15ª Reunión de Trabajo de Expertos en Mamíferos

Acuáticos de América del Sur

9º Congreso SOLAMAC

Puerto Madryn, 16 al 20 de septiembre de 2012

INDÍCIOS DE INTERAÇÕES DO BOTO-CINZA, SOTALIA GUIANENSIS, COM ATIVIDADES ANTRÓPICAS, NO LITORAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,

BRASIL

S. C. P. Souza

1,2,4; B. C. Morais

3; L. Flach

3; J. Lailson-Brito Jr

1,2 & A. F. Azevedo

2

¹ Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução, PPGEE, UERJ

² Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores “Profa Izabel Gurgel”. Faculdade de

Oceanografia, UERJ 3 Instituto Boto Cinza. Mangaratiba, Rio de Janeiro, Brasil

4 Bolsista Capes nível Mestrado

A interação negativa de odontocetos com atividades humanas, como a pesca e o tráfego de embarcações, tem sido relatada em diversos estudos como uma ameaça em potencial para a conservação de diferentes espécies de delfinídeos. O objetivo deste estudo foi verificar indícios de impactos antrópicos sofridos por duas populações de Sotalia guianensis residentes no litoral sul fluminense: na Baía de Sepetiba (BS; 526 km², 23°00’S-44°00’W), inserida em uma região que apresenta altas taxas de industrialização e urbanização; e, na Baía de Paraty (BP; 243 km², 23º07’S-44º33’W), especialmente explorada pelo turismo e a pesca. Através dos catálogos de fotoidentificação foi feito um levantamento de cicatrizes e mutilações, nos indivíduos das duas regiões, que sugerem interação com atividades humanas. Os catálogos foram construídos a partir de 80 saídas realizadas na BS entre 2005-2008 e 2011-2012, e 42 saídas realizadas na BP entre 2005-2009, utilizando uma câmera digital Canon EOS 40D equipada com lente 100-400mm. As fotografias foram triadas em visualizador comum de imagens em computador e para compor o catálogo utilizou-se apenas aquelas com boas condições de foco e nitidez. Foram analisadas 68.055 fotografias, sendo 40.028 para BS e 28.027 para BP. Na BS foram catalogados 329 botos, dentre os quais 10,03% (n=33) apresentaram lesões que sugerem tais interações. Observou-se em relação à nadadeira dorsal: sua perda completa (n=1), constrição (n=1), perda parcial (n=2), entalhe no dorso posterior pós-dorsal (n=3), cortes da parte anterior ocasionando sua dobradura (n=4), entalhes da parte anterior (n=21), sendo quatro deles entalhes profundos, e entalhes simultâneos na região anterior e posterior (n=1). Três destes botos foram observados com partes de redes de pesca aderidos à dorsal, incluindo aquele cuja dorsal foi perdida. Na BP, foram fotoidentificados 636 botos, com oito (1,25%) indivíduos apresentando lesões que sugerem interações antrópicas. Nesta população, observou-se entalhes nas partes posterior ou anterior da dorsal (n=6), sendo que um boto apresentou um entalhe profundo alcançando o dorso adjacente à nadadeira e outro teve perda de parte da dorsal. Foram também registrados entalhes que se iniciaram na dorsal e estenderam-se até o dorso posterior, próximo ao pedúnculo caudal (n=1) e cortes profundos no pedúnculo caudal (n=1). Os resultados evidenciam as pressões oriundas de atividades humanas, sofridas por essas duas populações de boto-cinza. Faz-se necessário a busca por alternativas que minimizem os impactos negativos dessa interação em ambos locais, e busquem a conservação das maiores populações de boto-cinza do Rio de Janeiro.