A LOGÍSTICA REVERSA DE RESÍDUOS COMPLEXOS: DIFERENC IAL COMPETITIVO

¹Antonia Maria Gimenes. Marco Antônio Fortunato David1 Alan Augusto Santos³ Daniel S E Orlans RESUMO O objetivo principal do presente artigo é analisar os trâmites da logística reversa na cadeia integrada das empresas modernas. E os objetivos específicos foram: verificar o recolhimento dos resíduos complexos pelas empresas que os produzem, analisar como armazena-los corretamente e averiguar se o descarte está adequado de acordo com a legislação, quando não há mais utilização para o resíduo. Justifica-se a relevância do presente estudo sobre a importância da qualidade e responsabilidade da gestão dos resíduos para a rentabilidade empresarial e como diferencial competitivo diante do consumidor consciente, bem como a preservação dos recursos naturais disponíveis. A metodologia do presente artigo foi de caráter descritivo, qualitativo e com levantamentos bibliográficos em livros e sites com base par responder aos objetivos proposto no artigo. A garantia de todos ao meio ambiente, está explícita no artigo 225 da Constituição Federal. Por outro lado, a importância das empresas manterem uma relação de respeito com o meio ambiente é natural, pois muitas atividades econômicas desenvolvidas, dependem da disponibilidade de recursos naturais como matérias-primas, para a prestação de serviços e no fornecimento de bens conclui-se que Apesar de a logística ser uma das áreas da empresa que pode servir como diferencial para ampliar a participação nos mercados competidores, os projetos desenvolvidos pela Logística Reversa estejam de acordo com o alinhamento estratégico da empresa, e que de fato atenda ao setor. Palavras-chave: Logística. Logística Reversa. Tratamento de Resíduos Complexos .

ABSTRAT The main objective of this article is to analyze the reverse logistics procedures in the integrated chain of modern companies. And the specific objectives were: to check the collection of the complex waste by the companies that produce it and to analyze how to store it correctly, and its proper disposal according to the legislation, when there is no longer use for the waste. The importance of the present study on the importance of quality and responsibility of waste management for business profitability and as a competitive differential vis-à-vis the conscious consumer, as well as the preservation of available natural resources, is justified. The methodology of the present article was descriptive, qualitative and with bibliographical surveys in books and sites based to answer the objectives proposed in the article. The guarantee of all to the environment, is explicit in article 225 of the Federal Constitution. On the other hand, the importance of companies to maintain a relation of respect with the environment is natural, since many economic activities developed, depend on the availability of natural resources as raw materials, for the provision of services and in the supply of goods Although logistics is one of the areas of the company that can serve as a differential to increase participation in competing markets, the projects developed by Reverse Logistics are in accordance with the strategic alignment of the company and that it actually serves the sector.

Key-words: Logistics. Reverse logistic. Treatment of Complex Residues.

1 Especialista em Administração de Empresas, Consultora, Palestrante e Professora e Coordenadora do ensino

superior de Londrina-FACULDADE INESUL e de Cursos Técnicos. ² Consultor no curso Excel de Educação em Gestão e Liderança, Especialista em Gestão Industrial pelo Senai, Professor do ensino superior de Londrina-FACULDADE INESUL ³ Acadêmicos do Curso de Tecnologia em Logística do ensino superior de Londrina-FACULDADE INESUL.

INTRODUÇÃO

A logística reversa, na atualidade pode ser o diferencial competitivo, que leve a

empresa a um patamar diferenciado.

Renomados grupos fazem bom uso da Logística Reversa, mesmo antes da Lei de

Resíduos Sólidos (12.305/2010).

A partir da década de 70 o mundo passou a se preocupar com a destinação dos

resíduos decorrentes da produção, e a buscar soluções para esse complexo problema que

envolve economia e meio ambiente.

O consumidor também está cada vez mais consciente e exigindo dos seus fornecedores

que tenham essa preocupação, deixando claro que podem trocar de produto apenas porque a

empresa não se preocupa com a natureza.

A empresa que deseja estabelecer-se no mercado, deve utilizar a Logística Reversa

como meio de cumprir a Responsabilidade Socioambiental atrelado à redução dos custos dos

insumos de produção, gerando retorno financeiro e competitividade em curto prazo.

Essa nova atitude fideliza o cliente, e dá à empresa o status de responsável pelo meio

ambiente e pelas questões de sustentabilidade.

