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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

ENTRE AS LINHAS DO TEXTO: O CONTO NA FORMAÇÃO DE

LEITORES

SANDRA REGINA DA SILVA TONELLO

MARINGÁ – PR

2011

2

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

SANDRA REGINA DA SILVA TONELLO

Material didático desenvolvido por meio do Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE, na área de

Língua Portuguesa, em forma de Unidade Didática.

ORIENTADOR: PROF. DR. AÉCIO FLÁVIO CARVALHO

MARINGÁ – PR

2011

3

INTRODUÇÃO

De acordo com o projeto: “Entre as linhas do texto: o conto na formação de

leitores” esta produção didático-pedagógica na área de ensino e aprendizagem de

leitura, também, baseia-se em duas realidades da escola pública do Paraná: as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica e a prática docente. As Diretrizes

Curriculares de Língua Portuguesa contemplam a teoria sociointeracionista da

linguagem e têm a leitura como um dos eixos norteadores do ensino-aprendizagem. A

prática docente, por sua vez, vem constatando a falta de interesse dos alunos pela

leitura de textos, sobretudo os literários.

Segundo a concepção sociointeracionista, a linguagem é um mecanismo que

não pode se fechar na condição de sistema de normas, mas deve abrir-se na condição

de fenômeno social que interage com o indivíduo. A leitura é vista a partir desta

concepção como uma prática social que estabelece um diálogo entre o leitor e o autor

do texto. Sendo assim, quanto mais amplo for o conhecimento de mundo do leitor,

maior será o seu entendimento.

No cotidiano escolar, observa-se que a possível falha do trabalho docente, muitas

vezes, é consequência de uma supervalorização do programa, em detrimento de um

melhor preparo para suscitar, no aluno, a condição fundamental para a formação do

hábito da leitura: o prazer, a sensação da novidade prazerosa, sem a qual é impossível

o interesse na leitura aprofundada. Quando chega ao Ensino Médio, o aluno já não tem

interesse pela leitura habitual; muito menos interesse terá, então, pela leitura de textos

literários. Sabe-se que o texto literário pode ser muito atrativo, emocionante,

envolvente; mas, sabe-se também, que se não houver alguma informação anterior que

estabeleça relação com o conhecimento de mundo do leitor, aguçando-lhe o interesse e

a percepção, bem como os conhecimentos mínimos dos elementos estruturais do texto,

este pode se constituir como algo enfadonho e ultrapassado. Assim, cabe à escola e,

principalmente, ao professor da língua, proporcionar estratégias de leitura que motivem

gradativamente o aluno ao gosto pela leitura até habituar-se como leitor proficiente.

A presente produção didático-pedagógica foi concebida como uma ação pessoal,

4

passível de adequação a outras escolas, em outras situações de interação

sóciocultural. Foi traduzida num discurso sempre próximo da conversação em sala de

aula, para facilitar a assimilação ou adaptação por qualquer professor atuando em nível

de Ensino Médio, entendido – sempre - que o desempenho particular do docente é

essencial para o êxito no desenvolvimento da prática proposta.

A Unidade Didática segue a sugestão das Diretrizes Curriculares de trabalhar a

aprendizagem de leitura, empregando o Método Recepcional defendido pelas escritoras

Bordini e Aguiar, que propõem cinco etapas para alcançar o objetivo do ensino da

leitura, a saber: ler, compreender, interpretar e inferir nos textos.

O procedimento didático prevê aulas práticas, com o desenvolvimento metódico

dos seguintes passos: leituras de contos, levantamentos dos elementos e da estrutura

da narrativa de cada texto, atividades pertinentes, individuais e em grupo.

A implementação da atividade didática ocorrerá em 32h/aulas e a avaliação

acontecerá de forma contínua, mediante as atividades desenvolvidas durante o projeto.

A proposta de intervenção pedagógica, “Entre as linhas do texto: o conto na

formação de leitores” foi desenvolvida em cinco capítulos intitulados com o nome de

cada etapa do Método Recepcional:

1- Capítulo I: Determinação do horizonte de expectativas – Nesse momento os

alunos serão questionados sobre os conceitos de leitura, literatura, gêneros

textuais, principalmente o conto, nosso objeto de estudo. Tais conceitos serão

reforçados pela leitura de dois capítulos do livro didático utilizado por eles. A

título de exemplificação, a professora realizará leitura de textos literários. A

estrutura da narrativa e os elementos da narrativa também serão relembrados

para posterior estudo dos contos selecionados.

