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Superior Tribunal de Justiça AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 816.015 - MG (2015/0288955-0) RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL AGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRA ADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S) AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS EMENTA 1. No caso dos autos, o Tribunal de origem manteve a sentença de primeiro grau, que afastou a improbidade administrativa, uma vez que não ficou demonstrado que a conduta do recorrido se enquadrasse nos arts. 10 e 11 da Lei 8.429/92, pois não ficou caracterizado o elemento subjetivo dolo na conduta do recorrido ou dano ao erário ou violação de princípios. 2. O Tribunal a quo decidiu de acordo com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que "a caracterização do ato de improbidade por ofensa a princípios da administração pública exige a demonstração do dolo lato sensu ou genérico " (EREsp 772.241/MG, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, DJe 6/9/2011). Outros precedentes: AgRg nos EREsp 1.260.963/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, Dje 3/10/2012; e AgRg nos EAREsp 62.000/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 18/9/2012. Incidência da Súmula 83/STJ. 3. Demais disso, concluir diversamente do Tribunal de origem, para firmar pela ocorrência de dolo na conduta do recorrido, bem como pelo dano ao erário, demandaria análise de matéria fático-probatória, vedada pela Súmula 7 desta Corte. Agravo regimental improvido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça "Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Herman Benjamin, acompanhando o Sr. Ministro Humberto Martins, a Turma, por unanimidade, negou provimento agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator." Os Srs. Ministros Herman Benjamin (voto-vista), Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente) e Diva Malerbi Documento: 1486629 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2016 Página 1 de 31

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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 816.015 - MG (2015/0288955-0)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINSAGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL AGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRA ADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS

GERAIS EMENTA

1. No caso dos autos, o Tribunal de origem manteve a sentença de primeiro grau, que afastou a improbidade administrativa, uma vez que não ficou demonstrado que a conduta do recorrido se enquadrasse nos arts. 10 e 11 da Lei 8.429/92, pois não ficou caracterizado o elemento subjetivo dolo na conduta do recorrido ou dano ao erário ou violação de princípios.

2. O Tribunal a quo decidiu de acordo com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que "a caracterização do ato de improbidade por ofensa a princípios da administração pública exige a demonstração do dolo lato sensu ou genérico " (EREsp 772.241/MG, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, DJe 6/9/2011). Outros precedentes: AgRg nos EREsp 1.260.963/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, Dje 3/10/2012; e AgRg nos EAREsp 62.000/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 18/9/2012. Incidência da Súmula 83/STJ.

3. Demais disso, concluir diversamente do Tribunal de origem, para firmar pela ocorrência de dolo na conduta do recorrido, bem como pelo dano ao erário, demandaria análise de matéria fático-probatória, vedada pela Súmula 7 desta Corte.

Agravo regimental improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça "Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Herman Benjamin, acompanhando o Sr. Ministro Humberto Martins, a Turma, por unanimidade, negou provimento agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator." Os Srs. Ministros Herman Benjamin (voto-vista), Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente) e Diva Malerbi Documento: 1486629 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2016

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(Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 03 de maio de 2016(Data do Julgamento)

MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relator

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2015/0288955-0 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 816.015 / MG

Números Origem: 00220258220108130498 0498100000146 10498100022025005

PAUTA: 18/02/2016 JULGADO: 18/02/2016

RelatorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. JOSÉ FLAUBERT MACHADO ARAÚJO

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAISAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDAINTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Adiado por indicação do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

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AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 816.015 - MG (2015/0288955-0)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINSAGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL AGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRA ADVOGADOS : AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS

GERAIS RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator):

Cuida-se de agravo regimental interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL contra decisão por meio da qual neguei seguimento ao recurso especial do agravado nos termos da seguinte ementa (fl. 901, e-STJ):

"PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ELEMENTO SUBJETIVO DOLO NÃO CARACTERIZADO. AUSÊNCIA DE DANO AO ERÁRIO AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL".

Para melhor compreensão da demanda, eis o relatório elaborado no decisum agravado:

"Vistos.Cuida-se de agravo apresentado pelo MINISTÉRIO

PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS contra decisão que obstou a subida de recurso especial interposto, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais assim ementado (fl. 808, e-STJ):

"DIREITO CONSTITUCIONAL - DIREITO ADMINISTRATIVO - REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - REFORMA DE PRAÇA MUNICIPAL - CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA E COMPRA DE MATERIAIS SEM LICITAÇÃO - PROVA DA LESÃO AO ERÁRIO - INOCORRÊNCIA - CIRCUNSTÂNCIAS QUE DEMONSTRAM A AUSÊNCIA DE DOLO E MÁ-FÉ DO AGENTE PÚBLICO - ATOS ÍMPROBOS, PREVISTOS NOS ARTIGOS 10 E 11 DA LEI 8.429/92 - NÃO CONFIGURAÇÃO - SENTENÇA

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CONFIRMADA.- Inexistindo prova da lesão ao erário, e do elemento

subjetivo no comportamento do agente público, ou seja, a existência de do/o e má-fé, não há como falar na prática dos atos de improbidade, previstos nos artigos 10 e 11 da lei 8.429/92."

Sustentou o agravante, no mérito do recurso especial, violação dos arts. 10, VIII, e 11, caput, I, da Lei n. 8.429/92.

Assevera em síntese que a "conjugação desse dispositivo com o artigo 10, VIII, da Lei de Improbidade Administrativa conduz à conclusão de que a dispensa indevida de licitação atrai uma presunção juris tanturn de prejuízo ao erário. Isso porque o dano causado pela fraude ao procedimento licitatório pode ser enquadrado entre aqueles que a jurisprudência identifica como a "perda de uma chance". Há prejuízo para a administração, que perde a oportunidade de receber ofertas melhores, tanto cm relação a preço quanto à qualidade, como há prejuízo aos administrados, que têm direito, em igualdade de condições, a fornecer produtos e serviços ao Município" (fl. 829, e-STJ).

Alega que no "caso em tela inexiste qualquer resquício de improbidade nas condutas praticadas pelo Recorrente, ciente de que, em que pese inexistir irregularidade formal de cunho secundário no processo licitatório, em nenhum momento se configurou a intenção de violar os princípios administrativos ou sequer lesar os cofres públicos" (fls. 2765/2766, e-STJ).

Afirma que não "há que se cogitar se o administrador é "apenas' inábil ou despreparado para o exercício do cargo. A não ser assim, criar-se-á uma nova categoria de gestores da coisa pública, que estarão blindados contra as consequências das mais diversificadas ilegalidades ou imoralidades, por serem considerados despreparados, incompetentes ou inábeis" (fl. 837, e-STJ).

