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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PRISCILA DÉBORA TRIERWEILER O PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL: MEMÓRIA DO CENTRO CULTURAL DEUTSCHE SCHULE DE JOINVILLE CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PRISCILA DÉBORA TRIERWEILER

O PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL:

MEMÓRIA DO CENTRO CULTURAL DEUTSCHE SCHULE DE

JOINVILLE

CURITIBA

2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PRISCILA DÉBORA TRIERWEILER

O PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL:

MEMÓRIA DO CENTRO CULTURAL DEUTSCHE SCHULE DE

JOINVILLE

Monografia apresentada ao curso de Pós Graduação em Patrimônio Memória e Gestão Documental, da Universidade Tuiuti do Paraná, para obtenção do título de especialista. Professora: Dra. Ieda Viana Coorientadora: Maria da Graça Burger Fantonelli.

CURITIBA

2014

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TERMO DE APROVAÇÃO

PRISCILA DÉBORA TRIERWEILER

O PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL:

MEMÓRIA DO CENTRO CULTURAL DEUTSCHE SCHULE DE

JOINVILLE

Esta monografia foi julgada a aprovada para obtenção do título de Especialista no Curso de Patrimônio, Memória e Gestão Documental da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 07 de junho de 2014.

____________________________________

Pós Graduação em Patrimônio, Memória e Gestão Documental

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientadora: Prof. Dra. Ieda Viana UTP – Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Maria da Graça Burger Fantonelli UTP – Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Ariclê Vecchia UTP – Universidade Tuiuti do Paraná

II

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Agradeço...

A minha família de maneira geral, mas especialmente minha mãe, irmão,

cunhadas, sogra e sogro, por sempre me incentivar a estudar e a conquistar

meus objetivos, assim como meu pai e meus avós, que de algum lugar devem

estar olhando por mim;

Ao Tio Rui e Tia Luiza por nos hospedarem sempre de maneira carinhosa em

sua casa;

A Débora e Viviane, companheiras de viagem, de trabalho, de estudos, de

congestionamento, de brigas e de risadas...

A Ana, Mari, Sandra e Francine que pacientemente escutaram não só os meus

dilemas de estudo, mas também os da Vivi e Débora e sempre estiveram

torcendo por nós;

Aos meus amigos e amigas: Cibele, Filipe, Everton, Fernanda, Diogo que sinto

como se fossem meus irmãos;

Ao Douglas por sempre estar ao meu lado independente das minhas decisões,

por ser meu companheiro e amigo para todas as horas.

III

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“Eu tenho um problema. É o seguinte: quanto tempo duram as coisas? Se eu deixar uma folha de

papel num quarto fechado ela atinge a eternidade?”

(Clarice Lispector, Um sopro de vida – pulsações, 1978)

IV

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RESUMO

O objeto de estudo deste trabalho foi o acervo do Centro Cultural Deutsche Schule

(CCDS), as práticas de preservação documental e sua relação com o conceito de

memória. Tendo em vista que este local está intimamente ligado à história da

educação e com o desenvolvimento da cidade de Joinville, preservar e garantir o

acesso à documentação guardada neste espaço é uma das metas deste centro

cultural e para os estudos na área de história, pode ser uma alternativa na busca de

fontes. Neste trabalho discutiu-se a relação da escola alemã (Deutsche Schule) com

o desenvolvimento da cidade de Joinville, a constituição do Centro Cultural Deutsche

Schule e mais especificamente as práticas de preservação do seu acervo

documental. Para a realização deste trabalho fez-se necessário estudos referentes

ao conceito de memória sendo utilizadas como principais referências Le Goff (1990),

Halbwachs (1990) e Nora (1993). Sobre o desenvolvimento da cidade de Joinville,

foram utilizados autores locais como Ternes (1986), Borges (2007), Guedes (2000) e

Coelho (1994), assim como relatos da experiência vivenciada no período de

constituição do acervo e aplicação de fichas para o diagnóstico do atual estado de

conservação. Este estudo possibilitou perceber nitidamente a necessidade da

existência da adoção de uma política de planejamento do uso do espaço do acervo,

contando com supervisões e manutenção periódica.

Palavras-chave: Preservação, Memória, Acervo, História de Joinville, Centro Cultural

Deutsche Schule.

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LISTA DE IMAGENS

FIGURA 1 – PARTE DE REPORTAGEM DE JORNAL QUE DENUNCIA O

INSTITUTO BOM JESUS NA CAMPANHA DE NACIONALIZAÇÃO ......................... 5

FIGURA 2 – ANNA MARIA HARGER ENTREGANDO CARTA AO PRESIDENTE

GETÚLIO VARGAS .................................................................................................................... 6

FIGURA 3 – INÍCIO DA COLETA DO ACERVO ............................................................... 8

FIGURA 4 – HIGIENIZAÇÃO MECÂNICA .......................................................................... 8

FIGURA 5 – LOCAL DE GUARDA PROVISÓRIA DOS DOCUMENTOS ........... 9/10

FIGURA 6 – ACERVO DO CENTRO CULTURAL DEUTSCHE SCHULE .............. 15

FIGURA 7 – FOTOGRAFIAS DANIFICADAS .................................................................. 16

FIGURA 8 – ATUAL ACONDICIONAMENTO DE FOTOGRAFIAS ........................... 17

FIGURA 9 – LIVRO DANIFICADO E EMBALAGEM DE PAPEL NEUTRO ............ 18

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

2. A CONSTITUIÇÃO DO ACERVO DO CENTRO CULTURAL DEUTSCHE

SCHULE NA CIDADE DE JOINVILLE: ETAPAS E PROCEDIMENTOS DE

ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................... 4

3. O PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DO CENTRO CULTURAL

DEUTSCHE SCHULE ........................................................................................................ 14

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 21

5. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 23

6. APÊNDICES.......................................................................................................................... 25

APÊNDICE A – FICHA DE DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:

SUPORTE PAPEL ........................................................................................................................... 25

APÊNDICE B – FICHA DE DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:

FOTOGRAFIAS ................................................................................................................................ 27

VII

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1. INTRODUÇÃO

O cuidado com a preservação documental de acervos de instituições ainda

existentes como escolas e empresas é algo relativamente novo no Brasil. Ainda tem-

se a ideia de que se deve apenas guardar documentos resultantes de atos oficiais,

como os que contêm assinatura e carimbo de pessoas importantes. Porém para o

estudo de História sabe-se que um rascunho, uma caderneta de anotações ou uma

fotografia de uma atividade cotidiana da instituição também são objetos de estudo e

atenção e dependendo do enfoque ou temática pesquisada, estes documentos “não

oficiais” revelam novas informações.

