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SUAS: Sistema Único de Assistência Social ARTIGO disputas está a defesa de que devemos assegurar a Política de Assistência Social como um direito e não como um favor. No meio desse debate estava e ainda está a necessidade de negar que a caridade, filantropia, solidariedade e voluntariado sejam expressões e ações que possam ter mais força e presença do que a ação direta do Estado brasileiro nas Proteções Sociais. Vale destacar que até 1988 a organização da Assistência Social não era diretriz direta do Estado brasileiro. Se voltarmos à década de 80, vamos encontrar uma rede de entidades filantrópicas realizando quase todas as ações de Assistência Social. A Legião Brasileira de Assistência Social, em grande parte, é a financiadora dessa rede não estatal e, em seus 15 anos finais, A história da Política de Assistência Social no Brasil é marcada por inúmeros desafios, disputas, conquistas, algumas derrotas, atrasos e, sem dúvida, muitos avanços. É uma história construída na busca da afirmação de que o Estado brasileiro deve ser de fato a inteligência de um processo nacional de Proteção Social. Um debate que nem sempre foi plural, mas que foi se construindo pela real necessidade de reconhecer que num país como o Brasil, com suas inúmeras contradições sociais, era e é fundamental que a Política de Assistência Social ganhe consistência e musculatura política e técnica para que uma rede de direitos seja real para a população. É bem verdade que no meio de debates e 8 Marcelo Garcia Assistente Social. Foi Secretário Nacional de Assistência Social, Secretário Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro e de Juiz de Fora. Foi vice- presidente do Conselho Nacional de Assistência Social. Atualmente é Secretário de Assistência Social de Jaú do Tocantins. Presidente do CONGEMAS (Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social). Membro do Conselho Nacional da Assistência Social. Membro da Comissão Intergestora Tripartite. Exerce a Função de Secretário Executivo do Instituto CNA e escreve diariamente para o site www.marcelogarcia.com.br

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SUAS: Sistema Único de Assistência Social

ARTIGO

disputas está a defesa de que devemosassegurar a Política de Assistência Socialcomo um direito e não como um favor. Nomeio desse debate estava e ainda está anecessidade de negar que a caridade,filantropia, solidariedade e voluntariadosejam expressões e ações que possam termais força e presença do que a ação diretado Estado brasileiro nas Proteções Sociais.

Vale destacar que até 1988 a organizaçãoda Assistência Social não era diretriz diretado Estado brasileiro. Se voltarmos à décadade 80, vamos encontrar uma rede deentidades filantrópicas realizando quasetodas as ações de Assistência Social. ALegião Brasileira de Assistência Social, emgrande parte, é a financiadora dessa redenão estatal e, em seus 15 anos finais,

A história da Política de Assistência Socialno Brasil é marcada por inúmeros desafios,disputas, conquistas, algumas derrotas,atrasos e, sem dúvida, muitos avanços.É uma história construída na busca daafirmação de que o Estado brasileiro deveser de fato a inteligência de um processonacional de Proteção Social. Um debateque nem sempre foi plural, mas que foi seconstruindo pela real necessidade dereconhecer que num país como o Brasil,com suas inúmeras contradições sociais,era e é fundamental que a Política deAssistência Social ganhe consistência emusculatura política e técnica para queuma rede de direitos seja real para apopulação.

É bem verdade que no meio de debates e

8

Marcelo Garcia

Assistente Social. Foi Secretário Nacional de Assistência Social, Secretário

Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro e de Juiz de Fora. Foi vice-

presidente do Conselho Nacional de Assistência Social. Atualmente é

Secretário de Assistência Social de Jaú do Tocantins. Presidente do

CONGEMAS (Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência

Social). Membro do Conselho Nacional da Assistência Social. Membro da

Comissão Intergestora Tripartite. Exerce a Função de Secretário Executivo do

Instituto CNA e escreve diariamente para o site www.marcelogarcia.com.br

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possuem de fato seus direitos. A ideia dofavor é uma marca complicada de serdesmontada, mas que começa a sefragilizar cada vez mais.

A a c a d e m i a s e m p r e e s t e v ecompletamente distanciada do debatesobre o Direito à Assistência Social. Bastapegar os currículos do curso de ServiçoSocial a partir de 1985 que isso fica mais doque claro. São mundos divorciados. Poucosespaços da Academia vão discutir aurgência de organizar a Proteção Social nocampo estatal. Vale aqui resgatar o esforçode professores da PUC São Paulo a partir dosanos 80 e um esforço residual de um grupode professores da Universidade FederalFluminense em Niterói, que ousou debater aquestão da Proteção Social em 1990 e foiduramente criticado pela "inteligência"inte lectua l que está dentro dasUniversidades. Porém, são esses esforçosque vão criar condições políticas e teóricaspara que seja inaugurado um movimentoaglutinador, que pense o Estado comoprotagonista das Proteções Sociais desdeentão.