O objetivo principal do presente artigo é analisar os trâmites da logística reversa na

cadeia integrada das empresas modernas.

E os objetivos específicos foram: verificar o recolhimento dos resíduos complexos

pelas empresas que os produzem e analisar como armazena-los corretamente e averiguar se

seu descarte está adequado de acordo com a legislação, quando não há mais utilização para o

resíduo.

Justifica-se a relevância do presente estudo sobre a importância da qualidade e

responsabilidade da gestão dos resíduos para a rentabilidade empresarial e como diferencial

competitivo diante do consumidor consciente, bem como a preservação dos recursos naturais

disponíveis.

A metodologia do presente artigo foi de caráter descritivo, qualitativo e com

levantamentos bibliográficos em livros e sites com base par responder aos objetivos proposto

no artigo.

REFERENCIAL TEÓRICO

Logística Reversa

É possível compreender, após o processo que envolve desde a extração da matéria-

prima até a entrega de um produto final ao consumidor, a responsabilidade da logística

permanece, iniciando-se um novo ciclo pós-venda.

Há que se ter preocupações com o futuro do planeta em que vivemos, pois, o impacto

que causamos com todas as alterações que provocamos para alimentar nossa cadeia de

consumo, é bastante abrangente. Verifica-se que algumas pequenas atitudes de hoje podem

causar efeitos catastróficos no futuro, de forma que precisamos avaliar continuamente novas

tecnologias que aumentam a produtividade, porém que também cuidem do nosso bem mais

precioso.

No nosso arcabouço legal, temos leis que obrigam algumas empresas a prestarem

serviços de reflorestamento, recolher resíduos, adequarem seus padrões de funcionamento

para que não agridam minimamente a natureza, ou que não agridam de forma alguma.

O Brasil é conhecido como “pulmão do mundo”, desta forma os governos têm se

preocupado em cuidar para que a exploração de recursos seja feita sem perdas ambientais e

sem diminuir a capacidade produtiva das empresas.

“Uma visão moderna de marketing social, ambiental e principalmente de responsabilidade ética empresarial, se adotada por empresas dos diversos elos da cadeia produtiva de bens em geral, por entidades governamentais e pelos demais envolvidos, de alguma maneira, na geração de problemas ecológicos, mesmo que involuntária, permitirá observar que suas imagens corporativas estarão cada vez mais comprometidas com questão de preservação ambiental. Consequentemente, ações convenientemente dirigidas à preservação ambiental, dentro dessa visão contributiva de marketing social e ambiental, certamente serão recompensadas com salutares retornos de imagem diferenciada como vantagem competitiva (LEITE 2003, p. 27)”

A “visão verde” ou “visão ecológica” é uma prática em franco crescimento entre as

empresas, pois ter sua imagem ligada à sustentabilidade tem trazido ótimos resultados

financeiros, pelo reconhecimento dos consumidores cada vez mais conscientes e preocupados

com o meio ambiente.

As indústrias são responsáveis pelo aumento da poluição no globo terrestre, o descarte

de elementos químicos no ar pela infinidade de automotores que poluem além da atmosfera,

também reservas hídricas, do solo, sonora, visual, luminosa e principalmente térmica.

Objetivando diminuir e evitar o aumento da poluição, nasceu a logística reversa, que

busca minimizar o mal que as empresas causam à natureza, mediante ações de

reaproveitamentos e descartes conscientes de resíduos.

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

A Presidência da República editou em 23 de dezembro de 2010, o decreto 7.404 que

regulamenta a política nacional de resíduos sólidos. Por meio da criação de um Comitê

Interministerial da Política Nacional (que responderá pela implementação de um sistema de

logística reversa) e de um Comitê orientador (responsável por analisar e avaliar os sistemas de

logística reversa apresentadas). Esses comitês poderão contar com representantes de empresas

e entidades, a fim de formar seus corpos técnicos.

Este decreto deixa claro a preocupação, perfeitamente justificável, de como

implementar diversos sistemas de operacionalização da Logística Reversas que deverão ser

adotadas pela cadeia produtiva do produto, das embalagens se setores específicos ou mesmo

de empresas.

Compõe-se de diversos acordos setoriais, espécies de contrato entre uma cadeia

produtiva (fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes), definindo produtos e

embalagens objeto, contando com a participação dos diversos elos da cadeia produtiva o que

inclui também o consumidor.