As instituições de maneira geral não dão importância a sua documentação

produzida diariamente, manuseiam os documentos com as mãos sujas, grampeiam,

rabiscam, rasgam e até mesmo comem e bebem em cima do documento, sem a

menor preocupação com a sua conservação. Para o acervo institucional antigo

tratam-no como “arquivo morto” e geralmente nestes locais a despreocupação com a

conservação é maior ainda, para a guarda do acervo permanente, geralmente é

destinado o porão, o sótão, o cantinho em baixo de uma escada, a sala mais

insalubre, aquela que ninguém quer utilizar, nestas salas realmente o arquivo está

fadado a “morrer”.

A esta falta de cuidado atribui-se a ausência de conhecimento sobre as normas

de conservação, preservação e arquivamento assim como, a falta de conhecimento

referente às potencialidades de um acervo.

O objeto de estudo deste trabalho, os documentos do Centro Cultural Deutsche

Schule, antes de compor um acervo propriamente dito passaram pelas condições

citadas acima, o que causou nitidamente grandes danos à documentação que

resistiu aos impactos causados pela falta de cuidado.

A escolha por esta temática de pesquisa se deu por conta da relação que

estabeleci com este acervo e também com o espaço que hoje é o Centro Cultural

Deutsche Schule. Trabalho com esta documentação desde o momento que os

setores da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/IELUSC começaram a

destinar seus arquivos mais antigos para a guarda no Centro Cultural. Portanto,

tanto a primeira parte deste trabalho como um pouco da segunda são relatos da

experiência vivenciada.

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O principal objetivo deste trabalho é identificar o atual estado de preservação do

acervo do Centro Cultural Deutsche Schule, assim como descrever sua constituição

e a relação que esta documentação tem com a história de Joinville e a memória

escolar joinvilense.

Desta maneira os estudos bibliográficos compuseram parte da metodologia deste

trabalho onde busquei conceitos de memória e história, história de Joinville, história

da instituição estudada, assim como diretrizes arquivísticas e políticas de

preservação e relatos de trabalhos já realizados em arquivos escolares.

Sobre os conceitos de memória utilizei principalmente “História e Memória” de

Jacques Le Goff (1990), “A memória coletiva” de Halbwachs (1990) e “Entre

Memória e História: a problemática dos lugares” de Pierre Nora (1993).

Os autores discutem o conceito de memória individual, aquela que cada um de

nós tem sobre determinado tema ou fato, e memória coletiva, ou seja, as

lembranças que um determinado grupo compartilha, destacam ainda que nossa

memória é seletiva, passível de lembranças e esquecimentos. Pierre Nora pontua

ainda sobre os locais de memória, que consistem em locais que servem para

ancorar nossas memórias, fazendo com que elas não caiam no esquecimento.

Como locais de memória pode-se citar jornais, fotografias, um boletim de notas

escolares, um caderno de poesias, sendo assim, o local de guarda do acervo pode

ser caracterizado como um local de guarda de memórias. Neste sentido o estudo

destes três autores foi de grande importância para o entendimento do conceito de

memória.

Para a história institucional, destacaram-se dois autores joinvilenses, Apolinário

Ternes (1986) com o livro “Colégio Bom Jesus 60 anos de ensino” e Silvio Arlindo

Borges (2007) com o trabalho “80 anos de valiosas histórias pra contar: a muitas

vozes”, que descrevem de maneira cronológica a história do Colégio Bom Jesus e

tiveram como ponto de partida a Deutsche Schule. Ainda sobre a história local

utilizei a dissertação da professora Ilanil Coelho (1994) que escreveu sobre a

Campanha de Nacionalização na cidade de Joinville e o livro “História de

(I)Migrantes: o cotidiano de uma cidade” organizado por Sandra P. L. de Camargo

Guedes (2000), ambos destacam a formação da cidade de Joinville.

De acordo com a proposta de discussão sobre a conservação do acervo

institucional, os cadernos técnicos elaborados pelo Arquivo Nacional (1997) e o

trabalho de conservação e restauração elaborado pelo SENAC (1988) deram

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subsídios básicos para a elaboração de fichas de diagnóstico sobre o estado de

conservação do acervo, parte integrante da metodologia utilizada neste trabalho, o

estudo e o uso destas fichas permitiu levantar dados e discutir o atual estado de

preservação.

O trabalho encontra-se estruturado em duas partes, a primeira é intitulada como

“A Constituição do Acervo do Centro Cultural Deutsche Schule na Cidade de

Joinville: Etapas e Procedimentos de Organização”, procurando articular o acervo do

Centro Cultural Deutsche Schule com o desenvolvimento da cidade de Joinville e

sua relação com a preservação da memória, assim como descreve as etapas de

tratamento e organização do acervo, nas quais estive presente. Este relato se dá

através da experiência vivenciada, apoiada nas técnicas de conservação estudadas.