2- Capítulo II: Atendimento ao horizonte de expectativas – A partir desse

capítulo começa os estudos dos contos selecionados. O conto em estudo

será Natal na barca de Lygia Fagundes Telles. Este conto, apesar de ter um

final instigante, provavelmente, pelas atividades fornecidas, deverá atender

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aquilo que o aluno está habituado a analisar em contos. A biografia da autora

e a leitura de mais um de seus contos serão importantes para o aluno

familiarizar-se com o estilo da mesma.

3- Capítulo III: Ruptura do horizonte de expectativas – O conto em estudo será

A moça tecelã de Marina Colasanti, apesar de ter elementos do conto de

fadas tradicional, a temática abordada nesse conto é bastante inovadora: o

“príncipe” da história é, na verdade, o opressor da protagonista. Também

teremos a biografia da escritora e a leitura de outro conto de sua autoria.

4- Capítulo IV: Questionamento do horizonte de expectativas – Neste capítulo

há a comparação entre os contos Natal na barca e A moça tecelã. Uma

maneira de aprofundar-se mais na temática de cada conto, observando as

vozes ideológicas e sociais presentes e trazendo-as para o contexto atual. Os

alunos também farão a leitura de outros contos por meio de sites de literatura,

na sala de informática da escola.

5- Capítulo V: Ampliação do horizonte de expectativas – O conto em estudo será

O peru de Natal de Mário de Andrade e espera-se observar, neste momento,

um maior amadurecimento intelectual dos alunos, diante da leitura de contos.

O estudo da biografia é muito importante para conhecer um pouco mais sobre

esse grande escritor modernista. Outro ponto importante para averiguar o

entendimento dos alunos é a refacção dos contos estudados: produção de

textos verbais ou não-verbais de forma criativa e autônoma.

Em muitos momentos, os alunos farão a leitura silenciosa e/ou oral dos textos,

mas a leitura realizada pelo professor deve ser uma constante, a fim de que o

educando seja envolvido pela leitura literária.

A seguir, teremos as atividades desenvolvidas para os alunos; convém ressaltar

que, por questão de direitos autorais, os textos não estão na íntegra.

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SUMÁRIO

1- Capítulo I – Determinação do horizonte de expectativas ......................................7

Reflexão e ação: Revisão dos conceitos de leitura, literatura, conto, gêneros

textuais

2- Capítulo II – Atendimento ao horizonte de expectativas .....................................11

Antecipação da leitura

Leitura do conto: Natal na barca de Lygia Fagundes Telles

Estudo do texto

Conhecendo o autor

Leitura complementar: Venha ver o pôr-do-sol

3- Capítulo III – Ruptura do horizonte de expectativas ............................................13

Antecipação da leitura

Leitura do conto: A moça tecelã de Marina Colasanti

Estudo do texto

Conhecendo o autor

Leitura complementar: Para que ninguém a quisesse

4- Capítulo IV – Questionamento do horizonte de expectativas ..............................16

Estudo comparado entre os textos: Natal na barca e A moça tecelã

Leitura complementar

5- Capítulo V – Ampliação do horizonte de expectativas ........................................18

Leitura do conto: O peru de Natal de Mário de Andrade

Estudo do texto

Conhecendo o autor

Refacção dos contos estudados

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ATENDIMENTO AO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS

REFLEXÃO E AÇÃO

Para começar, vamos ouvir a leitura do conto O Negócio do escritor Dalton

Trevisan. Disponível em http://www.releituras.com/daltontrevisan_apelo.asp

a) Você gostou da leitura do conto? Por quê?

b) A maneira como a professora leu contribuiu para que você prestasse atenção

à história? Comente.

c) Se um de seus colegas, ou mesmo você, tivesse feito a leitura do texto o

entendimento seria o mesmo? Explique.

d) Que recursos o leitor de textos em voz alta deve desenvolver para que

consiga fazer uma boa leitura em voz alta e agradar seus ouvintes?

