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3Super Saudável

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A Revista Super Saudável é umapublicação da Yakult SA Indústria

e Comércio dirigida a médicos,nutricionistas, técnicos e funcionários.

Coordenação geralIchiro Kono

EdiçãoCompanhia de Imprensa

Divisão Publicações

Editora responsável e texto finalAdenilde Bringel - MTB 16.649

[email protected]

Editoração eletrônicaMaicon Silva

ColaboraçãoTania Aquino e

Carlos Eduardo Pretti

FotografiaArquivo Yakult e Ilton Barbosa

CapaDigital Vision

ImpressãoVox Editora - Telefone (11) 3871-7300

Cartas e contatosYakult SA Indústria e ComércioAlameda Santos, 771 – 9º andar

Cerqueira CésarSão Paulo – CEP 01419-001

Telefone (11) 3281-9900Fax (11) 3281-9829www.yakult.com.br

Cartas para a RedaçãoRua Álvares de Azevedo, 210 - Sala 61

Centro - Santo André - SP - CEP 09020-140Telefone (11) 4432-4000

EDITORIAL

Novidades e preocupaçõesA Ciência avança a passos largos rumo a novas possibilidades de cura para uma infinidade de doenças,

mas, em pleno século 21, ainda há um grupo de enfermidades que são negligenciadas pelas autoridades desaúde em todo o planeta. Além dessas doenças, que afetam mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo,outras também têm difícil diagnóstico, como a doença celíaca, o que compromete a qualidade de vida dospacientes. Em contrapartida, há importantes novidades surgindo e que beneficiam portadores de graves enfer-midades, como o câncer de cérebro e as queimaduras, assim como a beleza. Uma das promessas de grandesnovidades é a nanotecnologia aplicada à Medicina. Por isso, vale a pena acreditar que tudo pode melhorar.

Os editores

ÍNDICE

Especial 18

4Matériade capa

Doenças como tuberculose,leishmaniose, doençade Chagas e outras sãonegligenciadas pelasautoridades de saúde

Menopausa antes dos 40 anos deidade tem relação com históricofamiliar e outros problemas

Pesquisadores gregos avaliam aação dos L. casei Shirota contraa bactéria Helicobacter pilory

Probióticos ajudam a diminuiros sintomas de doençasinflamatórias intestinais

Intolerância ao glúten atingecerca de 300 mil brasileiros epode levar a situações graves

Animais são usados emtratamentos de inúmerasdoenças com crianças e idosos

FCFRP-USP desenvolvegel à base de própolis paratratamento de queimaduras

Cirurgia de cérebro pelo narizdiminui riscos de lesões em casode tumor na base do crânio

Nutricosméticos prometema beleza de dentro para forae já são realidade no Brasil

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A farmacêutica SilviaGuterres conta porquea nanotecnologia é agrande revolução naMedicina e em outrasáreas do conhecimento

Turismo 32Um dos destinos preferidos deturistas de várias partes do mundo, oMéxico é berço de civilizações antigase de uma beleza exuberante

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Conselho de Promoção Turística do México (CPTM)

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CAPA

Karina Candido

Relacionadas a situações de pobreza, asdoenças parasitárias e infecciosas como ma-lária, dengue, hanseníase, leishmaniose, tu-berculose, doença de Chagas, doença do sonoe esquistossomose, entre outras, não são alvode investimentos significativos dos setores pú-blico e privado em todo o mundo. Por isso,são chamadas de doenças negligenciadas pelaOrganização Mundial da Saúde (OMS). Comoafetam desproporcionalmente populações mar-ginalizadas, pobres e que geralmente vivemem países subdesenvolvidos ou em desenvol-vimento, não há muito interesse da indústriafarmacêutica em atender a esses indivíduoscom pouco poder de compra e sem segurosaúde. A falta de atenção com essas enfermi-dades gera um impacto devastador sobre ahumanidade, que já tem mais de 1 bilhão depessoas infectadas no mundo, com cerca de35 mil mortes por dia.

Estatísticas da OMS divulgadas pela Drugsfor Neglected Diseases Initiative ou Iniciativade Medicamentos para Doenças Negligencia-das (DNDi) indicam que a TripanossomíaseHumana Africana (HAT) – conhecida como

doença do sono – causa, anualmente, 48 milmortes no planeta. A OMS também informaque 250 milhões de pessoas estão sob o risco decontrair leishmaniose no mundo. A DNDi sededica à pesquisa e desenvolvimento de novosmedicamentos e sua distribuição nos paísesonde são necessários. A organização interna-cional com sede em Genebra, na Suíça, e cincoescritórios no mundo, é independente, sem finslucrativos e tem parceiros fundadores no Bra-sil, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ea organização Médicos Sem Fronteiras.

No Brasil, a Secretaria de Vigilância emSaúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) apon-ta que um terço da população está infectadapelo bacilo causador da tuberculose, outra doen-ça negligenciada e altamente recrudescenteem todo o mundo depois de sua associaçãocom a infecção causada pelo HIV. A SVS/MSinforma que os altos índices de ocorrência des-sas doenças negligenciadas se explicam pelasituação na qual se encontra a periferia dosgrandes centros urbanos e, principalmente, asfavelas e os cortiços. Pouco sol, ventilação in-suficiente, acúmulo de pessoas em um mesmocômodo, ausência de oferta de água e esgoto emá alimentação são condições perfeitas paraa transmissão de doenças.

A falta de informação também leva muitospacientes a chegarem às unidades de saúdecom estado avançado da tuberculose, o quenão lhes dá chance para receberem o tratamen-to mais adequado. O Brasil possui um progra-ma de controle da doença que, segundo estu-dos da SVS/MS, vem se mostrando eficiente ereconhecido internacionalmente. Apesar de to-dos os pontos positivos, como diagnóstico e tra-tamento gratuitos, o procedimento é longo (seismeses), com uso diário de três drogas e algunsefeitos colaterais que causam desconforto, o queleva muitos pacientes a abandonarem a tera-pia. Embora os tratamentos para essa e outras

No fim da filaDoenças tropicaisafetam 1 bilhãode pessoas no

planeta, mas sãonegligenciadas

pelas autoridadesde saúde

Carolina Larriera e Bethania Blum de Oliveira

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Carolina Larriera acrescenta que há uma diferenciação entre doen-ças negligenciadas e as que são extremamente negligenciadas. Par-te das doenças negligenciadas ainda gera um pouco de interesse naindústria farmacêutica pois, eventualmente, pessoas de países ricosestão expostas a elas durante uma viagem, por exemplo, como é ocaso da malária. “Mas o grupo de doenças extremamente negligencia-das, como doença de Chagas, do sono e leishmaniose, está total-mente fora do interesse do mercado farmacêutico, que movimentoumais de US$ 518 bilhões em 2004”, revela. Em relação ao desenvol-vimento de medicamentos, há alguns investimentos e estudos pon-tuais, com diversos centros de pesquisa atuando. A DNDi trabalhapara criar uma rede de pesquisadores e procura preencher as lacu-nas existentes em Pesquisa&Desenvolvimento (P&D) de medicamen-tos. “Os avanços, contudo, ainda são um passo muito maior e reque-rem investimento de longo prazo”, ressalta a farmacêutica e analistade projetos da DNDi, Bethania Blum de Oliveira.

MERCADO

doenças negligenciadas sejam antigos (muitosdesenvolvidos na década de 1950), alguns sãomuito tóxicos e de difícil aplicação.

A esquistossomose é outro sério problemade saúde pública no mundo. Estimativas daOMS indicam que a doença afeta 200 milhõesde pessoas e, destas, 120 milhões são sintomá-ticas e 20 milhões têm as formas graves. “Ape-sar disso, nos últimos 30 anos apenas 1,3% dos1.556 novos medicamentos registrados foi paradoenças tropicais e tuberculose, o que represen-ta somente 21 medicamentos”, lamenta Caroli-na Larriera, representante latino-americana daDNDi. Dados epidemiológicos tam-bém apontam que, em 2007,foram registradas cerca de455 mil notificações de ma-lária na Amazônia Legal,onde ocorrem mais de90% dos casosno País.

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CAPACAPA

Preocupa Criada em 1971 para levar

cuidados de saúde para popula-ções do mundo todo, a organiza-ção Médicos Sem Fronteiras (MSF)lançou a Campanha de Acesso a

Medicamentos Essenciais em 1999.Desde essa época, a entidade desti-

na alguns recursos recebidos com oprêmio Nobel da Paz ao estudo das ne-

cessidades médicas dos pacientes quesofrem dessas doenças e que têm poucoou nenhum medicamento à disposição,seja porque são antigos ou porque sãoeconomicamente inacessíveis. Um grupode estudo sobre doenças negligenciadasda MSF reuniu os melhores especialistasmundiais e resultou no lançamento dodocumento ‘Desequilíbrio Fatal’, em2001. “Desde o lançamento deste estu-do histórico, muitas coisas mudaram nopanorama internacional, como a criaçãode várias parcerias e desenvolvimento deprodutos e, certamente, parte disso sedeve ao documento”, afirma o economis-

INICIATIVAS PELO MUN Nos últimos anos surgiram parcerias que

visam fomentar a pesquisa e o desenvolvi-mento para as doenças negligenciadas, tan-to no setor público como no privado. A pro-fessora e pesquisadora do Instituto de Tec-nologia em Fármacos Farmanguinhos, daFiocruz, Marcia Coronha Ramos Lima, ex-plica que o impacto da incidência das doen-ças negligenciadas no Brasil se tornou tãoimportante que representantes do Ministé-rio da Saúde têm tratado o tema como ‘prio-ridade das prioridades’. O mesmo vem acon-tecendo com iniciativas sem fins lucrativoscomo DNDi e Médicos Sem Fronteiras. “To-dos parecem concordar que, para conteressa expansão, é necessário o desenvolvi-

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ção é antigata Michel Lotrowska, mestre em SaúdePública pela Fiocruz e representante noBrasil da campanha dos Médicos SemFronteiras.

Levantamento feito pelo Ministério daSaúde aponta que, no período de 2002 a2005, foram investidos mais de R$ 3,4milhões em projetos de pesquisa com te-mas relacionados à leishmaniose. Para aesquistossomose existem dois medica-

mentos que são distribuídos gratuitamen-te pelo Ministério da Saúde, assim comoo fármaco para tratamento da doença deChagas, disponibilizado em todo o País,de fácil acesso e totalmente gratuito.“Por se tratarem de doenças infecto-con-tagiosas, de alta incidência em determi-nadas regiões, e como todas têm progra-mas específicos conduzidos pela Secre-taria de Atenção à Saúde, são temasobrigatórios em todos os currículos deMedicina do País”, acrescenta SigisfredoBrenelli, coordenador de Ações Estraté-gicas do Departamento de Gestão daEducação na Saúde (Deges/MS).

O professor do Departamento de Doen-ças Tropicais da Faculdade de Medicinada Universidade Estadual Paulista Júliode Mesquita Filho (Unesp), de Botucatu,Domingos Alves Meira, enfatiza que oimpacto nas regiões em que ocorrem asdoenças negligenciadas é enorme, nãosó na área da saúde, pelo agravamentoque essas enfermidades causam, mas na

economia nacional. O Brasil, por exem-plo, já perdeu mais de US$ 1,3 bilhãode receita e produtividade industrial de-vido à infecção em trabalhadores pordoença de Chagas. “Quando se trata degrandes números, como populações eregiões inteiras, a solução terá de pas-sar por medidas muito mais amplas eabrangentes, como aconteceu com adengue”, explica.

DOmento de novos domínios de tecnologia dediagnósticos, medicamentos e vacinas,ações tão importantes quanto a ampliaçãoda capacidade e infra-estrutura dos siste-mas de saúde no Brasil e no mundo”, en-fatiza a pesquisadora.