Apresentadas as contrarrazões (fls. 844/855, e-STJ), sobreveio o juízo de admissibilidade negativo da instância de origem (fls. 857/859, e-STJ), o que deu ensejo à interposição do presente agravo.

Parecer ministerial assim ementado (fl. 895, e-STJ):"AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA. DOLO DEVIDAMENTE COMPROVADO. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA IMPESSOALIDADE E LEGALIDADE. CONTROVÉRSIA JURÍDICA. NÃO SOFRE O ÓBICE DA SÚMULA 07/STJ.

- Parecer pelo conhecimento e provimento do agravo".

Nas razões do agravo regimental, assevera o recorrente que, "nesse Documento: 1486629 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2016

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contexto, é certo que a conduta do agravado, efetivamente provada nos autos, qual seja, a indevida dispensa de licitação para a prestação de serviços de reforma da Praça Governador Valadares, com contratação direta de diversos profissionais e empresas, não precisa ser reexaminada. Faz-se necessário, apenas, avaliar a tipificação legal desta conduta que, no caso, são os artigos 10, VIII, e 11, caput e inciso I, da Lei n.° 8.429/92. Por conseguinte, inadequado o óbice da Súmula 07/STJ" (fl. 912, e-STJ).

Alega, ainda, que "se conclui, portanto, no caso sub oculis, que o desrespeito aos ditames legais nos procedimentos licitatórios, especificamente quanto à dispensa ilegal da licitação, causa prejuízo/lesividade ao patrimônio público, pois se abre mão indevidamente do direito-dever de selecionar entre os melhores preços e a melhor qualidade do serviço entre os concorrentes. Verifica-se, assim, afronta à lei e prejuízo à moralidade administrativa, à legalidade, e demais princípios constitucionais embasadores que informam a Administração pública, sem esquecer o eventual prejuízo aos cofres públicos" (fl. 914, e-STJ).

Dispensada a oitiva do agravado.

É, no essencial, o relatório.

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AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 816.015 - MG (2015/0288955-0)

EMENTA

1. No caso dos autos, o Tribunal de origem manteve a sentença de primeiro grau, que afastou a improbidade administrativa, uma vez que não ficou demonstrado que a conduta do recorrido se enquadrasse nos arts. 10 e 11 da Lei 8.429/92, pois não ficou caracterizado o elemento subjetivo dolo na conduta do recorrido ou dano ao erário ou violação de princípios.

2. O Tribunal a quo decidiu de acordo com a jurisprudência desta Corte, no sentido de que "a caracterização do ato de improbidade por ofensa a princípios da administração pública exige a demonstração do dolo lato sensu ou genérico " (EREsp 772.241/MG, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, DJe 6/9/2011). Outros precedentes: AgRg nos EREsp 1.260.963/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, Dje 3/10/2012; e AgRg nos EAREsp 62.000/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 18/9/2012. Incidência da Súmula 83/STJ.

3. Demais disso, concluir diversamente do Tribunal de origem, para firmar pela ocorrência de dolo na conduta do recorrido, bem como pelo dano ao erário, demandaria análise de matéria fático-probatória, vedada pela Súmula 7 desta Corte.

Agravo regimental improvido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator):

Não obstante os esforços expendidos pelo recorrente, sua irresignação não merece provimento, devendo a decisão agravada ser mantida.

O Tribunal de origem manteve a sentença de primeiro grau, que afastou a improbidade administrativa, uma vez que não ficou demonstrado que a conduta do recorrido se enquadrasse nos arts. 10 e 11 da Lei 8.429/92, qual seja, dispensa de licitação para reforma de praça municipal, contratando diretamente mão-de-obra e compra de materiais.

É o que se extrai do seguinte trecho do acórdão recorrido (fls. 813/814, e-STJ):Documento: 1486629 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2016

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"Pelo contrário, as provas constantes dos autos indicam que, ria verdade, houve mera inabilidade do réu ao realizar as obras de reforma da praça do Município, e no uma vontade deliberada de violar a lei, de inviabilizar a competição ou mesmo de favorecer os contratados.

Conforme se extrai da inicial e dos documentos que a acompanharam, o Município não contratou uma empresa, sem licitação para realizar as obras de reforma da praça, mas Sim diversos profissionais autônomos para prestarem os serviços de pedreiro, pintor e assistência técnica de projeto arquitetônico, em valores que não são elevados.

O réu, na contestação, justificou a referida conduta, alegando que o Município assumiu a execução das obras, e, para tanto, realizou contratações temporárias para a prestação do serviço, o que não exigia licitação.

Essa justificativa foi corroborada pelo depoimento do Procurador Jurídico do Município à época (fIs. 61 1/612), que afirmou, também, que foram empregados materiais que tinham destinação específica na estrutura da praça e por isso não havia como adquiri-los de uma única empresa', e 'que foi consultado verbalmente sobre as compras sem licitação e entendeu não haver nenhuma ilegalidade no caso".

Como se pode ver, houve justificativas, as quais passaram pela análise do Procurador do Município, para as compras e contratações sem licitação.

Mesmo se tratando de justificativas equivocadas - já que a contratação temporária não se presta a esse tipo de situação e foram adquiridos materiais da mesma natureza em valor superior ao limite da dispensa da licitação - elas demonstram que não houve má-fé e desonestidade do réu, mas inabilidade e análise inadequada da situação.

Até porque, nessa mesma reforma da praça, foram realizados dois processos licitatórios, um para aquisição de mobiliário (bancos, banquetas, lixeiras e jogos de mesa e piso), e outro para contratação de serviços de jardinagem, paisagismo e fornecimento de plantas.

Assim, considerando que houve a realização de dois processos licitatrios relacionados à reforma da praça, que não foi beneficiada uma empresa especifica na contratação direta, que o Procurador do Município se manifestou pela legalidade das contratações e das compras, e que se trata de um Município pequeno, nos quais em regra, os administradores são tecnicamente menos preparados, conclui-se que houve uma análise inadequada

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da situação por parte do réu, e não má-fé e desonestidade.Ademais, como bem destacado na sentença, a obra de

reforma da praça foi realizada e o interesse público foi atingido.Enfim, a conduta do réu não se enquadra, nem no artigo 10,

nem rio artigo 11 da lei 8.429/92, porque ausente prova do prejuízo efetivo ao erário e do elemento subjetivo do agente, requisitos para a configuração dos referidos atos ímprobos" .

