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    A histria do negro aps a libertaoda escravido sem emprego e sem terrastornou-se a histria dos trabalhosprecrios. A transformao dos escravosem futura mo de obra extremamenteprecria foi aspecto chave para amanuteno da taxa de lucro da

    burguesia. No Brasil de hoje, o discursode crescimento e melhorias graduais elentas das condies de vida no Lulismo,continuados por Dilma, apoiam-se nascondies estruturais de trabalhoprecrio e vida precria dos negros epobres. Para manter essa situao a

    burguesia brasileira, ontem e hoje,necessita de um corpo armadoespecializado em silenciar os negros epobres, criminalizando a pobreza,naturalizando o racismo, a precarizaodo trabalho, as diferenas de salriosentre negros e brancos e o extermniocotidiano da juventude negra das

    periferias. A burguesia precisa concedermigalhas e manter uma sistemticarepresso para conter que estascontradies de classes se expressem emexploses sociais.

    O governo Dilma, que acaba deaprovar cotas, incapaz de tomar umanica medida para reverter o fato de queesse o pas onde 70% das mulheresnegras que trabalham esto em trabalhosprecrios, ganhando a menor rendamdia nacional. No emprego domstico,dos 7,22 milhes de ocupados, 93% somulheres, a maioria, negra.

    Segundo dados do Dieese, em 2009, aspessoas pardas ou negras ganhavam emtorno de 70% dos rendimentos daspessoas brancas com 12 anos ou mais deescolaridade. Os negros ocupam 18% dosempregos sem carteira assinada,enquanto os brancos 13,8%.

    O Haiti aqui

    Em So Paulo, com recente histrico derepresso policial na USP, Cracolndia ePinheiro, s reafirma a poltica ofensivade represso do PSDB, que conta como

    brao armado com a polcia militar deSo Paulo, resqucio da ditadura militar e

    descendente dos bandeirantes queexterminavam e caavam negros e ndios,que se orgulha de ser uma maisassassinas do mundo.

    A viso que a burguesia tenta passarcomo firmeza da policia na guerracontra o PCC, significa toques de recolherimpostos pela policia e ocupaesmilitares em favelas como So Remo (emtorno da USP), Paraispolis, Morro Doce,instaurando um clima de terror edeixando um saldo de mais de 300 jovensmortos no ltimo ms, 95% a mais doque os homicdios no ano passado. O que

    a burguesia e a mdia tentam vendercomo guerra ao trafico, na verdade umaruptura de um pacto esprio que sempreexistiu entre PCC e PM. A principal fontede criminalidade se encontra na prpriapolicia, que prende, julga e matasumariamente, praticando um verdadeirogenocdio contra a juventude e ostrabalhadores negros e pobres, estes simque nunca podem esperar de seus algozesnenhum tipo de segurana.O prefeito eleito pelo PT Haddad - seelegeu com aliados como Paulo Malufque, alm de agente da ditadura militar e

    corrupto, padrinho da policia militar ede sua tropa assassina de elite - a Rota. Agesto Haddad no ser diferente do quetodos os outros partidos, e assim comoeles far uso da represso aosmovimentos sociais e da violncia contraos pobres e negros, com uso de umapolicia que tem isso como lema.

    No Rio de Janeiro esta poltica maisavanada. A consolidao das UPPs e oprojeto de cidade orquestrado por SrgioCabral e Eduardo Paes, seguetransformando profundamente a cidade,com privatizaes, centenas de obras,remoes a servio da especulaoimobiliria, aumento do custo de vida erepresso cotidiana para tornar estacidade vitrine do Brasil para o mundo. AsUPPs no so um projeto de segurana,mas um projeto de cidade e de como geriro imenso contingente de pobresurbanos do Rio de Janeiro. Tal plano decidade tem oramento e contingentepolicial de um lugar em guerra: amilitarizao no Rio de Janeiro concentra1 policial a cada 80 habitantes nascomunidades ocupadas nas cidades,enquanto a mdia nacional de 400habitantes por policial- mais gastos dooramento do estado com segurana doque com educao.

