sousa, a. c. (2009)povoamento estremenho. eao

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    Estudos Arqueolgicos de Oeiras,17, Oeiras, Cmara Municipal, 2009, p. 223-235

    1. CONCEITOS E PRTICAS DE ANLISE TERRITORIAL

    Reflectir sobre o povoamento pr-histrico da Estremadura requer naturalmente um exerccio de desconstruoda informao disponvel. Numa perspectiva exclusivamente territorial, procura-se aqui analisar o processo depesquisa que configura a imagem que actualmente possumos para o povoamento dos 4. e 3. milnios na Estre-madura.

    A generalidade dos stios neolt icos e calcolticos identificados na Estremadura correspondem maioritariamentea intervenes pontuais e isoladas, sem existir uma metodologia especfica de pesquisa territorial. Este cenrioreflecte a prpria histria do pensamento e praxis arqueolgica, uma vez que a prospeco foi secundarizadadurante o sculo XIX e na primeira metade do sculo XX, considerada como actividade menor na generalidadeda Arqueologia Ocidental. Quer a arqueologia processual quer a arqueologia marxista introduziram novas abor-dagens anlise territorial, como os mtodos de prospeco sistemtica e a valorizao da arqueologia espacial(RUIZ ZAPATERO, 1997), prosseguindo-se esta abordagem com a arqueologia ps-processual, no seio da chama-da Arqueologia da Paisagem.

    Em Portugal verificou-se a introduo da leitura territorial no discurso arqueolgico (GONALVES & DAVEAU,

    1985; GONALVES, 1989); mas apesar dessas novas abordagens, no existiu uma alterao global na metodologiade prospeco que praticamente no referida na bibliografia. Em termos genricos, podemos assim considerarque a prospeco continuou de alguma forma a ser considerada como uma etapa prvia para a escavao, nouma ferramenta de per si.

    Com a aplicao das primeiras ferramentas de ordenamento territorial (Cartas Arqueolgicas Nacionais e Muni-cipais) e com os primeiros estudos de impacto ambiental, desenvolvem-se novas metodologias quer de prospecoquer de avaliao de impactos. Contudo, os novos contextos legais no foram acompanhados pela construo deum discurso terico e pelo desenvolvimento de metodologias, como sucedeu por exemplo na vizinha Galiza (AMA-DO REINO et al., 2002). O caso do Alqueva sintomtico da ausncia de publicaes e, aparentemente, daexistncia de muitas falhas nos trabalhos prvios de prospeco e avaliao patrimonial.

    Face (quase) ausncia de metodologias definidas, o sucesso ou insucesso das prospeces generica-mente associado a bons e maus prospectores. Esta perspectiva casustica da prospeco apenas consi-dera uma das variveis na anlise das aces de prospeco: a percia das equipas de trabalho. Na realidade,podemos considerar um conjunto de factores que interagem no processo de formao e de identificao de

    MAPEAR O POVOAMENTO ESTREMENHO DO 4. E 3. MILNIOS a.C.: UM CASO DEESTUDO E ALGUMAS REFLEXES SOBRE OS PROCESSOS DE IDENTIFICAO

    * Arqueloga da Cmara Municipal de Mafra. Investigadora da UNIARQ. E-mail: [email protected]

    Ana Catarina Sousa*

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    stios arqueolgicos: geo-arqueologia, tipo de ocupao arqueolgica, processos ps-deposicionais, metodo-logias.

    No que se refere s caractersticas geo-arqueolgicas (topografia, geologia, clima) deparamo-nos com um para-doxo: um stio identificvel ao nvel da superfcie pode corresponder a um contexto destrudo e os stios pre-servados podem estar ocultos prospeco de superfcie (FERDIRE, 2006).