Na segunda parte do trabalho intitulada de “O Processo de Preservação do

Acervo do Centro Cultural Deutsche Schule”, a discussão acontece a partir da

política de preservação, assim como da análise de conservação feita por meio da

aplicação de fichas de diagnóstico.

Através deste trabalho, pode-se perceber que apesar dos danos ocorridos no

passado, o acervo do Centro Cultural está atualmente em bom estado de

conservação, porém medidas referentes à conservação preventiva devem ser

tomadas para que no futuro esta documentação ainda sirva para pesquisadores das

mais diversas áreas do conhecimento.

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2. A CONSTITUIÇÃO DO ACERVO DO CENTRO CULTURAL DEUTSCHE

SCHULE NA CIDADE DE JOINVILLE: ETAPAS E PROCEDIMENTOS DE

ORGANIZAÇÃO

O Centro Cultural Deutsche Schule (CCDS), parte integrante da Associação

Educacional Luterana Bom Jesus/IESLUSC da cidade de Joinville possui um acervo

escolar que remonta ao início do século XX. A documentação que compõe este

acervo estava dispersa pelos diversos setores da escola e somente no período de

concepção do CCDS é que esta documentação foi agrupada.

A pedra fundamental do Centro Cultural Deutsche Schule foi lançada no ano

2001 e tinha como intenção a preservação do prédio da antiga Escola Alemã

fundada em 1866, assim como, utilizar os espaços deste prédio para práticas

culturais como aulas de canto, teatro e dança e também preservar a memória

escolar através da instalação de um acervo documental. O tombamento do prédio

aconteceu no ano de 2001 pelo estado de Santa Catarina, após o tombamento uma

equipe multidisciplinar, composta por historiadores, arquitetos e professores do Bom

Jesus/IELUSC iniciaram os estudos para a elaboração do projeto histórico e

arquitetônico que foi encaminhado ao Ministério da Cultura no ano de 2005. A

aprovação da captação de recursos através da Lei Rouanet - nº 8.313 de 23 de

dezembro de 1991 para o restauro aconteceu no ano de 2006, mas somente em

2008 que as obras efetivamente iniciaram.

O interesse em preservar o prédio da Escola Alemã se deu por conta da forte

relação da escola com o desenvolvimento da cidade de Joinville. Logo após

inauguração a Deutsche Schule já contava com amplos laboratórios, professores

gabaritados, suas técnicas e métodos de ensino eram referência em Joinville e

região. Segundo Ternes:

A história da escola alemã está estreitamente ligada ao

desenvolvimento da cidade de Joinville. É quase impossível pensar numa

sem a outra. (...) A escola alemã estava organizada de tal forma, que seguia

a risca o modelo das escolas superiores da Alemanha. Dividia-se em 3

classes primárias e 6 classes de nível médio. A conclusão da 9ª classe –

explica o mestre Dechent – dá ao aluno o direito de prestar exame final que

corresponde ao serviço voluntário de um ano, na Alemanha. (...) Em 1914,

portanto, o ensino que se praticava na escola alemã de Joinville, tinha

elogiável nível científico, a ponto de se igualar ao ensino que se ministrava

na escola alemã do Rio de Janeiro, a outra única escola a obter idêntico

status de reconhecimento oficial pela Alemanha. (TERNES, 1986, p.21)

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A Deutsche Schule foi criada pensando na educação dos filhos dos imigrantes

alemães, que muitas vezes não sabiam falar a língua portuguesa e desta maneira

não conseguiam acompanhar os estudos nas demais escolas. Outra preocupação

também era a preservação dos costumes e práticas alemãs. De acordo com Ternes

(1986, p.32) a filosofia da escola em 1907 era “dar aos alunos uma formação

religiosa e moral, baseada no espírito germânico, dando-lhes condições para a

prática profissional”.

Porém, no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial a Escola

Alemã passou por diversas interferências, por ser uma instituição de tradição

germânica, destinada a filhos de alemães, o medo do surgimento de focos nazistas

era eminente.

Durante a Campanha de Nacionalização no Governo de Getúlio Vargas, os

imigrantes de maneira geral sofreram represálias por falarem uma língua

estrangeira, os alunos da Deutsche Schule já não podiam mais falar ou aprender o

alemão. Por diversas vezes inspetores invadiram o prédio da Escola e solicitavam

que os estudantes cantassem o Hino Nacional, e os que não o soubesse cantar,

eram repreendidos e castigados. Os professores também sofriam represálias por

ensinar a língua estrangeira aos seus alunos. No ano de 1938 a escola foi fechada

por conta da Campanha de Nacionalização e até mesmo o letreiro com o nome

“Deutsche Schule” que estava na fachada da escola precisou ser retirado.

FIGURA 1 – PARTE DE REPORTAGEM DE JORNAL QUE DENUNCIA O

INSTITUTO BOM JESUS NA CAMPANHA DE NACIONALIZAÇÃO.

Jornal do Acervo do CCDS do período da Campanha de Nacionalização. FONTE: Acervo do CCDS.

O prédio da escola foi alugado no ano de 1939, para o funcionamento do

Instituto Bom Jesus fundado em 1926 por Anna Maria Harger. O Instituto Bom Jesus

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absorveu grande parte dos professores e alunos e corpo técnico da antiga Escola

Alemã, assim como tentou a reativação dos cursos que haviam sido fechados por

conta da nacionalização. Para isto, Anna Maria Harger contou com o apoio do 13°

Batalhão de Caçadores de Joinville e redigiu uma carta ao Presidente Getúlio

Vargas desmentindo as acusações feitas contra o Instituto.

FIGURA 2 – ANNA MARIA HARGER ENTREGANDO CARTA AO

PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS.

No ano de 1942 o prédio da Deutsche Schule torna-se sede oficial do Instituto

Bom Jesus que passa a chamar-se Colégio Bom Jesus. Possuindo internato e

externato para ambos os sexos, além de cursos técnicos nas áreas de contabilidade,

secretariado dentre outros, tornando-se referência de ensino em Joinville e região.

