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Soluções comcredibilidadeem sistemasde irrigação

NaanDan IrrigaplanIndústria e Comércio Ltda

Rua Biazo Vicentin, 260,Cidade Jardim, Cep 13614-330

Leme – SPTel (019) 3571-4646Fax (019) 3554-1588

[email protected]

www.irrigaplan.com.br

Soluções comcredibilidadeem sistemasde irrigação

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ITEM

Irrigação, drenagem e controle de enchentes

U ma das grandes bandeiras da ABID tem sidoa de que cada Estado tenha um especial focona agricultura irrigada, fomentando-a. Do

norte ao sul do Brasil proliferam exemplos do quan-to estratégico é esse investimento. Basta a constataçãodas recorrentes secas ao sul, dos problemas das en-chentes nas mais diversas regiões, dos veranicos nasregiões Sudeste e Centro-Oeste, das crônicas dificul-dades do nordeste brasileiro e dos desafios que seabrem ao norte, entre muitos outros.

Ao contabilizarem-se os nefastos efeitos da falta,ou excesso, de chuvas, evidencia-se facilmente a im-portância dos investimentos na irrigação, na drena-gem e no manejo das bacias hidrográficas, com vistasao melhoramento da recarga dos aqüíferos subterrâ-neos, à contenção das águas através de represas, aocontrole da erosão, enfim, à maior regularização dofluxo hídrico ao longo do ano. Tudo isso proporcionaum equilibrado sistema para os produtores, ao tra-balharem continuamente com esses objetivos, a fimde que cada unidade produtiva seja devidamenteatendida com os recursos hídricos.

Ao final de 2003, quando do lançamento do XIVConird, no Rio Grande do Sul, as empresas queatuam na ponta da genética do milho, já sinalizavamcom produtividades comerciais de até 200 sacos demilho/ha. Qual o valor da irrigação suplementar paracom o principal cereal do agronegócio brasileiro?Quanto representa essa perda recorrente, muitas ve-zes total, provocada pelo déficit hídrico? O que sig-nifica ficar persistindo nessa verdadeira loteria, ten-tando-se driblar os veranicos? Qual a solução paraesse freqüente impasse?

Seja com um patamar de 200 ou 100 sacos de mi-lho/ha, seja com outras culturas de maior valor agre-gado, evidencia-se o quanto se pode implementar nasrelações solo-água-planta, com a sábia utilização doacervo de conhecimentos existentes, com mais inves-timentos na pesquisa e mais programas de fomento àagricultura irrigada. As sazonalidades e as irregula-ridades das chuvas precisam ser enfatizadas, tendo-se o investimento na agricultura irrigada como o na-

Helvecio Mattana SaturninoEDITOR

E-MAIL: [email protected]

A logomarca dos Conirds, que provoca e inspiramuitas reflexões sobre o manejo sustentável dosrecursos hídricos, esteve no Rio Grande do Sul, aoensejo do XIV Conird. Lá, todos tiveram a oportuni-dade de um dia de campo na Associação dos Usuá-rios do Duro, inspiradora dessa capa. Seja no extre-mo Sul ou no Piauí, onde será realizado o XV Conird,reservar água e realizar uma sábia gestão comparti-lhada desse recurso ao longo do ano são desafiospermanentes. Que essa capa da represa do Duro sejamotivadora de reflexões brasileiras de Norte a Sul,de Leste a Oeste, implementando-se as PPP – parce-rias público-privadas, em favor dos agronegócioscalcados na agricultura irrigada. Foto: AUD.

tural antídoto para essa recorrente tragédia de per-das. O risco agrícola faz da esperança dos bons lu-cros o pesadelo dos crescentes endividamentos dosetor. Perdem todos.

Há um enorme potencial a ser explorado parareverter esse quadro. Esse potencial vai desde a uti-lização de águas servidas, com aproveitamento inclu-sive de esgotos urbanos, até uma sustentável explo-ração de águas subterrâneas, sem perder de vista ofantástico suprimento de águas superficiais, para for-talecer o agronegócio brasileiro com engenhosos pro-gramas de irrigação.

Esta edição da ITEM enfatiza e traz reflexõessobre vários desses aspectos. Vale ressaltar o exem-plo da Associação dos Usuários do Duro (AUD), nodia de campo do XIV Conird, ocorrido em Camaquã,RS. Trata-se de um trabalho que precisa permear cadavez melhor pelo Brasil, que é o da gestão comparti-lhada de barragens, fazendo-as cada vez mais acessí-veis aos produtores.

Para a realização do XV Conird, de 16 a 21 deoutubro de 2005, a ABID está mais forte e maisrevitalizada com a composição do seu Conselho Di-retor e de sua Diretoria, que contam com a maisampla representação. Trata-se de fruto do persisten-te trabalho de retomada da ABID e do crescenteapoio dos vários elos desse agronegócio. Isso faz comque todos estejam engajados, para que os eventosatendam às mais variadas expectativas. Já é momen-to para as devidas mobilizações. Como sempre, umaimperdível agenda para bons negócios, muito apren-dizado, troca de experiências e um rico convívio, comamplas oportunidades para todos.

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LEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTLEIA NESTA EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:A EDIÇÃO:

Cartas aos leitores ––––– Página 6

Publicações – – – – – Página 10

Opinião – Participantes falaram como viram arealização do XIV Congresso Nacional de

Irrigação e Drenagem (XIV Conird) e EncontroInteramericano de Irrigação, Drenagem e

Controle de Enchentes (EIIDCE). Página 12

Agricultura irrigada em debate no Rio Grandedo Sul. O XIV Conird e o EIIDCE reuniram

cerca de 500 pessoas ligadas à agriculturairrigada em Porto Alegre, RS, de 24 a 29/10/2004.

A conferência de abertura, no auditório daFiergs, que também mostrou as tradições da

cultura gaúcha, contou com a participação derepresentantes do governo federal, estadual e

municipal ligados à atividade. Página 16

Uma cartilha para os produtores gaúchos dearroz irrigado. Página20

Ao ensejo do XIV Conird e do EIIDCE.Página 24

ANA institucionaliza o kit outorga e o cadastronacional dos irrigantes. O diretor-presidente da

Agência Nacional de Águas (ANA), JersonKelman, mostrou os esforços que vêm sendo

desenvolvidos com o objetivo de facilitar para oprodutor a obtenção do licenciamento ambiental

necessário no desempenho de suas atividades.Página 25

Os desafios da cadeia produtiva do arroz.Página 28

Como obter a sustentabilidade dos recursoshídricos na agricultura irrigada? Entrevista com

o presidente da Câmara Técnica de Ciência eTecnologia do Conselho Nacional de Recursos

Hídricos, Demetrios Christofidis. Página 30

Controle de Geadas por Sistema de Irrigação.Este é o momento de planejar! Informe TécnicoPublicitário da NaanDan Irrigaplan. Página 32