    A burguesia necessita da repressopolicial para abrir caminho para aespeculao imobiliria: enquanto toda acidade est repleta de favelas, 17 das 21UPPs esto localizadas em reas de

    evidentes interesses de especulaoimobiliria. O Estado agora diz estarpresente nestes lugares, como se j noestivesse presente pela sua ausncia eabandono. A imagem de recuperar oorgulho carioca atravs da legitimaodas ocupaes militares e da violnciapolicial serve para mascarar um estadode controle sobre a juventude negra epobre, para manter a populaodisciplinada e garantir grandescontingentes de mo de obra barata, poisso nestes locais que esto ostrabalhadores mais precrios, sendo

    necessrio garantir que estes no serevoltem com a represso cotidiana queprobe festas, msicas e churrasco ondemoram e passem a questionar que estacidade esta sendo reconstruda em cimado seu sangue e suor.Por isso, a resposta que d o PSOL com a

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    poltica de UPPs sociais que mantm arepresso como necessidade, o fato deque o candidato a prefeito MarceloFreixo em seu programa poltico nocontinha uma sequer palavra sobrerepresso policial ou negro e ainda apoltica do PSTU e outros setores daesquerda, que so contra as UPPs, masdefendem os policiais e bombeiros comotrabalhadores em seus motins, sototalmente insuficientes, sendonecessrio levantar que no ser pelasmos da policia o combate violncia enem segurana, mas pela autodefesados negros e pobres que como a partemais massiva da classe trabalhadora,deve se colocar como vanguarda e noconfiar em seus inimigos de classe,levando assim uma luta totalmenteindependente da burguesia e de seusaparatos policiais.O governo Dilma que atravs daComisso Nacional da Verdade e daimplementao de cotas faz demagogiade democrtico, esconde que para cadauma dessas polticas existem limitesreais. CNV impe que no punir ostorturadores, muitos dos quais seguemliderando e influenciando as polticas desegurana de vrios Estados (Em SoPaulo, a PM carrega dentre suas estrelas,homenagens ao massacre de Canudos, a

    represso ao movimento de JooCandido e a Revoluo (!!!) de 64). Acontra cara que o governo tenta esconder que as limitaes das suas polticasditas democrticas j poderiam ter sidoprevistas ao saber-se que esse ogoverno que, servindo ao Imperialismoamericano, envia tropas de assassinos eestupradores para pacificar o Haiti, queaplaude as ocupaes de morros no Rio,que senta para negociar auxlio aomassacre que se segue em So Paulo,lembrando a todos que o Haiti aqui.Sem fronteiras, lutaremos contra a

    represso que sofremos aqui e contra osataques aos trabalhadores e povo pobreem todo o mundo.

    A crise se acirra, o apartheidacorda

    No ltimo 14 de Novembro, a classetrabalhadora junto juventude paralisoua Europa, Espanha, Grcia, Portugal,Chipre, Malta e por algumas horas na

    Itlia fizeram uma histrica greve geralmostrando o potencial de unidade daclasse trabalhadora para impor que oscapitalistas paguem pela crise. Em cadaluta, cada manifestao da juventude edos trabalhadores contra o destino demisria que tenta impor a Troika e oimperialismo internacional, vemos apolicia a servio de impedir, reprimir,perseguir e prender lutadores paraassegurar a manuteno da ordem socialda explorao de misria e opresso, olucro da burguesia internacional em meioa crise econmica mundial.

    A crise vem se aproximando de pasescom histrias trgicas de opressocolonial. No caso da greve dos mineirosde Marikana, na frica do Sul, foipossvel ver do que capaz a burguesiaquando v seus negcios ameaados emtempos de tantas perdas econmicas. Ogoverno de Jacob Zuma, do CongressoNacional Africano, herdeiro de NelsonMandela, demonstrou a verdade por trsdo governo que vai acabar com a divisoracial do apartheid, e com o uso de seuaparelho policial condenou 44 grevistas

    morte, chacina que no se v desde que oapartheid acabou em 1994.Tal situao mundial impe aos negros enegras respostas rpidas e decididas nosentido de se verem como parte da classetrabalhadora, exigindo dos sindicatos,

    entidades estudantis e todos ostrabalhadores e jovens no organizadosque pautem imediatamente os ataquesque, a princpio, sero desferidos contraesse setor da classe, e que se passarem,serviro de base para fortes ataques aoconjunto da classe e da juventude. preciso que se lute imediatamente pelofim do trabalho precrio e da carestia de

    vida, pelo fim da represso, pela reforma

    agrria e urbana, democratizao radicaldo sistema de sade e de educao. Nadadisso ser possvel sem a independnciadessa classe, que quando se alia com a

    burguesia para revindicar suasdemandas, faz apenas aumentar asiluses em conquistas parciais que nuncachegam, ou mesmo entrega suasdemandas a uma derrota s reversvelaps dcadas e mais dcadas de carestia.