Coletam-se informações necessárias ao longo dos processos, coletas, armazenamento,

transportes, reaproveitamentos e destinações finais, penalizações, entre outros detalhamentos.

Apesar de, nesta legislação não serem estabelecidas metas, o decreto procura avançar

na área fiscal e tributária, no que se refere a produtos reaproveitados e serviços relacionados.

O objetivo é contar com incentivos e financiamento para utilização e criação de novas

tecnologias de reaproveitamento, e a implantação de programas de pesquisas.

O não cumprimento dos acordos previstos no decreto sujeitas as empresas às

autuações e às multas, que vão de 5 mil a 50 milhões de reais, segundo o Art. 62, inciso XII

do Decreto Federal nº6.514/2008.

Sócio Ambiental Desenvolvimento Sustentável em Couro

Os movimentos ambientalistas produzem princípios e documentos em relação ao meio

ambiente em declamações e protocolos internacionais para atingir o desenvolvimento

sustentável. O desafio é produzir com o conceito sustentável para empresas de curtumes.

Cuidados e controles rigorosos para melhorar a qualidade da matéria prima, conservação com

sal deve retroceder e também a retirada mecânica do sal das peles para o reaproveitamento do

sal. Substituição de sulfetos redução do banho residual e orgânico no processo de depilação, a

retirada da estrutura dérmica da pele por meio de novos agentes das superfícies e produtos

biocidas, o pelo pode ser removido com uma solução concentrada de sulfeto, seguido de

neutralização da alcalina e oxidação dos sulfetos após o procedimento. A reciclagem parcial

dos sulfetos também é importante. Substituição de sais de amônio, substituição parcial do

cromo e após procedimentos a reutilização do cromo. O consumo de cromo é cerca de 8,500 a

9,000 toneladas ao ano, o consumo de consumo de tanino vegetal é de 250,000 toneladas ao

ano, para uma substituição total do cromo para tanino o consumo passaria para cerca de 3

milhões ao ano. Alternativas de acabamentos isentos de solventes uso de pigmentos não

tóxicos, reciclo de banhos de curtimentos para novos banhos e lavagens em pisos. Reduzir as

concentrações residuais de cromo e sais para reduzir os gastos de insumos, uso racional de

energia. As peles são submetidas a diversos tratamentos químicos cada fase dos acabamentos

são usados ácidos, bases, sais e outros produtos já citados, visando maximizar a eficiência do

aproveitamento das matérias-primas no processo.

Preocupações e Objetivos da Logística reversa

A logística reversa ganhou notoriedade pela necessidade de sobrevivência das

organizações, em acordo com a adaptação do homem às exigências da natureza. É preciso

conscientizar-se que a retirada de recursos naturais em forma de matéria-prima a fim de ser

transformada em produto, não pode ser feita de forma desenfreada e inconsequente, posto

que, o ritmo de reciclar e recuperar da natureza e mais lento que o da indústria predatória.

Muito se tem discutido sobre questões que englobam tanto a retirada dos recursos

naturais, quanto o despejo no meio ambiente dos resíduos, advindos destas produções. Desta

forma, verificam-se resultados desastrosos para o meio ambiente, com consequências graves

como o aquecimento global e outros sinais da degradação ambiental.

Em resposta a esta situação complexa, as empresas são chamadas a rever seus

conceitos de fabricação e o descarte dos resíduos, de forma a reduzir ou anular os efeitos

nocivos advindos de suas produções. O consumidor está cada vez mais consciente e exigente,

para que as empresas se responsabilizem e ajudem a resolver este grande problema.

“A população mundial excede os seis bilhões, e 80 milhões de pessoas são acrescentadas anualmente. O consumo de recursos per capita também está́ aumentando. Por exemplo, mais de 25% da energia solar na água e na terra possível de ser capturada em fotossíntese por produtores primários (plantas e cianobactérias) é agora apropriada por humanos. Apenas mais duas duplicações do impacto humano nos recursos naturais mundiais – pela combinação do aumento populacional e do crescimento econômico incentivado pelo consumo – resultariam em 100% da produção liquida primária sendo utilizada por humanos. Essa impossibilidade ecológica deixaria os ecossistemas esgotados. Os resultados também podem ter implicações catastróficas para os humanos, em função de sua bem estabelecida dependência dos ecossistemas para sua prosperidade econômica e sua saúde (DALY, 1986, apud MIHELCIC E ZIMMERMAN, 2012. p.3).”