Provavelmente, desde muito cedo, você teve algum contato com a leitura e,

durante toda a sua vida escolar, a leitura continua fazendo parte de sua vida. Pense

sobre esta prática e responda as questões a seguir:

a) O que você entende por leitura?

b) Você gosta de ler? Quais textos lhe agradam mais?Justifique.

c) Que importância a leitura tem na sua formação escolar e no seu papel de

cidadão questionador da sociedade em que está inserido?

d) Que tipo de leitura você costuma fazer nas aulas de Língua Portuguesa?As

atividades de leitura propostas pelo professor contribuem para você ampliar o

seu conhecimento sobre o assunto abordado no texto?

e) Os seus professores têm o hábito de ler para você? Gosta de ouvi-los?Por

quê?

f) Na sua infância, você se recorda de histórias que leu ou ouviu?Cite algumas.

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g) Recentemente, você leu algum texto na escola que lhe marcou? Por quê?

h) Com relação aos textos literários, você aprecia essa leitura, ou prefere outro

tipo de texto? Comente.

i) Afinal, para você, o que é literatura?

Depois desses questionamentos, vamos relembrar o que diz o livro didático

utilizado na escola. Os dois primeiros capítulos do primeiro volume falam de leitura e

literatura. O primeiro capítulo traz relatos de leitores sobre uma matéria feita pelo jornal

O Estado de S. Paulo intitulada “Como Começar a Gostar de Ler”. Depois, o mesmo

capítulo traz alguns textos literários. O segundo capítulo do livro começa com um

questionamento sobre literatura, em seguida, apresenta as características da linguagem

literária, suas funções, estilo; exemplificando com textos para leitura e análise. (Cereja

& Magalhães, 2010)

Vamos confirmar o que diz o livro a respeito do texto literário lendo o conto: A

disciplina do amor de Lygia Fagundes Telles.

A DISCIPLINA DO AMOR

Lygia Fagundes Telles

Foi na França, durante a Segunda Grande Guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. (...)

Disponível em http://históriasinfantis.eu/a-disciplina-do-amor/ (acesso em 10/07/11)

Percebeu como é interessante ler um texto literário? Como as palavras brincam

com suas múltiplas significações e como a linguagem é poética e emocionante?

Que outras sensações o conto despertou em você? Relate aos colegas.

Atualmente se ouve muito o termo gêneros textuais para designar os inúmeros

textos que existem em nosso cotidiano. Embora essa nomenclatura seja recente para

os alunos e até mesmo para os professores, materialmente falando, gêneros textuais

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são: piadas, carta pessoal, artigo de opinião, crônicas, contos, resumo, resenha e

inúmeros outros.

Como já foi dito, nesta Unidade Temática trabalharemos com o conto. O conto é

uma das mais antigas narrativas, assim como os causos, surgiu da necessidade do

homem primitivo “criar” uma explicação para os fenômenos naturais, que lhe causavam

medo e mistério e que, naquele momento, não podiam ser esclarecidos sob a luz da

ciência. O conto se caracteriza por ser uma narrativa breve, com poucos personagens

sendo apenas um principal; além disso, possui apenas uma unidade dramática, ou seja,

toda a história gira em torno de um único episódio. O conto pode ter várias

denominações, por exemplo: conto de fadas, conto de mistério, conto fantástico, contos

modernos. Quanto à forma, geralmente se apresenta em prosa, mas pode ser um

poema ou letra de música. A seguir, vamos ler e ouvir a música Domingo no parque

de Gilberto Gil, como exemplo de conto em verso.

DOMINGO NO PARQUE

Gilberto Gil

O rei da brincadeira (ê, José)

O rei da confusão (ê, João)

Um trabalhava na feira (ê, José)

Outro na construção (ê, João)

(...)

Disponível em http: www.vagalume.com.br/gilbertogil/domingo-no-parque.html (acesso em 11/07/2011)

Antes de começar o estudo dos contos selecionados; vamos rever, brevemente,

os cinco elementos da narrativa:

a) Enredo é a estrutura da narrativa, ou seja, é o desenrolar dos

acontecimentos. O enredo centra-se sempre em um conflito que será

responsável pelas ações da narrativa.

b) Personagem é um ser fictício responsável pela construção do texto. A

10

personagem pode estar representada sob a forma de um ser humano,

animais, objetos, entre outros. Se um ser é apenas mencionado na história

sem nada fazer direta ou indiretamente, ou se não interferir, em nenhum

momento, no enredo, não pode ser considerado personagem. A personagem

classifica-se em: protagonista, antagonista e secundária.