REVISTA TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IRRIGAÇÃO

E DRENAGEM – ABID

Nº 64 - 4º TRIMESTRE DE 2004ISSN 0102-115X

ITEMITEMIRRIGAÇÃO & TECNOLOGIA MODERNA

CONSELHO EDITORIAL:CAIO TIBÉRIO DA ROCHA

CLÁUDIO AFFONSO AMORETTI BIER

FERNANDO ANTÔNIO RODRIGUEZ

HELVECIO MATTANA SATURNINO

HYPÉRIDES PEREIRA DE MACÊDO

JORGE KHOURY

JOSÉ CARLOS CARVALHO

SALASSIER BERNARDO

COMITÊ EXECUTIVO: ANTÔNIO A. SOARES; DEVANIR GARCIA DOS

SANTOS; FRANCISCO DE SOUZA; GENOVEVA RUISDIAS; HELVECIO

MATTANA SATURNINO; LUÍS ANTÔNIO DE LEON VALENTE

EDITOR: HELVECIO MATTANA SATURNINO

E-MAIL: [email protected] ; [email protected]

JORNALISTA RESPONSÁVEL: GENOVEVA RUISDIAS (MTB/MG 01630 JP).E-MAIL: [email protected]

ENTREVISTAS E REPORTAGENS: CAROLINA CEZIMBRA DE MELLO

(MTB/RS 10.859 JP), GENOVEVA RUISDIAS, VIVIANE PAIM MARIOT

(MTB/RS 11.342 JP).ARTIGO TÉCNICO: WASHINGTON PADILLA E JOSÉ MARIA PINTO.REVISÃO: MARLENE A. RIBEIRO GOMIDE, ROSELY A. R. BATTISTA

CORREÇÃO GRÁFICA: ROSANGELA M. MOTA ENNES

INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO: BASF E NAANDAN IRRIGAPLAN.FOTOGRAFIAS E ILUSTRAÇÕES: ARQUIVOS DA DA AGÊNCIA NACIONAL DE

ÁGUAS; DA ASSOCIAÇÃO DOS USUÁRIOS DO DURO; DA DIRETORIA

DE RECURSOS HÍDRICOS DA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DO RS;DA EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO AGROPECUÁRIA; DA EMATER/RS; DA

SCS DO GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ; DA SENNINGER IRRIGAÇÃO

DO BRASIL LTDA; AFRÂNIO RIGHES; ALEMAR RENA; ANDRÉ

FERNANDES; CAROLINA CEZIMBRA DE MELLO; EUGÊNIO COSTA;FERNANDO ROBERTO DE OLIVEIRA; FRANCISCO GILÁSIO; FRANCISCO

LOPES FILHO; GENOVEVA RUISDIAS; HELVECIO MATTANA SATURNINO;KATIA MARCON; LÍGIA MARIA LOPES; LUÍS STONE; PAULO HIDEO

NAKANO RANGEL; ROGÉRIO FERNANDES; ROSELAINE VINCIPROVA.PUBLICIDADE: ABID – E-MAILS: [email protected] ou [email protected]

OU FAX: (61) 274-7245.PROJETO E EDIÇÃO GRÁFICA: FONE: (31) 3225-5065 FAX: (31) 3225-2330 –

E-MAIL: [email protected] – BELO HORIZONTE MG

TIRAGEM: 6.000 EXEMPLARES.

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIAASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM – ABIDSCLRN 712, BLOCO C, 18 – CEP 70760-533 – BRASÍLIA DFFONE: (61) 273-2154 E (61) 272-3191 – FAX: (61)274-7245E-MAILS: [email protected] e [email protected]

PREÇO DO NÚMERO AVULSO DA REVISTA: R$ 10,00 (DEZ REAIS).OBSERVAÇÕES: OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS

AUTORES, NÃO TRADUZINDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DA ABID. AREPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL PODE SER FEITA, DESDE QUE CITADA A

FONTE.AS CARTAS ENVIADAS À REVISTA OU A SEUS RESPONSÁVEIS PODEM OU NÃO

SER PUBLICADAS. A REDAÇÃO AVISA QUE SE RESERVA O DIREITO DE

EDITÁ-LAS, BUSCANDO NÃO ALTERAR O TEOR E PRESERVAR A IDÉIA

GERAL DO TEXTO.ESSE TRABALHO SÓ SE VIABILIZOU GRAÇAS À ABNEGAÇÃO DE MUITOS

PROFISSIONAIS E AO APOIO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.

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O ministro do Desenvolvimento Agrário, MiguelRossetto, destacou a necessidade de tecnologias maisacessíveis para os agricultores, a importância daassistência técnica e a oportunidade dos eventos,especialmente para o RS, enaltecendo o tema daorizicultura na conferência de abertura.

Laboratórios para avaliação de equipamentos de irrigação.O presidente da Câmara Setorial de Equipamentos deIrrigação da Associação Brasileira da Indústria deMáquinas e Equipamentos (Csei/Abimaq), EugênioBrunheroto, mostrou aos participantes do Conird, anecessidade de o Brasil ter mais laboratórios de avaliaçãodo desempenho de equipamentos de irrigação. Página 45

Fertirrigação em fruticultura como técnica para obtençãode maiores rendimentos. Artigo técnico dos pesquisadoresWashington A. G. Padilla e José Maria Pinto. Página 46

Alternativas para maior racionalidade na alocação da água.Página 49

Solução para um problema ambiental. Entrevista como conferencista Jacob L. La Rue, gerente deDesenvolvimento do Produto da Valmont Industries,nos EUA. Página 50

Sistema de produção Clearfield na rizicultura irrigadapor superfície. Informe Técnico Publicitário da Basf.Página 52

Minicurso debate a questão do risco agrícola.Página 56

Mulching Vertical, uma nova tecnologia. Página 59

Arroio Duro: gestão compartilhada de águas e dia decampo sobre arroz irrigado. Página 60

Dia de campo sobre a cultura irrigada do morango, emFarroupilha, encerra o XIV Conird. Página 65

XV Conird abrigará também Simpósio Internacional. EmTeresina, no Piauí, começou a movimentação em torno doXV Conird e do Simpósio Internacional sobre Utilização deÁguas Subterrâneas na Agricultura Irrigada, a seremrealizados de 16 a 21/10/2005.O governador Wellington Dias fez o lançamento oficial doseventos. Página 66

Um retrato do Piauí. Página 68

Nota Técnica. Página 73

Navegando pela Internet. Página 74

Classificados. Página 74

O governador do Piauí, Wellington Dias (ao centro, decamisa azul) enfatizando a importância da agriculturairrigada, recomendou uma especial atenção para oaproveitamento racional das águas subterrâneas,realizando um especial simpósio para esse fim.

O dia de campo sobre orizicultura irrigada naAssociação dos Usuários do Duro foi uma ricaexperiência sobre a gestão compartilhada dos recursoshídricos. Os participantes do XIV Conird e do EIIDCE, emCamaquã, RS, tiveram a oportunidade de interagir comprodutores, técnicos, administradores, além devisitarem também o acervo cultural da cidade.

Jerson Kelman, diretor-presidente da AgênciaNacional de Águas, mostrou que as perspectivas decrescimento econômico do Brasil aumentam aurgência na padronização dos processos de outorgado direito de uso da água.

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6 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

CARTASleitores

6 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Inserção

“Estamos agradecendo a inserção da re-vista Irriga na seção de Publicações da ITEM.Nossa luta e de todos os que labutam na áreade irrigação é de, constantemente, incentivara ampliação desta importante técnica tão ne-cessária e pouco utilizada em nosso país, com-parativamente a outros países. Parabéns pelaqualidade gráfica, dos artigos da revista ITEM,importante para a divulgação de tudo o queocorre em nosso país na área. Gratos pela di-vulgação da nossa Irriga, que estamos tentan-do manter em dia na periodicidade e qualida-de, e melhorá-la sempre, contando com a ne-cessária colaboração dos colegas para artigos,revisões e sugestões.