O Colégio Bom Jesus existente até os dias atuais passou por diversas

ampliações e mudanças, expandindo seu número de funcionários e alunos, assim

como sua estrutura física, que conta atualmente com três unidades na cidade de

Joinville. Além disso, no ano de 1995 ingressou também como instituição de ensino

superior, passando a chamar-se Associação Educacional Luterana Bom

Jesus/IELUSC.

O acervo do Centro Cultural Deutsche Schule - CCDS atualmente é composto

por 600 livros, documentos diversos que remontam à trajetória da escola e que

datam de 1914 a 2009, cerca de 2000 fotografias, alguns exemplares de jornais com

notícias de destaque do Colégio Bom Jesus, animais taxidermizados que

compunham o antigo laboratório de história natural, tubos de ensaio, recipientes

para experiências e antigas balanças de precisão do laboratório de química.

FONTE: Acervo do CCDS.

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Toda esta documentação que compõe o acervo foi coletada em diversos

setores da instituição, sendo que em nenhum momento se levou em consideração

critérios para a seleção e recebimento dos documentos. Desta maneira, os setores

encaminharam ao acervo tudo aquilo que julgavam ser importante, portanto há

desde rascunhos de projetos, fotografias de pessoas que não tem nenhuma ligação

com a escola, folders de outras instituições. A documentação encaminhada ao

acervo não constituía nenhum tipo de coleção ou fundo privado, eram documentos

aleatórios, que estavam sob a guarda dos setores da instituição.

O grande acúmulo de documentos/objetos não pertinentes ao histórico da

instituição é algo complexo, pois estes irão além de ocupar espaço no arquivo,

demandar gastos com sua conservação. Por isso, no momento da aceitação de

documentos para a composição do acervo, o recebedor deve ter em mente, de

maneira bem clara, qual a missão daquele espaço, para assim, avaliar a relevância

ou não da doação. A falta de critérios na hora do recebimento de um documento

para compor o acervo é algo preocupante, pois, a partir do momento que o

documento entra no acervo, a responsabilidade sobre o objeto/documento passa a

ser da instituição custodiadora, é importante que existam termos de doação bem

planejados, que assegurem que o objeto/documento a partir do momento que é

doado passa a compor determinado acervo, e que esta doação não poderá ser

revogada. A eliminação de componentes do acervo, não pode acontecer de maneira

arbitrária este é um procedimento controlado, normatizado e documentado através

de termos de eliminação, e que só ocorre se houver uma comissão multidisciplinar

que concorde efetivamente com a eliminação. Segundo Ogden; Garlick:

Termos de doação devem deixar claro que a biblioteca poderá optar por excluir obras do acervo, não só porque estão fora de sua área de interesse, ou são duplicatas de obras já existentes, mas também porque os custos para a sua restauração podem superar seu valor intelectual para a instituição. (OGDEM; GARLICK, 1997, p.12)

No momento do recebimento de toda esta documentação – tanto os

documentos em suporte de papel como os artigos museológicos, como por exemplo

os animais taxidermizados – foram armazenados em local inadequado, em uma

pequena sala, bastante úmida e sem nenhum tipo de cuidado com o

acondicionamento, até ser formada uma equipe técnica que deu início ao tratamento

de conservação e acondicionamento destes documentos e objetos.

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FIGURA 3 – INÍCIO DA COLETA DO ACERVO.

Documentos coletados de diversos setores da Instituição e acumulados em ambiente com condições desfavoráveis para a preservação. FONTE: Arquivo pessoal.

Após reunião com a equipe técnica no ano de 2009, ficou estabelecido que o

primeiro passo fosse a higienização mecânica, sendo assim, os volumes passaram a

ser limpos folha a folha com trinchas macias. Este processo aconteceu com todos os

documentos em suporte de papel, neste momento também aconteceu a inspeção

dos documentos para a localização de possíveis infestações por insetos xilófagos

como cupins, traças e brocas, depois de higienizados os volumes foram

acondicionados em caixas-arquivo e guardados em ambiente adequado.

FIGURA 4 – HIGIENIZAÇÃO MECÂNICA.

Higienização mecânica iniciada em 2009. FONTE: Arquivo pessoal.

A escolha de iniciar a higienização aos documentos em suporte de papel -

arquivos bibliográficos - se deu por conta do alto nível de umidade que existia no

local que estavam guardados. Notava-se nitidamente que as más condições de

temperatura e umidade relativa do ar estavam interferindo na integridade da

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documentação. Muitos livros já estavam com as folhas úmidas, outros por estarem

próximos às janelas e expostos ao sol já estavam com as páginas ácidas e

quebradiças, portanto, a intervenção deveria ser imediata.

No momento da higienização mecânica, foram encontrados ainda, alguns

livros que continham fungos, outros estavam tomados por insetos xilófagos, que se

alojavam principalmente nas capas e lombadas dos livros, para estes documentos

contaminados por insetos a medida foi isolá-los dos demais, para que não houvesse

uma infestação e posteriormente a equipe técnica, junto da Coordenadora do projeto

decidiram descartar estes documentos contaminados, tendo em vista que a

infestação por insetos xilófagos é altamente transmissível e muito complicada de

conter. Segundo o texto publicado na Revista do Arquivo Histórico de Joinville no

ano de 2007 pelas restauradoras Gessonia Leite de Andrade Carrasco e Elizangela

da Silva, para a desinfestação de documentos contaminados por insetos xilófagos

existem duas metodologias conhecidas atualmente, a primeira consiste em

tratamentos químicos, aplicando inseticidas ou fungicidas diretamente nos

documentos, porem este método está caindo em desuso, tendo em vista que os

insetos podem sofrer mutações e passar a conviver sem maiores problemas com os

produtos químicos. Outra hipótese são os tratamentos não químicos, provenientes

da modificação da atmosfera do documento contaminado, ou seja, tratamentos com

calor ou congelamento controlado. Ambas alternativas não seriam possíveis de

serem realizadas neste espaço, pois os recursos para realização do projeto eram

escassos, desta forma, a eliminação destes exemplares para evitar a contaminação

de todo o acervo foi a solução acordada para aquele momento.