c) O tempo liga os acontecimentos da história através da época em que se

passa a história (período histórico); da duração da história (uma tarde,

muitos anos...). O tempo que pode ser medido dentro da narrativa (horas,

dias, anos, séculos) recebe o nome de tempo cronológico. Já o tempo

psicológico não transcorre numa ordem natural dos acontecimentos, pois é

determinado pelo desejo e imaginação do narrador ou das personagens.

d) O espaço da narrativa é o lugar onde desencadeia a narrativa. Ambiente é a

caracterização do espaço: os valores socioeconômicos, morais, psicológicos

e religiosos em que vivem as personagens.

e) O narrador é quem conta a história. O narrador pode estar na primeira ou

terceira pessoa do discurso. Quando ele está na primeira pessoa é chamado

de narrador-personagem. O narrador em terceira pessoa é o narrador-

observador.

Quanto à estrutura, o texto narrativo apresenta as seguintes partes:

a) Situação inicial ou apresentação: é o momento, quase sempre é o início da

história, em que são apresentadas as personagens, tempo, espaço.

Lembrando que nem sempre os elementos citados ficam claros nesta parte

da narrativa.

b) Desenvolvimento (complicação): fato narrativo que interrompe o equilíbrio

da situação inicial e dá início ao conflito da história. Conflito é qualquer

elemento da história (personagens, espaço, fatos, entre outros) que se opõe

a outro, criando uma tensão e a quebra da “harmonia” da situação inicial. O

conflito é que prende a atenção do leitor.

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c) Clímax: é o momento culminante da narrativa, no qual o conflito chega ao

seu ponto máximo, encaminhando a narrativa para o final.

d) Desfecho: é o final da narrativa, a resolução do conflito. O desfecho pode ser

feliz ou não, surpreendente, trágico, cômico, entre outros.

Agora, vamos à análise dos textos?

ATENDIMENTO AO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS

Começaremos nossos estudos pelo conto Natal na barca da escritora paulistana

Lygia Fagundes Telles, publicado no ano de 1958. Contista e romancista, ela recebeu

diversos prêmios literários e desde 1985 é membro da Academia Brasileira de Letras.

Sua obra registra conflitos de personagens urbanos, particularmente, as mulheres.

ANTECIPAÇÃO DA LEITURA

a) O que o título do texto sugere a você?

b) Natal é símbolo de solidariedade e confraternização. Como você imagina que

seja passar o Natal em uma barca?

NATAL NA BARCA

Lygia Fagundes Telles

Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquela barca. Só sei que ao redor era tudo silêncio e treva. E que me sentia bem naquela solidão. (...)

Disponível em: http://www.releituras.ddd3#3\3\3\\3\3\3com/lftelles_natal.asp

ESTUDO DO TEXTO

1) Conforme você estudou, o conto capta um momento da vida da personagem,

como se não importasse nada que houvesse ocorrido antes ou depois desse

12

momento. O conto que você acabou de ler é todo construído em torno de um

único episódio, que ocorre num só espaço, num breve espaço de tempo.

Localize cada uma delas: de que episódio se trata? Onde aconteceu? Qual é

o tempo da narrativa?

2) Nesse conto há um narrador em primeira ou terceira pessoa? Justifique com

um fragmento do texto?

3) O conto, geralmente, apresenta poucas personagens. Quais eram, no conto

lido, as personagens da história?

4) Como a narradora descreve a mulher que viajava com a criança?

5) Que fatos da vida dessa mulher deixaram a narradora surpresa com seu

comportamento calmo e sereno?

6) Caracterize a mulher da história, levando em conta as considerações da

narradora e o seu comportamento diante das suas sucessivas desgraças.

7) E a narradora, como podemos caracterizá-la?

8) Qual é o conflito narrativo? O que ele representa dentro da obra?

9) Transcreva o clímax da história? O que ele causou à narradora?

10) O desfecho do conto mostra a criança viva, sorrindo. Como você explica esse

desfecho: foi tudo um engano da narradora, envolvida pelo clima provocado

pelas revelações da mulher? Ou o fato de a narradora haver dito tão

categoricamente que a criança estava morta, aliado ao espanto de ver a

criança viva, sugere outra explicação? Justifique sua resposta.