A Fiocruz também tem aumentado con-sideravelmente o número de projetos depesquisa nessa área. Em abril deste ano,o laboratório farmacêutico Farmanguinhos/Fiocruz lançou, em parceria com o DNDi,uma nova combinação em dose fixa doartesunato e mefloquina para controle damalária. O medicamento já está registra-do e disponível no Brasil. Além da DNDi eda Fiocruz, Medicines for Malária Venture

(MMV), Global Alliance for TB Drug Deve-lopment (GATB) e International AIDS Vac-cine Initiative são outras iniciativas que

Domingos Alves Meira

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Marcia Coronha Ramos Lima

atuam na configuração de uma agenda eportfólio de P&D específicos para essasdoenças, na arrecadação de fundos e nogerenciamento de projetos. “Existem mui-tos trabalhos que tratam da biologia dosparasitas e sua interação com o hospe-deiro, mas, infelizmente, esseconhecimento não temsido revertido equi-libradamentepara a pesqui-sa de novosmedicamen-tos”, lamen-ta MarciaCoronha.

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MEDICINA

Cedo demais

Renato Ferrari informa que recentes estudos sugerem que amenopausa precoce pode ser provocada por um estímulo auto-imune contra o ovário da mulher e também há correlação do pro-blema com a doença de Allison, que é uma falência da glândulasupra-renal. Além disso, a falência precoce ovariana pode ser cau-sada por hipotireoidismo. “Defeitos cromossômicos também cau-

Menopausa precoceatinge de 1% a 3%das mulheres antesdos 40 anos de idade

sentam escassez dos gametas femininos– óvulos – e queda da produção hormo-nal, principalmente estrogênios, levandoà falência ovariana fisiológica. Algumasmulheres enfrentam a queda hormonalsem problemas, o chamado climatériocompensado, ao contrário das que sen-tem a falta do hormônio e podem neces-sitar de Tratamento de Reposição Hor-monal (TRH). Até o momento não háexames que possam antever a menopau-sa precoce, mas existe certa correlaçãoentre mães e filhas que apresentam o pro-blema. “Talvez no futuro próximo pos-samos fazer testes de DNA nos casos demenopausa precoce familiar, mas, nomomento, não temos como prever”, ex-plica o professor associado e endocrino-logista da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo (FMUSP) e mem-bro da Sociedade Brasileira de Endocrino-logia e Metabologia, Geraldo Medeiros.

Segundo o médico, a mulher com me-nos de 40 anos e ciclos menstruais irre-gulares deve dosar os níveis de hormônioLH, FSH e o estradiol. “A paciente commenopausa precoce pode manter a qua-lidade de vida submetendo-se ao trata-mento de reposição hormonal, se nãohouver contra-indicação formal, ou seja,casos na família de câncer de mama ouútero”, lembra. As conseqüências são

muitas para pacientes que não tratam amenopausa precoce, como osteoporose,fadiga, perda de ânimo, atrofia uroge-nital e aumento das doenças cardiovas-culares. Fábio Laginha, membro da So-ciedade Brasileira de Mastologia e gine-cologista da área de Oncologia e Mas-tologia do Hospital Pérola Byington, emSão Paulo, lembra que a terapia hormo-nal parece melhorar a proporção doHDL-colesterol. “Isso é importante por-que, se o LDL estiver alto, pode haver de-posição de placas ateromatosas no orga-nismo e elevar o risco de doenças cardía-cas”, frisa o especialista.

Infertilidade – Segundo estudos realiza-dos por Joji Ueno, doutor em Medicina

sam falência ovariana desde o nascimento ou se desenvolvemantes mesmo da menarca”, resume. O especialista diz que a Sín-drome de Turner, na qual ocorre a perda total ou parcial de um doscromossomos X (45, XO), e a disgenesia gonádica com deleçãodo braço curto do cromossomo 21, são as causas mais comunsde menopausa precoce causada por problema cromossômico.

DOENÇAS AUTO-IMUNES INTERFEREM

Geraldo Medeiros

FIsabel Dianin

Especial para Super Saudável

Fogachos, sudorese noturna, falta delubrificação vaginal, perda da libido, irri-tabilidade constante, dificuldade de me-mória e concentração e ciclos menstruaisirregulares são típicos do climatério, quegeralmente ocorre a partir dos 45 anos deidade. Entretanto, de 1% a 3% da popu-lação feminina desenvolve falência ovaria-na precoce – com conseqüente parada deestimulação do endométrio – antes dos 40anos. Parte das causas da menopausa pre-coce é idiopática, chamada de FalênciaOvariana Prematura (FOP), mas o proble-ma também pode ocorrer por tendênciagenética, tratamentos cirúrgicos, radio-terapia e quimioterapia, doenças auto-imunes e infecções. Problemas endócri-nos, como hipotireoidismo e hiperprolac-tinemia podem estar associados.

Na fase do climatério os ovários apre-

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Para mulheres com câncer de mama (ou histórico familiar) e de endométriohá contra-indicações para o tratamento de reposição hormonal. No caso de câncerno colo do útero não existe impedimento para reposição hormonal, pois a influên-cia hormonal nas neoplasias do colo é quase nula e, neste caso, o vírus HPV é ogrande vilão. “Mulheres que apresentaram trombose venosa profunda (TVP) tam-bém não devem fazer uso da TRH, pela ação trombogênica dos estrogênios”, aler-ta o professor Renato Ferrari.

O médico ressalta que, em mulheres submetidas à radiote-rapia da pelve ou quimioterapia, dependendo da droga uti-lizada, poderá ocorrer a suspensão temporária da menstrua-ção. Já a radioterapia de mama não causa a menopausa pre-coce, pois não atinge os ovários. Para as mulheres enqua-dradas na contra-indicação há medicamentos que melho-ram a sintomatologia sem ter efeito hormonal, como otibolona ou os fitohormônios como a Cimecifugaracemosa, por exemplo, quepodem melhorar a quali-dade de vida da paciente.

TRH com contra-indicação

Renato Ferrari

pela Faculdade de Medicina da Universi-dade de São Paulo e especialista em Me-dicina Reprodutiva, a falência ovarianaprecoce responde por 10% das amenor-réias e 1% dos casos de infertilidade emmulheres brasileiras. No caso de pacien-tes submetidas à radioterapia feita sobrea pelve pode haver a irradiação dos ová-rios, destruindo as células ovarianas queproduzem os hormônios, o que tambémpode acarretar o problema.

Por essa razão, a Medicina discute apossibilidade da preservação dos óvulosda mulher que vai se submeter à quimio-terapia ou radioterapia da pelve. RenatoFerrari, professor adjunto de Ginecolo-gia e doutor em Ciências Morfológicaspela Universidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ), afirma que a ovodoação éuma alternativa para as mulheres que ti-veram menopausa precoce e querem en-gravidar. O médico explica que o óvulodoado será fecundado e, só então, trans-ferido para o útero da receptora. O pro-cesso é o mesmo da fertilização ‘in vitro’.“Qualquer mulher jovem saudável podeser doadora”, ressalta o especialista.

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Lactobacillus casei Shirota Helico

Estudo desenvolvido porpesquisadores gregosfoi publicado na Appliedand EnvironmentalMicrobiology

*Yasumi Ozawa Kimura

Bactéria que vive no muco que cobrea superfície do estômago, a Helicobacter

pylori foi identificada pela primeira vezem 1899 pelo pesquisador Walery Ja-worski, da Universidade Jaguelônica, emCracóvia (Polônia), quando investigava

segmentos de lavagem gástrica de umhumano. Redescoberta em 1979 pelo pa-tologista australiano Robin Warren que,em 1981, se uniu a Barry Marshall paradar continuidade às pesquisas, a bacté-ria foi finalmente identificada como cau-sadora de gastrites e úlceras, o que deuaos dois cientistas o Prêmio Nobel de Me-

ARTIGO CIENTÍFICO

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inibebacter pylori

dicina em 2005. A Helicobacter pylori éuma bactéria patogênica espiral gram-ne-gativa anaeróbica facultativa que infectao estômago de 50% da população mun-dial e, além de ser a principal causadorade gastrites e úlceras pépticas, tem sidorelacionada com o desenvolvimento deadenocarcinoma gástrico e linfoma damucosa associada ao tecido. Para encon-trar caminhos que possam evitar os pre-juízos causados pela bactéria, recente-mente as atenções de muitos cientistasestão voltadas às interações da Helico-bacter pylori com lactobacilos probióticos.

Entre os relatos, há descrição de quehouve inibição do crescimento de H.pylori em camundongos gnotobióticosBALB/c alimentados com rações con-tendo Lactobacillus salivarius, e os títu-los dos anticorpos específicos de H.pylori apresentaram queda, enquantoque os animais não-alimentados comlactobacilos apresentaram intensas co-lonizações de H. pylori e causaram ati-vas gastrites. Em outro estudo, a admi-nistração oral de sobrenadantes de cul-turas de L. acidophilus resultaram na ini-bição de H. felis em modelos animais.Sobrenadantes de culturas de L. acido-philus foram eficientes ‘in vitro’ e apre-sentaram um efeito parcial de longo pra-zo sobre a H. pylori em humanos.

A atividade anti-H. pylori foi avalia-da através de métodos indiretos, tais

como a UBT, ao invés da quantificaçãodas culturas de H. pylori e a avaliaçãohistopatológica. Conseqüentemente, con-clusões definitivas podem ser obtidas so-bre a eficiência dos probióticos sobre aspessoas infectadas com H. pylori, e essaquestão certamente necessitará de estu-dos mais detalhados, baseados em pes-quisas com modelos animais, em relaçãoà forma como os probióticos são admi-nistrados, a dose administrada, o modoe a duração do período da administração.

Os pesquisadores D. Sgouras, B.Martinez-Gonzalez, E. Eriotou e A. Men-tis, do Laboratório de Microbiologia Mé-dica, Instituto Pasteur Helênico; P. Ma-ragkoudakis, G. Kalantzopoulos e E.Tsakalidou, do Laboratório de Pesqui-sas em Laticínios, Faculdade de Agrono-mia de Atenas; K. Petraki, do Laborató-rio de Patologia, Hospital Hipocrateano;e S. Michopoulos, da Clínica de Gas-troenterologia, Hospital Alexandria, emAtenas, na Grécia, estudaram o poten-cial inibitório dos L. casei Shirota (LCS)isolados a partir do leite fermentadoYakult sobre a H. pylori utilizando mé-todos de inibição ‘in vitro’ usando a va-riedade H. pylori SS1 (variedade Sidney)e nove isolados clínicos da bactéria. Osestudos ‘in vivo’ foram conduzidos comanimais infectados com H. pylori SS1 emum período de nove meses. A atividade‘in vitro’ contra a H. pylori SS1 e todos

os isolados clínicos foram observados napresença de células viáveis de L. caseiShirota, mas não em sobrenadantes deculturas sem LCS, embora ocorra umaprofunda inibição da atividade da urease.

Os estudos ‘in vivo’ foram realizadosem um período de nove meses com a ad-ministração de L. casei Shirota mistura-do ao suprimento de água em camun-dongos C57BL/6 de seis semanas infec-tados previamente com H. pylori SS1(grupo estudo n = 25). O grupo contro-le de animais infectados com H. pylori –sem L. casei Shirota (n = 25) e o gruponão-infectado com L. casei Shirota (n = 25)também foram avaliados. A colonizaçãodo H. pylori e o desenvolvimento da gas-trite foram analisados a 1, 2, 3, 6 e 9meses após a infecção.

Observou-se uma significativa redu-ção dos níveis de colônias de H. pylorino antro e na mucosa nos animais tra-tados com L. casei Shirota, bem comonas culturas viáveis, comparados com osníveis do grupo infectado com H. pylorisem L. casei Shirota. Essa redução foiacompanhada por uma significativa di-minuição na inflamação da mucosa ob-servada em todos os períodos do expe-rimento. Houve uma tendência na dimi-nuição dos níveis de imunoglobulina Gno soro dos animais tratados com os lac-tobacilos, mas essa queda não foi signi-ficativa em nível estatístico.