Todos os livros higienizados foram acondicionados em ambiente com melhor

estrutura e catalogados por uma bibliotecária no sistema eletrônico MultiAcervo. Já

os demais documentos apenas foram higienizados e acondicionados em um

depósito limpo, sem incidência de luz, com temperatura e umidade melhores se

comparado a que estavam anteriormente. Estes documentos necessitaram ficar

neste espaço até que as obras de restauração do CCDS terminassem e a sala de

guarda do acervo estivesse pronta para receber a documentação.

FIGURA 5 – LOCAL DE GUARDA PROVISÓRIA DOS DOCUMENTOS.

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Local de guarda provisória do acervo higienizado. FONTE: Arquivo pessoal.

As fotografias foram higienizadas com pincel soprador na superfície que

contem a pigmentação e no verso com trincha macia e acondicionadas

individualmente em embalagens de papel neutro.

O grande problema das fotografias é a falta de identificação, sabe-se que elas

são parte integrante do acervo, pois são os registros das atividades executadas ao

longo dos anos, porém pouquíssimas contém no verso alguma indicação do que se

trata ou datação. Para que estas fotografias ganhem legendas são necessário que

sejam entrevistados antigos alunos e funcionários para a identificação das imagens,

tendo em vista que este material não possui fichas de identificação e como este é

um processo demorado, esta atividade acabou não acontecendo.

Atualmente as fotografias ainda estão acondicionadas em papel neutro,

dentro de grandes caixas de isopor, acumuladas uma em cima da outra e sem

nenhuma identificação.

Após a conclusão da restauração do prédio da antiga Escola Alemã no ano de

2010 e da instalação dos equipamentos na sala destinada à guarda do acervo, toda

documentação foi transferida para arquivos deslizantes, acondicionadas em caixas-

arquivo no caso dos documentos mais frágeis foram elaboradas embalagens de

papel alcalino.

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A documentação, bibliográfica, arquivística, cartográfica e iconográfica com

exceção das fotografias, passou também por um processo de descrição, para

identificação do material existente e conseqüentemente sua organização física no

arquivo. Os objetos museológicos passaram apenas pelo processo de higienização,

sendo que não houve nenhum trabalho de descrição deste material.

Atualmente esta documentação não está disponível para acesso dos

consulentes por questões administrativas da instituição a qual pertence. Porém o

espaço existe, a documentação está organizada e pronta para a pesquisa.

Ao analisar os catálogos de descrição da documentação, notam-se quão

específicos e significativos são estes. No acervo encontram-se documentos em

diversos formatos, gêneros como iconográfico, textual, audiovisual e cartográfico,

assim como diversas espécies documentais, tais como: atas, relatórios, cartas,

ofícios, diplomas, fotografias, plantas, memorando, boletins, cartazes e banners,

jornais, regimentos e estatutos, dentre outros, destacam-se também os tipos

documentais como selos comemorativos e cartões festivos: de natal, páscoa, dia da

criança, dia das mães e pais, convocações de reuniões tanto para o corpo

administrativo da instituição, como reuniões com os pais, convites de formaturas,

diários de classe, balanços financeiros, livros de inspetoria escolar, carteirinha de

clube escolar, livros em português e alemão, diários com poesias em língua alemã,

rascunhos de provas e trabalhos dos alunos, entre muitos outros. Pode-se

praticamente acompanhar o desenvolvimento de Joinville ou as mudanças na

educação através destes exemplares.

As instituições escolares constituem, independentemente de suas origens ou natureza, uma amostra significativa do que realmente acontece no contexto educacional de um determinado país. Justamente com seus atores, as instituições escolares produzem diversos tipos de documentos e registros de caráter administrativo, pedagógico e histórico, exigidos pela administração e pelo cotidiano burocrático, que perpassam inclusive seu âmbito pedagógico. Desse modo, as escolas apresentam-se como espaços portadores de fontes de informações fundamentais para a formulação de pesquisas, interpretações e análises sobre elas próprias, as quais permitem a compreensão do processo de ensino, da cultura escolar e, conseqüentemente, da História da Educação. (FURTADO, 2005, p.150)

Centros de documentação, de maneira geral, não revelam apenas memórias

ligadas aquele espaço, mas também ao contexto social aos quais os documentos

foram produzidos, muitas vezes revelam muito mais do que aquilo que os

idealizadores projetaram inicialmente. Segundo Le Goff:

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O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder. Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa. (LE GOFF, 1990, p. 545)

Mogarro afirma que:

Nesse sentido, a pesquisa histórica não se centra apenas na materialidade dos factos, mas também nas comunidades discursivas que os interpretam e os inscrevem num tempo e num espaço determinados. A atenção dos cientistas incide na experiência e nas formas como esta se constitui em práticas discursivas dos actores educativos (diretores, professores, alunos), que interpretam e reinterpretam o seu mundo, conferindo sentido às suas experiências escolares e profissionais e registrando as suas idéias nos documentos que chegam até nós, guardados nos arquivos.

