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Estudo das classes de palavras - Pronomes
Pronomes são palavras que acompanham ou substituem o substantivo, em alguns casos,
particularizando-os.
Exemplo: Este caderno é meu e aquele é dele.
pronome acompanhando o substantivo caderno
substituindo o substantivo caderno
No caso, o pronome “Este” particulariza “caderno”: não se trata de um caderno qualquer, mas de
um específico a que se reporta o enunciador.
Observe outro exemplo:
Minhas mãos estão sujas.
Não são quaisquer mãos que estão sujas: são mãos específicas, as “minhas”.
Há, portanto, pronomes que acompanham substantivos e que exercem função similar à dos
adjetivos e, por isso, são classificados como pronomes adjetivos, e os pronomes que
substituem os substantivos, classificados como pronomes substantivos.
Os pronomes podem exercer diferentes funções, dentre elas, as que apresentamos a
seguir:
1representar as pessoas do discurso:
1ª pessoa – quem fala (eu/nós); 2ª pessoa – com quem se fala (tu/vós); 3ª pessoa – de quem se fala (ele/ela/eles/elas);
2remeter o leitor a termos já enunciados no texto: Estude: só lhe digo isso.
Ana sempre vem, pois ela adora cinema.
Este livro é novo, aquele não.
3 antecipar termos a que se fará referência na sequência do texto Só lhe digo isto: estude. Sempre o vejo. O vendedor de balas sempre está em frente à escola.
4 indicar hierarquia, status entre interlocutores em uma determinada situação
comunicativa. Observe alguns exemplos em que se apresentam alguns pronomes de tratamento:
Você comparecerá ao jantar? Se os interlocutores têm relação de proximidade,
não há hierarquia ou grande diferença de idade entre eles.
Vossa Senhoria comparecerá ao jantar? Se o ouvinte é autoridade.
Vossa Excelência comparecerá ao jantar? Se o ouvinte é autoridade de alto escalão.
V. Santidade comparecerá ao jantar? Se o ouvinte é um papa.
V. Magnificência comparecerá ao jantar? Se o ouvinte é reitor de uma universidade.
Há diferentes subclasses de pronomes:
1- Pessoais – indicam as pessoas do discurso
Pessoa
Pessoais do caso reto Pessoais do caso oblíquo
exercem função de
sujeito objeto
1ª – quem fala eu – nós me, mim, nos, comigo, conosco
2ª – com quem se fala tu – vós te, ti, contigo, vós, convosco
3ª – de quem se fala ele, ela, eles, elas lhe, lhes, se, si, consigo, a, o
Pronomes possessivos – Referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes posse de
algo.
Possessivos
Pessoa
1ª – quem fala singular meu, minha, meus, minhas
plural nosso, nossa, nossos, nossas
2ª – com quem se fala singular teu, tua, teus, tuas
plural vosso, vossa, vossos, vossas
3ª – de quem se fala singular seu, sua, seus, suas seus, suas
Plural seu, sua, seus, suas
Usualmente, o pronome possessivo antecede o substantivo a que se refere, porém não é raro
que ele substitua o substantivo.
Ex: Registrei tudo em seu caderno, mas o seu está em branco.
Flexão do pronome possessivo: ele concorda em pessoa com o possuidor e em número e
gênero com a coisa possuída.
Registrei tudo em seus cadernos, mas o meu está em branco.
“Seus” concorda em pessoa com o possuidor, “ele” (3ª pessoa do singular), e em número (plural)
com coisa possuída (cadernos).
“Seus” está no masculino, porque concorda em gênero com o objeto possuído, “cadernos”, caso
“cadernos” seja substituído por “agenda”, teremos a forma “sua”.
Pronomes de tratamento1 – Referem-se às formas de polidez por meio das quais o locutor
reporta-se ao alocutário. São usados prioritariamente em cartas e e-mails formais, mas também
estão presentes na abertura de discursos e em outras situações enunciativas.
1 Conteúdo adaptado de Formas de tratamento e endereçamento. In Manual de redação da Universidade Católica do Rio Grande
do Sul. In http://www.pucrs.br/manualred/tratamento.php Acesso em 22 jun.2013.
Na definição da forma a ser utilizada, deve-se considerar a área de atuação do destinatário, a
posição hierárquica e, em algumas situações, se o destinatário é mais velho em relação ao
enunciador.