Li e absorvi atentamente as palavras doeditor da ITEM. Fico mais satisfeito ainda ven-do o seu entusiasmo contagiante e o de suaequipe que, tenho certeza, fará nossa ABIDcrescer no sentido proliferar a irrigação maisrapidamente em nosso país. Um dos fatoresque mais o fazem é, justamente, a divulgaçãodo que existe e evolui científica etecnologicamente na área.” (Antonio EvaldoKlar, editor de Irriga).

Produtores gaúchos reconhecemcontribuição do XIV Conird

“Fepam e irrigantes do Rio Grande do Sul estão sereunindo, conversando, propondo e, deste exercício,elaborando a pré-minuta da resolução queimplementará o Plano Estadual de Regularização daAtividade de Irrigação (Perai). A Universidade Federalde Santa Maria, a Fundação Estadual de Proteção aoMeio Ambiente, o Departamento de Recursos Hídricosda Sema, consultores das associações de arrozeiros doEstado e representantes da categoria nos comitês debacia, participaram de um workshop onde foram cos-turadas as propostas que ainda estavam em discussãopara o regramento do licenciamento ambiental de em-preendimentos da atividade de irrigação. O documen-to segue depois para análise da Câmara Técnica daAgroindústria e Agropecuária, do Conselho Estadualdo Meio Ambiente (Consema).

Esse encontro não foi o primeiro, pois desde agostode 2004, atendendo ao ofício Fepam/Dirtec/2.831/2004, que se refere à resolução Consema nº 036, de24/07/2003, os comitês de bacias do Rio Ibicuí e doRio Santa Maria, entre outros, com base no banco dedados proveniente do cadastramento das atividadesexistentes em 2003, fornecido pela Fepam, sugeriramdiversos ajustes de procedimentos e critérios, adequan-do-os à realidade dos produtores rurais.

Na prática, após a aprovação do Perai, todos osempreendimentos de portes mínimo, pequeno e mé-dio, que foram licenciados através dos procedimentossimplificados, via internet, no prazo de 28/07/2003 e31/03/2004, terão suas Licenças de Operação (LO) re-novadas, desde que mantidas as características do em-preendimento com relação à sua localização e classifi-cação quanto ao método de irrigação.

Satisfeito com os resultados desta aproximação, opresidente do Comitê de Gerenciamento da BaciaHidrográfica do Rio Ibicui, Ivo Mello afirmou que ´nomeio rural, a água tornou-se elemento de união entreparcerias antes impossíveis‘. Nos últimos meses, a bus-ca pela informação de novas formas de manejo etecnologia que promovam o bom uso dos recursoshídricos na lavoura, e de práticas agrícolas, como oPlantio Direto, vêm atraindo o produtor irrigante.

Só no segundo semestre de 2004, diversos even-tos foram promovidos, entre eles, o XIV CongressoNacional de Irrigação e Drenagem (XIV Conird, naFiergs), o I Simpósio Nacional pelo Uso da Água naAgricultura e a 1ª Conferência Estadual de Organiza-ção de Agricultores Irrigantes, entre outros.” (Fonte:Informativo Comitê Ibicuí, por Mariza Fernanda Beck).

Uma importante correção

“Na ITEM 60, p. 34, num artigo sobre apre-sentação do Banco Mundial, um erro de vír-gula e uma reflexão. A área irrigada no Brasil,em 1997, de 2,96 milhões de hectares, foipublicada como de 29,6 milhões de hectares.A reflexão está nos diversos editoriais e pro-vocações do presidente da ABID, ao afirmarque o Brasil tem potencial para multiplicar aatual área por 10 ou até 20 vezes, em um pro-grama a longo prazo, considerando-se o de-senvolvimento tecnológico no uso racional daágua, na drenagem e no manejo sustentáveldas bacias hidrográficas. Tem sido louvável aênfase no manejo da irrigação, no sistemaPlantio Direto, em represas, no controle deenchentes e outros mecanismos. Mas, vejonessas projeções uma provocante agenda paratoda a sociedade, despertando-se sobre asvantagens comparativas dessa alocação dosrecursos hídricos, delimitando-se até onde po-deremos ir com a agricultura irrigada.” (LevonYeganiantz, Embrapa Sede, Brasília).

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 74º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 7

O reaproveitamento daságuas industriais no Brasil

“No Brasil, mais de 7 milhões de pessoas ain-da não têm água encanada e apenas 1% das in-dústrias faz o reaproveitamento das águas apóso processo industrial, segundo estimativa feitapela Hidrogesp, empresa especializada em gera-ção, captação e tratamento de água. A pesquisaapontou a existência de um mercado potencialpara o reúso de águas industriais. Na indústria,pode-se reutilizar a água descartada no proces-so de produção em atividades secundárias, comoa água que sobrou da fabricação de papel, porexemplo, que pode ser tratada e reaproveitadapara lavar o chão da fábrica e caminhões.

Esse uso racional pode reduzir o consumo deágua de uma indústria em até 70%, como já ocor-reu com uma grande montadora de veículos deTaubaté, no interior de São Paulo, que passou acomprar apenas 30% da Sabesp, liberando umvolume de água capaz de abastecer 9 mil pesso-as por mês. A economia mensal da empresa pas-sou a ser de R$ 200 mil a R$ 300 mil. Na regiãometropolitana de São Paulo, o consumo indus-trial de água é de 4% do total, que é de 63 millitros por segundo.

As residências são as que mais consomem -80%. Apesar disso, o impacto da reutilização podeser maior com a adesão da indústria, que temmais condições financeiras de investir em equi-pamentos. Como a tendência é a água ficar cadavez mais cara, o reúso é cada vez mais viável emais necessário, além de representar uma ten-dência mundial.” (Rogério Barion, Ministério doMeio Ambiente).

O principal rio do mundo

“Qual é o rio mais importante do mundo? Al-gumas perguntas às vezes nos surpreendem. Diasatrás, foi a minha vez de surpreender um conheci-do prefeito da Bacia do Paraopeba, ao interrogá-lose já existia um censo de todas as nascentes em seumunicípio. Ele sabia o nome dos principais rios ecórregos que cortavam sua região, mas, ao estra-nhar minha pergunta, passou-me a impressão deque, para ele, os recursos hídricos não faziam par-te da pauta de sua administração. E isso ocorre comquase todos os prefeitos do país. Os governos fe-deral e estadual ainda não se deram conta de que aassustadora e quase inevitável grande crise da águasó será evitada com o total engajamento dos mu-nicípios e dos seus prefeitos e dos habitantes decada localidade. Portanto, o principal rio do mun-do para os habitantes de Formiga é o rio Formiga,com sua bacia hidrográfica e seus afluentes.