Os textos, os documentos, são acontecimentos e produtos históricos, relacionando-se de forma complexa com os seus vários contextos de produção e de recepção, ao mesmo tempo em que constituem elementos essenciais para a reconstrução dos contextos em que foram elaborados, difundidos, (re) apropriados e utilizados. (MOGARRO, 2005, p.90)

Para os estudos em história, este acervo pode ser bastante utilizado, pois

remete não só a história da colonização na cidade de Joinville, mas também à

história da educação, pois através destes documentos podemos estudar as

diferenças entre as metodologias aplicadas em sala de aula em diferentes épocas,

os conteúdos e materiais didáticos utilizados, o perfil dos sujeitos escolares, a

cultura material escolar, dentre tantas outras questões. Sendo assim, constitui um

bem patrimonial que se preservado poderá ser útil para diversos estudos e

pesquisas. Acondicionar corretamente e dar acesso aos pesquisadores de forma

estruturada constitui uma meta deste Centro Cultural.

Os centros de documentação não devem ser meros depósitos de

documentos, mas sim estabelecer compromisso com a produção de pesquisa, a

conservação do acervo, a disponibilização e educação patrimonial. Pensar neste

acervo como um depósito do que já se passou ou no arquivo morto da instituição é

errôneo, pois dentro deste arquivo existem pontos que remetem a memórias,

principalmente de seus ex-alunos e funcionários. Segundo Pierre Nora:

A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, susceptível de longas latências e de repentinas revitalizações. (NORA, 1993, p.9)

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Desta maneira os locais de memória servem como ícones para nos remeter

às lembranças. As lembranças podem surgir ao olhar uma fotografia de olimpíada

escolar, a carteirinha da biblioteca, ou a imagem do antigo brasão escolar. As

memórias revividas ao olhar algum objeto significativo em nossa vida são inúmeras

e têm reflexos diferentes para cada pessoa.

A conservação em arquivos não deve acontecer somente para garantir a

existência do documento, pois o documento sem estudo e pesquisa de pouco

adianta. Os documentos são elos entre o passado e o presente, a existência dos

documentos é o que torna possível as memórias, o que as materializa e humaniza,

pois é a partir delas que se escreve a história da humanidade.

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3. O PROCESSO DE PRESERVAÇÃO DO ACERVO DO CENTRO CULTURAL

DEUTSCHE SCHULE

O conceito de preservação, segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia

Arquivística (2005) diz respeito à “prevenção da deterioração e danos em

documentos, por meio de adequado controle ambiental e/ou tratamento físico e /ou

químico”, sendo assim, quando se fala em preservação, fala-se em um conceito que

abrange todas as ações que possibilitam a proteção, existência e integridade dos

documentos dentro de um espaço público de guarda, levando em consideração as

ações que permeiam este documento desde sua chegada em uma instituição

custodiadora até seu acondicionamento e acesso aos consulentes. Desta maneira,

para que a preservação aconteça efetivamente é necessária a adoção de uma série

de estudos e planejamentos, ou seja, a elaboração de uma política de preservação

direcionada para a realidade do acervo institucional.

O acervo do Centro Cultural Deutsche Schule (CCDS) passou pelo processo

de tratamento, organização e acondicionamento e está em local planejado para a

sua guarda, com sistema de climatização que controla a temperatura e umidade

relativa do ar, porém atualmente a documentação está indisponível para a consulta e

não há nenhum tipo de trabalho de vistoria ou monitoramento do espaço. Em locais

como este, é imprescindível que haja pelo menos uma pessoa que ligue os

desumidificadores caso necessário ou que fiscalize os equipamentos de

climatização para certificar-se que estão funcionando corretamente.

Através de estudo feito para conhecer o estado de conservação do acervo do

CCDS notou-se que a documentação guardada naquele espaço está vulnerável,

pois as mudanças bruscas na temperatura e umidade do ar são constantes, uma vez

que não há uma pessoa que possa dedicar-se aos cuidados com o acervo.

De acordo com a publicação Conservação Preventiva de Acervos (2012), que

com base em estudos de acervos estabelece valores de referência no que diz

respeito à conservação em espaços de guarda de documentos, cita que a

temperatura ideal em reservas técnicas deve ficar entre 18°C e 22°C, não oscilando

mais que 2ºC para mais ou para menos e que a umidade relativa do ar deve ser

mantida entre 50% e 60% não devendo ultrapassar variações diárias maiores que

10%.

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Para a realização do diagnóstico do estado de conservação do acervo do

CCDS, foram aplicados doze formulários em vinte e seis fotografias aleatórias e

doze formulários em livros escolhidos também de maneira aleatória que estão

acondicionados em estante de aço.

FIGURA 6 – ACERVO DO CENTRO CULTURAL DEUTSCHE SCHULE

Estantes de aço onde estão acondicionados alguns livros e documentos do acervo do CCDS. FONTE: Arquivo pessoal.

Quando realizado o diagnóstico nas fotografias (18/12/2013) a temperatura

dentro da sala de guarda do acervo estava em 20.6°C e a umidade relativa do ar em

55%. Levando em consideração que a cidade de Joinville possui em sua

característica climática altos índices de umidade relativa do ar variando segundo a

Epagri entre 84% e 86%, pode-se considerar bom o índice encontrado dentro da

sala de guarda, pois estavam dentro do padrão recomendado.

Dentre as fotografias estudadas, vinte são em preto e branco de tamanhos

que variam entre 5,5x5,5cm, 9x11,5cm, 6x6cm,12x18cm, dezenove estão coladas

em cartões de papel, sendo que alguns cartões chegam a ter cinco fotos, nenhuma

destas fotografias possuía datação. As fotografias coloridas somam o total de seis,

acondicionadas individualmente, os tamanhos variam de 9x12,5cm a 20x30cm, e

apenas uma das fotos não possuía nenhuma referência à temporalidade. Com

relação ao teor das fotografias observadas dezesseis são fotos do interior do prédio

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da Deutsche Schule, três referem-se a provas de atletismo desenvolvidas por alunos

da Deutsche Schule, uma mostra embarcações em frente ao Mercado Público de

Joinville, duas são referentes a desfiles do Colégio Bom Jesus, uma é de encontros

de ex-alunos e uma de encontro de professores das escolas evangélicas, uma

referente a 20ª Olimpíada Interna e uma de apresentação de grupo folclórico do

Colégio Bom Jesus. Logo, a maioria (16) pode ser classificada como fotografias

referentes à arquitetura ou espaço escolar e em segundo lugar (09) vem as

fotografias relativas a eventos que envolvem os sujeitos escolares.

