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A PLATAFORMA DA DISTRIBUIÇÃO E COMÉRCIO MODERNO Diretora: Fátima de Sousa . Trimestral . Ano IV . N.º 16 . outubro de 2015 . 8 euros 08 Kenneth Bengtsson, presidente do EuroCommerce UNIÃO EUROPEIA TEM DE REMOVER BARREIRAS AO MERCADO ÚNICO DIGITAL A responsabilidade social do Continen- te desenvolve-se agora sob a marca Missão Continente. Nádia Reis explica a necessidade deste projeto agregador. 24 O Continente tem uma nova Missão A FNAC reforça a aposta em novos formatos, abrindo um espaço no IST. O público universitário, diz José Leite, é estratégico. 20 A estratégia da FNAC passa pela universidade

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A PLATAFORMA DA DISTRIBUIÇÃO E COMÉRCIO MODERNO

Diretora: Fátima de Sousa . Trimestral . Ano IV . N.º 16 . outubro de 2015 . 8 euros

08Kenneth Bengtsson, presidente do EuroCommerce

UNIÃO EUROPEIA TEM DE REMOVER BARREIRAS AO MERCADO ÚNICO DIGITAL

A responsabilidade social do Continen-te desenvolve-se agora sob a marca Missão Continente. Nádia Reis explica a necessidade deste projeto agregador.

24O Continente tem uma nova Missão

A FNAC reforça a aposta em novos formatos, abrindo um espaço no IST. O público universitário, diz José Leite, é estratégico.

20A estratégia da FNAC passa pela universidade

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STORE MAGAZINE Trimestral outubro de 2015 3

Conselho editorialAna Isabel Trigo Morais

Catarina Oliveira FernandesMafalda Azevedo

Ricardo Domingos

Diretora Fátima de Sousa

[email protected]

Publisher

Edifício Lisboa OrienteAv. Infante D. Henrique, 333 H | 37

1800-282 LisboaT. 218 504 060 | F. 210 435 935

Diretora-geralSandra Silva

T. 967 088 [email protected]

Distribuição por assinaturaPreço: 32€ (4 edições)[email protected]

Tiragem média mensal: 2.500 ex.Depósito legal: 338451/12N.º registo ERC: 126154

ImpressãoTYPIA - Grupo MonterreinaÁrea Empresarial Andalucia

28320 Pinto Madrid - España

ÍNDICE

ENTREVISTA

LEGISLAÇÃO

TENDÊNCIAS

INTERNACIONALIZAÇÃO

EMPREGO

AGROALIMENTAR

IMOBILIÁRIO

CONSUMO

INTERNACIONAL

O presidente do EuroCommerce, Kenneth Bengtsson, enquadra os desafios do setor retalhista na Europa

As razões que levam a APED a opor-se à Lei da Cópia Privada

Exportação é a palavra de ordem de mais uma edição da Alimentaria & Horexpo

A estratégia da Immochan para renovar o parque de centros comerciais

Portugal precisa de uma estratégia que incentive o consumo de leite junto dos portugueses, defende a APED.

A Amazon lançou-se à conquista da Europa disputando áreas de negócio mais tradicionais

Capacitar para o mercado de trabalho é o objetivo de um projeto que une a Jerónimo Martins e o Serviço Jesuíta aos Refugiados

As ambições da Jerónimo Martins na Colômbia com a insígnia Ara

O CCCO da Sonae, Luís Reis, apresentou no último World Retail Congress as estratégias de inovação do grupo.

081214222630323640

CULTURA45 Democratizar o acesso das crianças aos livros é um dos propósitos do Pingo Doce com o Prémio de Literatura Infantil. E, ao mesmo tempo, descobrir novos talentos na escrita e na ilustração. A 2.ª edição comprovou isso mesmo.

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STORE MAGAZINE4 Trimestral outubro de 2015

ATUALIDADE

Sport Zone inaugura primeira loja em França

Jerónimo Martins obtém 150M€ de lucro em seis meses

IKEA Loulé vai criar 3 mil postos de trabalho

A Sonae deu mais um passo na estratégia de internacionalização com a abertura da primeira loja da cadeia de artigos de desporto Sport Zone em França, concreta-mente em Amiens, no Centro Co-mercial Carrefour. A loja, com cerca de 1000 m2 e operada em regime de franchising por um operador local, apresenta as principais marcas de desporto mundiais, e introduz no mercado

novos produtos das marcas ex-clusivas e representadas, como a Berg Outdoor (vestuário e equipa-mento outdoor), Berg Cycles (ciclis-mo), Deeply (casualwear e despor-tos aquáticos), Outpace (running) e Doone (fitness e musculação). “A nossa área de desporto já co-mercializa os seus inovadores produtos em mais de 20 países”, afirma o CEO da Sonae SR, Mi-guel Mota Freitas.

O lucro da Jerónimo Martins subiu 3,2% no primeiro semestre deste ano para 150 milhões de euros, incluindo os custos de arranque da Ara e da Hebe. Neste contexto, as vendas do grupo aumentaram 9,8% para 6,6 mil milhões de euros tendo todas as áreas de negócio registado um bom desempenho LFL (considerando o mesmo nú-mero de lojas) e ganhos de quota de mercado. O EBITDA cresceu

6,3% para 363 milhões de euros e as vendas totais da Biedronka aumentaram 11,7% - suportadas pelo aumento de 2,6% das vendas LFL e pela abertura de 68 novas lojas - apesar da forte deflação ali-mentar interna no período (-3,3%). O Pingo Doce e o Recheio eviden-ciaram um desempenho particular-mente bom no primeiro semestre, com um crescimento de vendas LFL superior a 4%.

A IKEA Portugal deu já início à construção da nova unidade de Loulé, a qual inclui uma loja, cen-tro comercial e fashion outlet, num investimento de 200 milhões de euros, com inauguração prevista para 2017. Integrado no plano de expansão para Portugal, o projeto do IKEA em Loulé prevê a criação de 3 mil postos de trabalho. A loja, com cerca de 24 mil m², terá como principal característica a sustenta-bilidade e total integração com o

centro comercial. Com 220 lojas e 3.500 lugares de estacionamento, distribuídos por 85 mil m2, o complexo comercial assume um papel de relevo no desenvolvimento da região. Este projeto configura-se numa pro-posta comercial e de lazer capaz de competir com qualquer dos projetos comerciais de primeiro ní-vel existentes não só em Portugal como na Europa”, diz o diretor da IKEA Centres Portugal e Espanha, Richard Vathaire.

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STORE MAGAZINE Trimestral outubro de 2015 5

Grupo Auchan investe 26 milhões de euros em Sintra

Sonae compra Makenotes e reforça-se no segmento de papelaria

Zippy vence POPAI Awards 2015 na categoria “Inovação”

A Auchan vai investir 26 milhões de euros na construção de um hipermercado Jumbo no conce-lho de Sintra. O espaço irá criar cerca de 350 empregos e incluirá área de Saúde e Bem-Estar, Self Discount, comida de animais e gasolineira, numa área total de 10 mil m2 e abertura prevista para o final de 2015. Segundo o diretor-geral da Au-chan Portugal, Américo Ribeiro,

apesar da crise económica, a es-tratégia de negócio não se alterou e o objetivo da cadeia continua a ser a garantia da eficiência, para continuar a baixar os preços. A prioridade é a renovação de uni-dades, no que são investidos cer-ca de 15 milhões de euros anuais. Também o franchising da marca Pão de Açúcar está nos planos da Auchan, que, em 2015, espera chegar às oito lojas.

A Makenotes, marca portuguesa de artigos de papelaria e gifts com forte incorporação de design, foi adquirida pela Sonae. A Makenotes disponibiliza uma oferta variada de papelaria, mar-roquinaria e gifts com padrões, tamanhos e interiores diversi-ficados. Inclui 125 coleções e 1.500 referências, sejam vintage

para públicos mais clássicos ou modernas inspiradas nas novas tendências de padrões, materiais e cores. Na estratégia de internacionaliza-ção, está prevista a presença em feiras internacionais do setor da papelaria e do gift, nomeadamen-te em Madrid, Frankfurt, Dubai e Nova Iorque.

A Zippy foi premiada nos POPAI Awards 2015 do Reino Unido e Irlanda, que distinguem a origi-nalidade e eficácia no ponto de venda e retalho. O novo conceito de loja, desenvolvido em parceria com a Dalziel & Pow, venceu na categoria “Inovação”.Os jurados descreveram o novo conceito da Zippy como um “exemplo de inovação verdadei-ramente brilhante neste espaço

in-store, que dá vida à loja de maneira cativante ao promover a diversão e interação de adul-tos e crianças com os suportes digitais”. A primeira loja com o novo con-ceito foi inaugurada em novem-bro de 2014, em Setúbal, tendo sido implementada também em Aveiro, Porto (NorteShopping), Sintra, em Madrid (Gran Plaza, Pozuelo e Parque Sur).

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STORE MAGAZINE6 Trimestral outubro de 2015

A DIA Portugal abriu quatro lojas Minipreço Market em Portugal Continental, as quais empregam 34 colaboradores, aumentando para mais de 620 o número de estabelecimentos no país. Na região norte foi inaugurado o Minipreço Leça Palmeira, assim como em Riba de Ave, no distrito de Braga, sendo que as duas lo-jas empregam sete colaboradores

cada. Já no Algarve, em Quarteira, a nova unidade emprega 12 cola-boradores, enquanto em Massa-má conta com oito funcionários. As lojas Minipreço Market distin-guem-se pelas novas cores identi-ficativas da insígnia – azul e verde –, decoração interior e exterior que comunica o novo conceito, assim como pela maior oferta de serviços disponibilizados na área

de frescos, padaria, pastelaria, bacalhau a corte, charcutaria e garrafeira.De acordo com o grupo, o de-senvolvimento destes estabele-cimentos incluiu um reforço na formação dos colaboradores em diversas valências, como serviço ao cliente, de modo a responder à qualidade de serviço adequada a este conceito de loja.

ATUALIDADE

Norauto agora no Fórum Sintra e no Campera Outlet Shopping

Minipreço Market abre 4 lojas em Portugal Continental

A Norauto abriu dois novos cen-tros auto, no Fórum Sintra e no Campera Outlet Shopping (Carre-gado), juntando mais 11 colabora-dores aos efetivos. A Norauto Shop do Fórum Sintra, disponibiliza uma gama de aces-sórios para automóvel em livre serviço, com a possibilidade de efetuar marcações de serviços de oficina num centro próximo. Com

uma área total de 106 m2, funcio-na sete dias por semana, das 10h às 23h. Já o espaço inaugurado no Cam-pera Outlet Shopping, com uma área total de 222 m2, inclui loja e oficina. O centro auto oferece aos clientes preços outlet em diversos produtos, como pneus e som, e funciona sete dias por semana, das 9h às 21h.

AKI constrói segunda unidade em ViseuA nova loja AKI de Viseu abriu por-tas ao público no Palácio do Gelo Shopping, correspondendo a um investimento de 2,1 milhões de euros. Com 25 colaboradores, a 31.ª loja do AKI em Portugal ofe-rece uma área total de 2.080 m2. A funcionar todos os dias das 10h às 23h é, também, a segunda loja da marca na cidade. A nova loja segue um conceito de proximidade e o objetivo é propor-

cionar aos clientes uma boa expe-riência de compra, através da faci-lidade e localização dos produtos e do apoio dedicado dos colabo-radores. Regularmente, a loja será palco de brico-aulas, ações de formação gratuitas que permitirão aos clientes aprenderem sobre bricolage, casa e jardim. O novo espaço disponibiliza serviço de corte de madeira gratuito e afina-ção de cores.

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Lidl distinguido pelos produtores de maçã de AlcobaçaO Lidl Portugal comercializou 2,5 milhões de quilos de maçã de Alcobaça, correspondentes a 20 milhões de maçãs, na campanha 2014/2015, o que lhe confere o primeiro lugar entre as cadeias de distribuição.Este foi o quinto ano consecu-tivo em que a Associação de Produtores de Maçã de Alco-baça (APMA) distinguiu a ca-deia de distribuição alemã em reconhecimento pelo trabalho desenvolvido e aposta junto dos fornecedores portugueses. No decorrer da última campanha, a maçã de Alcobaça vendida pelo Lidl proveio de cerca de meia cen-tena de produtores associados da APMA, localizados na região oeste.

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Da esquerda para a direita, Susana Costa e Jorge Soares, da APMA, Vanessa Romeu, do Lidl, e Paulo Tiago, da APMA.

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8 Trimestral outubro de 2015 STORE MAGAZINE

Grande Plano

Preside ao EuroCommerce desde março, assumindo um mandato de três anos em que elegeu como prioridade zelar por um mercado único efetivo, contribuindo nomeadamente para o derrubar das barreiras regulatórias que, afirma, estão a prejudicar sobretudo as pequenas e médias empresas. Em entrevista, o sueco Kenneth Bengtsson aborda os desafios da revolução digital e os contributos do setor para a criação de emprego e para o crescimento da economia europeia.

Europa tem de derrubar as barreiras ao e-commerce

Fátima de [email protected]

Store | Foi recentemente eleito para um mandato de três anos. Quais são as suas prioridades? Kenneth Bengtsson | Na reunião do conse-lho de administração de abril último, definimos seis metas estratégicas para o EuroCommerce: uma política digital baseada na confiança, no mercado único, na infraestrutura e nas compe-tências; um mercado único quer para produtos, quer para serviços, em que a legislação que afeta as empresas e os consumidores conduza a uma melhor regulação; um ambiente de co-mércio internacional aberto e previsível; relações comerciais justas e equilibradas, que apoiem e promovam cadeias de abastecimento eficientes e sustentáveis; um mercado de trabalho flexível e um diálogo social que permita criar empregos e dotar as pessoas com as competências ade-quadas para enfrentarem as futuras necessida-des de um mercado que muda constantemente; e uma política de sustentabilidade consistente com o crescimento e a criação de emprego. De um modo geral, a minha visão para o Euro-Commerce para os próximos três anos passa por colocar o retalho e o setor grossista no cen-tro do processo decisório europeu. Como prin-cipal empregador na Europa, estamos numa posição privilegiada para criar o emprego e ge-rar o crescimento de que a Europa precisa tão urgentemente. E conseguir as medidas legisla-tivas e o enquadramento regulatório adequado é vital para alcançar estes objetivos. Nesse âm-

bito, fazer com que o mercado único funcione corretamente é crucial.