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Fácil adaptação em

A inibição da H. pylori SS1 e das noveespécies clínicas selvagens ficaram evi-denciadas com a determinação em ágarsomente quando houve um envolvimen-to direto dos L. casei Shirota. Não houveatividade inibitória em culturas sem osL. casei Shirota, tanto em pH 4,5 ou a 6,5.Os resultados obtidos foram coincidentescom as recentes observações de que os so-brenadantes de culturas isoladas de LCSobtidos através da centrifugação, conten-do no mínimo 104 UFC (unidades for-madoras de colônia) de lactobacilos vi-vos/ml, permaneceram ativos ‘in vitro’contra H. pylori e que, após a esterilizaçãoem filtro de porosidade 0,22 mµ, foi reti-rada a atividade inibitória. Nas experiên-cias com culturas líquidas de H. pylori, aadição de sobrenadantes de culturas iso-ladas de LCS (pH 4,5) e respectivos meiosde cultura controles (pH 4,5) diminuíramo pH final após a incubação, resultandona inibição da atividade da urease e aviabilidade da H. pylori. Está bem docu-mentado que a viabilidade da H. pylori‘in vitro’ é muito baixa sob estresse áci-do na falta da uréia. A diminuição do pH

Em pesquisa recente na qual houve atuação dos L. casei Shirotasobre a colônia de H. pylori em voluntários positivos que ingeriramo leite fermentado contendo os probióticos L. casei Shirota foiobservado um discreto resultado positivo. Sob o ponto de vista dainibição da urease pelo ácido lático, métodos mais precisos doque o UBT (determinações das células viáveis ou avaliação histo-patológica) deverão ser utilizados na avaliação da colonização daH. pylori em estudos clínicos relacionados às bactérias láticas compotencial de inibir a atividade da urease.

Neste estudo foi observada uma significativa atenuação dainflamação crônica e aguda da mucosa gástrica, com nenhuma ou

ARTIGO CIENTÍFICO

Discussão

através da produção do ácido lático pelosL. casei Shirota tem sido apontada comooutro fator para causar a inibição das H.pylori ‘in vitro’. Mais especificamente, emculturas conjuntas de H. pylori e L. saliva-rius, concentrações acima de 10 mM pro-duzidas pelos lactobacilos inibiram for-temente a atividade da urease e a viabi-lidade das H. pylori. Quando se incubou aH. pylori em concentrações de 100 a 1 mM,observou-se que houve uma inibição daurease acima de 70% para 15 mM de áci-do lático em três horas de incubação.

As determinações em culturas líqui-das nos quais somente 10% dos sobre-nadantes de culturas isoladas de L. caseiShirota estavam presentes, a quantida-de de ácido lático determinada atravésde HPLC (cromatografia líquida de altaperformance) foi de 15 mM, induzindoa inibição da atividade de urease das H.pylori e a sua viabilidade. Além disso,quando os sobrenadantes das culturas deL. casei Shirota ajustados a pH 6,5 foramutilizados houve uma significativa inibi-ção da atividade da urease da H. pylori,

AÇÃO EM HUMANOSdiscreta infiltração linfoplasmacítica na lâmina própria, que podeser atribuída à diminuição das colônias de H. pylori nos animaistratados com L. casei Shirota. Entretanto, a relação entre o meca-nismo sistêmico com um possível respaldo imunológico não pôdeser esclarecida. Estudos dos efeitos imunológicos da administraçãooral dos L. casei Shirota aumentam a possibilidade de modulaçãodas respostas imunológicas no estabelecimento da imunidadetumoral e na indução da atividade antitumoral específica. Os L. ca-sei Shirota promovem a produção de diversas citoquinas envolvidasna regulação das respostas imunes das células do hospedeiro, re-sultando na alteração da susceptibilidade linfocítica para a apoptose.

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terras brasileiras

embora não ocorresse redução na conta-gem das células viáveis em 24 horas, pos-sivelmente devido à falta do estresse áci-do sobre a H. pylori. No conjunto, essesresultados sugerem que o ácido láticoproduzido pelo L. casei Shirota interferiuna inibição do sistema de urease da bac-téria. Essa atividade do ácido lático estábaseada na combinação do efeito inibi-tório sobre o sistema de urease e à baixacapacidade de sobrevivência da H. pyloriem baixo pH na falta de uréia.

No experimento, a inibição da urea-

se pelo ácido lático presente no sobrena-dante de culturas de L. casei Shirotapôde comprovar a incapacidade da H.pylori em se desenvolver em condiçõesde baixo pH. No respectivo controle demeio MRS (pH 4,5) acidificado comHCl, no qual o sistema urease funcio-na, pequenas concentrações de uréiaendógena puderam sustentar a sobre-vivência das H. pylori nas primeiras ho-ras, mas não resistiu à incubação ao pe-ríodo de 24 horas. O mecanismo exatopelo qual os lactobacilos inibem a ati-vidade da urease permanece indefinido.Entretanto, outros observaram poucoou nenhum efeito sobre a atividade daurease atribuído ao ácido lático, embo-ra comparações diretas com as pesqui-sas desses autores são impossíveis de-vido aos diferentes delineamentos ex-perimentais usados para a determina-ção do ácido lático.

Os pesquisadores estudaram detalha-damente, por meio da técnica do HPLC,a cinética da produção do ácido láticoem culturas de L. casei Shirota que sedesenvolveram em meio de culturaMRS e consideraram o ácido lático oprincipal produto do seu metabolismo(a concentrações acima de 150 mM).Além disso, somente traços de gordu-

ras estiveram presentes em níveis de0,1%, atribuídos à adição do detergen-te Tween ao meio de cultura MRS, e osLactobacillus casei apresentaram baixaatividade proteolítica comparados comoutros lactobacilos, como os L. bulga-ricus. Finalmente, a competição por nu-trientes pode ter sido determinante, co-mo os pesquisadores não observaraminibição da Helicobacter pylori quandousaram o E. coli como controle positi-vo para a diminuição de nutrientes nasculturas.

Os pesquisadores isolaram os Lacto-bacillus casei Shirota nas amostras defezes dos animais em teste através dautilização de meios de cultura seletivos,bem como através de técnicas de PCR.Para o grupo de animais com H. pylorie L. casei Shirota foi observada uma sig-nificativa redução da colônia de H. pylorina mucosa gástrica em todo o período deobservação (nove meses). Na experiên-cia, colônias na faixa de 104 UFC/g fo-ram detectadas com dificuldade atravésda avaliação histopatológica. Os pesqui-sadores basearam as suas conclusõesatravés dos dados de colonização da H.pylori de amostras dissecadas do estô-mago dos animais, além da avaliaçãohistopatológica.

*Yasumi Ozawa Kimura é farmacêutica-bioquímicae gerente de P&D da Yakult no Brasil

Os L. casei Shirota são capazes de aumentar significativamen-te a imunidade celular, demonstrada pelo retardamento da respostade hipersensibilidade ao L. monocytogenes inativado termicamen-te, e aumentar a resposta do hospedeiro contra a infecção oralpor L. monocytogenes em camundongos. Assim, o estímulo da imu-nidade específica e não-específica poderia ser diferente no casoda atividade anti-H. pylori, que deverá ser investigada posterior-mente pelos autores dessa pesquisa. A redução da gastrite as-sociada à H. pylori se refletiu na diminuição da resposta da IgGanti-H. pylori nos nove meses de realização do experimento.

A capacidade dos LCS inibirem o desenvolvimento das colônias

de H. pylori e a supressão da inflamação ficaram bastante eviden-tes nos animais tratados com os probióticos. Este foi o primeirorelato científico de que a administração dos L. casei Shirota pro-moveram a inibição das colônias de H. pylori e a significativa dimi-nuição da gastrite em modelos animais infectados com a bacté-ria. Os pesquisadores acreditam que o método da administraçãocontínua dos probióticos através do suprimento de água aos ani-mais, em combinação com as altas concentrações, teve grandeinfluência nos resultados positivos.

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14Super Saudável

PROBIÓTICOS

EfeitoProbióticos são

usados comocoadjuvantes no

tratamento dedoenças intestinais ealergias alimentares

Cecil

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hans

e

AAdenilde Bringel

As doenças inflamatórias intestinaissão distúrbios crônicos que, freqüente-mente, causam cólicas abdominais e diar-réia recorrente, o que prejudica a qualida-de de vida dos pacientes. A Medicina ain-da desconhece as verdadeiras causas des-sas enfermidades, que devem ser tratadascom medicamentos e, em muitos casos,demandam necessidade de cirurgia. En-tretanto, para melhorar a qualidade devida desses pacientes é preciso, tam-bém, mudar os hábitos de alimentação,com maior ingestão de fibras e de água.Muitos médicos utilizam, ainda, ali-mentos probióticos como coadjuvantesno tratamento.

O termo probiótico deriva do gregoe significa ‘pró-vida’, exatamente o con-trário de antibiótico, que tem o signifi-cado de ‘contra a vida’. O primeiro pes-quisador a avaliar a importância demicrorganismos vivos para a saúdeda microbiota intestinal foi WilliamHeinemann Metchnikoff, que em1907 publicou uma coleção de en-saios sobre indivíduos que inge-riam iogurte diariamente, deno-

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15Super Saudável

sive no aspecto da pele e da acne. “Os pro-bióticos melhoram tudo, mas é importantealiar seu uso a uma dieta saudável, compostade alimentos com fibras e água”, reforça. O mé-dico conta que, atualmente, a indústria de nu-trição enteral e parenteral já utiliza cepas probió-ticas, principalmente por causa de aminoá-cidos e outras substâncias protetoras da mu-cosa do cólon.

Nos últimos anos, os probióticos tambémtêm sido grandes aliados no pré e pós-opera-tório, por ajudarem a diminuir o índice de com-plicações cirúrgicas e promoverem uma melho-ra mais rápida após os procedimentos. Entreos principais benefícios está a menor incidên-cia de diarréia e constipação, problemas típi-cos de pacientes submetidos a intervenções ci-rúrgicas, tanto pelo uso excessivo de antibióti-cos quanto pela própria reação do organismoà agressão. “O uso de lactobacilos no pós-ope-ratório é fundamental em qualquer cirurgia e,para muitos médicos, já é considerado um dositens do tratamento. Todos os pacientes inter-nados se beneficiariam muito caso os probió-ticos virassem um protocolo coadjuvante nostratamentos”, acredita o especialista.

positivominado ‘A prolongação da vida. Estudos Oti-mistas’. Metchnikoff acreditava que a putre-fação de bactérias proteolíticas no intestinogrosso provocava auto-intoxicação e esse efei-to perigoso à saúde poderia ser evitado coma ingestão de alimentos com bactérias produ-toras de ácido lático. Por isso, passou a inge-rir iogurte todos os dias, o que fez com que ohábito ganhasse popularidade entre os euro-peus do começo do século 20.

Entretanto, foi somente em 1965 que otermo foi usado pela primeira vez, por Lilly &Stillwell, pesquisadores que publicaram umartigo sobre a simbiose de dois protozoários.Desde então, muitos cientistas evoluíram nadefinição de probióticos. Independentemen-te de novas definições que possam surgir, háconsenso de que os alimentos probióticos sãocompostos de um número suficiente de mi-crorganismos vivos capazes de sobreviver aotrânsito gastrintestinal e chegar em grandequantidade para colonizar a flora natural dointestino, onde exercem um efeito protetor dometabolismo humano. “Além dos benefíciosintestinais, o uso de lactobacilos, especialmen-te a cepa casei Shirota utilizada pela Yakult,promove uma melhor performance do siste-ma imune pela estabilidade da mucosa intes-tinal”, afirma o médico e cirurgião gastroen-terologista do Hospital 9 de Julho e do Cen-tro Integrado de Gastroenterologia de SãoPaulo, Marcos Frugis.