Neste contexto a Logística Reversa é criada, para dar suporte a estas alterações na

cadeia produtiva. Questões como reaproveitamento de materiais e combate aos desperdícios

passam a ser o foco central das empresas.

Em 1962, Rachel Carson lançou um livro chamado Primavera Silenciosa, considerado

como o marco do nascimento do movimento ambientalista no mundo. Paralelo a ele, editou-se

um estudo, por meio de pesquisa efetuada pelo MIT - Massachusetts Institute of Technology,

buscando descobri quais os impactos ambientais causados pelas atividades econômicas. Neste

estudo demonstrou-se a preocupação com o crescimento populacional, e verificou-se a

necessidade de parar o crescimento da industrialização, caso contrário, segundo o relatório em

100 anos os recursos naturais do planeta estariam completamente esgotados.

Após esta conclusão, muito se tem discutido até os dias de hoje, muitos acordos feitos

até que se chegou ao conceito de Desenvolvimento Sustentável, que é aquele que atende às

necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem

as suas próprias necessidades (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012, p. 93).

A Logística Reversa se insere neste cenário competitivo, no qual as empresas investem

pesadamente em tecnologia de informação, em treinamento, auditorias e diversas outras

ferramentas gerenciais, buscando máximo de eficiência, maximizando os lucros e diminuindo

custos.

Segundo Drucker (1995) apud Chaves e Batalha (2006) “logística é última fronteira

gerencial que resta ser explorado para reduzir tempos e custos, melhorar o nível e a qualidade

de serviços, agregarem valores que diferenciem e fortaleçam a posição competitiva da

empresa”.

Com a competitividade acirrada, produtos muito semelhantes e preços estrangulados

pela necessidade de redução, de forma que o diferencial da empresa necessita ser a eficiência

da logística e na sua capacidade de prestar um nível de serviço considerado superior com

custos que sejam reconhecidos como justos pelos consumidores.

O fluxo logístico normal segue três caminhos distintos: 1) Da fábrica até o armazém

ou centro de distribuição. 2) do centro de distribuição até o autosserviço ou varejo. 3) do

autosserviço ou varejo até o consumidor. A logística reversa trabalha no fluxo inverso,

considerando o retorno do produto, ou parte dele, em direção à fonte de produção.

O CLM (Council of Logistics Management, que mais tarde foi rebatizado de Council

of Supply Chain Management Professionals - CSCMP), em 2001 definiu Logística Reversa

da seguinte forma:

“Parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla de forma eficiente e eficaz o fluxo direto e reverso e o estoque de bens, serviços e informação entre o ponto de origem e o ponto de consumo com o propósito de atender os requisitos dos clientes. (CLM,2001 apud SANTOS et al. 2013, p. 233)”

Figura 1 Fluxo Logístico Direto e Reverso.

Fonte: Lacerda, 2002.

Outro conceito de Logística Reversa, foi introduzido pelo Grupo de Trabalho Europeu

de Logística Reversa, o REVLOG, em 2005 que considera “a logística reversa como

atividade com funções de coleta, recuperação de materiais e peças usadas, e desmonte e que

visa recuperar valor dispendido”.

Figura 2 Atividades do processo de Logística Reversa

Fonte: Chaves, 2008.

Com o retorno de materiais que poderão ser aproveitados, pelo processo de logística

reversa, os custos são sensivelmente reduzidos, pois do valor de retorno, mais os custos de

logística reversa envolvidos, é possível abater-se o valor do produto que poderá ser

eventualmente recuperado pela empresa.

A reciclagem deste material recuperado possibilita ingresso de numerário para a

empresa, sendo contabilizado como receita ambiental, diretamente no resultado operacional,

ou por meio de abatimento no custo.

É importante que seja criada uma rede de atividades de Logística Reversa pelas

empresas, como por exemplo, pontos de apoio e coleta estrategicamente distribuídos e que

facilitem o retorno dos produtos de forma mais barata, que simplesmente a coleta direta em

cada estabelecimento individualmente. O aproveitamento de incentivos governamentais

também pode auxiliar na redução dos custos de logística reversa, aproveitando-se

adequadamente de redução de impostos e outros benefícios legais.

