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Bandeiras descobridoras e povoamento de Goiás Goiás era conhecido e percorrido pelas bandeiras quase que desde os primeiros dias de colonização, mas seu povoamento só se deu em decorrência do descobrimento das minas de ouro no século XVIII. Esse povoamento, como todo povoamento aurífero, foi irregular e instável. As primeiras bandeiras - Aconteciam desde o inicio da colonização, apesar da pouca documentação que comprove. - Primeiras Expedições: Bahia – eram oficiais ou particulares - Séc. XVII – Vasta documentação das Bandeiras *São Paulo: chegavam com freqüência ate o extremo norte de Goiás, inicialmente pelos rios Paranaíba, Tocantins e Araguaia retornando pelo Tietê. *As viagens s podiam durar até 3 anos. - A partir de 1630: introdução do uso de muares e preferência pelas viagens terrestres de sul a norte e vice-versa por todo território goiano. - As “descidas” dos Jesuítas do Pará: busca de índios para composição do aldeamento na Amazônia pelo do rio Tocantins até Goiás. - Volatilidade das bandeiras: não fixação em Goiás. Descobrimento de Goiás - O Anhanguera não foi o “descobridor” de Goiás, mas o primeiro a se interessar pela fixação no território \ Povoamento ligado à exploração aurífera *1690:Minas Gerais (passou a ser povoado por vilas – Vila Rica, Vila do Carmo, dentre outras). *1718: Mato Grosso (Cuiabá) iniciando o povoamento. - 1722: Bandeira do Anhanguera para Goiás: licença concedida pelo rei ao Anhanguera para buscar ouro em Goiás – Se em Minas e Mato Grosso havia tanto ouro, Goiás situado entre esses dois territórios haveria de ter. *O gasto das expedições corriam por conta dos bandeirantes que em troca recebiam vantagens nas minas e cargos políticos na região. *Bandeira: expedição organizada militarmente e uma espécie de sociedade comercial (cada

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Bandeiras descobridoras e povoamento de GoiásGoiás era conhecido e percorrido pelas bandeiras quase que desde os primeiros dias de colonização, mas seu povoamento só se deu em decorrência do descobrimento das minas de ouro no século XVIII. Esse povoamento, como todo povoamento aurífero, foi irregular e instável.As primeiras bandeiras- Aconteciam desde o inicio da colonização, apesar da pouca documentação que comprove.- Primeiras Expedições: Bahia – eram oficiais ou particulares- Séc. XVII – Vasta documentação das Bandeiras *São Paulo: chegavam com freqüência ate o extremo norte de Goiás, inicialmente pelos rios Paranaíba, Tocantins e Araguaia retornando pelo Tietê.*As viagens s podiam durar até 3 anos.- A partir de 1630: introdução do uso de muares e preferência pelas viagens terrestres de sul a norte e vice-versa por todo território goiano.- As “descidas” dos Jesuítas do Pará: busca de índios para composição do aldeamento na Amazônia pelo do rio Tocantins até Goiás.- Volatilidade das bandeiras: não fixação em Goiás.

Descobrimento de Goiás- O Anhanguera não foi o “descobridor” de Goiás, mas o primeiro a se interessar pela fixação no território \ Povoamento ligado à exploração aurífera *1690:Minas Gerais (passou a ser povoado por vilas – Vila Rica, Vila do Carmo, dentre outras).*1718: Mato Grosso (Cuiabá) iniciando o povoamento.

- 1722: Bandeira do Anhanguera para Goiás: licença concedida pelo rei ao Anhanguera para buscar ouro em Goiás – Se em Minas e Mato Grosso havia tanto ouro, Goiás situado entre esses dois territórioshaveria de ter.*O gasto das expedições corriam por conta dos bandeirantes que em troca recebiam vantagens nas minas e cargos políticos na região.*Bandeira: expedição organizada militarmente e uma espécie de sociedade comercial (cada bandeirante entrava com uma parcela de capital – escravos.)*Financiadores da expedição do Anhanguera: João Leite da Silva Ortiz (genro do Anhanguera) e João de Abreu (irmão de Ortiz e dono de lavras em Minas);*Tinha aproximadamente 150 bandeirantes, mas ao total (com escravos e índios) chegava a quase 500.A viagem da Bandeira de Anhanguera- Saída de SP: 3\07\1722 – o Anhanguera dizia ter um roteiro até Goiás;- Desentendimento desde o inícios na Bandeira entre os chefes paulistas e os emboabas *perderam-se pelo caminho *muitos morreram de fome *outros a abandonaram - Anhanguera “Preferia a morte a voltar fracassado”.- Descobriu ouro nas cabeceiras do rio Vermelho (Cidade de Goiás)- 21\10\1725: volta triunfante a SP;Povoamento de Goiás- Bartolomeu Bueno recebe o titulo de superintendente das minas de Goiás e Ortiz o de guarda-mor.- Primeira região ocupada foi a do rio Vermelho *Arraial de Sant’Ana, depois chamado de Vila Boa e mais tarde Goiás sendo capital por quase 200 anos desse território.*Outros arraiais: Barra, Ferreiro, Anta, Ouro, Fino, Santa Rita, etc.

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- Grande atração de pessoas para a região;- Povoamento irregular e instável, sem planejamento ou ordem de acordo com o encontro e demanda do ouro.-Três zonas de relativa densidade durante o século XVIII:* região centro-sul: Santa Cruz, Santa Luzia (Luziânia), Meia Ponte (Pirenópolis), Jaraguá, Vila Boa e arraias vizinhos.* região do Tocantins (alto Tocantins ou Maranhão) \ a mais limitada e densa em população:Traíras, Água Quente, São Jose (Niquelândia), Santa Rita, Munquém, etc. *Norte \ entre o Tocantins e os chapadões dos limites com a Bahia: Arraias, São Félix, Cavalcante, Natividade e Porto Real (Porto Nacional).- Fora dessas regiões os arraias estavam dispersos como Pilões, Crixás, Couros (Formosa), etc.- 2\3 do território estava desabitado como: o sul e o sudeste, todo o Araguaia e o norte desde Porto Nacional até o Estreito e sua ocupação ganharia força com a pecuária e da agricultura (XIX e XX).- Até 1783 houve um crescimento de 50% da população (quase 60.000 habitantes) e a partir daí uma diminuição até 1804. A partir desta data começa novo crescimento através das lavouras e pecuária.