    O conceito deArqueologia da Paisagem transcende a mera inventariao dos stios arqueolgicos, como vestgio

    fragmentado dos territrios passados, procurando reconstituir os espaos do passado, como construo social,mental de apropriao de um determinado territrio.Numa perspectiva alargada, podemos questionar o prprio conceito de stio arqueolgico , o qual usualmente

    adequado ao conceito de povoado, espartilhando outros registos arqueolgicos. Numa perspectiva holstica PaulBahn refere: Mas o que exactamente uma estao do ponto de vista do arquelogo? Basicamente, qualquerponto na paisagem com vestgios detectveis na actividade humana (BAHN, 1996, p. 70) ou a leitura circunscritade Feder um stio arqueolgico uma zona descontnua e delimitada onde seres humanos viveram, trabalharamou a tiveram qualquer actividade e onde indcios fsicos resultantes dessas actividades podem ser recuperadospor arquelogos (FEDER, 1997, p. 42). A prpria definio de stio arqueolgico dever ainda ser ajustada aoperodo cronolgico em que se inserem e rea regional em que esto enquadrados, uma vez que existem espe-cificidades em termos culturais e em termos de paisagem. Numa abordagem estritamente domstica da ocupa-o humana de um determinado territrio, podemos especificar a presena de stios, locais onde so identificadosmais materiais arqueolgicos que na paisagem envolvente (CARMAN, 1999, p. 23) e povoados, ncleos onde seconcentram vestgios em posio original que testemunham uma ocupao bem determinada no tempo. Estaseparao bem mais clara na separao anglo-saxnica do site e settlement. (CARMAN, 1999). Numa pers-pectiva integrada da paisagem, para alm dos stios e dos povoados podemos ainda falar dos no stios(conceito de off site e near site). Trata-se da compreenso que os materiais arqueolgicos esto presentes napaisagem, que esta paisagem foi amplamente utilizada por comunidades com mobilidade, e que os seus vestgiosmateriais no se cristalizaram apenas em pontos circunscritos. A correcta classificao dos vestgios de super-fcie como stio / povoado / ou off siteapenas pode ser efectivada com trabalhos de escavao, circunstncia quelimita a anlise a um universo muito mais reduzido.

    Os processos ps-deposicionais podem tambm alterar a visibilidade do registo arqueolgico ao nvel da prospec-o de superfcie: agentes qumicos (alteraes climticas por exemplo) e agentes mecnicos (ciclo erosivo eantropizao do territrio) condicionam o tipo de stio arqueolgico detectvel (BURILLO MOZOTA, 1997) e a

    vegetao pode limitar a sua deteco.A interpretao dos dados das prospeces de super fcie deve ainda ser matizada face metodologia utilizada:

    prospeco no planificada, prospeco integral ou prospeco por amostragem. Para a rea em questo no seencontra publicado qualquer projecto que contemple a prospeco integral, a qual ter cada vez mais expressonas ferramentas de gesto territorial, como os Estudos de Impacto Ambiental. Apesar desta rea registar umaintensa antropizao, com grandes movimentaes de terra efectuadas antes da obrigatoriedade legal do acompa-nhamento arqueolgico, ainda podemos considerar que no final do sculo XX e sobretudo no sculo XXI, osprojectos de minimizao de impactes so actualmente a principal fonte de novos stios, como se ver adiantepara o caso da A21.

    O mapeamento do povoamento alarga assim o seu mbito a uma perspectiva global de interveno arqueolgi-ca: prospeco de superfcie e acompanhamento arqueolgico de intervenes no subsolo.

    Tambm se considera que a realizao de projectos de investigao exclusivamente direccionados para mbitoscronolgicos especficos pode originar uma leitura condicionada para os modelos de implantao-tipo. Indepen-dentemente da escala de anlise ser necessrio sempre partir do territrio como um todo histrico.

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    2. A INVESTIGAO ARQUEOLGICA DO POVOAMENTO PR-HISTRICO ESTREMENHO

    O carcter centenrio das pesquisas efectuadas na Estremadura remete-nos frequentemente para a estria daPr-Histria. Mapear o povoamento dos 4. e 3. milnios estremenhos assim tambm uma reconstituio dashistrias das pesquisas, tarefa que tem surgido frequentemente nas pginas dos Estudos Arqueolgicos de Oeiras.

    O estudo e publicao de coleces antigas segundo metodologias modernas ainda hoje uma das principais

    fontes de informao para esta rea regional, particularmente no que se refere s necrpoles, como se podeverificar atravs da coleco Cascais, Tempos Antigos, nomeadamente as monografias de Por to Covo e PooVelho (GONALVES, 2008 e 2009).