Nos termos da jurisprudência do STJ, para que seja reconhecida a tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de Improbidade Administrativa, é necessária a demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos arts. 9º e 11 e, ao menos pela culpa, nas hipóteses do art. 10.

Isso porque não se pode confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade é a ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente.

Ressalta-se, todavia, que os atos de improbidade administrativa descritos no art. 11 da Lei 8.429/92, como visto, dependem da presença do dolo genérico, mas dispensam a demonstração da ocorrência de dano para a Administração Pública ou o enriquecimento ilícito do agente.

Nesse sentido, as ementas dos seguintes julgados:

"ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. EX-PREFEITO QUE, EM PERÍODO ELEITORAL E NO EXERCÍCIO DE SEU MANDATO, DETERMINOU A DISTRIBUIÇÃO DE 6.000 EXEMPLARES DE REVISTA COMEMORATIVA DE 60 ANOS DO MUNICÍPIO DE MANGUEIRINHA/PR, REALIZANDO, NO REFERIDO MEIO DE COMUNICAÇÃO, PROMOÇÃO PESSOAL E DE OUTROS POLÍTICOS, COM RECURSOS DO ERÁRIO MUNICIPAL. CONDUTA TIPIFICADA NO ART. 10, CAPUT DA LIA. PREJUÍZO APURADO NO MONTANTE DE R$ 18.420,00. ACÓRDÃO QUE RECONHECEU, DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO, A CULPA GRAVE DO AGENTE. RECURSO ESPECIAL LASTREADO TÃO SOMENTE NA ALÍNEA C DO INCISO III DO ART. 105 DA CF/88. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA DOS JULGADOS CONFRONTADOS. ACÓRDÃO PARADIGMA DO TJMG QUE DIZ RESPEITO APENAS À

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OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ENQUANTO O ACÓRDÃO ORA IMPUGNADO APONTA, TAMBÉM, PREJUÍZO AO ERÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO."

(AgRg no AREsp 77.103/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho Primeira Turma, julgado em 1º/10/2013, DJe 24/3/2014.)

"ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PROMOÇÃO PESSOAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. ARTS. 10 E 11 DA LEI 8.429/1992. CONFIGURAÇÃO DE CULPA E DOLO GENÉRICO. ELEMENTO SUBJETIVO. COMINAÇÃO DAS SANÇÕES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. DOSIMETRIA. ART. 12 DA LIA. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SÚMULA 7/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DESCABIMENTO.

1. Não ocorre ofensa ao art. 535 do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide.

2. O posicionamento firmado pela Primeira Seção é que se exige dolo, ainda que genérico, nas imputações fundadas nos arts. 9º e 11 da Lei 8.429/1992 (enriquecimento ilícito e violação a princípio), e ao menos culpa, nas hipóteses do art. 10 da mesma norma (lesão ao erário).

3. Cada inciso do art. 12 da Lei 8.429/1992 traz uma pluralidade de sanções, que podem ser aplicadas cumulativamente ou não, ainda que o ato de improbidade tenha sido praticado em concurso de agentes. Precedentes do STJ.

4. Modificar o quantitativo da sanção aplicada pela instância de origem, no caso concreto, enseja reapreciação dos fatos e da prova, obstado nesta instância especial (Súmula 7/STJ).

5. É firme a jurisprudência da Primeira Seção no sentido de que, por critério de simetria, não cabe a condenação da parte vencida em ação civil pública ao pagamento de honorários advocatícios.

6. Recurso especial parcialmente provido."(REsp 1.346.571/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda

Turma, julgado em 5/9/2013, DJe 17/9/2013.)

"ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 11 DA LEI N.

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8.429/92. NECESSIDADE DE DOLO GENÉRICO NO ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. PROMOÇÃO PESSOAL EM PROPAGANDA. ATO ÍMPROBO POR VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CARACTERIZADO.

1. Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, os atos de improbidade administrativa descritos no art. 11 da Lei n. 8.429/92, dependem da presença do dolo genérico, mas dispensam a demonstração da ocorrência de dano para a Administração Pública ou enriquecimento ilícito do agente.

2. Hipótese em que a conduta do agente se amolda ao disposto no art. 11 da Lei 8.429/1992, pois atenta contra os princípios da administração pública, em especial o impessoalidade e da moralidade, além de ofender frontalmente a norma contida no art. 37, § 1º, da Constituição da República, que veda a publicidade governamental para fins de promoção pessoal. Dolo genérico configurado.

Agravo regimental improvido."(AgRg no REsp 1.368.125/PR, Rel. Ministro Humberto

Martins, Segunda Turma, julgado em 21/5/2013, DJe 28/5/2013.)

As considerações feitas pelo Tribunal de origem afastam a prática do ato de improbidade administrativa, caso em que a conduta do agente não se amolda ao disposto nos arts. 10 e 11 da Lei 8.429/1992, pois não ficou caracterizado o elemento subjetivo dolo na conduta do recorrido ou dano ao erário ou violação de princípios.

Das razões acima expendidas, verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurisprudência desta Corte, de modo que se aplica à espécie o enunciado da Súmula 83/STJ, verbis : "Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida".

DA SÚMULA 7/STJ

Demais disso, concluir diversamente do Tribunal de origem, para concluir pela ocorrência de dolo na conduta do recorrido bem como dano ao erário, demandaria análise de matéria fático-probatória, vedada pela Súmula 7 desta Corte.

Nesse sentido, a doutrina do jurista Roberto Rosas:

"O exame do recurso especial deve limitar-se à matéria jurídica. A razão dessa diretriz deriva da natureza excepcional

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dessa postulação, deixando-se às instâncias inferiores o amplo exame da prova. Objetiva-se, assim, impedir que as Cortes Superiores entrem em limites destinados a outros graus. Em verdade, as postulações são apreciadas amplamente em primeiro grau, e vão, paulatinamente, sendo restringidas para evitar a abertura em outros graus. Acertadamente, a doutrina e a jurisprudência do Supremo Tribunal abominaram a abertura da prova ao reexame pela Corte Maior. Entretanto, tal orientação propiciou a restrição do recurso extraordinário, e por qualquer referência à prova, não conhece do recurso."

(Direito Sumular – Comentários às Súmulas do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, 6ª Edição ampliada e revista, Editora Revista dos Tribunais, p. 305.)

A propósito:

"ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ. SÚMULA Nº 83/STJ.

1. Hipótese em que o Tribunal de origem negou provimento à apelação interposta contra decisão que julgou improcedente a Ação Civil de Pública por Ato de Improbidade Administrativa, ao fundamento da inexistência da prática de ato de improbidade administrativa.