O especialista prescreve alimentos pro-bióticos a pacientes com doenças intestinais,como Chron e retocolite ulcerativa, como coad-juvante ao tratamento medicamentoso, pois oslactobacilos vivos presentes nesses alimentospromovem uma proteção da mucosa intesti-nal. Segundo Marcos Frugis, é notável a melho-ra dos pacientes que aderem à ingestão de umfrasco de leite fermentado diariamente, inclu-

Os probióticos tambémsão muito utilizados empacientes com intolerânciaalimentar, especialmenteà lactose. Marcos Frugisafirma que, devido aoshábitos pouco saudáveis dapopulação, especialmenteapós o advento do fastfood – além do uso demedicamentos – oscasos de alergiasalimentares aumentaramsignificativamente nosúltimos anos e, atualmente,de 10% a 15% da populaçãotem o problema. “As alergiasnão estão relacionadasapenas ao aparelhodigestivo, mas também àasma, cefaléia, inchaços,eczemas e uma série deoutras doenças”, sinaliza.Para o especialista, oalimento probiótico comlactobacilos vivos, comoo leite fermentado Yakult,deve ser encarado comoum produto obrigatório nadieta de crianças, adultose idosos.

ALERGIAS

Marcos Frugis

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16Super Saudável

P

SAÚDE

ainda é Distúrbio comprometeprincipalmente oaparelho gastrointestinale é carente deestudos no Brasil

Françoise Terzian

Especial para Super Saudável

Pelo menos 300 mil brasileiros estãoproibidos de comer qualquer alimentoque contenha glúten, proteína existenteno trigo, centeio, cevada e aveia, porquesão portadores de doença celíaca, distúr-bio condicionado a fatores genéticos e ahábitos alimentares que compromete oaparelho gastrointestinal e pode levar asituações graves – desde uma anemia atéo câncer de intestino. A maioria dos pa-cientes, no entanto, nem suspeita que so-fre deste mal que acomete principalmen-te as mulheres (duas para cada homem)e a raça branca. Estudos revelam que o

Doença celíaca

Yu Kar Ling Koda

ção imunológica na mucosa do intestino,fazendo com que suas vilosidades se atro-fiem, o que ocasiona falta de absorção dosmacro e micronutrientes e, conseqüente-mente, o surgimento dos sintomas carac-terísticos da doença”, explica a médica Ve-ra Lucia Sdepanian, professora adjunta daGastroenterologia Pediátrica do Departa-mento de Pediatria da Universidade Fe-deral de São Paulo (Unifesp). Daí a impor-tância para que os parentes de primeirograu de celíacos façam testes de triagempara detecção do problema.

problema atinge pessoas de todas as ida-des, mas compromete principalmentecrianças de seis meses a cinco anos e por-tadores da síndrome de Down.

A doença celíaca é freqüente na Eu-ropa, acometendo 1 a cada 130 a 300 in-divíduos. Nos Estados Unidos o proble-ma também é usual. América do Sul, Áfri-ca e Ásia são regiões onde a doença temsido historicamente considerada rara. NoBrasil, um estudo da Universidade deBrasília (UnB) indica a existência de 1 ce-líaco para cada 600 habitantes, o que sig-nifica 300 mil pessoas para uma popula-ção de 180 milhões de habitantes. Pes-quisas recentes sugerem, no entanto, queesse cálculo é limitado e a doença estásubdiagnosticada. Embora seja carenteem estudos, os médicos sabem que adoença celíaca é uma predisposição ge-nética que torna o indivíduo intoleranteao glúten. Ao consumi-lo, ocorre uma in-flamação crônica da mucosa do intesti-no delgado, que pode levar à má-absor-ção intestinal.

“O consumo de glúten no paciente pre-disposto a ter a doença causa uma altera-

CONFIRMAÇÃO O diagnóstico da doença celíaca en-

volve análise de quadro clínico, examesbioquímicos e confirmação por meio deendoscopia digestiva alta com biópsiado intestino delgado. “É importante res-saltar que o diagnóstico de certeza dadoença só é possível através da biópsia”,afirma Yu Kar Ling Koda. A médica lem-bra que os exames de sangue que de-tectam os marcadores sorológicos nãodiagnosticam a doença, mas são úteis

para identificar os pacientes que deverãorealizar biópsia de intestino delgado, es-pecialmente aqueles com as formas atípi-cas ou silenciosas da enfermidade.

Para a análise clínica, o médico deveperguntar sobre a existência de outros sin-tomas além dos tradicionais, como altera-ções na pele, infertilidade, dor nas articu-lações, artrites sem causa aparente, hipo-plasia do esmalte dentário, diminuição dafertilidade, aborto de repetição e manifes-

Vera Lucia Sdepanian

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17Super Saudável

um desafio

Fernando Chueire

Yu Kar Ling Koda, coordenadora daunidade de Gastroenterologia do Insti-tuto da Criança do Hospital das Clíni-cas da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo (IC-HC-FMUSP),lembra que há três formas de apresen-tação clínica da doença celíaca. Na for-ma clássica, os principais sintomas sãodiarréia crônica, distensão abdominal eperda de peso. Na atípica, as manifesta-ções digestivas ou estão ausentes ouocupam um segundo plano, e as crian-ças podem apresentar uma série de ma-

tações neurológicas como alteração cere-belar e até problemas psiquiátricos, comodepressão. Uma vez diagnosticada a doen-ça, a única forma de controle é a exclusãodo glúten da dieta para toda a vida. Comoa substância está presente em uma infini-dade de alimentos, a Lei Federal 10.674,de 2003, obriga que os fabricantes infor-mem na embalagem de seus produtos aexistência do glúten, como medida preven-tiva e de controle da doença celíaca.

Os portadores do problema podem subs-tituir a farinha de trigo por farinha de arroz,creme de arroz, fécula de batata, polvilho doceou azedo, fubá, amido de milho, tapioca e fa-rinha de sarraceno, entre outros. Caso o por-tador da doença passe anos sem identificá-la, corre sério risco de desenvolver gra-ves problemas como câncer, linfomasmalignos, neoplasia do intestino del-gado, tumores de orofaringe, osteo-porose e infertilidade.

nifestaçõesisoladas, comobaixa estatura,anemia refratáriaao tratamento, osteo-porose, constipação intesti-nal refratária ao tratamento,atraso puberal, fraqueza e perdade peso sem causa aparente. Já naforma silenciosa, as manifestaçõesclínicas estão ausentes e a doença sóé detectada com dosagem de anticor-pos no sangue e/ou biópsia de intes-tino. O nutrólogo da Associação Bra-sileira de Nutrologia (ABRAN), Fer-nando Chueire, afirma que o fato dea doença permanecer latente ou comsintomas mínimos e ocasionais duran-te longos períodos dificulta o diagnós-tico e retarda o tratamento. O desco-nhecimento da sociedade revela anecessidade de identificar métodosdiagnósticos acessíveis e de temporeduzido para confirmação. “A de-mora no diagnóstico e na adesão aotratamento limita as possibilidadesde melhora do quadro”, alerta.

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1001nights/Istockphoto

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18Super Saudável

ENTREVISTA DO MÊS/SILVIA GUTERRES

Estimativas indicam que até 2015 o

mercado de produtos nanotecnoló-

gicos superará 1 trilhão de dólares.

O que movimenta tantos recursos?

Existem várias estimativas, de dife-rentes consultorias, e todas realmenteconvergem para este cenário. Alguns es-tudos indicam que, em 2015, metadedos novos produtos a serem introduzi-dos no mercado, independentemente dosetor econômico, serão de base nano-tecnológica. De fato estamos vivendouma revolução, que muitas vezes não épercebida pela população em geral, por-que um produto contendo nanotecno-logia ou não, sob o ponto de vista de as-pecto macroscópico, visual, é um produ-to igual. A nanotecnologia está no inte-rior, na estruturação da matéria. Essarevolução está acontecendo porque pro-dutos contendo nanotecnologia apresen-tam melhor performance.

Isso ocorre em todos os setores?

Praticamente em todas as áreas doconhecimento: farmacêutica, cosmética,

setor de tintas, aeronáutico, eletrônico,têxtil. Por isso que a forma mais corretade definir seriam nanotecnologias. Por-que, na verdade, são tecnologias que têmem comum o fato de manipularem mate-riais nanoestruturados na ordem de ta-manho de 10-9m, embora existam asmais variadas técnicas e os produtos fi-nais também sejam os mais variados. Emcomum, essas técnicas têm a manipula-ção da matéria de maneira a estruturá-la em nanodispositivos que terão proprie-dades específicas e diferenciadas dos pro-dutos similares convencionais.

É isso que faz da nanotecnologia uma

ciência tão especial?

Na verdade, essa multiplicidade de co-nhecimentos necessários para implemen-tar essa tecnologia a torna uma ciênciatransdisciplinar, portanto, com aplica-ções multidisciplinares. O que há de no-vidade nisso tudo é que antigamente tí-nhamos ciência feita em partes – médica,física, química. Na nanotecnologia, paraconstruir conhecimento, há necessidade

de esforços multidisciplinares, dada acomplexidade desses novos materiais emescala de tamanho tão diminuta. Há ne-cessidade de esforços que convergem parao desenvolvimento desses novos produtos.

Há mais de 30 anos se fala de nano-

tecnologia na área da saúde...

Sim, é isso mesmo. O uso da nanotec-nologia para o desenvolvimento de novosmedicamentos é a área mais desenvolvi-da para aplicação médica. Isso, na ver-dade, começou há mais de 30 anos naEuropa. Os Estados Unidos, a partir dofinal da década de 1990 – ainda no go-verno Bill Clinton – tiveram uma grandeinjeção financeira para desenvolvimentode nanotecnologia e, a partir dali, entra-ram na área e hoje são o maior produtorde conhecimento. Na área de aplicaçãobiomédica, as primeiras pesquisas foramnas décadas de 1970 e 1980. As primei-ras publicações de trabalhos científicossão de 1985/1990. Exponencialmente,vemos que esse crescimento multiplicouem torno de 10 vezes nos últimos 10 anos.

miniaturaA ciência da

zar nanorobôs para entrar por veias eartérias, como os que foram criadospelo escritor Isaac Asimov e deram ori-gem ao livro e filme Viagem fantásti-

ca, em 1966, o desenvolvimento demedicamentos, equipamentos, técni-cas de diagnóstico e outras soluçõesem saúde baseadas em nanotecno-logia é uma realidade em franca ex-pansão. No Brasil já existem algunscentros de referência em nanotecno-

logia nas principais universidades doPaís. Nesta entrevista exclusiva, SilviaGuterres, mestre em Ciências Farma-cêuticas e doutora em Nanotecnologiapela Universidade de Paris, professorada Faculdade de Farmácia no Departa-mento de Produção e Controle de Me-dicamentos da Universidade Federal doRio Grande do Sul (UFRGS), explica oque a humanidade deve esperar daciência que estuda as miniaturas.

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AAdenilde Bringel

A nanotecnologia começou a evo-luir há aproximadamente 30 anos,quando cientistas descobriram comomanipular moléculas de carbono, ouroe zinco para formar conjuntos micros-cópicos que podem ser úteis na cons-trução de praticamente qualquer pro-duto em dimensões ultra-pequenas.Apesar de ainda não ser possível utili-

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19Super Saudável

Por que somente nos últimos 10 anos?

Há 30 anos, quando se começou, ha-via dificuldades com relação aos instru-mentos, aos equipamentos capazes defazer análises dessas partículas tão pe-quenas. E, na verdade, é tudo decorrên-cia de um acúmulo de conhecimento ne-cessário para que uma nova ciência setransforme em produto, em aplicação.Eu acho até que foi muito rápido. Se agente for olhar em um cenário de ciên-cia e tecnologia, ter novos produtos emuma fase temporal de 10 anos é muitopouco tempo. O crescimento foi rápido.

O que as pesquisas já indicam de con-

creto com relação ao uso da nanotec-

nologia para tratar doenças?