Store | O seu mandato coincide, na qua-se globalidade, com uma nova Comissão Europeia. Como olha para a cooperação entre as duas entidades?KB | Nos últimos anos, temos trabalhado para garantir que as prioridades estratégicas do Eu-roCommerce têm correspondência no progra-ma de trabalho da Comissão, nomeadamente o foco no emprego, no crescimento e no in-vestimento, na economia digital, no mercado interno, no comércio livre. O retalho e o setor grossista constituem uma fonte de emprego muito necessária, empregando 29 milhões de pessoas, muitas delas jovens, e envolvendo 500 milhões de consumidores em toda a Eu-ropa numa base diária. Daí que procuremos colaborar estreitamente com todas as partes relevantes da Comissão, mas também com o Parlamento Europeu e os Estados membros, de modo a participarmos nas mudanças polí-ticas que gostaríamos de ver.Para o crescimento da economia da União Europeia é vital que o mercado único funcione corretamente e, estando próximo dos consu-midores, o retalho necessita do crescimento económico para ele próprio crescer e melhorar o serviço aos consumidores. Neste âmbito, a revolução digital significa uma mudança muito importante para nós, sendo fundamental adotar

as medidas adequadas para remover as atuais barreiras. Atualmente, um em cada dois consu-midores faz compras online, gerando 350 mil milhões de euros em vendas, mas são poucos – cerca de 15 por cento – os que compram a um fornecedor fora do seu país de origem. As pequenas e médias empresas (PME) têm potencial para beneficiar do e-commerce, mas também enfrentam grandes problemas devido às barreiras regulatórias nacionais. É por isso que estamos a diligenciar junto da Comissão no sentido da remoção destas barreiras, mas também incentivamos as PME a equiparem-se para aproveitarem as oportunidades que a re-volução digital oferece ao retalho.

Store | Que expectativas tem relativamente à atual Comissária Europeia do Comércio?KB | Temos mantido contactos frequentes com a comissária para o mercado único, Bienko-wska, bem como com outros comissários en-volvidos em assuntos relacionados com o nos-so setor. Como o vice-presidente Katainen, com o qual abordamos as questões relacionadas com o emprego, o crescimento, o investimen-to e a competitividade, o vice-presidente Ansip, com o qual discutimos o mercado único digital, e com a comissária Malmström, sobre o comér-cio internacional, sem esquecer o primeiro vi-ce-presidente, Frans Timmermans, em matéria de regulação. Uma melhor regulação é, como já mencionei, crucial para um setor retalhista e

Kenneth Bengtsson, presidente do EuroCommerce

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“A minha visão para o EuroCommerce para os próximos três anos passa por colocar o retalho e o setor grossista no centro do processo decisório europeu”

grossista predominantemente constituído por PME: é importante que a legislação europeia – e as regras nacionais – seja consistente, simples e que evite impor custos desnecessários ao setor.

Store | Em que medida é que o EuroCom-merce tem poderes negociais efetivos en-quanto representante do retalho europeu?KB | O EuroCommerce está em Bruxelas há 22 anos e tem vindo a consolidar-se como um representante legítimo e reconhecido de todas as formas de retalho e comércio grossista. Os políticos europeus e os reguladores reconhe-cem a importância de um setor que representa uma em cada quatro empresas na Europa e um em cada sete empregos – o maior empre-gador privado. É verdade que há sempre mais para fazer para afirmar este posicionamento e ver esta impor-tância refletida nas prioridades da União Euro-peia. No entanto, temos sido bem sucedidos na melhoria das políticas europeias em muitas áreas, sendo a mais recente a redução radi-cal das taxas que os consumidores pagavam quando usavam cartões de crédito. Também conquistámos o reconhecimento da Supply Chain Initiative como um compromisso volun-tário de todas as partes da cadeia de abaste-cimento visando um comércio mais justo e a adoção de um código de boas práticas. Procu-ramos disseminar e fazer valer estas ideias par-tilhando informação junto dos responsáveis da UE e dos legisladores em todas as instituições

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comunitárias em Bruxelas, tentando mostrar-lhes onde é que as medidas podem ser úteis para os nossos membros e, através deles, para os consumidores.

Store | Quais são, na sua opinião, os princi-pais desafios que o setor enfrenta?KB | Enfrentamos um conjunto de desafios mas também, e sem banalizar o termo, opor-tunidades reais, se, como o setor retalhista e grossista já mostrou mais do que uma vez, nos adaptarmos rapidamente à mudança, oferecendo aos nossos consumidores os produtos e serviços que eles procuram. Isto significa abraçar a tecnologia digital para ir ao encontro das necessidades dos consumido-res no sentido de serviços integrados e entre-ga imediata, do fim das barreiras para obter e oferecer os melhores produtos no merca-do global, ao mesmo tempo que responde à procura de produtos locais rastreáveis. Para isso, precisamos de um quadro regulatório adequado às vendas digitais e offline e espe-ramos da UE uma intervenção real no sentido de remover os muitos obstáculos que ainda impedem que o mercado interno atinja o seu potencial máximo e de promover um ambien-te comercial global em que nós e os nossos consumidores tenhamos acesso ao melhor que o mundo tem para oferecer. Enquanto setor constituído em 99 por cento por PME, também atribuímos imensa importância a uma regulação que tenha em conta as neces-sidades de todas as empresas.

Store | Já aqui se falou que o digital está na agenda. O setor está preparado para estes novos consumidores?KB | Sim, está, mas necessita de pessoas com as competências adequadas para explorar todo o potencial da tecnologia digital. Nesse sentido, estamos ativos em muitas frentes, coo-perando com outras entidades a nível europeu

Grande Plano

“Os políticos europeus e os reguladores reconhecem a importância de um setor que representa uma em cada quatro empresas na Europa e um em cada sete empregos – o maior empregador privado”

“A revolução digital significa uma mudança muito importante para nós, sendo fundamental adotar as medidas adequadas para remover as atuais barreiras”

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e nacional, visando trazer para o retalho uma nova geração de pessoas, empreendedoras e familiarizadas com a tecnologia. Muitos retalhis-tas já oferecem um leque de opções de compra – online, na loja, click and collect, aquilo que os especialistas designam como oferta omnicanal – mas eu simplesmente deixaria que fossem os consumidores a decidir qual a forma de compra que mais se ajusta às suas necessidades. Ainda assim, há muito mais para fazer e vemos que todos os dias surgem novas ideias no mer-cado, cabendo ao setor agilizar-se no sentido de responder e mesmo antecipar as tendên-cias. O consumidor está no centro do retalho e estou mais do que confiante de que o setor será capaz de se transformar para correspon-der às necessidades dos consumidores.

Store | É mais importante do que nunca um setor coeso?KB | O setor retalhista e grossistas é muito di-verso – inclui desde grandes empresas, com grandes cadeias de supermercados, à loja de bairro gerida por pequenos empresários. Quer as grandes empresas, quer as pequenas pro-curam corresponder às necessidades de dife-rentes franjas de consumidores ou aos mesmos consumidores mas em circunstâncias distintas. Mas o que todas têm de fazer é responder a es-sas necessidades, e fazê-lo rapidamente, o que significa um imperativo constante de mudar o que vendem e como vendem. As necessidades do setor não são necessaria-mente assim tão diferentes: todas as empre-sas precisam que a regulação seja previsível e lhes dê abertura para responderem com flexi-bilidade às mudanças nas necessidades dos

consumidores. E o que podemos fazer pelos nossos membros, pelos maiores e pelos mais pequenos, é tentar que os políticos perce-bam as necessidades do setor e que, assim, nos ajudem a servir os consumidores. O setor desempenha, como já disse, um papel vital na criação de emprego e crescimento na Europa. Trabalhando em conjunto as áreas prioritárias que mencionei, poderemos ser mais eficazes na comunicação dos nossos interesses aos le-gisladores e no assegurar de que o ambiente regulatório contribui para o crescimento, quer do setor, quer da economia como um todo.

Store | Num ambiente tão desafiante, como conseguirá o retalho europeu manter a competitividade?KB | O retalho sempre foi, e continuará a ser, um mercado ferozmente competitivo. E os re-talhistas têm tido de garantir que possuem o melhor leque de produtos, serviços e preços para serem efetivamente concorrenciais. O digital e o discount vieram acelerar o ritmo a que precisamos mudar, mas acredito que os nossos membros sabem como fazê-lo, na me-dida em que nos últimos 20 anos, desde que o EuroCommerce foi fundado, já passaram por mudanças radicais. Quanto ao EuroCommer-ce, o nosso papel é proporcionar ao setor o espaço para se desenvolver, assegurando que temos na Europa as políticas regulatórias e económicas adequadas. Se o conseguirmos, penso que podemos deixar nas mãos dos retalhistas a tarefa de crescer e evoluir e de continuar a passar os benefícios para os nos-sos fornecedores e, acima de tudo, para os nossos consumidores.

UMA CARREIRA NO RETALHOO sueco Kenneth Bengtsson deu os primeiros passos no retalho quando ti-nha apenas 14 anos. Aos 25, tornou-se proprietário de um supermercado inde-pendente na pequena cidade de Ronne-by. Desde então, construiu uma carreira que o levou a CEO e presidente do ICA Group, o maior grupo retalhista e grossis-ta dos países nórdicos. De 2005 a 2010, presidiu à Svensk Handel, a federação sueca do comércio, e de 2010 a 2013 à Confederação Empresarial Sueca. Ao anunciar a escolha para a presidência, o EuroCommerce sublinhou precisamente a mais-valia de um percurso profissional que começou numa pequena e média empresa e culminou no topo de uma ope-ração empresarial complexa, consideran-do que esta experiência lhe proporciona um profundo conhecimento dos desafios que as várias faces do comércio enfren-tam.O EuroCommerce assume-se como a voz de seis milhões de empresas na Eu-ropa, nele tendo assento associações de 31 países, entre as quais a APED e a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.

PERFIL

“Temos sido bem sucedidos na melhoria das políticas europeias em muitas áreas, sendo a mais recente a redução radical das taxas que os consumidores pagavam quando usavam cartões de crédito”

O presidente do EuroCommerce, Kenneth Bengtsson, ladeado pelo vice-presidente, Jyrki Katainen (à esquerda), e pelo diretor-geral, Christian Verschueren (à direita).

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12 Trimestral outubro de 2015 STORE MAGAZINE

Legislação

A APED estuda meios de reação possíveis face à promulgação da lei da Cópia Privada. Isto porque considera “desfasada da realidade”, não refletindo os hábitos de consumo e tratando os consumidores como “piratas informáticos”.

Lei da Cópia Privada está “desfasada da realidade”

A avaliar todos os cenários e meios de reação possíveis face à promulgação da Lei da Cópia Privada, a Associação Portuguesa das Empre-sas de Distribuição (APED) entende que “exis-tem fundadas dúvidas quanto à constitucionali-dade” do diploma.Considerando que a lei está desfasada da realidade que se vive em Portugal e na União Europeia, a associação “lamenta que a lucidez do senhor Presidente da Republica não tenha sido levada em conta pelo Governo e pelo Par-lamento”. De recordar que Cavaco Silva vetou o decreto-lei em março, defendendo uma “re-ponderação” da lei para que fosse mais justa para autores e consumidores. Não obstante, o diploma acabou por ser aprovado uma segun-da vez pela maioria parlamentar.A denominada lei da Cópia Privada, que en-trou em vigor em julho, prevê uma taxa per-centual, que pode variar entre 0,05 cênti-mos e os 20 euros, a aplicar no preço de equipamentos como leitores de mp3, dis-cos rígidos externos, telemóveis, CD, im-pressoras, cartões de memória e pen USB. O objetivo é compensar os autores por cada cópia para uso privado que cada utilizador ou consumidor faça de uma obra através daque-les equipamentos. Isentos desta taxa ficam os consumidores que provem que têm atividades como “fotógrafo, designer, arquiteto ou enge-nheiro, assim como profissões artísticas devi-damente enquadradas pelo código de ativida-de económica” ou se dediquem à “salvaguarda do património cultural móvel” ou ao “apoio a pessoas com deficiência”. As verbas resultan-tes da cobrança daquela taxa serão geridas pela Associação para a Gestão da Cópia Priva-da (AGECOP) e redistribuídas pelos detentores de direitos de autor; caso o montante cobrado ultrapasse os 15 milhões de euros, o restante passa para o Fundo de Fomento Cultural.“Trata-se de legislação que foi produzida sem se conhecer aquilo que são as realidades do consumo de obras protegidas pelo direito de autor, que muito se respeitam e são fundamen-

tais à nossa vida mas que não são devidamen-te protegidas com esta legislação”, sustenta a APED. A diretora-geral, Ana Isabel Trigo Mo-rais, argumenta que, “na Europa, a maioria dos consumidores descarrega e faz download das obras musicais e/ou audiovisuais da internet, efetuando o pagamento das mesmas no mes-mo site”. Assim, sustenta, a aprovação desta lei leva a que o consumidor pague as obras duas vezes: quando as adquire e quando as conso-me através do seu equipamento.A APED chama também a atenção para o fac-to de os consumidores que a partir de agora comprem equipamentos como um telemóvel ou um disco externo estarem a pagar uma taxa independentemente de os usarem ou não para copiar uma obra protegida por direi-tos de autor. O que – sublinha – é contrário à estratégia do Mercado Único Digital proposta

pela Comissão Europeia, além de constituir “mais um imposto que os portugueses têm de pagar”.Para a associação, a nova lei da Cópia Privada faz aumentar as importações e lesa o consumidor, tratado como “pirata informático”, obrigando- -o a pagar uma taxa pela aquisição de equipa-mentos banais no dia-a-dia, como telemóveis, tablets, discos rígidos ou cartões de memória, por assumir que serão usados indevidamente.A APED considera, assim, “lamentável que a Secretaria de Estado da Cultura não tenha ouvido os agentes económicos, limitando-se a consultar os potenciais beneficiários”. A di-retora-geral acrescenta: “Lamentamos que em Portugal a questão dos direitos de autor sirva de desculpa à criação de um novo imposto que vai fazer aumentar o preço de dispositivos que todos os portugueses usam no seu dia-a-dia”.

Ana Isabel Trigo Morais, diretora-geral da APED

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14 Trimestral outubro de 2015 STORE MAGAZINE

Tendências

A transformação no retalho foi o denominador comum a mais uma edição do World Retail Congress, que reuniu em Roma os principais retalhistas a nível mundial. Entre eles, esteve o Chief Corporate Center Officer, da Sonae, Luís Reis, que apresentou a estratégia do grupo português em matéria de inovação. Entre as tendências identificadas pelos congressistas encontram-se o omnicanal, o digital e a necessidade de colocar o consumidor no centro do negócio.