2. Rever a conclusão do acórdão recorrido quanto à ausência de demonstração do dano ao erário e do elemento subjetivo da conduta dos réus, demanda reexame de prova - inviável no âmbito do recurso especial (STJ, Súmula nº 7).

3. O Tribunal a quo decidiu em harmonia com a orientação predominante desta Corte incidindo ao caso a Súmula nº 83 do STJ.

4. Agravo regimental não provido."(AgRg no AREsp 173.900/RS, Rel. Ministra MARGA

TESSLER, JUÍZA FEDERAL CONVOCADA DO TRF 4ª REGIÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12/2/2015, DJe 25/2/2015.)

"ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVOS REGIMENTAIS NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PAGAMENTO POR SERVIÇOS NÃO PRESTADOS. DANO AO ERÁRIO. RESPONSABILIZAÇÃO DOS SÓCIOS, COM BASE NA

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PROVA DOS AUTOS. REVISÃO DO ACÓRDÃO A QUO DEPENDENTE DO REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. RECURSO SUBSCRITO POR ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS.

1. Caso em que o Tribunal de origem consignou que os documentos juntados aos autos pelo Parquet seriam suficientes para a conclusão da prática de ato ímprobo. De outro lado, ao decidir sobre a responsabilidade dos sócios, pontuou que os mesmos tinham ciência da lesão ao erário, não se tratando de simples responsabilização dos administradores da sociedade empresária.

2. A revisão do que foi decidido pelo Tribunal de origem necessitaria do reexame do conjunto fático-probatório, o que não é adequado em sede de recurso especial, conforme entendimento da Súmula n. 7 do STJ.

3. O instrumento de mandato deve seguir a forma exigida em lei e conter a qualificação do outorgante e do outorgado. No caso, está expresso e nítido que a outorga se deu pela Eucatur Táxi Aéreo Ltda, "através de seus diretores abaixo assinados" (fl. 67), não havendo qualquer espaço que autorize a presunção, caso fosse possível, de que Assis Gurgacz estivesse incluído na procuração.

4. Agravos regimentais não providos."(AgRg no AREsp 369.703/RO, Rel. Ministro BENEDITO

GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 18/12/2013.)

Ante o exposto, não tendo o agravante trazido argumento que pudesse infirmar a decisão agravada, nego provimento ao agravo regimental.

É como penso. É como voto.

MINISTRO HUMBERTO MARTINSRelator

Documento: 1486629 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2016

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2015/0288955-0 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 816.015 / MG

Números Origem: 00220258220108130498 0498100000146 10498100022025005

PAUTA: 18/02/2016 JULGADO: 23/02/2016

RelatorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES

Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. SANDRA VERÔNICA CUREAU

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAISAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDAINTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Após o voto do Sr. Ministro-Relator, negando provimento ao agravo regimental, pediu vista dos autos o Sr. Ministro Herman Benjamin."

Aguardam o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, as Sras. Ministras Assusete Magalhães (Presidente) e Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região).

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2015/0288955-0 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 816.015 / MG

Números Origem: 00220258220108130498 0498100000146 10498100022025005

PAUTA: 10/03/2016 JULGADO: 10/03/2016

RelatorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. MARIO LUIZ BONSAGLIA

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAISAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDAINTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Adiado por indicação do Sr. Ministro Herman Benjamin."

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2015/0288955-0 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 816.015 / MG

Números Origem: 00220258220108130498 0498100000146 10498100022025005

PAUTA: 10/03/2016 JULGADO: 17/03/2016

RelatorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAISAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDAINTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Adiado por indicação do Sr. Ministro Herman Benjamin."

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2015/0288955-0 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 816.015 / MG

Números Origem: 00220258220108130498 0498100000146 10498100022025005

PAUTA: 07/04/2016 JULGADO: 07/04/2016

RelatorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. MARIO LUIZ BONSAGLIA

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAISAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDAINTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Adiado por indicação do Sr. Ministro Herman Benjamin."

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2015/0288955-0 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 816.015 / MG

Números Origem: 00220258220108130498 0498100000146 10498100022025005

PAUTA: 26/04/2016 JULGADO: 26/04/2016

RelatorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES

Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. MÔNICA NICIDA GARCIA

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAISAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDAINTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Adiado por indicação do Sr. Ministro Herman Benjamin."

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AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 816.015 - MG (2015/0288955-0)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINSAGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL AGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRA ADVOGADOS : AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EMENTA

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO. É PACÍFICO O ENTENDIMENTO DE QUE PARA A TIPIFICAÇÃO DO ATO ÍMPROBO É NECESSÁRIO O ELEMENTO SUBJETIVO. REEXAME DA MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. SÚMULA 83/STJ. VOTO-VISTA ACOMPANHANDO O RELATOR PARA NEGAR PROVIMENTO AO AGRAVO REGIMENTAL. 1. Cuida-se, na origem, de Ação de Improbidade Administrativa proposta pelo Ministério Público estadual contra o ora agravado, objetivando a condenação por atos ímprobos consistentes em dispensa indevida da licitação que se fazia necessária para a reforma da Praça Governador Valadares.2. O Juiz de 1º Grau julgou improcedente o pedido.3. O Tribunal a quo confirmou a sentença no reexame necessário e assim consignou na decisão: "No caso, não há elementos que levem à conclusão do dolo e da má-fé do réu ao realizar as compras e contratações indicadas na inicial sem licitação. Pelo contrário, as provas constantes dos autos indicam que, na verdade, houve mera inabilidade do réu ao realizar as obras de reforma da praça do Município, e não uma vontade deliberada de violar a lei, de inviabilizar a competição ou mesmo de favorecer os contratados. (...) Mesmo se tratando de justificativas equivocadas - já que a contratação temporária não se presta a esse tipo de situação e foram adquiridos materiais da mesma natureza em valor superior ao limite da dispensa da licitação - elas demonstram que não houve má-fé e desonestidade do réu, mas inabilidade e análise inadequada da situação. (...) Enfim, a conduta do réu não se enquadra, nem no artigo 10, nem rio artigo 11 da lei 8.429/92, porque ausente prova do prejuízo efetivo ao erário e do elemento subjetivo do agente, requisitos para a configuração dos referidos atos ímprobos. Ante o exposto, em reexame necessário, confirmo a sentença." (fls. 812-814, grifo acrescentado).4. O entendimento do STJ é de que, para que se reconheça a tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de Improbidade Administrativa, é necessário demonstrar o elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos artigos 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do artigo 10. 5. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92 exige a