Economia do ouro em GoiásA época do ouro em Goiás foi intensa e breve.Após 50 anos, verificou-se a decadência rápida e completa da

mineração. Por outro lado, só se explorou o ouro de aluvião, e a técnica empregada foi rudimentar.Goiás no sistema colonial- Vigência do Pacto Colonial e do Mercantilismo na exploração aurífera- Hierarquia da produção aurífera nas minas:

*dedicação exclusiva à exploração do ouro;* alimentos e outros bens necessários vinham das capitanias da costa (Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) \ Altos preços *pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária neste período;- Mentalidade de valorização da atividade mineradora em Goiás através da metrópole.*supervalorização do mineiro (proprietário da mina) e desprezo por outras atividades como o roceiro (o proprietário da terra e de escravos).A mineração em Goiás- Brevidade e intensidade do ouro em Goiás por 50 anos;-Só houve a exploração do ouro de aluvião através de técnicas rudimentares;- “Mineração de morro” era cara e difícil. Podia ser por meio de túneis e galerias (mineração de mina) ou cortando a montanha perpendicularmente (talho aberto).Política fiscal das minas: o contrabando-Predominância do “direito senhorial” ao rei: controle dos produtos minerais;-Direito de particulares à exploração, mas com pagamento de impostos.*o Quinto

*contrabando em Goiás: mais praticado no norte (vigilância mais afastada) que no sul.

- O Quinto*Cobrado de duas formas: pela Capitação ou o próprio Quinto. A Capitação vigorou de 1736 a 1751, mas foi abolida, pois mineiros entendiam que era injusto o pagamento igual para todos, já que

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existiam lavras ricas e datas pobres e esgotadas que mal sustentavam seus escravos.*As Casas de Fundição \ O ouro em pó corria como moeda na capitania;A produção do ouro em Goiás- Falta de registros que comprovem o total de ouro foi extraído de Goiás;- A produção seria de aproximadamente de 100.000 kg de ouro;- A mineração foi prospera até 1750, arriscada, mas ainda rendosa, de 1750 a 1770 e um negócio ruinoso depois deste período.- Alto preço do escravo: dificuldades em trazê-los preço multiplicado por oito*seu rendimento decai após 1750 juntamente com a mineração;*a partir de 1775 seu rendimento era tão baixo que não dava para pagar a importação de novos escravos.- Goiás: segundo produtor do Brasil: 1\6 menor que Minas e 10\7 maior que Mato Grosso;*sua exploração não elevou em muito a renda per capita da população;*tendo em conta a população e o capital empregado, os rendimentos não eram grandes;- O destino do ouro*pouco no Brasil e nada em Goiás em virtude do Pacto Colonial;*apesar de não ficar aqui contribuiu para o progresso do país através da expansão territorial que foi em grande parte sustentada por esta atividade, além de incentivar o povoamento do território (aumento de 9,4 vezes a população) sendo o ouro o capital responsável pelo pagamento da estrutura das cidades (construções, estradas, caminhos, fazendas em produção, etc) que receberam essas populações.

Sociedade goiana da época do ouro em GoiásGoiás pertenceu até 1749 à capitania de São Paulo. A partir desta data, tornou-se capitania independente. No aspecto social, a distinção é entre livres e escravos. No inicio da colonização das minas, os escravos predominaram em numero, com a “decadência” da mineração, os escravos passaram a ser menos que os livres. A população, contudo, continuou composta por negros e mulatos em sua maioria.

Quadro administrativo: a capitania de Goiás- Pertenceu à Capitania de São Paulo ate 1749;-As capitanias:*eram governos próprios e independentes, ligados diretamente ao rei e aos organismos centrais de Lisboa, especialmente ao Conselho Ultramarino.*a principal autoridade era o governador (administrava, aplicava leis, comandava o exército).*ouvidor-mor: cuidava da justiça;*intendente: arrecadação de impostos;*a administração era simples, não tendo desenvolvido a burocracia- 1749: Goiás tornou-se Capitania.

*crescimento em população e em importância não podendo ser administrada à distância;*Primeiro Governador: Conde dos Arcos

A sociedade de Goiás colonial- Forte dicotomia livres X escravos;

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- Situação alterada após a “decadência” da mineração: a escravatura perde parte de sua importância como instituição básica da sociedade.Queda do número de escravos:*até 1750: os escravos correspondiam de 60% a 70% da população*de 1750 a 1804: correspondiam a 40% da população;*Goiás: deixou de importar escravos a partir de 1775 \ perda de créditos mineradores frente as cias importadoras de escravos, logo inevitável diminuição dos mesmos;*compensações ao escravo: podia trabalhar para si em feriados e em horas extras o que somado, muitas vezes, a pequenos roubos conduzia a compra da alforria.*muitos filhos de proprietários com escravos recebiam no batismo a alforria;- A vida do escravo na mineração:*O trabalho era duro, esgotador, havia má alimentação (quase exclusivamente milho) e graves doenças (reumatismo, doenças da coluna e dos rins, enfermidades venéreas e verminoses, etc), castigos e arbitrariedades com os negros.- A sociedade mestiça:*predominância dos mulatos (braços com negros) \ resultado da miscigenação;*com a decadência da mineração muitos brancos migrava para outras regiões*a partir de 1804: 77% da população livre de mulatos *a sociedade escravocrata: associava trabalho à escravidão e liberdade ao ócio \ os libertos e mulatos só trabalhavam o indispensável e os brancos, por costume, faziam o mesmo.*o liberto e o mulato não eram bem aceitos pela sociedade e a primeira distinção ainda era a cor, mesmo pós-libertação, sendo

vistos como a “rale” da sociedade pautada na desconfiança e no desprezo.- Classes dirigentes*concentravam todo poder e quase toda riqueza;*altos cargos: Homens-bons;*rico minerador: era aquele que possuía 250 escravos ou mais;*na reestruturação da sociedade sobrevivente da “decadência” aurífera o poder político ficou concentrado nas famílias que sobreviveram à ruína econômica*a pobreza era geral, mas ser branco era honra e privilégio- Os índios*1809: havia aproximadamente 20 tribos;*na mineração: relação guerreira e de extermínio mútuo com os colonizadores;*a orientação governamental estava baseada nos aldeamentos o que divergia com a prática do extermínio, não existiam pessoas especializadas, principalmente após a expulsão jesuítica, sem falar que a população entendia o índio como um “bicho”.