No Brasil e em Minas Gerais, raríssimas prefei-turas envolveram-se efetivamente em projetos derevitalização de suas nascentes.Alguns prefeitos,numa atitude mais ´politiqueira‘ do queconservacionista, costumam plantar árvores àjusante dos rios ou nas margens dos esgotos quecortam a cidade. É como colocar flores no caixãode um defunto. Um rio ou um córrego pode servisto como apenas um corpo e só terá vida se foralimentado por pequenas veias, que são as nascen-tes, riachos, olhos d‘água.” (João Rafael PicardiNeto, jornalista e assessor da Secretaria de Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais).

Cachoeira Fundo da Fumaça no Ribeirão das Carrancas,afluente do Rio Capivari, município de Carrancas, MG

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Ausência justificada

“Inicialmente gostaria de parabenizá-lo pelaedição da Revista ITEM (número 61/62), pela qua-lidade da cobertura do evento ABID/ANA/ Csei emBrasília e dos demais artigos e entrevistaspublicadas. Agradeço, também, a gentileza dodestaque de minha participação como palestrantedurante o evento. Quanto à publicidade na se-gunda capa, acho que ficou muito boa, e já to-mamos a decisão de mantê-la para as ediçõesfuturas, pois estou convencido de que a mesmaatende a dois objetivos importantes (apoiar apublicação e a entidade, ao mesmo tempo emque promove nossa marca).” (Antônio AlfredoTeixeira Mendes, da NaanDan Irrigaplan).

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8 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

O ano de 2005 começou commudanças no comando deduas importantes parceiras daagricultura irrigada no Brasil,na Agência Nacional de Águas(ANA) e na Empresa Brasilei-ra de Pesquisa Agropecuária(Embrapa). José Machado as-sumiu o cargo de diretor-pre-sidente da ANA, em janeiro,após a assinatura do termo deposse junto com a ministra doMeio Ambiente, Marina Silva.Machado foi indicado paracompletar o mandato do ex-diretor-presidente, JersonKelman, que se tornou dire-tor-geral da Agência Nacionalde Energia Elétrica (Aneel).

Também em janeiro, o Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou mudan-ças no comando da Embrapa. O novo presidente é opesquisador da Embrapa InstrumentaçãoAgropecuária, Sílvio Crestana, em substituição aClayton Campanhola. Integram ainda a nova diretoriaexecutiva da Embrapa Tatiana Deane de Abreu Sá, JoséGeraldo Eugênio de França e Kepler Euclides Filho.

Perfil de um pesquisador – O novo diretor-presi-dente da Embrapa é físico pelo Instituto de Física eQuímica de São Carlos/USP, com área de atuação emCiência dos Solos, Ciências Ambientais eInstrumentação. Tem mestrado em Física Básica naárea de Óptica não-linear e doutorado em Ciências emFísica Aplicada a Solos, Física das Radiações e Teoriada Imagem, com parte experimental da tese realizadanas universidades de Trieste e de Roma, Itália. Temainda pós-doutorado em Ciência do Solo e CiênciasAmbientais pela Universidade da Califórnia, Davis,USA.

Além da biotecnologia, Crestana ressalta a impor-tância de se avançar em temas emergentes comonanotecnologia, nutrição e saúde, defesa sanitária, cré-ditos de carbono, avaliação de riscos e recursos hídricos.Ele considera a agroenergia um grande desafio para apesquisa agropecuária. “A agricultura está deixando deser apenas produtora de alimentos e se tornando tam-bém produtora de energia, possível de ser obtida a par-tir da transformação da biomassa”, afirmou em entre-vista à imprensa.

8 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Estilo próprio na ANA – Em seu discursode posse, Machado afirmou que quer dar con-tinuidade ao trabalho desenvolvido pela ANA,ao qual pretende imprimir um estilo próprio,tarefa que considera facilitada pela reconhe-cida competência do corpo técnico da Agên-cia. Ao fazer uma análise breve do trabalhoque deve ser intensificado pela ANA, citouproblemas como a irracionalidade no uso daágua, a poluição dos rios por esgotos não tra-tados, a escassez de água em regiões como osemi-árido nordestino e os conflitos de uso.

O novo diretor-presidente falou ainda desua participação na criação do consórciointermunicipal da Bacia do Piracicaba, do qualfoi fundador e primeiro presidente. Lembrouque o trabalho dos consórcios, juntamente comas leis de gestão de recursos hídricos, da ANA,da Secretária Nacional de Recursos Hídricose dos comitês de bacias hidrográficas, são ins-trumentos que fazem parte da Política Nacio-nal de Recursos Hídricos.

A ministra Marina Silva, ao dar posse a José Machado, lembrou o esforço conjuntoque foi o da sucessão da presidência da ANAe disse que “todo o trabalho de duas áreasafins, como energia e água, é a demonstraçãoque a política ambiental deve ser um trabalhode planejamento e integração”.

A ANA também ganhou um novo diretoreleito pelo Senado Federal: o professor OscarCordeiro, com mandato de quatro anos, nolugar da ex-diretora Dilma Seli. Ele é enge-nheiro civil, com doutorado em Ciências e Téc-nicas Ambientais da École Nationale des Pontset Chaussées, França, e mestrado em Técnicase Gestão do Meio Ambiente.

Sob nova direçãoNovos ventos sopram no comando de instituições parceiras da ABID

José Machado,pronunciando o

discursode posse

O pesquisadorSílvio Crestanacoordenou oLabex, o primeirolaboratóriovirtual daEmbrapa noexterior

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 94º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 9

Seguindo determinação aprovada pela As-sembléia Geral da ABID, realizada durante oXIV Conird, em Porto Alegre, o Conselho Dire-tor da ABID, foi constituído e empossado emreunião realizada no dia 2 de fevereiro de 2005em Sumaré, São Paulo, na sede da Amanco doBrasil. Esse Conselho é composto pelos seguin-tes membros: Helvecio Mattana Saturnino(presidente do Conselho Diretor); Antônio AlvesSoares; Ramon Rodrigues (representado porDemetrios Christofidis); Durval Dourado Neto(representado por Marcos Vinícius Folegatti);Valdemício Ferreira de Sousa; Devanir Garciados Santos; Alfonso A. Sleutjes (presidente daAssociação do Sudoeste Paulista dos Irrigantese Plantio na Palha); Alfredo Teixeira Mendes (re-presentando a NaanDan Irrigaplan); FranciscoNuevo (representando a Amanco do Brasil) eBernhard Kiep (representando a Valmont doBrasil).

Além de ratificar a estratégia proposta pelaAssembléia Geral Ordinária ocorrida durante oXIV Conird, de constituir o Conselho Diretorde forma escalonada, foi eleita e empossada anova diretoria da entidade.

Por unanimidade do conselheiros, foram elei-tos: Helvecio Mattana Saturnino, como presiden-te e acumulando a função de diretor executivo;Manfredo Pires Cardoso, vice-presidente e re-presentante das administrações passadas, indi-cado pelo ex-presidente da ABID, Jorge Khoury,

atual secretário do Meio Ambiente e RecursosHídricos da Bahia; Antônio Alves Soares, pro-fessor da Universidade Federal de Viçosa; Antô-nio Alfredo Teixeira Mendes, gerente-geral daNaanDan Irrigaplan; Ramon Rodrigues, do Mi-nistério da Integração Nacional; Durval Doura-do Neto, professor da Escola Superior de Agri-cultura Luiz de Queiroz/USP, como diretores.Dois membros foram empossados como integran-tes da diretoria especial: Valdemício Ferreira deSousa, chefe-geral da Embrapa Meio-Norte,como diretor, em Teresina, para liderar a organi-zação dos eventos a serem realizados no estadodo Piauí; e, Demetrios Christofidis, presidenteda Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia doConselho Nacional de Recursos Hídricos, comodiretor com especial foco nas estatísticas sobreirrigação, cadastro de irrigantes e outros acom-panhamentos voltados para planos e legislaçõessobre recursos hídricos e irrigação.