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demonstração de dolo, o qual, contudo, não necessita ser específico, sendo suficiente o dolo genérico.6. Assim, para a correta fundamentação da condenação por improbidade administrativa, é imprescindível, além da subsunção do fato à norma, caracterizar a presença do elemento subjetivo. A razão para tanto é que a Lei de Improbidade Administrativa não visa punir o inábil, mas sim o desonesto, o corrupto, aquele desprovido de lealdade e boa-fé. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.500.812/SE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/5/2015; REsp 1.512.047/PE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 30/6/2015; AgRg no REsp 1.397.590/CE, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 5/3/2015; AgRg no AREsp 532.421/PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28/8/2014.7. Quanto à existência do elemento subjetivo, o Tribunal de origem foi categórico ao reconhecer a ausência da culpa ou dolo. Falta, portanto, o elemento subjetivo, seja a culpa, seja o dolo genérico, seja o dolo específico.8. Ademais, modificar a conclusão a que chegou a Corte de origem, de modo a acolher a tese do recorrente, demanda reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que é inviável em Recurso Especial, sob pena de violação da Súmula 7 do STJ.9. Do repertório jurisprudencial do STJ se recolhe precedente que em bastante se assemelha à hipótese dos autos, e outra não foi a solução dada, senão a de afastar a aplicação da Lei 8.429/1992, de modo que a decisão recorrida estaria de acordo com o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça. Nesse sentido: AgRg no AREsp 329.609/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 9/10/2013; AgRg no REsp 1.368.125/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28/5/2013; AgRg no AREsp 383.775/GO, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 14/11/2014; AgRg no AREsp 206.256/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 20/3/2014; AgRg no AREsp 403.537/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 30/5/2014; REsp 1.298.417/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/11/2013, e REsp 1.383.649/SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 17/9/2013.10. Por fim, quanto ao dano ao Erário, esclareça-se que a indevida dispensa de licitação, em regra, dá ensejo ao chamado dano in re ipsa , conforme entendimento firmado nesta Corte, o que, em tese, pode configurar o tipo do artigo 10, VIII, da Lei 8.429/92. Nesse sentido: REsp 1.376.524/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9/9/2014; REsp 1.280.321/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 9/3/2012; REsp 1.190.189/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10/9/2010, e REsp 1.357.838/GO, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 25/9/2014.11. E, quanto ao artigo 11 da LIA, esclareça-se que a jurisprudência do STJ, firmou-se no sentido de que configura ato de improbidade a lesão a princípios administrativos, o que, em regra, independe da ocorrência de dano ou lesão ao Erário. Nesse sentido: REsp 1.320.315/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 20/11/2013, AgRg no REsp 1.500.812/SE, Rel. Ministro

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Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/5/2015; REsp 1.275.469/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 9/3/2015, e AgRg no REsp 1.508.206/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 5/8/2015.12. Contudo, é pacífico o entendimento no STJ, de que para a tipificação do ato ímprobo é necessário o elemento subjetivo, que, in casu , está ausente.13. Dessume-se que o acórdão recorrido está em sintonia com o atual entendimento deste Tribunal Superior, razão pela qual não merece prosperar a irresignação. Incide, in casu , o princípio estabelecido na Súmula 83/STJ.14. Voto-Vista acompanhando o Relator para negar provimento ao Agravo Regimental do Parquet Federal.

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Trata-se de

Recurso Especial (art. 105, III, "a", da CF) interposto pelo Ministério Público do

Estado de Minas Gerais contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas

Gerais (às fls. 808-817) cuja ementa é a seguinte:

DIREITO CONSTITUCIONAL - DIREITO ADMINISTRATIVO - REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - REFORMA DE PRAÇA MUNICIPAL - CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA E COMPRA DE MATERIAIS SEM LICITAÇÃO - PROVA DA LESÃO AO ERÁRIO - INOCORRÊNCIA - CIRCUNSTÂNCIAS QUE DEMONSTRAM A AUSÊNCIA DE DOLO E MÁ-FÉ DO AGENTE PÚBLICO - ATOS ÍMPROBOS, PREVISTOS NOS ARTIGOS 10E 11 DA LEI 8.429/92 - NÃO CONFIGURAÇÃO - SENTENÇA CONFIRMADA.

- Inexistindo prova da lesão ao erário, e do elemento subjetivo no comportamento do agente público, ou seja, a existência de dolo e má-fé, não há como falar na prática dos atos de improbidade, previstos nos artigos 10 e 11 da lei 8.429/92.

O Relator, Ministro Humberto Martins, na decisão monocrática às fls.

901-905, negou seguimento ao Recurso Especial do Ministério Público do Estado de

Minas Gerais.

O Ministério Público Federal, então, interpõe Agravo Regimental às fls.

911-915, sob o argumento de que a configuração das condutas elencadas no artigo 10

da Lei 8.429/92, admite tanto o dolo, quanto a culpa, e aduz:

14. Conclui-se, portanto, no caso sub oculis , que o desrespeito aos ditames legais nos procedimentos licitatórios, especificamente quanto à

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dispensa ilegal da licitação, causa prejuízo/lesividade ao patrimônio público, pois se abre mão indevidamente do direito-dever de selecionar entre os melhores preços e a melhor qualidade do serviço entre os concorrentes. Verifica-se, assim, afronta à lei e prejuízo à moralidade administrativa, à legalidade, e demais princípios constitucionais embasadores que informam a Administração pública, sem esquecer o eventual prejuízo aos cofres públicos. (fl. 914).

Pedi vista dos autos para melhor análise.

Passo ao meu voto.

O Ministério Público estadual, nas razões do Recurso Especial, alega

violação dos artigos 10, inciso VIII, e 11, inciso I, da Lei 8.429/92, sob o argumento

de que a dispensa indevida de licitação atrai presunção juris tantum de prejuízo ao

Erário e de que a prova do elemento subjetivo, em se tratando de violação de

princípios, é simplesmente inviável.

Houve juízo de admissibilidade negativo na instância de origem, o que

deu ensejo à interposição do Agravo, às fls. 857-859.

Contrarrazões às fls. 871-883.

Parecer do Ministério Público Federal opinando pelo provimento do

Agravo às fls. 895-899.

Cuida-se, na origem, de Ação de Improbidade Administrativa proposta

pelo Ministério Público estadual contra o ora agravado, objetivando a condenação por

atos ímprobos, consistentes na dispensa indevida da licitação que se fazia necessária

para a reforma da Praça Governador Valadares.

O Juiz de 1º Grau julgou improcedente o pedido.