Transição da sociedade mineradora à sociedade pastorilAo se evidenciar a “decadência” do ouro, varias medidas administrativas foram tomadas por parte do governo, sem alcançar, no entanto, resultados satisfatórios. A economia do ouro, sinônimo de lucro fácil, não encontrou de imediato, um produto que a substituísse em nível de vantagem econômica.A decadência do ouro afetou a sociedade goiana, sobretudo na forma de ruralização e regressão a uma economia de subsistência.

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Tentativas governamentais para o progresso deGoiás- Incentivo à agricultura pós-mineração pela Coroa \ dificuldades,*legislação fiscal desprezo dos mineradores pela agricultura (pouco rentável), ausência de mercado consumidor (dispersão pelos sertões e outras regiões) e dificuldade de exportação (alto custo do transporte e ausência de transporte viário).- Medidas de D. João para incentivar a agricultura, pecuária, o comércio e a navegação:1) isenção do dízimo por 10 anos aos lavradores das margens do Tocantins, Araguaia e Maranhão;2) catequização e civilização do gentio incentivando seu uso na agricultura;3) construção de presídios nas margens dos rios: proteger o comercio, auxiliar a navegação etc.4) incentivo à navegação do Araguaia e Tocantins (algodão, açúcar, fumo, couros e sola ate o Pará)5) incentivo à navegação dos rios do sul, Paranaíba e seus afluentes, a fim de facilitar a comunicação com o litoral;6) revogação do alvará que proibia as manufaturasNovos aspectos administrativos- 1809: divisão do território de Goiás em duas Comarcas (facilitar a administração)*Sul (sede em Goiás): incluindo Meia Ponte, Santa Cruz, Pilar, Santa Luzia, Crixás e Desemboque*Norte (sede em Vila de São João de Paula): incluindo Conceição, Natividade, Porto Imperial, São Felix, Cavalcante e Traíras- Criação do cargo de Juiz de Fora de Vila Boa (1809);- Criação de uma linha de correio (1808) da Corte para o Pará via Goiás: incentivo à comunicação e navegação

Conseqüências da decadência da Mineração em Goiás- Com a mesma rapidez que houve crescimento de algumas regiões instituído pelo encontro do ouro, também aconteceu o inverso após a “decadência” o que trouxe:*defasagem sócio-cultural na visão dos viajantes (assimilação dos costumes dos índios pelos brancos; – “habitar choupana, não usar o sal, andar nu, não circular moeda”); queda da importação e exportação afetando o comércio; “estacionamento” do crescimento das cidades, outras desapareceram;Abandono e dispersão (zona rural) da população; Esquecimento de costumes e hábitos dos brancos (isolamento); ruralização da sociedade e a desumanização do homem.- Nascimento de uma economia agrária, fechada e de subsistência.

A Independência do Brasil em GoiásAssim como no Brasil, o processo de independência em Goiás deu-se gradativamente. As formações das juntas administrativas, que representavam um dos primeiros passos nesse sentido, deram oportunidade às disputas pelo poder entre os grupos locais. Especialmente sensível em Goiás foi a reação do norte, que, julgando-se injustiçado pela falta de assistência governamental, proclamou sua separação do sul.

Reflexos da Independência em Goiás- O processo de independência da província foi conduzido pela elite local, o clero e as forças policiais (sentimento de separação e autonomia onde as províncias buscavam mais autonomia para suas administrações).*Três grupos políticos neste momento:

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1) Total separação de Portugal: liderança do padre Luiz Bartolomeu Marques e do capitão Felipe Antonio Cardoso;2) De idéias republicanas: liderança de Manoel Antônio Galvão e Antônio Pedro de Alencastro;3) do status quo: liderança do padre Luiz Gonzaga de Camargo Fleury e do capitão José Rodrigues jardim (agiam de acordo com a situação).*Grupos que formaram as oligarquias em Goiás (Coronelismo)- A Independência não trouxe transformações sociais ou políticas para Goiás, mas operou-se a descolonização. Os próprios governantes eram ainda portugueses.

Movimento Separatista do Norte de Goiás- Descontentamentos da população do Norte;*Os latifundiários alegavam que pagavam impostos, mas os benefícios não chegavam, tinham prejuízos econômicos e o povo vivia em completa miséria.- Revolucionários:*liderança de Joaquim Teotônio Segurado *elaboraram um plano revolucionário com um governo provisório no Norte, instalando-o em Cavalcante (14\09\1821) independente da Comarca do Sul de Goiás.*mediadas administrativas adotadas: organização de uma força policial e a suspensão da remessa de dinheiro para o Sul;- Fracasso do movimento*a mudança da sede do governo para Natividade, a viagem de Teotônio para as Cortes, a precariedade financeira e econômica, as rivalidades políticas entre os habitantes de Cavalcante, Palma e Arraias.

*Falta de apoio de D. Pedro I ao movimento dos rebeldes: exigia a união com o sul \ temia uma rebelião contra sua autoridade

A divisão administrativa- 1830: divisão do território em 4 Comarcas, duas ao Sul (Goiás e Santa Cruz) e duas ao Norte (Palma e Cavalcante), além de elevar vários arraias à condição de Vila, dando mais autonomia à região.- Os núcleos urbanos desse período não eram centros de produção, estavam marcados pela pobreza, construções simples, subordinação ao campo, apenas com funções político-administrativas e sócio-religiosas.

O povoamento de Goiás e a expansão pecuáriaDurante o século XIX, a população de Goiás aumentou consideravelmente, não só pelo crescimento vegetativo como pelas migrações dos estados vizinhos. Os índios diminuíram quantitativamente e a contribuição estrangeira foi inexistente. A pecuária tornou-se o setor mais dinâmico da economia.

Correntes migratórias advindas com a Pecuária- Dedicação dos antigos mineradores à agricultura e pecuária;- Pecuária: alcançou relativo êxito (boas pastagens e o gado se conduzia até o mercado consumidor) desenvolveu e aumentou a população, porém manteve a ruralização.* Séc. XIX: fazendas de pecuárias adquiridas por meio de posses ou concessões, eram mal aproveitadas (falta de trabalhadores e ausência de mercado interno);

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*conseqüência: trouxe fluxos migratórios do Pará, Maranhão, Bahia e Minas Gerais que povoavam os sertões;- Sudoeste: novos centros urbanos como Rio Verde, Jataí, Caiapônia (Rio Bonito), Quirinópolis (Capelinha), etc.- Norte: intensificou a mestiçagem com o índio (mão-de-obra na pecuária) e com o negro *dedicação a outras atividade: babaçus, pequenos roçados, comercio do sal e faiscação.*Novas cidades: Imperatriz, Palma, São José do Duro, São Domingos, Carolina, Arraias.Imigração estrangeira- De 1881 a 1886 o governo de Goiás, impulsionado pela política nacional de incentivo à imigração, tentou atrair esse tipo de trabalhador para cá, porém sem êxito. Somente no inicio do século XX iniciou-se a imigração européia em Goiás, mas sem êxito ede forma modesta.- Em Anápolis, 1929, formou-se um núcleo de sete famílias japonesas e nos anos seguintes outros que prosperaram pelo seu trabalho sistemático e as semelhanças de clima e solo, sendo essas asprimeiras levas de imigrantes para Goiás.

