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Súmula n. 256

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Súmula n. 256

(*) SÚMULA N. 256 (CANCELADA)

O sistema de “protocolo integrado” não se aplica aos recursos dirigidos ao

Superior Tribunal de Justiça.

Referência:

CPC, art. 541.

Precedentes:

AgRg no Ag 44.844-SP (3ª T, 24.02.1994 – DJ 11.04.1994)

AgRg no Ag 50.668-SP (1ª T, 11.05.1994 – DJ 06.06.1994)

AgRg no Ag 91.286-SP (4ª T, 09.04.1996 – DJ 10.06.1996)

AgRg no Ag 146.451-SP (5ª T, 19.03.1998 – DJ 27.04.1998)

AgRg no Ag 153.708-SP (3ª T, 16.09.1997 – DJ 27.10.1997)

AgRg no Ag 208.971-PR (3ª T, 03.12.1999 – DJ 13.03.2000)

AgRg no Ag 327.139-SP (4ª T, 07.12.2000 – DJ 05.03.2001)

AgRg no REsp 211.121-PB (6ª T, 26.10.1999 – DJ 05.06.2000)

EDcl no Ag 249.238-SP (6ª T, 28.09.1999 – DJ 08.11.1999)

EDcl no AgRg no

Ag 115.189-SP (4ª T, 25.02.1997 – DJ 24.03.1997)

REsp 38.585-SP (4ª T, 20.10.1993 – DJ 29.11.1993)

REsp 107.496-SP (4ª T, 05.11.1996 – DJ 02.12.1996)

Corte Especial, em 1º.08.2001

DJ 22.08.2001, p. 338

(*) Julgando o AgRg no Ag n. 792.846-SP, na sessão de 21.05.2008, a

Corte Especial deliberou pelo CANCELAMENTO da Súmula n. 256.

DJe 09.06.2008 – ed. n. 156

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 792.846-SP (2006/0153268-0)

Relator: Ministro Francisco Falcão

Relator para o acórdão: Ministro Luiz Fux

Agravante: Supermercado Barbizan Ltda.

Advogado: Ricardo Vendramine Caetano e outro(s)

Agravado: Fazenda do Estado de São Paulo

Procurador: André Brawerman e outro(s)

EMENTA

Processual Civil. Agravo regimental em agravo de instrumento. Art. 545 do CPC. Protocolo integrado. Recursos dirigidos aos Tribunais Superiores. Possibilidade. Cancelamento da Súmula n. 256 do STJ.

1. A Lei n. 10.352, de 26 de dezembro de 2001, alterou o parágrafo único do artigo 547 do Código de Processo Civil visando a permitir que em todos os recursos, não só no agravo de instrumento (artigo 525, § 2º, do CPC), pudesse a parte interpor a sua irresignação através do protocolo integrado.

2. Atenta contra a lógica jurídica conceder-se referido benefício aos recursos interpostos na instância local onde a comodidade oferecida às partes é mais tênue do que com relação aos recursos endereçados aos Tribunais Superiores.

3. Deveras, a tendência ao efetivo acesso à Justiça, demonstrada quando menos pela própria possibilidade de interposição do recurso via fax, revela a inequivocidade da ratio essendi do artigo 547, parágrafo único, do CPC, aplicável aos recursos em geral, e, a fortiori, aos Tribunais Superiores.

4. “Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.” (Art. 547 do CPC)

5. O Egrégio STF, no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 476.260-SP, em 23.02.2006, assentou que “a Lei n.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

262

10.352, de 26.12.2001, ao alterar os artigos 542 e 547 do CPC, afastou o obstáculo à adoção de protocolos descentralizados. Esta nova regra processual, de aplicação imediata, se orienta pelo critério da redução de custos, pela celeridade de tramitação e pelo mais facilitado acesso das partes às diversas jurisdições.”

6. Agravo regimental provido, divergindo do E. Relator, com o conseqüente cancelamento da Súmula n. 256 do Egrégio STJ.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da Corte Especial

do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, após o voto-vista do Sr. Ministro Luiz Fux, por maioria,

dar provimento ao agravo regimental e revogar a Súmula n. 256, vencidos os Srs.

Ministros Relator e Fernando Gonçalves.

Lavrará o acórdão o Sr. Ministro Luiz Fux. Os Srs. Ministros João Otávio

de Noronha, Teori Albino Zavascki, Arnaldo Esteves Lima, Castro Meira,

Massami Uyeda, Nilson Naves, Cesar Asfor Rocha, Ari Pargendler, José

Delgado, Felix Fischer, Gilson Dipp, Eliana Calmon, Paulo Gallotti, Nancy

Andrighi e Laurita Vaz que retificou seu voto, acompanharam o voto do

Ministro Luiz Fux.

Ausentes, justifi cadamente, os Srs. Ministros Aldir Passarinho Junior,

Hamilton Carvalhido e Francisco Falcão.

Brasília (DF), 21 de maio de 2008 (data do julgamento).

Ministro Humberto Gomes de Barros, Presidente

Ministro Luiz Fux, Relator para o acórdão

DJe 03.11.2008

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Francisco Falcão: Trata-se de agravo regimental interposto

pelo Supermercado Barbizan Ltda. contra decisão que proferi negando

seguimento ao agravo de instrumento em epígrafe, tendente a viabilizar o

trânsito de recurso especial, que versa sobre ICMS.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 263

Na decisão de fl s. 112, neguei seguimento ao agravo de instrumento em

face da intempestividade do apelo nobre.

Sustenta o agravante, em termos sucintos, que o protocolo do recurso

especial “foi feito, exatamente, no dia 20.02.2006, na comarca de Barretos-SP,

no sistema de protocolo descentralizado”. Considera que deve prevalecer o

entendimento da Lei n. 10.352/2001. Cita decisão proferida pelo Plenário do

Supremo Tribunal Federal que reconheceu como válido o protocolo integrado.

Ao fi nal, pugna pela reconsideração do decisum ou a apresentação do feito em

mesa.

É o relatório.

Em mesa, para julgamento.

VOTO VENCIDO

Ementa: Processual Civil. ICMS. Agravo regimental. Agravo

de instrumento. Recurso especial intempestivo. Protocolo integrado.

Inaplicabilidade. Enunciado Sumular n. 256-STJ. Precedentes.

I - É pacífi co o entendimento desta Corte no sentido de que o

sistema de protocolo integrado é inaplicável aos recursos dirigidos

ao Superior Tribunal de Justiça, conforme dispõe a Súmula n. 256

deste Sodalício, que continua em plena vigência, a teor do que restou

estabelecido na apreciação da Questão de Ordem no AG n. 493.403-

SP. Precedentes: AgRg nos EREsp n. 672.800-CE, Corte Especial,

Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 23.10.2006; AgRg nos EAg

n. 592.429-SC, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 13.08.2007.

II - Agravo regimental improvido.

O Sr. Ministro Francisco Falcão (Relator): Tenho que o presente agravo

não merece provimento.

É pacífi co o entendimento desta Corte no sentido de que o sistema de

protocolo integrado é inaplicável aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal

de Justiça, conforme dispõe a Súmula n. 256 deste Sodalício, que continua em

plena vigência, a teor do que restou estabelecido na apreciação da Questão de

Ordem no AG n. 493.403-SP.

Nesse sentido, confi ram-se os seguintes julgados, litteris:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

264

Processual Civil. Agravo regimental nos embargos de divergência. “Protocolo integrado”. Inaplicabilidade dos recursos especiais dirigidos ao STJ. Subsistência da Súmula n. 256-STJ. Dissídio jurisprudencial superado. Súmula n. 168-STJ. Precedentes da Corte Especial.

É pacífi co o entendimento desta eg. Corte Especial no sentido da subsistência da Súmula n. 256-STJ, a qual prevê a inaplicabilidade dos chamados “protocolos integrados” aos recursos especiais dirigidos ao STJ, após a edição da Lei n. 10.352/2001.

Dissídio jurisprudencial superado (Súmula n. 168-STJ).

Agravo regimental improvido. (AgRg nos EREsp n. 672.800-CE, Corte Especial, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de 23.10.2006, p. 235).

Processual Civil. Embargos de divergência. Admissibilidade. Dissídio ultrapassado. Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. Aplicação da Súmula n. 256-STJ. Precedente da Corte Especial.

1. É cediço neste Eg. STJ que: “Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se fi rmou no mesmo sentido do acórdão embargado.” (Súmula n. 168-STJ).

2. Mister que o dissídio jurisprudencial seja atual para fi ns de admissão dos embargos de divergência não bastando, portanto, que existam julgados antigos que se contraponham com a jurisprudência contemporânea.

3. “Os embargos de divergência pressupõem identidade de fato e solução normativa diversa, com o escopo de uniformizar a jurisprudência. Para fundamentar o cabimento do recurso em questão, deve ser demonstrada a existência de dissídio jurisprudencial atual, cabendo a esta Corte Superior tão-somente uniformizar o direito infraconstitucional.” (EREsp n. 312.518-AL, Rel. p/ acórdão Ministra Denise Arruda)

4. In casu, o precedente colacionado como paradigma, já não mais refl ete a jurisprudência da Corte Especial que manteve válida a redação da Súmula n. 256-STJ, verbis: “O sistema de ‘protocolo integrado’ não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça”.

5. A Corte Especial no julgamento da QOAG n. 496.403-SP, Relator Ministro Fernando Gonçalves, DJ de 09.08.2004 se manifestou no sentido de que a despeito de a Lei n. 10.352/2001 ter alterado os arts. 542 e 547 do CPC, a fi m de permitir a descentralização, pelos Estados, de seus protocolos, tal disposição não alcança os recursos de competência deste Tribunal, permanecendo o disposto no art. 27 da Lei n. 8.038/1990.

6. O Órgão Especial, na ocasião do novel julgado proferido no dia 03.05.2006, em proposta da Min. Nancy Andrighi de revisão da Súmula n. 256-STJ, negou provimento ao recurso, invocando decisão recente e semelhante à proposta de revisão da Súmula no AgRg no Ag n. 496.403-SP, e por maioria, manteve a redação

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 265

da Súmula n. 256-STJ. (AgRg no Ag n. 737.123-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03.05.2006). Publicado no Informativo de Jurisprudência n. 283, de 02 a 05 de maio de 2006.

7. Agravo Regimental desprovido. (AgRg nos EAg n. 592.429-SC, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 13.08.2007).

Destarte, não tendo o agravante conseguido infirmar o referido

entendimento, não vejo como reformar o decidido.

Ante o exposto, nego provimento ao presente agravo regimental.

É como voto.

VOTO-VISTA VENCEDOR

O Sr. Ministro Luiz Fux: O E. Relator assim expôs a controvérsia:

Trata-se de agravo regimental interposto pelo Supermercado Barbiza Ltda., contra decisão que proferi negando seguimento ao agravo de instrumento em epígrafe, tendente a viabilizar o trânsito de recurso especial, que versa sobre ICMS.

Na decisão de fl s. 112, neguei seguimento ao agravo de instrumento em face da intempestividade do apelo nobre.

Sustenta o agravante, em termos sucintos, que o protocolo do recurso especial “foi feito, exatamente, no dia 20.02.2006, na comarca de Barretos-SP, no sistema de protocolo descentralizado”. Considera que deve prevalecer o entendimento da Lei n. 10.352/2001. Cita decisão proferida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal que reconheceu como válido o protocolo integrado. Ao fi nal, pugna pela reconsideração do decisum ou a apresentação do feito em mesa.

É o relatório.

Em mesa, para julgamento.

Em seu voto, o E. Relator assenta:

Tenho que o presente agravo não merece provimento.

É pacífico o entendimento desta Corte no sentido de que o sistema de protocolo integrado é inaplicável aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça, conforme dispõe a Súmula n. 256 deste Sodalício, que continua em plena vigência, a teor do que restou estabelecido na apreciação da Questão de Ordem no AG n. 493.403-SP.

Nesse sentido, confi ram-se os seguintes julgados, litteris:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Processual Civil. Agravo regimental nos embargos de divergência. “Protocolo integrado”. Inaplicabilidade dos recursos especiais dirigidos ao STJ. Subsistência da Súmula n. 256-STJ. Dissídio jurisprudencial superado. Súmula n. 168-STJ. Precedentes da Corte Especial.

É pacífico o entendimento desta eg. Corte Especial no sentido da subsistência da Súmula n. 256-STJ, a qual prevê a inaplicabilidade dos chamados “protocolos integrados” aos recursos especiais dirigidos ao STJ, após a edição da Lei n. 10.352/2001.

Dissídio jurisprudencial superado (Súmula n. 168-STJ).

Agravo regimental improvido. (AgRg nos EREsp n. 672.800-CE, Corte Especial, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 23.10.2006, p. 235).

Processual Civil. Embargos de divergência. Admissibilidade. Dissídio ultrapassado. Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. Aplicação da Súmula n. 256-STJ. Precedente da Corte Especial.

1. É cediço neste Eg. STJ que: “Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado.” (Súmula n. 168-STJ).

2. Mister que o dissídio jurisprudencial seja atual para fi ns de admissão dos embargos de divergência não bastando, portanto, que existam julgados antigos que se contraponham com a jurisprudência contemporânea.

3. “Os embargos de divergência pressupõem identidade de fato e solução normativa diversa, com o escopo de uniformizar a jurisprudência. Para fundamentar o cabimento do recurso em questão, deve ser demonstrada a existência de dissídio jurisprudencial atual, cabendo a esta Corte Superior tão-somente uniformizar o direito infraconstitucional.” (EREsp n. 312.518-AL, Rel. p/ acórdão Ministra Denise Arruda)

4. In casu, o precedente colacionado como paradigma, já não mais refl ete a jurisprudência da Corte Especial que manteve válida a redação da Súmula n. 256-STJ, verbis: “O sistema de ‘protocolo integrado’ não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça”.

5. A Corte Especial no julgamento da QOAG n. 496.403-SP, Relator Ministro Fernando Gonçalves, DJ de 09.08.2004 se manifestou no sentido de que a despeito de a Lei n. 10.352/2001 ter alterado os arts. 542 e 547 do CPC, a fi m de permitir a descentralização, pelos Estados, de seus protocolos, tal disposição não alcança os recursos de competência deste Tribunal, permanecendo o disposto no art. 27 da Lei n. 8.038/1990.

6. O Órgão Especial, na ocasião do novel julgado proferido no dia 03.05.2006, em proposta da Min. Nancy Andrighi de revisão da Súmula n. 256-STJ, negou provimento ao recurso, invocando decisão recente e semelhante à proposta de revisão da Súmula no AgRg no Ag n. 496.403-SP,

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 267

e por maioria, manteve a redação da Súmula n. 256-STJ. (AgRg no Ag n. 737.123-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03.05.2006). Publicado no Informativo de Jurisprudência n. 283, de 02 a 05 de maio de 2006.

7. Agravo Regimental desprovido. (AgRg nos EAg n. 592.429-SC, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 13.08.2007).

Destarte, não tendo o agravante conseguido infi rmar o referido entendimento, não vejo como reformar o decidido.

Ante o exposto, nego provimento ao presente agravo regimental.

É como voto.

Concessa venia, ouso divergir.

É que a Lei n. 10.352, de 26 de dezembro de 2001, alterou o parágrafo único do artigo 547 do Código de Processo Civil visando a permitir que em todos os recursos, não só no agravo de instrumento (artigo 525, § 2º, do CPC), pudesse a parte interpor a sua irresignação através do protocolo integrado.

Atenta contra a lógica jurídica conceder-se referido benefício aos recursos interpostos na instância local onde a comodidade oferecida às partes é mais tênue do que com relação aos recursos endereçados aos Tribunais Superiores.

Deveras, a tendência ao efetivo acesso à Justiça, demonstrada quando menos pela própria possibilidade de interposição do recurso via fax, revela a inequivocidade da ratio essendi do artigo 547, parágrafo único, do CPC, aplicável aos recursos em geral, e, a fortiori, aos Tribunais Superiores.