Todos estes fatores devem estar planejados no prévio gerenciamento dos custos

logísticos, a fim de alcançar o objetivo principal da Logística Reversa, que é apresentar-se

como um diferencial competitivo para as empresas, tanto no sentido de economia de custos,

quanto no sentido de satisfazer a exigibilidade do consumidor moderno que visa uma

produção sustentável.

Resíduos Complexos

Durante a produção industrial, as empresas geram excedentes cuja utilização é inviável

para o setor, considerado sobras, rejeitos, lixos e resíduos que deverão ser destinados

conforme a classificação dada a ele.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o lixo como os restos das

atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis,

podendo se apresentar no estado sólido e líquido, desde que não seja passível de tratamento.

Apesar desta nomenclatura, o temo “lixo” não é utilizado em termos técnicos, sendo

efetuada uma separação do que é gerado em processos produtivos e afins, que podem ser de

alguma forma aproveitada em outros processos. Parte deste lixo que pode ser reaproveitado

ou reciclado é considerado resíduo, ou em caso de não ser possível o reaproveitamento, o

produto é considerado um rejeito.

Desta forma, resíduo é tudo aquilo que pode ser reutilizado e reciclado, em outro

ponto da produção, em outro setor, ou ainda em outra fase da indústria. A ABNT NBR

10.004:2004 definem resíduos sólidos como aqueles:

“Resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções, técnica e economicamente, inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. ”

Esses resíduos dividem-se em complexos e diversos, e classificam-se quanto à origem

e à periculosidade, seguindo as orientações da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Tabela 1 Classificação dos Resíduos Sólidos conforme PNRS:

QUANTO À ORIGEM Resíduos domiciliares

Resíduos de limpeza urbana Resíduos sólidos urbanos

Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico

Resíduos industriais Resíduos de serviços de saúde Resíduos da construção civil Resíduos agrossilvopastoris

Resíduos de serviços de transportes Resíduos de mineração

QUANTO À PERICULOSIDADE Perigosos

Não perigosos Fonte: Ghaia-2017.

Os rejeitos são tipos específicos de resíduos em situação de não aproveitamento ou

reciclagem, tendo como destinação apenas incineração ou aterro sanitário, de acordo com a

legislação do meio ambiente.

As formas de destinação adequadas e corretas para os resíduos no Brasil, segundo a

ABETRE, 2018 – Associação Brasileira de empresas de Tratamento de Resíduos e Afluentes,

são:

• Reciclagem – reintrodução dos resíduos no processo de produção;

• Compostagem – em que acontece por meio do processo biológico de decomposição da

matéria orgânica contida em restos de origem animal ou vegetal;

• Aterro Sanitário – que é a forma de disposição final de resíduos sólidos no solo, em

local devidamente impermeabilizado, mediante confinamento em camadas cobertas

com material inerte, segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos

ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais;

• Incineração – É o processo de redução de peso e volume do lixo pela combustão

controlada.

Importância da Logística Reversa e a Captação de Resíduos Complexos

O gerenciamento de resíduos sólidos varia de acordo com a cultura do país, para prevenção da poluição e exposições de um perigo ambiental, para diminuir a destruição da camada de ozônio, mudanças climáticas.

Mihelcic e Zimmerman, (2012) asseveram:

“Ao longo dos últimos 60 anos do século XX, a produção química global aumentou várias centenas de vezes, de forma que por volta do começo do século XXI, aproximadamente 70 mil compostos químicos são comumente vendidos no mercado. Além disso, centenas de novos compostos são introduzidas no mercado anualmente. Os indivíduos podem ser expostos a esses compostos químicos em casa, na escola, no local de trabalho, em viagens ou simplesmente numa caminhada em uma grande área urbana”

Os riscos ambientais são resultantes de exposições a um perigo ambiental potencial,

que podem ser compostos químicos específicos ou misturas químicas, como a fumaça de

cigarro e fumaça de escapamentos de carros. Também podem ser outros patogênicos, a

destruição da camada de ozônio, mudanças climáticas e escassez de água.

A prevenção da poluição é focada no aumento da eficiência por meio de processos que

reduzam a quantidade de poluição gerada, bem como a eliminação dos resíduos

remanescentes. A hierarquia da prevenção da poluição passa pelos estágios: Redução na fonte

Os resíduos (substâncias perigosas, poluentes ou contaminadores) devem ser

prevenidos na fonte (antes da reciclagem, do tratamento ou da disposição) ; Reciclagem –

Resíduos gerados devem ser reutilizados quer no processo que os criou ou em outro processo;

Tratamento – O resíduo que não pode ser reciclado deve ser tratado para se reduzir seu risco;

Disposição – O resíduo que não é tratado deve ser descartado de forma ambientalmente

segura.