Goiás durante o ImpérioAs condições sócio-econômicas do Brasil não possibilitaram uma ação administrativa satisfatória em Goiás durante o século XIX. Além disso, a política goiana era dirigida por presidentes impostos pelo poder central. Somente ao final deste período Goiás começou a adquirir feições próprias.Coexistiu, também, no aspecto cultural um verdadeiro vazio.

Panorama Administrativo

- Instauração da Constituição de 1824: pregava uma Monarquia Constitucional com uma administração altamente centralizada.-Problemas da administração centralizada \ insatisfações:*distância entre as províncias do governo central; a escolha dos governantes das províncias pelo imperador (insatisfação das elites locais); os membros da Câmara Alta (deputados e senadores) vinham quase sempre de outras províncias; a Assembléia Provincial e a Câmara dos Vereadores funcionava de acordo com os interesses do presidente da província.- Descaso e isolamento de Goiás no século XIX:*falta de transportes e comunicação, grandes distancias, descasos administrativos, desequilíbrio entre receita e despesa, ausência de um produto econômico básico.Câmara Legislativa Conselho do Estadoe eSenado Presidente das Províncias Assembléias Provinciais

Panorama político- Fins do século XIX \ Predominância do “Oficialismo Político” – centralização política: a elite local culpava os presidentes das províncias (“estrangeiros”) pelo atraso de Goiás, lutando por uma consciência política local.*nasceram partidos políticos: o Liberal (1878) e o Conservador (1882)*incentivo dos jornais locais: Tribuna Livre, Publicador Goiano, Jornal do Comércio e Folha de Goyaz.- Mudanças na política em Goiás*representantes locais na Câmara Alta: André Augusto de Pádua Fleury, José Leopoldo de Bulhões Jardim, Jerônimo Rodrigues Jardim, cônego Inácio Xavier da Silva , dentre outros.

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*fortalecimento dos grupos políticos locais, lançado as bases para as oligarquias goianas \ Choque de interesses desses grupos.Panorama cultural- A educação praticamente inexistiu em Goiás no século XIX.*1827: Lei do ensino mútuo: quase impraticável em Goiás*1846: criação do Liceu de Goiás: primeiros passos do ensino secundário, mas não atendia aos jovens do interior da província.*Os mais ricos estudavam em Minas Gerais ou São Paulo (referência em Direito e Medicina).Jovens de pequenas posses estudavam nas escolas militares ou se dedicavam aos seminários.*1882: criação da Escola Normal de Goiás com o estudo de matérias experimentais (física, química, zoologia, botânica, pedagogia, sociologia, língua portuguesa, etc.), que durou pouco tempo.*1889: Colégio das irmãs dominicanas na cidade de Goiás para jovens.-1830: fundação do primeiro jornal goiano, o Matutina Meiapontense de caráter liberal -1870: expansão da imprensa goiana \ luta pelas causas regionais como: extensão dos trilhos de ferro á Goiás, navegação do Araguaia\Tocantins, aperfeiçoamento dos rebanhos, impulso ao comércio, à mineração, a abolição da escravidão, a imigração e autonomia da província.

Os movimentos liberais e a implantação da República em GoiásGoiás acompanhou pacificamente os movimentos liberas que grassavam no Brasil durante o século XIX: a abolição dos escravos não afetou a vida econômica da província e a transformação do regime monárquico em republicano ocorreu sem dificuldades. Os

Bulhões, dirigentes do Partido Liberal, após o 15 de novembro tornaram-se os donos do poder em Goiás, apoiados pelos republicanos.

A escravidão e o movimento libertário- Decadência do ouro ligada à diminuição sistemática da mão-de-obra escrava para Goiás \ Alto preço do escravo e dificuldades de aquisição.*os fazendeiros perceberam que era mais vantajoso contratar trabalhadores livres a baixos salários*1870 em diante \ diminuição dos escravos: morte natural, dificuldades de aquisição, tráfico sociedade goiana.

Félix de Bulhões- Luta pela libertação dos escravos.-1885: fundou o jornal O Libertador: libertar, integrar e educar o negro no contexto social.- A Lei Áurea (1888) não despertou surpresas em Goiás libertando aproximadamente 4 mil escravos, número insignificante perto da população que já alcançava 200 mil pessoas, o que não afetou em muito a economia agropastoril.- Incentivo a vinda imigrante por Antônio José Caiado (Liberal) e Antônio Canêdo (Conservador).

O movimento republicano em Goiás- Pós-1870: crescimento do movimento republicano no Brasil inspirado por mudanças sócioeconômicas: surto cafeeiro, crédito bancário, impulso à industrialização, decadência da mão-deobra escrava, imigração européia, urbanização, desenvolvimento do mercado interno, etc.

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Joaquim Xavier Guimarães Natal: um republicano histórico - 1882: fundação do jornal O Bocayuva (circulou apenas sete vezes) por Manuel Alves de Castro Sobrinho lutou pelo ideal republicano.-1882: abertura novamente do jornal O Bocayuva, mas por Joaquim Xavier Guimarães Natal.-Lutou pela federação, abolição, liberdade de ensino, de religião, eleições democráticas, etc.- 1887: fundou também o jornal O Brasil Federal, mas suas idéias não encontraram terreno fértil em Goiás.

Implantação do regime republicano em Goiás – efeitos- Notícia da Proclamação da República (15\11\1889) recebida com surpresa pelos políticos goianos (28\11\1889). Para as camadas populares nada representou.- Mudanças significativas em relação às questões administrativas e políticas, porque sócioeconomicamente e cultural manteve-se como antes: o liberto continuou discriminado, as elites dominantes continuaram as mesmas, não ocorreu a imigração européia, a existência de latifúndios improdutivos, áreas imensas a povoar e explorar, a agricultura e pecuária deficitárias, a educação em estado embrionário, o povo esquecido, dentre outros.- Movimentação das diferentes facções políticas (liberais, conservadores e republicanos) em relação ao poder.*O Clube Republicano aclamou GuimarãesNatal como presidente do estado de Goiás que não aceitou tal oferta propondo a criação de uma junta governativa (Governo Provisório) por: Guimarães Natal (presidente), José Joaquim de Souza e o majorEugênio Augusto de Melo.