    Fora PM das escolas,universidades, favelas e

    periferia!Pela punio imediata aostorturadores de ontem ehoje!Em defesa dointernacionalismo: Fora astropas brasileiras do Haiti!Punio aos mandantes eexecutores do massacre deMarikana!

    Pela reforma urbana eagrria com independnciade classe!

    O governo de Jacob Zuma, do CongressoO governo de Jacob Zuma, do CongressoNacional Africano, herdeiro de NelsonNacional Africano, herdeiro de NelsonMandela... condenou 44 grevistas a morteMandela... condenou 44 grevistas a morte

    Aprincipalfontedecriminalidadeseencontrana

    Aprincipalfontedecriminalidadeseencontrana

    propriapolicia,queprende,julgaemata

    propriapolicia,queprende,julgaemata

    sumariamente,praticandoumverdadeirogenocidio

    sumariamente,praticandoumverdadeirogenocidio

    contraajuventudeeostrabalhadoresnegrose

    contraajuventudeeostrabalhadoresnegrosepobrespobres

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    ForaPMd

    asFora

    PMda

    favelas,

    favelas,

    periferiaseperiferiase

    morros!!morros!!

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    unicaoaosunicaoaos

    torturadorestorturadoresdeontemedeontemehoje!hoje!

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    Desde o incio da colonizao, nonosso pas o povo preto quetem mais sofrido. Foisequestrado de suas terras paraconstruir nosso pas e dar asbases de formao da potnciaimperialista inglesa com trabalhoescravo. Mesmo no ps-abolio,o Estado brasileiro reforou suaexcluso, o que importantepara que nosso pas possacumprir seu papel dentro da

    diviso internacional dotrabalho. Libertos, jogados namisria, sem terra, educao,sade, sofrendo discriminao erepresso, os pretos ainda hojeso quem mais sofre as mazelasda explorao sobre a classetrabalhadora.

    A elite branca Brasileira,que j estava preparada paralidar com o processo de abolio,coloca em prtica o projeto para

    lidar com a populao pretaliberta. Esse projeto se estruturaem cima de trs polticasprincipais: o branqueamentopopulacional, o controle social eo extermnio do povo preto. Oaparato de dominao poucomudou e os pretos e pretas quesaram das senzalas acabaramem quilombos ou criando nascidades os bairros africanos, quedepois se tornariam as favelas,

    onde hoje a polcia entra para darcontinuidade ao extermnio dospretos. O ndice de mortalidadede jovens pretos de 15 a 24 anosno nosso pas trs vezes maiordo que a de jovens brancos na

    as crianas negras, a taxa de 50,43%(3,5 milhes). Das crianas com mais

    de sete anos que ainda no esto napr-escola, 63,5% so pretas, enquanto36,5% so brancas, no ensinofundamental o ndice de reteno dosestudantes pretos tambm maior. Em2008 quase metade das crianas pretasde 6 a 10 anos estava fora da srieadequada, contra 40,4% das brancas;entre 11 e 14 anos, o porcentual depretos atrasados subia para 62,3%.

    Quando voltamos nossos olhos aoensino superior, a desigualdade ainda

    mais gritante, em parte pelo resultadode anos de educao precria queafastam o negro da educao desde ainfncia, em parte pelo imenso esforofeito pela elite para que naunviersidade s entrem os que passampelo filtro social mais eficaz jinventado por ela: o vestibular. Detodos os entrevistados pelo IBGE,25,5% dos brancos j haviamfrequentado o ensino superior contraapenas 8,2% dos negros.

    Esse processo de excluso dos negrosda educao formal forjou uma castaintelectual branca que a que escreveue pensou a questo negra, como o livroCasa Grande e Senzala de GilbertoFreyre que um marco importante datese da

    mesma faixa etria, esse ndice resultado de uma poltica degenocdio sobre a populaonegra, principalmente de suajuventude, feita pelas mos dapolcia, as foras armadas do

    Estado.A populao negra o setor

    mais precarizado da classetrabalhadora, ocupando ospostos de trabalho que nonecessitam de especializaomais profunda para seremocupados. Essa super-exploraodos pretos pressiona cada vezmais para baixo os salrios detoda a classe trabalhadora.

