado).

Pois bem, o TAC citado acima nº 09.2010.000187-1 foi assinado em 08 de

dezembro de 2003.

Algumas são as vantagens desse termo de compromisso extrajudicial.

Financeiramente, por exemplo, é um atrativo para os suinocultores, pois há redução

de custos, sendo que o sistema judiciário é extremamente oneroso. Para a justiça a

agilidade desse procedimento é maior, além de descongestionar o judiciário de

longas e tumultuadas execuções.

Ademais, não se deve esquecer que a celebração do TAC ambiental, causa

reflexos extremamente positivos em âmbito social, pois o objeto daquele é meio

ambiente, direito difuso por excelência, que afeta a todos e, portanto, deve ser

protegido da maneira mais adequada possível. Neste aspecto conforme já

mencionado, as soluções extrajudiciais normalmente resultam em maior rapidez na

proteção ao meio ambiente.

A seguir, destaco um apanhado geral dos produtores, que foram alvo do

questionário, de forma a demonstrar a realidade de cada um, explanando seu caso

frente ao TAC, objeto deste estudo. (Anexo 02)

3.2.1 Proprietário 01

Segundo o relatório de vistoria da FATMA, está com as seguintes

irregularidades: falta de composteira para animais mortos, que conforme a clausula

11ª, item VIII, deve ser realizada sob a responsabilidade de profissionais

devidamente habilitados e registrados no Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia (CREA).

Segundo o relatório técnico de vistoria datado de 01/02/2005, foi concluído a

composteira, o mesmo teve concedido a licença ambiental em 2006. Após este

primeiro licenciamento a empresa passou por renovações de licença ambiental,

somente com manutenções no sistema, vindo a ter a ultima licença ambiental em

2010, para 04 (quatro) anos.

Page 77: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

76

Sendo que no mesmo consta um plano de revegetação desta propriedade no

processo, a qual não possui essa irregularidade, nem a necessidade de estar

realizando. Diante dos relatórios de vistoria, em nenhum momento foi mencionada

essa irregularidade, ficando claro o descaso de muitos profissionais, que

provavelmente juntou de forma igualitária o mesmo termo junto a todos seus

processos.

3.2.2 Proprietário 02

Segundo o relatório de vistoria da FATMA, esta com as seguintes

irregularidades: Empreendimento em área de APP, conforme clausula 5ª, item I, a

propriedade possui um curso de água permanente com largura de até 10 metros,

sendo que boa parte da edificação da atividade se localiza dentro dessa área.

É necessário realizar a revegetação de 30 (trinta) metros das faixas marginais

do córrego sem denominação existente na propriedade, conforme clausula 5ª, item I,

letra b, é necessário realizar a recuperação da mata ciliar, num prazo de até 60

meses.

Segundo o relatório técnico de vistoria datado de 15/10/2012, o

empreendimento esta operando normalmente, na propriedade existe um córrego

sem denominação, sendo que o mesmo está localizado há apenas 15 (quinze)

metros da pocilga. Uma parte das faixas marginais do córrego encontra-se

revegetada, e a outra em processo de revegetação.

O empreendimento esta localizado em área de APP, por isso a atividade não

atende o TAC datado de 08/12/2003, por não haver espaço físico suficiente devido a

presença das pocilgas, para revegetar os 30 (trinta) metros de suas faixas

marginais. Foram revegetados parcialmente 10 (dez) metros.

A data final do TAC era datada no mês de junho do ano de 2010 e até o

presente momento não houve ingresso na esfera judicial para a execução.

Page 78: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

77

3.2.3 Proprietário 03

Segundo o relatório de vistoria da FATMA, esta com as seguintes

irregularidades: Necessário a construção de mais uma esterqueira, conforme

clausula 11, item 01, os sistemas de armazenamento de dejetos nas propriedades

devem ser calculados com base na capacidade máxima das pocilgas, obedecendo a

instrução normativa nª 12 da FATMA, além de falta de composteira para animais

mortos, que conforme a clausula 11ª, item VIII, como esplanada anteriormente, e

também, nesta propriedade era necessário realizar a revegetação das nascentes,

em torno de 30 (trinta) metros.

Segundo o relatório técnico de vistoria datado de 26/03/2009, composteira e

esterqueira realizada. A revegetação até a data de 14/04/2011, conforme relatório de

vistoria datado, não teria sido totalmente cumprido, faltando revegetar 20 (vinte)

metros, sendo o prazo de 60 meses, já estando fora do prazo datado, até o presente

momento não houve ingresso na esfera judicial para a execução.