Crises políticas (crise no Executivo)

- Os Bulhões continuaram os “donos do poder” (Guimarães Natal era cunhado de Bulhões), mas com maior margem de mandonismo devido ao autonomismo alcançado com o regime deFederação.- O Governo Provisório nomeou Presidente do Estado o tenente-coronel Bernardo Vasques que nem chegou a tomar posse, em 25 de fevereiro de 1890, Gustavo Augusto da Paixão assumiu a Presidência do Estado.*demissão de Gustavo Augusto da Paixão em 12 de janeiro de 1891: influência dos Bulhões.*Guimarães Natal (Vice-presidente) estava impossibilitado de tomar a posse e quem passou a governar foi Bernardo Antônio de Faria Albernaz (segundo Vice-presidente).- Deodoro da Fonseca: nova nomeação para presidente e vice da província de Goiás. Foram escolhidos João Bonifácio Gomes de Siqueira e Constâncio Ribeiro da Maia (grupo Fleury).* Siqueira renunciou (velho, cansado e pressionado pelas diversas facções políticas) em 19 de maio de 1891 assumindo o Vice.- Renúncia de Deodoro da Fonseca:*movimentação política em Goiás: Constâncio Ribeiro é deposto (19\02\1892) pelo coronel Braz Abrantes que se aclama Presidente do Estado até 18\07\1892 quando Antônio José Caiado assumiu a Presidência (era Vice-presidente), uma vez que o Presidente eleito, Leopoldo de Bulhões, renunciou ao cargo devido suas atividades na Câmara Federal.

A crise da Constituição Goiana (crise noLegislativo)- Escolha dos representantes goianos pelo Governo Provisório de Goiás para a Constituinte Nacional;

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*Todos pertencentes ao rol dos Bulhões: os senadores José Joaquim de Souza e Antônio Amaro da Silva Canedo, os deputados José Leopoldo de Bulhões, Sebastião Fleury Curado e Joaquim Xavier Guimarães Natal.- A crise política gerou duas constituições em Goiás: a dos Bulhões e a dos Fleury, porem prevalecendo, após a renuncia de Deodoro, a dos Bulhões (1º\06\1891).

Elites dominantes: os Bulhões e os Jardim Caiado- Com o governo de Floriano Peixoto, os Bulhões consolidaram seu poder político em Goiás, sendo o grande líder dessa oligarquia José Leopoldo de Bulhões.-1904: fracionamento do grupo sob a liderança de Xavier de Almeida que conseguiu afastar momentaneamente os Bulhões do poder.-1908: período de intranqüilidade política (sucessão senatorial) em Goiás que levou em 1909 (“renascimento do mandonismo dos Bulhões”) a uma vitória dos Bulhões apoiados, neste momento por Eugênio jardim e Antônio Ramos Caiado (influentes políticos em termos regional e nacional).*1910-1913: Urbano Gouvêa (cunhado de José Leopoldo) se torna Presidente do Estado e de 1913 a 1918 foi eleito senador da República quando não mais conseguiu se reeleger.-Derrubada dos Bulhões *desentendimentos entre os Bulhões e os Jardim Caiado (apoio de Hermes da Fonseca a estes)- 1912: elite dominante em Goiás – os Jardim Caiado (o caiadismo) sob a liderança de Antônio Ramos Caiado sendo afastado do poder somente em 1930 sendo um de seus maiores inimigo políticos o médico Pedro Ludovico Teixeira.

Goiás até a Revolução de 1930As três primeiras décadas do século XX não modificaram substancialmente a situação a que Goiás regredira em conseqüência da decadência da mineração no fim do século XVIII. Continuava sendo um Estado isolado, pouco povoado, quase integralmente rural, com uma economia de subsistência.

- Situação geral do estado- Até 1930 Goiás continuava fora da frente de progresso que, nos últimos 80 anos, vinha transformando São Paulo e outros estados a partir da modernização da agricultura e da industrialização.

- As comunicações*1824: primeiro carro de boi em Goiás visto com progresso na época. Pouco ou nada mudou nos anos seguintes.*1891: chegada do telégrafo;*1913: construção da estrada de ferro Mogiana que alcançou o Triângulo Mineiro: Uberaba (1889) e Araguari (1896), mas deveria ter se prolongado até Catalão, mas por falta de capital sua construçãofoi paralisada.

*1907: constituiu-se a companhia Estrada de Ferro Goiás, que deveria construir a linha Araguari - rio Araguaia, chegando os trilhos somente até Leopoldo de Bulhões perfazendo 287 km em território goiano (o território de Goiás tinha 600.000 km²), não chegando à Cidade de Goiás, visto o investimento ser antieconômico (pouca importância política e econômica de Goiás no cenário nacional) e a população da região escassa pelo governo federal.*1921: primeira estrada de rodagem (trecho que ligava a capital do estado à estação terminal da estrada de ferro) sendo que em 1907

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chegava o primeiro automóvel em Goiás \ Progresso lento nesta estrada, devido aos poucos veículos em circulação.*Em geral, os transportes eram baseados em carros de boi, com estradas de rodagem mal construídas e conservadas, estradas carroçáveis eram reduzidas e com as chuvas ficavam intrafegáveis, os barcos eram, na maioria, antiquados, existindo poucos a vapor (sinônimo de navegação moderna na Europa).

- A população*rápido crescimento da população, porem a densidade populacional continuava baixa (0,77 habitantes por km²).*enormes extensões eram despovoadas: o sudoeste (limite com a Bahia) e o “Mato Grosso Goiano” começavam a ser desbravados.*sudeste: região mais povoada pela proximidade com o Triângulo Mineiro e a presença da estrada de ferro (Catalão, em 1920, com 35 mil habitantes, o município mais habitado).*o censo de 1920 não faz ainda distinção entre população rural e urbana, não havendo dados concretos sobre este aspecto, mas é quase certo que o índice de ruralidade chegava a 90% da população.