Atenção: Para o caso das correspondências, deve-se considerar que há formas distintas para o
endereçamento e para o vocativo, como se apresenta nos quadros a seguir;
Autoridades Universitárias
Cargo ou Função Por Extenso Abreviatura
Singular Abreviatura
Plural Vocativo Endereçamento
Reitores
Vossa Magnificência ou Vossa Excelência
V. Mag.ª ou V. Maga. V. Exa. ou V. Ex.ª
V. Mag.as
ou V. Magas. ou V. Ex.
as ou
V.Exas.
Magnífico Reitor ou Excelentíssimo Senhor Reitor
Ao Magnífico Reitor ou Ao Excelentíssimo Senhor Reitor Nome Cargo Endereço
Vice-Reitores
Vossa Excelência V. Ex.ª, ou V.Exa.
V. Ex.as
ou V. Exas.
Excelentíssimo Senhor Vice-Reitor
Ao Excelentíssimo Senhor Vice-Reitor Nome Cargo Endereço
Assessores Pró-Reitores Diretores Coord. de Departamento
Vossa Senhoria V.S.ª ou V.Sa.
V. S.as
ou V.Sas.
Senhor + cargo
Ao Senhor Nome Cargo Endereço
Autoridades Judiciárias
Cargo ou Função
Por Extenso Abreviatura
Singular Abreviatura
Plural Vocativo Endereçamento
Auditores Curadores Defensores Públicos Desembargadores Membros de Tribunais Presidentes de Tribunais Procuradores
Vossa Excelência V. Ex.ª ou V. Exa.
V. Ex.as
ou V. Exas.
Excelentíssimo Senhor + cargo
Ao Excelentíssimo Senhor Nome Cargo Endereço
Promotores
Juízes de Direito Meritíssimo Juiz ou Vossa Excelência
M. Juiz ou V. Ex.ª, V. Exas.
V. Ex.as
Meritíssimo Senhor Juiz ou Excelentíssimo Senhor Juiz
Ao Meritíssimo Senhor Juiz ou Ao Excelentíssimo Senhor Juiz Nome Cargo Endereço
Autoridades Militares
Cargo ou Função Por
Extenso Abreviatura
Singular Abreviatura
Plural Vocativo Endereçamento
Oficiais Generais (até Coronéis)
Vossa Excelência
V. Ex.ª ou V. Exa.
V. Ex.as
, ou V. Exas.
Excelentíssimo Senhor
Ao Excelentíssimo Senhor Nome Cargo Endereço
Outras Patentes Vossa Senhoria
V.S.ª ou V. Sa. V. S.
as ou
V. Sas. Senhor + patente
Ao Senhor Nome Cargo Endereço
Autoridades Civis
Cargo ou Função Por
Extenso Abreviatura
Singular Abreviatura
Plural Vocativo Endereçamento
Chefe da Casa Civil e da Casa Militar Cônsules Deputados Embaixadores Governadores Ministros de Estado Prefeitos Presidentes da República Secretários de Estado Senadores Vice-Presidentes de
Vossa Excelência
V. Ex.ª ou V. Exa.
V. Ex.as
ou V. Exas.
Excelentíssimo Senhor + Cargo
Ao Excelentíssimo Senhor Nome Cargo Endereço
Repúblicas
Demais autoridades não contempladas com tratamento específico
Vossa Senhoria
V.S.ª ou V. Sa.
V.S.as
ou V. Sas.
Senhor + Cargo
Ao Senhor Nome Cargo Endereço
Autoridades Eclesiásticas
Cargo ou Função
Por Extenso Abreviatura
Singular Abreviatura
Plural Vocativo Endereçamento
Arcebispos Vossa Excelência Reverendíssima
V. Ex.ª Rev.ma
ou V. Exa. Revma.
V. Ex.as
Rev.mas
ou V. Exas. Revmas.
Excelentíssimo Reverendíssimo
A Sua Excelência Reverendíssima Nome Cargo Endereço
Bispos Vossa Excelência Reverendíssima
V. Ex.ª Rev.ma
ou V. Exa. Revma.
V. Ex.as
Rev.mas
ou V. Exas. Revmas.
