arquitetura eclética no brasil

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Jockey Club Campineiro – 1925 − Campinas

O termo “ecletismo” refere-se a um tipo de arte que utiliza a combinação de diversos estilos

artísticos em uma só obra. Para isso, o artista possui a convicção de que a beleza pode ser alcançada utilizando a combinação das melhores obras dos melhores mestres. Nesse texto, o tema é o Ecletismo como estilo arquitetônico iniciado no século 19 nas Academias de Belas Artes e que perdurou por boa parte do século 20.

A Arquitetura Eclética consiste em ressuscitar antigos estilos arquitetônicos e aliá-los às novas técnicas construtivas. Nesse sentido, o estilo clássico fica conhecido como neoclássico, o gótico como neogótico e o românico como neorromânico, por exemplo. Estilos provindos do oriente também serão incorporados ao léxico arquitetônico dos arquitetos ecléticos.

O estilo surge também como reação à própria retomada do estilo clássico pelos artistas academicistas que propõem uma retomada também de outros estilos como o gótico e o barroco, se apropriando de forma livre do passado. Sendo assim, podemos chamar a arquitetura eclética de arquitetura historicista. O Estilo Ecletismo na arquitetura também pode utilizar elementos de diversos estilos em um mesmo prédio.

O Ecletismo tem forte presença na Europa, sobretudo na França. O estilo Segundo Império ou Napoleão III, na França, é caracterizado pela realização de importantes edifícios ecléticos, como o Teatro Ópera de Paris, projetado por Charles Garnier (1825 - 1898).

Arquitetura Eclética no Brasil No Brasil, o Ecletismo na arquitetura irá combinar com a reurbanização das principais cidades no início do século 20. O movimento nasceu no século 19 no âmbito do academicismo e foi bastante difundido pela Academia Imperial de Belas Artes e pela Escola Nacional de Belas Artes. Uma das maiores características do Ecletismo brasileiro é a utilização do ferro. Esse material se tornou muito importante, pois permitia construções mais rápidas e funcionais.

RIO DE Janeiro O período de reurbanização do Rio de Janeiro foi bastante conturbado e ainda hoje é alvo de críticas pelos historiadores. A reformulação do Rio de Janeiro foi concebida para tornar a cidade semelhante às metrópoles europeias, transformar a cidade ao bom gosto francês e assim agradar a sua elite. Reformar antigos prédios, criar novos, abrir largas avenidas, erradicar as doenças, derrubar os cortiços e, com isso, empurrar para longe a massa pobre, negra e mestiça. Tudo isso para transformar a cidade do Rio de Janeiro na “Cidade Maravilhosa”.

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O Museu Nacional de Belas Artes é um dos maiores exemplos arquitetônicos do período. As duas fotos acima mostram o prédio em dois períodos distintos: a primeira, mais atual, mostra sua fachada com as árvores a tampando e a segunda um registro do grande fotógrafo Marc Ferrez pouco depois de sua inauguração. O personagem principal da reurbanização do Rio de Janeiro foi o engenheiro e então prefeito da cidade, Francisco Pereira Passos. O prefeito Passos foi o empreendedor dessa reforma urbanística. Derrubou antigas construções do período colonial para abrir a moderna Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, e a Avenida Beira-Mar, expandindo-a cidade em direção à zona sul. A Capital da República ficou com uma feição mais moderna, onde se encontram os principais exemplares da arquitetura eclética. O prédio abriga o principal museu histórico do país com uma coleção de cerca de 16 mil peças. Ele foi construído entre 1906 e 1908, por Adolfo Morales de los Rios, para abrigar a Escola Nacional de Belas Artes.

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Outros exemplares de Arquitetura Eclética no Rio de Janeiro:

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Biblioteca Pública Nacional – 1910 – Souza Aguiar

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Prédio da 9ª Delegacia Policial – 1908 - Heitor de Melo

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Palácio Tiradentes – 1926 - Archimedes Memoria e Francisco Cuchet

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Pavilhão da Ilha Fiscal -1889 - Adolpho José Del Vecchio

São Paulo

O Teatro Municipal do Rio de Janeiro foi inspirado na Ópera Nacional de Paris de Charles Garnier. A imagem da esquerda mostra o prédio hoje, após sua última reforma, e a da direita retrata um cartão postal de 1909. Projetado por Francisco de Oliveira Passos com a colaboração do francês Albert Guilbert, o Teatro foi inaugurado em 1909. Além da arquitetura primorosa, o Teatro ainda possui obras dos mais renomados artistas da época como Eliseu Visconti, Henrique Bernardelli, Rodolfo Amoedo e Rodolfo Bernardelli. Hoje, o prédio é considerado o maior exemplo de arquitetura eclética do Brasil.

A fundação de São Paulo está inserida no processo de ocupação e exploração das terras americanas pelos portugueses, a partir do século 16. No início do século 19, com a independência do Brasil, São Paulo firmou-se como capital da província e transformou-se em um importante núcleo de atividades intelectuais e políticas. Já no final do século 19, a cidade passou por profundas transformações econômicas e sociais decorrentes da expansão da lavoura cafeeira e foi nesse contexto que surgiram importantes construções ecléticas.