As armas da (r)evolução do retalho

Este ano, o World Retail Congress (WRC) teve como tema principal a transformação do reta-lho. Algo que, segundo conclusões dos inter-venientes, só será possível se os profissionais abraçarem as novas tendências do setor: omni-canal, tecnologia e centralização no cliente. Mas o que motivou a escolha do tema? Justifica Ian McGarrigle, fundador e chairman do congres-so, que “entre todos os retalhistas há uma forte crença de que o atual modelo de negócio está a mudar como resultado das inovações tecno-lógicas e respetiva aceitação por parte dos con-sumidores”. E acrescenta que os participantes séniores procuravam ouvir “as novas startups ou nova geração de retalhistas, que estão real-mente a liderar a mudança”. As metas do en-contro incluíam a influência do conteúdo deba- Ian McGarrigle, chairman do congresso

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tido sobre a indústria e a ainda a realização de novos contactos entre os presentes, com vista à evolução dos respetivos negócios. A aposta no omnicanal foi um dos temas mais abordados, a partir da visão de quem domina a tecnologia. Assim, Jerry Black, chief digital of-ficer do Aeon Group, considerou mesmo que esta é ainda uma área incompreendida pelos retalhistas, que, na sua opinião, não conse-guem apreender a ideia central: fazer com que os vários canais (físicos e digitais) trabalhem em conjunto e transformar as lojas em espaços emocionantes, divertidos e sensoriais. Uma opi-nião consolidada por Kulin Laibhai, diretor exe-cutivo do grupo indiano Arvind Retail, segundo o qual “o omnicanal é essencial no acesso a mercados” e pode facilitar a entrada em novas cidades, de forma mais económica. Secunda-da igualmente pelo português Luís Reis, CCCO da Sonae, que afirma que muitos retalhistas ar-riscam a adoção de tecnologia sem reorganizar as estruturas de negócio: “Chamamos a isso NT mais OO – nova tecnologia somada a um modelo antigo de operações”, sem contribuir para a criação de experiências relevantes para o cliente. Mas – e esta foi outra das conclusões que ema-nou do evento – o omnicanal é indispensável para corresponder às necessidades dos con-sumidores. Robin Philips, diretor de Omnicanal e Desenvolvimento na Boots, recordou que a cadeia possui um cartão de fidelização há al-gum tempo, mas enfatizou que o foco atual é a relevância para o cliente em qualquer canal. Kip Tindell, cofundador e chairman da The Contai-ner Store, reforçou esta ideia com a importân-cia do investimento na formação dos colabo-radores e pagamento de salários adequados,

fatores que – disse – reverterão em melhores vendas e aumento da produtividade. O digital deve, assim, ser a aposta dos reta-lhistas que aspiram à evolução e, sobretudo, a conhecer os consumidores e atingir uma nova geração de clientes. Utilizar design responsivo nos websites foi, neste âmbito, uma das su-gestões deixadas por Ozgur Dogan, chief mar-keting officer da Hepsiburada, e por Johannes Torpe, diretor criativo da Bang & Olufsen. To-davia, Jodie Fox, cofundadora e chief creative officer da Shoes of Prey, relembrou que o reta-lhista não deve descuidar a experiência em loja física: “Os desejos do consumidor vão evoluir, a experiência de sentir as texturas em loja nun-ca vai desaparecer, por isso também temos de investir no offline. O futuro está na manufatura-ção por encomenda”. Conhecer o cliente é ou-tra necessidade apontada pelos profissionais, nomeadamente Daniele Rizzo, chief information & business process officer da Autogrill para a

O digital deve, assim, ser a aposta dos retalhistas que aspiram à evolução e, sobretudo, a conhecer os consumidores e atingir uma nova geração de clientes

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Tendências

Europa, que deu como exemplo a empresa para a qual trabalha: “Não podíamos lançar um programa de fidelização, por isso recolhe-mos dados internos e lançámos campanhas com terceiros usando os cartões de fidelização deles. Tornou-se claro qual o tipo de produtos que as pessoas procuravam, mas também que a maior parte dos nossos clientes eram empre-sários, sobretudo comerciais, por isso começá-mos a perceber o que eles procuravam e sur-giu-nos a ideia de propor soluções eletrónicas dirigidas àqueles que passavam mais tempo em viagem”. Já o chairman da COOP Dinamar-ca, Laase Bolander, acrescenta que, em vez de tentarem prever as necessidades dos clientes, os retalhistas deveriam perguntar-lhes direta-mente qual a oferta que pretendem. E, na sua ótica, o mobile será o protagonista para atingir as gerações mais novas. Sobre este tema o inventor da World Wide Web, Tim Berners-Lee, exaltou a colaboração entre máquinas, por via do multi-ecrã, e a hu-manização das interfaces. “A experiência em loja é dominada pelos funcionários e clientes, cada um com um dispositivo móvel”, explicou. Como contornar esta tendência? Tim Berners-Lee sugeriu a utilização de ecrãs de diversos tamanhos de modo a que tanto clientes como profissionais possam ver o que está a acontecer e a transação seja o mais colaborativa possível.

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Já o mobile “está a permitir que os mercados emergentes fiquem online muito rapidamen-te”, e o setor do retalho tem de estar atento à predominância dos dispositivos móveis, bem como garantir a otimização dos sistemas.A aposta no digital voltou a ser o tópico domi-nante no painel do World Retail Congress des-tinado às marcas de luxo. Raffaello Napoleone, CEO da Pitti Immagine, descreveu que o “luxo democrático é a solução encontrada pelos es-pecialistas de marketing para tornar possível a expansão à classe média”, enquanto o CEO da Bulgari, Carlo Capasa, recordou que “há anos as marcas de luxo estavam voluntariamente afastadas do mundo digital, mas agora preci-sam de adaptar-se e lidar com ele”.A visão tecnológica voltou ao debate com Wil-liam Wolfram, fundador da DealDash, que par-tilhou quatro previsões para o futuro do e-com-merce. Segundo o profissional, a interação nas redes sociais será escolhida por algoritmos, a gamificação vai permitir que os segmentos de comércio eletrónico fiquem ligados a seleções específicas e de alta qualidade; a ligação da

fábrica ao consumidor vai fortalecer-se, retiran-do o retalhista da equação; e as companhias vão moderar profissionalmente os social media pagos. O chairman do World Retail Congress, Ian McGarrigle, já havia frisado que as redes sociais são um canal cada vez mais importan-te para promover o diálogo com os consumi-dores e, simultaneamente, para monitorizar a perceção da marca.Num balanço final, Ian McGarrigle concluiu que abraçar a mudança e a inovação é sempre difí-cil para as empresas dado que sempre estive-ram focadas num único caminho. No entanto, alguns dos maiores retalhistas começam já a colocar a inovação no centro dos negócios, a investir em novas tecnologias e a assumir ris-cos como nunca fizeram anteriormente. Na sua opinião, a temática da transformação do retalho revelou-se válida e relevante, já que os vários intervenientes focaram-se na defini-ção de estratégias no retalho que vão ao en-contro das necessidades dos consumidores. A mensagem mais clara diz respeito ao facto de grande parte dos retalhistas precisarem de

As redes sociais são um canal cada vez mais importante para promover o diálogo com os consumidores e, simultaneamente, para monitorizar a perceção da marca

reorganizar o modelo de negócio, garantindo que todos os canais estão alinhados. Aqui, as bases de dados são um recurso valioso para compreender o cliente e personalizar a comu-nicação e atendimento. Quanto ao mobile, este começa a tornar-se o canal dominante, dado que a tecnologia personifica um papel vital em tornar os espaços on e offline em experiências atrativas e eficazes.

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Tendências

A SONAE ESTÁ ATENTA AOS DESAFIOS

Ver “reforçado o reconhecimento pelos pares de que a Sonae é uma empresa inovadora e um exemplo para empresas do setor em todo o mundo”. É assim que o Chief Corpo-rate Center Officer (CCCO) da Sonae, Luís Reis, resume a experiência de participação no World Retail Congress, de que foi um dos oradores. A sua apresentação incidiu sobre o omnicanal, uma das tendências do retalho e chave para a evolução do setor. “Demons-trámos o que estamos a fazer e como o es-tamos a fazer: com novos formatos de loja ainda mais atrativos, e um ‘casamento’ entre o mundo físico e digital”, explica o CCCO, acrescentando que o congresso serviu para confirmar aquilo que a Sonae já aplica nas suas insígnias: “O cliente está no centro de atuação dos retalhistas e as empresas que não conseguirem antecipar as necessidades dos consumidores e inovar ao nível do ser-viço e experiência de compra, mais cedo ou mais tarde vão enfrentar dificuldades”. No último ano, o grupo português investiu 96 milhões de euros em inovação, investigação e desenvolvimento, o que permitiu a criação de marcas e produtos distintivos, bem como internacionalizá-los em mais de 60 países, seja em lojas próprias, franchising ou expor-tação e venda. E, no âmbito das necessidades do consumi-dor, Luís Filipe Reis afirma que a Sonae “tem estado atenta a estes desafios”, tendo o Car-tão Continente, com uma taxa de penetração de 75% nos lares portugueses e presente em 90% das compras realizadas em espaços fí-sicos, contribuído para o conhecimento pro-fundo do cliente. “As respostas aos clientes têm de ser cada vez mais individualizadas e adaptadas às suas preferências, com cam-panhas, serviços e produtos específicos”, sustenta. Quanto ao e-commerce, outra das áreas abordadas no World Retail Congress, Luís Reis partilhou os progressos feitos pelas in-sígnias Sonae, nomeadamente o serviço Click & Go, com a extensão dos pontos de recolha das compras online a um conjunto de espaços Continente, áreas de serviço Galp

e estações Fertagus, assim como o investi-mento na Movvo, uma empresa que desen-volve soluções para análise de fluxos dentro de lojas e centros comerciais. Relativamente às principais conclusões retira-das do encontro, Luís Filipe Reis salienta que as principais tendências encontradas são a emergência do omnicanal e do big data. “É fundamental que o setor do retalho tenha a capacidade de integrar a tecnologia no negó-cio potenciando também as vendas”, conclui.

Luis Reis, Chief Corporate Center Officer (CCCO) da Sonae

“As empresas que não conseguirem antecipar as necessidades dos consumidores e inovar ao nível do serviço e experiência de compra, mais cedo ou mais tarde vão enfrentar dificuldades”

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Está em vigor até 2016 o Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia Elétrica, cuja missão é promover, junto dos agentes económicos e dos consumidores, medidas tendentes a uma maior sustentabilidade. O comércio e os serviços estão na linha da frente desta intervenção, com a APED e a CSP a apoiarem a adoção de algumas das medidas previstas.

Comércio e Serviços no caminho da eficiência energética

Sustentabilidade

A APED e a CSP – Confederação dos Serviços de Portugal chamaram a si a responsabilidade de contribuir para as metas de eficiência ener-gética contempladas na estratégia da ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéti-cos e plasmadas, nomeadamente, no Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Ener-gia Elétrica (PPEC).Este programa concretiza-se através de um conjunto de medidas promotoras da eficiência energética, destinadas aos consumidores dos diferentes segmentos de mercado – Indústria e Agricultura, Comércio e Serviços e Residencial. E agrupadas em duas categorias – as medidas tangíveis, que se traduzem na instalação de equipamentos com um nível de eficiência su-perior ao padrão de mercado, conseguindo-se assim reduções de consumo mensuráveis; e as intangíveis, que consistem na disseminação de informação acerca de boas práticas no uso eficiente de energia elétrica, visando promover mudanças de comportamentos. A implementação de umas e outras fica nas mãos de “promotores elegíveis” e é neste âm-bito que se inscreve a intervenção da APED e da CSP. São três as medidas empreendi-das e apoiadas diretamente pelas duas en-tidades: duas delas visam a substituição de iluminação por LED, com uma participação financeira do PPEC cerca de 17%, e a outra, financiada em 36%, é aplicável às centrais de frio de edifícios do comércio alimentar. De abrangência nacional, a primeira das me-didas promovidas pela APED visa a subs-tituição de iluminação convencional T8 por LED, prevendo a substituição de 38.690 lâmpadas em edifícios e espaços de uso pú-blico. Esta medida já se encontra concretiza-da em cerca de 89%, correspondendo-lhe uma poupança esperada de 5.589 MWh/ano. A segunda medida promovida pela APED, diz respeito aos sistemas de controlo eficientes de

centrais de frio. Em causa está a substituição de controladores já existentes por outros tec-nologicamente mais evoluídos. Deste modo, as centrais ficam equipadas com sistemas de controlo de aspiração e de condensação flutuante adequados às suas necessidades térmicas e às características técnicas da ins-talação. Também de abrangência nacional, prevê 177 intervenções em edifícios de co-mércio alimentar com centrais de frio indus-trial, tendo já sido beneficiadas 92 destas centrais. Em consequência, a poupança de energia esperada ascende a 2.496 MWh/ano. Quanto à candidatura da CSP, enquadra-se igualmente nas medidas tangíveis, uma vez que

contempla a substituição de iluminação conven-cional de realce por LED. Prevê a substituição de 18.000 projetores com lâmpadas de iodetos metálicos e de 2.400 lâmpadas dicroicas de halogéneo. Cerca de metade desta intervenção está já concluída, equivalendo-lhe uma poupan-ça energética anual na ordem dos 2.804 MWh. Uma vez concluída a adoção destas três me-didas, o setor do Comércio e Serviços terá dado um passo na direção de uma maior sus-tentabilidade dos espaços, com poupanças significativas a nível dos recursos energéticos e financeiros e, ao mesmo tempo, com impac-to na mudança de comportamentos dos seus utilizadores, nomeadamente os consumidores.

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Estratégia

Um formato de loja mais pequeno, que privilegia publicações especializadas e é dirigido a estudantes universitários. Esta é a FNAC do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, a mais recente aposta da insígnia em Portugal. José Leite, diretor de Desenvolvimento de Novos Formatos e Parcerias da FNAC, explica a nova abordagem ao mercado português.

O público universitário é estratégico para a FNAC

A unidade do IST é, até agora, o formato mais pequeno da FNAC, e é também a primeira si-tuada num polo universitário. O objetivo? O di-retor de Desenvolvimento de Novos Formatos e Parcerias, José Leite, sustenta que o público universitário é um alvo estratégico para a insíg-nia, daí a escolha daquele campus para a es-treia deste modelo de loja. Considerando o plano de expansão e o estudo de mercado rigoroso que foi elaborado, a FNAC constatou que havia margem para evoluir junto do público universitário. “Este é um público im-portante não só pela boa relação que tem com a marca, como pelo crescimento do consumo de livros técnicos e dos gadgets”, explica José Leite. O IST dá assim o mote para um modelo mais próximo dos estudantes do ensino supe-rior, sendo que a insígnia retribuirá através do apoio e divulgação do trabalho e investigação produzidos no instituto.