Excelentíssimo Reverendíssimo
A Sua Excelência Reverendíssima Nome Cargo Endereço
Cardeais
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima
V. Em.ª, V. Ema. ou V. Em.ª Rev.
ma,
V. Ema. Revma.
V. Em.as
, V. Emas. ou V. Em
as Rev.
mas ou
V. Emas. Revmas.
Eminentíssimo Reverendíssimo ou Eminentíssimo Senhor Cardeal
A Sua Eminência Reverendíssima Nome Cargo Endereço
Cônegos Vossa Reverendíssima
V. Rev.ma
ou V. Revma.
V. Rev.mas
V. Revmas.
Reverendíssimo Cônego
Ao Reverendíssimo Cônego Nome Cargo Endereço
Frades Vossa Reverendíssima
V. Rev.ma
ou V. Revma.
V. Rev.mas
ou V. Revmas.
Reverendíssimo Frade
Ao Reverendíssimo Frade Nome Cargo Endereço
Freiras Vossa Reverendíssima
V. Rev.ma
ou V. Revma.
V. Rev.mas
ou V. Revmas.
Reverendíssimo Irmã
A Reverendíssima Irmã Nome Cargo Endereço
Monsenhores Vossa Reverendíssima
V. Rev.ma
ou V. Revma.
V. Rev.mas
ou V. Revmas.
Reverendíssimo Monsenhor
Ao Reverendíssimo Monsenhor Nome Cargo Endereço
Papa Vossa Santidade V.S. - Santíssimo Padre A Sua Santidade o Papa
Sacerdotes em geral e pastores
Vossa Reverendíssima
V. Rev.ma
ou V. Revma.
V. Rev.mas
ou V. Revmas.
Reverendo Padre / Pastor
Ao Reverendíssimo Padre / Pastor ou Ao Reverendo Padre / Pastor Nome Cargo Endereço
Autoridades Monárquicas
Cargo ou Função Por
Extenso Abreviatura
Singular Abreviatura
Plural Vocativo Endereçamento
Arquiduques Vossa Alteza
V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
A Sua Alteza Real Nome Cargo Endereço
Duques Vossa Alteza
V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
A Sua Alteza Real Nome Cargo Endereço
Imperadores Vossa Majestade
V.M. VV. MM. Majestade
A Sua Majestade Nome Cargo Endereço
Príncipes Vossa Alteza
V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
A Sua Alteza Real Nome Cargo Endereço
Reis Vossa Majestade
V.M. VV. MM. Majestade
A Sua Majestade Nome Cargo Endereço
Atenção:
1- A forma de tratamento, quando usada por extenso, demonstra maior respeito, e, obrigatoriamente deve ser usada em correspondência endereçada ao Presidente da República, mas pode ser utilizada para qualquer outro destinatário, indiferente do cargo que ele ocupe.
2- “Você” é uma forma de tratamento usada por pessoas entre as quais há certa intimidade ou quando não há relação de hierarquia.
3- Na linguagem cotidiana, usa-se “seu”, como forma reduzida de ”Senhor”.
4- Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) é a forma de tratamento direto, usada para dirigir-se à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a correspondência (equivale a você).
Ex: Na certeza de que Vossa Excelência apresentará uma resposta positiva às expectativas da população, subscrevo-me.
Sua (Excelência, Senhoria, etc.) é uma forma de tratamento utilizada ao fazer referência à pessoa de quem se fala (equivale a ele fala).
Ex: Em resposta aos clamores do povo, Sua Excelência convocou uma entrevista coletiva.
Pronomes demonstrativos são os que situam algo no tempo, no espaço ou no contexto linguístico (texto). Os pronomes demonstrativos são este, esse, aquele, que podem ser flexionados quando ao gênero (esta, essa, aquela) e quanto ao número (estes, esses, aqueles). Podem também se apresentar em contrações, como se demonstra no quadro a seguir.
Contrações
preposição + pronomes
de + ele(s) = dele(s)
de + ela(s) = dela(s)
de + este(s) = deste(s)
de + esta(s) = desta(s)
de + esse(s) = desse(s)
de + essa(s) = dessa(s)
de + aquele(s) = daquele(s)
de + aquela(s) = daquela(s)
de + isto = disto
de + isso = disso
de + aquilo = daquilo
de + aqui = daqui
de + aí = daí
de + ali = dali
de + outro = doutro(s)de + outra =
doutra(s)
em + ele(s) = nele(s)
em + este(s) = neste(s)
em + esta(s) = nesta(s)
em + esse(s) = nesse(s)
em + aquele(s) = naquele(s)
em + aquela(s) = naquela(s)
em + isto = nisto
em + isso = nisso
em + aquilo = naquilo
a + aquele(s) = àquele(s)
a + aquela(s) = àquela(s)
a + aquilo = àquilo
Situações de uso dos pronomes demonstrativos quanto ao tempo
este, esta, isto, nisto, neste ...