O Egrégio STF, no julgamento do AgRg no AI n. 476.260-SP, em 23.02.2006, sob a relatoria do E. Min. Carlos Britto, DJ de 16.06.2006, assentou o seguinte entendimento, litteris:

Ementa: Agravo regimental em agravo de instrumento. Recurso extraordinário interposto pelo sistema de protocolo descentralizado. Admissibilidade. A Lei n. 10.352, de 26.12.2001, ao alterar os artigos 542 e 547 do CPC, afastou o obstáculo à adoção de protocolos descentralizados. Esta nova regra processual, de aplicação imediata, se orienta pelo critério da redução de custos, pela celeridade de tramitação e pelo mais facilitado acesso das partes às diversas jurisdições. Agravo regimental provido para determinar a subida do recurso extraordinário e assim possibilitar melhor exame do feito.

Ademais, o tema restou recentemente debatido na Comissão

de Jurisprudência, no expediente n. GVP 50/07, de 23 de julho de 2007,

encaminhado pela Vice-Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil -

OAB, Secção de São Paulo, nos seguintes termos:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

268

É de sabença que a ordem processual sofre, hodiernamente, notável infl uxo dos princípios da efetividade e do amplo acesso à Justiça, através de inúmeras técnicas processuais.

Uma das referidas técnicas foi inaugurada através da possibilidade de interposição de recursos via fac-simile e através do protocolo integrado, metodologia que encontra óbice na Súmula n. 256 do Eg. STJ, sem que haja plausibilidade hodierna nos fundamentos que induziram à sua edição.

Consectariamente, inúmeras polêmicas têm surgido acerca do tema, sendo certo que esta Comissão foi instada a manifestar-se à luz do Ofício GPV n. 50/07 da OAB-SP, de 23 de julho de 2007.

Forçoso destacar que inicialmente haviam dois óbices insuperáveis à utilização do sistema de protocolo integrado para os recursos destinados ao STJ: o primeiro era a antiga redação do caput do art. 542 do CPC, segundo a qual a protocolização do recurso especial deveria ocorrer na própria secretaria do Tribunal de origem; o segundo, a ausência de dispositivo de legislação federal autorizando a utilização do protocolo integrado. Calcados nesses aspectos legais, a jurisprudência do Tribunal encaminhou-se para a edição da Súmula, especifi camente, norteada pelos seguintes julgados: AgRg no Ag n. 355-SP, Rel. Min. Gueiros Leite, DJ de 18.12.1989, o REsp n. 38.585-SP, Rel. Min. Dias Trindade, DJ de 29.11.1993, o AgRg no Ag n. 50.668-SP, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJ de 06.06.1994, o AgRg no Ag n. 91.286-SP, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ de 10.06.1996, e o AgRg no Ag n. 327.139-SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJ de 05.03.2001. Nada obstante, em 26.12.2001 foi publicada a Lei n. 10.352/2001, que alterou diversos dispositivos do Código de Processo Civil referentes aos recursos e ao reexame necessário.

Entre outras inovações, o advento da Lei n. 10.352/2001 incluiu no CPC a possibilidade de descentralização dos serviços de protocolo por parte dos Tribunais, mediante delegação desses atos aos ofícios de justiça de primeiro grau, nos termos do parágrafo único do art. 547 do CPC, que dispõe:

Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.

Restou, ainda, alterada a redação do caput do art. 542, disposição essa incluída na Seção II do Capítulo VI do Título X do CPC, que trata, justamente, dos recursos especial e extraordinário.

Com efeito, a redação desse artigo era a seguinte: “Recebida a petição pela secretaria o tribunal e aí protocolada, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista para apresentar contra-razões”. A reforma empreendida no caput desse artigo teve, justamente, a relevante função de excluir a expressão “e aí protocolada”, afastando a taxatividade da norma anterior em relação à protocolização das petições de recurso extraordinário e especial na própria Secretaria do Tribunal prolator do acórdão impugnado.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 269

Em suma: a Lei n. 10.352/2001 pretendeu possibilitar a aplicação do sistema de protocolo integrado em termos bastante amplos.

Mister destacar que o Eg. STF em 23 de fevereiro de 2006 através de seu Plenário concluiu pela adoção do protocolo integrado nos recursos extraordinários.

Extraem-se dos votos vencedores (inicialmente da Sra. Ministra Presidente) os seguintes fundamentos; verbis:

(...) verifi co que a Lei n. 10.352, de 26.12.2001, veio a afastar o obstáculo que antes se opunha ao estabelecimento de protocolos descentralizados. Tal iniciativa, das mais louváveis, por reduzir custos e facilitar o acesso à Justiça, dinamizando a tramitação processual, antes encontrava obstáculo na regra inscrita no art. 542 do CPC. Exigia aquela norma que os recursos especial e extraordinário fossem protocolados na secretaria dos tribunais cujas decisões se voltavam. Tudo porque a deliberação de cada tribunal em capilarizar seus serviços não se podia opor à determinação expressa contida em lei federal.

Pois bem, a lei foi alterada com a introdução do parágrafo único do art. 547: “Os serviços de protocolo poderão, a critério do Tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça do primeiro grau”. Completou-se a reforma com a supressão no caput do art. 542 da expressão “e aí protocolada”, pelo que nada mais obriga que os chamados recursos raros sejam aviados exclusivamente na sede dos tribunais ad quem.

(AgRg no Ag n. 476.260-2-SP; idêntica fundamentação consta do AgRg no Ag n. 507.874-2-SP).

A adoção por esta Corte dos precedentes do STF convergem para a tão decantada uniformização da jurisprudência como técnica oriunda dos sistemas do common law.

Consoante têm-se assentado:

(...)

7. Deveras, a estratégia política-jurisdicional do precedente, mercê de timbrar a interpenetração dos sistemas do civil law e do common law, consubstancia técnica de aprimoramento da aplicação isonômica do Direito, por isso que para “casos iguais”, “soluções iguais”.

8. A real ideologia do sistema processual, à luz do princípio da efetividade processual, do qual emerge o reclamo da celeridade em todos os graus de Jurisdição, impõe que o STJ decida consoante o STF acerca da mesma questão, porquanto, do contrário, em razão de a Corte Suprema emitir a última palavra sobre o tema, decisão desconforme do STJ implicará o ônus de a parte novamente recorrer para obter o resultado que se conhece e que na sua natureza tem função uniformizadora e, a fortiori, erga omnes.

(...)

(RMS n. 20.881-RN, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 27.09.2007)

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

270

Outrossim, aspecto de cunho prático, analisado sob o enfoque do acesso à Justiça merece relevo, qual o de que, segundo dados colhidos do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística, mais de 120 milhões de brasileiros residem em municípios que não sediam Tribunais (dado constante em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/). Aproximadamente, este é o número de cidadãos que, potencialmente, estarão sendo benefi ciados com a faculdade de interpor em suas comarcas recursos destinados às instâncias extraordinárias, desde que admitido o sistema de protocolo descentralizado.

Gastos de deslocamento num país de dimensões continentais, bem como despesas com a contratação de serviços advocatícios nas cidades que sediam os Tribunais de segundo grau apenas para o fi m de contornar os termos da Súmula n. 256-STJ, seriam evitados com a possibilidade de interposição de recursos destinados a este Tribunal por meio do referido sistema.

E, no tocante à celeridade, a oportunidade de interposição de recursos por tal via seguramente acelerará o andamento do processo, benefi ciando também o advogado, à medida que evitará seu deslocamento para a capital do Estado.

Enfi m, num país em que as lesões a direitos fundamentais saltam aos olhos nas mais diversas regiões, cumpre ao Poder Judiciário, diante de sua função institucional de efi cazmente proteger os cidadãos de tais ofensas, posicionar-se pela simplificação dos atos processuais, afastando todos os meandros procedimentais perniciosos ao jurisdicionado.

Deveras, na Questão de Ordem no AG n. 496.403-SP, o Ministro Fernando Gonçalves destacou com a propriedade que lhe é peculiar, que a Lei n. 10.352/2001 propôs “a retirada da expressão ‘e aí protocolada’, com isso facultando aos tribunais estender o chamado ‘protocolo unifi cado’, também ao recebimento das petições de recurso extraordinário e especial”.

Nesse segmento foi também alterado o artigo 547 do CPC ao instituir, verbis:

Artigo 547. Os autos remetidos ao tribunal serão registrados no protocolo no dia de sua entrada, cabendo à secretaria verificar-lhes a numeração das folhas e ordená-los para distribuição.

Parágrafo único. Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.

Ora, a retirada do texto sobre a protocolização no próprio Tribunal o foi exatamente com o escopo de inaugurar essa novel forma na interposição do recurso especial. A demasia não se revela nesse escorço histórico da edição da Súmula, trazido à colação pelo eminente advogado Dr. Ruy Carlos de Barros Monteiro; verbis:

8. Editada pela Corte Especial, em 1º.08.2001, a Súmula n. 256-STJ tem o art. 541 do Código de Processo Civil por referência legal e julgados da Primeira, Terceira, Quarta, Quinta e Sexta Turmas como fonte jurisprudencial.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 271

9. Nos termos do caput do art. 541 do Código de Processo Civil - o indicado como referência legal -, “O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas...”

10. Do referencial pretoriano, merecem destaque o AG n. 50.668-SP-AgRg, da relatoria de V. Exa. (ao tempo em que ilustrava a Primeira Turma), julgado em 11.05.1994 e o Ag n. 115.189-SP-AgRg, relator o Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, em 15.11.1997: para assentar a conclusão comum da inaplicabilidade do sistema de protocolo integrado, ambos aludiram aos recursos extraordinários lato sensu - “recursos dirigidos aos Tribunais Superiores” (expressão empregada por V. Exa.) e “... recursos dirigidos às instâncias extraordinárias” (in RSTJ 155/78-98).

11. Por igual, o AG n. 208.971-PR-AgRg, relator o Min. Waldemar Zveiter, de 13.03.2000: em seu voto, a posição do Supremo Tribunal Federal é expressamente invocada, para fortalecer o entendimento da inaplicabilidade do sistema de protocolo integrado (“Idêntica orientação tem sido adotada pelo colendo Supremo Tribunal Federal, relativamente aos processos de sua competência, como atesta o AgRg no Ag n. 108.716/1988-SP, Rel. Min. José Nery da Silveira, DJ de 25.03.1998...” - in RSTJ 155/89).

IV

12. Com o advento da Lei n. 10.352, de 26.12.2001 - que “Altera dispositivos da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, referentes a recursos e ao reexame necessário” -, a Corte Especial, em 19.05.2004, enfrentou o tema sumulado (depois de julgamentos recusando a aplicabilidade à Súmula n. 256-STJ), no Ag n. 496.403-SP-Questão de Ordem, relator o Min. Fernando Gonçalves (condutor de um dos referenciais pretorianos da súmula - Ag n. 249.238-SP-EDcl, de 28.09.1999, in RSTJ 155/95), cuja ementa consigna:

Questão de ordem no agravo regimental no agravo de instrumento n. 496.403-SP. Subsistência da Súmula n. 256 do STJ.

- Pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, na assentada do dia 19 de maio de 2004, foi fi rmado entendimento no sentido da prevalência e manutenção da Súmula n. 256, com reserva do “protocolo integrado” às instâncias ordinárias.

13. Nesse reexame, posto à luz das alterações introduzidas pela Lei n. 10.352/2001 no Código de Processo Civil (referentes a recursos), chama a atenção a abertura de dissidência: a Súmula n. 256-STJ é mantida contra cinco votos - dos Ministros Edson Vidigal, Francisco Peçanha Martins, Humberto Gomes de Barros, Ari Pargendler e José Delgado (os quais, por

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sinal, não relataram nenhum dos precedentes referidos na edição da Súmula n. 256-STJ).

14. Eis como o relator, Min. Fernando Gonçalves, equacionou a questão de ordem, no voto pela “subsistência” da Súmula n. 256-STJ, que veio a ser acolhida pela maioria da Corte Especial:

Anote-se, em primeiro lugar, que a alteração relevante introduzida pela Lei n. 10.352, de 26 de dezembro de 2001, no art. 542 do Código de Processo Civil, foi apenas quanto à protocolização do recurso, mantido, no entanto, o recebimento da petição pela secretaria do tribunal, a exemplo da disposição específi ca do art. 27 da Lei n. 8.038, de 1990, ao que parece, não alterada por aquele diploma.

De outro lado, a norma do parágrafo único do art. 547 do Código de Processo Civil, acrescida pela Lei n. 10.352, de 26 de dezembro de 2001, a par do seu caráter facultativo, na medida em que dispõe que os “serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau”, não deve se aplicar ao Superior Tribunal de Justiça que, conforme a súmula, adota outro critério, não tendo delegado a qualquer ofício de primeiro grau a protocolização dos recursos a ele dirigidos.

Não se nega que a exposição de motivos, no tocante ao texto do art. 542 do Código de Processo Civil, propõe “a retirada da expressão ‘protocolo unificado’, também ao recebimento das petições de recurso extraordinário e especial.”

É preciso destacar, no entanto, a sobrevivência da Lei n. 8.038/1990 (art. 27), ao lado das disposições dos arts. 541 e 542 do Código de Processo Civil que mandam seja o especial interposto perante o presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido, sendo a petição recebida pela secretaria do tribunal, além, como já destacado, do caráter facultativo do parágrafo único do art. 547 do estatuto processual.

A tudo isso deve ser acrescida a enorme possibilidade de falta de controle pelo Superior Tribunal de Justiça acerca da tempestividade dos recursos, sabido que, nem todas as comarcas e nem todos os Estado, possuem condições de instrumentalizar a primeira instância com os modernos equipamentos, de alguma forma imunes a fraudes, como, normalmente, ocorre com as comarcas dos grandes centros e com a Justiça Federal.

15. Os Ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Felix Fischer, Gilson Dipp, Hamilton Carvalhido, Jorge Scartezzini, Eliana Calmon, Luiz Fux, Antônio de Pádua Ribeiro, Fontes de Alencar e José Arnaldo da Fonseca acompanharam o Relator, Min. Fernando Gonçalves.

SÚMULAS - PRECEDENTES

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16. Antes de valer-se dos fundamentos do voto da relatoria, para concluir no mesmo sentido – o da manutenção da Súmula n. 256-STJ –, o Min. Carlos Alberto Menezes Direito prestou estes “esclarecimentos”:

Senhor Presidente, entendo na mesma linha da Terceira Turma, ou seja, com a alteração da Lei, acabou aquela exigência específi ca. Em tese, seria possível o ingresso do recurso para os Tribunais Superiores no protocolo integrado, mas dependeria de os Estados assim determinarem.

Recentemente, examinamos uma questão de Santa Catarina, creio que a relatoria foi do Senhor Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, e, naquele Estado, assim como em São Paulo, existe uma disposição legal que ressalva expressamente os recursos para os Tribunais Superiores. Ora, se o estado que implanta o protocolo integrado afirma que depende, para os Tribunais Superiores, do ingresso no próprio Tribunal, não temos condições, a meu ver, pelo menos em princípio, de ultrapassar essa matéria. No meu ponto de vista, deixaria permanecer a Súmula até que a comissão encarregada especifi camente pudesse examiná-la. Assim, faríamos um acompanhamento para propor algo mais concreto, seja a revisão da Súmula, seja o estabelecimento de um critério para que a matéria possa ser adotada. Em poucas palavras, penso que deve prevalecer a Súmula, obedecendo, é claro, à possibilidade de os Tribunais locais, no estado que regula o protocolo integrado, admitirem que seja o recurso entregue diretamente na comarca.