Só na primeira semana de vendas, a FNAC do Técnico recebeu 12 mil visitantes. “O dia de abertura, 14 de setembro, foi muitíssimo in-tenso, pois a população do Instituto Superior Técnico aderiu em massa à promoção comer-cial de 15% de desconto imediato, em todos os produtos, para os titulares do cartão FNAC”, refere o diretor de Desenvolvimento de Novos Formatos e Parcerias, sem revelar as verbas envolvidas neste lançamento. O “formato inovador” tem apenas 65 metros quadrados e é acessível, não só à comunida-de académica, como também ao público em geral. No âmbito da oferta, a FNAC do IST aposta no livro técnico, seleção de revistas, papelaria, acessórios e gadgets tecnológicos, disponibilizando um corner Nespresso, serviço de bilheteira e cartão de fidelização, bem como encomenda de produtos que, estando disponí-veis na loja-mãe (Centro Comercial Colombo) e

sendo solicitados até ao meio-dia, podem ser entregues na mesma data do pedido. Outros serviços são o click & collect e o click in store, que dão acesso a mais de um milhão de refe-rências disponíveis no site da FNAC, por parte de alunos, corpo docente e funcionários admi-nistrativos da faculdade. “Esta abordagem mul-ticanal está perfeitamente alinhada com a vo-cação omnicanal do grupo”, reflete José Leite. Quanto à aposta em outros blocos universitários, José Leite avança que “existem já alternativas em estudo, tanto na zona de Lisboa como noutras cidades”. Em curso está “um plano de expansão apoiado maioritariamente em lojas de formato mais pequeno do que as tradicionais”, acrescen-ta. Foi essa iniciativa que permitiu a entrada em novas localizações, como Setúbal e Faro, assim como a chegada a novos espaços com concei-tos próprios, tais como o Oeiras Parque, Amo-reiras Shopping Center e Aeroporto de Lisboa.

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UMA MARCA, DIFERENTES FORMATOSOeiras ParqueA unidade do Oeiras Parque tem dois an-dares e características adequadas a um consumidor “mais exigente e ávido de tec-nologia”. Destacam-se os terminais de pa-gamento móveis, cujo sistema foi validado para a FNAC pelo regulador; os tablets ao serviço dos colaboradores para um acesso imediato ao produto; e até auriculares de comunicação interna, com vista a facilitar e reduzir o período de espera dos clientes. Apresenta ainda dois fóruns distintos: o ha-bitual Fórum FNAC, dedicado à componen-te cultural, e outro dedicado a workshops técnicos, conduzidos por especialistas e prescritores. Inclui um espaço de leitura, in-serido num ambiente mais silencioso. Com uma superfície total de 1.900m2, a loja con-tabiliza 55 colaboradores.

Amoreiras Shopping Center, LisboaA loja no Amoreiras Shopping Center, para além da “criteriosa oferta” de produtos, dis-ponibiliza um ponto de consulta online onde o cliente tem acesso a todo o catálogo FNAC. Um conceito de proximidade que apresenta um formato de loja mais pequeno (450m2 de superfície comercial) apostando numa oferta de novidades editoriais e tecnológicas, por-tabilidade e acessórios. Aqui sobressaem a modernidade e a sobriedade, oferecendo serviços como a bilheteira de espetáculos, os pedidos de cliente num terminal de pes-

quisa e encomenda online à disposição para levantamento na loja ou entrega ao domicílio, o cartão FNAC, os seguros de equipamentos e o acesso gratuito à internet via WiFi, em toda a loja. Aeroporto da PortelaA primeira FNAC especialmente dedicada aos que viajam de férias ou a negócio si-tua-se no Aeroporto da Portela, em Lisboa, seguindo o exemplo da casa-mãe francesa, que conta com sete espaços comerciais deste tipo. Com uma superfície comercial de 260m2 e com mais de 1700 referências distribuídas pelas áreas editoriais (literatura e música) e tecnológicas (informática, som, telecomunicações, videojogos e fotografia), a FNAC Aeroporto, localizada na área co-mercial da zona de embarque, disponibiliza cerca de 500 referências de imprensa na-cional e estrangeira, bem como uma sec-ção Kids, inteiramente dedicada aos mais novos. A loja oferece ainda diversos servi-ços, nomeadamente o Tax-Free, seguros de equipamentos e acesso gratuito à in-ternet através de postos de consulta, bem como uma gama de produtos técnicos que aposta na portabilidade, gadgets e aces-sórios, e uma oferta de produtos editoriais assente em novidades, best-sellers intem-porais, jornais e revistas, cuja finalidade é ir ao encontro das necessidades e expetati-vas dos viajantes.

INOVAÇÃO

José Leite, diretor de Desenvolvimento de Novos Formatos e Parcerias da FNAC

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Internacionalização

O retalhista Jerónimo Martins está a iniciar operações numa segunda região da Colômbia, com a expansão das unidades Ara. Ser a loja de proximidade dos colombianos e democratizar o acesso à alimentação de qualidade são os objetivos do grupo. Como? Apostando na inovação e na oferta de produtos de marca própria.

À conquista da proximidade dos colombianos

O grupo Jerónimo Martins continua a crescer e a fortalecer a sua dimensão internacional. E está a fazê-lo no mercado colombiano, através da cadeia Ara, a insígnia de proximidade com espírito, ambiente e sabor colombianos. Em se-tembro, abriu a loja número 100, uma das sete unidades comerciais inauguradas naquele mês, nas cidades de Barranquilla, Cartagena das Ín-dias e Santa Marta. Este investimento marca, assim, o início de operações numa segunda região da Colôm-bia – a Costa do Caribe – onde o grupo pre-tende fechar o ano com cerca de 40 lojas, e criar perto de 500 novos postos de trabalho. Concretiza, desta forma, uma das prioridades estabelecidas para este ano com a expansão para as principais zonas da Costa do Caribe – Atlântico, Bolívar e Magdalena, que são os três mais importantes departamentos dos sete que constituem aquela região. E isto dá-se, segun-do a Jerónimo Martins, após a boa recetividade colhida pela Ara no Eixo Cafeteiro e no Vale do Cauca, na Colômbia, onde já conta com 94 lo-jas e cerca de um milhar de colaboradores.

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66 milhões de euros em vendas (em 2014)

1.250 crianças apoiadas no programa “Madres Comunitárias” (em 2014)

940 Kg de alimentos doados à Associação de Bancos de Alimentos da Colômbia (em 2014)

17,5 mil euros reunidos através do arredondamento do valor das compras a favor da Fundação Aldeias Infantis SOS Colômbia (436 crianças apoiadas em 2014)

Mais de 95% dos produtos comprados a fornecedores locais (em 2014)

100 lojas

Cerca de 32.000 m2 de área de venda

Área média de venda entre os 300 e os 600 m2

Com uma proposta de valor baseada em pre-ços baixos, qualidade da marca própria, fortes promoções e grande implantação nos bairros, a cadeia Ara iniciou atividade em março de 2013, com a inauguração do primeiro centro de distribuição e da loja número um, na cidade de Pereira. Sobre o início de operações numa segunda região da Colômbia, o presidente do grupo Je-rónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, jus-tifica que “na região da Costa do Caribe vivem mais de 10 milhões de colombianos” e as zo-nas em que o grupo está a abrir lojas situam-se em departamentos com um crescimento eco-nómico superior ao da média do país, apesar de cerca de um terço da população da Costa viver em condições de pobreza. Perante este cenário, Pedro Soares dos Santos explica que o objetivo é “democratizar o acesso à alimen-tação de qualidade”, através da aposta que o grupo tem vindo a fazer no “desenvolvimento, em conjunto com fornecedores colombianos, de produtos de marca própria com uma rela-ção muito boa entre qualidade e preço”. Se-gundo o grupo, é prática em todas as geogra-fias em que opera que a maior parte do sortido e dos produtos de marca própria seja produ-zida localmente. A comprovar esta política, a insígnia adianta que mais de 95 por cento dos produtos comercializados na Colômbia, em 2014, foram comprados a fornecedores locais. Sem revelar qual o investimento canalizado para a expansão das lojas Ara, a Jerónimo Mar-tins assegura, no entanto, que os custos de ar-ranque do projeto não abalaram os resultados da insígnia. É que o lucro subiu 3,2 por cento no primeiro semestre do corrente ano para 150 milhões de euros. Além disso, refere o grupo que, nos primeiros seis meses do ano, os no-vos negócios Ara, na Colômbia, e Hebe, na Po-lónia, contribuíram com 103 milhões de euros para as vendas consolidadas, o que representa um acréscimo de 40 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado. Num mercado em que o comércio tradicional é muito forte e a distribuição se apresenta muito concorrencial, a Ara tem apostado no desenvol-vimento de promoções inovadoras e atrativas, assim como no reforço da ligação aos bairros, com a aposta em ações e descontos específi-cos em cada loja. “A Colômbia tem um setor de retalho alimentar dominado por pequenos retalhistas tradicionais, oferecendo interessan-tes oportunidades de fortalecimento da oferta

ao consumidor colombiano”, refere a Jerónimo Martins. Perante esta realidade, o grupo portu-guês vê potencial na Colômbia para estabele-cer uma proposta de valor diferenciadora que contribua para o seu crescimento no médio e longo prazo. E é no reforço desta aposta, e na procura constante de oportunidades de ino-vação no serviço, no produto e na oferta, que pretende responder ao objetivo de conquistar a confiança e a preferência dos consumidores e tornar a Ara a principal loja de proximidade naquele país da América do Sul.

Pedro Soares dos Santos explica que o objetivo é “democratizar o acesso à alimentação de qualidade”, através da aposta que o grupo tem vindo a fazer no “desenvolvimento, em conjunto com fornecedores colombianos, de produtos de marca própria com uma relação muito boa entre qualidade e preço”

OS NÚMEROS DO NEGÓCIO

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Responsabilidade Social

A Missão Sorriso deu lugar à Missão Continente, a nova marca umbrella de responsabilidade social da insígnia homónima que compreende todas as ações estratégicas de sustentabilidade e desenvolvimento. Nádia Reis, diretora de Relações Públicas e Ativação, enquadra a necessidade de criação de um projeto agregador.

A responsabilidade social do Continente tem nome próprio

As ações de responsabilidade social e ambien-tal do Continente estão agora agregadas sob uma chancela única: a Missão Continente. Um projeto multidisciplinar, focado na promoção do desenvolvimento sustentável junto de consu-midores, produtores, parceiros e comunidades onde a insígnia da Sonae está inserida. E, dada a especificidade dos temas, a intervenção foi

distribuída por três eixos estratégicos: Cons-ciente, Comunidade e Sorriso. Na Missão Continente Consciente, a insígnia assume um compromisso na construção de um futuro sustentável. Como? Através da pro-moção de comportamentos conscientes do ponto de vista social, económico e ambiental, em áreas como a alimentação saudável, pro-

Nádia Reis, diretora de Relações Públicas e Ativação

dução nacional, consumo consciente e sus-tentabilidade ambiental. Já na Missão Conti-nente Comunidade o foco de atuação está na cidadania participativa e solidária, apostando no envelhecimento ativo, inclusão, combate à fome, pobreza e desperdício alimentar, com a doação de bens alimentares excedentes e mer-cadorias em bom estado de conservação para uso e consumo dos mais carenciados. Por fim, a Missão Continente Sorriso diz respeito à saú-de familiar, centrando-se na natalidade e saúde infantil e contando com apoio local proporcio-nado por centros de saúde. A propósito da necessidade de criar um projeto agregador, a diretora de Relações Públicas e Ativação do Continente, Nádia Reis, sustenta que havia chegado “o momento de olhar para o trabalho desenvolvido nos últimos 30 anos e perspetivar o futuro com o objetivo de acres-centar valor às famílias portuguesas”. “Mais do que uma obrigação para a Distribuição Moder-na, o Continente considera uma responsabilida-de a aposta constante nas melhores medidas que possam contribuir para a sustentabilidade

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“Mais do que uma obrigação para a Distribuição Moderna, o Continente considera uma responsabilidade a aposta constante nas melhores medidas que possam contribuir para a sustentabilidade social e ambiental”

OS NÚMEROS DA MISSÃO SOCIAL

Nos últimos 12 anos, através da Missão Sorriso, foram doados 12 milhões de euros e 2.100 equipamentos a mais de 200 instituições do país, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores.

•2013: 576 instituições / 5 milhões de euros em produtos alimentares

•2014: 579 instituições / 4,7 milhões de euros em produtos alimentares

•2015 (primeiro semestre): 635 instituições / 747 mil refeições

UMA MISSÃO COM BANDA SONORARecentemente foi lançado o hino da Mis-são Continente, interpretado por Tony Carreira. Além do cantor, participam também vários apresentadores da RTP, como Vanessa Oliveira, Tânia Ribas de Oliveira, Serenela Andrade, Júlio Isidro e Jorge Gabriel.

social e ambiental”, defende. Por essa razão, a ação da Missão Continente está concentrada na sensibilização para a urgência do desenvol-vimento sustentável, promoção crescente do envolvimento dos cidadãos nas comunidades a que pertencem, fomentando a intervenção em prol do bem comum, e ainda a mobilização para a adoção de boas práticas sociais, am-bientais e económicas. E os consumidores? Nádia Reis argumenta que a consciencialização para a importância da responsabilidade social tem sido crescente nos últimos anos por parte dos clientes Continen-te, o que se espelha nas escolhas que fazem. “Ao recebermos todas as semanas milhares de clientes nas nossas lojas, temos consciência da nossa responsabilidade e do importante papel que podemos desempenhar na sensibilização ambiental e social, chamando à atenção para os principais problemas existentes na socieda-de e para o contributo de cada um na constru-ção de um futuro melhor”, completa. A marca de responsabilidade social do Conti-nente possui um Advisory Board próprio, com-posto por um Conselho Consultivo, órgão geral da Missão Continente, e três Comissões Espe-cializadas em cada um dos pilares de atuação do projeto. Sobre os apoios, Nádia Reis adianta que cada segmento tem entidades de colabo-ração próprias. Assim, a Comissão Consciente integra a As-sociação Portuguesa de Empresas de Distri-buição, a Associação Portuguesa de Nutricio-nistas, a Confederação dos Agricultores de Portugal, a DECO, a Federação das Indús-trias Portuguesas Agroalimentares, o IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, o Instituto de Ciências Sociais, a Quercus, o Instituto Superior de Agronomia e o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas. Por sua vez, a Comissão Comunidade conta com o apoio do Banco Alimentar Contra a Fome, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da Cruz Vermelha Portuguesa, da Dariacordar (Movimento Zero Desperdício), da Refood, da Associação Rede de Universi-

dades da Terceira Idade e da União das Mise-ricórdias Portuguesas. Finalmente, a Comissão Sorriso é formada pela Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar, Direção-Geral de Saúde, Escola Nacional de Saúde Pública, As-sociação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, Ordem dos Enfermeiros, Ordem dos Médicos e Sociedade Portuguesa de Pediatria. Quanto a parceiros institucionais, a diretora de Relações Públicas e Ativação do Continente enumera os ministérios do Ambiente, da Agri-cultura e do Mar, Economia, Educação, Solida-riedade, Emprego e Segurança Social e Saúde.