Entre as aspirações de trabalho estabelecidaspela nova diretoria da ABID estão a ampliaçãodo trabalho cooperativo, visando maior partici-pação das empresas fabricantes de equipamen-tos de irrigação, da Csei/Abimaq, de representa-ções de vendas e outras organizações; além doestabelecimento de estratégias na busca pelamaior proximidade da ABID de estudantes decursos de graduação e de pós-graduação, de or-ganismos federais e estaduais, de organizaçõesde produtores e de comitês de bacia.

Conselho diretor elege nova diretoria da ABIDO Conselho Diretor daABID elegeu a novadiretoria da entidade.Na foto: Alfonso A.Sleutjes; BernhardKiep; Devanir Garciados Santos; AntônioSoares; Francisco deAssis S. Nuevo; MarcosVinícius Folegatti;Valdemício Ferreira deSousa; DemetriosChristofidis; AlfredoTeixeira Mendes; e,Helvecio MattanaSaturnino

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PUBLICAÇÕES

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Anuário Brasileirodo Arroz 2004

Quem assina o artigo deabertura desse anuário éo governador GermanoRigotto, lembrando que oRio Grande do Sul é sinô-nimo de produção orizí-cola, de qualidade e deprodutividade.

Editada pela Editora Ga-zeta Santa Cruz, essa pu-blicação tem como editorRomar Rodolfo Beling etextos de Cleiton Santos, Benno Bernardo Kist, ErnaReetz, Romar Rudofo Beling e Sílvio Corrêa.

São textos jornalísticos em português e inglês, ilus-trados por magníficas fotos em cores, onde são abor-dados diferentes assuntos, entre eles, os númerosdas últimas safras de arroz, os avanços tecnológicosalcançados ao longo de um século da cultura, os re-sultados da safra catarinense, o arroz pré-germina-do, os resultados obtidos por diferentes produtores,entrevista com Pery Sperotto, presidente do Irga edo Fundo Latino-Americano e do Caribe de Arroz Ir-rigado (Flar), o sistema de produção Clearfield, ocultivo de arroz em terras altas, um panorama daorizicultura desenvolvida em outras regiões do país,as questões ligadas ao meio ambiente e o Perímetrode Irrigação do Arroio Duro, onde se faz a gestãocompartilhada de água.

Número de páginas: 136, ilustradas

Maiores informações pelos e-mails:[email protected];[email protected] pelo site: http://www.anuarios.com.br.

Endereço: Rua Ramiro Barcelos, 1.224,Cep 96810-050, Santa Cruz do Sul / RSTelefone: (51)3715-7800, fax: (51) 3715-7863

Aqüífero Guarani, averdadeira integração dospaíses do Mercosul

Lançado recente-mente, o livro“Aqüífero Guarani– A verdadeira inte-gração dos paísesdo Mercosul” traz omais completo estu-do já publicado so-bre o gigantesco re-servatório de águasubterrânea que une,geograficamente,Argentina, Paraguai,Uruguai e Brasil, e pode tornar-se, no futuro,um agente integrador dessas nações.

O livro dos especialistas Nadia Rita BoscardinBorghetti, José Roberto Borghetti e ErnaniFrancisco da Rosa Filho traça um panoramasobre a situação hídrica do planeta, e sobre aimportância do uso racional e da preservaçãodas águas da superfície terrestre, além de res-saltar a importância das águas subterrâneascomo reserva estratégica no futuro. Traça tam-bém uma análise de como o Aqüífero Guaranipode tornar-se parte integrante e fundamen-tal dos debates e das ações voltadas para odesenvolvimento socioeconômico.

Ilustrado com infográficos, cortes e gráficostridimensionais e mapas detalhados, além deum conjunto de transparências em acetato, olivro traz informações essenciais sobre as ca-racterísticas geológicas e hidroquímicas doAqüífero Guarani, e sobre suas aplicaçõesna agropecuária, na indústria e no turismohidrotermal.

O livro pode ser adquirido somente atravésdo site www.oaquiferoguarani.com.br , alémde maiores informações.

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Necessidades de Água eMétodos de Rega

Este livro trata dos aspectos essen-ciais da irrigação na exploração agrí-cola e das necessidades de água dasculturas e dos métodos e sistemasmodernos de aplicação da água emirrigação, visando fornecer conhe-cimentos atualizados sobre quando,quanto e como irrigar.

O cálculo das necessidades de águarefere-se à metodologia recente-mente proposta pela FAO, em cujodesenvolvimento o autor partici-pou: a estimativa de evapotranspiração de referência, de-terminação dos coeficientes culturais e de evapotranspiraçãodas culturas e, finalmente, cálculo do balanço hídrico dosolo com vegetação. Para além das equações de cálculo,são apresentados os fundamentos essenciais e informaçõessobre instrumentação e equipamentos utilizados na práticado campo.

Quanto aos métodos modernos de irrigação, são descritasa irrigação de superfície, a aspersão e a microirrigação, querno que se refere aos equipamentos e práticas no campo,quer nas abordagens essenciais para a escolha, dimen-sionamento e gestão dos sistemas de irrigação, visando bonsdesempenhos e controle dos impactos ambientais.

Um livro destinado tanto a estudantes e engenheiros, já quese baseia em estudos universitários de diversos graus, comoa agricultores e profissionais nos domínios da irrigação e dagestão da água, uma vez que produz informação atualiza-da para a gestão da irrigação e dos recursos hídricos naagricultura.

Seu organizador é Luís Santos Pereira, professor catedráticode Engenharia Rural do Instituto Superior de Agronomia daUniversidade Técnica de Lisboa e professor convidado doInstituto Agronômico de Bali, Itália. Tem coordenado váriosprojetos de pesquisa, tanto em nível nacional como inter-nacional, relativos à gestão da água e do solo, principal-mente aos rios alentejanos, à planície do Norte da China, àbacia do Rio Amarelo (China), à região do Mediterrâneo e àbacia do Mar Aral. Ele é presidente da Comissão Internacio-nal de Engenharia Rural (CIGR) e vice-presidente honorárioda Comissão Internacional de Irrigação e Drenagem (Icid).Foi premiado por várias organizações internacionais.

Maiores informações sobre acesso a esta publicação como autor pelo e-mail: [email protected] .

Utilização da Aspersãoem Malha naCafeicultura Familiar

Segundo seusautores, osp r o f e s s o r e sLuís César DiasDrumond eAndré LuísT e i x e i r aF e r n a n d e s ,doutores emAgronomia eEngenharia deSolo e Água,respectivamente, o objetivo dessa publi-cação é apresentar e discutir o sistemade irrigação em malha, ressaltando suaimportância para o aumento da produ-tividade do café e detalhando a formade sua implantação pelos cafeicultores.Nela, são destacados vários aspectoscomo os relacionados com investimen-to, consumo de energia e projeto de im-plantação desse tipo de sistema.