O gerenciamento de resíduos sólidos varia de acordo com a cultura do país, e se

modifica com o tempo. Esse gerenciamento exige a compreensão e o entendimento da

geração, coleta, transporte, armazenamento, processamento e disposição dos resíduos.

Os resíduos sólidos podem ser caracterizados por suas fontes, seu uso original, risco

ou composição físico-química principal.

No processamento do couro, além dos resíduos sólidos, temos resíduos aquosos ricos

em metais pesados sendo que o cromo é o mais poluidor entre eles, sendo perigoso no solo, na

água e no ar. Quando a água é devolvida para o ambiente, após participar do beneficiamento

do couro, é necessário que seja tratada conforme determinação da legislação ambiental. Após

o tratamento há a integração da água através da logística reversa para ser reutilizada no

processo produtivo, proporcionando a possibilidade de um ganho para o meio ambiente e uma

redução substancial de custo para a indústria.

Os metais pesados (elementos de elevado peso molecular) se depositam no tecido

ósseo e gorduroso daquele que tem contato com ele, e ao serem absorvidos deslocam minerais

nobres dos ossos e músculos para a circulação, provocando doenças. Os metais pesados são

muito usados na indústria e estão em vários produtos.

Apesar desses dados alarmantes, que indicam a necessidade urgente de coleta

adequada dos resíduos complexos, no Brasil o total de resíduos coletados é pequeno. O

IPT/CEMPRE, (2014) informa que 76% dos resíduos são dispostos a céu aberto, o restante é

destinado a aterros (controlados, 13%; ou sanitários, 10%), usinas de compostagem (0,9%),

incineradores (0,1%) e uma parcela ínfima é recuperada em centrais de

triagem/beneficiamento para reciclagem. Em 2016, segundo a ABRELPE – Associação

Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, 78,3 milhões de toneladas

de resíduos urbanos foram gerados, e cerca de 7 milhões de toneladas não foram objeto de

coleta.

Armazenagem de Resíduos Complexos

A transformação de couro de animais para a fabricação diversos produtos, tais como

calçados, bolsas e roupas, é bastante antiga. Essa atividade também é uma das que mais

produz resíduos sólidos e líquidos, com índice alto de poluição, por conta do produto químico

Cromo, que é utilizado na indústria do curtume, para curtir o couro. Nesse processo, o couro

fica livre das bactérias características da carne e gordura animal, removendo as impurezas das

peles.

Além da grande quantidade de cromo e outros produtos químicos, a indústria do

curtume também separa a carne no processo de preparação das peles, que se torna putrefata,

misturadas a pesticidas, bactérias e fungos acumulados aos pelos gorduras, tendões e nervos,

bolores e outras lixos que serão descartados juntamente aos 70% de peles que não serão

tratadas devido à qualidade considerada inferior. Parte das peles consideradas de qualidade

também sofrerá um afinamento, para que estejam de acordo com o padrão ajuste de espessura

da pele curtida. Esse material retirado gera uma espécie de serragem, que também se

transforma em resíduo sólido.

A destinação destes resíduos deve ser adequadamente efetuada, a retirada do cromo da

água (cerca de 30.000 litros de água por tonelada de peles salgadas) deve ser feita por

processos químicos com reagentes que diminuem a quantidade do cromo na água que deverá

ser descartada, para que não contamine o meio ambiente.

O CICB – Centro das Indústrias de Curtumes no Brasil apresentou um faturamento de

US$ 132,3 milhões no mês de janeiro de 2018, referente às exportações de couros e peles,

com o total de 15,6 milhões de metros quadrados do produto, tendo como principais destinos

a China (31,9%), Itália (17,8%) e Estados Unidos (15,8%). Os principais estados brasileiros

de origem das exportações são Rio Grande do Sul (21,8%), São Paulo (18,7%), Goiás

(16,8%) e Paraná (12,6%). (Relatório de exportações jan. /2018, CICB).

A CICB informa que o Brasil exporta mais de 2 bilhões de dólares ao ano, para 80

países, empregando mais de 40 mil pessoas e tem a maior rebanho comercial do mundo.