- Economia*a economia era quase exclusivamente de subsistência, a produção era local e para o consumo, sendo muito pequeno o comércio interno e a circulação monetária.*a maior parte da população trabalhava na agricultura, mas o setor mais dinâmico da economia era a pecuária (gado: produto de fácil exportação, geralmente vivo, e um dos únicos exportados em quantidade apreciável) totalizando entre 1920 e 1929, 27, 69% da arrecadação total do Estado.

*arroz: aumentou sua exportação com a construção da estrada de ferro representando entre 1928 e 1932 a metade do valor da exportação de gado.*café: grande produção em Nova Veneza (colônia de italianos especializados em seu cultivo)*indústria e os serviços: atividades economicamente pouco significativas. A indústria mecanizada moderna não existia em Goiáspredominando a produção domestica artesanal. O produto mais importante da indústria artesanal era o tecido de algodão, feito no tear manual. A indústria da construção era a segunda mais importante após a de tecidos. No setor dos serviços, o comércio era um empreendimento tipicamente familiar, consolidado em pequenos armazéns rurais e algumas vendas.

- Regime de propriedade: classes sociais*Predominância dos latifúndios, nas mãos de poucas famílias onde trabalhavam e viviam muitos dependentes (sitiantes, vaqueiros, meeiros, camaradas, jagunços, etc.). A falta de mercados e uma economia monetária contribuíram para sua manutenção. Só os latifúndios podiam vender algum excedente.*inexistência de uma classe de pequenos proprietários dedicados à lavoura ou pecuária.*a terra valia pouco e mal conseguia se sustentar, o preço médio do hectare era o mais baixo do Brasil (em 1920 custava 8$ em Goiás, 106$ no RJ e 161$ em SP), só levemente superior ao do Acre. A valorização da terra só se daria com a criação de um mercado consumidor decorrente da urbanização. Não existia muita distância entre o gênero de vida (trabalho, diversão, vestuário e alimentação) do proprietário agrícola e de seus agregados, mas elas se assentavam nas relações de (coronelismo).

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- Governo: administração*governo central fraco e limitado pela ação dos coronéis no interior. Estes, juntamente com o vigário e o juiz (mais dependente do governo) eram mantenedores da ordem social.*algumas das causas dessa fraqueza eram: a pobreza dos meios econômicos e a carência de um corpo de funcionários adequados.

A Revolução de 1930 e a construção de GoiâniaA revolução de 30 teve significação profunda para o estado de Goiás. É o marco de uma nova etapa histórica. Esta transformação não se operou imediatamente no campo social, mas no campo político. O governo passou a propor, como objetivo primordial, o desenvolvimento do estado. A construção de Goiânia, pelas energias que mobilizou, pela abertura de vias de comunicação que acompanharam e pela divulgação do estado no país, foi o ponto de partida dessa nova etapa histórica.

A Revolução de 1930 em Goiás- Limitada participação de Goiás na Revolução de 1930*Em Goiás a Revolução teve apoio de parte da classe dominante descontente. A fraca oposição à Revolução (Rio Verde, Inhumas e Anápolis) era mais de personalidades descontentes que de fato uma oposição. A dita oposição não passava de uma crítica pessoal, não existindo partidos com base ideológica ou com programas de governo diferentes.*As eleições fraudulentas e a polícia militar dificultavam a oposição*Os efeitos da crise de 1929 não se fizeram senti aqui.

- Destaque para Pedro Ludovico Teixeira: manteve-se em contato com os centros revolucionários em Minas Gerais e em 4 de outubro de 1930 tentou, com 120 voluntários do Triângulo Mineiro, invadir a região sudoeste de Goiás. O grupo se dispersou em Rio Verde e Pedro Ludovico foi preso, mas houve a vitória da Revolução no contexto nacional que levou à chegada de uma coluna à cidade de Goiás comandada por Quintino Vargas, sendo que o médico mineiro Carlos Pinheiro Chagas tomou o poder.- Instauração de um governo provisório em Goiás, pelo qual Pedro Ludovico fazia parte, consolidando um longo período de influência política do mesmo (15 anos).- Mudança no estilo de governo pós-revolução: o governo passou a propor a solução dos problemas do estado em todas as ordens, dando ênfase ao problema do desenvolvimento (transporte, saúde pública, educação, exportação, dentre outros).

A mudança da capital: a construção de Goiânia- Desde os primeiros tempos da história de Goiás, a localização da capital constituía um problema.- Dois fatores que sustentavam a oposição à mudança da capital *o alto gasto que isso suporia, como novas construções, a contratação de um grande número de funcionários para sua construção assim como a pobreza dos governo.*a oposição da população da capital, tanto por motivos sentimentais quanto por prejuízos econômicos (desvalorização de imóveis e de terras, empecilho ao comercio e do crescimento dos roceiros).- Para o novo governo, emergente com a Revolução de 1930, a cidade de Goiás era o centro do poder da oligarquia deposta pela Revolução, porém não estava aniquilada. Mudar a capital reforçava o novo governo do ponto de vista psicológico e político, seria o

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símbolo concreto da própria Revolução em Goiás. Era vista como um investimento necessário para o desenvolvimento.- A construção de Goiânia: etapas*04\03\1933: escolha de Campinas para a construção da nova capital devido à sua proximidade com a estrada de ferro (condição vista como indispensável), abundância de água, bom clima e topografia adequada.*24\10\1933: foi lançada a pedra fundamental e em 07 de novembro de 1935 realizou-se a “mudança provisória” e o governador passou a se fixar em Goiânia, mas em Goiás ficaram ainda a Câmara e o Judiciário. A mudança definitiva aconteceu em 1937 quando os principais edifícios públicos já estavam construídos.*Em julho de 1942 foi realizado o “batismo cultural”. A cidade contava com mais de 15 mil habitantes.Goiânia e o desenvolvimento de Goiás- Em 1942 o desenvolvimento do Estado ainda estava longe de ser o ideal.-Problemas que dificultavam o crescimento do Estado: as comunicações, a saúde, a instrução, a falta de indústrias, a descapitalização da economia, a estrutura da propriedade, dentre outros.- Contribuições de Goiânia para o desenvolvimento: *no campo da psicologia social: combate aos sentimentos de isolacionismo, esquecimento nacional e frustração. Impulsionou a confiança dos goianos e a construção de um futuro melhor.*promoveu a abertura de novas estradas, favoreceu a migração (povoamento), criou o primeiro centro urbano de relativa importância em Goiás, desenvolveu diversos tipos de serviços (colégios, faculdades, bancos, hospitais, comércio, etc.).