Se não é assim, não temos condições. A observação feita pelo Senhor Ministro Humberto Gomes de Barros, com toda a procedência, como de hábito, revela o aspecto dramático da questão, ou seja, temos a possibilidade do protocolo integrado, e, ao mesmo tempo, não o utilizamos, o que é uma contradição. Agora, em conseqüência dessa contradição, há um fato concreto: os próprios estados estão regulamentando o protocolo integrado e excluindo os Tribunais Superiores; então, como poderemos, aqui, ingressar na legislação estadual que regula o protocolo integrado? Pode-se até dizer o seguinte: há protocolo integrado para agravo, para embargos, mas não para isso. É o que eles estão fazendo. Em Santa Catarina e em São Paulo, pelo menos, como o Senhor Ministro Antônio de Pádua Ribeiro e eu acabamos de verifi car, eles excluem expressamente os recursos para os Tribunais Superiores.

17. “Pelas circunstâncias”, a Ministra Eliana Calmon aderiu ao voto do relator – mantendo, pois, a Súmula n. 256-STJ –, verbis:

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Sr. Presidente, levei o problema relativo à validade ou não da súmula frente à Lei n. 10.352/2001 à Comissão de Jurisprudência.

Na oportunidade, verifi cou-se, em primeiro lugar, que apenas seria possível a revisão da súmula no caso concreto, ou seja, em processo no qual se questionasse o problema. Concluiu-se, inclusive, com voto do Sr. Ministro Ari Pargendler, que se não há protocolo integrado e corretamente ajustado ao Superior Tribunal de Justiça, não é possível a aplicação da Lei n. 10.352/2001, afastando-se a possibilidade do cancelamento da súmula.

Na realidade, o que existe é um Tribunal de âmbito nacional, onde é necessária a vinda a Brasília para se dar entrada em um processo, o que, efetivamente, não combina com nada que pregamos por Tribunal da cidadania. Parece-me, no entanto, que estão sendo tomadas medidas por iniciativa de V. Exa., que dirigiu ofício a todas as Secretarias, pedindo informações acerca da possibilidade de remessa, via Correios e Telégrafos, dos recursos para, dessa forma, fazermos o cumprimento da Lei n. 10.352/2001.

O levantamento indicado pelo Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito não é da alçada da Comissão de Jurisprudência, que é responsável pela verifi cação dos votos, acórdãos, etc. Creio que esse levantamento está mais afeto à Comissão de Regimento para a devida adaptação, que precisa ser feita com urgência.

No momento, pela questão enfocada, não se pode cancelar a súmula – e a Comissão de Jurisprudência já se manifestou nesse sentido –, mas considero oportuna a decisão por ensejar o questionamento, uma vez que este Tribunal está em mora com os seus jurisdicionados e com o próprio legislador, em razão da Lei n. 10.352/2001.

18. A manifestação do Min. Luiz Fux, acompanhando a relatoria, coincide com o entendimento dos Ministros Carlos Alberto Menezes Direito e Eliana Calmon:

Sr. Presidente, concordo com o Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, porque a súmula ainda é servil, na medida em que o dispositivo do Código de Processo Civil, que é posterior àquele que regulamentou os recursos especial e extraordinário, prevalece pela própria natureza.

Sucede que a norma nova do protocolo é de eficácia limitada e depende dos Estados. A súmula funciona nesse vácuo. Onde os Estados adotaram o protocolo integrado é possível adotar-se a lei que prevalece sobre a súmula no nosso sistema jurídico, em que a jurisprudência não é fonte formal do direito.

SÚMULAS - PRECEDENTES

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Também estou de acordo com a Sra. Ministra Eliana Calmon no sentido de que o protocolo integrado veio tornar mais fácil o acesso à Justiça. Para o Tribunal da Cidadania, nada mais compatível do que cumprir tal promessa.

19. Por fi m, entre os que formaram a corrente vencedora, cumpre ter presente que o Min. Antônio de Pádua Ribeiro manteve a Súmula n. 256-STJ, “até que a matéria seja melhor examinada.”

20. De outra parte – no respeitante aos que sustentaram a necessidade da revisão da Súmula n. 256-STJ –, é de observar que o Min. Francisco Peçanha Martins, por primeiro, considerou “aconselhável” (“em benefício da nossa estrutura interna, do nosso Regimento”) a “suspensão” do julgamento da questão de ordem (“para o pronunciamento da Comissão de Uniformização acerca da suspensão ou manutenção da Súmula”), nestes precisos termos:

Sr. Presidente, tal como a Segunda, a Primeira Turma vem tentando fazer com que vivamos no nosso tempo. Estamos a todo momento assistindo a progressos na comunicação, na facilitação dos meios postos à parte, e a Lei n. 10.352 vem em favor exatamente do cidadão, daquele que habita os mais longínguos rincões da pátria.

Ora, o protocolo integrado se justifica porque não somos uma nação de pequenos espaços, ao contrário, somos uma nação continental. Evidentemente, por que o advogado que esteja no Chorrochó ou no Chuí não pode fazer encaminhamento do recurso por meio de protocolo integrado ao Tribunal do seu Estado? Assim, aliás, é o comando da lei.

Para conformarmos a sistemática estabelecida pelo nosso Regimento, admito que o julgamento seja suspenso para o pronunciamento da Comissão e que, de imediato, se faça a adaptação à nova lei, com uma orientação, inclusive, aos Tribunais, porque não é possível continuarmos ignorando o texto e ignorando, no caso, a competência dos próprios Tribunais. O protocolo integrado é de cada Tribunal. Parece que não é possível criar-se, no Brasil, leis especiais para cada Estado ou lugar, o que signifi caria, data venia, uma involução, quando já se cogita até de fazer interposição via fax ou e-mail.

21. O voto que marcou, efetivamente, a divergência - pela revisão da Súmula n. 256-STJ - foi o vista do Min. Humberto Gomes de Barros, assim proferido:

A decisão agravada declarou a intempestividade de recurso. Fez assim, porque a recorrente valeu-se do sistema “protocolo integrado” para apresentar a respectiva petição.

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A decisão enfrentada pelo recurso malsinado negou seguimento a recurso especial manejado pelo ora agravante. Ela foi publicada no dia 09.09.2002. No dia 19.09.2002, a recorrente apresentou a petição à Secretaria do Fórum de Lins-SP (onde é domiciliada). Protocolado naquela data o recurso somente no dia 30.09.2002 chegou à Secretaria do Primeiro Tribunal de Alçada Civil.

A declaração de intempestividade adotou como fundamento o Verbete n. 256 de nossa súmula, que diz:

O sistema de “protocolo integrado” não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça.

O dispositivo sumular retira sua autoridade do art. 541 do Código de Processo Civil, cuja redação, na época em que adotamos o preceito sumular, dizia assim:

Recebida a petição (de recurso especial) pela secretaria do tribunal e aí protocolada, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista, para apresentar contra-razões.

Por efeito da Lei n. 10.325/1995, essa redação foi alterada, retirando-se do texto legal, a expressão “e aí protocolada”.

Este agravo, encerra questão que pode ser resumida na pergunta: A Súmula n. 256 sobreviveu à Lei nova?

Destarte, a introdução do processo eletrônico em nível nacional revela de forma inequívoca que as Comarcas dos nossos Estados Federados estão habilitados à metodologia do protocolo integrado, cuja mais tênue manifestação de suposta fraude processual pode ser detectada ex offi cio mercê da vigília da parte adversa.

O advento do novel diploma com as vicissitudes fenomênicas hodiernas revelam da necessidade de revisão da Súmula n. 256 do Eg. STJ, porquanto acesso à Justiça e Tribunal da Cidadania como sói ser nossa Corte, representam binômio coexistente e almejado por todos os jurisdicionados.

Sob esse enfoque, a doutrina do tema é enfática acerca da aplicação do protocolo integrado ao recurso especial; senão vejamos:

32. José Luiz Mônaco da Silva, Procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo, afi rma:

“Com a retirada da expressão ‘aí protocolada’, a norma” – do art. 542 do Código de Processo Civil – “abre caminho para a apresentação do recurso (extraordinário ou especial) em 1ª instância. A tendência

SÚMULAS - PRECEDENTES

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atual é facilitar a interposição de recursos, e tanto isso é verdade que os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau, consoante autorização expressa do parágrafo único do art. 547.

(...)

No Estado de São Paulo, por exemplo, as petições e recursos poderão ser protocolados no próprio juízo de 1º grau, mercê do disposto no item 1, seção I, capítulo IX, das Normas de Serviços da Corregedoria Geral de Justiça, do seguinte teor: “Os protocolos dos Foros do Estado receberão petições, exceto as iniciais, dirigidas a outras Comarcas do Estado, bem como receberão as destinadas ao Tribunal de Justiça, Justiça Militar, 1º e 2º Tribunais de Alçada Civil e Tribunal de Alçada Criminal.” (Reforma Processual Civil, editora Juarez de Oliveira, São Paulo, 2002, p. 67 e 71).

33. Leonardo José Carneiro da Cunha, ao abordar a “Descentralização dos serviços de Protocolo”, menciona a limitação de caráter fático ao acesso à Justiça, nos seguintes termos:

Existem, todavia, tribunais que distam muito de algumas comarcas, dificultando o acesso de jurisdicionados que, para atenderem ao prazo fi xado em lei, devem deslocar-se até sua sede para apresentar a ação ou o recurso junto ao respectivo protocolo, inviabilizando, não raras vezes, o ajuizamento tempestivo.

(...)

No particular, o prazo estará atendido com a protocolização da petição junto aos ofícios de primeira instância, mesmo que haja uma certa demora no envio dos autos ao Tribunal. Em outras palavras, a aferição da tempestividade resultará da aposição do carimbo protocolar da primeira instância, sendo irrelevante a data em que registrados os autos no protocolo do tribunal.

Com a possibilidade de se descentralizar o serviço de protocolo do tribunal a ofícios de primeira instância, o legislador cuidou de alterar a redação do art. 542 do CPC, retirando a referência à expressão e aí protocolada. Isso porque não será mais exigida, forçosamente, a protocolização da petição de interposição dos recursos extraordinário e especial no próprio tribunal, podendo ser feita perante um ofício de primeira instância, ante a descentralização permitida pelo novo parágrafo único do art. 547.

Signifi ca que, descentralizado o serviço de protocolo a ofícios de primeira instância, qualquer recurso que deva ser protocolizado no

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tribunal poderá ser submetido ao protocolo da primeira instância, valendo este como comprovação da sua tempestividade. A regra aplica-se, inclusive, a recursos extraordinário e especial, dada a nova redação conferida ao caput do art. 542, com a supressão do termo que indicava a necessidade de protocolo no tribunal de onde adveio o acórdão recorrido. (Inovações no Processo Civil - Comentários às Leis 10.352 e 10.358/2001, Dialética, São Paulo, 2002, p. 139-140).

34. Deve-se levar em consideração, ainda, o que lecionam FLÁVIO CHEIM JORGE, FREDIE DIDIER JR e MARCELO ABELHA RODRIGUES, verbis:

“A Lei objeto deste estudo” – a de n. 10.352/2001 – “também promoveu uma sensível, mas importante, alteração na interposição dos recursos especial e extraordinário.

(...)

Atualmente, com a nova redação, facultou-se aos tribunais estabelecer normas diversas do simples protocolo da petição na secretaria para a interposição dos recursos...

A alteração era necessária, porque o art. 542, caput, é específi co em relação à interposição dos recursos especial e extraordinário, não se aplicando a ele a previsão genérica contida no parágrafo único do art. 506 do CPC, que permite que a norma de organização judiciária estabeleça regras diferentes para a interposição de recursos, ...

Dispondo, atualmente, o art. 542, caput, que a petição será apenas recebida pela secretaria do tribunal, não se fazendo mais referência à expressão ‘e aí protocolada’, plena incidência passa a ter o mencionado parágrafo único do art. 506, permitindo-se, assim, que as normas de organização judiciária estabeleçam, por exemplo, o ‘protocolo integrado’ ou mesmo outros meios para a interposição dos recursos excepcionais.

Com a modificação deixa de ter pertinência e fica superada a Súmula n. 256 do STJ: ‘O sistema de protocolo integrado não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça.’” (A Nova Reforma Processual, Saraiva, 2º e., São Paulo, 2003, p. 191-2).

35. Por fi m, não há olvidar o delineamento da questão, realizado por PEDRO LUIZ POZZA:

O primeiro artigo (547) do capítulo relativo à ordem dos processos no tribunal diz respeito ao protocolo dos processos recebidos pelas Cortes de Justiça oriundas dos juízos a quo.

O parágrafo único, inexistente na redação antiga, é inovação à primeira vista, de nenhuma relevância, pois o caput do art. 547 refere-

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 279

se apenas ao protocolo dos autos remetidos ao Tribunal. Todavia, o alcance de tal dispositivo é bem maior do que a sua literalidade.

(...)

Todavia, a alteração em questão tem alcance muito maior, quando conjugada com a nova redação do art. 542, caput, do CPC. Com efeito, esse último dispositivo encontra-se na seção do código que trata da interposição dos recursos extraordinário e/ou especial (arts. 541/546), e foi vítima de uma alteração quase imperceptível, limitando-se o legislador a suprimir a expressão “e aí protocolada”.

Ora, tal disposição trata especificamente da interposição, à Secretaria do tribunal de origem, das petições dos recursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça. Assim, com a supressão da expressão “e aí protocolada”, pode-se afi rmar, com absoluta certeza, que o legislador quis admitir a interposição de tais recursos mediante o simples protocolo em qualquer ofício de justiça de primeiro grau de jurisdição, desde que tenha havido a delegação de que trata o parágrafo único do art. 547.

A importância do novo dispositivo aumenta na medida em que ela permite que os recursos extraordinário e/ou especial, cuja interposição, pela nova redação do § 2º do art. 544, está isenta de qualquer preparo, seja efetuada na comarca onde o Advogado possui seu escritório, não sendo necessário que ele o faça perante a Secretaria do Tribunal.

Com efeito, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça sempre desprezaram, para fi ns de tempestividade, a data do protocolo de petição de recurso extraordinário e/ou especial nos juízos de primeiro grau, relativamente ao Estado de São Paulo, onde os serviços de protocolo são descentralizados...

Porém, a partir do momento em que o legislador passa a admitir que os serviços de protocolo do Tribunal sejam delegados aos ofícios de justiça de primeiro grau de jurisdição, a conclusão a que se chega é apenas uma: havendo a delegação do serviço de protocolo por parte da Corte, mediante simples resolução de sua Presidência, tais ofícios passam a ser, para todos os fi ns, inclusive para atestar a tempestividade dos recursos extraordinário e/ou especial, prolongamento da Secretaria do Tribunal e, assim, não mais poderão o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça exigir que as petições de interposição de tais recursos cheguem, no prazo legal, ao Protocolo da Corte a quo, bastando que tenham sido entregues, em tais ofícios, tempestivamente. (As Novas Regras dos Recursos no Processo Civil e Outras Alterações, Forense, Rio de Janeiro, 2003, p. 65-7).

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Destaque-se, por fi m, que a possibilidade de utilização do protocolo integrado para o Eg. Superior Tribunal de Justiça, no sentido de sua “faculdade”, nenhum prejuízo carreia para o jurisdicionado tampouco para o Tribunal, para o qual em cada caso, quase que rotineiramente, ou são interpostos recursos especiais ou agravos, mantendo inalterada a estatística que tende a reduzir com outros instrumentos como o fi ltro recursal e a súmula impeditiva, bem como nenhuma antinomia erigir-se-á em relação a atos locais que prevejam de forma diversa a interposição, insinuando-se entrever-se alterações normativas locais, como melhor opção para o cidadão que recorre ao Judiciário.

Com essas considerações, e pedindo venia ao E. Relator, dou provimento

ao agravo regimental, com o conseqüente cancelamento da Súmula n. 256 do

Egrégio STJ.

É como voto.