    As primeiras pesquisas cientficas efectuadas na Estremadura no foram especialmente orientadas para acartografia do povoamento pr-histrico. Contudo, em finais do sculo XIX, comeou a esboar-se uma primeiraimagem do povoamento calcoltico em geral, e dos povoados fortificados em particular: Penedo do Lexim, Olelas,Leceia, Pragana e Rotura foram identificados ainda no sculo XIX e Columbeira, Chibanes, Outeiro de SoMamede e Outeiro da Assenta em incios do sculo XX. A perspectiva territorial est contudo ausente da maiorparte das investigaes, estudando-se os stios em termos monogrficos. Estcio da Veiga e as Antiguidades deMafra (VEIGA, 1879) constitui uma das excepes a esta prtica, realizando-se ento um estudo regional aturadoque ainda hoje uma base fundamental para a cartografia arqueolgica de Mafra. Tambm os trabalhos daComisso Geolgica forneceram uma escala de leitura do povoamento bastante alargada, como indiciam asinmeras recolhas de materiais depositados no Museu dos Servios Geolgicos (FERREIRA, 1982) e a cartogra-fia de inmeras pesquisas arqueolgicas concentradas sobretudo na Estremadura e Ribatejo. A rea estremenhabeneficiou ento da proximidade capital. A situao manteve-se tambm em incios do sculo XX, j com inves-tigadores que actuavam numa perspectiva local/regional como Santos Rocha (ROCHA, 1907) e paralelamente coma interveno de investigaes na esfera do Museu Etnolgico Portugus (PEREIRA, 1914, 1915; VASCONCE-LOS, 1917).

    Esta investigao centenria corresponde ainda hoje maior parte das ocorrncias dos povoados fortificadosestremenhos, o que pode indiciar a visibilidade arqueolgica dos mesmos e eventualmente o desaparecimentoprematuro de parte dos vestgios de povoamento contemporneo face intensa antropizao desta rea.

    A chamada arqueologia Estado Novo coincide com uma fase de inter veno em alguns novos stios, os quaisse iro converter em paradigmas desta investigao. Assim, em 1932 efectuam-se os primeiros trabalhos no Casaldo Zambujal e em 1936 iniciam-se as campanhas em Vila Nova de So Pedro. Durante este perodo, as investi-gaes concentram-se exclusivamente nas intervenes arqueolgicas, sendo escassas ou mesmo inexistentes asabordagens de carcter territorial. Apenas alguns estudiosos locais, como Leonel Trindade em Torres Vedrasinvertem esta tendncia exclusivamente monogrfica.

    Com o ps 25 de Abril e a democratizao da actividade arqueolgica, o estudo do Calcoltico e dos povoadosfortificados desloca-se da Estremadura para outras reas regionais. Durante 90 anos as principais pesquisas empovoados calcolticos foram centrados nesta regio e, retomando um modelo explicativo desse perodo (GONAL-VES, 1989), podemos considerar que o enxameamento da actividade arqueolgica decor reu na dcada de 70 e

    80, com a deteco e escavao de povoados desta cronologia no Alentejo (Monte da Tumba, So Brs, MonteNovo dos Albardeiros) e Algarve (Santa Justa). A maior visibilidade dos terrenos no Sul do Tejo e o baixo ndicede ocupao actual do solo, tambm fomentaram diversos estudos de povoamento (GONALVES et al., 1992;SOARES & SILVA, 1992; CALADO, 1999).

    Embora as pesquisas ainda tenham decorrido em Zambujal, Vila Nova de So Pedro e Leceia, so os novosdados do Sul de Portugal que vm abrir o debate a novas perspectivas de leitura territorial. Paralelamente, apublicao de vrias cartas arqueolgicas para a rea da Pennsula de Lisboa (CARDOSO, 1991; CARDOSO &

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    CARDOSO, 1993) fornece uma leitura mais fina do povoamento, com a cartografia de ocorrncias de diversaescala. A classificao dos dados de superfcie de acordo com os conceitos de stio atrs mencionados resultacontudo muito difcil, como pude analisar para o caso de Cascais (SOUSA, 2005), onde apesar de estarem carto-grafadas 57 novas estaes arqueolgicas neolticas e calcolticas, a imagem possvel sobre o povoamento do 4.e 3. milnios em Cascais ainda exclusivamente baseada nos stios clssicos identificados sobretudo na pri-meira metade do sculo XX: Estoril, Murtal e Parede.