Para tratar doenças já temos algunsexemplos comerciais, o que comprova quea nanotecnologia não é uma promessa,mas sim algo real. Um exemplo é o trata-mento do câncer. Já existem nanopar-tículas poliméricas comercializadas, porexemplo, para tratamento de câncer he-patocelular, que são nanopartículas con-

tendo doxorrubicina, que é um antitumo-ral. Esse antitumoral, se usado convencio-nalmente, apresenta efeitos colateraiscardíacos muito grandes. Na forma na-noparticulada, a doxorrubicina é capazde ter seu efeito farmacológico sem apre-sentar o efeito colateral, porque as nano-partículas conseguem fazer essa entregada doxorrubicina no organismo sem al-cançar o coração, contornando o cora-ção, e o órgão que seria sensível aos efei-tos colaterais é poupado.

Isso ocorre por causa do tamanho

das partículas?

Por causa do tamanho, do tipo de su-perfície da partícula e também conside-rando as membranas biológicas. Cadaórgão tem uma determinada composi-ção e estruturação dessas membranas e,conhecendo essa estruturação, podemosplanejar, desenhar e fabricar partículasque vão ter a capacidade de penetraruma determinada barreira biológica ounão. É esse jogo que se faz no momentode planejar um nanocarreador.

Será possível tratar todo tipo de

câncer sem os transtornos do tra-

tamento convencional?

Teoricamente sim. Existem já casoscuja pesquisa se concretizou muito favo-rável e os medicamentos já estão no mer-cado. Porque temos essa maior seleti-vidade, ou seja, o antitumoral – que via deregra apresenta muitos efeitos colaterais– não é distribuído uniformemente no or-ganismo, e a gente consegue parcialmentedirecioná-lo. E isso torna o produto maiseficaz e mais seguro. Mas, cada pesquisadeve ser feita de forma superespecíficapara cada câncer e cada fármaco.

O Instituto Nacional de Câncer dos

Estados Unidos quer utilizar a na-

notecnologia para eliminar as mor-

tes e o sofrimento provocados pela

doença antes de 2015. A senhora

acredita nisso?

Os resultados apontam para suces-sivos sucessos, mas o que quero colocaré a cautela, porque cada caso é um caso.Cada câncer se apresenta de uma forma

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20Super Saudável

”“diferente; cada órgão tem um estruturadiferente. Um tumor é sólido, outro não.Um se aloja no cérebro, outro no fígado,no pâncreas, enfim... Por isso não pode-mos generalizar. Mas, somando tudo oque se sabe até hoje, os resultados sãomuito positivos. Por isso esse site ameri-cano já faz essa prospecção.

O tratamento contra o câncer deve

ser o mais importante com a nano-

tecnologia?

O câncer é a doença mais estudadapara aplicação da nanotecnologia, exa-tamente pela sua gravidade. Se formosfazer um levantamento nos bancos deartigos científicos, de todas as publica-ções científicas acumuladas até o mo-mento, considerando várias classes defármacos e várias doenças e nanotecno-logia, em primeiríssimo lugar é o câncere nanotecnologia, não há dúvida disso.

Que outras doenças poderiam ser tra-

tadas com as partículas minúsculas?

Por exemplo, infecções antifúngicassistêmicas como a cândida, que já tem pro-duto no mercado. Em termos de pesquisascientíficas temos uma gama enorme. Háestudos relativos ao delivery cerebral denanopartículas para tratamento de doen-ças que envolvam o sistema nervoso cen-tral, como Alzheimer e Parkinson; trata-mentos de gliomas, que são tumores cere-brais; várias aplicações por via oral paraantiinflamatórios e antiulcerosos e váriosoutros fármacos. Também existem estu-dos bastante promissores usando nano-tecnologia e terapia gênica. Outros con-sideram nanotecnologia para adminis-tração pulmonar, inclusive nanopar-tículas de insulina; existem estudos con-siderando a via oftálmica – e já há nomercado colírios nanotecnológicos. Eexiste a outra via, a primeira que foi es-tudada, que é a via cutânea. E a pele abreduas frentes diferentes: medicamentosdermatológicos e cosméticos. E em cosmé-ticos estamos frente a um outro universo.

Essa área é muito promissora?

Sim, temos uma rede de pesquisa emnanocosméticos – que eu coordeno –aprovada pelo Ministério da Ciência eTecnologia em 2005, e cujas atividadesseguem até 2009. Essa rede congrega es-forços de pesquisadores de várias univer-sidades no sentido de fomentar os estu-dos na área de nanocosméticos, tentan-do uma aproximação das universidadescom empresas para desenvolvimentodesses produtos. Isso porque a área cos-mética no Brasil é considerada portado-ra de futuro. O Brasil é o terceiro maiormercado cosmético do mundo – ficaatrás apenas de Estados Unidos e Japão– e é um setor econômico no qual temosindústrias brasileiras fazendo P&D. E jáexistem alguns produtos nanocosmé-ticos nacionais no mercado.

Qual a vantagem de um nanocosmé-

tico para a pele?

Esses produtos têm uma melhor per-formance por terem melhor capacidadede controlar a entrega do ativo cosméti-co à pele. Se pegarmos um determinadoativo e incluí-lo em um nanocarreador,conseguiremos direcionar até que exatacamada da pele queremos que ele vá. Issoé muito diferente de um produto conven-cional. Também podemos diminuir efei-tos irritantes cutâneos que um determi-nado ativo cause por estar protegidodentro dessa nanoestrutura. Além disso,podemos melhorar a questão sensorialdo produto, pois essas nanopartículassão muito pequenas e impalpáveis e, com

isso, conseguem ter um bom poder de co-bertura na pele. Outra vantagem é queo nanocosmético tem um valor agrega-do e, por isso, tem um valor comercialmais alto que o convencional.

O Brasil acompanha o resto do mun-

do nessa área?

Sem dúvida. Na área de cosméticos,até por ser um mercado vigoroso e quecresce em velocidade maior aqui do queem muitos países. Evidentemente quenosso mercado não é tão sofisticadoquanto o da França, por exemplo, masainda assim tem espaço para introduçãodessas novas tecnologias.

A senhora foi pioneira no lançamen-

to de um anestésico nanotecnológi-

co de uso tópico para pequenas ci-

rurgias no Brasil. O medicamento já

foi lançado?

Esse medicamento foi desenvolvidoem conjunto com a empresa Incrementa,de São Paulo, já foi realizado o depósitoda patente e todas as informações sobreo produto estão com a empresa.

Quanto tempo levou a pesquisa?

A parte de desenvolvimento que fize-mos na UFRGS demorou cerca de dois

ENTREVISTA DO MÊS/SILVIA GUTERRES

O câncer é a doençamais estudada para

aplicação denanotecnologia

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21Super Saudável

”“

anos, mas é fruto de um conhecimentomuito sedimentado dentro do nosso gru-po de pesquisa. O desenvolvimento foifeito aqui porque nosso grupo tinhaexpertise de 10-15 anos na área.

A UFRGS mantém os maiores exper-

tises em nanotecnologia?

Sim, nossa universidade é muito con-siderada e existem vários grupos, não so-mente na área de fármacos e cosméticos,mas também na engenharia, química,catalisadores, biotecnologia... Aqui temosinclusive uma iniciativa pioneira que é oCentro de Nanociência e Nanotecnologia(CNCT), do qual faço parte do Conselho.Atualmente é um centro virtual, emborano futuro deva ganhar estrutura física.O CNCT tem essa vocação de congregar eestimular parcerias e novas pesquisas,juntando pesquisadores de áreas diver-sas. Volto ao começo da nossa conversa:para desenvolver nanotecnologia é preci-so de esforços complementares.

A universidade é fundamental ou a

indústria já pesquisa nanotecnologia?

A prova de conceito, o início desses de-senvolvimentos, pelo menos no cenáriobrasileiro, ainda ocorre dentro da univer-sidade. Porque na universidade há todoum ambiente favorável para isso. Há vá-rias áreas, instituições multidisciplina-res... Outro ponto importante é que a na-notecnologia requer um parque instru-mental de altíssimo nível. Não são equi-pamentos convencionais que permitem fa-zer nanotecnologia e não é todo centro depesquisa que possui esses instrumentos.

O Núcleo de Assuntos Estratégicos da

Presidência da República encomen-

dou um estudo para a Universidade

Estadual de Campinas (Unicamp) pa-

ra regulamentar o uso da nanotec-

nologia. Por que é fundamental essa

regulamentação?

Não tenho conhecimento do resultadodo trabalho, mas da necessidade de regu-

lamentação não há dúvida. Esse ainda éum gargalo que temos no Brasil, ainda nãohá legislação específica e a falta de legis-lação pode travar o desenvolvimento.

É perigoso deixar que se use nano-

tecnologia indiscriminadamente?

Acho que tem de regular, porquequando falamos de nanotecnologia esta-mos falando dos mais variados produtos.Claro que os que usamos na área farma-cêutica são concebidos com materiaisbiodegradáveis, biocompatíveis... são me-dicamentos. Mas existem outros váriosmateriais que, acredito sim, possam cau-sar algum dano ambiental, algum risco.Por isso é preciso a regulamentação.

Pode haver riscos para a saúde?

Depende do tipo de nanopartícula,de nanoestrutura, de nanotecnologia.Existem algumas que são absolutamen-te seguras e outras mais novas que ain-da estão sendo estudadas e que merecempesquisas muito mais aprofundadas.

Em que outras áreas da saúde é pos-

sível trabalhar com nanopartículas?

Existem tecidos contendo nanopar-tículas de prata, muito adequados parauso hospitalar. Importante ressaltar queesses estudos são capitaneados pelos pro-fessores Oswaldo Alves e Nelson Duran,ambos da Unicamp, com resultados mui-to bons. Também existe a área de diagnós-ticos, nanopartículas metálicas ou nãopara diagnóstico de doenças, tumores.Essa é outra área bastante promissora.

Quais são os principais desafios dos

pesquisadores nesta área?

No Brasil, temos necessidade da le-gislação, que já está sendo discutida, oque é muito bem-vindo; temos falta demão-de-obra especializada, o que de-mandaria mais programas de pós-gra-duação em nanotecnologia para formarmão-de-obra capacitada. Esses desen-volvimentos nanotecnológicos precisamde pessoal capacitado; não é um profis-sional apenas com graduação que vaiconseguir fazer. A outra dificuldade sãoos insumos, a dependência que o Brasiltem para importação de insumos parafabricação desses produtos. Se essas trêsquestões fossem equacionadas, sem dúvi-da haveria um salto na velocidade e quan-tidade de desenvolvimentos no Brasil.

E os próximos passos quais são?

Vejo a questão dos estudos de segu-rança, em paralelo ao desenvolvimentodesses produtos, e a confirmação de quesão seguros tanto para o paciente quan-to para o meio ambiente. Do ponto devista farmacêutico, cada vez mais vamosbuscar alvos mais complexos. Estive emum congresso nos Estados Unidos e, nes-sa área de nanobiotecnologia, se vê umgrande interesse na área farmacêuticapara o delivery cerebral. Essa é via de ad-ministração mais nobre, mais complexa.Os pesquisadores querem desenvolverpartículas que possam promover a en-trega de fármacos cruzando a barreirahemato-encefálica, que é uma grandelimitação para a Medicina. Em paralelohá estudos sobre o câncer e sobre asdoenças degenerativas, como Alzheimere Parkinson, que tendem a aumentar emrazão do envelhecimento da população.

A nanotecnologia se configura co-

mo o futuro da Medicina?

Sim, e existem muitas outras aplica-ções, como materiais cirúrgicos, implan-tes, dispositivos e muitas outras áreas quepoderão se beneficiar da nanotecnologia.

No Brasil, temosnecessidade delegislação, que já

está sendo discutida

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22Super Saudável

O

VIDA SAUDÁVEL

Rosângela Rosendo

O Brasil é o segundo colocado no rankingdo mercado pet e deve movimentar mais deR$ 6 bilhões neste ano, segundo a AssociaçãoNacional dos Fabricantes de Alimentos paraAnimais de Estimação. Segundo alguns estu-diosos, o relacionamento entre ser humano eanimal existe há pelo menos 10 mil anos e, his-toricamente, os animais sempre tiveram papelimportante na vida e nas atividades do homem,proporcionando comida, trabalho, motivaçãoe prazer. No século 19, os primeiros pesquisa-dores dessa relação perceberam que os animaiseram uma excelente companhia para doentescom enfermidades crônicas.