VOTO

A Sra. Ministra Nancy Andrighi: Há mais de dois anos, na sessão da Corte

Especial de 03.05.2006, apresentei, como Relatora do AgRg no Ag n. 737.123-

SP, proposta de revisão da Súmula n. 256-STJ. Embora para mim, àquela

altura, já fosse patente a necessidade de alteração do entendimento sumular, a

convicção da maioria da Corte Especial se estabeleceu em perspectiva contrária.

Hoje, porém, não é sem júbilo que acompanho a mesma tese de dois anos

atrás ser aprovada em novo exame. Agora, portanto, ao verifi car que a proposta

passada ajudou a sedimentar o caminho que levou ao resultado presente, constato

que aquela iniciativa restou vencida na proclamação do julgamento, mas não na

justiça de seus argumentos e, portanto, passo a reproduzi-los na íntegra, como

haviam sido abordados no precedente AgRg no Ag n. 737.123-SP:

II - Delimitação do problema. Resumo histórico.

A análise acerca da possibilidade de interposição de recursos destinados ao STJ por meio do sistema de protocolo integrado ou descentralizado tem provocado intensas discussões no âmbito deste Tribunal desde o início de suas atividades.

Inicialmente, havia dois óbices insuperáveis à utilização do sistema de protocolo integrado para os recursos destinados ao STJ: o primeiro era a antiga redação do caput do art. 542 do CPC, segundo a qual a protocolização do recurso especial deveria ocorrer na própria secretaria do Tribunal de origem; o segundo, a ausência de dispositivo de legislação federal autorizando a utilização do protocolo integrado.

SÚMULAS - PRECEDENTES

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Dentre os precedentes que analisaram a questão sob este prisma, oportuno destacar o AgRg no Ag n. 355-SP, Rel. Min. Gueiros Leite, DJ de 18.12.1989, o REsp n. 38.585-SP, Rel. Min. Dias Trindade, DJ de 29.11.1993, o AgRg no Ag n. 50.668-SP, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJ de 06.06.1994, o AgRg no Ag n. 91.286-SP, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ de 10.06.1996, e o AgRg no Ag n. 327.139-SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJ de 05.03.2001, este último assim ementado:

Processual Civil. Recurso especial. Protocolo integrado. Imprestabilidade.

I. O sistema de protocolo integrado instituído na justiça estadual não se aplica ao recurso especial endereçado ao STJ, que deve ser apresentado perante o Tribunal de origem, na forma da lei adjetiva civil.

II. Precedentes.

III. Agravo improvido.

Diante da uniformidade do posicionamento no sentido da inviabilidade de interposição dos recursos destinados ao STJ por meio do sistema do protocolo integrado, a Corte Especial, em sessão realizada no dia 1º de agosto de 2001, aprovou o Enunciado da Súmula n. 256, nos seguintes termos:

O sistema de “protocolo integrado” não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça.

Contudo, em 26 de dezembro daquele ano, foi publicada a Lei n. 10.352/2001, que alterou diversos dispositivos do Código de Processo Civil referentes aos recursos e ao reexame necessário.

Entre outras inovações, o advento desta Lei incluiu no CPC a possibilidade de descentralização dos serviços de protocolo por parte dos Tribunais, mediante delegação desses atos aos ofícios de justiça de primeiro grau, nos termos do parágrafo único do art. 547 do CPC, que dispõe:

Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.

Foi, ainda, alterada a redação do caput do art. 542, disposição essa incluída na Seção II do Capítulo VI do Título X do CPC, que trata, justamente, dos recursos especial e extraordinário.

Com efeito, a redação desse artigo, naquele momento, era a seguinte: “Recebida a petição pela secretaria o tribunal e aí protocolada, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista para apresentar contra-razões”. A reforma realizada no caput desse artigo teve, justamente, a relevante função de excluir a expressão “e aí protocolada”, afastando a taxatividade da norma anterior em relação à protocolização das petições de recurso extraordinário e especial na própria Secretaria do Tribunal prolator do acórdão impugnado.

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Em resumo, a Lei n. 10.352/2001 pretendeu possibilitar a aplicação do sistema de protocolo integrado em termos bastante amplos.

Diante das alterações implementadas pela Lei n. 10.352/2001, instaurou-se um período em que decisões conflitantes foram tomadas neste Tribunal. Enquanto alguns Ministros passaram a conhecer dos recursos interpostos através do sistema de protocolo integrado, não mais aplicando a Súmula n. 256-STJ, outros continuaram seguindo o entendimento sumulado.

Dessa forma, com o intuito de prevenir a perpetuação de tais divergências no âmbito do STJ, foi trazida a questão para julgamento pela Corte Especial, na Questão de Ordem no Ag n. 496.403-SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, restando decidido, por maioria, que o enunciado da referida Súmula deveria ser mantido.

Assim, quedaram-se inócuas as inovações legislativas já relatadas, restando consolidada no Superior Tribunal de Justiça a inaplicabilidade do sistema de protocolo integrado para a interposição dos recursos a ele destinados.

O STF, por sua vez, igualmente vinha mantendo a orientação tradicional mesmo após a edição da Lei n. 10.352/2001; a título exemplificativo, cite-se o AgRg no RE n. 349.819-3-MT, Rel. Min. Ellen Gracie, j. em 18.02.2003, DJ de 21.03.2003.

III - Panorama atual.

Contudo, no mês de fevereiro de 2006, o Supremo Tribunal Federal reacendeu o debate acerca da utilização do sistema de protocolo integrado no julgamento do AgRg no Ag n. 476.260-SP e do AgRg no Ag n. 507.874-SP, rediscutindo a alteração da redação do art. 542 e a introdução do parágrafo único do art. 547, ambos do CPC.

Após voto vista proferido pela i. Min. Ellen Gracie, e da retifi cação do voto do i. Min. Carlos Britto, relator dos referidos processos, o Plenário do STF, na sessão realizada em 23 de fevereiro deste ano, decidiu, de forma unânime, pela possibilidade de conhecimento de recursos extraordinários interpostos por meio do sistema de protocolo integrado.

Dos votos vencedores da i. Min. Ellen Gracie, que proporcionaram a alteração do entendimento anterior, extraem-se os seguintes fundamentos:

(...) verifi co que a Lei n. 10.352, de 26.12.2001, veio a afastar o obstáculo que antes se opunha ao estabelecimento de protocolos descentralizados. Tal iniciativa, das mais louváveis, por reduzir custos e facilitar o acesso à Justiça, dinamizando a tramitação processual, antes encontrava obstáculo na regra inscrita no art. 542 do CPC. Exigia aquela norma que os recursos especial e extraordinário fossem protocolados na secretaria dos tribunais cujas decisões se voltavam. Tudo porque a deliberação de cada tribunal em capilarizar seus serviços não se podia opor à determinação expressa contida em lei federal.

SÚMULAS - PRECEDENTES

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Pois bem, a lei foi alterada com a introdução do parágrafo único do art. 547: “Os serviços de protocolo poderão, a critério do Tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça do primeiro grau”. Completou-se a reforma com a supressão no caput do art. 542 da expressão “e aí protocolada”, pelo que nada mais obriga que os chamados recursos raros sejam aviados exclusivamente na sede dos tribunais ad quem (AgRg no Ag n. 476.260-2-SP; idêntica fundamentação consta do AgRg no Ag n. 507.874-2-SP).

IV - Primeira premissa: necessidade de coerência sistêmica.

Evidente, portanto, a discrepância por ora existente entre o novo direcionamento do STF e a Súmula n. 256-STJ. Tal dissonância, contudo, pode ser analisada em grau muito mais amplo, porque existente também em relação à recente produção legislativa brasileira de vários níveis.

Com efeito, a facilitação do acesso à justiça foi preocupação assumida pelo Poder Constituinte derivado na promulgação da Emenda Constitucional n. 45/2004, que previu expressamente aos Tribunais de Justiça, aos Tribunais Regionais Federais e aos Tribunais Regionais do Trabalho a possibilidade de funcionamento descentralizado, com o intuito de proporcionar o pleno acesso do jurisdicionado à Justiça em todas as fases do processo.

Em nível federal, tal tendência se faz sentir de há muito, podendo ser destacadas, dentre outras, a Lei n. 9.245/1995, que, alterando a redação do art. 279 do CPC, permitiu a utilização em juízo de todos os métodos modernos de documentação idôneos para a realização de atos probatórios, e a Lei n. 9.800/1999, que atribui às partes a faculdade de utilizar o sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile para a prática dos atos processuais que dependam de petição escrita.

Mas a contradição não se esgota na comparação entre os termos da Súmula n. 256-STJ e as recentes tendências adotadas pelo legislador. No âmbito da própria jurisprudência do STJ, passou-se a admitir que fossem utilizadas as publicações eletrônicas das decisões aqui proferidas para imediata interposição dos recursos destinados ao esgotamento da instância, antes mesmo da publicação da decisão pelo órgão ofi cial, como fi cou estabelecido no julgamento do AgRg nos EREsp n. 492.461-MG, Rel. p/ acórdão Min. Eliana Calmon, que em seu voto assim se manifestou:

Este Tribunal é uma Corte de precedentes, cuja função constitucional precípua é a uniformização do direito federal. Entretanto, não se pode aceitar que, em nome da segurança jurídica, fi que a jurisprudência defasada da realidade, como ocorre na hipótese em apreciação.

Modernamente, com a utilização da internet na divulgação das decisões dos Tribunais e na divulgação de todo o andamento dos processos,

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

284

possibilitando não só ao advogado da causa, mas a todos os interessados acessarem os julgamentos do STJ, não mais se espera a publicação do Diário da Justiça para recorrer, na medida em que é ele muitíssimo mais lento do que a informação eletrônica. O sistema vem sendo implantado e mantido com prioridade pelos tribunais, tendo o STJ, inclusive, inaugurado, neste ano, o sistema de publicação imediata, após o julgamento, por via eletrônica.

Imprescindível, portanto, que se atente para a necessidade de coerência, seja para que o STJ não navegue na contramão da história, seja para que se evitem soluções casuísticas para cada novo problema que se apresente.

V - Segunda premissa: necessidade de facilitação do acesso à justiça.

Cabe, portanto, neste momento, uma reflexão acerca do direcionamento consubstanciado na Súmula n. 256-STJ, no sentido de se verifi car se esta ainda representa o melhor entendimento a ser seguido pelo STJ.

O STF, ao determinar a revisão de seu antigo posicionamento, além de destacar a questão da superveniência da Lei n. 10.352/2001, manifestou-se sensível à necessidade de redução dos custos a serem suportados pelas partes, e aos princípios da celeridade e da facilitação do acesso à justiça.

De fato, segundo dados colhidos pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística, mais de 120 milhões de brasileiros residem em municípios que não sediam Tribunais (dado constante em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/). Aproximadamente, este é o número de cidadãos que, potencialmente, estarão sendo beneficiados com a faculdade de interpor em suas comarcas recursos destinados às instâncias extraordinárias, desde que admitido o sistema de protocolo descentralizado.

Gastos de deslocamento num país de dimensões continentais, bem como despesas com a contratação de serviços advocatícios nas cidades que sediam os Tribunais de segundo grau apenas para o fi m de contornar os termos da Súmula n. 256-STJ, seriam evitados com a possibilidade de interposição de recursos destinados a este Tribunal por meio do referido sistema.

E, no tocante à celeridade, a oportunidade de interposição de recursos por tal via seguramente acelerará o andamento do processo, benefi ciando também o advogado, à medida que evitará seu deslocamento para a capital do Estado.

Enfi m, num país em que as lesões a direitos fundamentais saltam aos olhos nas mais diversas regiões, cumpre ao Poder Judiciário, diante de sua função institucional de efi cazmente proteger os cidadãos de tais ofensas, posicionar-se pela simplificação dos atos processuais, afastando todos os meandros procedimentais perniciosos ao jurisdicionado.

VI - Dos fundamentos expendidos no julgamento da Questão de Ordem no Ag n. 496.403-SP.

SÚMULAS - PRECEDENTES

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Estabelecidas tais premissas, é de se retomar a discussão, portanto, no ponto em que esta foi interrompida pelo STJ, qual seja, no julgamento da Questão de Ordem no Ag n. 496.403-SP, para que se reexaminem os fundamentos vencedores naquela ocasião.

O voto do i. Min. Relator relaciona-os:

a) a alteração produzida pela Lei n. 10.352/2001 referiu-se apenas à protocolização do recurso, mantendo-se a sistemática relativa ao recebimento da petição pela secretaria do Tribunal, a exemplo da disposição específi ca do art. 27, da Lei n. 8.038, de 1990;

b) a norma do parágrafo único do art. 547 do Código de Processo Civil, acrescida pela Lei n. 10.352/2001, tem caráter facultativo, pois dispõe que os “serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau”; de qualquer modo, não se deve aplicá-la ao Superior Tribunal de Justiça, que adota outro critério, não tendo delegado a qualquer ofício de primeiro grau a protocolização dos recursos a ele dirigidos;

c) continua vigendo o art. 27 da Lei n. 8.038/1990, ao lado das disposições dos arts. 541 e 542 do Código de Processo Civil, que determinam seja o especial interposto perante o presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido e a petição, recebida pela secretaria do tribunal; e

d) a tudo isto deve ser acrescida a enorme possibilidade da falta de controle pelo Superior Tribunal de Justiça acerca da tempestividade dos recursos, sabido que nem todas as comarcas e nem todos os Estados possuem condições de instrumentalizar a primeira instância com modernos equipamentos de alguma forma imunes a fraudes, como, normalmente, ocorre com as comarcas dos grandes centros e com a Justiça Federal.

Com a mais respeitosa vênia, passo a responder, sob outros prismas, tais fundamentos.

No tocante à incidência do art. 27 da Lei n. 8.038/1990, verifica-se que este determina o recebimento e protocolo da petição do recurso especial ou extraordinário pela Secretaria do Tribunal.

A Lei n. 8.038/1990, quando entrou em vigor, revogou expressamente, de acordo com seu art. 44, os artigos que compunham a Seção II do Capítulo VI do Título X do CPC. Apenas em 1994, com a edição da Lei n. 8.950/1994, tais artigos foram revigorados, e o art. 542 do CPC recebeu, nessa ocasião, redação idêntica àquela constante no art. 27 da Lei n. 8.038/1990 em relação à específi ca questão do protocolo.

Tais normas, porquanto consonantes, conviveram pacificamente no ordenamento jurídico, até que, por razão da edição da Lei n. 10.352/2001, o legislador resolveu operar a mudança já anteriormente relatada, excluindo-se a expressão “e aí protocoladas” apenas do art. 542 do CPC.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Ao assim fazer, conforme relatado pelo próprio Min. Fernando Gonçalves por ocasião do julgamento da Questão de Ordem no Ag n. 496.403-SP, a Lei n. 10.352/2001 propôs “a retirada da expressão ‘e aí protocolada’, com isso facultando aos tribunais estender o chamado ‘protocolo unifi cado’, também ao recebimento das petições de recurso extraordinário e especial”.

Em face dos recentes movimentos legislativos em favor do acesso à justiça, que, como visto, já encontraram eco no Supremo Tribunal Federal, verifi ca-se contudo a oportunidade de se conferir efi cácia real à proposta reformadora da Lei n. 10.352/2001, mantendo-se a integridade do art. 27 da Lei n. 8.038/1990 apenas naquilo que não confl ite com a nova redação do art. 542 do CPC, em face do princípio contido no § 1º do art. 2º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual a lei posterior revoga a anterior, no que for com ela incompatível.

Igualmente, é possível superar a questão acerca da facultatividade do disposto no parágrafo único art. 547 do CPC. Afi nal, se consta dessa norma que os Tribunais poderão (ao invés de “deverão”) instituir protocolo integrado, tal só se justifi ca em face da necessidade de respeito a eventuais particularidades dos Estados-membros. O STJ, como Tribunal de âmbito nacional, deve estar acima dessas peculiaridades locais e se posicionar no sentido de apoiar toda e qualquer medida que tenha por fi m a universalização do acesso à justiça.