O Tribunal a quo confirmou a sentença no reexame necessário e assim

consignou na decisão:

No caso, não há elementos que levem à conclusão do dolo e da má-fé do réu ao realizar as compras e contratações indicadas na inicial sem licitação.

Pelo contrário, as provas constantes dos autos indicam que, ria verdade, houve mera inabilidade do réu ao realizar as obras de reforma da praça do Município, e não uma vontade deliberada de violar a lei, de inviabilizar a competição ou mesmo de favorecer os contratados.

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Conforme se extrai da inicial e dos documentos que a acompanharam, o Município não contratou uma empresa, sem licitação para realizar as obras de reforma da praça, mas sim diversos profissionais autônomos para prestarem os serviços de pedreiro, pintor e assistência técnica de projeto arquitetônico, em valores que não são elevados.

O réu, na contestação, justificou a referida conduta, alegando que o Município assumiu a execução das obras, e, para tanto, realizou contratações temporárias para a prestação do serviço, o que não exigia licitação.

Essa justificativa foi corroborada pelo depoimento do Procurador Jurídico do Município à época (fls. 611/612), que afirmou, também, que foram empregados materiais que tinham destinação específica na estrutura da praça e por isso não havia como adquiri-los de uma única empresa', e 'que foi consultado verbalmente sobre as compras sem licitação e entendeu não haver nenhuma ilegalidade no caso".

Como se pode ver, houve justificativas, as quais passaram pela análise do Procurador do Município, para as compras e contratações sem licitação.

Mesmo se tratando de justificativas equivocadas - já que a contratação temporária não se presta a esse tipo de situação e foram adquiridos materiais da mesma natureza em valor superior ao limite da dispensa da licitação - elas demonstram que não houve má-fé e desonestidade do réu, mas inabilidade e análise inadequada da situação.

Até porque, nessa mesma reforma da praça, foram realizados dois processos licitatórios, um para aquisição de mobiliário (bancos, banquetas, lixeiras e jogos de mesa e piso), e outro para contratação de serviços de jardinagem, paisagismo e fornecimento de plantas.

Assim, considerando que houve a realização de dois processos licitatórios relacionados à reforma da praça, que não foi beneficiada uma empresa especifica na contratação direta, que o Procurador do Município se manifestou pela legalidade das contratações e das compras, e que se trata de um Município pequeno, nos quais em regra, os administradores são tecnicamente menos preparados, conclui-se que houve uma análise inadequada da situação por parte do réu, e não má-fé e desonestidade.

Ademais, como bem destacado na sentença, a obra de reforma da praça foi realizada e o interesse público foi atingido.

Enfim, a conduta do réu não se enquadra, nem no artigo 10, nem rio artigo 11 da lei 8.429/92, porque ausente prova do prejuízo efetivo ao erário e do elemento subjetivo do agente, requisitos para a configuração dos referidos atos ímprobos.

Ante o exposto, em reexame necessário, confirmo a sentença.Custas, pelo autor; isento, por força de lei. (fls. 812-814, grifei).

O entendimento do STJ é de que, para que seja reconhecida a tipificação

da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de Improbidade Administrativa,

é necessária a demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os

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tipos previstos nos artigos 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do artigo 10.

É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o ato de

improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/92 exige a demonstração

de dolo, o qual, contudo, não necessita ser específico, sendo suficiente o dolo

genérico.

Assim, para a correta fundamentação da condenação por improbidade

administrativa, é imprescindível, além da subsunção do fato à norma, caracterizar a

presença do elemento subjetivo. A razão para tanto é que a Lei de Improbidade

Administrativa não visa punir o inábil, mas sim o desonesto, o corrupto, aquele

desprovido de lealdade e boa-fé.

Cito precedentes: AgRg no REsp 1.500.812/SE, Rel. Ministro Mauro

Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/5/2015; REsp 1.512.047/PE, Rel.

Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 30/6/2015; AgRg no REsp

1.397.590/CE, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 5/3/2015;

AgRg no AREsp 532.421/PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe

28/8/2014.

Verifico que o V. Acórdão recorrido reconheceu a ausência do elemento

subjetivo, seja a culpa seja o dolo. Vejamos:

No caso, não há elementos que levem à conclusão do dolo e da má-fé do réu ao realizar as compras e contratações indicadas na inicial sem licitação.

Pelo contrário, as provas constantes dos autos indicam que, na verdade, houve mera inabilidade do réu ao realizar as obras de reforma da praça do Município, e não uma vontade deliberada de violar a lei, de inviabilizar a competição ou mesmo de favorecer os contratados.

(...)Mesmo se tratando de justificativas equivocadas - já que a

contratação temporária não se presta a esse tipo de situação e foram adquiridos materiais da mesma natureza em valor superior ao limite da dispensa da licitação - elas demonstram que não houve má-fé e desonestidade do réu, mas inabilidade e análise inadequada da situação.

(...)Enfim, a conduta do réu não se enquadra, nem no artigo 10,

nem rio artigo 11 da lei 8.429/92, porque ausente prova do prejuízo efetivo ao erário e do elemento subjetivo do agente, requisitos para a configuração dos referidos atos ímprobos.

Ante o exposto, em reexame necessário, confirmo a sentença. Documento: 1486629 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2016 Página 2 4 de 31

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(fls. 812-814, grifei).

Portanto, ausente o elemento subjetivo, seja a culpa, seja o dolo

genérico, seja o dolo específico.

Ademais, nesse contexto de limitação cognitiva, a alteração das

conclusões firmadas pelas instâncias inferiores somente poderia ser alcançada a partir

do revolvimento do conjunto fático-probatório, o que é vedado pela Súmula 7/STJ.

Do repertório jurisprudencial desta Corte se recolhe precedente que em

bastante se assemelha à hipótese dos autos, e outra não foi a solução dada, senão a de

afastar a aplicação da Lei 8.429/1992, de modo que a decisão recorrida estaria de

acordo com o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça.

Vejam-se os precedentes:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ATO ÍMPROBO VIOLADOR DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ARTIGO 11 DA LEI 8.429/1992. CONTRATAÇÃO SEM CONCURSO PÚBLICO. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE DEIXA DE SINDICAR SOBRE A ATUAÇÃO DOLOSA DOS RÉUS. AUSÊNCIA DE SUBSUNÇÃO DO ATO REPUTADO ÍMPROBO AO TIPO PREVISTO NO INDIGITADO DISPOSITIVO. ANÁLISE SOBRE A EXISTÊNCIA DO DOLO. NECESSIDADE DE REEXAME. SÚMULA N. 7 DO STJ.