3.2.4 Proprietário 04

Segundo o relatório de vistoria da FATMA, esta com as seguintes

irregularidades: Necessidade de construção de mais 02 esterqueiras, como consta

na clausula 11ª, item I, onde relata que as esterqueiras devem ser calculas diante da

capacidade máxima de cada pocilga.

A falta composteira para animais mortos, deve ser implantada sob a

responsabilidade de um profissional do CREA, como consta na clausula 11ª, item

VIII, também era um item para ser cumprido dessa propriedade, era desmanchar a

casa próxima a instalação das granjas e em área de APP, assim como o

empreendimento é necessário revegetar 30 metros das faixas marginais, como

consta na clausula 5ª, item I, b, que relata também a necessidade de revegetação

com o cultivo tanto de espécies nativas, como espécies permanentes.

Diante da vistoria datada em 15/10/2012, a propriedade realizou as

modificações destacadas, porem não poderá contemplar o TAC, por não haver

Page 79: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

78

espaço físico suficiente, devido a presença das pocilgas, para revegetar os 30

(trinta) metros de suas faixas marginais, foram revegetados 10 (dez) metros, ao final

a FATMA sugere que para a propriedade conseguir regularizar a situação seja

aplicado o novo código estadual, sendo que a nova lei determina até 5 (cinco)

metros para as faixas marginais.

Page 80: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

79

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a explanação detalhada dos assuntos que permeiam o tema do

presente trabalho, qual seja o termo de ajustamento de conduta celebrado diante

das instalações irregulares da suinocultura na cidade de Braço do Norte/SC no ano

de 2003, abordando suas vantagens e desvantagens da solução extrajudicial,

verificou-se que o TAC é benéfico, pois agiliza as mudanças necessárias em áreas

que estejam manejando atividade de forma incorreta. Resguarda o meio ambiente

também de forma eficiente, com as medidas tomadas, fora do âmbito judicial, que

desgasta ainda mais a finalidade da ação, quando se busca cessar a ocorrência do

dano, de forma eficiente.

Com as respostas obtidas na pesquisa foi verificado que a maioria dos

produtores possui precário acompanhamento técnico, que além da falta de

informação, que agrava o problema ambiental já existente.

A maioria dos produtores trabalha a mais de 20 (vinte) anos nessa atividade,

e mesmo assim realizou construções e manteve outras de forma irregular, sendo

uma atividade típica na região, e repassada de pai para filho, as famílias que tem

essa atividade implantada dependem totalmente dela.

Diante de diversas irregularidades nas propriedades o TAC foi imposto como

medida extrajudicial, para estar regularizando-as e, sendo que ainda a maioria

desconhece o real motivo da celebração, quando em todos eles constam mais de

um item pendente de modificação.

O Art. 14, §1º da LPNMA, traz que o não cumprimento das medidas de

prevenção e correção dos danos causados pela degradação do dano ambiental,

devem ser indenizados ou reparados independente da existência de culpa,

objetivando a responsabilidade civil objetiva, e ainda podendo ser proposto ação de

responsabilidade civil ou criminal.

O desconhecimento dos suinocultores, referentes às multas, suspensão da

atividade, e ações que podem vir a receberem por não terem uma atividade regular,

são de grande importância para acabar com os problemas ambientais, já que teriam

construído e adequado essa atividade antes de sofrer alguma medida administrativa,

o Art. 14 da LPNMA traz as medidas administrativas que vão desde multa simples

Page 81: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

80

ou diária até a suspensão da atividade, pela não observação da legislação

ambiental.

Ainda no momento da aplicação constatei que a mudança dessas áreas

depois de imposta o TAC, foi visivelmente positiva, pois o reflorestamento da área

trouxe pássaros para habitar o local, e fez jus ao Art. 225 da Carta Magna, pois o

meio ambiente ecologicamente equilibrado é necessário para a sadia qualidade de

vida.

Mesmo sendo uma atividade bastante visada na região, esses profissionais,

deixam muito a desejar, como pude verificar na realização desse estudo, pois a

maioria dos suinocultores são pessoas leigas e acreditam nos que lhes é repassado,

não se preocupando com as demais situações que podem a vir existir como os

Termos de Ajustamento de Conduta e demais sansões administrativas.

Este trabalho nos traz a realidade que a falta de informação, e a ineficácia da

assessoria ambiental, que leva os suinocultores a atitudes irregulares, e

prejudicando a coletividade toda e si, e também deixa claro o engajamento da

maioria para estar com sua atividade ativa e de forma sustentável, respeitando os

parâmetros ambientais.

O TAC traz agilidade, para a resolução dos problemas, para que da forma

extrajudicial, eles sejam tratados e objetivados, diante das normas vigentes no

momento. Diante das desvantagens, essas são inexistentes nessa seara, hora que

respeitando as formalidades de confecção e execução, a sociedade e os particulares

envolvidos só têm a somar interesses positivos.