– marcam presente em relação ao momento da fala.
Exemplo: Considerando-se que estas anotações tenham sido feitas no ano de 2013, podemos
dizer: 2013 de março: este é um grande ano.
esse, essa, isso, nisso ... – marcam passado ou futuro próximos.
Ex.: Considerando-se que estas anotações foram feitas em 2012, e que estamos em 2013,
podemos dizer: 2012, esse ano tornou-se inesquecível!
aquele, aquela, aquilo, naquele ... – marcam passado distante.
Ex.: 1500: aquele foi o ano em que os portugueses chegaram ao Brasil.
Situações de uso dos pronomes demonstrativos quanto ao espaço
este, esta, isto, nisto, neste ... – indicam algo que está próximo, a quem fala.
Ex.: Esta caneta é minha. ( A caneta está próxima ao falante)
esse, essa, isso, nisso ... – indicam algo que está próximo à
pessoa com quem se fala.
Ex.: Essa caneta é sua. (A caneta está próxima ao ouvinte)
aquele, aquela, aquilo, naquele ... – indicam algo que está distante de quem fala e de
com quem se fala
Ana: Este sorvete é meu. (O sorvete é da falante e está próximo a ela.)
Clara: Esse sorvete é de chocolate? ( O sorvete é da ouvinte e está próximo a ela.)
Ana: Não, de chocolate é aquele que ficou na sorveteria. (Um sorvete que está distante do
falante e do ouvinte)
Situações de uso dos pronomes demonstrativos quanto ao contexto linguístico
este, esta, isto, nisto, neste ... – antecipam algo que ainda será explicitado.
Ex.: Só lhe digo: isto: estude
esse, essa, isso, nisso ... – retomam algo anteriormente explicitado.
Ex.: Estude: só lhe digo isso.
Caso especial: embora, usualmente, o pronome relativo “este” seja utilizado para antecipar algo
a ser enunciado, quando há a retomada de dois elementos subsequentes (seguidos) em texto e
ambos são retomados por pronomes demonstrativos, utiliza-se este para o que foi enunciado por
último e aquele para o que foi enunciado primeiro.
Exemplos: João e Pedro estudam no Santa Marcelina: este é novato, mas aquele não.
Gosto de fevereiro e de setebro: deste por causa das flores e daquele pelo carnaval.
Atenção: pode ocorrer sobreposição das situações de uso. Em “2012, esse ano tornou-se
inesquecível!”, a forma “esse” em que se encontra o pronome, tanto se justifica por ter como
expressão referencial um termo anteriormente explicitado, quanto por fazer referência a um
passado próximo em relação ao momento da enunciação.
Pronomes relativos são palavras que representam/substituem substantivos ou pronomes
que já apareceram na frase.
Essa substituição não ocorre no interior de uma mesma oração: eles substituem um substantivo
(ou pronome) já referido em oração imediatamente anterior àquela na qual o pronome relativo se
encontra.
Essa substituição tem o objetivo de evitar a repetição desnecessária de palavras.
Os pronomes relativos são mecanismos de coesão, uma vez que ligam uma oração (principal)
à outra (subordinada adjetiva).
A oração iniciada pelo pronome relativo exerce a função de um adjetivo, ou seja, caracteriza a
palavra ou expressão substituída por ele. A oração iniciada pelo pronome relativo é, portanto, uma
oração adjetiva.
O pronome relativo deve aparecer imediatamente após a palavra ou expressão que ele
substitui. Essa palavra ou expressão é chamada “antecedente”.
Exemplos:
Marquei O GOL. O GOL decidiu o jogo.
Temos nessas orações a repetição da expressão “O GOL”. Para evitar essa repetição, usaremos
um pronome relativo. Observe:
Marquei O GOL. O GOL decidiu o jogo.
1ª oração 2ª oração
Marquei O GOL que decidiu o jogo.
1ª oração 2ª oração
Nesse caso, para evitarmos a repetição da expressão “o gol”, usamos a palavra “que”, que é um pronome relativo e cumpre a função de ligar uma oração à outra, evitando repetição desnecessária da palavra em foco.