É dentro da própria LBA que o debate sobreo dever do Estado e do Direito do Cidadão àAssistência Social vai ganhar impulso apartir de seu corpo técnico. Os técnicos daLBA entendem, a partir de seu cotidiano,que é preciso mobilizar o país para umaregulação que defina a Proteção Social naesfera do Estado e não das entidadessociais. É assim que esse debate chega à

mostrava-se com um aparelho depoliticagem, corrupção e negação doD i r e i t o , a o s e r e n t r e g u edespudoradamente para o uso político.

As representações da LBA nos estados eramespaços de uso político que em muitocolaboraram para que a sociedadebrasileira não construísse uma leitura derespeito pela prática de Assistência. Valeressaltar aqui que, dentro dessa instituiçãocontaminada por péssimas práticaspolíticas, atuavam profissionais de altaqualidade que iriam de certa forma serresponsáveis por uma nova agenda para aAssistência Social no Brasil.

A Filantropia e a caridade sempre foram amarca dos serviços, e os usuários nãoacessavam um direito, mas um favor"doado" por pessoas de bem quededicavam suas vidas a ajudar o próximo.Foi assim que a Assistência Social se fezentender durante sua história por quem afez e por quem a usou. E com esse mix deinformações e práticas, a própria sociedadefez um juízo de Assistência Social bastantediferenciado do que realmente ela deveriaser. O distanciamento da sociedade desseentendimento é claro que retardou e aindaretarda a consolidação de uma identidadepolítica para a prática assistencial.

Um fosso entre o direito e a proteção socialainda se mostra evidente. As DesproteçõesSociais não são compreendidas e osDesprotegidos ainda não são atores que

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Cadernos Travessia – Edição 2 – Novembro 2009

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1990 - Entrega do Primeiro Texto da LeiOrgânica da Assistência Social aoCongresso. Não avançou.Professores do Curso de Serviço Socialda Universidade Federal Fluminense emNiterói assinam uma PropostaCurricular afirmando o caráter daproteção Social como objeto daprofissão e como dever do EstadoBrasileiro.1993 – A Lei Orgânica é Promulgadapelo Presidente Itamar Franco, emdezembro de 1993.1993/1994 – Em todo o Brasil surgemcomitês de Cidadania contra a fome. Émais uma expressão da força dasolidariedade, caridade e filantropiasobre o papel que o Estado devedesenvolver.1995 – Extinção da LBA e Criação daSecretaria Nacional da AssistênciaSocial ligada ao Ministério daPrevidência e Assistência Social.Criação do Programa ComunidadeSolidária, que afirma princípiosdestoantes da Lei Orgânica daAssistência Social, apostando que asociedade deve cuidar das pessoas, enão o Estado.Criação do Conselho Nacional daAssistência Social, no Lugar doConselho Nacional de Serviço Social.Primeira Conferência Nacional deAssistência Social.1996 – Implantação do Beneficio daPrestação Continuada para idosos e

Constituinte de 1986 e se concretiza na CartaConstitucional em 1988, quando aAssistência Social passa a fazer parte do Tripéda Seguridade Social Brasileira. Passa a serPolítica Pública de Seguridade. Dever doEstado e Direito do Cidadão.

Mas daquele outubro de 1988 até aPromulgação da Lei Orgânica, em dezembrode 1993, foram mais de cinco anos de inérciae, sobretudo, de insegurança em relação aocumprimento da Constituição. Mais uma vezexiste um divórcio de grande parte dosintelectuais da real urgência de organizar aAssistência Social, e vale registrar que a forçadas entidades sociais históricas tambémimpede que o Estado possa ser o gestor deuma política definida então como pública, enão privada. Nesse período surge um levanteda sociedade em favor da solidariedade. Portodo Brasil surgem comitês de solidariedadee cidadania contra a fome. A força dessemovimento solidário e voluntário esvazia aurgência do Estado de assumir e construir seucaminho em direção a uma Proteção SocialEstatal.