Page 82: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

81

REFERÊNCIAS

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Page 83: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

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Page 84: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

83

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84

ANEXOS

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ANEXO A

QUESTIONÁRIO SOBRE A RESPONSBILIDADE CIVIL OBJETIVA DAS

INSTALAÇÕES IRREGULARES NA SUINOCULTURA DO MUNICÍPIO DE BRAÇO

DO NORTE/SC

QUESTIONARIO SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

INSERIDA EM TERMOS DE AJUSTE DE CONDUTA

RESPONSAVEL

PRISCILA OENNING DE SOUZA

Acadêmica da 10ª fase do Curso de Direito/UNIBAVE

[email protected]

Você esta convidado a responder este questionário que faz parte da coleta de dados

para a elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – apresentado como

requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Direito do Curso de Direito

do Centro Universitário Barriga Verde – UNIBAVE, Orleans/SC, sobre orientação do

Professor André Garcia Alves Cunha.

Este instrumento tem como objetivo recolher informações sobre as Instalações

irregulares na suinocultura da cidade de Braço do Norte/SC. Verificar se as mesma

estão ou não cumprindo a legislação ambiental que se deu através de celebração de

Termos de Ajustamento de Conduta. Então, verificar se está sendo atingindo o

objetivo de preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.

Para tanto, solicitamos sua importante e fundamental contribuição no preenchimento

das questões a seguir. Lembramos, ainda, que as informações coletadas são

confidenciais e se destinam exclusivamente a pesquisa.

Page 87: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

86

QUESTIONARIO

01- Qual a sua relação com a área em que a unidade de produção de suínos esta

instalada?

( ) Proprietário

( ) Arrendatário

( ) Outro

02- Quanto tempo exerce a suinocultura?

( ) Menos de 10 anos

( ) De 10 a 20 anos

( ) Mais de 20 anos

03- Qual a quantidade de propriedades que tem implantado a suinocultura?

( ) Apenas 1 propriedade.

( ) De 2 à 3 propriedades

( ) Mais de 3 propriedades

04- Quantas pessoas estão envolvidas nesta atividade no total?

( ) Até 05 pessoas

( ) de 05 À 10 pessoas

( ) Mais de 10 pessoas

05- Você possui licença ambiental para alguma propriedade?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não, mas já foi encaminhado

06- Você procura informações sobre sua responsabilidade ambiental, diante do

manejo de suínos?

( ) Sim

( ) Não

07- Em caso afirmativo, qual a sua fonte de informações:

Page 88: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

87

( ) Meios de Comunicação em massa (jornal, TV, rádio);

( ) Através de consultoria especializada

( ) Não busca informações

08– Você possui equipe técnica (engenheiro, biólogo, etc.) responsável por sua

atividade?

( ) Sim, de forma particular

( ) Sim, alguém ligado a cooperativa.

( ) Não

09– Você sabe o que é Área de Preservação Permanente (APP), ou mata ciliar?

( ) Sim

( ) Não

10– Sabe-se que você celebrou Termo de Ajustamento de Condutas. De que forma

esse TAC lhe foi proposto?

( ) Durante um inquérito civil.

( ) No curso de uma ação judicial.

( ) Outros

11- Você sabe qual o motivo de estar celebrando o Termo de Ajuste de Conduta

(TAC)?

( ) Sim

( ) Não

12- Qual o motivo do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) na sua propriedade?

( ) Esterqueira em Área de Preservação Permanente (APP).

( ) Revegetação próximo a nascente e curso d´água.

( ) Outro.

( ) Mais de uma alternativa.

( ) Não tem conhecimento.

13- Você esta com dificuldade para cumprir o TAC?

( ) Sim

Page 89: TCC Priscila - 01 02 2013 PARA IMPRESSÃO

88

( ) Não

( ) Não esta cumprindo

14- Se a resposta acima for afirmativa, qual a natureza dessa dificuldade?

( ) Fator econômico

( ) Falta de informação

( ) Falta de interesse

15- Diante do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) ,qual o tempo previsto para

regularização de sua atividade.

( ) Não sabe

( ) Até 02 anos

( ) Mais de 02 anos

16- Você sabe qual a penalidade imposta para quem não cumpre o TAC?

( ) Sim

( ) Não

17– Você sabia que possuía a atividade irregular, antes de responder o TAC? ( ) Sim

( ) Não

18– Após a celebração do Termo de Ajustamento de Condutas, você entende que

está regularizando a sua atividade?

( ) Sim, totalmente.

( ) Sim, parcialmente.

( ) Não

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ANEXO B

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTAS

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