    A actual profissionalizao da Arqueologia, efectivada sobretudo aps a criao do extinto Instituto Por tugusde Arqueologia, veio alargar o leque das intervenes no territrio estremenho: projectos de investigao, acom-panhamentos arqueolgicos, estudos de impacto ambiental, escavaes de emergncia. No que se refere exclusi-vamente ao povoamento dos 4. e 3. milnios, apesar da existncia de um aumento exponencial de inter venes,no podemos considerar que existe um reflexo directo no aumento de informao. Este desajuste evidencia afragmentao dos inmeros agentes que actuam num mesmo territrio: empresas, autarquias, universidades. Poroutro lado, regista-se a inexistncia de uma poltica de publicao coerciva, apesar da disponibilizao de umlocal de publicao de livre acesso com a quase defunta Revista Portuguesa de Arqueologia. Ao nvel dos pro-jectos de investigao, um escasso conjunto de stios histricos permanece em estudo (como Penedo do Lexim,Zambujal e Leceia), surgindo novos stios em trabalhos de arqueologia preventiva (como Moita da Ladra, Lamei-ras, Casal Cordeiro 5, Encosta de SantAna, Cova da Baleia ou Palcio dos Andrades). A informao resultantedos trabalhos de estudo de impacto ambiental e resultantes dos inmeros acompanhamentos que actualmente seefectuam neste territrio, infelizmente no se encontra suficientemente publicado, apenas registado nos ArquivosInstitucionais da Arqueologia Portuguesa.

    3. A RIBEIRA DE CHELEIROS COMO CASE STUDY

    Face longa histria das pesquisas desta rea regional, a micro-escala de anlise configura-se como uma fer-ramenta essencial para a decomposio dos diversos factores que produzem a actual cartografia do povoamento:histria das pesquisas, caractersticas geo-arqueolgicas, alteraes ps deposicionais.

    Para o efeito, a rea da Ribeira de Cheleiros, tem vindo a ser um case studypara as minhas prprias pesquisas.Dez anos volvidos sobre a primeira anlise efectuada (SOUSA, 1998) e face s mltiplas intervenes registadasnesta rea, quer ao nvel de projecto de investigao, carta arqueolgica e arqueologia preventiva, possvelefectuar um balano dos processos de pesquisa, aqui sumariamente apresentados e que integram a tese de dou-toramento que tenho em concluso.

    3.1. O Neoltico Final e o Calcoltico na rea da Ribeira de Cheleiros

    A anlise da rea da Ribeira de Cheleiros efectuada aquando da realizao de disser tao de mestrado(SOUSA, 1998) permitiu realizar um primeiro diagnstico do stio. Com a execuo deste projecto, desenvolvidoentre 1995 e 1997, compilou-se toda a informao dispersa em Museus e Arquivos, procedeu-se relocalizaodos stios referenciados em bibliografia, a par da recolha de alguma informao oral (SOUSA, 1998). Complemen-tarmente, foi efectuado o estudo integral dos materiais arqueolgicos e realizado trabalho de prospeco nosistemtico.

    Assim, podemos considerar genericamente que foram cumpridas as etapas preliminares de um projecto deprospeco: compilar documentao antiga e proceder relocalizao dos stios. Apesar de ter sido efectuada

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    alguma prospeco pontual, de natureza no sistemtica, nenhum dos 12 stios ento cartografados foi identifica-do nesse contexto.

    Estes trabalhos preliminares permitiram efectuar uma primeira proposta de evoluo das pautas de povoamen-to entre o 4. e o 3. milnios. O primeiro diagnstico do povoamento da Ribeira de Cheleiros indicava um vaziona margem esquerda, no actual concelho de Mafra. Este vazio de povoamento e a dificuldade de visibilidade doterreno indicava diversas hipteses explicativas: distinto tipo de trabalho arqueolgico efectuado em Mafra, con-

    traco do povoamento ou processos de formao morfogenticos (SOUSA, 1998).

    3.2. Carta Arqueolgica

    A rea da Ribeira de Cheleiros integra duas realidades administrativas que apresentam distintas histrias daspesquisas: Sintra e Mafra. A anlise comparativa das duas realidades foi j apresentada (SOUSA, 1998), destacan-do-se aqui que, embora os novos trabalhos de prospeco se tenham centrado no desenvolvimento da CartaArqueolgica de Mafra, foram efectuados trabalhos de carcter no sistemtico em Sintra, resultando da colabo-rao e troca de informao com a equipa do Museu Arqueolgico de So Miguel de Odrinhas.