1. Agravo regimental contra decisão que negou provimento ao agravo em recurso especial em que se discute se a contratação, sem concurso público, de funileiro e lanternista para trabalhar, na oficina mecânica das dependências do Quinto Agrupamento de Bombeiros de Maringá/PR, caracteriza ato ímprobo.

2. No caso dos autos, o Tribunal de origem, atento ao conjunto fático-probatório, decidiu que a contratação irregular, sem concurso público, de funileiro e lanternista não configurou ato ímprobo, em razão da não comprovação do comportamento doloso e do efetivo prejuízo ao erário, na medida em que "[...] os serviços foram realizados, bem como o preço pago, isto é, o salário pago ao contratado, pelo exercício de sua atividade laboral, foi adequado e proporcional, levando-se em conta o valor pago total (R$ 25.144,00) no período de contratação (junho de 1994 a outubro de 1999), bem como pelas próprias afirmações do apelante na inicial no que se refere ao salário que o contratado recebia - R$ 250,00, R$ 400,00 e R$ 500,00. [...]". Ressaltou, ainda, que "[...] a contratação estava sendo feita para suprir a carência momentânea de pessoal, acreditando-se que assim se estava satisfazendo o interesse público [...].".

3. Nesse contexto, a pretensão recursal não merecer ser acolhida, à luz da Súmula n. 7 do STJ, porquanto a constatação da

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existência do dolo e do dano ao erário necessita do reexame do conjunto fático-probatório.

4. Agravo regimental não provido.(AgRg no AREsp 329.609/PR, Rel. Ministro BENEDITO

GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 09/10/2013) (grifei).

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 11 DA LEI N. 8.429/92. NECESSIDADE DE DOLO GENÉRICO NO ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. PROMOÇÃO PESSOAL EM PROPAGANDA. ATO ÍMPROBO POR VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CARACTERIZADO.

1. Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, os atos de improbidade administrativa descritos no art. 11 da Lei n. 8.429/92, dependem da presença do dolo genérico, mas dispensam a demonstração da ocorrência de dano para a Administração Pública ou enriquecimento ilícito do agente.

(...)Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1368125/PR, Rel. Ministro HUMBERTO

MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 28/05/2013). (grifei).

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIO. ATRASO NA PUBLICAÇÃO DO DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ART. 11 DA LEI 8.429/92. ACÓRDÃO QUE, À LUZ DAS PROVAS, CONCLUIU PELA AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO ELEMENTO SUBJETIVO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

I. Recurso Especial interposto contra acórdão que, por sua vez, manteve sentença de improcedência de Ação Civil Pública, na qual o agravante postula a condenação dos agravados pela prática de ato de improbidade administrativa, consistente no retardamento da publicação de edições do Diário Oficial do Estado. Segundo a inicial, tal retardamento teve, como objetivo, permitir a indevida celebração de convênios (e a consequente abertura de crédito suplementar), entre o Estado de Goiás e diversos Municípios, do Programa "Asfalto Novo", dentro do prazo proibitivo, previsto na legislação eleitoral (art. 73, VI, a, da Lei 9.504/97).

II. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "a improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência do STJ considera indispensável, para a caracterização de improbidade, que a conduta do agente seja dolosa, para a tipificação das condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo menos eivada de culpa grave, nas do artigo 10" (STJ, AIA 30/AM, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL, DJe 28/09/2011).

III. No caso, tanto a sentença, quanto o acórdão recorrido, à luz da prova dos autos, foram categóricos, ao decidir que, não obstante o atraso na

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publicação das edições do Diário Oficial do Estado, não fora demonstrado que (a) tenha ocorrido o indevido repasse de verbas públicas do Estado de Goiás aos Municípios; e (b) os agravados tenham agido com dolo, pois era "normal no CERNE o atraso na publicação dos editais, pelo grande volume de serviços afetos à gráfica e, ao que tudo indica, à desorganização na concretização das atividades".

IV. Nesse contexto, o exame da irresignação do agravante, no sentido de que houve a prática de atos de improbidade administrativa, por ter sido comprovado o dolo genérico no agir dos agravados, demandaria o reexame de matéria fática, o que é vedado em Recurso Especial, nos termos da Súmula 7/STJ. Precedentes do STJ (AgRg no REsp 1.457.608/GO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 10/10/2014; AgRg no AREsp 279.581/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/12/2013).

V. Agravo Regimental Improvido.(AgRg no AREsp 383.775/GO, Rel. Ministra ASSUSETE

MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, DJe 14/11/2014) (grifei).

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ATO ÍMPROBO VIOLADOR DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO DOLO NA CONDUTA DO AGENTE.

1. O entendimento do STJ é no sentido de que "não se pode confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência do STJ considera indispensável, para a caracterização de improbidade, que a conduta do agente seja dolosa, para a tipificação das condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo menos eivada de culpa grave, nas do artigo 10." v.g.: AIA 30/AM, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 28/09/2011. Precedentes: AgRg no AgREsp 21.135/PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 23/04/2013; REsp 1.130.198/RR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 15/12/2010; EREsp 479.812/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJe 27/9/2010; REsp 1.149.427/SC, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 09/09/2010; EREsp 875.163/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 30/6/2010.

2. No caso, o Tribunal de origem, apesar de decidir pela não constatação do dolo na conduta do agente público, manteve a condenação pela prática do ato ímprobo, por entender que o dolo não seria necessário à caracterização do dano ao meio ambiente, o que está em dissonância com o entendimento desta Corte.

3. Agravo regimental não provido.(AgRg no AREsp 206.256/RJ, Rel. Ministro BENEDITO

GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 20/03/2014) (grifei).

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE

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ADMINISTRATIVA. ART. 11 DA LEI N. 8.429/92. PRECATÓRIO. INOBSERVÂNCIA DA ORDEM CRONOLÓGICA DE PAGAMENTO. CONDUTA DOLOSA NÃO COMPROVADA. SÚMULA 7/STJ.

1. O entendimento do STJ é no sentido de que, "para que seja reconhecida a tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de Improbidade Administrativa, é necessária a demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos artigos 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do artigo 10." (AgRg no AREsp 21.135/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 23/4/2013).

2. Examinar os elementos fático-probatórios coligidos aos autos, para rever as conclusões do Tribunal de origem sobre a existência, ou não, de dolo na conduta do agente imputado por ato de improbidade, é medida impossível em sede de recurso especial, ante o que preceitua a Súmula 7/STJ .