Tendo como apoio o Consórcio Brasilei-ro de Pesquisa e Desenvolvimento doCafé, coordenado pela Embrapa Café, apublicação teve produção e supervisãodo Programa de Educação à Distânciada Universidade de Uberaba (Uniube).

No de páginas: 88, com ilustrações.

Tiragem: 2.000 exemplares.

Para obter esta publicação, solicita-ções poderão ser encaminhadas aoLaboratório de Processamento daUniube, Av. Nenê Sabino, 1.801,Bloco T, Bairro Universitário, Uberaba,MG, Cep 38055-500, fone: (034)3319-8964 e fax (034)3314-8910.

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Miguel Rossetto, ministro do De-senvolvimento Agrário“O Conird é um espaço impor-tantíssimo para a troca e irradia-ção de experiências e conheci-mentos. O Brasil vem trabalhan-do para afirmar uma estratégiade segurança alimentar. Existe

uma enorme capacidade de produção. Portanto, ointeresse do governo federal pela estabilidade dosetor é evidente. Além disso, criam-se melhorescondições para sustentar e dar regularidade paraa produção, o que garante renda aos agricultores.Isto significa uma capacidade de produção de ali-mentos para abastecer a população e gerar exce-dentes de divisas para o País. Temos recursoshídricos importantes, mas o manejo correto des-ses recursos, através de melhores tecnologias, éfundamental. Ao mesmo tempo, devemos traba-lhar e dar condições para que a tecnologia dessesequipamentos possa ser disponibilizada para amaioria dos agricultores, além de criar condiçõesde financiamento para que esses equipamentosproduzidos no País tenham mais intensidade eabrangência de utilização. O grande desafio é pro-porcionar um ambiente de conhecimento, para quea tecnologia chegue a um amplo universo de pro-dutores.”

OPINIÃO

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Cláudio Langoni, secretário-exe-cutivo do MMA e representante daministra do Meio Ambiente,Marina Silva “Precisamos identificar onde es-tão as melhores experiências deirrigação. O Brasil tem um certotrauma com irrigações malsuce-

didas e, por outro lado, tem avançado em experi-ências desenvolvidas tecnologicamente que produ-zem melhores resultados com menos quantidadede água. Temos potencial de conflito de uso emvárias regiões depedentes da irrigação para a agri-cultura e, em alguns casos, inclusive, conflitos deuso pelo próprio abastecimento humano. Então,precisamos ter mecanismos de gestão e alternati-vas tecnológicas que permitam produzir mais commenos água, para que estes conflitos não cheguema extremos que obriguem a uma opção por umoutro uso predominante. É importante que tenha-mos água para atividades básicas como o abasteci-mento humano.Também, a maior produtividade naagricultura é um elemento de inclusão social e ge-ração de renda e, hoje, isto é fundamental para oBrasil. A agricultura irrigada no agronegócio émuito importante para o País no mercado global.E, se tivermos uma melhor performance em alter-nativas de agricultura irrigada, vai representar todauma estratégia de produção vinculada à lógica domercado global e da exportação.”

Antônio Carlos Vargas Longaray,presidente da Associação dosUsuários do Perímetro de Irrigaçãodo Arroio Duro (AUD)“O Conird foi muito importantepara os associados da AUD epara os usuários da barragem doArroio Duro, porque em Camaquã

temos um perímetro auto-sustentável e dirigidopelos produtores. Temos convênios com o gover-no federal. Este modelo é referência nacional nosistema de irrigação. Isto, porque a AUD tem umsistema que é considerado o melhor no atendimen-to aos anseios dos produtores locais. Sempre bus-camos recursos para aumentar a área irrigada,porque existe muita água no município. O XIVConird tem um papel de suma importância para aAUD, pois, além de trazer pessoas de todo o Paíspara conhecer o nosso sistema, representa umainteressante troca de experiências. Acho que a ex-periência de Camaquã representa o sistema que o

O XIV Congresso Nacio-nal de Irrigação e Drena-gem (XIV Conird) e oEncontro Interamericanode Irrigação, Drenagem eControle de Enchentes(EIIDCE) foram palco deimportantes discussõesvoltadas para o desen-volvimento sustentávelda agricultura irrigada noPaís. Alguns participantesmostraram como viram arealização desses doiseventos no Rio Grandedo Sul.

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governo vem buscando para ser implantado no País.Tenho certeza que os visitantes irão levar uma boaimagem do que os produtores locais estão fazendo.”

João Izidoro Viégas, gerente deOperação e Manutenção da AUD“Acho que o XIV Conird repre-senta uma forma de integraçãoentre técnicos e usuários da água,este bem tão discutido no Esta-do. A visita ao Arroio Duro foimuito gratificante, porque conta-

mos com a presença de representantes de todo oPaís. Estamos tentando desenvolver um trabalhoum pouco diferenciado, especialmente na políticade irrigação.”

Durval Dourado Neto, chefe doDepartamento de Produção Vege-tal da Esalq/USP e coordenadordo Núcleo da ABID na região dePiracicaba-SP“Acredito que o encontro foimuito importante, porque, foiuma oportunidade para discutir

os principais problemas da agricultura irrigada noBrasil. Este evento reúne diferentes profissionaisda iniciativa privada, técnicos que trabalham comprodutores, articulação com produtores, principal-mente nos Dias de Campo, os responsáveis pelaassistência técnica, professores que são formado-res de opinião e jovens que irão entrar no merca-do de trabalho. Além disso, a presença de políti-cos também foi fundamental, pois tiveram a opor-tunidade de verificar os principais problemas e asreivindicações de cada segmento.”

André T. Fernandes, professor daUniversidade de Uberaba-MG eresponsável pelo Núcleo da ABIDem Uberlândia-MG“Estou achando fantástico, prin-cipalmente pela presença de pes-quisadores e de alunos de gradu-ação e pós-graduação, mesmo

com a pouca representatividade de produtores ru-rais regionais. Contudo, é um espaço interessantepara discutir tecnologias e novas opções que sur-gem da pesquisa, a fim de melhorar a qualidadeda produção rural no Brasil.”

Antônio Clarete SantiagoTavares, engenheiro agrônomopela UFRJ, mestrando em Irriga-ção e Drenagem em Piracicaba –Esalq/USP“Para mim, o XIV Conird e, prin-cipalmente, as visitas às estaçõesexperimentais têm sido uma ex-

periência nova, por eu ser natural de uma regiãoque não tem tradição em cultivo de arroz. Comomestrando em irrigação, o Conird está sendo mui-to importante para minha profissão. Portanto, éuma experiência fundamental que deve ser prati-cada na profissão da melhor forma possível.”

Odacir Klein, secretário da Agri-cultura e Abastecimento do RioGrande do Sul“O XIV Conird é um eventomuito importante para o RioGrande do Sul, com a apresen-tação de trabalhos científicos e aexcelente qualificação de profis-

sionais da área. Estamos com um grupo de pesso-as altamente qualificadas em todas as profissões,a fim de atender aos objetivos de todos os partici-pantes presentes, esclarecendo sobre a cadeia pro-dutiva no agronegócio, em especial, sobre a fruti-cultura irrigada do Estado.”