    No mbito da elaborao da Carta Arqueolgica de Mafra, foram ainda efectuadas novas prospeces, desen-volvidas principalmente durante os anos de 2001, 2002 e 2005, alargando o mbito geogrfico e cronolgicodesta leitura.

    Esta abordagem ampla permitiu obter novos ngulos de leitura, uma vez que, mesmo stios, que segundoa bibliografia estavam classificados noutros mbitos cronolgicos, vieram revelar ocupaes que generica-mente podemos considerar neolticas. Neste contexto foram identificados ou relocalizados seis novos stios,incluindo locais que j tinham sido prospectados sem sucesso aquando da realizao do estudo da Ribeira deCheleiros.

    Entre os projectos que vieram fornecer novos dados para a temtica em anlise, destaca-se a relocalizao detodas as ocorrncias de recolhas de material de pedra lascada depositadas no Museu dos Servios Geolgicos.Ainda que alguns destes materiais tivessem sido j objecto de estudo (CARDOSO & ZBYSZEWSKI, 1978), nunca

    se tinha efectuado a sua localizao no terreno. A estratgia de localizao dos stios foi extremamente dificulta-da pelo carcter lacnico das identificaes oitocentistas, que indicam orientaes face a pontos de referncia,sobretudo vrtices geodsicos. Nas reas mais rurais, com menor crescimento urbano foi possvel identificaros possveis locais onde se tero efectuado as recolhas (tal como Louriceira, Arrifana, Relva); noutras reas, ocoberto vegetal arbreo e denso impedia qualquer tipo de localizao (Murgeira, Caeiros) e em outros pontos, ocrescimento urbano registado impede qualquer tipo de leitura (Ribamar, Igreja Nova, Moinho do Cuco, Alcaina).A taxa de sucesso nas identificaes , ainda assim, consideravelmente elevada, atingindo os 30,4%, num universode 23 ocorrncias extremamente lacnicas quanto localizao exacta.

    Para estes stios os dados de superfcie so extremamente dispersos impedindo a sua classificao como habi-tat e estando ausentes os chamados fsseis indicadores que permitam a sua integrao crono-cultural. Joo LusCardoso, a propsito do Paleoltico do Complexo Vulcnico de Lisboa (CARDOSO et al., 1992) admite quese tratem de depsitos de superfcie, aos quais no se pode atribuir verdadeiramente a designao de estaoarqueolgica: distribuies delimitadas de material com posio estratigrfica bem definida (CARDOSO, 2000,p. 46). Este autor apresenta uma explicao para este tipo de deposio: Actuadas pela gravidade, as peasacumular-se-iam a meia encosta, enquanto nos morros afloravam as rochas dos substrato basltico e, no fundodos vales, os sedimentos finos cobrindo os nveis mais antigos contendo materiais paleolticos: deste modo, todosos materiais estariam em posio derivada, ou seja, fora do contexto em que foram abandonados pelo homem

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    pr-histrico (CARDOSO, 2000, p. 56). Embora alguns dos stios de Mafra no se implantem em substractogeolgico basltico (apenas presente em Louriceira e Boavista), esta explicao plausvel.

    As escavaes efectuadas no stio de Gonalvinhos, no mbito da A21, permitem contudo questionar um con-junto de pressupostos obtidos atravs da informao de super fcie (SOUSA & PEREIRA, 2005). As recolhasefectuadas neste stio remontavam ao sculo XIX e foram atribudas ao Paleoltico Mdio (CARDOSO & ZBYSZEWSKI,1978). Estando inserido na rea de afectao da A21, foram efectuadas sondagens de diagnstico no mbito do

    RECAPE. Aps a abertura de sondagens de malha aleatria foi identificada uma fossa e um fosso que deveriamintegrar um povoado neoltico, estando presente pedra afeioada, cermica manual e pedra lascada. Posteriormen-te foi efectuada uma escavao em rea (296 m2), no se tendo verificado contudo a presena de quaisquer outrasestruturas, registando-se nveis perturbados com abundantes materiais pr-histricos (neolticos e paleolticos)misturados com materiais de cronologia moderna.