Essa história é longa e cheia deacontecimentos. Desde 1990 existiu ummovimento mais organizado para quepudéssemos de fato chegar ao desafio doSUAS e, sobretudo, estruturar as ProteçõesSociais como dever do Estado. Mas de lá até avotação do SUAS, em 2003, na IVConferência Nacional de Assistência Social,muita coisa aconteceu:

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2000 – A Política de Assistência Socialassume compromisso com o combate aoabuso e à exploração sexual de Criançasatravés do Programa Sentinela – Base definanciamento do que hoje são osCentros Regionais Especializados daAssistência Social (CREAS)·2001 – Início da Implantação doCadastro Único do Governo Federal paraa Unificação dos Programas deTransferência de Renda (Bolsa Escola,Auxílio Gás, PETI, Bolsa Alimentação).Realização da III Conferência Nacional daAssistência Social. Os Recursos do FundoNacional da Assistência Social atingem97% dos municípios brasileiros.2002 – Ativação do Cadastro Único doGoverno Federal em todos os Estados.Universalização do Programa deErradicação do Trabalho Infantil.2003 – Criação do Ministério daAssistência e Promoção Social .Realização da IV Conferência Nacional deAssistência Social. Aprovação do SistemaÚnico da Assistência Social (SUAS) na IVConferência Nacional. Implantação doPrograma Bolsa Família a partir daUn i f i c a ção dos P rog ramas deTransferência de Renda do GovernoFederal.2004 – Criação do Ministério doDesenvolvimento Social. Aprovação daTerceira Política Nacional de AssistênciaSocial. Reestruturação das Secretarias deAssistência Social no Brasil a partir daNova Política.

pessoas portadoras de necessidadesespeciais.Início da Estadualização dos Recursosda Assistência Social.1997– Consolidação do ProgramaNacional de Erradicação do TrabalhoInfantil.Aprovação da Primeira PolíticaNacional da Assistência Social e daNorma Operacional Básica - NOB 1.Início da Municipalização dos Recursosda Assistência Social.Segunda Conferência Nacional daAssistência Social.1998 – Aprovação da Segunda PolíticaNacional da Assistência Social e daNorma Operacional Básica 2 - NOB 2.1999 – Criação da Secretaria de Estadode Assistência Social.Instalação da Comissão IntergestoraTr i p a r t i t e e d a s C o m i s s õ e sIntergestoras Bipartites.Fortalecimento do Processo deHabilitação dos Municípios na Gestãoda Assistência Social.Início dos Núcleos de Apoio à Família(Hoje Centros de Referência daAssistência Social).Início do Programa Agente Jovem deDesenvolvimento Social e Humano –Primeiro Financiamento Públicodirecionado à Juventude no Brasil.Aprovação no Conselho Nacional deAssistência Social de novos Critérios dePartilha dos Recursos do FundoNacional de Assistência Social.

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É claro que o SUAS consolida toda uma lutade gestão no campo da Assistência Social,mas ele não é resultado de si próprio e sim deuma história partilhada por muitos atoressociais.

Uma questão que para mim foi um erro noprocesso de implantação do SUAS foi ademora em reconhecer que o CongressoNacional deveria receber um projeto de Leique desse conta de uma regulação maissegura. Isso só foi acontecer em março de2008, e ainda hoje, no final de 2009, nãotemos essa questão resolvida.

Em parte, a demora em envolver o CongressoNacional vem da cultura da área daAssistência, que ainda hoje tem dificuldadesem interagir com outras políticas públicas ecom outros poderes públicos. Em muitosmomentos, conversamos apenas com nósmesmos, e isso tem de fato retardado oprocesso de fortalecimento e compreensãoda Assistência Social perante o Estadobrasileiro e também perante a sociedade.

O SUAS, que completa na VII ConferênciaNacional de Assistência Social seis anos desua aprovação, tem uma longa agenda paraseu crescimento e fortalecimento. Citaria trêsdesafios:

Financiamento;Recursos Humanos e;Produção de Conhecimento.

2005 – Aprovação da NormaOperacional Básica do SUAS (NOB SUAS).Início do novo Processo de Habilitaçãodos Municípios do SUAS (Gestão Inicial,Gestão Básica e Gestão Plena ).Realização da V Conferência Nacional daAssistência Social.2006 – Aprovação da NormaOperacional Básica de RecursosHumanos ( NOB RH).Incorporação da Bolsa do PETI aoPrograma Bolsa Família.O Sistema Único da Assistência Socialganha força nas gestões municipais.2007 – Realização da VI ConferênciaNacional da Assistência Social.2008 – Início do Programa Nacional deInclusão de Jovens – Pró-JovemAdolescente.

Fazer esse retrospecto não é apenas umaquestão de estruturar a memória doprocesso que nos leva ao SUAS, mas afirmarque o SUAS não nasceu de uma hora parao u t r a . H o u v e u m p r o c e s s o d eamadurecimento da Política de AssistênciaSocial no campo estatal entre 1993 e 2003,quando de sua aprovação na ConferênciaNacional de Assistência Social. Por exemplo,em 2005, no início do processo deHabilitação em Gestão no SUAS em Inicial,Básico ou Pleno, a Política Pública deAssistência Social já contava com umhistórico de habilitação desde 1997. Astransferências já eram Fundo a Fundo desde1998.