Na Inglaterra, por exemplo, uma institui-ção usou cães na terapia de doenças mentais afim de abrandar os tratamentos dispensadosaos pacientes. Mas, foi durante o período pós-guerra, na década de 1940, que os Estados Uni-dos aproveitaram a presença dos cães oficiaisnos hospitais para estimular a recuperação desoldados feridos em campo de batalha. O su-porte animal colaborou com a modificação doambiente e contrabalançou os tratamentos do-

lorosos. “Carinho e sentimento de apoio foramalgumas das reações dos pacientes e incenti-varam a recuperação dos soldados”, conta a ve-terinária e psicóloga Hannelore Fuchs, funda-dora da Associação Brasileira de Zooterapia ecoordenadora do Projeto Pet Smile, criado em2001 e referência em Terapia Assistida porAnimais (TAA) no Estado de São Paulo.

Atualmente, o projeto é desenvolvido emseis instituições de reabilitação de adultos,crianças e idosos, como o Lar Escola São Fran-cisco da Universidade Federal de São Paulo(Unifesp), Instituto de Tratamento do CâncerInfantil do Instituto da Criança do Hospital dasClínicas da Universidade de São Paulo (Itaci-IC-HC-FMUSP), Santa Casa de Misericórdia deSão Paulo e Residencial Israelita Albert Eins-tein. Com o auxílio de cães, coelhos, peixes egatos, a equipe de veterinários e terapeutas doprojeto busca estimular reações multissen-soriais nos pacientes submetidos a tratamen-tos difíceis, como hemodiálise e quimioterapia,entre outros. “A presença de um animal é ca-paz de mudar qualquer ambiente e, se não con-segue motivar o tato, pelo menos desperta umolhar ou um sorriso. E isso é muito vantajoso

Terapia assistida

Zooterapiaestimula

sociabilização,humor e

bem-estar depacientes

por animais

Embora os registros científicos atribuam a origem do termo ‘co-terapeuta’ para animaisao psiquiatra norte-americano Boris Levinson, em 1969, a literatura médica brasileira indicaque, em 1950, a psiquiatra Nise da Silveira foi a autora do conceito. Avessa ao tratamento dechoque em esquizofrênicos, a especialista incluiu gatos em suas sessões terapêuticas e depintura. “Ao cuidar dos animais, os indivíduos se desligavam do mundo imaginário criado peladoença, se acalmavam, tinham menos crises e conquistavam melhor qualidade de vida”,relata a veterinária Maria de Fátima Martins, coordenadora do curso de Zooterapia da Facul-dade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), campus

CO-TERAPEUTAS

Divulgação/FMVZ USP

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23Super Saudável

EQUOTERAPIAÉ RECONHECIDAPELO CFM

Embora os trabalhos sobre terapiaassistida por animais ainda exijam maisestudos para a comprovação dos benefí-cios, desde 1997 a equoterapia (terapiacom cavalos) é reconhecida pelo Conse-lho Federal de Medicina (CFM) como mé-todo direcionado à reabilitação de indi-víduos com necessidades especiais. A ve-terinária Maria de Fátima Martins expli-ca que o andar do cavalo é muito seme-lhante ao do homem, característica queproporciona empatia, segurança e sen-sação de liberdade aos pacientes.

Crianças e adultos com paralisia ce-rebral, síndrome de Down, autismo e de-ficiências motoras são os maiores bene-ficiados pelo tratamento. Ao montar emum cavalo de média de 2,30m de altura,o paciente acompanha o ritmo de galo-pe do animal, cria autonomia e conseguemelhorar a coordenação locomotora, aflexibilidade e o tônus muscular. “Cercade 90% dos casos apresentam resultadosbastante promissores”, enfatiza a veteri-nária, ao acrescentar que a equoterapiadeve necessariamente ser acompanhadapelo médico responsável pelo paciente.

Hannelore Fuchs

para uma criança autista, por exemplo”,explica Hannelore Fuchs.

O Centro de Referência do Idoso doHospital Universitário da Universidadede Brasília (HU-UnB) também tira pro-veito dos animais no tratamento de ido-sos portadores de doenças degenerativas,como o Mal de Alzheimer. O trabalhopartiu do estudo voluntário das veteriná-rias Damaris Rizzo, Esther Odenthal eRenata Guima que, em 2004, levaramalguns cães adestrados para participardas sessões de fisioterapia dos pacientes.Segundo as especialistas, entre outros be-nefícios, a relação de afeto e as brinca-deiras com os cães têm motivado o exer-cício físico dos idosos, que se movimen-tam mais para fazer um carinho ou parajogar uma bolinha. Além disso, a TAA

tem colaborado para o resgate da memó-ria recente dos idosos, que lembram dosnomes dos cães e demonstram significa-tiva melhora de humor e bem-estar.

Pirassununga, e coordenadora dos projetos Animais em Escolas e Asilos. A médica mantémdesde 2000, na região, o programa Dr. Escargot, direcionado à educação e sociabilização decrianças de 6 a 10 anos de idade. Segundo a pesquisadora, o contato com o escargot ajudaa estimular auto-estima, cidadania e autoconfiança nas crianças. Além disso, proporcionasensação de alegria e descontração, e propicia conhecimentos sobre as formas adequadasde criar e ter um animal de estimação, com respeito a todas as formas de vida. “Os animaisservem como catalisadores sociais e de conhecimento. Além disso, atuam como uma espé-cie de endorfina natural, que estimula a sensação de bem-estar”, comenta.

Mehmet Salih Guler

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PESQUISA

24Super Saudável

Direto da colméiaGel desenvolvido à base de própolis é a mais nova armano tratamento de queimaduras de primeiro e segundo graus

de biológica e há muito já são conheci-das suas ações antimicrobiana, antiin-flamatória, antioxidante e cicatrizante,entre outras. Recentemente, mais umaaplicação foi comprovada: o tratamen-to de queimaduras.

O desenvolvimento de um produtocom essa finalidade surgiu a partir deuma pesquisa nos cursos de mestrado edoutorado da farmacêutica Andresa Ber-retta, na Faculdade de Ciências Farma-cêuticas da Universidade de São Paulo(FCFRP-USP) de Ribeirão Preto. O tra-balho foi realizado sob a orientação da

professora doutora Juliana MaldonadoMarchetti, com colaboração da profes-sora doutora Denise Crispim Tavares, naetapa de estudo do potencial genotóxicoe citotoxicidade ‘in vitro’ e ‘in vivo’, e docirurgião plástico Werther GuilhermeMarchesan, na fase clínica.

A pesquisa resultou em um gel ter-morreversível de liberação sustentadacontendo extrato padronizado de própo-lis (EPP-AF) para o tratamento de quei-maduras de primeiro e segundo graus.“Esse gel possui a característica de seapresentar na forma física líquida, quan-

A pesquisa do gel de própolis seguiu três eta-pas. Na primeira, durante o mestrado de AndresaBerretta, foi realizado estudo para padronização doextrato e desenvolvimento de três formulações con-tendo diferentes concentrações do extrato padro-nizado. “Fizemos a avaliação e caracterização doproduto, determinando as características como mó-dulo elástico e viscoso, temperatura de transiçãosol-gel, pH, teor de substâncias ativas, estabilida-de físico-química e microbiológica”, relembra.

Na segunda fase ocorreu a avaliação de eficá-cia e segurança pré-clínica e clínica do produto,durante o doutorado da pesquisadora. Nesse perío-do foram avaliadas a atividade antimicrobiana,cicatrizante e avaliação do potencial mutagênico e

Estudo em etapascitotóxico para o extrato padronizado de própolis epara as três formulações. “Na fase clínica utiliza-mos pacientes queimados que iriam para enxertia,aqueles que precisavam da retirada de pele parcialpara aplicação em uma área queimada”, afirma.

Na última etapa, uma das formulações avalia-das foi escolhida para ser comparada com o produ-to referência – uma pomada contendo nitrofura-zona –, utilizado na Unidade de Queimados do Hos-pital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USPde Ribeirão Preto (HC-FMRP). A área doadora dospacientes recebeu duas preparações, uma conten-do o gel de própolis e a outra contendo pomada denitrofurazona, e posteriormente foi feita a compara-ção quanto ao tempo necessário para cicatrização.

NDeh Oliveira

Especial para Super Saudável

Não é de hoje que as propriedadesterapêuticas da própolis são exploradaspelo homem. Na Grécia Antiga, Hipó-crates, o pai da Medicina, já prescreviaa substância para o tratamento de feri-mentos e úlceras. Os egípcios tambéma utilizavam como medicamento paracurar inúmeras doenças. Produto natu-ral, com mais de 300 compostos identi-ficados, a própolis é uma matéria-primarica em substâncias de grande ativida-

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25Super Saudável

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ção já descritos na literatura científica, como

o protocolo experimental para estudodo potencial genotóxico em sangue peri-férico de ratos wistar e o estudo de cito-toxicidade. A pesquisadora usou, ainda,avaliação da atividade antimicrobianaatravés da difusão em Agar e por mi-crodiluição em microplaca utilizando osmicrorganismos Staphylococcus aureus,Micrococcus luteus e Pseudomonas aerugi-nosa, além de avaliação do tempo de cica-trização em roedores e em áreas doado-ras de pacientes queimados (correspon-dentes a queimaduras de segundo grau).

“Realizamos um estudo sobre a com-posição da própolis obtida de várias re-giões do País e elaboramos uma formu-lação para o extrato padronizado deprópolis, de modo a manter a com-posição qualitativa e quantitati-va de algumas substânciasno insumo farmacêuticoobtido”, relata. Em

Andresa Berretta

do a baixas temperaturas, e de se gelificar‘in situ’, ou seja, quando o produto en-tra em contato com a temperatura cor-poral, forma um filme protetor sobre apele ou sobre a área lesada”, explicaAndresa Berretta.

Para a pesquisa foram utilizados mo-delos experimentais ‘in vitro’ e ‘in vivo’

seres humanos foram realizados proto-colos em áreas que simularam queima-duras de segundo grau e envolveram tes-tes em crianças, jovens e adultos, inde-pendentemente da raça. O experimentonão detectou efeitos adversos do produ-to, mas, segundo a farmacêutica, é reco-mendável evitar o uso em indivíduosalérgicos a quaisquer dos compostos desua fórmula.

Patente – O EPP-AF e o gel de própolisestão em fase de patente e o produtopode estar disponível entre 2009 e 2010.O gel será comercializado pela empresaApis Flora, financiadora da pesquisa.

Carlo Dapino

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26Super Saudável

U

TECNOLOGIA

Deh Oliveira

Especial para Super Saudável

Uma técnica cirúrgica utilizada há algumtempo para operações na glândula hipófise foiaperfeiçoada e tem surtido bons resultadospara operações de tumores cerebrais que aco-metem a base do crânio. O procedimento,bem menos invasivo, utiliza como caminhopara chegar até a área afetada a cavidade na-sal, por meio de um endoscópio. O métodofoi desenvolvido nas universidades de Pitts-burg, nos Estados Unidos, e de Nápoles, naItália, e já está sendo aplicado no Brasil naSanta Casa de Misericórdia de São Paulo, comcobertura do Sistema Único de Saúde (SUS).A cirurgia é realizada com a introdução de umendoscópio pela cavidade nasal, que permiteao médico visualizar a região afetada comimagens projetadas em uma tela de compu-tador. Além da tecnologia que permite me-lhor visualização e grau de precisão na mani-pulação da área, o aperfeiçoamento da técni-ca está relacionado com a utilização de umretalho do septo nasal para fazer o fechamen-to do acesso cirúrgico.