    3.3. O Projecto Lex Pov O Penedo do Lexim e o povoamento do Neoltico Final e Calcoltico de Mafra

    No mbito do Plano Nacional de Trabalhos Arqueolgicos(1998-2000 e 2002-2004) foram efectuadas prospeces siste-mticas na rea envolvente ao Penedo do Lexim. Estasprospeces tiveram como objectivo o reconhecimento depormenor da rea de captao do Penedo do Lexim, sendoassim direccionadas para a reconstruo do territrio comoum todo e no a identificao de stios arqueolgicos indivi-dualizados.

    Entre os trabalhos desenvolvidos destacam-se os levanta-mentos geo-arqueolgicos efectuados em parceria com DiegoE. Angelucci e Joo Arajo Gomes, publicados parcialmente(ANGELUCCI, 2006; GOMES, 2006). Os trabalhos de pros-

    peco abrangeram uma rea aproximada de 20 km 2 e per-mitiram a elaborao de um esboo geomorfolgico, essencialpara o correcto enquadramento espacial do Penedo do Lexim.Paralelamente procuraram-se reas de aprovisionamento dematrias-primas para construo de estruturas (nomeadamen-te todas as estruturas construdas em calcrio) e o fabricode utensilagem comum (tal como dormentes, moventes epercutores), artefactos que usualmente correspondem a umacaptao imediata.

    Para alm desta perspectiva geo-arqueolgica foram tambmidentificados alguns novos stios arqueolgicos, tais como ostio de Marreiros (GOMES, 2006), identificado no decurso da elaborao do esboo geomorfolgico. De igualforma, foi efectuado um levantamento de pormenor do entorno do Penedo do Lexim, procurando-se detectar oslimites do stio e identificando-se os ncleos designados por Lexim 2 e Lexim 3 (SOUSA, 2002). Os trabalhosde prospeco incluram ambas as margens da Ribeira de Cheleiros, nos actuais concelhos de Mafra e de Sintra(Fig. 1 e Fig. 2).

    Fig. 1 Implantao da rea de estudo na Pennsula deLisboa.

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    Fig 2 Localizao dos stios do 4. e 3. milnios na Ribeira de Cheleiros (base cartogrfica 1: 25 000).

    3.4. Minimizao de impactos arqueolgicos. Acompanhamento e prospeco

    A par tir de 2004, os trabalhos de terreno foram direccionados para uma rea muito circunscrita e com umametodologia completamente distinta: o traado da via rodoviria e ligaes adjacentes A21.

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    A coordenao de todo o processo de acompanhamento arqueolgico permitiu uma leitura integrada da infor -mao e dos limites da prospeco de superfcie na Estremadura portuguesa e, em particular, no actual concelhode Mafra. Os trabalhos arqueolgicos envolveram a fase de elaborao de Estudo de Impacto Ambiental, a exe-cuo das prospeces para a fase de RECAPE, a fase de acompanhamento de obra e as escavaes arqueolgicassubsequentes.

    A continuidade da mesma equipa em todas as fases do projecto, o conhecimento do terreno e das especificida-des locais, decerto contribuiu para que este projecto correspondesse a uma verdadeira revoluo no panoramaarqueolgico de Mafra (SOUSA, 2008).

    Os trabalhos de prospeco foram sistemticos e integrais. Em fase de Estudo de Impacto Ambiental estesestudos foram direccionados para as reas mais sensveis, ou seja, aqueles onde existiam mais indicadores(referncias bibliogrficas, coleces de materiais em museus). Em fase de RECAPE a prospeco foi integral.As condies de visibil idade do terreno eram reduzidas, resultando apenas em quatro ocorrncias que forampreviamente objecto de sondagens de diagnstico. Dos stios referenciados apenas um era indito, dois delesreportavam a referncias bibliogrficas de stios que no tinham sido detectados no terreno e apenas Gonalvinhos,j descrito acima, correspondia a um stio da bibliografia identificado no terreno. Foi justamente este o nicostio confirmado pelas escavaes arqueolgicas.

    O panorama alterou-se radicalmente com a fase de acompanhamento de obra. No traado de 21 km, onde ape-

    nas foram detectadas quatro ocorrncias, a remoo de terras permitiu a identificao de 31 stios arqueolgicos,dos quais 26 foram escavados. Em termos estritamente numricos podemos referir que, em mdia, foram inter-vencionados 1,19 stios por quilmetro, com uma mdia de 6,25 inter venes / ano (SOUSA, 2008).

    Em relao ao tipo de implantao, a maior parte dos stios identificados localizam-se em reas de topo (numtotal de 13), seguindo-se as implantaes em vale (7).