Afastar a possibilidade da utilização do protocolo integrado para todo o país, ao fundamento de que a norma que autoriza sua instituição a condiciona ao interesse de cada Estado-membro, é difi cultar o acesso à justiça de todos os jurisdicionados em face de uma peculiaridade que pode ser estritamente regional.

O último fundamento invocado no julgamento da Questão de Ordem no Ag n. 496.403-SP, relativa à possibilidade de fraudes no protocolo em comarcas pequenas que não poderão contar com equipamentos de última geração, nada mais é, na verdade, do que a razão pela qual o art. 547 do CPC determina a facultatividade da adoção do protocolo integrado pelos Tribunais.

Se a adoção desse procedimento fosse obrigatória, Estados-Membros sem condições orçamentárias seriam obrigados a adotá-lo, e aí sim seria possível questionar a precisão do sistema.

Ao contrário, de acordo com o parágrafo único do art. 547 do CPC, cabe a cada Tribunal, na medida do possível e do que for seguro, instalar o sistema integrado de forma a garantir sua integridade, objetivo esse de interesse também do próprio Tribunal, que igualmente receberá petições a ele destinadas.

Neste momento, deve ser relembrado o r. voto vencido do i. Min. Humberto Gomes de Barros, no julgamento da já referida Questão de Ordem, que com tirocínio afirmou: “o argumento de que o Superior Tribunal de Justiça não pode confi ar nos protocolos estaduais é - data vênia - falacioso. Os protocolos das secretarias dos tribunais são mantidos pelos Estados e, apesar disso, nós acreditamos neles”.

SÚMULAS - PRECEDENTES

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Verifi ca-se, com esses novos fundamentos, não existir óbice algum à revisão da Súmula n. 256-STJ, considerando a ausência de argumento definitivo ou intransponível a tal medida. Todos os argumentos que haviam motivado a edição da Súmula n. 256-STJ, da forma como esta se encontra hoje redigida, são passíveis de réplica, sempre em benefício do amplo acesso à justiça.

A utilização do protocolo integrado no âmbito do STJ, portanto, decorre simplesmente de se verifi car a necessidade - e a efetiva possibilidade - de facilitar o acesso à justiça por parte do Tribunal ao qual se tem o costume de adjetivar de “cidadão”.

VII - Das normas locais emanadas pelos Tribunais.

A permissão para o uso do protocolo integrado no âmbito do STJ não pode ser concedida, contudo, de modo genérico.

Há questão relevantíssima que deve ser objeto da discussão e que havia sido suscitada, no julgamento da Questão de Ordem supra referida, pelo i. Min. Menezes Direito, no tocante à adoção, por alguns Estados-membros, de ressalva expressa quanto à possibilidade de utilização do sistema de protocolo integrado.

Exemplifi cativamente, nesse sentido restritivo, podemos citar as Normas de Serviço da Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Capítulo IX, Seção I, item 6, assim redigido: “As petições de recursos dirigidas ao Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça somente poderão ser apresentadas no protocolo dos Tribunais a quo”), o Provimento n. 4/2006 da Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina e o Provimento n. 198/00 do Conselho da Justiça Federal da 3ª Região.

Tal questão, contudo, não pode ser elevada a óbice para proibir o uso do protocolo integrado. Com certeza, a partir do momento em que o STF e o STJ decidirem pela possibilidade de utilização desse procedimento, serão feitas as alterações necessárias nesses atos normativos internos.

Afinal, conforme expressamente consignam os citados Provimentos dos Tribunais de Santa Catarina e do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, tal proibição tem por fi nalidade apenas evitar prejuízos aos jurisdicionados em face da orientação jurisprudencial que deu origem à Súmula n. 256-STJ.

Nesses termos, transcrevem-se os consideranda da citada Resolução n. 198/00:

(...) considerando que a jurisprudência dos E. Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça tem se posicionado no sentido de que o sistema de protocolo integrado não se aplica aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias (AGRAG n. 108.716-SP, REsp n. 241.859-São Paulo, Processo n. 1999/0114048-0),

(...)

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considerando a necessidade de, a fim de evitar prejuízos aos jurisdicionados, adequar os procedimentos operacionais do protocolo em face do entendimento esposado pelos E. Tribunais destinatários dos recursos especiais, extraordinários, ordinários constitucionais e agravos de instrumento interpostos contra decisões que não admitem ou que não recebem os recursos mencionados (...).

Evidentemente, seja qual for a situação, respeitar-se-á a autonomia ditada pelo art. 547 do CPC aos Tribunais para disciplinar a questão de acordo com suas particularidades. Evidente que a revisão da Súmula n. 256-STJ não signifi ca, automaticamente, a revogação dos atos normativos já existentes, porque a decisão do STJ não tem este alcance. Permanecerá hígida a competência de cada Tribunal para disciplinar cada situação.

O inegável, contudo, é que, mais uma vez, não se pode prejudicar o todo em função de uma pequena parte. Se determinado Tribunal de um Estado-membro decidir que o protocolo integrado para os recursos de índole extraordinária não é uma medida adequada em seu contexto, respeitar-se-ão os motivos, certamente relevantes, para tal decisão. O que não é aconselhável, nem justo, é a simples negativa geral ao sistema de protocolo integrado, pois tal medida prejudicará jurisdicionados em todos os cantos do país, por causa de uma peculiaridade porventura mutável e de pequeno alcance.

Forte em tais razões, dou provimento ao agravo no agravo de instrumento,

acompanhando a divergência iniciada pelo i. Min. Luiz Fux.

RETIFICAÇÃO DE VOTO

A Sra. Ministra Laurita Vaz: Sr. Presidente, proferi voto acompanhando

o voto do Sr. Ministro Relator porque a Sra. Ministra Nancy Andrighi havia

trazido, há pouco tempo, um substancioso e brilhante voto no mesmo sentido da

divergência, S. Exa. fi cou vencida.

Agora, reformulo meu voto para acompanhar a divergência no sentido de

dar provimento ao agravo regimental.

VOTO

O Sr. Ministro João Otávio de Noronha: Sr. Presidente, estou de pleno

acordo que houve uma inovação legislativa após a edição da súmula, a qual nos

permite refl etir e, se assim entendermos, mudar o ponto de vista. Só friso essa

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 289

posição porque, anteriormente, a rejeitamos duas vezes. Todavia, não vou perder

a oportunidade, como aplicador da lei, dando a última interpretação no Superior

Tribunal de Justiça – que é missão desta Corte – de adequar a lei ao seu real

sentido, que é, exatamente, o de permitir o protocolo integrado.

Por isso, acompanho o voto do Sr. Ministro Luiz Fux, dando provimento

ao agravo regimental.

APARTE

O Sr. Ministro João Otávio de Noronha: Sr. Presidente, pediria, diante das

palavras do Sr. Ministro Teori Albino Zavascki, que fi casse claro que, na Corte

Especial, estamos permitindo o protocolo integrado para recurso especial. É

preciso que esse ponto fi que bem esclarecido no voto porque, do contrário, em

pouco tempo estaremos recebendo agravo regimental protocolizado na origem.

Precisamos deixar claro que estamos admitindo a utilização do protocolo

integrado apenas para o recurso especial.

VOTO

O Sr. Ministro Teori Albino Zavascki: Sr. Presidente, dou provimento ao

agravo regimental, acompanhando o voto-vista do Sr. Ministro Luiz Fux.

VOTO

O Sr. Ministro Arnaldo Esteves Lima: Sr. Presidente, diante dos

esclarecimentos, dou provimento ao agravo regimental, acompanhando o voto

vista do Sr. Ministro Luiz Fux.

VOTO

O Sr. Ministro Castro Meira: Sr. Presidente, essa matéria esteve em debate

na Primeira Seção e, naquela oportunidade, acompanhei o entendimento aqui

oferecido pelos Srs. Ministros Luiz Fux e Teori Albino Zavascki, de tal modo

que os acompanho também agora, dando provimento ao agravo regimental.

É como voto.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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VOTO

O Sr. Ministro Massami Uyeda: Sr. Presidente, Srs. Ministros, embora não

tenha participado no início da questão, entendo que é inteiramente pertinente

a necessidade de um quorum qualifi cado para que possamos alterar a Súmula.

Estou de acordo com a divergência, dando provimento ao agravo

regimental e revogando a Súmula n. 256, nos limites pautados pelo Sr. Ministro

João Otávio de Noronha, evitando, depois uma outra confusão.

VOTO

O Sr. Ministro Nilson Naves: Sr. Presidente, o assunto ora trazido foi objeto

de nossas refl exões na Comissão de Jurisprudência. E o foi diante de várias e

várias ponderações, entre elas, a de alguns votos aqui mesmo na Corte Especial.

Como somos o Tribunal da lei federal, cabendo-nos, conseqüentemente, a

última palavra a seu respeito, penso que o momento é dos mais oportunos.

Vejam que a decisão nossa implicará o cancelamento da Súmula n. 256.

Futuramente, se necessário, outra súmula poderá ser emitida.

Dando provimento ao agravo, acompanho assim o Ministro Luiz Fux, data

venia.

VOTO VENCIDO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves: Sr. Presidente, acompanho o voto do

Sr. Ministro Relator, negando provimento ao agravo regimental.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 44.844-SP (93.299433)

Relator: Ministro Nilson Naves

Agravantes: José Manuel Aires e cônjuge

Agravado: O R. Despacho de fl . 73

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 291

Partes: José Manuel Aires e cônjuge e Banco do Brasil S/A

Advogados: José Augusto e outros e Izaías Batista de Araújo e outros

EMENTA

Recurso especial. É interposto perante o presidente do Tribunal

recorrido (Lei n. 8.038/1990, art. 26 e Regimento do STJ, art. 255).

Não se lhe aplica, portanto, o sistema de protocolo unificado e

integrado, do Estado de São Paulo. Agravo regimental não provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da 3ª

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Eduardo Ribeiro, Waldemar

Zveiter, Cláudio Santos e Costa Leite.

Brasília (DF), 24 de fevereiro de 1994 (data do julgamento).

Ministro Eduardo Ribeiro, Presidente

Ministro Nilson Naves, Relator

DJ 11.04.1994

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Nilson Naves: Neguei provimento ao agravo de instrumento,

apresentando a seguinte motivação:

Mantendo a decisão agravada, disse o Presidente Osvaldo Caron, a propósito da tempestividade do agravo, verbis:

1. Observo, inicialmente, que em consonância com o estatuído no Provimento n. 462/1991, do Conselho Superior da Magistratura do Estado de São Paulo, as petições de recursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça, somente poderão ser apresentadas no protocolo dos Tribunais a quo.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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A decisão agravada foi publicada, para efeito de intimação das partes, em 15.06.1993 (terça-feira). Protocolizado o agravo no Forum Regional de Santana em 18.06.1993 (sexta-feira), foi apresentado neste Tribunal em 23.06.1993 (quarta-feira), quando já esgotado o lapso temporal.

De fato, é o recurso intempestivo. Consoante a jurisprudência deste Tribunal, o princípio de que, quando utilizado o Sistema de Protocolo Unifi cado e Integrado, a tempestividade do recurso verifi ca-se pela data de apresentação da petição ao protocolo dos foros participantes, não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça (cf. REsp’s n. 28.487, n. 36.732 e n. 20.826).

Veio, em conseqüência, o agravo regimental, trazendo como razões do

pedido de reforma da decisão esses argumentos:

Com essa decisão Vossa Excelência, cerceou de certa maneira direito dos Agravantes.

O Código de Processo Civil, faculta à parte que sofra gravame no decorrer do processo o recurso de agravo de instrumento, como fi cou evidenciado, o recurso foi protocolado no Foro Regional de Santana, dentro do prazo legal para ser encaminhado para o Presidente do Primeiro Tribunal de Alçada Civil, o qual somente foi recebido em 23.06.1993, por questões burocráticas dentro do Poder Judiciário.

Por outro lado os Agravantes, não podem concordar com a intempestividade do recurso, como determinado pelo Excelentíssimo Relator Ministro Nilson Naves, tendo em vista a jurisprudência do próprio Superior Tribunal de Justiça, abaixo transcrita:

Processo Civil.

Recurso. Tempestividade.

Protocolo Unifi cado no Estado de São Paulo.

Provimento n. CCIX, de 07.04.1985 - I - segundo a jurisprudência desta Colenda Corte, os recursos dirigidos aos Tribunais Superiores, devem ser protocolizados na Secretaria do Tribunal a quo, necessariamente. Contudo, no Estado de São Paulo, devem ser considerados tempestivos os recursos e petições ajuizados em comarca diversa, segundo o Provimento CCIX, de 1985, que unifi cou os protocolos forenses, mesmo que despachados pelo Juiz competente após o prazo de Lei. Precedente II - Recurso conhecido e provido (STJ 2ª T. Rec. Esp. n. 7.746-0-SP, rel. Min. José de Jesus Filho, j. 14.04.1993, v.u., DJU 03.05.1993, p. 7.780, Seção I, ementa).

É o relatório.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 293

VOTO

O Sr. Ministro Nilson Naves (Relator): A decisão recorrida e os precedentes ali mencionados não divergem do julgado proferido pela Segunda Turma deste Tribunal. A espécie de que tratou o aresto apontado como divergente referia-se a “embargos opostos à execução” perante a primeira instância. Daí ter afirmado o acórdão, citando precedente, REsp n. 19.936, Sr. Ministro Demócrito Reinaldo, que “no Estado de São Paulo, devem ser considerados tempestivos os recursos e petições ajuizados em comarca diversa, segundo o Provimento n. (...)”, ressalvando, entretanto, os casos de recursos dirigidos aos Tribunais Superiores, que “devem ser protocolizados na Secretaria do Tribunal a

quo, necessariamente.”

Assim, ante à orientação acolhida, sem discrepância, pelo Superior Tribunal de Justiça, nego provimento ao agravo regimental.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 50.668-SP

Relator: Ministro Cesar Asfor Rocha

Agravante: Walter de Castro Cunha

Agravada: Fazenda do Estado de São Paulo

Advogados: Cacildo Batista Palhares

Elizabeth Jane Alves de Lima

EMENTA

Processual Civil. Agravo regimental. Protocolo integrado. Recursos para os Tribunais Superiores. Inaplicabilidade. Intempestividade. Precedentes.

- É entendimento pacífico desta egrégia Corte, que a tempestividade de recurso dirigido a este Tribunal afere-se a partir de sua apresentação no protocolo do Tribunal que proferiu o decisum

recorrido, sendo inaplicável o sistema de protocolo integrado aos recursos dirigidos aos Tribunais Superiores.

- Agravo regimental desprovido.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

294

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da

Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo

regimental. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Demócrito Reinaldo,

Humberto Gomes de Barros e Milton Luiz Pereira. Ausente, justifi cadamente,

o Sr. Ministro Garcia Vieira.

Brasília (DF), 11 de maio de 1994 (data do julgamento).

Ministro Demócrito Reinaldo, Presidente

Ministro Cesar Asfor Rocha, Relator

DJ 06.06.1994

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha: - Cuida-se de agravo regimental,

interposto por Walter de Castro Cunha, contra decisão, por mim proferida, que

rejeitou seu agravo de instrumento nos seguintes termos:

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra despacho do 4º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que negou seguimento a recurso especial, fundado nas alíneas a e c do permissivo constitucional, em face da incidência da Súmula n. 284 do STF e por encontrar-se falha a comprovação do dissídio jurisprudencial.

Ocorre, entretanto, que o recurso foi interposto extemporaneamente. Com efeito, o despacho que inadmitiu o recurso foi publicado em 24.09.1993, transcorrida in albis o prazo para oferecimento da irresignação. A petição de agravo somente foi protocolizada em 06.10.1993, fora do prazo legal.