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Emprego

Capacitar jovens migrantes para o acesso ao mercado de trabalho. É este o objetivo do programa “Capacitação 4 Job”, um projeto do Serviço Jesuíta aos Refugiados a que o grupo Jerónimo Martins se associou. Dar uma experiência profissional através da formação em contexto real de trabalho é o papel do retalhista.

Jerónimo Martins contribui para integração de jovens migrantes

O projeto “Capacitação 4 Job” insere-se na estratégia da Jerónimo Martins de promoção da inclusão social de grupos vulneráveis no acesso ao mercado de trabalho

Foi a convite do Serviço Jesuíta aos Refugia-dos que o grupo Jerónimo Martins se asso-ciou ao projeto “Capacitação 4 Job”, com o objetivo de formar 45 jovens migrantes. Uma iniciativa que se enquadra no Programa Cida-dania Ativa, da Fundação Calouste Gulben-kian, e que conta também com o apoio do Agrupamento de Escolas Pintor Almada Ne-greiros, em Lisboa. “Consciente da sua res-ponsabilidade enquanto grande empregador, o grupo tem vindo a estabelecer um conjunto de parcerias com entidades públicas respon-sáveis pela área do emprego, instituições e organizações não-governamentais, com vista a responder a solicitações destas entidades

para a criação de oportunidades de formação em contexto real de trabalho, com especial enfoque no caso de grupos mais vulneráveis ao nível da empregabilidade”, afirma Susana Correia de Campos, Head of Employee Rela-tions da Jerónimo Martins.Com a duração de 18 meses, trata-se de um programa integrado de ações de capacitação com vista a integrar os formandos no mercado de trabalho, e que inclui atividades no domínio da valorização pessoal para a empregabilida-de, nomeadamente, soft skills ou aquisição de competências transversais. Os 45 jovens, com idades entre os 18 e os 30 anos, divididos em três turmas, têm ainda a

Alguns migrantes integram a equipa da Cozinha Central de Odivelas do Pingo Doce

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oportunidade de frequentar estágios e ações de voluntariado a que está associado o desen-volvimento de competências pessoais, sociais, relacionais e profissionais, fomentando a par-ticipação cívica e integração na comunidade. Esta formação, explica a Head of Employee Relations, tem também como objetivo, além da aprendizagem técnica, o desenvolvimento de competências de socialização que lhes se-rão úteis ao longo da vida profissional. “Muitos destes formandos nunca trabalharam com roti-nas, tarefas, horários, chefias ou equipas, o que exige uma aprendizagem muito grande. Nesse sentido, com grande envolvimento, empenho e dedicação dos nossos tutores (colaborado-res do grupo Jerónimo Martins), os jovens são acompanhados de perto, com o objetivo de se desenvolverem a vários níveis, sendo avaliados periodicamente”.O projeto “Capacitação 4 Job” insere-se, as-sim, na estratégia da Jerónimo Martins de pro-moção da inclusão social de grupos vulneráveis no acesso ao mercado de trabalho. E, segundo Susana Correia de Campos, como a empresa tem já alguma experiência de cooperação desta natureza com várias instituições, como a Casa Pia, Aldeias SOS ou ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, estavam reu-nidas as condições para acolher e acrescentar valor a este projeto de integração. Além disso, o grupo acredita que a associação a iniciativas de responsabilidade social traz di-versidade de experiências e culturas, enrique-cendo a dinâmica das organizações. Por outro lado, o grupo verifica que estas pessoas com histórias de vida difíceis agarram geralmente as oportunidades profissionais com empenho e responsabilidade, sendo colaboradores com um bom desempenho e motivação.Ao associar-se a este projeto a empresa per-mite que estes jovens tenham uma primeira experiência profissional através de formação em contexto real de trabalho. É que o progra-ma compreende formação prática em diversas

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Emprego

áreas do grupo, nomeadamente, em lojas “es-cola” Pingo Doce situadas na Grande Lisboa e na Cozinha Central de Odivelas.A integração no mercado de trabalho é, assim, o objetivo final deste projeto, embora – afirma Susana Correia de Campos – nem todas as pessoas cheguem a esta fase. Para que essa meta seja alcançada, é preciso que exista uma adequação do formando à função e que tenha adquirido as competências técnicas e com-portamentais necessárias. “Temos também casos de pessoas que, durante o projeto, des-cobrem outro talento e decidem investir noutra área, ou que, por diversos motivos, desistem do programa”. Mas é, ainda, necessário que existam necessi-dades de contratação o que, segundo o grupo, é tido em linha de conta na escolha dos locais de formação. Até à data, tendo concluído o processo apenas uma turma de 15 pessoas,

foram contratadas seis para as lojas do grupo e para a Cozinha Central de Odivelas, sendo que a segunda turma terminará a formação em breve. A acontecer, a contratação ocorre por um período inicial de seis meses, que pode vir a ser renovado, dependendo da avaliação do desempenho dos jovens formandos. Sublinha a Head of Employee Relations do grupo, que, independentemente deste proje-to e dos seus objetivos o Serviço Jesuíta aos Refugiados continua a apoiar as pessoas com vista à sua integração plena na sociedade e de-signadamente, no mercado de trabalho, o que beneficia aqueles que não são contratados.E, mantendo-se atenta às necessidades das comunidades envolventes das operações do grupo, a Jerónimo Martins diz estar a desenvol-ver outros projetos com instituições e organiza-ções no sentido de apoiar populações vulnerá-veis num maior acesso ao mercado de trabalho.

O grupo verifica que estas pessoas com histórias de vida difíceis agarram geralmente as oportunidades profissionais com empenho e responsabilidade, sendo colaboradores com um bom desempenho e motivação

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Agroalimentar

A Feira Internacional de Lisboa (FIL) volta a receber a Alimentaria & Horexpo, um dos mais importantes certames europeus do setor agroalimentar e uma plataforma de acesso a 250 milhões de consumidores lusófonos. Fátima Vila Maior, diretora da Área de Feiras da FIL, explica o foco internacional, objetivos e oportunidades do evento, que terá um investimento superior a 900 mil euros e decorre de 22 a 24 de novembro.

Exportação é “palavra de ordem” na Alimentaria & Horexpo

A exportação é a palavra de ordem para a edi-ção de 2015 da Alimentaria & Horexpo Lisboa. Quem o afirma é Fátima Vila Maior, diretora da Área de Feiras da FIL, acrescentando que há um reforço da vertente internacional do encontro, “que já se sedimentou enquanto uma das mais importantes feiras do setor da alimentação no ranking europeu”, permitindo o acesso, por par-te de compradores estrangeiros, a 250 milhões de consumidores lusófonos. O modelo do even-to, a decorrer de 22 a 24 de novembro na FIL e cujo investimento global ronda os 900 mil euros, congrega três salões, potenciando sinergias en-tre as três áreas-chave: Alimentação, Hotelaria e Tecnologia para a Indústria Alimentar. Ainda que a finalidade seja a exportação da produção portuguesa, é igualmente um ob-jetivo da Alimentaria & Horexpo conseguir a participação do maior número possível de em-presas nacionais. Porquê? “Quanto maior foi a excelência e mais variada for a oferta de pro-dutos e equipamentos nacionais, maior será a capacidade de atrair e trazer à feira com-pradores internacionais”, justifica Fátima Vila Maior. Porém, também o consumidor assume um papel central na estratégia do evento, sen-do por isso o protagonista do Alimentaria Ex-

perience, um evento dedicado à experimenta-ção e degustação de produtos gastronómicos e que surge como resposta à necessidade de envolver as marcas com o consumidor final, bem como para promover a interação deste com os produtores. “É importante ter esta in-teratividade entre as marcas e o consumidor fi-nal. Atualmente tudo passa pela experimenta-

ção e o Alimentaria Experience vai ao encontro do público e da sua necessidade de ver, sa-ber, provar e comprar”, salienta a profissional. Uma outra novidade é a complementaridade entre a Alimentaria & Horexpo e o Portugal Agro, reunindo todo o processo agroalimentar nos salões da Feira Internacional de Lisboa. Para a FIL, as feiras setoriais constituem fer-

Fátima Vila Maior, diretora da Área de Feiras da FIL

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Este é um acontecimento de peso no calendário, dado que é relevante para mostrar o melhor da produção portuguesa, atrair interesse estrangeiro e fornecer ferramentas que alavanquem negócios, aumentem o volume de vendas e, consequentemente, dinamizem a economia

Para 2015, uma das metas é “conseguir a participação do maior número de empresas produtoras nacionais na feira”: “Quanto maior for a excelência e mais variada for a oferta de produtos e equipamentos nacionais, maior será a capacidade de atrair e trazer à feira compradores internacionais”

ramentas fundamentais para alavancar negó-cios, dentro e fora de fronteiras, até porque, “em tempos de recessão, onde os investi-mentos estão limitados, ter a possibilidade de conhecer novos mercados e novos compra-dores sem sair de ‘casa’ é uma ótima forma de fazer mais com menos”, explica Fátima Vila Maior. A organização conjunta da Alimentaria & Horexpo e do Portugal Agro constitui, assim, uma vantagem para expositores e visitantes, dado que estes podem acompanhar todo o processo, desde a produção na terra à indús-tria processadora e tecnologias associadas. As associações e entidades do setor agroali-mentar que apoiam a Alimentaria & Horexpo são as protagonistas na ligação entre exposi-tores e entidades estrangeiras. Como? Atra-vés dos agentes promotores, que comunicam as empresas e indústrias nacionais junto de potenciais compradores e fornecem conhe-cimentos que podem ser determinantes “na estratégia de aproximação aos mercados externos e na definição de compradores in-ternacionais a convidar”, conclui a diretora da Área de Feiras da FIL. Neste âmbito, pe-

HOSTED BUYERS: ATRAIR COMPRADORES

O programa de Hosted Buyers é exclusivo para compradores estrangeiros, benefi-ciando da colaboração ativa das entida-des parceiras do salão e das empresas exportadoras, que já possuem uma posi-ção destacada em mercados externos e podem partilhar know-how e experiência. A plataforma permite o pré-agendamento de reuniões, via software eletrónico, entre os compradores convidados e as exporta-doras expositoras na Alimentaria & Horex-po. Entre os objetivos do Hosted Buyers destacam-se o acesso à oferta de produ-tos portugueses, contacto com bens de outros países, networking com profissio-nais do setor e participação num espaço exclusivo a visitantes internacionais, para apresentações e degustações. Com o in-tuito de reforçar a vinda de compradores estratégicos provenientes tanto de merca-dos consolidados, como emergentes, foi estabelecida uma parceria com a Portugal Foods, entidade que ficará responsável pela seleção final dos candidatos. Para os negócios portugueses, a vantagem está no acréscimo e diversificação de clientes estrangeiros e consequentemente, no au-mento das vendas para o exterior. O in-vestimento total feito no programa situa-se nos 100 mil euros e, no início de setembro, já tinha sido contabilizada quase meia cen-tena de inscrições.

•800 empresas expositoras(70% nacionais e 30% internacionais);

•30.000 visitantes profissionais; •2.000 compradores estrangeiros

ANTEVISÃO

sou a criação do programa Hosted Buyers, apoiado pela Portugal Foods, e que tem a missão de agilizar o contacto entre a orga-nização e as empresas estrangeiras com interesse de participação na Alimentaria & Horexpo Lisboa. A lista de agentes promo-tores inclui a FIPA, Portugal Foods, Portugal Fresh, Viniportugal, Agrocluster do Ribatejo, Inovcluster, Inovisa, AHRESP e ADHP, en-tre outros, cuja responsabilidade é também acelerar a internacionalização e dinamizar as exportações das empresas portuguesas. E que nacionalidades vão estar representadas na Alimentaria & Horexpo Lisboa? Fátima Vila Maior refere que as contratações ainda estão a decorrer, todavia foram já confirmadas as presenças de entidades provenientes da Bél-gica, Coreia do Sul, França, Alemanha, Espa-nha, Itália, Bulgária e Grécia. “É com orgulho que vemos as empresas internacionais a par-ticiparem na A&H Lisboa, procurando não só alvejar o mercado português, mas também, e com um foco cada vez mais acentuado, os países de Língua Oficial Portuguesa”, afirma a diretora da Área de Feiras da FIL.

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Imobiliário

Renovar, ampliar e aumentar a atratividade dos centros comerciais é a prioridade da Immochan. Quem o diz é Mário Costa, diretor-geral da imobiliária do grupo retalhista Auchan, que defende que, em Portugal, há margem para crescer, mas mais em qualidade do que em quantidade.