O procedimento é indicado principalmen-te para tumores cerebrais desenvolvidos nabase do crânio, da goteira olfatória até o fora-me magno, regiões em que o acesso pela par-te superior da cabeça é mais difícil. “Estamosfalando de uma região muito extensa. Ape-sar de ser feito pelo nariz, o grau de dificul-dade e de possíveis riscos varia enormemen-te conforme o local que se está operando”,destaca o neurocirurgião Américo Rubens Lei-te dos Santos. O tipo de tumor em que a téc-nica é mais comumente utilizada é o menigio-ma. O médico informa que os condrossarco-mas, que são tumores malignos agressivos,têm uma tendência muito grande a recidivar.Nesse caso, a cirurgia é o mais radical possí-

Menos invasivaque as operações

de cérebrotradicionais, a

cirurgia pelonariz é usada

para tratarcâncer da

base do crânio

CaminhoCaminho alternativo

Américo Rubens Leite dos Santos

vel e necessita de tratamento complementarcom radioterapia. Em mais de 90% dos casoso método é utilizado para o tratamento de tu-mores, mas também é indicado para cirurgiasem fístulas liqüóricas. O procedimento cirúr-gico é realizado sempre em conjunto com umotorrinolaringologista.

Uma das vantagens mais vi-síveis de usar as vias respiratórias como ca-nal de entrada até o cérebro é o componenteestético, pois evita marcas que podem com-prometer a auto-estima do paciente. A cirur-gia pelo nariz também dispensa o processo deabertura e fechamento do crânio e a sutura,trabalho que demanda aproximadamente duashoras. O caminho para chegar à base do crâ-nio permite, ainda, um grau de segurançamaior, já que não é preciso afastar o cérebropara chegar até a região atingida pelo tumor,o que reduz o risco de causar alguma lesãono órgão. “Todos esses fatores levam os pa-cientes a acordarem da cirurgia mais rápido,mas as possíveis complicações e o tempo derecuperação permanecem similares aos da ci-rurgia tradicional” alerta o médico.

Diferenciais –

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D

Cosméticos emcápsulas

Nutricosméticamovimenta

bilhões no mundoe começa a

lançar produtosno Brasil

Bel Alves

Especial para Super Saudável

Dizer adeus ao protetor solar e aosinúmeros cremes para hidratar e prote-ger a pele do envelhecimento é o dese-jo de homens e mulheres ao redor doplaneta. E é justamente essa ação ten-tadora que os produtos chamados denutricosméticos prometem, especial-mente na briga contra os dois princi-pais tipos de envelhecimento: o intrín-seco, que ocorre naturalmente, e o fo-toenvelhecimento provocado pela ex-posição incorreta ao sol. Não existemestudos conclusivos sobre a eficácia eos efeitos colaterais desses produtos,mas já foram aprovados pelo mercadoconsumidor. Pesquisa da Kline & Com-pany indica que, atualmente, os nu-tricosméticos movimentam em tornode US$ 1,5 bilhão na Europa, no Japão

e nos Estados Unidos. A expectativa éque esse montante chegue a US$ 2,5bilhões até 2012.

No Brasil, alguns produtos já chega-ram de forma tímida ao mercado, mas aAgência Nacional de Vigilância Sanitá-ria (Anvisa) não reconhece qualquertipo de cosmético que não seja de usotópico. Os nutricosméticos têm os re-gistros incorporados como suplementoalimentar ou alimento funcional com re-gras de rotulagem que não exploram osbenefícios estéticos. “Na Anvisa nãoexiste nada classificado ou registradocomo nutricosmético; esse nome é maisuma invenção de marketing. Se real-mente funciona seria um alimento fun-cional ou medicamento, mas não exis-tem pesquisas conclusivas que compro-vem a eficácia desses produtos no com-bate ao envelhecimento”, afirma JoãoErnesto de Carvalho, doutor em Farma-

cologia e membro da Comissão de Ali-mentos Funcionais da Anvisa.

Segundo Aparecida Machado de Mo-raes, livre-docente do Departamento deDermatologia da Faculdade de CiênciasMédicas da Universidade Estadual deCampinas (FCM-Unicamp), podem serconsiderados cosméticos os medicamen-tos de uso oral, tópicos ou alimentaresque promovam ou aumentem a belezacorporal e cutânea. O termo nutricosmé-tico é novo e foi proposto para englo-bar os recursos medicamentosos e die-téticos que possam promover a beleza.Esses produtos podem conter substân-cias como biotina, niacina, ácidos gra-xos, ômega 3, cobre, selênio, zinco, silí-cio, vitaminas C e E. “A lecitina de sojausada há muito tempo como comple-mento alimentar protéico é relatada co-mo fator de melhora da vitalidade da pe-le e dos cabelos”, exemplifica.

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BELEZA

BENEFÍCIOS

Alberto Keidi Kurebayashi

Ao mesmo tempo que gera discus-sões sobre seus reais benefícios, os nutri-cosméticos têm uma denominação que,para profissionais de saúde, precisa serrepensada. A nutricionista Anna Cas-tilho explica que a confusão começa por-que nutricosmético não é cosmético e,para a Anvisa, também não é medica-mento. “Por isso, o ideal seria chamá-lode alimento funcional ou complementoalimentar”, sugere. Para a dermatologis-ta Ana Lúcia Recio, nutricosmético é ape-nas um novo nome que a indústria decosméticos dá para produtos antioxidan-

Para o farmacêutico-bioquímicoAlberto Keidi Kurebayashi, vice-pre-sidente técnico da Associação Brasi-leira de Cosmetologia (ABC), a comu-nidade científica não pode ignoraresse conceito que, cada vez mais,cresce no mundo. O especialista in-forma que os principais benefícios dosnutricosméticos estão associados àreparação, prevenção do envelheci-mento, proteção solar, firmeza e pig-mentação da pele, crescimento, res-tauração, nutrição e fortalecimentode cabelos e unhas. “O nutricosméticodeve ser encarado como um coadju-vante que colabora em um processogeral na busca de equilíbrio, mas nãose pode atribuir a ele propriedades mi-lagrosas de beleza”, defende.

A nutricionista e consultora emPersonal Diet do Instituto de Metabo-lismo e Nutrição (IMeN), Anna Casti-lho, reforça que a nutricosmética éuma novidade que está revolucionan-do a indústria de cosméticos. Paraisso, empresas gigantes do setor dealimentação e cosmética vêm firman-do parcerias para lançar novos produ-tos que se baseiam na idéia de bio-disponibilidade de nutrientes para pro-mover desde a hidratação até a foto-proteção da pele. A especialista apon-ta o revestrol encontrado no vinho, aisoflavona da soja e a vitamina C, queprevinem o envelhecimento da pele, ea combinação do chá verde com oPolypodium leocotomos, que promo-ve fotoproteção, como alguns dos inú-meros benefícios. “Acredito que esteseja um caminho promissor para me-lhorar a estética e a beleza da pele,mas não é possível afirmar que, ao to-mar a pílula, o indivíduo vai ficar 10anos mais jovem”, acrescenta.

Denominação polêmica

tes. Na literatura médica existem traba-lhos que demonstram os benefícios douso de antioxidantes como complemen-to de tratamentos dermatológicos. Os es-tudos indicam que os antioxidantes im-pedem a peroxidação lipídica da gordu-ra que reveste a superfície cutânea, mini-mizando a formação de radicais livres so-bre a pele que causariam malefícios. “Par-ticularmente, adoto os antioxidantes poracreditar que atuam não somente na pele,mas também beneficiando a saúde deforma geral e melhorando a performan-ce orgânica”, enfatiza a médica.

Ana Lúcia Recio

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ALIMENTOS SAUDÁVEIS Desde que foi criada no Japão, em 1935, a Yakult mantém a filosofia de seu

fundador. O médico Minoru Shirota afirmou, ao longo de sua vida, que ‘o intestinosaudável conduz à longevidade’. Com esse conceito, a empresa desenvolve ali-mentos que têm o objetivo de manter o bom funcionamento intestinal e, comisso, melhorar a saúde geral de crianças, adultos e idosos. Para cumprir comessa meta de oferecer ao consumidor a possibilidade de ingerir alimentos saudá-veis, a Yakult mantém uma linha composta de sobremesa láctea Sofyl e leitefermentado com probióticos Lactobacillus casei Shirota (tradicional e Yakult 40),suco de maçã natural, bebida à base de extrato de soja Tonyu, bebida lácteafermentada Yodel e suplementos vitamínicos Hiline e Taffman-E, para mulheres ehomens, respectivamente.

João Ernesto de CarvalhoAnna Castilho

Cosméticos comestíveisA frase ‘somos o que comemos’, dita

por Hipócrates, pai da Medicina, é una-nimidade entre os especialistas quandoo assunto é amenizar os efeitos do en-velhecimento no organismo e na pele.Portanto, uma alimentação rica em ali-mentos que contêm vitaminas e mine-rais antioxidantes, aliada à prática deatividade física e a boas horas de sono,pode reverter os danos causados pelotempo e melhorar a qualidade da pele.Segundo a nutricionista Anna Castilho,a alimentação é capaz de ajudar a pre-venir o envelhecimento, mas é precisouma certa disciplina que inclui a inges-tão diária de alimentos integrais, de pelomenos 1,5 litro de água ao dia, de três aquatro porções de hortaliças e frutas,além de evitar o açúcar refinado e asgorduras saturada e trans.

“Todas as pessoas vão sofrer com oenvelhecimento, isso é fato. Mas, esseprocesso pode ser menos acelerado comalimentação equilibrada e, se possível,com a inclusão de alimentos funcionais,como a aveia, os chás branco, verde eamaranto e a quinoa real”, orienta a es-

mento intestinal, porque quem não temvive sempre enfezado”, diz o professor.O fato é que, ao ficar irritado e contrairos músculos faciais, o indivíduo vai con-tribuir para o aparecimento de rugas emarcas de expressão.

pecialista. João Ernestode Carvalho, da Co-missão de Ali-mentos Funcio-nais da Anvisa,concorda que umaalimentação equilibra-da e a inclusão de alimentosfuncionais e probióticos ajudam a mini-mizar os efeitos do tempo no organis-mo, como também melhoram o funcio-namento do intestino e trazem mais fe-licidade. “Alguns profissionais afirmamque felicidade é ter um bom funciona-

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DESTAQUE

De casa novaLeite fermentadoYakult 40 passa a sercomercializado emlojas diferenciadasdo varejo

O Yakult 40 é considerado ‘premium’na categoria de leites fermentados, devi-do à inovação tecnológica utilizada parasua fabricação. O produto contém 40 bi-lhões de Lactobacillus casei Shirota porfrasco e é indicado para pessoas que le-vam uma vida agitada, além de muitasvezes não manterem uma dieta saudávele consumirem álcool e medicamentos.Com esse quadro, as bactérias benéficaspresentes na microbiota intestinal ficamem franca desvantagem frente às pato-gênicas. Na terceira idade a situação éainda pior, pois há perda natural de re-sistência e conseqüente domínio das bac-térias nocivas, deixando o organismo vul-nerável ao surgimento de infecções. Oconsumo regular dos alimentos com pro-bióticos como os Lactobacillus casei Shi-rota visa regularizar esse quadro de de-sequilíbrio na microbiota intestinal.

O produto passa a ser oferecido, nesteprimeiro momento, em algumas lojas se-lecionadas das redes Sonda, em São Pau-lo, Cia Beal de Alimentos, em Curitiba (Pa-raná) e Verdemar, em Belo Horizonte (Mi-nas Gerais). Duas degustadoras por lojainformam o valor científico do alimento e

orientam os consumidores sobre qual é oproduto mais adequado para o seu perfil.Pela necessidade de divulgação nas lojase por ser um produto mais sensível que oleite fermentado tradicional, por causa daquantidade de Lactobacillus casei Shirotaque possui, o Yakult 40 estará disponível,nesta primeira etapa no varejo, apenasem alguns estados.