3. Agravo regimental a que se nega provimento.(AgRg no AREsp 403.537/SP, Rel. Ministro OG

FERNANDES, SEGUNDA TURMA, DJe 30/05/2014) (grifei).

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PERCEPÇÃO DE REMUNERAÇÃO SEM CONTRAPRESTAÇÃO. "FUNCIONÁRIO FANTASMA". APLICAÇÃO DA LEI 8.429/1992 AOS AGENTES POLÍTICOS. COMPATIBILIDADE COM O DECRETO-LEI 201/1967. ART. 10 DA LEI 8.429/1992. CONFIGURAÇÃO DE DOLO GENÉRICO. ELEMENTO SUBJETIVO. COMINAÇÃO DAS SANÇÕES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. DOSIMETRIA. ART. 12 DA LIA. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SÚMULA 7/STJ.

1. Não há qualquer antinomia entre o Decreto-Lei 201/1967 e a Lei 8.429/1992, pois a primeira impõe ao prefeito e vereadores um julgamento político, enquanto a segunda submete-os ao julgamento pela via judicial, pela prática do mesmo fato. Precedentes.

2. O posicionamento firmado pela Primeira Seção é que se exige dolo, ainda que genérico, nas imputações fundadas nos arts. 9º e 11 da Lei 8.429/1992 (enriquecimento ilícito e violação a princípio), e ao menos culpa, nas hipóteses do art. 10 da mesma norma (lesão ao erário).

3. Cada inciso do art. 12 da Lei 8.429/1992 traz uma pluralidade de sanções, que podem ser aplicadas cumulativamente ou não, ainda que o ato de improbidade tenha sido praticado em concurso de agentes.

Precedentes do STJ.4. Não havendo violação aos princípios da razoabilidade e

proporcionalidade, modificar o quantitativo da sanção aplicada pela instância de origem, no caso concreto, enseja reapreciação dos fatos e provas, obstado nesta instância especial (Súmula 7/STJ).

5. Recurso especial não provido.(REsp 1298417/RO, Rel. Ministra ELIANA CALMON,

SEGUNDA TURMA, DJe 22/11/2013) (grifei).

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DE PRINCÍPIOS. MOVIMENTAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS EM CONTA DIVERSA DA PREVISTA EM CONVÊNIO. OFENSA DO ART. 11 DA LEI 8.429/92. AUSÊNCIA DE DOLO GENÉRICO. REVISÃO DOS PRESSUPOSTOS FÁTICOS. INVIABILIDADE. SÚMULA 7/STJ.

1. A orientação jurisprudencial sedimentada no Superior Tribunal de Justiça estabelece que a configuração do ato de improbidade por ofensa a princípio da administração depende da demonstração do chamado dolo genérico. Precedentes.

2. No particular caso dos autos, é impossível extrair do acórdão recorrido qualquer referência - ainda que indireta - à presença desse elemento subjetivo. Na sentença de primeiro grau, por seu turno, o juízo expressamente afastou o dolo de improbidade ao referir que o comportamento do requerido "não denota intenção vil, desonesta ou corrupta".

3. Nesse contexto de limitação cognitiva, a alteração das conclusões firmadas pelas instâncias inferiores somente poderia ser alcançada com o revolvimento do conjunto fático-probatório, o que é vedado pela Súmula 7/STJ.

4. Ad argumentandum tantum , a decisão recorrida está em conformidade com precedentes do STJ no sentido de não sujeitar meras irregularidades às sanções da Lei 8.429/92.

5. Recurso Especial não provido.(REsp 1383649/SE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,

SEGUNDA TURMA, DJe 17/09/2013). (grifei).

Por fim, quanto ao dano ao Erário, esclareço que a indevida dispensa de

licitação, em regra, dá ensejo ao chamado dano in re ipsa , conforme entendimento

firmado nesta Corte, o que, em tese, pode configurar o tipo do artigo 10, VIII, da Lei

8.429/92. Nesse sentido: REsp 1.376.524/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins,

Segunda Turma, DJe 9/9/2014; REsp 1.280.321/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell

Marques, Segunda Turma, DJe 9/3/2012; REsp 1190189/SP, Rel. Ministro Mauro

Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10/9/2010, e REsp 1.357.838/GO, Rel.

Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 25.9.2014.

E, no que concerne ao artigo 11 da LIA, esclareço que a jurisprudência

do STJ, com relação ao resultado do ato, firmou-se no sentido de que se configura ato

de improbidade a lesão a princípios administrativos, o que, em regra, independe da

ocorrência de dano ou lesão ao Erário. Nesse sentido: REsp 1.320.315/DF, Rel.

Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 20/11/2013; AgRg no REsp

1500812/SE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe Documento: 1486629 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 30/05/2016 Página 2 9 de 31

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28/5/2015; REsp 1.275.469/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/

Acórdão Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 9/3/2015, e AgRg no REsp

1.508.206/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 5/8/2015.

Contudo, é pacífico o entendimento no STJ de que para a tipificação do

ato ímprobo é necessário o elemento subjetivo, que, in casu , está ausente.

Dessume-se que o acórdão recorrido está em sintonia com o atual

entendimento deste Tribunal Superior, razão pela qual não merece prosperar a

irresignação. Incide, in casu , o princípio estabelecido na Súmula 83/STJ.

Súmula 83/STJ: "Não se conhece do Recurso Especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida."

Cumpre ressaltar que a referida orientação é aplicável também aos

recursos interpostos pela alínea "a" do art. 105, III, da Constituição Federal de 1988.

Nesse sentido: REsp 1.186.889/DF, Segunda Turma, Relator Ministro Castro Meira,

DJe de 2.6.2010.

Diante do exposto, acompanho o Relator para negar provimento ao

Agravo Regimental.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2015/0288955-0 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 816.015 / MG

Números Origem: 00220258220108130498 0498100000146 10498100022025005

PAUTA: 26/04/2016 JULGADO: 03/05/2016

RelatorExmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS

Presidente da SessãoExma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. BRASILINO PEREIRA DOS SANTOS

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAISAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDA

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos Administrativos - Improbidade Administrativa

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALAGRAVADO : EDNO JOSÉ DE OLIVEIRAADVOGADOS : RODRIGO RIBEIRO PEREIRA E OUTRO(S)

AMANDA MATTOS CARVALHO ALMEIDAINTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Herman Benjamin, acompanhando o Sr. Ministro Humberto Martins, a Turma, por unanimidade, negou provimento agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator."

Os Srs. Ministros Herman Benjamin (voto-vista), Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente) e Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) votaram com o Sr. Ministro Relator.

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