Parque de centros comerciais tem de se renovar

“Ainda há espaço para crescer” em Portugal. A convicção é de Mário Costa, diretor-geral da Immochan Portugal, para quem o crescimen-to do setor imobiliário se deve realizar mais ao nível qualitativo do que quantitativo. “O parque de centros comerciais tem que se renovar, pois já começa a ter alguma idade”. E é isso que a Immochan tem vindo a fazer. Depois da reno-vação da Galeria Comercial Jumbo de Setúbal, agora sob a marca Alegro, o grupo prepara-se para inaugurar, em 2016, o projeto de Fama-

licão, que, após a intervenção de ampliação e remodelação em 2011, está, novamente, a sofrer alterações. “Sendo uma extensão da ga-leria já existente, vai integrar uma área mais ur-bana do tipo comércio de rua, com spa, piscina e ginásio, bem como comércio especializado”, explica o diretor-geral.A prioridade da imobiliária do grupo retalhista Auchan está, assim, na valorização do patri-mónio que detém, renovando, ampliando e au-mentando a sua atratividade. É o caso do novo

Alegro Setúbal, onde o desporto, o fitness, a aventura, o entretenimento infantil, a saúde, o lazer e os espetáculos encontram áreas privile-giadas, complementadas pelo posicionamento de marketing da Immochan, que tem um pilar assente na cultura. “No caso do Alegro Setú-bal, estamos a testar todos estes conceitos para fidelizar os clientes da cidade e captar os clientes de uma zona de influência mais vasta”, aponta Mário Costa. Além da necessidade de renovação do setor, é

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preciso considerar as exigências em termos de sustentabilidade, de eficiência energética e am-bientais, e que – diz Mário Costa – vão obrigar a repensar e a reinvestir nos edifícios atuais. “O crescimento vai acontecer preferencialmente na vertente do ‘melhor’ e não tanto do ‘mais’. Só desta forma Portugal poderá continuar a li-derar, no mercado europeu, com um produto de qualidade”, afirma. Uma afirmação que só pode ser feita porque a Immochan está pre-sente em Portugal desde 2005. E, nessa data, refere o diretor-geral, o mercado português de centros comerciais detinha já uma experiência e maturidade ao nível dos mais altos da Europa. Um contexto que criou no grupo um nível de exigência e preocupação que ainda não tinha enfrentado noutros países onde estava pre-sente, e onde o conceito de centro comercial era muito menos evoluído do que em Portugal. Exemplo dessas diferenças foi a necessidade que o grupo teve de criar uma marca para os centros comerciais. E assim nasceu a marca Alegro, que hoje ganha forma no Alegro Alfra-gide, Alegro Castelo Branco e Alegro Setúbal.

À CONQUISTA DA CHINAStore Magazine | Assiste-se ao declínio na construção de centros comerciais na Europa. Como contornar esta tendência? Mário Costa | Sim, na Europa ocidental. A Europa central tem muitos projetos em pipeline. Uma vez mais esse crescimento dependerá muito da estabilidade política e do crescimento económico desses países. No caso da Immochan, que detém atualmente 374 centros comer-ciais, essa questão está a ser equilibrada com uma expansão fortíssima na Ásia, mais concre-tamente em Taiwan e na China, onde temos já mais de 300 colaboradores.

Store Magazine | A Immochan está presente em 12 países. Qual o mercado com mais peso? MC | Ainda é a França, sendo que em 2016 China irá tornar-se o mercado com mais peso.

“O crescimento vai acontecer preferencialmente na vertente do ‘melhor’ e não tanto do ‘mais’. Só desta forma Portugal poderá continuar a liderar, no mercado europeu, com um produto de qualidade”

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Imobiliário

A imobiliária da Auchan continua a investir em Por-tugal. Prova disso são os quatro projetos em que está a trabalhar, mas que a empresa ainda não adianta, mencionando apenas o de Famalicão. Para o investimento em novos espaços co-merciais, a localização é determinante, tendo sido, segundo Mário Costa, um dos fatores que orientou a estratégia de investimento por parte da Immochan nos locais onde está presente. Mas outros critérios como a oferta existente e o potencial comercial disponível na região a investir definem a dimensão e o conceito co-mercial do projeto. Além disso, a existência de um hipermercado do grupo Auchan é uma con-dição-chave. No entanto, a Immochan, que, historicamente, se apresenta como uma empresa que investe em centros comerciais com capitais próprios do grupo, está a mudar de estratégia. Explica o diretor-geral que, desde 2012, a carteira de grandes projetos cresceu exponencialmente

a par da entrada em novos mercados, e para responder a este ritmo de crescimento os ca-pitais próprios não eram suficientes.“Alterámos a estratégia permitindo a entrada de capital ex-terno nos nossos ativos atuais e estabelecendo parcerias para os novos projetos, sendo que nos mantemos coproprietários, participando no Asset Management e fazendo o Property Management”. Foi o que aconteceu no Alegro de Alfragide, com venda de metade do capital a um investidor estrangeiro, passo que já está a ser equacionado no Alegro Setúbal, onde também poderá entrar capital externo após o primeiro ano de exploração. Mas a Immochan também se dedica à gestão de galerias comerciais, como é o caso do Jum-bo de Alverca, Maia, Famalicão, Cascais, Cani-delo, e Santo Tirso, e que, segundo o diretor, exigem uma atenção diferente, essencialmente ao nível do mix comercial. “Uma galeria comer-cial deve estar mais orientada para os serviços

“Sendo a Immochan historicamente uma empresa do imobiliário comercial, pretendemos alargar o nosso leque de projetos com parceiros experientes nestes e noutros tipos de valências imobiliárias”

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e, por se destinar a uma visita mais curta, não detém grandes áreas destinadas a permane-cer durante algumas horas, como food court e praças para animações e espetáculos”, ex-plica. No que diz respeito à oferta comercial, a aposta também difere, sendo que a moda é es-sencialmente composta por marcas nacionais. Já o layout da galeria estende-se habitualmente num único piso e o fluxo de clientes é maiorita-riamente o da cadeia alimentar, isto é, o Jumbo.Em termos estratégicos, diz o diretor-geral que a Immochan pretende continuar a investir e a promover projetos integrados, em que o co-mércio seja uma das valências a par de outras que façam sentido nesse local: desportivas, residenciais, culturais ou parque de negócios. “Sendo a Immochan historicamente uma em-presa do imobiliário comercial, pretendemos alargar o nosso leque de projetos com parcei-ros experientes nestes e noutros tipos de valên-cias imobiliárias”.

OS NÚMEROS DA IMMOCHAN3 centros comerciais - Alegro Alfragide, Alegro Castelo Branco e Alegro Setúbal

6 galerias comerciais - Jumbo de Alverca, Jumbo da Maia, Jumbo de Famalicão, Jumbo de Cascais, Jumbo Pão de Açúcar de Canidelo, Jumbo Pão de Açúcar de Santo Tirso

Em Portugal, gere 43 315 m2 de Área Bruta Locável com 374 lojas em centros e galerias comerciais

Presente em 12 países, onde gere 328 centros comerciais

ABL total de mais de 1,7 milhões de m2

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Consumo

Numa altura em que o consumo de leite está a diminuir e os produtores se confrontam com o excesso de produção, as bebidas vegetais, comumente designadas “leites”, estão a conquistar cada vez mais adeptos. A variedade de produtos é cada vez maior e as cadeias da distribuição também estão a dar o seu contributo, ao criar marcas próprias.

Bebidas vegetais ganham adesão dos consumidores

Bebidas de soja, de arroz, de aveia, de coco ou de amêndoa. Estas são algumas das alter-nativas, de origem vegetal, que têm ganho, nos últimos anos, a preferência de muitos consumi-dores em substituição do leite.Embora muito longe da dimensão do mercado de lacticínios, o consumo deste tipo de bebidas está a crescer a dois dígitos, à medida que o leite cai 7%. Estas bebidas, comumente desig-nadas como “leites”, são de origem vegetal e produzidas através da adição de água a vege-tais triturados. Nos últimos anos, têm-se po-sicionado como tal – leites – colocando-se no corredor a eles dedicado, e deslocando para si parte dos seus consumidores. Não obstante serem mais caras que o leite de vaca, o apelo a uma vida saudável, a que estas bebidas se associam, tem-lhes garantido cada vez mais adeptos.

Entre este tipo de bebidas, as de soja têm sido as mais procuradas pelos portugueses. Dados da Nielsen indicam que entre 11 de agosto de 2014 e 9 de agosto deste ano venderam-se 18,8 milhões de litros de bebidas de soja, o que corresponde a um aumento de 19% face ao período homólogo. No ano anterior, de 12 de agosto de 2013 e 10 de agosto de 2014, já se tinha registado um crescimento de 8% das vendas.Se inicialmente estes produtos eram vistos como um nicho, consumidos por quem tinha uma alergia ou intolerância alimentar, hoje são comprados por qualquer pessoa, sobretudo por quem quer comer um pequeno-almoço saudável. Também a recente profusão de es-tudos sobre as desvantagens do leite na dieta diária tem desempenhado um papel importante para esta mudança de tendência.

Com esta alteração no mercado, além das mar-cas da distribuição, também as cadeias de dis-tribuição estão a criar as suas marcas próprias, como forma de explorar esta área.Embora a queda do consumo do leite seja con-siderável, face a um aumento ainda mais subs-tancial das bebidas vegetais, a dimensão dos dois mercados é muito diferente: enquanto o primeiro é de 489 milhões de litros, o segundo é de 18,8 milhões. Portugal é o 16.º produtor de leite na União Europeia (UE), com 1,2%, numa lista liderada pela Alemanha (19,7%), França (15,9%), Reino Unido e Polónia (8% cada), indica o Eurostat.Se, por um lado, o consumo de leite e demais produtos lácteos está a diminuir, por outro, os produtores têm-se confrontado com excesso de produção e queda acentuada dos preços. De acordo com o observatório europeu do mercado do leite, o preço do leite cru caiu, em junho, 20% na União Europeia (UE) e 16% em Portugal, face ao mesmo mês de 2014. Obser-vou-se uma quebra de 1,8% face a maio último e de 9% em relação à média dos últimos cinco anos.Para fazer face às dificuldades vividas no setor, Portugal quer, juntamente com outros países da União Europeia, que Bruxelas aumente o preço de intervenção (ajudas públicas) no mer-cado. A Comissão Europeia anunciou um apoio de 500 milhões de euros, mas o sector consi-dera o valor insuficiente. Aos produtores portu-gueses cabe um valor de 4,8 milhões de euros, ou seja, 1,14% do total que o sector europeu irá receber adicionalmente.Os maiores produtores de leite são igualmente os maiores recetores do apoio extraordinário, nomeadamente a Alemanha (69,2 milhões de euros), a França (62,9 milhões de euros), e o Reino Unido (36,1 milhões de euros). Segue-se a Polónia, com 28,9 milhões de euros, e a Espanha, com 25,5 milhões de euros.

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todo e ao país “encontrarem oportunidades de mercado, de diferenciação e de crescimen-to que permitam marcar a diferença à escala global”, sem esquecer as alterações de com-portamento dos consumidores que exigem respostas da fileira, nomeadamente quanto a diversificação de portefólio de produtos de lei-te e seus derivados.“O crescimento do setor através da promoção do leite e de produtos lácteos de valor acres-centado passa, indiscutivelmente, pela emer-gência do desenvolvimento de uma estratégia nacional para encarar de forma pró ativa e positiva o período pós desmantelamento das quotas leiteiras”, sustenta a APED, lançando

um conjunto de soluções conducentes à di-namização do setor: a promoção no mercado externo e o investimento em acordos bilaterais de comércio com mercados emergentes, o in-vestimento na `marca Portugal`, e a criação de uma organização interprofissional de natureza nacional como ferramenta de auto regulação entre os diferentes elos da cadeia de valor.São propostas, diz a associação, que cons-tituem uma oportunidade para o desenvolvi-mento de toda a cadeia de valor dos lacticí-nios. E para a revitalização de um setor que tem um peso indiscutível na economia nacio-nal, dado que, em 2013, representou 11,3% da produção agrícola nacional.

Mobilizar os portugueses para a importância de aumentar o consumo de laticínios nacionais é um desígnio que une os vários representantes da cadeia, desde os produtores de leite à distribuição. A APED defende mesmo que o País carece de uma estratégia de promoção das qualidades do leite.

Portugal precisa de uma estratégia para o setor do leite

O fim das quotas leiteiras na União Europeia veio tornar mais visível a realidade dos produ-tores de leite nacionais, que há muito lutavam contra uma progressiva queda nos preços, a par de uma diminuição do consumo de pro-dutos lácteos. E que, mais recentemente, en-frentavam as consequências no embargo à Rússia e os obstáculos à importação de bens levantados por Angola. Dois movimentos – um nacional e outro internacional – que, conjuga-dos, debilitam a situação económica do setor.Neste contexto, a APROLEP – Associação dos Produtores de Leite de Portugal já veio a públi-co disponibilizar-se para abrir as explorações dos associados e, demonstrar de forma trans-parente, todos os procedimentos, nomeada-mente os de segurança e bem-estar animal. A associação pronunciou-se igualmente a favor de todas as iniciativas que visem o esclareci-mento dos consumidores sobre as qualidades reconhecidas do leite, tendo em vista desfazer “os mitos e dúvidas infundadas” que têm re-caído sobre o leite enquanto alimento, contri-buindo para a contração do consumo.A APROLEP defende mesmo a adoção do rótulo de “Produto lácteo sustentável”, que garanta ao consumidor a origem nacional do produto e que garanta ao produtor um preço que lhe permita manter-se em atividade, bem como a todos os que trabalham na fileira. Em simultâneo, apelou à distribuição para que co-labore neste movimento de sensibilização para que o consumidor compre o que é nacional. E exortou a indústria de lacticínios a apostar em produtos de valor acrescentado, na inovação, no marketing, na partilha de resultados e co-municação com os produtores, na conquista de novos mercados e na fidelização dos con-sumidores nacionais, dando maior visibilidade ao símbolo PT ou outro equivalente, que iden-tifique a origem dos produtos. Por sua vez, a APED entende que cabe ao setor como um

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Produção

Azevagro, Segredos da Floresta, PROMERT, Aromáticas Vivas, COCEBA - Cooperativa Agropecuária de Celorico da Beira e Sociedade Agrícola Quinta da Lagoalva de Cima. Foram estes os vencedores da segunda edição do Prémio Intermarché Produção Nacional. O mesmo é dizer: as empresas que melhor combinaram as vertentes de inovação, sustentabilidade e respeito pelas origens na área da produção nacional.

Prémio Intermarché distingue produção nacional

Premiar o que de melhor se faz na agricultu-ra em Portugal. É esse o propósito do Prémio Intermarché Produção Nacional, que teve este ano a segunda edição. Os vencedores foram conhecidos a 23 de setembro e distribuídos por seis categorias. Azevagro (frutas e prepara-dos de fruta), Segredos da Floresta (legumes e preparados de legumes), PROMERT - Agrupa-mento de Produtores de Bovinos Mertolengos (carnes e preparados de carne), Aromáticas Vivas (produtos biológicos), COCEBA - Coo-perativa Agropecuária de Celorico da Beira (produtos processados - queijos) e Sociedade Agrícola Quinta da Lagoalva de Cima (produtos

processados - vinhos) foram as empresas cujos projetos, no entender do júri, melhor combina-ram as vertentes de inovação, sustentabilidade e respeito pelas origens.Tal como no ano passado, é assegurado aos vencedores o escoamento dos produtos du-rante um ano, com a margem repartida entre o produtor e o Intermarché. Além disso, será também garantida a visibilidade dos seus pro-dutos em diversos meios, incluindo em loja.Este ano, para além dos troféus aos melhores projetos, o júri decidiu atribuir duas menções honrosas àqueles que, não tendo sido pre-miados, se destacaram pela sua qualidade e

potencial: a Sudoberry (frutas e preparados de fruta) e a Henrique Sanches Manso (Ervas da Zoé - produtos biológicos).A segunda edição do prémio trouxe várias no-vidades. Entre elas destacam-se o alargamento dos parceiros, com a entrada da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, e das categorias, que passam a incluir produtos biológicos e novas subcategorias de produtos processados. Nesta edição houve um aumento de mais de 50% no número de candidaturas recebidas. Um sucesso que motiva a continuação da iniciativa, com novo prémio já previsto para o próximo ano.