Isto posto, nego provimento ao agravo. (fl . 121).

O agravante, em sua minuta, sustenta que a petição do agravo de

instrumento foi protocolado, por via do sistema de protocolo integrado, no dia 1º

de outubro de 1993, sexta-feira, estando, portanto, tempestivo.

É o relatório.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 295

VOTO

O Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha (Relator): - Não prospera o

inconformismo da agravante.

É que esta egrégia Corte já pacificou o entendimento de que a

tempestividade de recurso dirigido a este Tribunal afere-se a partir de sua

apresentação no protocolo do Tribunal que proferiu o decisum recorrido, sendo

inaplicável o sistema de protocolo integrado aos recursos dirigidos aos Tribunais

Superiores.

Tal entendimento pode ser constatado pelas ementas dos seguintes

julgados, abaixo registrados:

Agravo regimental em agravo de instrumento. Recurso especial. Protocolo integrado.

Os recursos especiais dirigidos ao STJ, somente poderão ser apresentados no protocolo do Tribunal de origem e não no protocolo de comarca interiorana estadual. Precedentes do STF aplicados ao STJ. Recurso especial intempestivo. (AGRG n. 355-0-SP, Relator o eminente Ministro Gueiros Leite, in DJ de 18.12.1989).

Sistema de protocolo integrado. Tempestividade na hipótese de interposição de recurso. Limites pela esfera judiciária do respectivo Tribunal.

A interposição de recurso, em forum distinto daquele por onde corre o processo, com utilização do sistema integrado de protocolo, considera-se tempestiva desde que apresentada no prazo legal, ainda considera-se tempestiva desde que apresentada no prazo legal, ainda que a petição seja juntada aos autos posteriormente. Tal princípio não é aplicável aos recursos interpostos junto ao Superior Tribunal de Justiça. (REsp n. 28.487-2-SP, Relator eminente Ministro José Cândido de Carvalho, in DJ de 14.12.1992).

Processual Civil. Agravo regimental em agravo de instrumento. Recurso especial. Protocolo integrado.

A tempestividade do recurso especial e aferida com base na data de entrega da petição de interposição no protocolo do Tribunal recorrido.

Agravo regimental improvido. (AGRG n. 28.786-0-RJ, Relator o eminente Ministro Assis Toledo, in DJ de 17.12.1992).

Processo Civil. Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. Precedentes. Agravo desprovido.

I - A tempestividade do recurso especial e, segundo a jurisprudência iterativa desta Corte, marcada pela apresentação da petição recursal na secretaria do Tribunal de origem.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

296

II - O sistema do “protocolo integrado”, conquanto vinculante, no âmbito das instâncias ordinárias, e inaplicável aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias, regidas por normas próprias. (AGRG n. 45.022-8-SP, Relator o eminente Ministro Sálvio de Figueiredo, in DJ de 28.03.1994).

A tese da recorrente afasta-se da orientação jurisprudencial acima

referenciada, impondo-se, de conseqüência, a sua rejeição.

Isto posto, nego provimento ao agravo.

É o voto.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 91.286-SP (95.60621-6)

Relator: Ministro Barros Monteiro

Agravante(s): Spare Comércio de Máquinas Operatrizes Ltda.

Agravado: R. Decisão de fl . 126

Advogados: Valdemir José Henrique e Maria Aparecida Cabestre Gamba

e outros

EMENTA

Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado.

O sistema de “protocolo integrado”, próprio da estrutura

judiciária estadual, não se aplica aos recursos dirigidos às instâncias

extraordinárias. Precedentes do STJ.

Agravo improvido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas: Decide a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, na forma do relatório e notas taquigráfi cas

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 297

precedentes que integram o presente julgado. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Ruy Rosado de Aguiar, Fontes de Alencar e Sálvio de Figueiredo.

Brasília (DF), 09 de abril de 1996 (data do julgamento).

Ministro Sálvio de Figueiredo, Presidente

Ministro Barros Monteiro, Relator

DJ 10.06.1996

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Barros Monteiro: - Spare Comércio de Máquinas Operatrizes

Ltda. manifestou recurso especial que teve seu seguimento negado, por intempestivo, em face de ter sido protocolizado no último dia do prazo recursal no Fórum Regional I - Santana e só ter chegado no dia seguinte, a destempo, no protocolo do Tribunal a quo. Interposto agravo de instrumento, neguei provimento, sob o fundamento de que a jurisprudência desta Corte se afi na com a decisão então recorrida.

Daí o presente agravo regimental, em que sustenta a recorrente, em síntese, que protocolizado o recurso especial dentro do prazo legal de 15 dias, em face da existência do protocolo integrado, o recurso não pode ser tido como extemporâneo.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Barros Monteiro (Relator): - Sem razão a recorrente.

O art. 27 da Lei n. 8.038/1990 dispõe que a petição de recurso extraordinário ou especial deve ser recebida e protocolizada na secretaria do Tribunal recorrido.

Assim, o recurso especial apresentado na sede de Juízo de 1º grau, através do sistema de protocolo integrado, é considerado intempestivo se chegar à secretaria do Tribunal de origem quando já decorrido o lapso recursal. A propósito, confiram-se os AgRg’s nos Ag’s n. 41.212-SP, n. 44.844-SP, n. 48.470-SP, n. 50.668-SP e n. 45.022-SP, relatados, respectivamente, pelos Ministros Nilson Naves, Costa Leite, Cláudio Santos, Cesar Asfor Rocha e Sálvio de Figueiredo. Este último porta a seguinte ementa:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

298

Processo Civil. Recurso especial. Intempestividade.

Protocolo integrado. Precedentes. Agravo desprovido.

I - A tempestividade do recurso especial é, segundo a jurisprudência iterativa desta Corte, marcada pela apresentação da petição recursal na secretaria do Tribunal de origem.

II - O sistema do “protocolo integrado”, conquanto vinculante, no âmbito das instâncias ordinárias, é inaplicável aos recursos dirigidos as instâncias extraordinárias, regidos por normas próprias (DJ de 28.03.1994, p. 6.332).

Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

É o meu voto.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 146.451-SP (97.0030072-2)

Relator: Ministro José Arnaldo

Agravante(s): Neusa Giannini

Agravado(s): Flávio Fracarolli Martins Fontes

Advogado(s): Th eo Escobar e outros

José Luiz Bayeux Filho e outros

EMENTA

- Agravo regimental. Agravo de instrumento. Tempestividade. Protocolo integrado.

- Conforme inúmeros precedentes “o sistema de protocolo integrado, próprio da estrutura judiciária estadual, não se aplica aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias.”

- Agravo não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 299

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do agravo regimental.

Votaram com o Relator os Srs. Ministros Felix Fischer, Edson Vidigal, José

Dantas e Cid Flaquer Scartezzini.

Brasília (DF), 19 de março de 1998 (data do julgamento).

Ministro Edson Vidigal, Presidente

Ministro José Arnaldo, Relator

DJ 27.04.1998

RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Arnaldo: - Agrava-se da seguinte decisão por mim

proferida, in verbis (fl . 69):

Neusa Giannini agrava de despacho denegatório de recurso especial.

Contudo, o agravo não merece ser conhecido, uma vez que se demonstra intempestivo, pois, a recorrente foi intimada do v. acórdão proferido no julgamento do Tribunal a quo em 16.10.1996, iniciando-se o curso do prazo em 17.10.1996, o que fez do dia 31.10.1996 o último para a interposição do recurso especial.

Nestas circunstâncias demonstra-se intempestivo o presente recurso.

À vista do exposto, não conheço do agravo.

Outrossim, com os seguintes argumentos a agravante requer a

reconsideração da r. decisão agravada, verbis: (fl . 72):

2 - Acontece, porém, que o recurso especial foi interposto, efetivamente, no dia 31.10.1996, as 17, 28 horas, constando do protocolo a expressa menção “2 TAC”, que é a nomenclatura simplifi cada do Segundo Tribunal de Alçada Civil nas leis de organização judiciária do Estado de São Paulo e a sigla identifi cadora do protocolo do Tribunal a quo. Portanto, o recurso especial foi apresentado, tempestivamente, ou seja, no dia 31.10.1996, no protocolo judiciário que acolhe as petições do Segundo Tribunal de Alçada Civil, por onde tramitou o processo, o qual está perfeitamente identifi cado na chancela mecânica, aposta à petição, por meio da abreviatura “2 TAC”. Não se trata, por conseguinte, de protocolo integrado, mas de protocolo destinado ao recebimento de petições do próprio Segundo Tribunal de Alçada Civil (2 TAC).

3 - Ainda que assim não se venha a entender, ad argumentandum tantum, o certo é que, dadas as peculiaridades das leis de organização judiciária do Estado

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

300

de São Paulo, esse Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em várias decisões, tem admitido o uso do protocolo unifi cado para fi ns de interposição dos recursos junto a essa Colenda Corte, conforme se vê dos seguintes acórdãos.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro José Arnaldo (Relator): - Sr. Presidente, este Superior

Tribunal de Justiça já pacifi cou o entendimento de que a tempestividade do

recurso é aferida pela data em que a petição respectiva tenha sido apresentada

no protocolo-geral do Tribunal.

Confi ra-se, a propósito, os seguintes precedentes:

Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. Segundo iterativa jurisprudência deste Tribunal, a tempestividade do recurso especial é considerada tendo em conta a data de apresentação da petição no Tribunal de origem, não podendo ser utilizado o protocolo integrado. (AgRg n. 153.708-SP, rel. Min. Eduardo Ribeiro, DJ de 27.10.1997).

Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. O sistema de “protocolo integrado”, próprio da estrutura judiciária estadual, não se aplica aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias. Precedentes do STJ. Agravo improvido. (AgRg n. 91.286-SP, rel. Min. Barros monteiro, DJ de 10.06.1996).

Assim, verifi cada a manifesta extemporaneidade do recurso, dele não se

conhece.

É como voto.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 153.708-SP (97.0049237-0)

Relator: Ministro Eduardo Ribeiro

Agravante: Antônio Carlos Ferreira

Agravado: O R. Despacho de fl . 80

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 301

Parte: Banco Itaú S/A

Interessado: Antônio José de Oliveira

Advogados: Eugênio Carlos Barboza e outros

Salete Vendramim Laurito e outros

EMENTA

Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado.

Segundo iterativa jurisprudência deste Tribunal, a tempestividade

do recurso especial é considerada tendo em conta a data de

apresentação da petição no Tribunal de origem, não podendo ser

utilizado o protocolo integrado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da

Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e

das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo

regimental.

Participaram do julgamento os Srs. Ministros Menezes Direito, Costa

Leite e Nilson Naves.

Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Waldemar Zveiter.

Brasília (DF), 16 de setembro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Costa Leite, Presidente

Ministro Eduardo Ribeiro, Relator

DJ 27.10.1997

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro: - Neguei provimento a agravo, com o

seguinte despacho, verbis:

Correto o despacho impugnado, deve ser mantido. Segundo iterativa jurisprudência deste Tribunal, a tempestividade do recurso especial é determinada

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

302

pela apresentação da petição recursal na secretaria do Tribunal de origem. É de se acentuar que o sistema de “protocolo integrado”, embora vinculante no âmbito das instâncias ordinárias, é inaplicável aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias.

Insurge-se o recorrente contra essa decisão, afi rmando que houve um “extremado formalismo processual” e acentuando que a protocolização do recurso se deu dentro dos quinze dias previstos, mesmo que o tenha sido em protocolo do Tribunal de Justiça, que é integrado. Assevera, por outro lado, que não se pode imputar ao recorrente a demora no processamento do recurso, uma vez que, “da protocolização da petição nada mais poderá fazer, entrando, desse momento por diante, o princípio do impulso processual do processo”. Acentua que o Tribunal de Justiça não deveria receber petições do Tribunal de Alçada Civil e, se recebeu, não se poderá prejudicar a parte interessada. Cita o princípio da instrumentalidade do processo, o direito de defesa e o princípio do devido processo legal, passando, em seguida, aos temas referentes ao mérito do especial.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro (Relator): - Este Tribunal já teve oportunidade de decidir inúmeros casos sobre o tema em debate, tendo assentado a jurisprudência no sentido da decisão impugnada. Assim, há de se ter como intempestiva a petição de recurso especial que, embora protocolizada tempestivamente, não o foi no Tribunal de origem, pois não se aplica aos recursos para os Tribunais superiores o sistema do protocolo integrado. Neste sentido inúmeros precedentes, entre os quais os REsp’s n. 38.585 e n. 77.257 e Agravos Regimentais nos Agravos de Instrumento n. 44.844 e n. 45.022.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 208.971-PR (98.0078947-2)

Relator: Ministro Waldemar Zveiter

Agravante: IV Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 303

Advogados: Marilia Monzillo de Almeida, Marcelo Henriques Ribeiro de

Oliveira e outros

Agravado: O R. Despacho de fl . 116

Parte: Cezar Fernando Pilatti

Advogado: Carlos Joaquim de Oliveira Franco

EMENTA

Processual Civil. Agravo regimental. Agravo de instrumento.

Sistema de protocolo judiciário descentralizado. Tempestividade

recursal.

I - O Sistema de “protocolo integrado” (Estado de São Paulo)

ou de “protocolo judiciário descentralizado” (Estado do Paraná)

conquanto vinculantes no âmbito das instâncias ordinárias, são

inaplicáveis aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias, por

serem estes regidos por normas próprias, disciplinadas no CPC.

II - Regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Senhores Ministros

da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos

e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo

regimental. Participaram do julgamento os Senhores Ministros Ari Pargendler,

Menezes Direito e Nilson Naves. Impedido o Sr. Ministro Eduardo Ribeiro.

Brasília (DF), 03 de dezembro de 1999 (data do julgamento).

Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Presidente

Ministro Waldemar Zveiter, Relator

DJ 13.03.2000

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter: Às fls. 116 neguei seguimento ao

agravo de instrumento por entender inaplicável aos recursos dirigidos às

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

304

instâncias extraordinárias o sistema de “protocolo integrado”, concluindo pela

intempestividade do recurso especial interposto.

Inconformada, IV Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários interpõe o

presente regimental alegando, em síntese, que no Estado do Paraná não há um

protocolo integrado, mas sim, um protocolo judiciário descentralizado, ou seja,

as Comarcas são consideradas, para efeito de protocolo de petições e recursos,

uma extensão da Secretaria do Tribunal de Justiça.

Em sendo assim, o recurso especial foi protocolizado tempestivamente na

Comarca de Ponta Grossa, amparando-se na Resolução n. 6/96, do Tribunal de

Justiça do Estado do Paraná.

Requer a reconsideração da decisão agravada ou seja o recurso submetido à

Eg. Terceira Turma, objetivando seu provimento.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Waldemar Zveiter (Relator): As alegações da Agravante

centram-se na afi rmativa de não igualarem-se o protocolo integrado do Estado

de São Paulo e o protocolo judiciário descentralizado do Estado do Paraná,

para efeito de apresentação de petições e recursos dirigidos às instâncias

extraordinárias. A seu ver, neste último, o protocolo nas comarcas seria uma

extensão da Secretaria do Tribunal de Justiça e, diferentemente do sistema

integrado, a petição não seria protocolizada duas vezes, uma na comarca e outra

no Tribunal, mas apenas uma única vez.

Em que pese a combatividade dos patronos da Agravante, a irresignação

não merece prosperar.

Com efeito, a jurisprudência desta Corte é no sentido de que

a tempestividade do Recurso Especial é aferida tendo em conta a data de

apresentação da petição na Secretaria do Tribunal a quo (AgRgAg n. 153.708-

SP, DJ 27.10.1997 e Ag n. 173.813-PR, DJ 14.05.1998, dentre outros).