Goiás Atualidade: 1940- 1970A partir de 1940 Goiás cresce rapidamente: a construção de Goiânia, o desbravamento do Mato Grosso Goiano, a campanha nacional de “marcha para o oeste”, que culmina na década de 1950 com a construção de Brasília imprimem um ritmo acelerado ao progresso de Goiás.A população se multiplica, as vias de comunicação realizam a integração do estado com o resto do país e dentro do próprio estado, assiste-se a uma impressionante explosão urbana, com o desenvolvimento concomitante de todo tipo de serviços (a educação especialmente), contudo, Goiás continua sendo um estado de economia primária, com uma exploração extensiva de baixa produtividade.

A população- Crescimento populacional acelerado: altas taxas de natalidade e aumento da migração, principalmente após a construção de Brasília.*1940-1950: taxa de natalidade igual a 4,6%; imigração igual 1,67%; crescimento global de 3,9% anual.*1960: crescimento de 4,9%- Migrações provenientes, principalmente, dos estados limítrofes: Maranhão, Bahia e Minas.- Segundo as ações do governo de Otávio Lage “as emigrações trazem consigo boas e más conseqüências. Para a economia da região, melhoram os índices de mão-de-obra, ampliam as fontes de riquezas, etc. Entretanto, contribuem para a demanda insatisfeita de serviços sociais, escolas, energia, estradas, saneamento e habitação, sobrecarregando os governos. Isso não indica que os altos índices de imigração sejam negativos para uma região: é que os benefícios se manifestam a prazos mais longos do que aquelas implicações”.

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Distribuição da população- 1972: de maneira geral, a densidade demográfica não chegava a 5 habitantes por Km² (4,58), enquanto a nacional chegava a 12 habitantes por Km². Na verdade a distribuição da população era muito desigual. De acordo com um estudo do Conselho Nacional de Geografia juntamente com a Secretaria do Planejamento, de norte a sul do estado foi realizada a divisão do território em áreas homogêneas, as oito primeira regiões com 61% do território tinha 27% da população enquanto o Mato Grosso Goiano concentrava mais de 1\3 da população. Outras regiões populosas estavam no extremo sul como Meia Ponte (7,8 hab.Km²), Sudoeste Goiano (6,4 hab.Km²) e Paranaíba (8,79 hab. Km²).- As vias de comunicação e a proximidade maior ou menor com os grandes centros econômicos determinou a distribuição da população, sendo as áreas de maior densidade populacional as do extremo norte (proximidade com Belém) e todo o sul (São Paulo e Minas) ao passo que as áreas intermediárias pouco habitadas.Urbanização- Se processou em Goiás a partir de 1940, sobretudo depois de 1950, não sendo acompanhada por um processo industrial concomitante.- Modelo de urbanização a partir de um êxodo rural:* a explosão demográfica (principalmente pelos avanços da medicina profilática) e as facilidades de comunicação atuam de forma conjugada sobre as populações rurais, que vivem em condições infrahumanas, impelindo-as a migrar maciçamente para as cidades, em busca de melhores condições de vida. As cidades crescem assim, desmesuradamente, antes de ter tempo de absorver adequadamente o excesso populacional.- Censo de 1940: 14,6 % da população urbana contra 85,4% da população rural

- Censo de 1950: 20,2 % da população urbana- Censo de 1960: 30,7 % da população urbana- Censo de 1970: 44 % da população urbana.Goiânia estava próxima de 400 mil habitantes, Anápolis 100 mil, Itumbiara, Rio Verde e Jataí passavam dos 20 mil.

Economia: predomínio do setor rural- Ao contrário do que poderia se esperar com a urbanização, o peso do setor primário na economia (agricultura -57% do setor- e pecuária -40% do setor, sendo 3% de atividades extrativas) aumentou concomitantemente até a década de 1960 em vez de diminuir frente aos setores secundário (indústria) e terciário (serviços).- Plano de Desenvolvimento do governo Mauro Borges (1961) assim expressava: “o baixo nível de renda em Goiás decorre de ser uma economia primária, de produtividade baixa e vulnerável as flutuações de clima e de mercado. Da população economicamente ativa, 83,69% estava ocupada, em 1950, no setor primário, em sistema de trabalho rudimentar; 4,17% no setor secundário, ainda incipiente e 12,14% no setor terciário. Nos últimos dez anos, a economia goiana tornou-se mais dependente do setor primário, cuja renda aumentou, entre 1949 e 1958, cerca de 9 vezes, enquanto nos dois outros setores o crescimento foi de 6 vezes”.- Entre 1960 e 1970 o crescimento da contribuição da indústria para a renda estadual foi de 4,5% (4 vezes menor que a média nacional), continuava sendo de pouca expressão para a formação de riqueza e a oferta de empregos.- A agropecuária concentrava 69% da mão-de-obra total.- Agricultura: três principais produtos: arroz (quase a metade de toda produção agrícola), milho e feijão.

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- Pecuária: criação extensiva: rebanho com mais de 9 milhões de cabeças.

A luta pela terra- A luta pela terra em Goiás ganha proporções de luta armada. Após a chegada da ferrovia em 1911 houve interesse e valorização da terra.-1950-1960: Conflitos camponeses de Trombas e Formoso: conflitos entre os grileiros e os camponeses.*apoio comunista aos posseiros e da repressão aos grileiros.*posseiros: protestos contra a exploração dos latifundiários da região que queriam cobrar arrendo de terras devolutas.*1951-54: José Porfírio: tentou a legalização das terras camponesas, não conseguiu e organizou os mesmos com a ajuda do PCB. Os camponeses tinham o apoio da população e da imprensa. O governo de Mário Borges foi de estabilidade da região, mas a partir do golpe de 64 o movimento foi duramente reprimido pelos militares, com prisões e torturas.- 1948-1952: Luta do arrendo na região da estrada de ferro de Orizona e Pires do Rio. Com o apoio do PCB, os camponeses conseguiram diminuir a taxa do arrendo de 50% para 20%, porem houve violenta repressão após a orientação do partido em invadir as terras.- 1962: Criação da Frente Agrária Goiana (FAGO), um projeto de reforma agrária da Igreja Católica por D. Fernando Gomes dos Santos, arcebispo de Goiânia, com os seguintes objetivos a fim de diminuir as tensões no campo com base no humanismo, cristianismo, anticomunismo e a garantia da propriedade privada:*evitar o êxodo rural, promover o progresso e ampara o homem do campo.