Com relação ao estado de conservação das fotografias, nota-se que muitas

se encontram coladas em cartões ou folhas de formato A4, as que aparentemente

são mais antigas estão coladas tanto na frente quanto no verso do cartão ou folha, o

que dificultará a retirada das imagens para acondicionamento adequado, manchas

amarelas, arranhões e inscrições a caneta em cima da pigmentação também são

recorrentes.

Durante a observação do acervo fotográfico, foi possível notar também que há

um grande número de fotografias coloridas que estão coladas umas nas outras,

devido ao derretimento da emulsão que forma a camada pictórica, formando um

bloco de fotografias compactadas, outras estão embaladas individualmente, mas

também estão em processo de derretimento da emulsão. Notou-se também que

algumas imagens possuem perfurações causadas por insetos. Todos estes danos

identificados são decorrentes da falta de cuidados no acondicionamento deste tipo

de suporte no período anterior a criação do acervo do CCDS.

FIGURA 7 – FOTOGRAFIAS DANIFICADAS.

Fotografias em processo de derretimento da emulsão. FONTE: Acervo do CCDS.

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As fotografias são suportes especiais que necessitam de diversos cuidados

específicos para a manipulação e acondicionamento, como por exemplo: a

temperatura que não deve ultrapassar 20ªC e a umidade relativa do ar deve variar

de 35% a 40%, tendo em vista suas especificidades é evidente que as fotografias

necessitam de um espaço reservado no acervo para sua guarda.

Mesmo tendo passado por um processo de higienização as fotografias que

compõe o acervo do CCDS encontram-se acondicionadas de maneira incorreta,

dentro de caixas de isopor, sobrepostas umas as outras e separadas por folhas de

papel com ph neutro. Com relação ao acondicionamento, de acordo com Teixeira e

Ghizoni:

Quanto ao mobiliário existem os gaveteiros ou de outros formatos especiais, com portas, em meta com pintura polimerizada. Ambos têm a função de não permitir a entrada de pó ou insetos. Ressalta-se que o seu fechamento não pode ser hermético para que haja circulação de ar, expulsando gases que ocasionalmente possam estar acumulados. O mobiliário precisa estar separado do piso em 20 cm e na base ter rodas que suportam o peso dos objetos acondicionados. (TEIXEIRA; GHIZONI, 2012, p.44)

FIGURA 8 – ATUAL ACONDIOCIONAMENTO DE FOTOGRAFIAS.

Caixa de isopor onde estão guardadas parte das fotografias do CCDS. FONTE: Arquivo pessoal.

Com relação aos livros, foram observados doze exemplares de maneira

aleatória, é importante destacar inicialmente que todos passaram pela higienização

mecânica, folha a folha, e estão acondicionados em estantes de aço dentro do

arquivo deslizante. A etapa de observação dos livros aconteceu em dois momentos

diferentes, uma no dia 19/11/2013 e a outra no dia 14/04/2014.

Na primeira etapa foram vistos seis exemplares, todos de literatura alemã e

com contagem de páginas maior que 200. Três estão sem identificação da data e os

outros três datam de 1910, 1938, 1984. Neste dia a temperatura dentro da sala de

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guarda estava em 21°C e a umidade relativa do ar em 64%, destaco que no dia

anterior no momento em que observei as fotografias à temperatura estava em

20.6°C e a umidade 55%, podendo-se observar o aumento significativo da umidade

relativa do ar. Para os documentos de maneira geral e principalmente os de suporte

de papel que absorvem grande parte da umidade existente no ambiente este tipo de

alteração causa o efeito de contração e alongamento, causando danos à estrutura

física do documento, alem de favorecer a proliferação de fungos, bactérias e insetos.

No dia 14/04/2014, foram observados outros seis livros, sendo que três são

em língua portuguesa e os demais em língua alemã, destes apenas um estava sem

datação, os demais compreendiam as seguintes datas: 1926, 1930, 1939, 1945 e

1955, todos com mais de 140 páginas. Neste dia a temperatura dentro da sala do

acervo estava em 31°C e a umidade relativa do ar em 50%, destaco que o aparelho

de ar condicionado encontrava-se desligado, por conta da queda do disjuntor.

Novamente percebe-se a grande mudança de temperatura e umidade e a falta de

monitoramento no espaço do acervo torna-se evidente.

O estado de conservação dos livros é bom, sendo que os que estão com as

folhas soltas, lombada ou costura rasgada, folhas ácidas e quebradiças estão em

embalagens confeccionadas com papel alcalino.

FIGURA 9 – LIVRO DANIFICADO E EMBALAGEM DE PAPEL NEUTRO.

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Livro danificado que compõe o acervo do CCDS e que fica acondicionado em caixas de papel neutro. FONTE: Arquivo pessoal.