No exemplo dado, o antecedente é a expressão “o gol”, e o pronome relativo “que”, conforme dito
anteriormente, está “colado” no antecedente.
A oração “que decidiu o jogo” é uma oração adjetiva, pois caracteriza o “gol” que foi marcado.
Sintetizando:
1- A oração iniciada por um pronome relativo sempre será uma oração adjetiva, ou seja, o
pronome relativo iniciará uma oração que tem o objetivo de caracterizar a palavra ou expressão
cuja repetição foi evitada por ele.
2- O pronome relativo, ao mesmo tempo em que evita a repetição de uma palavra ou expressão,
introduz uma oração que característica para a palavra que ele substitui.
3- Para verificarmos se uma palavra é um pronome relativo, devemos observar se ela evita a
repetição da palavra ou expressão que aparece imediatamente antes dele.
Observe:
O menino desapareceu. O menino estava doente.
1ª oração 2ª oração
O menino que estava doente desapareceu. Início da 1ª oração 2ª oração final da 1ª oração
Nesse exemplo, considerando que a expressão que se repete (“O menino”) não está ao final da
oração que se manterá sem alterações, a primeira oração será “partida” para que o pronome
relativo e a oração adjetiva venham “colados” ao antecedente.
Se mantivermos inalterada a 2ª oração, teremos:
O menino que desapareceu estava doente.
Situações de uso dos pronomes relativos
São oito os pronomes relativos: que, quem, qual, onde, como, quanto, quando, cujo e, embora
todos desempenhem as mesmas funções2, eles não podem ser utilizados indistintamente – é
necessário que se observe a adequação do pronome relativo à natureza do antecedente,
conforme demonstrado no quadro que se segue.
2 Conforme visto anteriormente, os pronomes relativos evitam a repetição desnecessária de palavras, ao mesmo tempo em que
ligam uma oração adjetiva à sua principal.
Pronomes
relativos
Situações de uso Exemplos Observações
Que
Substitui
pronomes, nome
de pessoa,
Vi um cachorro.
Esse pronome pode ser substituído pelo pronome “qual”. Pode ser utilizado com ou sem preposição, mas não deve ser usado após
3 Essa estrutura é inadequada, uma vez que o pronome “quem” somente é utilizado, quando antecedido de preposição. Embora na
frase anterior o pronome “quem” retome o nome de pessoa, nesse caso, deve-se usar o “qual”, pois o pronome quem não pode ser
utilizado quando não é antecedido de uma preposição.
objetos, animais,
sentimentos ou
coisas.
O cachorro é bravo.
Vi um cachorro que é bravo.
O cachorro que vi é bravo.
preposição com duas ou mais sílabas. É inadequada, portanto, a construção: O assunto sobre que falei é delicado. Nesse caso, é mais adequado “O assunto sobre o qual falei é delicado.” Ou O assunto de que falei é delicado.”
Qual
Substitui nome de
pessoa, objetos,
animais,
sentimentos ou
coisas
Exemplo 1
Encontraram o escoteiro.
O escoteiro perdera-se na
mata. Encontraram o escoteiro o qual se perdera na mata. O escoteiro o qual encontraram perdera-se na mata. Exemplo 2
Fui à praia.
Você falou sobre a praia.
Fui à praia sobre a qual você
falou.
“Qual” é um pronome relativo
variável, ou seja, possui masculino,
feminino, singular e plural. Esse
pronome será flexionado de acordo
com seu antecedente.
O “qual”, em algumas situações,
pode ser empregado no lugar de
“que” ou “quem”.
O pronome “qual” sempre será
antecedido de um artigo.
Quem Refere-se a
pessoas ou a
animais
personificados.
Encontrei-me com o garoto.
O garoto estava doente.
O garoto com* quem me encontrei estava doente.
O garoto com* o qual me encontrei estava doente.
Encontrei-me com* o garoto
quem estava doente.3
Pode ser substituído pelo pronome
“qual”.
* Esse pronome não pode ser
usado sem que seja antecedido por
uma preposição.
Pronomes
relativos
Situações de uso Exemplos Observações
Onde
Substitui palavras ou
expressões que
indiquem lugar.
Exemplo 1
Coloquei seu livro na
O pronome “onde” foi corretamente
usado, uma vez que “estante” é o
lugar em que o livro estava.
Equivale a “em que”:
A casa onde moro.