    H anos os negros tem

    sofrido uma politica de exclusosocial, inclusive no que dizrespeito educao formal. Apoltica de educao no pode serdesligada do plano da burguesiapara os negros no Brasil. Hojetemos um ndice de8,9% deanalfabetos do pas, onde agrande maioria de negros,devido ao fato de que, segundo osndices de Cor/Raa do IBGE, osbrancos estudam 1,6 anos a maisdo que os negros.Enquanto 30,67% das crianasbrancas (1,6 milho) tm idadesuperior recomendada nos anosfinais do ensino fundamental,entre

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    democracia racial. O mito daDemocracia racial se colocaenquanto forma de desarticular apopulao oprimida, cria-se afilosofia da convivnciaharmoniosa entre a elite branca eos pretos oprimidos, aculturaopara o embranquecimento. Umadestruio cultural dos polos. Aocontrrio do que diz Freire, e

    todos os que compram sua ideiade democracia racial, a misturaentre as raas gerou mestios quetambm sofrem racismo, ospardos das valas preenchidaspela polcia, no existindo demaneira alguma umamiscigenao que eliminou ospolos da realidade racialbrasileira. Partindo de umpressuposto que todas as raastm as mesmas condies na

    sociedade, coloca nos setoresmais oprimidos e criminalizadostoda a culpa por seus prpriosproblemas sociais.

    A discusso sobre cotasraciais nas universidadespblicas um exemplo de comoo racismo pode se deixaresconder por traz de um falsomito de democracia racial,transferindo o resultado de umapoltica de mais de 500 anos de

    genocdio e descaso social emmera incompetncia do povopreto. Se hoje no vemos ospretos nas salas de aula dasuniversidades, nem comoestudante, to pouco comoprofessores, por que o lugardado a esses nas universidades limpando as salas de aula ebanheiros, nos postos maisprecarizados.O governo Dilma aprovou no

    senado um projeto de cotassociais e raciais para seremimplementados nasuniversidades federais, esseprojeto prev 50% de cotassociais, entre as quais umaporcentagem de cotas raciais deacordo com a porcentagem depretos e pardos no estado. Paraalgumas universidades que j

    implementaram cotas ser umretrocesso, pois tero dediminuir o nmero de cotasraciais, como o caso UFABC,que hoje destina 28,3% de suasvagas a negros e ter quediminuir para 16% .

    Apesar de nos colocarmos aolado do movimento negro nocombate aos setores de direitaque organizam campanhascontra as cotas, para promover ademocratizao radical do ensinoque garantir acesso pleno universidade a todo o povonegro, defendemos comoprograma o fim do vestibular e aestatizao das universidadesprivadas sem indenizao.

    A garantia de ingresso de pretosnas universidades ainda muitopouco: preciso uma poltica quegaranta de fato o acesso do povopreto a educao formal, desdeas creches at as universidades!Se por um lado esse governo abrealguma concesso, dandomigalhas ao pretos por outroavana na represso da classetrabalhadora e no genocdio dopovo negro ajudando as UPPs no

    Rio de Janeiro, mandando oexrcito reprimir asmobilizaes dos trabalhadoresdas obras do PAC, oferecendoauxilio para o extermnio dopovo preto nas favelas de SoPaulo, etc.Garantir educao de qualidadepara pretos e pretas apenasuma pequena parte do processo

    de reparao. Reparar os pretoshistoricamente significa fazeruma transformao radical nasociedade, que vai desde areforma agrria e urbana at ofim da violncia policial e dosistema prisional. E a luta pormelhores condies na educaopara os pretos no pode estardesligada de todas as outras, por

    que a falta de moradia, ogenocdio da populao preta,principalmente de sua juventude,seu encarceramento, anecessidade de trabalhar desdecedo, a ocupao dos cargos maisprecarizados, etc, fazem parte doconjunto de fatores socias quetiram os jovens pretos dasescolas desde a infncia e queno permitem que os mesmoentrem nas universidades, ou

    sequer vejam o ensino superiorcomo algo possvel em sua vida.Temos que seguir o exemplo deZumbi de Palmares, Malcolm X,dos Panteras Negras, e vriosoutros lutadores que se armaramcontra a opresso do povo preto. preciso entender que nspretos e pretas devemos lutarpelo necessrio, no pelo possvelna legalidade de um poder quenos aprisiona, e que nossa luta

    deve ter como norte a certeza deque s seremos livres com alibertao de toda a humanidade,com o fim da explorao daclasse trabalhadora.