11) O fato de ser Natal tem alguma relevância na história? Justifique.

12) As palavras quente e verde são dois adjetivos que caracterizam o

substantivo rio. Que sentidos esses adjetivos despertam? Qual a relevância

da sua significação para a construção da temática do texto?

13

13) Falando em temática, qual seria a do texto? Por quê?

CONHECENDO O AUTOR

Conto interessante, não é mesmo? Vamos conhecer um pouco mais sobre quem o

escreveu. Disponível em: http://www.releituras.com/lftelles_bio.asp

LEITURA COMPLEMENTAR

Vamos ler mais uma obra dessa grande escritora! O conto chama-se “Venha ver

o pôr-do-sol” é uma história recheada de mistério e suspense! O texto encontra-se

disponível em: http://cantinhodaliteratura.spaceblog.com.br/79211/venha-ver-o-por-do-

sol-lygia-fagundes-telles//

RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS

Neste momento você irá conhecer um conto da conhecida escritora Marina

Colasanti, A moça tecelã é um conto contemporâneo e você vai se surpreender com a

história! Antes da leitura do conto vamos refletir sobre seu título.

a) Você conhece alguma moça tecelã?

b) Tecelã é um adjetivo feminino derivado do substantivo masculino tear. Você

conhece algum tear ou já ouviu falar de um? Sabe qual é a sua utilidade?

c) Pelo título do texto, que história você imagina que o texto vai trazer?

A MOÇA TECELÃ

Marina Colasanti

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

(...)

Disponível em http://releituras.com/i_ana_mcolasanti.asp

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ESTUDO DO TEXTO

1) Por ser um conto, não podemos esquecer que se trata de uma narrativa e como

tal, possui um enredo. Qual é o enredo da história?

2) Qual o foco narrativo deste conto? Comprove.

3) Além de ser uma ficção, esta história traz elementos fantásticos, que provocam

estranhamento. Que elementos seriam esses?

4) O conto em estudo nos remete aos tradicionais contos de fadas. Que elementos

presentes na história são comuns a este tipo de conto? Que conto de fadas

bastante conhecido A moça tecelã nos faz lembrar? Por quê?

5) Apesar de possuir elementos dos contos de fadas tradicionais, em que difere

esse conto moderno?

6) Caracterize a personagem feminina exemplificando com fragmentos do texto.

7) Embora a personagem feminina tenha tido uma postura corajosa no final do

texto, podemos afirmar que ela foi submissa aos caprichos do marido. Por quê?

8) Além de submissa, num determinado momento da história a tecelã se mostra

sonhadora. Copie o fragmento que comprove essa afirmativa.

9) A personagem masculina pode ser caracterizada como um homem ambicioso,

egoísta e autoritário. Comprove com fragmentos do texto.

10) Retire do texto os verbos que demonstram o autoritarismo do marido em relação

a mulher.

11) Qual é o espaço da narrativa? Ele é importante para construir a unidade

dramática? Por quê?

12) O tempo é claro dentro deste conto? Explique.

13) Quando estabelece o conflito dentro da narrativa? Por quê?

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14) Clímax é o momento mais tenso e forte da narrativa. Copie o fragmento que

determina o clímax dessa narrativa.

15) O desfecho do conto traz novamente que situação para a moça tecelã? Copie o

fragmento que confirma sua afirmação.

16) Duas frases se repetem na história. Quais são elas? Qual a sua relevância na

construção do sentido do texto.

17) Qual é a temática do conto de Marina Colasanti?

18) Além de fazer intertextualidade com um conto de fadas conhecido, o texto A

moça tecelã também dialoga com outras histórias da cultura clássica. Com base

nessa afirmação, a sala será dividida em quatro grupos e cada um pesquisará

sobre um dos itens a seguir:

a) A lenda de Aracne;

b) O mito de Penélope;

c) As Parcas (ou Moiras – três irmãs fiadeiras);

d) Rumpelstiltskim (irmãos Grimm).

Na próxima aula, cada grupo irá apresentar a sua pesquisa para os demais e

discutir a presença deles no texto de Marina Colasanti.