O Centro Cultural Deutsche Schule possui estrutura para que este acervo

esteja disponível para pesquisa, porém necessita de planejamento e de políticas de

preservação. Estas políticas devem ser pensadas conjuntamente com o corpo

técnico-administrativo da instituição, levando em consideração a opinião e

conhecimento de profissionais de diversas áreas, como arquivistas, museólogos,

historiadores, restauradores, químicos, técnicos em edificações, etc. É preciso ainda

estabelecer normas no que diz respeito à manutenção do prédio, definindo

programas de monitoramento de calhas e telhados evitando inundações, detectando

possíveis rachaduras, planejando ações com relação a incêndios e outros eventuais

sinistros que possam ocorrer na parte física e estrutural, assim como ações que

envolvam diretamente o acervo. Segundo Beck:

Os materiais constituintes de arquivos, como papéis, acetatos e ocasionalmente nitratos (filmes de acetato e nitrato de celulose) podem rapidamente perecer diante de fogo, água, insetos ou vandalismo. Em quase todas as situações de desastres, as causas estiveram ligadas a deficiências nas instalações, por falta de prevenção contra sinistros. (BECK, 1999, p.7)

Sendo assim, a publicação da Casa de Oswaldo Cruz (2013), destaca que:

As ações de preservação deverão ser monitoradas e documentadas para avaliar a efetividade, eficiência e eficácia das soluções adotadas e fornecer subsídios para o planejamento das ações futuras bem como para a comunicação, divulgação, pesquisa e educação. (COC, 2013, p.9)

Dentro desta perspectiva nota-se que o acervo do CCDS está despreparado

no caso de sinistros, não há nenhuma comissão que estude e planeje técnicas

contra incêndios, inundações ou até mesmo ataque por insetos xilófagos.

Esta comissão deve, antes de qualquer coisa, pensar em todos os fatores que

aceleram a degradação do acervo, tendo em vista que cada acervo conta com

particularidades, fatores que podem estar relacionados à região em que se localiza

ou até mesmo à história da documentação até chegar ao depósito de guarda em

questão, e juntos criar uma política de preservação que atenda às necessidades do

espaço ocupado pelo acervo.

Além disso, o acondicionamento correto garante a preservação do material, e

isto se aplica a todo tipo de suporte, dentro desta perspectiva, o profissional que

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trabalha com acervos deve entender as necessidades e especificidades de cada

suporte, para poder dar o destino correto, e evitar acidentes, ou até mesmo a

deterioração do documento.

Dentro de um espaço de guarda de acervos como o do CCDS, deve-se

pensar que além de acondicionar corretamente, também se deve dar acesso aos

pesquisadores de forma estruturada, pois o homem também se caracteriza como um

agente de degradação dos acervos, pois risca, utiliza materiais metálicos como

clipes de papel, deixa os documentos expostos a luz, utiliza fitas adesivas nos

documentos, dobra e amassa. A falta de conhecimento das regras básicas de

manuseio pode causar danos irreparáveis à documentação.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As instituições que possuem a responsabilidade da guarda de acervo como é o

caso do Centro Cultural Deutsche Schule, precisam ficar atentas aos diversos

fatores que podem causar a degradação dos documentos, pois as representações

de memórias e identidades de um determinado grupo devem estar acessíveis a

futuros pesquisadores.

Para que isto aconteça é fundamental que as políticas de preservação estejam

bem planejadas e fundamentadas, para isto, nada melhor do que um processo de

preservação, através de técnicas estudas e pré-estabelecidas disseminadas por

todos que trabalham nestes espaços para que estas representações de memória

existam e resistam as ações do tempo e a degradação natural dos materiais ao qual

foram produzidos.

Uma eficaz política de preservação deve levar em conta todos os fatores que

podem causar a degradação dos acervos, como por exemplo, os agentes biológicos

como fungos, baratas, ratos, cupins etc. que podem causar estragos irreparáveis

nos documentos. Outro fator que pode causar grandes danos é o mau

acondicionamento, esquecendo de pensar em cada tipo de suporte documental de

maneira específica. Observar as oscilações de temperatura e umidade relativa do ar

dentro das salas de depósitos documentais também é de grande importância para a

preservação da documentação existente, pois as diferenças climáticas podem

causar a ruptura das fibras do papel, tornando-o quebradiço e diminuindo assim seu

tempo de vida útil.

O homem caracteriza-se também como um agente de degradação dos

acervos, pois risca, arranca páginas, utiliza materiais metálicos como clipes de

papel, deixam os volumes expostos a luz, utiliza fitas adesivas nos documentos,

dobra e amassa, a falta de conhecimento das regras básicas de manuseio pode

causar danos irreparáveis a documentação. Sendo assim, a conservação preventiva

dos acervos visa preservar, acondicionar e orientar corretamente o manuseio para

prevenir possíveis acidentes e evitar a intervenção nos documentos através da

restauração.

Dentro desta perspectiva as ações de preservação devem ser pensadas

sempre em grupos/comissões, de preferência que seus integrantes possuam as

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mais variadas formações acadêmicas, para que possam auxiliar nos processos de

estudo e pesquisa de novas técnicas de conservação.

É recorrente que os locais de guarda de documentos, não possuem políticas

pré-estabelecidas voltadas à preservação, ou seja, normatizações que garantam a

continuidade dos trabalhos de conservação envolvendo todos os funcionários

ligados a este espaço e o estabelecimento de regras de uso dos documentos.

As políticas de preservação não devem levar em consideração somente o

acondicionamento correto, mas também formas diferenciadas de acesso, como a

digitalização, e até mesmo o manuseio pelos consulentes, que deve ser orientado e

acompanhado por uma pessoa treinada. Levar em consideração técnicas de difusão

do acervo também é algo que deve ser contemplado, pois não há sentido em

preservar um acervo que não é pesquisado.

Dentro desta perspectiva nota-se que o acervo do Centro Cultural Deutsche

Schule não possui atualmente nenhum grupo de estudos/ comissão que planejem as

políticas voltadas à sua preservação, ou mesmo trabalhos que garantam a

manutenção do espaço da guarda e do acervo existente. A falta de funcionários que

trabalhem diretamente neste espaço, a ausência de consultas fará com que este

espaço caia no esquecimento, e em pouco tempo todo o investimento e trabalho

despendido neste local irá se perder.

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APÊNDICES

APÊNDICE A - FICHA DE DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO: SUPORTE PAPEL.

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APÊNDICE B - FICHA DE DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO: FOTOGRAFIAS.

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