Os vencedores, ladeados pelo CEO do Intermarché Portugal, Vasco Simões (à esquerda) e pelo administrador do grupo Mathieu Descombes

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“Para nos tornarmos mais competitivos precisamos não só de aumentar a capacidade de inovação, como também de gerar e transferir conhecimento, de melhorar o nível de organização e de prestar o devido aconselhamento e acompanhamento junto dos produtores agrícolas”

PRÉMIO HOMENAGEIA TODOS AQUELES QUE NUNCA DESISTIRAM DA AGRICULTURAStore | Que balanço faz da segunda edi-ção do Prémio Intermarché de Produção Nacional?Mathieu Descoubes | O balanço é extre-mamente positivo e o sucesso do Prémio In-termarché Produção Nacional pode medir-se não só pelo envolvimento dos nossos parcei-ros, como também pelo contributo excecio-nal que os produtores nacionais deram a uma iniciativa na qual efetivamente acreditam.Foram muitos os projetos agrícolas fantásti-cos, de pessoas extraordinárias, que tivemos oportunidade de conhecer e dar a conhecer.Em dois anos, o Prémio Intermarché Produ-ção Nacional recebeu mais de seis dezenas de candidaturas, um número que é demons-trativo da importância e do contributo que este projeto pode representar para os produ-tores e para o sector primário.Ao alargarmos a categoria de produtos repre-sentados demos também a oportunidade de crescimento a outros produtores. Os produ-tos biológicos, por exemplo, representaram mais de 17% das candidaturas recebidas, o que é também demonstrativo de uma certa lógica sustentável que a agricultura nacional atravessa atualmente.São todos estes produtores que nos dão motivação para continuarmos a trabalhar em prol da agricultura nacional.

Store | Qual a importância da inovação na área da produção?MD | É verdade que o sector agrícola está hoje mais desenvolvido e mais capacitado tecnologicamente. Mas não chega. O sector

é grande e complexo e há ainda um longo caminho a percorrer.No Intermarché, temos vindo a participar ati-vamente nesta agenda estratégica, dando aos produtores nacionais as oportunidades certas para crescerem e continuarem a dar um impulso notável ao sector e ao país.Naturalmente que a inovação é um elemento indispensável para tornar a nossa agricultura mais sustentável e competitiva. Aliás, para nos tornarmos mais competitivos precisamos não só de aumentar a capacidade de inovação, como também de gerar e transferir conheci-mento, de melhorar o nível de organização e de prestar o devido aconselhamento e acom-panhamento junto dos produtores agrícolas.Devemos isso a um sector que tanto dá ao nosso país e às nossas gentes e no qual de-positamos tanta esperança no futuro

Store | Quais os objetivos do Intermarché ao desenvolver esta iniciativa?MD | O Prémio Intermarché Produção Nacional é um projeto que valoriza e promove a produ-ção nacional e sensibiliza a sociedade civil para a importância do sector primário português.O prémio honra o nosso compromisso de apoiar os produtores e a produção nacional e de contribuir significativamente para um sector de inegável peso para a economia do país. Mas é também uma homenagem a to-dos aqueles que nunca desistiram da agricul-tura e dos que fazem diariamente da vontade de trabalhar a terra um caminho para contra-riar a tendência do desemprego, da recessão e da escassez de alternativas.

Acreditamos que, ao apoiarmos os produto-res e a produção nacional através deste e de outros programas, estamos também a contri-buir significativamente para o desenvolvimen-to regional e a impulsionar o movimento em prol da recuperação do país, tão intimamente relacionada com as empresas a operar no sector primário.O Prémio Intermarché Produção Nacional é também um garante de distribuição, de es-coamento de produtos, de acompanhamento técnico junto dos produtores. É isso que, no essencial, diferencia este de outros projetos.

Mathieu Descoubes, administrador do Intermarché

A cerimónia de divulgação dos vencedores teve lugar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O anúncio dos melhores projetos foi precedido pelo debate “Inovar e Investir: os novos caminhos da agricultura nacional”, que contou com a participação da ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, da presidente do Instituto Superior de Agronomia, Amarilis de Varennes, do presidente da EDIA, José Pedro Salema, da diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, e de João Pereira da Silva, administrador da Cooperfrutas.

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Internacional

A multinacional de comércio eletrónico Amazon está a alargar a sua gama de serviços na Europa e a porta de entrada é o Reino Unido, com o lançamento da AmazonFresh, de entrega de produtos alimentares e frescos. Um serviço que poderá mudar o mercado de supermercados online, com entregas mais rápidas, novas recompensas em termos de fidelização e concentração de serviços.

Amazon entra no negócio dos frescos na Europa

A AmazonFresh – o gigante da distribuição de produtos alimentares online, nomeadamente frescos, no próprio dia – começou em 2007, na zona de Seattle, de onde a empresa é origi-nária. Em 2013, expandiu-se para Los Angeles e Orange County e, em 2014, para San Diego. Hoje, está também disponível para os habitan-tes de São Francisco, Nova Iorque e Filadélfia. A empresa enfrenta agora um novo desafio, com a entrada no Reino Unido.O serviço está em fase experimental. Bir-mingham foi a cidade escolhida para as primei-ras entregas, em setembro, de uma seleção de 50 produtos. Em outubro, começou a distri-buição dos mesmos itens em Londres. Assim, água, leite, café, pizza, gelado e panados de peixe são alguns dos produtos que os ingleses podem receber até uma hora depois da enco-menda online. Espera-se que o serviço completo seja lançado na primavera do próximo ano, mas não a nível nacional. É que se prevê que seja seguido o mo-delo norte-americano de existência apenas em áreas urbanas densamente povoadas.O serviço funciona como uma unidade separa-da da Amazon, com uma frota de camiões de distribuição refrigerados. Nos Estados Unidos, a Amazon cobra 99 dólares (87 euros) por uma A Amazon é reconhecida pela experiência on-

line, inovação e serviço ao cliente, mas no ne-gócio dos frescos ainda tem que convencer os consumidores britânicos. Segundo a IGD, me-nos de um quarto (24%) dos clientes do serviço de produtos alimentares da Amazon no Reino Unido conhece a gama completa de alimen-tos e produtos de supermercado disponível na Amazon UK, mas mais de um terço (35%) diz que consideraria comprar alimentos frescos se o serviço estivesse disponível. Se a versão britânica da AmazonFresh se ba-sear no modelo norte-americano, então, os compradores poderão vir a contar com inova-ções como entregas no próprio dia e entregas à porta ao amanhecer.

O retalho online de produtos de supermercado vale, no Reino Unido, cerca de nove mil milhões de libras, prevendo-se que cresça para 17 mil milhões de libras nos próximos cinco anos. Há, assim, mercado para a entrada de novos operadores

subscrição anual, com um custo adicional de 200 dólares (177 euros) por ano para as en-tregas aos clientes da AmazonFresh. No Reino Unido, as entregas até uma hora estão dispo-níveis para clientes que pagam uma taxa anual de 79 libras (107 euros) e 6,99 libras (9,5 euros) adicionais por cada encomenda. Além disso, as encomendas têm um gasto mínimo de 20 libras (27 euros), um fator que pode dissuadir a sua utilização.O retalho online de produtos de supermerca-do vale, no Reino Unido, cerca de nove mil mi-lhões de libras, prevendo-se que cresça para 17 mil milhões de libras nos próximos cinco anos. Há, assim, mercado para a entrada de novos operadores.

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Além disso, no caso de o Amazon Dash (botão que se conecta por Wi-Fi à aplicação móvel da Amazon no smartphone e permite com um único toque fazer as encomendas dos produtos) ser introduzido neste mercado, a compra será mais rápida, uma vez que torna possível voltar a comprar um produto através do scan do seu código de barras, não sendo necessário entrar no site da Amazon.Perspetiva-se também que a empresa introduza outras inovações no Reino Unido em simultâneo com a AmazonFresh, o que poderá alargar o impacto se lançadas a nível nacional. É o caso da aplicação para smartphones PrimeNow, que oferece entregas em uma hora de essen-ciais do dia-a-dia: já foi lançada em Londres e Birmingham e espera-se que seja expandida a outras cidades. Também a Amazon Pantry, um serviço que dá aos membros prime a possibilidade de encher uma caixa com essenciais domésticos, tem sido popular entre os consumi-dores norte-americanos e pode vir a ser introduzida no Reino Unido.Se a Amazon introduzir algumas destas inovações que já aplica no mercado norte-americano muitas deverão apelar aos europeus e, como tal, os retalhistas europeus deverão adaptar-se. A Tesco já está, por exemplo, a experimentar um serviço similar de entregas no mesmo dia em alguns locais do Reino Unido.A Amazon expandiu-se através do crescimento orgânico nos Esta-dos Unidos e está presente em áreas urbanas densamente povoadas, onde a procura é maior. Em princípio, a empresa irá seguir esta estraté-gia também na Europa, nomeadamente no Reino Unido, a curto prazo, o que significa que o seu impacto na concorrência já existente será limitado. A Amazon deverá, assim, criar um grande impacto a longo prazo, mas não se espera que a situação mude de um dia para o outro.Para a Amazon, será mais uma questão de criar lealdade e frequência de compra para os seus clientes com o novo serviço, enquanto os re-talhistas e os compradores irão ver a Amazon como a percursora das inovações, que irão conduzir o mercado. Muito embora o Reino Unido seja já o mercado de supermercados online mais desenvolvido a nível mundial, existem várias razões que apontam para o sucesso da aposta: seleção variada de produtos; rapidez de entregas; experiência de lealdade alargada (ao poder expandir as recompensas e habituais pontos a produtos como livros gratuitos no Kindle ou ver séries no Netflix); concentração de servi-ços; e preços competitivos.O maior desafio da empresa será posicionar-se como especialista grossista e convencer os consumidores britânicos dos seus conhe-cimentos e credenciais em matéria de frescos, sobretudo porque não tem lojas físicas. Estabelecer parcerias fortes com fornecedores e operadores logísticos será vital para acompanhar as elevadas ex-petativas dos consumidores. Dado que a estratégia habitual da Amazon é lançar novos serviços em vários mercados europeus, vários especialistas acreditam que o lançamento da AmazonFresh na Alemanha deve estar para breve, até porque é o maior mercado a nível mundial da Amazon, com uma base de clientes leais. Poderia mesmo funcionar como um catalisador do crescimento do canal de supermercados online, que tem vindo a ga-nhar força lentamente no país. Para já, a Amazon acrescentou uma gama de produtos alimentares em Espanha e Itália.

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Os projetos Movimento Zero Desperdício, Nutricap, Arroz Integral Pato Real Minuto e Movelife foram os vencedores da sexta edição dos Food & Nutrition Awards, o agente mobilizador para a inovação no setor agroalimentar, produção nacional e promoção de estilos de vida saudáveis.

O espaço nacional de inovação agroalimentar

Food & Nutrition Awards

O combate ao desperdício alimentar e a pro-moção de estilos de vida saudáveis foram as temáticas dos projetos vencedores na última edição dos Food & Nutrition Awards (F&NA), coorganizado pela Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN) e pela agência de comuni-cação GCI. Enquanto plataforma distintiva das melhores inovações no âmbito do agroalimen-tar, produção nacional e promoção de estilos de vida saudáveis, a competição avaliou as candidaturas a quatro categorias: “Iniciativa de Mobilização”, “Investigação e Desenvolvimen-to”, “Produto Inovação” e “Serviço Inovação”. Premiados, respetivamente, foram os projetos Movimento Zero Desperdício, Nutricap, Arroz Integral Pato Real Minuto e Movelife. Num balanço dos F&NA 2015, Gonçalo Morei-

ra Guerra, vice-presidente da direção da APN, declara que este se revelou “um concurso de elevado sucesso e reconhecimento pelas em-presas, entidades, organizações, universidades e profissionais a título individual”, pois, apesar do período de inscrições mais reduzido face a outras edições, houve “uma elevada procura e submissão de candidaturas comparativamen-te a anos anteriores”. Uma prova de que es-tas iniciativas podem estimular os setores do agroalimentar e da distribuição. De que forma? “A distinção de boas práticas no âmbito da ali-mentação e nutrição pode sempre inspirar ou-tros agentes para a melhoria das suas práticas ou implementação de novas valências, sendo esta possibilidade transversal a todo o setor agroalimentar e da distribuição”, comenta. É Gonçalo Moreira Guerra, vice-presidente da direção da APN

igualmente um estímulo a possibilidade de os vencedores utilizarem o selo dos Food & Nutri-tion Awards nas embalagens e suportes de co-municação dos respetivos produtos e serviços. Sobre a utilidade da inovação naqueles seto-res, Gonçalo Moreira Guerra refere que o fator surpresa para o consumidor e o contributo para a melhoria das qualidades do produto, serviço, iniciativa ou investigação ocupam os primeiros lugares. Destaque ainda para o papel da ino-vação no aumento da durabilidade, condições de transporte, conservação e consumo de de-terminados produtos. Por isso, o objetivo dos F&NA é, essencialmente, premiar o que de melhor se faz em Portugal naquelas áreas, “por poderem ter um impacto positivo na saúde dos portugueses através da promoção de hábitos alimentares saudáveis”, justifica. O próximo passo é potenciar a comunicação dos vence-dores de 2015, com o intuito de fazer chegar informação relativa a cada um deles ao maior número de pessoas possível, num exemplo de boas práticas do setor.