CONHECENDO O AUTOR

A escritora e jornalista Marina Colasanti nasceu na Etiópia, morou 11 anos na

Itália e desde então vive no Brasil. Escreve vários gêneros: contos, crônicas, poemas e

histórias infantis. Gosta de trabalhar a condição da mulher em suas obras, adotando

uma postura claramente feminista.

Vale a pena conhecer um pouco mais sobre a escritora Marina Colasanti,

consultando site: http://www.releituras.com/marinacolasanti_bio.asp

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LEITURA COMPLEMENTAR

Depois de analisar o conto de Marina Colasanti e conhecer um pouco mais da

autora vamos ler o conto Para que ninguém a quisesse. Disponível em:

http://www.diaadiaeducação.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1013-2.pdf

QUESTIONANDO O HORIZONTE DE EXPECTATIVAS

ESTUDO COMPARATIVO DOS TEXTOS

1. Você analisou dois contos que trazem fatos intrigantes e incomuns. O que nos

intriga no conto de Lygia Fagundes Telles?

2. No conto A moça Tecelã, de Marina Colasanti, Temos um tear com poderes

fantásticos. Fale sobre isso.

3. Qual dessas histórias seria possível acontecer na vida real? Por quê?

4. O final do primeiro texto causou estranheza na narradora. Comente.

5. O segundo texto, ao contrário, o final é narrado como algo possível de acontecer

dentro do enredo. Pelo seu entendimento, por que isso acontece?

6. Analisando o conto Natal na barca podemos deduzir qual seria a intenção da

autora ao escrevê-lo? Explique.

7. Depois de você ler outro conto Venha ver o pôr-do-sol e conhecer um pouco

mais sobre Lygia Fagundes Telles, é possível perceber características comuns

entre os dois contos da escritora? Comente.

8. E quanto ao conto de Marina Colasanti, que características do estilo da escritora

são explícitas no texto?

9. É possível dizer que o texto Natal na barca dialoga com elementos cristãos.

Pense a respeito do cenário e personagens do conto e responda. O que

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simboliza a barca, a mãe da criança e o rio dentro desse contexto cristão?

10. Trazendo para a nossa realidade, o que o conto de Lygia Fagundes traz como

mensagem? Que lição pode-se levar para a nossa vida?

11. Pense na postura e atitude da protagonista do texto A moça tecelã. Podemos

compará-la com uma mulher do século XXI? Comente.

12. Comparando a protagonista do conto de Marina Colasanti com as personagens

femininas das outras histórias relacionadas anteriormente ao texto, responda: é

possível afirmar que a essência feminina mudou ou apenas houve a necessidade

de se adequar aos “novos tempos”? Comente.

13. Comparando ainda a personagem feminina de Lygia Fagundes Telles com a

personagem feminina de Marina Colasanti, constatamos que a primeira se

conformou com seus infortúnios, porém a segunda, num ato decidido, mudou a

sua história. Mediante essa constatação é pertinente dizer que a segunda

personagem representa uma mulher mais forte que a primeira ou que depende

da maneira como se analisa os fatos? Comente.

14. Concluindo: embora as duas histórias tragam elementos intrigantes e fantásticos,

podemos compreender as intencionalidades das autoras e trazer as temáticas

para a nossa realidade. Discorra sobre essa afirmativa.

LEITURA COMPLEMENTAR

Depois dessa interessante atividade de comparação de textos; vamos nos dirigir

a sala de informática e utilizar o recurso da internet para ler mais contos dos nossos

escritores brasileiros.

Ao retornar à sala de aula, cada aluno ficará livre para relatar algum conto lido e

também o que pensa sobre esse novo recurso de leitura.

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AMPLIANDO O HORIZONTE DE EXPECTATIVAS

Neste momento, você irá ler e analisar um conto do grande escritor Mário de

Andrade. Ele foi um dos mais importantes participantes do grande marco cultural de

nosso país: a Semana de Arte Moderna. Esse evento artístico e cultural marcou um

momento de grande mudança social e artística no Brasil. Mário de Andrade foi um

grande inovador na temática e na linguagem da nossa literatura. Do seu trabalho

destacam-se poesias, contos e a famosa obra “Macunaíma”.

Agora vamos conhecer o conto O Peru de Natal, um de seus últimos trabalhos,

publicado após a sua morte, no ano de 1947. Antes da leitura do conto, vamos analisar

o seu título.