    N s nunca teremos liberdade real entre brancos e negros

    nessepaissemdestruiressepais,semdestruiroatualsistemapol tico, semdestruiroatualsistemaecon mico

    sem reescrever a Constitui o inteira,

    semdestruirtudoqueosEUAsupostamentedefendem.

    precisoentenderquen spretosepretasdevemoslutarpelonecess rio,n opeloposs vel nalegalidadedeumpoderquenosaprisiona

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    da possibilidade de organizar suas demandas em torno de um organismo polticocentralizador. Sendo assim, seria papel das organizaes operrias sindicais epartidrias levar as reivindicaes do povo mais oprimido para o seio das reivindicaesdos trabalhadores sindicalizados, assim como, para a juventude organizada nomovimento estudantil, levar ao seio de sua base as reivindicaes dos setores maisoprimidos e da classe operria, que no representada pelo movimento estudantil demaneira direta como o nos sindicatos. parte constitutiva dos atrasos da esquerda e do movimento negro atualmenteconsiderar que a trincheira das reivindicaes do movimento negro atualmente est porfora da luta de classes, e que possvel que a burguesia seja o sujeito capaz de alcanaras reivindicaes histricas dos negros, oprimidos h sculos em nosso pas e em todo omundo. Entretanto, possvel que uma classe que se pauta apenas por seus lucros epoder entregue definitivamente nas mos dos negros todas as suas exigncias bsicas,

    muitas das quais no se colocam como demandas socialistas, mas simplesmentedemandas democrticas que deveriam ser atendidas por um Estado que se dizdemocrtico? Pode a burguesia brasileira, responsvel pela existncia de tantos semterra em nosso pas, entregar aos negros a Reforma Agrria tanto reivindicada? Pode aburguesia entregar aos negros, depois de sculos de expulso do ensino bsico paraforjar mo de obra semi escrava para o trabalho precrio, garantir ensino laico, gratuitoe de qualidade para todos os negros desde a infncia at a vida adulta? Pode a burguesiabrasileira acabar com a violncia policial, ela que precisa assassinar no campo e nascidades para garantir a paz social que mantm seus lucros assegurados reprimindo ostrabalhadores precrios moradores de favelas? de nossa opinio que s pode assegurar esses direitos a classe que no tem sobre asvidas das massas o interesse no lucro, na especulao e na parasitagem; e que essaclasse a classe operria. parte da estratgia marxista para a transformao da

    sociedade a ideia e a prtica de que o terreno da luta contra o racismo no so asalianas esprias estabelecidas entre grupos reformistas e governo (que apesar de sedizer dos trabalhadores, governa para a burguesia), tampouco a negao da existnciado racismo ou de demandas especficas dos negros. Nosso terreno o terreno da luta declasses, contra a burguesia e contra seus agentes, seja a polcia ou a justia burguesa,pela conquista de demandas que no possam nos ser retiradas. Lutamos para convencertodos os setores da classe operria de que cada demanda dos negros tambm umademanda de todos os trabalhadores brasileiros, americanos, venezuelanos, haitianos,espanhis, portugueses, italianos... A questo negra uma questo mundial e umatarefa de hoje, que deve em cada pequena luta levar a um profundo questionamento dosistema capitalista e da diviso entre classes que legitima o poder de uma classe cominteresses opostos ao pleno desenvolvimento dos seres humanos como o que so:diferentes, plurais, criativos, coloridos.Como parte da estratgia marxista, consideramos fundamental apropriar-se de nossahistria, pois s assim possvel aprender com os acertos e erros j realizados por nossaclasse organizada. Para nossa histria, os indivduos so fundamentais, e por vezescolaboram de maneira determinada, com suas ideias e sua deciso, os rumos das lutaslevadas a frente pelos trabalhadores. Sendo os negros um dos setores mais explorado detoda a classe por todo o mundo, a deciso e a coragem daqueles negros e negras que seorganizaram na luta pelo fim de sua escravido antes e depois do capitalismo moderno,so figuras essencias de serem resgatas e fortemente reivindicadas por todos ostrabalhadores e pela juventude, como os fios de continuidade de uma tradio a serretomada na classe operria brasileira e mundial de profunda conexo entre a opressos negras e negros e o fim da explorao sobre a classe trabalhadora de conjunto.