Idêntica orientação tem sido adotada pelo Colendo Supremo Tribunal

Federal, relativamente aos processos de sua competência, como atesta o AGA

n. 108.716/1988-SP, Rel. Min. José Nery da Silveira, DJ de 25.03.1988, assim

ementado:

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 305

Agravo de instrumento. Intempestividade. Devolução de prazo não comprovada. Protocolo integrado. Provimento da Justiça Estadual. Não pode ser considerado, em se tratando de prazo de recurso dirigido ao Supremo Tribunal Federal, diante da lei federal. Código de Processo Civil.

Art. 544: a petição deve ser protocolizada na secretaria da Corte a quo, dentro do prazo legal. Agravo regimental desprovido.

O recurso especial foi protocolizado tão-somente na Comarca de Ponta Grossa (fl s. 47), não o tendo sido na Secretaria do Tribunal de Justiça do Estado.

O Sistema de “protocolo integrado” (Estado de São Paulo) ou de “protocolo judiciário descentralizado” (Estado do Paraná) conquanto vinculantes no âmbito das instâncias ordinárias, são inaplicáveis aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias, por serem estes regidos por normas próprias, disciplinadas no Código de Processo Civil.

Ademais, a Resolução n. 6/96, que criou o protocolo descentralizado no Estado do Paraná, refere-se, em seu art. 3°, às petições dirigidas ao Tribunal de Justiça, estando excluídas, pois, as dirigidas aos Tribunais Superiores. Confi ra-se (fl s. 94):

Art. 3° - Ao Protocolo Judiciário caberá o recebimento e protocolização de todas as petições dirigidas ao Tribunal de Justiça, em ordem cronológica e numérica seqüencial de apresentação, mediante sistema informatizado específi co. (grifo nosso).

Isto posto, nego provimento ao agravo regimental.

É o meu voto.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 327.139-SP (2000/0084982-0)

Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior

Agravante: Fábio Eduardo Infantine

Advogados: Adjar Alan Sinotti e outro

Agravado: Condomínio Edifício Santana Top Life

Advogados: Euzébio Inigo Funes e outros

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

306

EMENTA

Processual Civil. Recurso especial. Protocolo integrado. Imprestabilidade.

I. O sistema de protocolo integrado instituído na Justiça Estadual não se aplica ao recurso especial endereçado ao STJ, que deve ser apresentado perante o Tribunal de origem, na forma da Lei Adjetiva Civil.

II. Precedentes.

III. Agravo improvido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, à unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, na forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos autos, que fi cam fazendo parte integrante do presente julgado. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Sálvio de Figueiredo Teixeira, Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha e Ruy Rosado de Aguiar.

Custas, como de lei.

Brasília (DF), 07 de dezembro de 2000 (data do julgamento).

Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Presidente

Ministro Aldir Passarinho Junior, Relator

DJ 05.03.2001

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior: - Fábio Eduardo Infantine interpõe agravo regimental contra decisão do seguinte teor (fl . 127):

Trata-se de agravo de instrumento manifestado por Fábio Eduardo Infantine contra decisão que inadmitiu recurso especial, porque intempestivo.

Correta a decisão em face da orientação desta Corte de não aplicar o sistema de protocolo integrado aos recursos a ela dirigidos, conforme precedentes citados à fl . 104.

Pelo exposto, não conheço do agravo.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 307

Alega o agravante que o Código de Processo Civil estabelece que basta o

protocolo no prazo legal, para se aferir a tempestividade do recurso e que se o

Provimento n. 462/91 admite o protocolo integrado entre as diversas Comarcas

do Estado e os Tribunais de Justiça e de Alçada, não se justifi ca a exclusão dos

recursos dirigidos aos Tribunais Superiores.

Ressalta que o espírito do protocolo integrado é auxiliar a todos os

profi ssionais, na defesa dos interesses de seus clientes e garantir aos litigantes,

em processo judicial, o contraditório e ampla defesa e que, diante da inovação

trazida pela Lei n. 9.800/1999, a decisão deve ser revista.

Requer, enfi m, seja dado provimento ao agravo regimental para o fi m de

reformar a r. decisão agravada e determinado o seguimento do recurso especial

interposto.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior (Relator): - A questão alusiva à

imprestabilidade do protocolo integrado estadual para o aviamento de recursos

dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça, Corte nacional, já foi objeto de

reiterados julgamentos no âmbito deste Pretório, como assinalado tanto no

despacho presidencial a quo (fl . 104), ratifi cado por decisão do relator, de fl . 127.

São exemplos os seguintes arestos:

Processual Civil. Agravo regimental. Agravo de instrumento. Ausência da certidão de publicação do acórdão recorrido. Súmula n. 223-STJ. Protocolo integrado. Tempestividade.

I - A cópia da certidão de publicação do acórdão hostilizado é peça de traslado obrigatório, sendo indispensável à verifi cação da tempestividade do Recurso Especial, consoante a disposição da Súmula n. 223-STJ.

II. - O Sistema de “protocolo integrado”, conquanto vinculante no âmbito das instâncias ordinárias, é inaplicável aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias, por serem estes regidos por normas próprias, disciplinadas no Código de Processo Civil.

II. - Regimental desprovido.

(3a Turma, AgR-AG n. 273.406-RJ, Rel. Min. Waldemar Zveiter, unânime, DJU de 30.10.2000).

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

308

Recurso. Prazo. Protocolo integrado. Embargos de declaração. É tempestivo o recurso dirigido a Tribunal Estadual se a petição, mesmo ingressando na Secretaria após o vencimento do prazo, foi ajuizada a tempo pela parte, utilizando-se do sistema de protocolo integrado instituído no Estado de São Paulo. A restrição ao uso do protocolo único só diz com os recursos apresentados aos Tribunais superiores, que se regulam por lei federal.

Recurso conhecido e provido.

(4a Turma, AgR-AG n. 204.765-SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, unânime, DJU de 23.08.2000).

AgRg(Ag) Agravo Regimental. Intempestividade do recurso especial. Protocolo integrado. Art. 525, § 2°, do CPC. Instâncias extraordinárias. Inaplicabilidade. Matéria constitucional. Inviabilidade. Precedentes do STJ.

1 - É uníssona a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de se afi rmar que o sistema de protocolo integrado deverá ser observado tão-somente nas instâncias ordinárias, nos termos do art. 525, § 2o, do CPC, não se aplicando o referido sistema às instâncias extraordinárias, as quais são regidas por normas próprias. Precedentes: AgRg-REsp n. 211.121-PB, DJ 05.06.2000, AgRg-Ag n. 255.735-SP, DJ 07.02.2000, AgRgAg n. 168.192-SP, DJ 06.04.1998, AgRgAg n. 269.069-RN, DJ 28.02.2000.

2 - É vedada a esta Corte, em sede de recurso especial, apreciação de pretensa violação a dispositivos constitucionais, por se tratar de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal.

3 - Agravo regimental desprovido.

(5a Turma, AgR-AG n. 215.324-SP, Rel. Min. Gilson Dipp, unânime, DJU de 09.10.2000).

Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

É como voto.

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL N. 211.121-PB (99.0035783-3)

Relator: Ministro Hamilton Carvalhido

Agravante: Maria de Fátima Ventura Lacerda

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 309

Advogados: José Câmara de Oliveira e outro

Agravados: R. Despacho de fl . 199

Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

Advogados: Frederico Bernardino e outros

EMENTA

Agravo regimental. Tempestividade. Recurso especial. Protocolo integrado. Instância superior. Inadmissibilidade.

1. É uníssona a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de afi rmar que o sistema do protocolo integrado deve ser observado tão-somente nas instâncias ordinárias, restando desvinculada a instância especial (Código de Processo Civil, artigo 525, parágrafo 2°).

2. Agravo regimental não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do agravo regimental, nos

termos do voto do Sr. Ministro-Relator.

Votaram com o Relator os Srs. Ministros Fontes de Alencar e Vicente

Leal. Ausentes, por motivo de licença, o Sr. Ministro William Patterson e,

justifi cadamente, o Sr. Ministro Fernando Gonçalves.

Brasília (DF), 26 de outubro de 1999 (data do julgamento).

Ministro Vicente Leal, Presidente

Ministro Hamilton Carvalhido, Relator

DJ 05.06.2000

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido: Agravo regimental interposto por

Maria de Fátima Ventura Lacerda contra decisão que não conheceu de recurso

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

310

especial, fundado nas alíneas a e c do artigo 105 da Constituição da República,

por intempestivo.

Alega a agravante que houve erro material na decisão, posto que o recurso

foi protocolado na divisão de apoio judiciário e administrativo do Estado da

Paraíba, dentro do prazo legal.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido (Relator): Senhor Presidente, o presente agravo não merece prosperar.

Ao que se tem, trata-se de protocolo integrado, de observância nas instâncias ordinárias dos Tribunais Regionais Federais, regimentado pelas suas Leis de Organização Judiciárias, de modo a permitir que as petições dos recursos sejam interpostas diretamente nas secretarias competentes e, após, encaminhadas à vara competente para o processamento.

Ocorre, contudo, que nos termos da jurisprudência da Corte, o sistema de protocolo integrado deve ser observado tão-somente na instância ordinária (artigo 525, parágrafo 2°, do Código de Processo Civil), restando desvinculada a instância especial.

A propósito, vejam-se os seguintes precedentes jurisdicionais:

Processual Civil. Recurso. Prazo. Protocolo unifi cado e integrado nos foros do Estado.

1. No sistema de protocolo unifi cado e integrado, a tempestividade do recurso há que se verifi car pela data de apresentação da petição ao protocolo dos Foros participantes, sendo irrelevante que o mesmo dê entrada no juízo de origem após o transcurso do prazo legal.

2. Precedentes.

3. Ressalva quanto aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de Justiça.

4. Recurso especial conhecido e provido (REsp n. 20.826-SP, Rel. Min. Fontes de Alencar, julgado em 30.03.1993 - nossos os grifos).

Recurso especial. Protocolo integrado. Estado de São Paulo.

A data do recebimento da petição no sistema de protocolo integrado, no Estado de São Paulo, não defi ne a tempestividade do recurso especial, que deve ser processado na Secretaria do Tribunal que proferiu o julgamento recorrido.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 311

Recurso especial não conhecido. (REsp n. 107.496-SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, julgado 02.12.1996 - nossos os grifos).

Pelo exposto, não conheço do agravo regimental.

É o voto.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 249.238-SP (99.0057204-1)

Relator: Ministro Fernando Gonçalves

Embargante: Lindimare Ferreira dos Santos de Souza

Advogado: José Rosival Rodrigues

Embargado: R. Despacho de fl . 100

Embargado: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

Advogado: Ivanise Correa Rodrigues e outros

EMENTA

Processo Civil. Embargos de declaração contra decisão monocrática de relator proferida em agravo de instrumento. Descabimento. Jurisprudência recente do STF. Conhecidos como agravo regimental. Tempestividade. Protocolo integrado.

1 - Recebem-se embargos de declaração como agravo regimental, quando opostos contra a decisão de que trata o art. 545 do CPC.

2 - Conforme inúmeros precedentes o sistema de protocolo integrado, próprio da estrutura judiciária estadual, não se aplica aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias.

3 - Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

312

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, receber os embargos declaratórios como agravo regimental e lhe negar provimento. Votaram com o Ministro-Relator os Ministros Hamilton Carvalhido e Fontes de Alencar. Ausentes, por motivo de licença, o Ministro William Patterson e, justifi cadamente, o Ministro Vicente Leal.

Brasília (DF), 28 de setembro de 1999 (data do julgamento).

Ministro Fernando Gonçalves, Presidente e Relator

DJ 08.11.1999

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves: Trata-se de embargos de declaração opostos por Lindimare Ferreira dos Santos de Souza contra decisão assim vazada, verbis:

Vistos, etc.

O agravo de instrumento não merece prosperar, porquanto o recurso especial mostra-se intempestivo. Com efeito, publicada a decisão recorrida em 16.10.1998 (fl . 72), o recurso só foi recebido no Segundo Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo em 04.11.1998 (fl . 73), (01) um dia depois de escoado o prazo para sua interposição, que é de (15) quinze dias, nos termos do art. 508 do CPC.

Ante o exposto não conheço do agravo de instrumento. (fl . 100).

Sustenta a embargante que essa decisão incorre em omissão, pois não foi levado em consideração o fato da existência de protocolo integrado no Estado de São Paulo.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Fernando Gonçalves (Relator): Da leitura das razões do

recurso interposto, vislumbra-se claramente seu nítido caráter infringente.

Como se sabe, os embargos declaratórios não se prestam a esse fi m, a não ser em

casos excepcionais. Na hipótese dos autos, a embargante aponta omissão porque,

segundo afi rma, ao contrário do que assentou a decisão embargada, o recurso

especial mostra-se tempestivo, uma vez que foi apresentado através de protocolo

integrado.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 313

Entretanto, o STF já decidiu que não cabem embargos declaratórios

contra decisão monocrática de relator, devendo-se conhecê-los como agravo

regimental, mesmo porque, no caso, o inconformismo é próprio desse último

meio recursal. Confi ra-se a jurisprudência da Suprema Corte, verbis:

Embargos de declaração contra despacho monocrático que negou seguimento a agravo de instrumento. Sua conversão em agravo regimental, por não serem cabíveis os embargos em causa, segundo a jurisprudência desta Corte.

Agravo regimental que não ataca a fundamentação do despacho agravado, como teria-se de fazê-lo.

Agravo a que se nega provimento. (EDAgrAg n. 219.754-GO, DJ 27.11.1998, Rel. Min. Moreira Alves).

Portanto, conheço dos embargos declaratórios como agravo regimental.

Não merece, entretanto, provimento o recurso em questão. Com efeito, o

entendimento preconizado na Corte é no sentido de que o protocolo integrado,

como expresso no artigo 525, § 2°, do CPC é regulado por lei local e, em tema

de recurso, só se refere aos dirigidos a Tribunais Estaduais.

Para aqueles que devam ser apreciados pelos Tribunais superiores,

como salientou o Min. Waldemar Zveiter no REsp n. 77.257-SP, “exige-se

expressamente que as petições de recursos especiais e extraordinários devam

ser protocolizadas nas secretarias dos Tribunais de origem” (artigo 524, CPC, com

redação dada pela Lei n. 8.950/1994).

Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 115.189-SP (96.0038312-0)

Relator: Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira

Embargantes: Mitsuo Nishime e cônjuge

Embargado: Acórdão de fl . 119

Advogados: Eugênio Carlos Barboza e outros

Rosemary Cristina Bueno Reis e outros

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

314

EMENTA

Processo Civil. Recurso especial. Intempestividade. Protocolo

integrado. Exame de ofício. Precedentes. Embargos rejeitados.

I - A tempestividade é um dos pressupostos gerais do sistema

recursal, sendo igualmente certo que tais requisitos podem, e devem,

salvo exceções, ser apreciados mesmo ex offi cio, e sob duplo exame, a

saber, nos Juízos a quo e ad quem.

II - O sistema do “protocolo integrado”, conquanto vinculante no

âmbito das instâncias ordinárias, é inaplicável aos recursos dirigidos às

instâncias extraordinárias, regidos por normas próprias.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração.

Votaram com o Relator os Ministros Barros Monteiro, Cesar Asfor Rocha, Ruy

Rosado de Aguiar e Fontes de Alencar.

Brasília (DF), 25 fevereiro de 1997 (data do julgamento).

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Presidente e Relator

DJ 24.03.1997

EXPOSIÇÃO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: Cuida-se de embargos de

declaração com efeitos modifi cativos, manifestados contra acórdão proferido

por esta Quarta Turma que, por unanimidade, desproveu “agravo interno”, ao

entendimento de que o recurso especial interposto se encontrava intempestivo.

O acórdão embargado ementou:

Processo Civil. Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. Agravo desprovido.