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da Assistência Social. Isso é um fato. Osconcursos públicos são raros, os salários sãobaixos e os espaços para formação equalificação ainda estão distantes darealidade.

Na Assistência Social, o papel dostrabalhadores é fundamental, e a cada diamostra-se mais urgente uma agenda paraque possamos enfrentar esse desafio. Temosinúmeras secretarias que sequer possuemquadro próprio de pessoal. Em muitasregiões do Brasil, trabalhadores sãoobrigados a trabalhar em duas ou trêscidades, para que possam ganhar um saláriorazoável. O financiamento dos CRAS e CREASmostram que ainda estamos longe de umdebate salarial para os trabalhadores. Nãoimagino o futuro do SUAS sem uma políticareal dirigida aos trabalhadores. Vale aquidestacar que essa é uma responsabilidadetripartite (União, Estados e Municípios).

A Produção de Conhecimento deve ser umapreocupação real. Em outras políticas, comoa de Saúde, temos espaços importantes nasuniversidades, debatendo as práticas deintervenção e provocando, através deensaios, artigos e seminários, novastecnologias de atuação e intervenção.

E na Assistência Social? Quem assume essepapel? Nos cursos de Serviço Social, porexemplo, o que vemos é um distanciamentototal do SUAS, chegando ao ponto de alunosdo último ano do curso nunca terem tido

Precisamos enfrentar a qualidade dofinanciamento e não a quantidade derecursos disponíveis. O financiamento doSUAS para serviços socioassistenciais nãoestá em sintonia com os desafiosnacionais.

A grande maioria dos estados, porexemplo, não garante recursos para oSUAS. Os recursos do Fundo Nacional deAssistência Social para serviços, e,sobretudo, para a manutenção dos Centrosde Referência da Assistência Social (CRAS)ou para os Centros de ReferênciaEspecializados na Assistência Social(CREAS), são insuficientes para a demandanacional. Desta forma não garantem aqualidade necessária para uma atuaçãomais qualificada. Melhorar a qualidade dofinanciamento é um desafio imediato. Alógica de que com pouco se faz muitoprecisa ser imediatamente superada naAssistência Social. Não podemos migrar dafilantropia para a militância. A AssistênciaSocial é uma política que deve ter serviçosfinanciados para terem qualidade, e osatuais recursos dos Pisos de Proteção sãobaixos e não atendem à realidade. Esse éum problema que precisamos enfrentarsem constrangimentos.

A Norma Operacional de RecursosHumanos - NOB RH votada em 2006 ainda éuma peça de ficção.

Não temos uma Política para Trabalhadores

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Referências

BRASIL. Constituição da República Federativado Brasil, 1988.BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social,1993.POLÍTICA NACIONAL DA ASSISTÊNCIASOCIAL, 1994.SPOSATI, Aldaisa. A Menina Loas - umprocesso de construção da Assistência Social.São Paulo: Cortez, 2005.SPOSATI, Aldaisa. Vida Urbana e Gestão daPobreza. São Paulo: Cortez, 1988.ABRANCHES, Sérgio et al. A assistência socialna trajetória das políticas de assistênciasocial brasileiras. São Paulo: Cortez, 1987.ABRANCHES, Sérgio et al. Política social ecombate à pobreza. Zahar, 1986.FALCÃO, Maria do Carmo Brant et al. Osdireitos dos desassistidos sociais. São Paulo:Cortez. 1990.COSTA , Sue ly Gomes . S ignos emtransformação: a dialética de uma culturaprofissional. São Paulo: Cortez. 1995.FORMAÇÃO PROFISSIONAL E CURRÍCULODOS CURSOS DE SERVIÇO SOCIAL. ServiçoSocial, n. 32, São Paulo: Cortez. 1990.

uma aula sobre sua história, seuscompromissos e seus desafios.

À medida que as universidades estãodistantes e descompromissadas com ofuturo do SUAS, temos um sério problema,pois precisamos produzir conhecimentosobre a prática diária do Sistema Único daAssistência Social.

Sem isso, temos um imobi l ismopreocupante para a oxigenação do sistema.Sem produção de novos debates e novasinterpretações de uma agenda, corremos orisco de viver paralisias pontuais naconstrução do SUAS.

O SUAS poderá ser de fato uma realidadenacional, se ampliarmos nossas alianças eentendermos que ele é o desdobramentode um longo processo. Ao olharmos parasua história e para esse processo,poderemos ter a dimensão de que essatrajetória é marcada por avanços edesafios.

Eu sigo animado. Sei que os desafios sãoinúmeros, mas, quando olho para osúltimos 50 anos, vejo que os avanços forampossíveis e que poderemos avançar aindamais, se de fato, como Guimarães Rosa,entendermos que a "vida é um mutirão detodos”.

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