    Estas localizaes esto relacionadas com o traado da obra, mas quando confrontamos os tipos de implantaocom o estado de conservao, verifica-se que a maior parte dos stios de topo se encontra em mau estado ou setrata de no-stios. Ao invs, os stios de implantao de vale encontram-se quase todos em muito bom estado deconservao.

    Esta situao est relacionada com as dinmicas de eroso da paisagem de Mafra, evidenciadas nos estudosgeoarqueolgicos (ANGELUCCI, 2006).

    O reduzido nmero de stios arqueolgicos detectados nos topos (4 num conjunto de 30) pode ser explicada pelaintensa eroso que se registou durante o perodo climtico Atlntico, fazendo com que no se conservassem osvestgios de ocupao no topo dos cabeos, ficando a rocha superfcie. Apenas se preser vam vestgios arqueol -gicos nos casos em que os afloramentos criam barreiras sedimentares, segurando os sedimentos, tal como suce-deu no Penedo do Lexim. Ao nvel da A21 particularmente significativo o caso de Cabeo de Palheiros 2. Nestelocal, as sondagens efectuadas no topo no revelaram quaisquer nveis preservados mas na encosta foram identifi-cados materiais fragmentados in situ, devendo corresponder a escorrncias da rea de ocupao. Assim, na maiorparte dos casos, as ocupaes do topo desapareceram e apenas se conservam as reas permetro dos povoados.

    Em termos gerais, podemos considerar que o perodo melhor representado o Neoltico Final Calcoltico(13 stios 54% do total). Esta maior representao da Pr-Histria poder estar relacionada com a implantaodo traado, a meia encosta, no se privilegiando as implantaes que, tradicionalmente, correspondem ao perodo

    romano.As 13 ocorrncias de stios pr-histricos (neolticos e calcolticos) identificados super fcie correspondem a6 contextos de off site ou de near site, em que os materiais arqueolgicos surgiram apenas superfcie, no seconservando quaisquer nveis de ocupao ou estruturas. Apesar disso, a nova informao propiciada por estestrabalhos muito importante, colmatando vazios em reas geogrficas cuja visibilidade de terrenos superfcie reduzida e permitindo leituras de continuidade em fases cronolgicas que se encontravam insuficientementecaracterizadas.

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    3.5. Mtodos em anlise: a avaliao da amostra

    Os distintos mtodos de pesquisa efectuados na Ribeira de Cheleiros (prospeco, sondagens, escavao, acom-panhamento) reuniram um conjunto muito diferenciado de dados de difcil harmonizao.

    Na realidade, o conceito de stio arqueolgico de alguma forma redutor, identificando-se maioritariamentecom a designao de povoado (CHAPA et al., 2003). Mais do que o significado ontolgico do tipo de ocupao,

    a classificao utilizada usualmente baseada na visibilidade da ocupao, destacando-se claramente a reasresidenciais: el asentamiento () al ser el lugar de residncia de las comunidades humanas, es donde se llevana cabo mayor nmero y variedade de actividades y, por tanto, queda una huella arqueolgica ms palpable (CHA-PA et al., 2003, p. 14).

    Apesar do artificialismo da diviso, optou-se por distintas classificaes do conjunto de vestgios em anlise: Povoado: designado como lugar de ocupao permanente / semi-permanente, com estruturas domsticas e

    nveis preservados. Habitat: vestgio de rea de ocupao de classificao indeterminada. Pode corresponder a contextos secun-

    drios, a locais especializados ou a stios de uso temporrio. Sitio especializado: local onde se realizaram actividades especializadas, de carcter no residencial. Achado isolado.

    A atribuio da designao genrica de povoado poderia ainda ser alvo de uma objectivao: aldeia, povoaoou unidade rural econmica mnima (quinta ou casal), so apresentadas como hipteses de trabalho para inter-pretar o stio de Corte Joo Marques (GONALVES, 1989, p. 162).

    Para alm destas referncias, refira-se ainda os contextos de necrpole, com as designaes clssicas do mega-litismo estremenho (GONALVES, 2005): antas, tholoi, grutas artificias e grutas naturais.