- A tempestividade do recurso especial pode ser examinada mesmo de ofício.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 315

No voto condutor, assim me pronunciei:

Sem adentrar no mérito das r. questões colocadas no recurso de que se trata, vê-se (fl . 77) que o próprio recurso especial se encontra intempestivo. O acórdão recorrido foi publicado em 1º.02.1995 (quinta-feira), vindo a fi ndar-se o prazo recursal, portanto, em 16.02.1995, tendo o especial somente sido protocolado na Secretaria do Tribunal de origem (Primeiro Tribunal de Alçada Cível de São Paulo) em 20.02.1995. O fato dele ter sido interposto na Secretaria do Tribunal de Justiça do mesmo Estado no prazo legal, não se considera sufi ciente para ultrapassar o óbice legal, uma vez que a jurisprudência desta Corte tem entendido que o sistema de protocolo integrado não se aplica aos recursos endereçados ao Superior Tribunal de Justiça.

Confi ra-se, a propósito, dentre muitos, o AgRg-Ag n. 45.022-SP, cuja ementa fi cou assim vazada:

Processo Civil. Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. Precedentes. Agravo desprovido.

I - A tempestividade do recurso especial é, segundo a jurisprudência iterativa desta Corte, marcada pela apresentação da petição recursal na secretaria do Tribunal de origem.

II - O sistema do “protocolo integrado”, conquanto vinculante, no âmbito das instâncias ordinárias, é inaplicável aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias, regidos por normas próprias.

Por fi m, para evitar irresignações futuras, vale salientar que a tempestividade do recurso especial, por ser pressuposto de constituição do processo, pode ser examinada mesmo de ofício por esta Corte.

Assim sendo, desprovejo o agravo.

Os embargantes, ao seu turno, sustentam duas teses. A primeira, que a

decisão ora embargada feriu os princípios do contraditório e da ampla defesa,

uma vez que inovou ao acolher a intempestividade do recurso especial, não

examinada até aquele momento. A segunda, que o apelo especial se encontra

tempestivo, porquanto protocolado dentro do prazo legal, no sistema integrado

do Estado de São Paulo.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira (Relator): Em que pesem as

razões dos embargantes, não há como prosperar o inconformismo.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

316

A uma, porque a tempestividade, como se sabe, é um dos chamados

pressupostos gerais do sistema recursal, sendo igualmente certo que tais

requisitos podem, e devem, salvo exceções, ser apreciados mesmo ex offi cio, e sob

duplo exame, a saber, nos Juízos a quo e ad quem.

Se assim é, e o é, incumbia ao em. Presidente do Tribunal de origem

examinar esse requisito, independentemente de provocação quando da

interposição do recurso especial. E Sua Excelência, ao contrário do que

sustentam os embargantes, deu pela intempestividade do especial (fl . 77), no que

agiu com inteiro acerto. Indo além, é de afi rmar-se que, mesmo que assim não

tivesse agido, e que tivesse dado pela tempestividade, ainda assim este Superior

Tribunal de Justiça, mesmo de ofício, teria que apreciar tal aspecto.

Esta Quarta Turma já se manifestou nesse sentido, como se vê das ementas

dos julgados abaixo:

- A tempestividade é um dos chamados pressupostos gerais do sistema recursal, sendo igualmente certo que tais requisitos podem, e devem, ser apreciados mesmo ex offi cio, e sob duplo exame, a saber, nos Juízos a quo e ad quem (AgRg-Ag n. 72.199-0-SP).

- A tempestividade é um dos pressupostos de admissibilidade, incumbindo a sua apreciação, independentemente de argüição, aos Juízos a quo e ad quem (AgRg-Ag n. 105.804-MG).

A duas, porque esta Corte já tem jurisprudência fi rmada no sentido de que

o sistema de “protocolo integrado” não se aplica aos recursos endereçados ao

Superior Tribunal de Justiça.

A propósito, dentre muitos, o REsp n. 107.496 (DJ 02.12.1996), da

relatoria do Min. Ruy Rosado de Aguiar, assim ementado:

Recurso especial. Protocolo integrado. Estado de São Paulo. A data do recebimento da petição no sistema de protocolo integrado, no Estado de São Paulo, não defi ne a tempestividade do recurso especial, que deve ser processado na secretaria do Tribunal que proferiu o julgamento recorrido.

Em seu voto, o em. Relator teceu razões que se ajustam ao presente caso,

verbis:

A jurisprudência do STJ está hoje pacifi cada quanto à necessidade da petição de recurso ser apresentada, ainda dentro do prazo de recurso, na Secretaria do Tribunal, perante cujo Presidente é formalizada a manifestação recursal.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 317

Existindo um sistema de protocolo integrado, no Estado de São Paulo, pode ser utilizado para os fi ns que foi instituído, de acordo com as regras expedidas pelo Tribunal de Justiça. Entre essas hipóteses não se encontra a de uso dos seus serviços para defi nir a data de interposição de recurso especial. Dispõe o art. 1º do Provimento n. 462/1991, do eg. CSM do Estado de São Paulo, transcrito nos autos, e que estaria em vigor ao tempo:

Art. 1°. Ficam autorizados os protocolos dos Foros do Estado a receber petições, exceto as iniciais, dirigidas a outras comarcas do Estado.

Parágrafo 3°. As petições de recursos dirigidas ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça somente poderão ser apresentadas no protocolo do Tribunal a quo.

Os precedentes deste Tribunal são nesse sentido, e nenhum argumento novo foi trazido para modifi cá-las:

Recurso para o STJ. Interposição.

Recurso para o STJ é interposto perante o Presidente do Tribunal recorrido, e não perante o Juiz da comarca, no caso do chamado protocolo integrado. Reclamação julgada improcedente. (RCL n. 49-SP, 2ª Seção, rel. o em. Min. Nilson Naves, DJ 09.03.1992).

Agravo regimental em agravo de instrumento. Recurso especial. Protocolo integrado.

Os recursos especiais dirigidos ao STJ, somente poderão ser apresentados no protocolo do Tribunal de origem e não no Protocolo de Comarca Interiorana Estadual. Precedentes do STF aplicados ao STJ.

REsp intempestivo. (AGR-AG n. 355-SP, 3ª Turma, rel. o em. Min. Gueiros Leite).

Recurso especial. Protocolização na Justiça Federal de primeiro grau. Descabimento. Intempestividade, no caso.

I - O recurso especial há de ser interposto perante o Presidente do Tribunal recorrido, devendo, por isso, ser tempestivamente protocolizado na Secretaria da Corte e não da Justiça Federal de primeiro grau.

II - Agravo regimental desprovido. (AGR-AG n. 31.132-SP, 2ª Turma, rel. o em. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 15.03.1993).

Processo Civil. Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. Precedentes. Agravo desprovido.

I - A tempestividade do recurso especial é, segundo a jurisprudência iterativa desta Corte, marcada pela apresentação da petição recursal na secretaria do Tribunal de origem.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

318

II - O sistema do “protocolo integrado”, conquanto vinculante no âmbito das instâncias ordinárias, é inaplicável aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias, regidos por normas próprias. (AGR-AG n. 45.022-SP, 4ª Turma, rel. o em. Min. Sálvio de Figueiredo, DJ 28.03.1994).

Processual Civil. Protocolo integrado. Recurso especial. Intempestividade.

A tempestividade de recurso especial se afere a partir da apresentação do mesmo no protocolo do Tribunal que proferiu o acórdão recorrido, não se aplicando aos recursos para os Tribunais Superiores a regulamentação do denominado “protocolo integrado”, feita pelo Tribunal local (REsp n. 38.587-SP, 4ª Turma, rel. o em. Min. Dias Trindade, DJ 29.11.1993).

É de se concluir, portanto, que as razões de inconformismo não ferem a

jurisprudência citada, em nenhuma das hipóteses.

Assim não havendo qualquer vício a ser sanado no acórdão embargado,

rejeito os embargos.

RECURSO ESPECIAL N. 38.585-SP

Relator: Ministro Dias Trindade

Recorrente: Sílvio Antônio de Oliveira Filho

Recorrido: Triedro Engenharia e Construções Ltda.

Advogados: Sílvio Antônio de Oliveira e outro, Samir Safadi

EMENTA

Processual Civil. Protocolo integrado. Recurso especial.

Intempestividade.

A tempestividade de recurso especial se afere a partir da

apresentação do mesmo no protocolo do Tribunal que proferiu o

acórdão recorrido, não se aplicando aos recursos para os Tribunais

superiores a regulamentação do denominado “protocolo integrado”,

feita pelo Tribunal local.

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 319

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso. Participaram

do julgamento, além dos signatários, os Srs. Ministros Sálvio de Figueiredo,

Barros Monteiro e Torreão Braz.

Brasília (DF), 20 de outubro de 1993 (data do julgamento).

Ministro Fontes de Alencar, Presidente

Ministro Dias Trindade, Relator

DJ 29.11.1993

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Dias Trindade: Com fundamento no art. 105, III, a e c da Constituição Federal recorre Silvio Antonio de Oliveira Filho de acórdão proferido pela Décima Quinta Câmara Civil de São Paulo que negou provimento a apelação interposta em ação de rescisão de contrato particular de venda e compra de imóvel promovida contra a Triedro Engenharia e Construções Ltda.

Sustenta o recorrente ter o acórdão negado vigência ao art. 53 do Código do Consumidor ao não reconhecer nula a cláusula que prevê a perda de quantias pagas, e divergido de outros julgados.

Processado e admitido o recurso vieram os autos a este Tribunal.

É como relato.

VOTO

O Sr. Ministro Dias Trindade (Relator): O recurso especial é intempestivo, porquanto, publicado o acórdão em 07 de abril, quarta-feira santa, o prazo começou a correr a partir de 12, segunda-feira, encerrando-se em 26, também segunda-feira, enquanto que a petição de recurso foi protocolada no Tribunal de origem em 30 desse mesmo mês de abril.

A circunstância de haver anotado carimbo do foro de comarca do interior, dando como ali apresentada petição em 26, o certo é que não vigora, para os recursos endereçados aos Tribunais superiores a regulamentação do chamado

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

320

“protocolo integrado”, instituído pelo mesmo Tribunal, conforme disposição expressa na respectiva regulamentação.

Isto posto, voto, preliminarmente, no sentido de não conhecer do recurso.

RECURSO ESPECIAL N. 107.496-SP (96.576661)

Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar

Recorrente: Banco Itaú S/A

Recorridos: Nilton Santin e outros

Advogados: Carlos Augusto Henriques de Barros e outros

Valdinei Figueiredo Orfão e outro

EMENTA

Recurso especial. Protocolo integrado. Estado de São Paulo.

A data do recebimento da petição no sistema de protocolo integrado, no Estado de São Paulo, não defi ne a tempestividade do recurso especial, que deve ser processado na Secretaria do Tribunal que proferiu o julgamento recorrido.

Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Fontes de Alencar, Sálvio de Figueiredo Teixeira, Barros Monteiro e Cesar Asfor Rocha.

Brasília (DF), 05 de novembro de 1996 (data do julgamento).

Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Presidente

Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Relator

DJ 02.12.1996

SÚMULAS - PRECEDENTES

RSSTJ, a. 5, (19): 257-322, agosto 2011 321

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar: Nilton Santin e outros propuseram ação ordinária, objetivando a cobrança de diferença de correção monetária relativa a março/outubro de 1990, incidente sobre o saldo de caderneta de poupança. O acórdão afastou a argüição de ilegitimidade passiva do banco comercial. O Banco Itaú S/A ingressou com recurso especial por ambas as alíneas, alegando afronta aos arts. 6°, § 2°, 9°, caput e § 1º, da Lei n. 8.024/1990; 3º, 70, inciso III, 267, inciso VI, do CPC e 159 do Código Civil, bem como dissídio jurisprudencial com as Apelações Cíveis n. 1.591/1992 do TJRJ, n. 591.119.672-TJRS, n. 163.111-1-0-TJSP, n. 200.164-2-3-TJSP e com o CC n. 3.537-4-SP. Entre outras teses, argúi a sua ilegitimidade passiva ad causam. Inadmitido o recurso especial na origem, manifestou-se agravo de instrumento, provida para melhor exame.

A eg. Vice-Presidência considerou extemporâneo o recurso, cuja petição fora apresentada no Foro Regional de Santana, no sistema de protocolo integrado, ainda dentro do prazo, mas só chegando à Secretaria do Tribunal um dia depois de esgotado o tempo.

Dei provimento ao agravo, para melhor exame, a iniciar por essa preliminar.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar (Relator): A jurisprudência do STJ está hoje pacifi cada quanto à necessidade da petição de recurso ser apresentada, ainda dentro do prazo de recurso, na Secretaria do Tribunal, perante cujo Presidente é formalizada a manifestação recursal.

Existindo um Sistema de Protocolo Integrado no Estado de São Paulo, pode ser utilizado para os fi ns que foi instituído, de acordo com as regras expedidas pelo Tribunal de Justiça. Entre essas hipóteses não se encontra a de uso dos seus serviços para defi nir a data de interposição de recurso especial. Dispõe o art. 1º do Provimento n. 462/91, do eg. CSM do Estado de São Paulo, transcrito nos autos, e que estaria em vigor ao tempo:

Art. 1°. Ficam autorizados os protocolos dos Foros do Estado a receber petições, exceto as iniciais, dirigidas a outras comarcas do Estado.

Parágrafo 3°. As petições de recursos dirigidas ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça somente poderão ser apresentadas no protocolo do Tribunal a quo. (fl s. 115-116).

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

322

Os precedentes deste Tribunal são nesse sentido, e nenhum argumento

novo foi trazido para modifi cá-las:

Recurso para o STJ. Interposição.

Recurso para o STJ é interposto perante o Presidente do Tribunal recorrido, e não perante o Juiz da comarca, no caso do chamado protocolo integrado.

Reclamação julgada improcedente. (RCL n. 49-SP, 2ª Seção, rel. o em. Min. Nilson Naves, DJ 09.03.1992).

Agravo regimental em agravo de instrumento. Recurso especial. Protocolo integrado.

Os recursos especiais dirigidos ao STJ, somente poderão ser apresentados no protocolo do Tribunal de origem e não no Protocolo de Comarca Interiorana Estadual. Precedentes do STF aplicados ao STJ.

REsp intempestivo. (AGR-AG n. 355-SP, 3ª Turma, rel. o em. Min. Gueiros Leite).

Recurso especial. Protocolização na Justiça Federal de primeiro grau. Descabimento. Intempestividade, no caso.

I - O recurso especial há de ser interposto perante o Presidente do Tribunal recorrido, devendo, por isso, ser tempestivamente protocolizado na Secretaria da Corte e não da Justiça Federal de primeiro grau.

II - Agravo regimental desprovido. (AGR-AG n. 31.132-SP, 2ª Turma, rel. o em. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 15.03.1993).

Processo Civil. Recurso especial. Intempestividade. Protocolo integrado. Precedentes. Agravo desprovido.

I - A tempestividade do recurso especial é, segundo a jurisprudência iterativa desta Corte, marcada pela apresentação da petição recursal na secretaria do Tribunal de origem.

II - O sistema do “protocolo integrado”, conquanto vinculante no âmbito das instâncias ordinárias, é inaplicável aos recursos dirigidos às instâncias extraordinárias, regidos por normas próprias. (AGR-AG n. 45.022-SP, 4ª Turma, rel. o em. Min. Sálvio de Figueiredo, DJ 28.03.1994).

Processual Civil. Protocolo integrado. Recurso especial. Intempestividade.

A tempestividade de recurso especial se afere a partir da apresentação do mesmo no protocolo do Tribunal que proferiu o acórdão recorrido, não se aplicando aos recursos para os Tribunais Superiores a regulamentação do denominado “protocolo integrado”, feita pelo Tribunal local. (REsp n. 38.587-SP, 4ª Turma, rel. o em. Min. Dias Trindade, DJ 29.11.1993).

Posto isso, não conheço do recurso.

É o voto.