Segmentação – Comercializado emquatro lojas da Cia Beal de Alimentos, oYakult 40 já é considerado um sucesso devendas. “A aceitação está excelente e onosso público está muito satisfeito com oproduto”, afirma Genésio Torcino Paixão,gestor de perecíveis da rede, que possuilojas diferenciadas voltadas ao público A-B da capital paranaense. O gestor afirmaque a parceria com a Yakult foi importan-te, porque as duas empresas atendem umpúblico exigente e que se preocupa com asaúde. Segundo Genésio Paixão, os con-sumidores da rede têm buscado mais pro-dutos à base de soja e com pouco açúcar,entre outros alimentos saudáveis.

Com três lojas em bairros nobres deBelo Horizonte, a rede Verdemar tam-

DAdenilde Bringel

Desde que foi lançado, o leite fermen-tado Yakult 40 era oferecido aos consu-midores brasileiros por meio da mais tra-dicional força de vendas da Yakult, quesão as comerciantes autônomas (CA). Noentanto, com a mudança do perfil dasfamílias e das residências, especialmen-te das classes média e alta – estimuladapela ida maciça das mulheres para o mer-cado de trabalho e pela tendência de mo-radias em edifícios e condomínios –, oacesso a muitos consumidores ficou limi-tado. E essa foi uma das principais razõesde a multinacional japonesa firmar par-ceria com redes de supermercados paraoferecer o produto no varejo.

Verdemar tem trêslojas em bairros nobresde Belo Horizonte

Cia Beal comercializao produto em Curitiba

Fotos: Divulgação

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Com investimento de R$ 4 milhões, a Yakult voltou à mídia em setembro com nova campanha publicitária, que estásendo veiculada nos mercados de Curitiba, Belo Horizonte e em todo o Estado de São Paulo até outubro. A peça centralé o filme ‘Mudanças’, que apresenta as diferenças de estilo de vida de quem consome o leite fermentado Yakult tradicio-nal e o Yakult 40. O comercial mostra as atividades realizadas no dia-a-dia de cinco personagens – uma jovem, um rapaz,um executivo, uma médica e uma sofisticada senhora – desde o momento em que acordam. A dinâmica do filme éreforçada pela utilização das cores vermelha e azul, que diferenciam os estilos de vida e representam as embalagens deYakult e Yakult 40, respectivamente.

O leite fermentado Yakult foi o primeiro da categoria a ser reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) como ‘alimento com alegações de propriedades funcionais’, em 2001. A quantidade de Lactobacillus casei Shirotado Yakult 40 supera em 50 vezes o padrão estabelecido pelo Kosseisho, órgão japonês equivalente ao Ministério da Saúdedo Brasil. Com isso, a empresa reforça o compromisso, assumido há mais de 70 anos, de atuar com a promoção da saúde.

CAMPANHA APRESENTA O PRODUTO

bém passa a oferecer o Yakult 40 aos exi-gentes consumidores, com exclusividadeem Minas Gerais. “A proposta de traba-lho da Yakult foi muito interessante, por-que o Yakult 40 tem tudo a ver com operfil do nosso público”, ressalta o geren-te comercial Cássio Guilherme Coutinho.A Verdemar possui lojas compactas e éforte no segmento de padaria e adega,com mais de mil rótulos de vinhos.

Cássio Coutinho informa que o clien-te da rede também está muito preocupa-do com a saúde e procura por produtoslight e diet, alimentos funcionais e deri-vados de soja, entre outros alimentos sau-dáveis. E esse é um dos motivos da boaaceitação do Yakult 40. “Com o novo pro-

duto agregamos um valorimportante na oferta de ali-mentos saudáveis paraos clientes”, reforça.Além do Yakult 40, asredes Sonda, Beal eVerdemar trabalham comoutros produtos da Yakult, comoleite fermentado tradicional, sobremesaláctea Sofyl, alimento à base de extratode soja Tonyu, suplementos vitamínicosTaffman-E e Hiline, suco de maçã e bebi-da láctea fermentada Yodel.

Sonda é uma das redes

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Ú

TURISMOTURISMO

Juliana Fernandes

*Especial para Super Saudável

Único representante da América La-tina na lista dos 10 países mais visitadosdo mundo, o México recebeu em 2007cerca de 21 milhões de turistas, quatrovezes mais que o Brasil. Um dos motivosque explicam tamanha euforia pelo Mé-xico é a diversidade de paisagens. O paísdo chili (pimenta), dos sombreros (cha-péus de abas largas) e da tequila reservaexperiências inesquecíveis como o mer-gulho em praias paradisíacas, o contatocom o patrimônio histórico colonial e avisita aos milenares sítios arqueológicosoutrora habitados por civilizações comoolmecas, toltecas, astecas e maias. O pró-prio nome do país teria origem na expres-são mexicas, outra forma de designaçãodos astecas. A porta de entrada é a Cida-

de do México, capital do país cuja regiãometropolitana é uma das mais populo-sas do mundo, com aproximadamente 20milhões de habitantes. Os deslocamen-tos a pé ou de metrô, que possui 11 li-nhas e 175 estações, são bastante váli-dos para fugir do trânsito, que é aindamais caótico que o de São Paulo.

A Cidade do México foi erguida em1521, a mando do governo espanhol,sobre as ruínas de Tenochtitlan, capitaldo império asteca fundada no século 14.A construção da atual capital começoujustamente onde hoje está o marco zero,a Praça da Constituição rodeada pela Pre-feitura e pelo Palácio Nacional (sede dogoverno federal). Na mesma praça en-contram-se, ainda, a Catedral Metropo-litana – em estilo barroco, é a maior daAmérica Latina – e o Palácio de Belas Ar-tes, construído em mármore importado

da Europa com cúpula coberta de cristais.O conjunto forma o centro histórico, con-siderado patrimônio da humanidade pe-la Organização das Nações Unidas paraa Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).Nas proximidades, resquícios da civi-lização asteca estão presentes nas ruí-nas do Templo Maior. Redescoberto em1978 após escavações, o local era palcode cerimônias religiosas e sacrifícios hu-manos. Para conhecer mais a históriadas civilizações que habitaram o país, adica é visitar as 12 galerias do MuseuNacional de Antropologia, no parque deChapultepec.

Outro símbolo mexicano são as Basí-licas de Nossa Senhora de Guadalupe,padroeira do país e da América Latina. Amais antiga é do século 16 e fica na coli-na de Tepeyac, ao norte da capital, mes-mo local onde o índio Juan Diego presen-

Múltiplas

Monumentosmilenares e um doslitorais mais bonitos

do mundo colocam oMéxico na lista dosdestinos preferidos

pelos turistas

paisagens

Chichen Itza abriga apirâmide Kukulcan

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SOMBRA E ÁGUA FRESCA Com 11 mil quilômetros de praias espalhadas por dois oceanos, o litoral mexicano

também encanta os turistas. Acapulco, na costa do Pacífico, despontou para o turismo apartir de 1950 quando foi cenário de vários filmes. Desde a década de 1930, mergulhado-res conhecidos como clavadistas escalam o penhasco de La Quebrada e saltam de maisde 30 metros em uma fenda nas águas azuis. Ainda no Pacífico estão Puerto Vallarta, entreo oceano e as montanhas, ponto de mergulho e de observação de baleias; Puerto Escon-dido, paraíso dos surfistas; e Los Cabos, na península de Baja Califórnia, fronteira com osEstados Unidos, reduto de hotéis sofisticados. O lado oposto do país concentra o marturquesa e a areia branca do Caribe, cujo representante mais famoso é Cancun, na penín-sula de Yucatán, com cerca de 20km de praias e próximo aos sítios arqueológicos maias.Cancun, planejada para receber os turistas a partir dos anos 1970, é ponto de partida paraCozumel, a maior ilha do México e local de mergulho com visibilidade de até 30 metros.Outra ilha de destaque é Mujeres, a menos de meia hora de barco de Cancun.

Dos mais celebrados astecas e maiasaos menos conhecidos olmecas, toltecase zapotecas, a presença das civilizaçõesmesoamericanas – Mesoamérica é umaexpressão referente à região que com-preende o Planalto Central Mexicano atéa fronteira com Belize e Honduras e a Pe-nínsula de Yucatán no leste – está enrai-zada na história do México. Nos oitograndes sítios arqueológicos espalhadospelo país é possível imaginar o que eraviver na América pré-colombiana e se de-parar com maravilhas arquitetônicas in-trigantes. Um dos mais famosos é o de

Teotihuacan, na cidade de San JuanTeotihuacan, a apenas 50km ao norte daCidade do México. As pirâmides, tem-plos, palácios, altares e casas, de autoriaaté hoje desconhecida, já eram visitadospelos astecas no século 16, que a consi-deravam uma cidade sagrada. Entre asgrandes atrações estão as pirâmides daLua e do Sol e a calçada dos mortos.

Monte Albán, a capital dos zapotecaserguida sobre uma colina a cerca de 10kmde onde hoje é a cidade de Oaxaca, tam-bém não pode ficar fora do roteiro. Oaxacaé outra atração devido ao centro histórico

preservado em casarões de 300 anos. Paraconferir a arquitetura maia, as opções sãoos sítios de Chichen Itza, na península deYucatán, e de Tulum, em um rochedo comvista para o Caribe. O primeiro, eleito em2007 uma das sete novas maravilhas domundo, tem como principal construção apirâmide de Kukulcan, dedicada ao deusde mesmo nome, divindade da guerrapara os maias. Nos dias 21 de março e 22de setembro, equinócios de primavera eoutono no Hemisfério Norte, o pôr-do-solforma a figura de uma serpente, à sombrade Kukulcan, ao longo da escadaria.

Tesouros históricos

*Com supervisão de Adenilde Bringel

ciou diversas aparições da santa. Bempróximo do local foi construída a basílicanova, da década de 1970. Outro passeioque deve ser feito é ao Parque Ecológicode Xochimilco, no sul da cidade, tambémconsiderado patrimônio histórico da hu-manidade. Trajineras (pequenas barcasenfeitadas com flores) coloridíssimas le-vam os turistas pela imensa rede de ca-nais que fazem com que a localidadeseja conhecida como a Veneza mexica-na. Durante o trajeto, os turistas encon-tram os populares mariachis (gruposmusicais com trajes típicos que tocamserenatas e canções regionais). Por fa-lar em cores, o subúrbio de Coyoacánabriga o Museu Frida Kahlo, instaladono mesmo local onde a famosa artistamexicana passou parte da vida, trans-formada em filme protagonizado pelaatriz Salma Hayek em 2002.

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Pirâmide do Sol, em Teotihuacan Palácio de Belas Artes

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“Tenho necessidade dereceber revistas paradivulgação e trabalhoscom minha comunidade.”Marlene MazerGuaratuba – PR.

“Estava lendo a revista em umconsultório dentário e acheimuito interessante. Souestudante de Biomedicinae consumidor Yakult.”Hércules J. RebelatoAraras – SP.

“Trabalho como biólogo naUniversidade Estadual deCampinas (Unicamp) e tive oprazer de ter contato com arevista Super Saudável n° 39,através de um médico amigomeu. A revista constitui-seem uma boa fonte de pesquisae divulgação em saúde.”Fernando Pena CandelloIndaiatuba – SP.

“Tive oportunidade de conhecera revista Super Saudávelvisitando um consultório médicoe fiquei bastante impressionadacom a qualidade dos artigosabordados. Sou farmacêuticae atualmente faço um cursoTécnico de Nutrição e Dietética.”Solange Aparecida Carneirode SouzaPiracicaba – SP.

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“Sou coordenadora do cursode graduação em Nutrição daUniversidade Metodista dePiracicaba – Campus Lins, erecebo a revista Super Saudávelatualmente. Por consideraro conteúdo da revista muitointeressante e atual, solicitoo envio para a instituiçãocomo material de consultada biblioteca para os alunosdo curso.”Luciene de Souza VenâncioLins – SP.

“Sou nutricionista e tive aoportunidade de conhecera revista Super Saudável.Achei muito interessante,principalmente as matériasligadas à área de nutrição.”Juliana Mendes Pio BóiamSão Paulo – SP.

“Trabalho em um consultórioe acho que as informaçõescontidas na revista podemser interessantes para osnossos pacientes.”Francislene Magda da SilvaRibeirão Pires – SP.