A casa em que moro.
Substitui palavras ou
expressões que
indiquem lugar, em
situações nas quais
haja a ideia de
movimento, ou quando
o verbo da oração
adjetiva “pede” a
preposição “a”.
Quando o verbo pede a
preposição “de”,
teremos a forma
“donde”
estante.
A estante caiu.
A estante onde coloquei
seu livro caiu.
Exemplo 2
Fui à cidade.
A cidade é histórica.
A cidade aonde fui é
histórica.
A estante em que coloquei seu
livro caiu.
No 2º exemplo, usamos “aonde”
(“a” preposição + “onde” pronome
relativo) uma vez que o verbo “ir”
pede a preposição “a”: quem vai,
vai a algum lugar: “o lugar aonde
fui”.
A cidade aonde fui é histórica.
Ressalta-se também que quem
“vem”, “vem” “de algum lugar”, de
modo que, com esse verbo,
teremos: A cidade donde venho é
distante.
(de + onde)
Quanto
Esse pronome é
utilizado para retomar
um pronome indefinido:
algum, nenhum, tudo,
nada etc.
Falei tudo.
Tudo é verdade.
Tudo quanto falei é
verdade.
Pronomes
relativos
Situações de uso Exemplos Observações
O relativo “como” é
utilizado quando os
Ele chegou de maneira
desconfiada.
Quando a palavra “como” não está
retomando uma expressão que
Como antecedentes são
expressões que
denotem modo, maneira
ou forma.
Riram dessa maneira.
Riram da maneira como
ele chegou.
denote modo, maneira ou forma,
ela não será um pronome relativo.
Possivelmente, será uma conjunção
de causa, comparação ou
conformidade. Veja exemplos:
Como não chegou, sairei.
conj. causal.
Choverá como previsto. conj. conformativa
Ele nada como um peixe.
conj. comparativa
Cujo
Esse pronome é
utilizado quando há a
ideia de posse entre o
que vem depois do
pronome relativo em
relação ao antecedente.
O menino chorou.
O cachorro do menino
sumiu.
O menino CUJO
cachorro sumiu chorou.
O pronome “CUJO”
marca a relação de posse
entre “cachorro” e
“menino”: cachorro do
menino.
Nesse exemplo, “cujo”
está no masculino/
singular, porque
“cachorro” está no
masculino/singular.
O menino cujas
MOEDAS sumiram
chorou.
Nesse caso, o pronome
cujo está na forma
feminino/plural,
concordando com a
palavra “moedas”, que
também está no
feminino/plural.
O pronome “cujo” flexiona-se
quanto ao gênero e ao número e
NUNCA deve vir sucedido por
artigo, pois a marca de gênero já
está no pronome.
NÃO se deve, portanto, dizer ”cujo
o” ou “cuja a”: basta dizer cujo ou
cuja.
Esse pronome deve concordar em
gênero e número com o que vem
depois dele e não com o
antecedente.
Observações importantes
Como se pôde perceber, algumas vezes, o pronome relativo virá antecedido de preposição,
outras não.
Considere que o que define o uso ou não de uma determinada preposição antes do pronome
relativo é o verbo da oração adjetiva, ou seja, o verbo da oração que é iniciada pelo pronome
relativo.
Veja:
Conversei com o rapaz. Falavam sobre o rapaz.
preposição
Conversei com o rapaz sobre o qual falavam.
Or. subord. adjetiva caracteriza “rapaz”, pois não é um rapaz qualquer.
Pronomes
relativos
Situações de uso Exemplos Observações
Quando Esse pronome não deve
ser confundido com a
conjunção “quando”.
A conjunção “quando”
marca a relação de
tempo entre duas
orações; o pronome
relativo “quando” retoma
uma ideia de tempo,
evitando a repetição
dessa e atribuindo-lhe
uma característica.
Comprei essas joias
naquele tempo.
Naquele tempo o ouro
era barato.
Comprei essas joias
naquele tempo quando o
ouro era barato.
Essa oração é uma or.
subord. adjetiva e não
uma or. subord. adv.
temporal, pois o “quando”
nela presente é um
pronome relativo, não é
uma conjunção temporal,
pois retoma e evita a
repetição da expressão
“naquele tempo”.
Lembre-se de que uma palavra
somente será um pronome relativo
quando evita a repetição de seu
antecedente.