*ação fundamentada na informação, formação e liderança, a formação camponesa com educação, organização de sindicatos rurais e a promoção da doutrina social da igreja.

Estrutura Social- Apesar de haver dados que permitam esclarecer qual era, ao certo, a distribuição de renda em Goiás à época, o governo Otávio Lage aventurava uma afirmação: “é muito concentrada a distribuição de renda em Goiás. Assim é que apenas uns 20% da população deve deter cerca de 80% da renda gerada na economia, donde se infere que uns 80% da população vive em nível de subsistência”.- Alguns dados disponíveis:*1970: 60% da mão-de-obra do estado trabalhavam no setor agropecuário, deles apenas 2,15% eram proprietários.*cultivo do arroz: 57% dos produtores cultivavam de 5ha e 21,5% entre 5-10ha: é o camponês tradicional que lavra a terra com a família, com o uso da enxada, sem adubos e equipamentos mecanizados. O sistema de trabalho mais usado é o de meação.*predomínio do latifúndio na agricultura e na pecuária: 5% das propriedades abrangiam mais de 50% das terras. Os 60 mil minifúndios somavam 2 milhões de hectares e os latifúndios 45 milhões.*dependência do trabalhador rural em relação ao latifúndio como meeiro, agregado ou diarista.- Indústria: contribuição modesta para a distribuição de renda, as indústrias eram de pequenas dimensões, de baixo nível técnico e sem mão-de-obra especializada.- Setor de serviços: incipiente classe média, reduzida, formada por profissionais liberais, técnicos e administradores de empresas,

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funcionários de alto nível, comerciantes e proprietários de tipo médio.

Governo: administração- Desenvolvimento de Goiás: iniciativa do governo devido à que a falta de tradição empresarial e de capital. O envolvimento do governo foi crescendo gradualmente a partir da construção de Goiânia e mais intensamente na década de 1950 com a criação do BEG e da CELG.- Governo Mário Borges Teixeira (1960-1964): em busca de uma estruturação administrativa, propôs um “Plano de Desenvolvimento Econômico de Goiás” (1961-1965): abrangia todas as áreas como agricultura, pecuária, transportes, comunicações, energia elétrica, educação, cultura, saúde, assistência social, levantamento de recursos naturais, aperfeiçoamento e atualização das atividades do estado.* A ação do estado no desenvolvimento veio acompanhada de uma concentração de recursos econômicos em suas mãos, daí o aumento sistemático da tributação.*Reforma Administrativa (lei nº 3.999 de 14.11.61): criava, paralelamente ao corpo administrativo do estado (secretarias, policia militar, procuradoria geral), os serviços estatais autônomos (autarquias) e paraestatais (companhias de economia mista).*Autarquias: permanecem unidas ao governo através de secretarias e participavam do orçamento estadual. As mais importantes eram a CERNE (Consórcio de Empresas de Radiodifusão e Notícias do Estado), OSEGO (Organização de Saúde do Estado de Goiás), IDAGO (Instituto de Desenvolvimento Agrário de Goiás), CAIXEGO, IPASGO, SUPLAN, ESEFEGO, CEPAIGO, DERGO, etc.

*Serviços paraestatais: eram constituídos pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, nas quais o governo era acionista majoritário. Entre elas: METAGO, CASEGO, IQUEGO, etc.*Reforma Agrária: tentativa através de uma experiência-piloto pelo Combinado Agro-Urbano de Arraias. Seria uma experiência de socialismo cooperativista, com forte influência da organização israelense dos Kibut.- A inflação e a instabilidade política dos primeiros anos da década de 1960 não permitiram testar com a realidade estas diretrizes, ficaram como potencialidades para mais tarde.

República Populista em GoiásNo termo político temos a hegemonia do PSD (Partido Social Democrático) sob o comando de Pedro Ludovico Teixeira. A oposição formada pela UDN (União Democrática Nacional) e em segundo plano o PSP (Partido Social Progressista), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o PSB (Partido Socialista Brasileiro).

Jerônimo Coimbra Bueno (1947 – 1950)- Eleito pela UDN, com 50% dos votos contra 48,2% de José Ludovico de Almeida, foi marcado pela forte oposição do PSD.-Elaboração do Código Tributário: evitar a sonegação. Encontrou forte oposição com protestos em Anápolis em 1948 (Greve de Anápolis).

Pedro Ludovico Teixeira (1951 – 1954)- Eleito pelo PSD em coligação com o PTB com 60% dos votos.- 1953: assassinato do jornalista Haroldo Gurgel, critico do governo estadual, causando protestos contra Pedro Ludovico.- Foi eleito senador em fins de 1954.

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- Investiu no setor energético e de transporte, alem de reprimir os camponeses na luta pelo arrendo na região da estrada de ferro.

José Ludovico de Almeida (1955 – 1959)- Apoiado por Pedro Ludovico, é eleito pela coligação PSD-PTB com 50,3% dos votos contra 49,7% de Galeno Paranhos (UDN-PSP).- 1955: Criou o Conselho Superior de PlanejamentoAdministrativo e a CELG (inspiração no governo JK), além de apoiar o presidente na construção de Brasília.- Combate à grilagem.

José Feliciano Ferreira (1959 – 1961)- Eleito pelo PSD com 52% dos votos contra César Cunha Bastos (UDN-PSP-PTB).- Preocupação central com o setor energético e de transporte.-Combate á grilagem. Desenvolveu uma política agrária, com extensão rural de ajuda aos camponeses, com criação em 1959 da ACAR-GO (Associação de Crédito e Assistência Rural de Goiás).-Criou ainda a CASEGO e a CAESGO.

Movimento separatista do Norte de Goiás

- 1948: Foi elaborada a Comissão do Norte: elaborar um projeto de criação do estado do Tocantins. Desarticulação:*Oposição: resistência do governo estadual;*divisão interna do movimento.-1956: Movimento Pró-criação do estado do Tocantins em porto nacional sob a liderança de Feliciano Machado Braga.

*cria uma bandeira para o novo estado e um jornal “O Estado do Tocantins”

*promove vários encontros na região com políticos e a comunidade em geral

*decadência do movimento com a transferência de Feliciano para a comarca de Anápolis.

- Década de 60: o separatismo ganha força com a criação da Casa do Estudante do Norte Goiano (CENOG): mobilizar a população.- Com o golpe de 1964 o movimento separatista entra em declínio devido á pratica centralizadora, com o discurso de segurança e desenvolvimento que inibe os nortistas.