ANTECIPAÇÃO DA LEITURA

a) Pelo título do conto, dá para imaginar a história? Comente.

b) Se em vez de O Peru de Natal o conto se chamasse O frango de Natal, soaria

estranho ao leitor? Por quê?

PERU DE NATAL

Mário de Andrade

O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. (...)

Disponível em: http://www.releituras.com/marioandrade_natal.asp

ESTUDO DO TEXTO

1. Podemos perceber nesse conto que o assunto abordado é as relações

familiares. Qual seria então a temática da história?

2. Qual o foco narrativo deste conto? Exemplifique com fragmentos do texto.

3. O conto gira em torno de um único episódio. Que episódio é esse?

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4. Qual é espaço do texto? Ele é relevante para a construção do sentido da

narrativa? Explique.

5. Qual o conflito da história?

6. Qual o clímax da história? Destaque ele no texto.

7. O tempo pode ser medido no texto? Comprove.

8. Quanto à personagem principal, como você a caracterizaria?

9. Caracterize o pai da história, a partir das memórias do narrador e de como a

família se comporta, mesmo após a sua morte.

10. As personagens femininas da história, principalmente a mãe e a tia do

protagonista, têm um comportamento típico com relação ao patriarca da casa.

Que comportamento é esse?

11. Pensando sobre a época da história, esse tipo de comportamento feminino era

comum nas relações familiares? Comente.

12. A respeito da linguagem, podemos perceber as características dos primeiros

escritores modernistas: inovação, termos coloquiais e regionais. Comprove com

exemplos do texto.

13. O texto trabalha também com a morte na figura do pai da personagem e do

próprio peru. Por estarem mortos no texto, os dois personagens são passivos na

história? Comente essa questão abordada na obra.

14. Comparando as personagens femininas da história com as mulheres da nossa

sociedade atual: Quais são as diferenças e por que elas aconteceram?

15. Mário de Andrade foi um revolucionário de seu tempo que pregava a liberdade

de expressão e inovação da literatura. Seria possível estabelecer uma

comparação entre o narrador-personagem e o próprio Mário de Andrade?

Comente sua conclusão.

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16. A temática abordada no texto mostra uma situação familiar vivida até a década

de 60. Trazendo para a nossa sociedade atual, quais são os problemas que as

famílias enfrentam atualmente? De que maneira eles podem ser resolvidos.

17. Você já ouviu falar de complexo de Édipo? Pesquise com seus colegas e depois

responda a seguinte questão: existe no conto O Peru de Natal referência a esse

conceito fundamental da psicanálise? Explique.

CONHECENDO O AUTOR

Agora que você teve a oportunidade de estudar um conto de Mário de Andrade

procure se aprofundar mais sobre a vida e obra desse escritor modernista. Vamos ler a

sua biografia disponível em http://www.releituras.com/marioandrade_bio.asp

REFACÇÃO DOS TEXTOS TRABALHADOS

Neste momento, após a análise dos contos, você irá escolher um deles, ou fazer

uma intertextualidade com os três e produzir um novo texto. Desta maneira, você

condensará o seu entendimento, ou parte dele, numa atividade lúdica e criativa. Na

produção, você pode fazer uso da linguagem verbal ou não verbal, por exemplo:

poesia, letra de música, história em quadrinhos, paródias, resenhas, ilustração, enfim, o

que a sua criatividade e imaginação desejar.

Em seguida, os textos produzidos, serão expostos à comunidade escolar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como já foi dito, a presente produção didático-pedagógica foi concebida como

uma ação pessoal, passível de adequação a outras escolas, em outras situações de

interação sócio-cultural. Na prática escolar, apesar de tantos contratempos que o ato de

ensinar evidencia, a leitura não pode ser relegada a segundo plano, muito menos a

leitura literária que, de forma criativa e instigante, leva o leitor a questionar e repensar o

comportamento humano.

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REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de. Bordini, Maria da Glória. Literatura: A formação do leitor.

Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal.

São Paulo: Martins Fontes, 1992.

Cereja, William Roberto. Magalhães, Thereza Cochar. Português Linguagens: volume

1. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

Sites visitados:

http: www.cantinhodaliteratura.spaceblog.com.br

http://www.diaadiaeducação.pr.gov.br

http://www.releituras.com

http: www.vagalume.com.br