Luís Roberto Andrade Ponte, se-cretário de Estado de Desenvolvi-mento e Assuntos Internacionaise representante do governador doRio Grande do Sul, GermanoRigotto“O Rio Grande do Sul, mesmocom um terço da área irrigada de

agricultura do Brasil, tem muito a caminhar. E airrigação representa um importante instrumentode apoio para o agricultor, porque dá uma maiorestabilidade para o setor produtivo. Temos ener-gia barata e água. Portanto, é imprescindível quedeixemos de ter perdas agrícolas. Por exemplo, aprevisão deste ano era de uma safra de 10 milhõesde toneladas, que acabou baixando para 6 milhõesde toneladas. Se tivéssemos contado com a irriga-ção em toda a área plantada, teríamos mantido aprevisão e poderíamos aumentá-la significativa-mente.”

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João Soares Viegas Filho, secre-tário-executivo da Seção Brasileirada Comissão Mista Brasileiro-Uru-guaia para o desenvolvimento daBacia da Lagoa Mirim, diretor daAgência de Desenvolvimento daBacia da Lagoa Mirim, professor ecoordenador de curso da UFPel.

“Estamos num processo de construção de um co-nhecimento ainda escasso. Cada vez mais, torna-se fundamental que se tenha em mente e se discu-tam os paradigmas e os paradoxos daquilo que sechama desenvolvimento sustentável. São três oscomponentes: econômico, social e dasustentabilidade ambiental. Se falarmos de desen-volvimento econômico pensando em crescimento,e se sabemos que vivemos num planeta que é finito,temos um paradoxo. Então como é que se faz isso?A grande discussão do desenvolvimento econômi-co não envolve simplesmente crescimento, maseficiência. Quando se fala em desenvolvimentosocial, é fundamental, em todos os sentidos, quese busque cada vez mais o desenvolvimento dohomem. Porque, na verdade, só se consegue che-gar à sustentabilidade e ao desenvolvimento, nossentidos econômico e ambiental, melhorando ascondições das populações, a condição de compre-ensão do que é essa nossa vida e nossa interação.”

Valdemício Ferreira de Sousa,pesquisador e chefe-geral daEmbrapa Meio-Norte“A realização do Conird é sem-pre um momento para se discu-tir um tema importante como afruticultura irrigada, especial-mente a do Nordeste. Então, este

é um momento para técnicos, produtores e pes-quisadores apresentarem trabalhos, conferências,seminários e estudos, onde sempre faz parte atemática da fruticultura irrigada na busca de me-lhores conhecimentos para a atividade.”

Reimar Carlesso, professor daUniversidade Federal de SantaMaria (UFSM)“A importância do evento dá-sepela possibilidade de discutir no-vas tecnologias que estão sendoutilizadas na irrigação, principal-mente na sistemática da irrigação

por aspersão, por inundação etc., quando são de-batidos conceitos e técnicas de aprimoramentopara a melhor utilização da água na irrigação, vi-sando seu uso racional na agricultura e um bomequilíbrio para o meio ambiente.”

Flávio Renê Brea Victória, pes-quisador da Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural deSanta Catarina e convidado doCeer/DER/ISA“É de uma importância muitogrande que este evento estejasendo realizado no Rio Grande

do Sul, que é o Estado que mais irriga no País, e astendências apontam para uma necessidade de con-trolar os níveis futuros de escassez. As culturasprecisam de água, que não sendo fornecida pelanatureza, temos que fornecê-la artificialmente,como no Rio Grande do Sul. É preciso usar bemesta água e conhecer os sistemas para impor re-gras que levem ao melhor uso dela. O que aconte-ce hoje é que temos sistemas de irrigação poucoeficientes, e isso leva à degradação ambiental emmuitos locais.”

Marcos Vinícius Folegatti, profes-sor da Escola Superior da Agricul-tura Luiz de Queiroz, da Universi-dade de São Paulo (Esalq/USP)“Esses eventos abordam a gestãode recursos hídricos como umtodo e tornam-se importantespara que as pessoas não percam

o contexto geral de bacia hidrográfica e sua dispo-nibilidade hídrica. Atualmente, existem mais de 200comitês de bacias hidrográficas instalados no País,que representam apenas um início para que a ques-tão do gerenciamento dos recursos hídricos venhaa ocorrer de maneira sustentável. O Brasil é umPaís conhecido internacionalmente por ter água emdisponibilidade. Mesmo assim, existem sérios pro-blemas em várias regiões. Por exemplo, a cidadede São Paulo apresenta um índice de disponibili-dade hídrica mais crítico que o próprio Semi-Ári-do nordestino, como um reflexo da falta de plane-jamento nos processos de ocupação do solo e deurbanização. E isto tem a ver com a irrigação, mo-tivo da nossa discussão, porque o planejamento éque vai garantir o sucesso da atividade.”

Demetrios Christofidis, pales-trante e presidente da Câmara Téc-nica de Ciência e Tecnologia doConselho Nacional de RecursosHídricos“Acho muito importante esta tro-ca atual de idéias e discussões nosdebates em que a agricultura

irrigada é observada de forma mais ampla. O queaconteceu no passado foi uma visão mais localiza-da nas questões de obras civis e equipamentos.Hoje, falam-se mais nas questões vinculadas aopróprio agente de produção, com o manejo ade-quado dos demais instrumentos físicos.”

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Luciano Meneses Cardoso daSilva, gerente de Outorgas da Su-perintendência de Outorga e Co-brança da ANA“Primeiro, por ser um evento so-bre irrigação, já que seu uso é oque consome mais água no mun-do inteiro. Cerca de 70% da água

utilizada no mundo se deve à irrigação. Portanto,este é um evento onde se tem a oportunidade demostrar a legislação existente, todo o conjunto deregras, de normas legais para o uso da água, dosrios, dos lagos, etc. Esta é, também, uma oportuni-dade para conversar com quem mais usa a água. Éimportante reunir no mesmo lugar o maior usuá-rio de água do mundo e o poder público, que que-rem fazer a gestão e promover a gestão integradade recursos hídricos.”

Eugênio Brunheroto, presidenteda Câmara Setorial de Equipa-mentos de Irrigação da AssociaçãoBrasileira da Indústria de Máqui-nas e Equipamentos (Csei/Abimaq)“Para o fabricante de equipa-mentos de irrigação, é fundamen-

tal essa proximidade com os órgãos responsáveispela gestão dos recursos hídricos, quando temos aoportunidade de mostrar as necessidades do se-tor. A apresentação do diretor-presidente da Agên-cia Nacional de Águas (ANA), Jerson Kelman, foifantástica com a introdução do projeto deautodeclaração do agricultor para obtenção da ou-torga de uso da água, o que vem facilitar a ativida-de do setor fabricante.”

Bernhard Kiep, presidente daValmont/Valley“O grande mérito do Conird temsido o de juntar forças para quealgo de construtivo se estabele-ça, a fim de que a evolução daagricultura irrigada no Brasilcontinue existindo. Há um cam-

po muito grande para essa evolução e o bonito noBrasil é que, além de técnicos capazes, tem-se águae área, um potencial, ainda pouco explorado. Fa-lou-se muito sobre as dificuldades administrativasdas instituições responsáveis pela concessão de ou-torgas d’água, empecilhos para os investimentosagrícolas. Portanto, é importante que as autorida-des responsáveis ouçam os problemas, paraalocarem recursos, desburocratizarem a atividadepara que a iniciativa privada não pare. Do contrá-rio, não haverá geração de empregos.”