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“ACORDAR” PARA A REALIDADE DO DESPERDÍCIO ALIMENTAR

Esta é a missão do Movimento Zero Des-perdício, criado pela Dariacordar (Associa-ção para a recuperação do desperdício) em 2012 e vencedor dos F&NA na categoria “Iniciativa de Mobilização”. O projeto foi criado para promover a recuperação de ex-cedentes alimentares e, assim, “acordar” as pessoas e instituições para a realidade do desperdício alimentar. Através do esclareci-mento e interpretação da Lei sobre higiene e segurança alimentar, a Dariacordar con-seguiu criar condições para que as refei-ções de um dia não fossem para o lixo, mas sim para a mesa de quem precisa. Sobre a missão pós-vitória, Diogo Lorena, gestor do movimento, avança que o grande proje-to até 2017 é a expansão pelo país. Atual-

mente está presente em oito concelhos e há outros nove em processo de adesão, tendo sido assinado a 8 de outubro o pri-meiro protocolo fora do continente, com o município de Ponta Delgada. Paralelamen-te, o Movimento Zero Desperdício lançou a coleção de livros homónimos, em parceria com a agência J. Walter Thompson, des-tinada aos alunos do ensino básico e que integra o plano nacional de leitura. Quanto à internacionalização, a Comissão Europeia tem divulgado as normas desenvolvidas pelo movimento e a Organização das Na-ções Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apresenta o projeto como um exem-plo de boas práticas. Na Hungria, o Banco Alimentar adotou esses procedimentos.

REDUZIR OS COMPOSTOS BIOATIVOS NOS ALIMENTOS

O Nutricap, um hidrogel à micro e nano escala que reduzirá a incorporação de compostos bioativos nos alimentos, foi o projeto premiado em “Investigação e De-senvolvimento”. Miguel Cerqueira, investigador da Univer-sidade do Minho, é um dos autores da-quela tecnologia e destaca o contributo da distinção dos Food & Nutrition Awards para o reconhecimento do trabalho de-senvolvido, a par daquele que está já a ser conseguido junto da comunidade científica internacional. Conquistado o selo de qualidade, o pró-ximo passo é a produção do Nutricap à escala piloto, assim como avaliar o po-tencial para aplicações comerciais. Um trabalho que será realizado com o apoio da Improveat, uma empresa spin-off da Universidade do Minho. E entrar em mercados externos? Miguel Cerqueira concorda que “a internacionalização se-ria muito interessante”, porém será prio-rizada a avaliação da “incorporação em alimentos, o que deverá ser realizado ini-cialmente por parceiros nacionais”.

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Food & Nutrition Awards

ARROZ PRONTO-A-COMER E COM VALIDADE DE UM ANOForam estas as características, entre outras, que garantiram ao Arroz Integral Pato Real Minuto, da Ernesto Morgado SA, o título de “Produto Inovação” nos F&NA 2015. Este produto, pré-cozido e esterilizado, fica pronto em apenas um minuto e é “uma fonte de mi-nerais, vitaminas e fitonutrientes”. Carolina Morgado, gestora de Marketing e Comunicação da marca, refere que esta dis-tinção permitirá aumentar a notoriedade da Pato Real, valorizando “um recurso nacional e tradicional como o arroz carolino” e reforçan-do também “a componente nutricional de um produto pronto-a-comer e o posicionamento da marca no segmento de saúde passiva”. Até ao final do presente ano, será lançada uma nova sub-linha do Pato Real Minuto e produtos “com maior riqueza nutricional à base de arroz integral e outros ingredientes inerentemente saudáveis”. Esta nova gama foi apresentada na feira alimentar ANUGA 2015, que decorreu em Colónia (Alemanha)

e, segundo Carolina Morgado, há grandes expetativas de internacionalização para “mer-cados com maior abertura a este tipo de pro-dutos de elevada consciência e com grande apetência por produtos naturais e saudáveis”.

A embalagem, que já inclui o selo dos Mas-ters da Distribuição 2015, ostentará também a qualificação dos F&NA, estando a ser desen-volvido material específico para divulgação dos prémios em pontos de venda e redes sociais.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL PARA O SETOR ALIMENTAR

A MOVELIFE, apoiada na legislação europeia em vigor sobre o fornecimento aos consumi-dores de uma base para que façam escolhas informadas relativamente aos géneros ali-mentícios que consomem, desenvolveu um software de avaliação nutricional direciona-

do para os setores da panificação, hotelaria, restauração e similares. Assim, conquistou a medalha de Ouro na categoria “Serviço Ino-vação” dos Food & Nutrition Awards. A solução permite informar sobre a presen-ça de 14 alergénios, se uma receita é apta

para certas intolerâncias ou qual a adequa-ção às necessidades nutricionais diárias. Cláudia Torres, nutricionista e cofundadora da MOVELIFE, refere que o projeto ainda está numa fase inicial, constituindo uma base de trabalho.

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Cultura

“Orlando, o caracol apaixonado” é o título vencedor da 2.ª edição do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce, uma iniciativa que visa descobrir novos talentos na escrita e na ilustração mas também democratizar o acesso das crianças aos livros.

Pingo Doce premeia novos autores infantis

“Portugal precisava de uma iniciativa desta na-tureza”. São palavras do diretor-geral do Pingo Doce, Luís Araújo, a propósito do Prémio de Literatura Infantil lançado pela insígnia e inspira-das na quantidade e na qualidade das candida-turas recebidas nesta 2.ª edição. Sagraram-se vencedores Sérgio Mendes, autor do texto, e Elias Gato, criador das ilustrações.Mas, para chegar a esta escolha, o crivo do júri incidiu sobre mais de 1.300 textos e mais de 300 ilustrações. A responsabilidade de selecio-nar a melhor prosa pertenceu a Zita Seabra, em representação da Alêtheia Editores, Eduardo Sá, Isabel Stilwell, Isabel Zambujal e Sara Miran-da. “De todo o país vieram histórias, de entre as quais o júri teve de selecionar uma. Não foi ta-refa fácil porque se percebia o muito trabalho, a muita criatividade, a muita imaginação e o muito afeto pelas crianças nos trabalhos recebidos”, sublinha a presidente do júri. De entre as que

podiam ter ganho, uma houve que sobressaiu: “Orlando, o caracol apaixonado”. “Privilegiou-se o critério da qualidade da escrita, a narrativa rit-mada e própria para crianças e a imaginação e o colorido do texto que convidasse à ilustração, substituindo os estereótipos por uma escrita moderna, capaz de prender a atenção de uma criança”, contextualiza Zita Seabra.Méritos de Sérgio Mendes, vimaranense de 41 ano que escolheu as ciências para vida profissio-nal – é professor de Física e Química – mas que herdou do pai, poeta, o amor pela escrita e pe-los livros. Com este prémio, vê abrir-se-lhe uma porta para o universo da escrita infantil: “Tenho um enorme prazer em escrever para crianças e assim contribuir para despertar nos mais novos o interesse e a curiosidade pela leitura”, afirma.As suas palavras vão ter a companhia dos tra-ços de Elias Gato, que, com o pseudónimo Miau, venceu o prémio na categoria de ilustra-

ção. Também aqui a escolha foi difícil: mas, se-gundo a presidente do júri, foi o jovem algarvio de 26 anos, animador no Museu da Eletricida-de, em Lisboa, quem melhor entendeu a histó-ria e a soube desenhar: “Não são ilustrações infantilizadas, nem pretendíamos isso, mas sim ilustrações que irão certamente agradar às crianças que vão ler o livro”.“Orlando, o Caracol Apaixonado” vai juntar-se a “De onde vêm as bruxas”, vencedor da primeira edição do concurso e que já vendeu mais de 10 mil exemplares. Integram a coleção de livros infanto-juvenil que a marca Pingo Doce lançou em 2006 e que conta com mais de 200 títulos.Esta é uma iniciativa que visa identificar novos talentos nas áreas da literatura e da ilustração infantis, entendida como “mais um passo num já longo caminho que o Pingo Doce tem vin-do a percorrer para democratizar o acesso das crianças aos livros”.

Sérgio Mendes, autor do texto Elias Gato, autor das ilustrações

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Estante

AS 33 ESTRATÉGIAS DE GUERRA Robert Greene A partir das sangrentas batalhas que povoaram o curso da História, o autor extrai as estratégias para vencer os insidiosos desafios sociais do dia-a-dia. A primeira das estratégias é a que designa como estratégia da polaridade – declarar guerra aos inimigos. Segue-se a estratégia da guerrilha mental – não combater a guerra que já passou. Comando, inteligência, dissuasão, aniquilação, aliança, facto consumado, comunicação são outras das 33 estratégias enunciadas neste livro. A última é a estratégia da reação em cadeia – semear incerteza e pânico com atos de terror.Editora: Escolar Editora37,50€

TENDÊNCIAS DESTAQUES

CRIAR PROPOSTAS DE VALORAlex Osterwalder, Yves Pigneur, Greg Bernarda e Alan SmithPorquê criar propostas de valor? Porque ajuda a dominar os conceitos mais importantes do mundo dos negócios, como criar produtos e serviços apetecíveis que os clientes realmente querem. A partir daí, os autores enunciam as situações em que essa atitude é essencial: quando se está assoberbado na tentativa de verdadeiramente criar valor, quando se está frustrado com reuniões improdutivas e equipas não alinhadas, quando se está envolvido em projetos audazes e brilhantes que estoiraram, quando se está desiludido com o fracasso de uma boa ideia.Editora: Dom Quixote24,90€

O CAPITALISMO POSTO À PROVAPhilip KotlerApresenta uma visão abrangente e profunda das vulnerabilidades do capitalismo, propondo várias sugestões para a resolução dos problemas associados a este modelo económico, veiculando uma mensagem animadora: “Podemos inverter esta situação”. O autor analisa em pormenor os desafios mais prementes que as nações enfrentam, elucida-nos sobre os atuais dilemas críticos e traça um rumo novo e ousado para se alcançar uma sociedade que ofereça oportunidades melhores e mais justas aos cidadãos – um capitalismo que funcione para todos.Editora: Editorial Presença15,90€

A TRANSFORMAÇÃO DE STEVE JOBSBrent Schlender e Rick TetzeliSobre o fundador da Apple já se publicaram muitos livros, mas este propõe-se responder a uma questão essencial: como é que um jovem tão arrogante se tornou no visionário mais bem-sucedido do mundo dos negócios? Os autores, jornalistas, procuram desfazer a névoa de mitos que gira em torno de Steve Jobs, a partir de uma série de entrevistas com quem privava de perto com ele.Editora: Saída de Emergência21,94€

A SEGUNDA CURVACharles HandyAos 80 anos, o autor apresenta nesta obra a sua visão sobre os desafios e as oportunidades que nos esperam, analisando as tendências atuais do capitalismo e questionando a sustentabilidade do sistema. E desafia todos a repensarem os seus papéis e a redefinirem os objetivos de uma sociedade ideal no futuro.Editora: Temas e Debates17,70€

FAZ ACONTECER André LeonardoNarrativa na primeira pessoa de uma expedição à volta do mundo em busca de energia “para além da crise” e que permitiu a recolha de um conjunto de histórias inspiradoras, do Brasil à Tailândia, que dão novo sentido ao termo “empreendedorismo” – uma atitude de vida independente do mundo em que vivemos. Editora: A Esfera dos Livros15€

AINDA NÃO TIVE TEMPOGonçalo Gil MataNo seu dia-a-dia é bombardeado por uma quantidade avassaladora de informação, tarefas e urgências? Vive com a sensação permanente de que falta fazer qualquer coisa? No meio de tanta correria, sente a vida passar-lhe ao lado? Este livro mostra, num registo simples e descontraído, e com a ajuda de truques e dicas práticas, que muitos dos obstáculos à produtividade podem ser evitados se compreendermos melhor como funciona a mente humana. Editora: Porto Editora15,50€

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Durante a Feira ALIMENTARIA&HOREXPO LISBOA 2015 o setor polaco de produtos agroalimentares apresentará a sua vasta oferta. A participa-ção da Polónia, organizada pelo Departamento de Promoção do Comér-cio e do Investimento da Embaixada da República da Polónia em Lisboa, contará com a presença da missão empresarial dos representantes de 13 empresas polacas do setor.

Queremos mostrar o potencial do setor polaco de produtos agroalimen-tares, que é um dos mais fortes na Europa. Basta constatar que o setor é o 7.º maior na Europa, depois da França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e Holanda.

Polónia é um líder na Europa na produção de maçã, triticale, groselha--preta, framboesa, ocupando o segundo lugar na produção de centeio, cogumelos, batata, mirtilo, e o terceiro em carne de aves de capoeira, colza, beterraba-sacarina, morango, bebidas alcoólicas e cerveja.

O setor representa 13,2% do PIB, 22% da produção vendida da in-dústria de transformação – 51,5 mil milhões de euros. No setor atuam 2523 empresas, entre as quais 11,2% são grandes empresas, que empregam 55% da força do trabalho do setor. Os principais setores de produção são: indústria de carne (28%), de laticínios (15%), de bebidas (10%), de transformação de frutas e legumes (7%).

O setor conta também com a forte presença do capital estrangeiro no valor de 10 mil milhões de euros. Na Polónia operam 514 empresas estrangeiras, entre as quais as maiores empresas globais como: Cargill, Ferrero, Nestle, Kraft Food, Mars, Danone, Coca-Cola, PepsiCo, Heinz, Unilever e Bonduelle.

As exportações do setor polaco de produtos agroalimentares crescem de forma dinâmica, atingindo 22 mil milhões de euros em 2014 com o saldo positivo de 7 mil milhões de euros. Os produtos agroalimentares polacos são vendidos em mais de 170 mercados internacionais. Os maiores clientes são: Alemanha, Reino Unido, França, Rep. Checa, Itália, Holanda e Rússia.

O maior peso nas exportações polacas de produtos agroalimentares pertence aos seguintes produtos: carne de aves de capoeira, chocola-te, produtos de padaria, xaropes de açúcares, carne de bovino, carne de suíno, queijos, peixes fumados (especialmente salmão), trigo, su-mos (especialmente de maçã), leite em pó, maçãs e fruta congelada.

Convidamos todos os parceiros portugueses para o nosso stand n.º C7 no Pavilhão 1, a conhecerem a oferta polaca do setor e estabelece-rem contactos com os representantes das seguintes empresas polacas: Magic Brands (bebidas para crianças), Diet-food (alimentos naturais), MicroFood (snacks de fruta seca, biológica), Planthouse (alimentos na-turais na base de ervas), Eko-Vit (bebidas energéticas), HORTEX (su-mos, bebidas, chás), SUEMPOL (salmão), Speed Trade (algodão doce e bebidas para crianças), Eko-Wital (alimentos naturais e ecológicos), Artlex (massas alimentícias), ATT (produtos de aço inoxidável para se-tor alimentar), Makarony Polskie S.A (massas alimentícias), SANTE A. Kowalski Sp. J. (alimentos naturais).

Polónia Na Alimentaria&Horexpo Lisboa 2015

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Bogdan Zagrobelny, I.º Conselheiro, Chefe do Departamento de Promoção do Comércio e do Investimento da Embaixada da República da Polónia em Lisboa

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