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Museu do Ipiranga – 1882/85 - Tommazio Bezzi

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Teatro Municipal de São Paulo – 1903/11 – Cláudio Rossi

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Mercado Municipal de São Paulo -1928/33 - Francisco de Paula Ramos de Azevedo

Belo Horizonte

O Museu Paulista da Universidade de São Paulo, mais conhecido como Museu do Ipiranga, faz parte do complexo arquitetônico eclético de São Paulo. Em comparação ao Rio de Janeiro, o ecletismo paulista possui influências marcantes da imigração italiana e também mais diversidade de modelos e estilos históricos. O estilo combina com o processo de modernização da cidade. O prédio é o mais importante museu histórico da cidade e possui um acervo marcado pela independência do Brasil.

Assim como o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, é inspirado na Ópera Nacional de Paris. Um dos mais importantes cartões postais de São Paulo foi palco de importantes momentos histórico do país, como a Semana de Arte Moderna de 1922 que decreta o início da Arte Moderna no Brasil. O Teatro foi construído pelo desejo da elite da cidade de se inserir no circuito de arte dos grandes centros culturais do mundo. Abriga atualmente a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, Orquestra Experimental de Repertório, Coral Lírico, o Coral Paulistano e o Ballet da Cidade de São Paulo.

São Paulo é um dos maiores centros culturais do país. Possui prédios em diversos estilos artísticos. O Mercado Municipal de São Paulo, conhecido como Mercadão, é um ponto de encontro muito famoso da cidade. No século 19, surgiram vários mercados nas grandes cidades que se tornaram muito tradicionais atraindo muitos turistas a procura de souvenirs para levar de lembrança da cidade.

A capital de Minas Gerais possui diversos prédios em estilo eclético. Construída para ser a “Nova Paris” e com influência do traçado urbanístico de Washington, a cidade foi inaugurada em 12 de dezembro de 1897. Considerada a primeira cidade planejada do país, nasceu nos primeiros anos do regime republicano, quando setores da elite agro-exportadora assumiram o poder político. Em Minas, grupos emergentes ligados à cafeicultura da Zona da Mata e Sul de Minas assumiram a bandeira da mudança da capital, contra os interesses consolidados na região mineradora, em processo de estagnação e decadência econômica. Seu planejamento foi fortemente influenciado pela ideologia positivista e buscava controlar dentro do seu plano urbanístico as instâncias políticas e privadas. O Ecletismo é o estilo escolhido para as construções dos primeiros prédios, pois coincidia como os ideais políticos que norteavam o empreendimento e também porque era a “moda” na Europa no período. As classes menos favorecidas, os operários, ficaram na parte considerada “cidade ilegal”, às margens da “cidade legal” onde o saneamento e os ideias da República não chegaram.

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Palácio da Liberdade

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Praça Rui Barbosa

MANaus - O Ecletismo da Borracha

Um dos principais cartões postais de Belo Horizonte, o Palácio da Liberdade, está situado na Praça da Liberdade, onde também estão inseridos diversos prédios ecléticos do mesmo período. Projetado por José de Magalhães e inaugurado em 1897, foi criado para ser a sede do governo de Minas Gerais. Com um traçado neoclássico, o palácio mescla estilos arquitetônicos que vão desde o Luís XV ao mourisco. A escadaria principal foi fundida na Alemanha e apresenta um elegante estilo Art Nouveau. Os jardins eram prolongamentos da praça, porém sem as grades que hoje cercam o palácio.

A Praça Rui Barbosa é conhecida como Praça da Estação por estar localizada em frente à antiga Estação Ferroviária da cidade, hoje o Museu de Artes e Ofícios. O conjunto arquitetônico e artístico da praça é bem amplo, abrigando ainda diversas estátuas e outros prédios, como o atual centro de convenções Serraria Souza Pinto.

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Teatro Amazonas – Manaus – 1884/96- diversos profissionais

Manaus, capital do Estado do Amazonas, viveu um período áureo impulsionado pelo comércio da borracha. O Estado, como principal produtor da matéria-prima utilizada no mundo inteiro, promoveu um intenso processo de migração e imigração e a partir de 1892, com o governo de Eduardo Ribeiro, promoveu um processo de reurbanização de sua capital, com o desejo de atender as demandas sociais e econômicas. A cidade prosperou de tal forma que possuía as mesmas benfeitorias da então capital do país, Rio de Janeiro. A partir de 1910, com a concorrência promovida pelos seringais da Ásia, o Estado perde sua hegemonia nesse campo econômico. A cidade só irá se se recuperar economicamente com a criação da Zona Franca de Manaus, na década de 60. O Teatro Amazonas é um dos mais luxuosos prédios brasileiros, o maior símbolo do período glorioso no auge do ciclo da borracha. No entanto, através da reportagem do Portal G1 <http://g1.globo.com/am/amazonas/manaus-de-todas-as-cores/2013/noticia/2013/10/com-abandono-de-predios-historia-da-manaus-antiga-segue-em-ruinas.html>, percebemos que muitos prédios históricos em Manaus encontram-se abandonados. Um triste retrato de como os brasileiros, cidadãos comuns e políticos, ainda não se conscientizaram da importância de se preservar o nosso Patrimônio Histórico.