A Empresa e o Diferencial Competitivo no Reaproveitamento do Resíduo Complexo

A empresa analisada fica na região de londrina, e beneficia artefatos de couro que são

utilizados no reforço de carteiras, bolsas e cintos. O recouro é um tipo de couro reconstruído,

criado a partir de fibras de couro, látex natural e outros agentes vegetais que combinados

produzem um material de aparência flexível e resistente. É utilizado para fazer reforços

internos de bolsas e carteiras, e o de espessura maior, é utilizado para fazer cintos.

Armazenagem do Couro

As peças de couro mais grossas, que são chamadas de soleta, são armazenadas

esticadas em uma mesa, para não ficarem amassadas. O couro fino é guardado enrolado, pois

é flexível e não pode ficar amassado. E, acondicionados desta forma, ocupam menos espaço

no estoque da empresa.

O resíduo do couro é descartado no lixo comum, apesar da empresa ter conhecimento

de que o resíduo de couro deve ser recolhido por empresa especializada.

O setor responsável alega que eles utilizam quase todo o produto, e que o que sobra é

muito pouco, e pode ser descartado no lixo comum.

Foto 1 Soleta – peças de couro grosso para cintos Foto 2 Couro fino para bolsas e carteiras

Fonte: Próprios Autores. Fonte: Próprios Autores.

Foto 3 e 4 Couro processado transformado em recouro utiliza para reforço de bolsas e carteiras

Fonte: Próprios Autores.

Foto 5 Recouro utilizados para fazer cintos

Fonte: Próprios Autores.

Foto 6 Produto pronto

Fonte: Próprios Autores.

Atividades Desenvolvidas

As peças de couro chegam ao recebimento de mercadorias da empresa. Na sequência

são conferidas as notas fiscais e as quantidades de produto.

Na sequência o couro segue para o setor de controle de qualidade, onde será

inspecionado e separado conforme a espessura, e deste setor, conforme há a requisição dos

materiais, o responsável pelo almoxarifado dá baixa do produto do estoque e libera o material

para a linha de produção.

Após o couro ser cortado, costurado e montado, a peça segue para o setor de

acabamento e depois para embalamento.

Conforme acontecem as vendas, a empresa emite nota fiscal e despacha os produtos

conforme a preferência do cliente.

CONCLUSÃO

Nos dias atuais o conceito de logística é muito mais amplo, sendo voltado à gestão

coordenada de atividades inter-relacionadas e da agregação de valor a produtos e serviços

essenciais para a satisfação do consumidor.

O conceito de Logística Reversa surgiu da necessidade do retorno de produtos,

embalagens e resíduos que pudessem ser reaproveitados, trabalhando também a pós-venda ou

pós-consumo.

A logística trabalha com os canais reversos de distribuição, e tem por objetivo o

retorno rápido, com menores custos possíveis.

Neste artigo foi possível analisar a necessidade de observar a sustentabilidade, a

preocupação com a natureza e o meio ambiente, tendo sido analisados os processos referentes

aos resíduos complexos de couro, que apresenta um grande impacto, se descartado

inadequadamente, pois gera alto índice de poluição.

Também foram analisados os aspectos para solucionar este problema, sugerindo-se

que sejam feitas parcerias com empresas que podem absorver esses resíduos em suas

produções, de forma a eliminar seus efeitos. A principal sugestão de melhoria para a empresa

se refere à destinação dos resíduos complexos de couro. Após a produção das peças, as sobras

de couro, ainda que em quantidade pequena são descartadas no lixo comum.

Respondendo aos objetivos propostos no presente artigo deduz-se que, as empresas

passam a contratarem uma empresa especializada para fazer a coleta, para que esses dejetos

sejam descartados de forma correta, sem riscos de contaminação da natureza. Os resíduos têm

que serem armazenados em barris que mantenham os resíduos secos longe da umidade para

evitar a deterioração dos resíduos que apodrecem se manterem úmidos em seu local de

armazenagem.

Conclui-se que as empresas poderiam firmar contrato com empresas nos ramos de

peças de cimento, que aproveitem esses resíduos secos dos couros, misturando-os nas

produções de tijolos. Desta forma, não haverá rejeitos a serem lançados no meio ambiente, e

consequentemente, parte do valor do material que seria jogado fora, seria recuperado com

essa venda, gerando rentabilidades empresariais, bem como, cumprindo o exigido pela

legislação.

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