    Paraomarxismo,desdesuaorigem,aquestodamulheredonegro,()

    Paraomarxismo,desdesuaorigem,aquestodamulheredonegro,()sempresedeucomotarefacentral,sendoparaqualquercomunista(...)

    sempresedeucomotarefacentral,sendoparaqualquercomunista(...)absurdaaideiadelibertar-sesobreoaprisionamentodeoutrospovos,

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    Zumbi dos Palmares (1655 - 1695)

    C L R James (1901 - 1989)

    Huey P. Newton (1942 - 1989)

    Joao de Mattos (viveu provavelmente entre os anos de 1850 e 1900)

    O Quilombo de Palmares foi o maior quilombo que j existiu na histria de luta dos negroscontra a escravido. Nele os negros resistiram por mais de 1 sculo contra as constantes

    investidas do Imprio para acabar com essa cidade, que representava um grande risco paraa corte por conta de seus mais de 20 mil moradores. Zumbi o lder que assume tal apostoaps a queda de Ganga Zumba, lder anterior que havia negociado o fim de Palmares com acorte portuguesa. Zumbi demonstrou-se ento um grande estrategista, e no pior tempo de

    ataques, conseguiu manter o quilombo vivo por dcadas, at que entregue por seu braodireito, Antonio Soares, e morto pelos bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho.Zumbi exemplo de resistncia e de coragem no s para os negros, mas para todos os

    trabalhadores do mundo, sendo uma das primeiras experincias, antes mesmo do Haiti, emque a emergente burguesia branca desafiada por um subalterno.

    James foi um importante escritor e militante trotskista, que por anos comunicou-se comTrotsky, junto a outros militantes da dcada de 30, para forjar nos EUA o que seria a primeiraorganizao americana a colocar-se contra a poltica stalinista para a URSS e para os outros

    importantes importantes processos que se abriam na poca, que por poltica da IIIInternacional, foram derrotados, jogando sobre a classe operria dcadas de sentimento dederrota. C L R James dedicou parte de sua vida para aprofundar os estudos sobre a histria

    de luta dos negros, tendo importantes elaboraes sobre os negros nos EUA e sua maisconhecida publicao sobre a Revoluo Haitiana, onde retoma a figura de Toussaint

    Louverture, lder da revoluo e outro importante estrategista negro. James representou anecessidade e indissociabilidade entre a questo negra e o marxismo, e interdependncia

    entre tais discusses para a vitria dos trabalhadores e da juventude sobre o capital.

    Huey foi um poeta, revolucionrio e um dos fundadores do Partido dos Panteras Negras,primeiro partido s de negros no mundo a reivindicar o marxismo como lente para analisar asociedade e lutar contra o capitalismo. Huey era estudante de direito, e por essa via contribuicom a conscincia dos negros ao demonstrar-lhes que as leis ditas universais na Constituioamericana no passavam perto de serem direitos dos negros, formulando assim os 10 pontosda plataforma dos Panteras, que demonstram como para adquirir direitos bsicos, os negros

    foram obrigados a se armar, lutar contra o Estado e sua fora policial e foram fortementereprimidos por isso, levando muitos dos Panteras morte. Huey foi um deles. Aos 47 anos foi

    assassinado a tiros por uma conspirao do Estado contra a organizao.

    Joo de Mattos foi um lder sindical padeiro que na dcada de 1870 em diante organizou levantesda categoria para libertar seus companheiros escravizados. O primeiro levante do qual se temnotcia o de 1876 em Santos, onde os padeiros escravos de 5 padarias abandoram o local de

    trabalho com cartas de alforria falsas preparadas por Joo. Tal acontecimento se repete em 1877em So Paulo com um nmero ainda maior de padarias e com os negros recm libertados seguindo

    Joo at o Rio de Janeiro, onde realizaram por anos faanhas do tipo. Em 1878, Joo com seuscompanheiros fundam o Bloco de Combate dos Empregados em Padarias, que com o lema de Pelo

    po e pela liberdadeorganizou cerca de 100 associados. Com a abolio em 1888, aps uma sriede levantes, Joo demonstra em suas cartas que ainda era preciso lutar pela liberdade dos

    escravizados livres, demonstrando que com o fim da escravido no se acabou a superexploraodela proveniente. Joo um grande exemplo a ser resgatado e aplicado nos dias de hoje, quandoinfelizmente os sindicatos ignoram que dentro dos locais de trabalho que visitam os negros seguemsendo os superexplorados, e que preciso uma unidade entre toda a classe trabalhadora para lutar

    contra a precarizao do trabalho.