    Fig. 3 Ribeira de Cheleiros: tipo de stios identificados

    Em termos gerais, a atribuio da designao povoado versus habitat apenas pode ser efectuada atravs deescavaes. Face a estas limitaes, o nmero de habitats dever naturalmente estar sobrevalorizado, uma vezque cerca de 41% dos stios foram apenas identificados ao nvel da superfcie.

    Em relao s necrpoles, os dados disponveis parecem indicar que se encontram subrepresentadas nestaunidade de paisagem. Esta quase ausncia dos espaos da morte um reflexo natural da dificuldade de identifi-cao, ainda que possamos de alguma forma considerar a existncia de concentraes de reas e de tipos desepulcros (BOAVENTURA, no prelo).

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    O ritmo das pesquisas e de descobertas foi realmente descontnuo, embora possamos de alguma forma iden-tificar uma fase dos pioneiros, correspondendo aos trabalhos de Estcio da Veiga e Carlos Ribeiro em finais dosculo XIX. A esta fase inicial segue-se um vazio que apenas interrompido a partir de meados do sculo XXpelos Servios Geolgicos de Portugal (nomeadamente para o estudo das necrpoles e povoados de Sintra) epelo trabalho de Eduardo da Cunha Serro, que desenvolveram escavaes em povoados (Negrais e Olelas). Onovo fluxo de pesquisa surge em finais dos anos 70, incios dos anos 80, data de criao do Gabinete de Arque-

    ologia e Patrimnio de Sintra. Em termos globais foi este o universo que estudei em 1996 aquando da realizaoda tese de dissertao de mestrado.Volvidos 10 anos, o nmero de stios arqueolgicos duplicou (de 12 para 35) e aumentou exponencialmente o

    conjunto de stios escavados. Esta subida da actividade arqueolgica reflecte o ritmo das pesquisas aps a criaodo Instituto Portugus de Arqueologia e da publicao de legislao especfica. Dos 16 stios escavados, apenasa interveno no Penedo do Lexim se integrou num programa de investigao, sendo as restantes intervenesdo mbito da arqueologia de salvamento.

    Apesar dos trabalhos desenvolvidos na ltima dcada no resultarem de uma agenda concertada e programada,podemos de facto considerar que aumentou a informao disponvel quer em termos quantitativos quer em termosqualitativos. O desenrolar dos trabalhos na margem esquerda da Ribeira de Cheleiros tem confirmado que, defacto, esta rea no foi terra de ningum: actualmente registam-se 24 ocorrncias no actual concelho de Mafra

    face aos 11 stios registados no concelho de Sintra. Deve ser destacado que as novas ocorrncias no actual con-celho de Mafra correspondem maioritariamente a deteces no decurso de acompanhamento de obra (10), emstios completamente invisveis ao nvel dos trabalhos de superfcie.

    Quadro 1 Stios neolticos e calcolticos da rea da Ribeira de Cheleiros assinalados na Fig. 2.

    N Sitio Tipo de identificao Intervenes Data identificao1 Casal Cordeiro 5 Acompanhamento Escavao 20062 Mil Regos Prospeco 19753 Casal Barril Acompanhamento Escavao 20064 Quinta dos Loureiros Prospeco 20015 Casal Cordeiro 2 Acompanhamento 20066 Casal Romeiro Prospeco 1999

    7 Casal Cordeiro 4 Acompanhamento 20068 Casas Velhas Prospeco 19959 Quintal 1 Acompanhamento Sondagens 2005

    10 Sobreiro Acompanhamento Sondagens 200511 Gonalvinhos Prospeco Escavao 200412 Cabeo dos Palheiros 2 Acompanhamento Sondagens 200513 Sop Cabecinho da Capita Acompanhamento Sondagens 200614 Louriceira Prospeco 200415 Marreiros Prospeco 200516 Cartaxos Prospeco 198217 Alvarinhos Prospeco 200318 Funchal Prospeco 199019 Barreira Prospeco 197820 Odrinhas Prospeco 1978

    21 Penedo do Lexim Prospeco Escavao 187922 Anos Prospeco 199723 Serra do Pipo 2 Acompanhamento Sondagens 200624 Serra do Pipo 1 Acompanhamento Sondagens 200625 Cabecinho da Capita 2 Acompanhamento Sondagens 200626 Moinho do Quintal Prospeco 200427 Cova da Baleia Acompanhamento Escavao 200728 Folha das Barradas Acompanhamento Escavao 187930 Faio Prospeco 2006

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