No exemplo a seguir, “quando” é
uma conjunção temporal:
Ele chegou quando o jantar foi
servido.
Essa oração é uma or. subord.
adv. temporal e não uma adjetiva,
pois o “quando” nela presente NÃO
é um pronome relativo, já que não
evita a repetição de um substantivo
que denote tempo.
Nesse caso, a expressão “o rapaz” foi substituída pelo pronome relativo “qual”, que, obrigatoriamente foi antecedido pela preposição “sobre”, uma vez que o verbo da oração adjetiva em destaque é “falar”, e quem “fala”, “fala” “sobre” algo. Um outro exemplo:
Contei a história a seu pai. Seu pai repetiu essa história.
preposição
Seu pai, a quem contei a história, repetiu-a.
or. subord. adjetiva oração principal
Nesse exemplo, o verbo da oração adjetiva é “contei”, e quem conta, conta alguma coisa (a história) “a” alguém. Quando o verbo da oração adjetiva não “pede” preposição, o pronome relativo não será antecedido de preposição:
Comprei um cachorro. O cachorro fugiu.
O cachorro que comprei fugiu.
Or. subord. adjetiva
Quem compra, compra alguma coisa, logo o verbo “comprar” não “pede” preposição, por isso o pronome relativo, nesse período, não foi antecedido de preposição.
ATENÇÃO Caso você não tenha conhecimento sobre a função das preposições, quais são elas e o valor semântico de cada uma, recorra ao tópico desse material que aborda essa classe de palavras, pois, sem esses conhecimentos, você poderá encontrar dificuldades para operar com os pronomes relativos em conformidade com o registro padrão LEMBRE-SE É o verbo da oração adjetiva que determinará se o pronome relativo será ou não antecedido por uma preposição e qual será essa preposição. Observe: O carro sobre o qual lhe falei não é meu. Temos, nesse período, duas orações:
oração principal: O carro não é meu oração subordinada adjetiva: sobre o qual lhe falei. O pronome relativo “qual” foi antecedido da preposição “sobre”, porque o verbo da oração adjetiva, “ falei”, pediu essa preposição, já que quem fala, fala “sobre” algo. Veja um novo exemplo: Este é o amigo com quem estive. Nesse caso, o pronome relativo “quem” foi antecedido pela preposição “com”, uma vez que o verbo “estive” “pediu” essa preposição, pois quem está, está “com” alguém. As orações adjetivas somente não serão iniciadas por um pronome relativo, quando forem “reduzidas”, ou seja, quando seus verbos estiverem no infinitivo, gerúndio ou participativo. Exemplo: O garoto saindo do cinema é meu irmão. oração subordinada adjetiva reduzida de gerúndio (não foi iniciada pelo pronome relativo) O garoto que saiu do cinema é meu irmão. oração subordinada adjetiva (Não é uma oração reduzida, pois o verbo não está no infinitivo gerúndio ou particípio. Como não se trata de uma oração reduzida, ela foi iniciada por um pronome relativo)
Pronomes indefinidos são aqueles que fazem referência à 3ª pessoa gramatical, tornando-a
vaga, imprecisa.
Pronomes indefinidos
Variáveis Invariáveis Singular Plural
masculino feminino masculino feminino algum
nenhum todo muito pouco vário tanto outro
quanto
alguma nenhuma
toda muita pouca vária tanta outra
quanta
alguns nenhuns
todos muitos poucos vários tantos outros
quantos
algumas nenhumas
todas muitas poucas várias tantas outras
quantas
alguém ninguém outrem tudo nada algo cada
Saiba um pouco mais sobre esses pronomes...
Todos chegaram. Não sei quem, nem quantos.
(Eles – 3ª pessoa)
Tudo que vier é lucro. Não se especifica o que seria lucro.
Essa subclasse dos pronomes é utilizada como estratégia nos textos de suspense, para se
construir o clima; em textos jornalísticos, quando não se tem certeza da autoria dos fatos; ou por
aqueles que denunciam algo, mas não querem comprometer aquele que o desencadeou, como
se percebe no exemplo a seguir:
Uma criança cai sobre a lixeira da sala 204 e a quebra...
Considerando que a 204 seja uma sala de aula, um colega comenta o fato, e, mesmo sabendo
quem quebrou a lixeira, não expõe o autor do ato: protege-o por meio do uso do pronome
indefinido “Alguém”: “Alguém quebrou a lixeira”.