Afrânio Righes, professor da áreaambiental do Centro UniversitárioFranciscano (Cenifra), Rio Gran-de do Sul“O Conird é uma excelente opor-tunidade para a discussão deações e técnicas a serem utiliza-das na melhoria da qualidade do

meio ambiente. Uma delas, colocada para discus-são e avaliação dos participantes e congressistas, éuma nova tecnologia denominada Mulching verti-cal. Com ela, obtivemos resultados fantásticos naredução de até 75% de escoamento superficial.”

Homero Bergamaschi, pesquisa-dor do CNPq e professor daUFRGS“A agrometeorologia é uma ciên-cia que se ocupa das aplicaçõesda meteorologia na agricultura,com grandes campos de aplica-ção no zoneamento agrícola, no

monitoramento de safras, na irrigação e drenagem,que foram exatamente o tema principal do XIVConird. Através do Conird, tivemos a apresenta-ção de temas em que participam várias ciências,dentre elas, a agrometeorologia, um componenteclimático, que determina índices e dá todoembasamento para a climatologia, quanto às vari-ações do clima, entre outros. Portanto, este encon-tro é de extrema importância para o Estado, já queo Rio Grande do Sul é o que tem a maior áreairrigada por superfície do País.”

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Agricultura irrigadaem debate no

Rio Grande do SulCerca de 500 pessoas ligadas à agricultura irrigada participaram do XIV Congresso

Nacional de Irrigação e Drenagem (XIV Conird) e do Encontro Interamericano de

Irrigação, Drenagem e Controle de Enchentes (EIIDCE), realizados de 24 a 29/10/

2004, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Da programação constaram quatro

conferências, oito seminários, duas sessões pôsteres, 18 minicursos e dois dias de

campo nos municípios de Camaquã e Farroupilha. Um total de 192 trabalhos de

oito diferentes áreas foi apresentado nas sessões pôsteres, abordando temas

sobre conservação da água, solo, drenagem; qualidade da água para irrigação;

engenharia de irrigação; manejo de culturas irrigadas; manejo de irrigação;

quimigação e fertirrigação; reuso de águas residuárias e agrometeorologia.

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O presidente da ABID,Helvecio Saturnino,

destacou aimportância das

discussões dos eventosrealizados no Rio

Grande do Sul, estadoque possui a maior

área irrigada do Brasil

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ntes da conferência de abertura, no audi-tório da Federação das Indústrias doEstado do Rio Grande do Sul (Fiergs),

houve apresentações artísticas sobre a cultura ga-úcha. Os hinos nacional e rio-grandense foramentoados pelas cantoras Lona e Elisa Martins, e oCentro de Tradições Gaúchas Estância da Serra,da cidade de Osório, mostrou a coreografia de duasmúsicas tradicionais do Rio Grande do Sul. Esti-veram presentes o ministro do DesenvolvimentoAgrário, Miguel Rossetto e o ministro substitutodo Meio Ambiente, Cláudio Langoni. Represen-tando o governo do estado do Rio Grande do Sul,estavam secretários e parceiros do evento, AdilsonTroca, do Meio Ambiente; Frederico Antunes, dasObras Públicas e Saneamento; e Odacir Klein, daAgricultura e presidente do XIV Conird. O secre-tário de Desenvolvimento e Assuntos Internacio-nais, Luis Roberto Andrade Ponte, representou ogovernador Germano Rigotto.

Participaram ainda o secretário de RecursosHídricos do Ministério do Meio Ambiente, JoãoBosco Senra; o presidente da Agência Nacional deÁguas (ANA), Jerson Kelman; o presidente emexercício da Associação Brasileira de Irrigação eDrenagem (ABID), Helvecio Mattana Saturnino;o presidente da Csei/Abimaq, EugênioBrunheroto; o representante da Federação daAgricultura do Estado do Rio Grande do Sul(Farsul), Saulo Gomes; o presidente da Emater/RS, Caio Rocha; o presidente do Sindicato dasIndústrias de Máquinas e Implementos Agrícolasno Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier; e opresidente do Instituto Rio Grandense do Arroz(Irga), Pery Sperotto Coelho.

No palco da maior áreairrigada do País

O ministro Miguel Rossetto destacou a impor-tância da ampliação da agenda de trabalho sobreirrigação e a disponibilização de tecnologias paraos produtores. “Temos um compromisso de me-lhorar o meio rural com ampliação da rede de as-sistência técnica que possibilite melhor manejo,trazendo geração de renda”, afirmou. Represen-tando a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,Cláudio Langoni salientou a importância dos even-tos: “O Ministério do Meio Ambiente apóia inici-ativas que promovem o debate das questõesambientais, neste caso, o uso racional de um bemprecioso como a água”, ressaltou.

Segundo o presidente do XIV Conird, a irriga-ção é fundamental para garantir colheitas e a ade-quada utilização da água. “Sou defensor da utili-zação de modernas técnicas de irrigação como for-ma de prevenir a falta de chuva. A irrigação é pre-caução contra o sinistro, enquanto o seguro agrí-cola, por exemplo, é a indenização do prejuízo,

devido a estiagens. Eventos como o Conird de-monstram a importância das integraçõestecnológica, comercial e socioeconômica na ges-tão de recursos hídricos”, afirmou Odacir Klein,secretário da Agricultura e do Abastecimento.

Para o Rio Grande do Sul, que tem 50% de seuProduto Interno Bruto dependente do agronegócioe que sofre com os revezes climáticos, o XIVConird e o EIIDCE se revestem de uma impor-tância especial, segundo o secretário estadual deObras Públicas e Saneamento, Frederico Antunes.“Um congresso como este traz a informação, por-tanto, nos dá caminhos para evitarmos de correratrás da cura. Se pudermos prevenir, teremos con-dições de ter uma safra e controles ambientais ehumanos melhores. Os índices de problemas dedoenças, de perdas e de doenças ambientais no RioGrande do Sul carecem de ações. Por isto, estãopresentes as secretarias estaduais envolvidas.”

O presidente em exercício da ABID, HelvecioMattana Saturnino, destacou a importância dessadiscussão no Estado que possui a maior áreairrigada do Brasil e enumerou as vantagens da agri-cultura irrigada e do desenvolvimento sustentável.Afirmou ainda que estes debates devem ocorrerpara melhor aquilatar-se o grande risco do produ-tor de sequeiro, para abrir possibilidades de umaconsistente capitalização dos produtores com in-vestimentos na agricultura irrigada, entendendo-acomo base de sustentação e para lograr-se a pros-peridade, com melhores horizontes socioeco-nômicos e ambientais. O secretário Ponte, repre-sentando o governo do Estado, afirmou que a irri-gação e drenagem geram emprego e que um con-gresso como este traz diversos benefícios para oRio Grande do Sul.

Ao todo, foram 497 participantes dos eventosno Rio Grande do Sul, originários de 12 Estadosbrasileiros, além de representantes do Equador,Portugal e Estados Unidos. Alunos de universida-des de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio Gran-de do Sul, entre outros, também participaram.

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A cultura e atradição gaúchasforam mostradasaos participantesna solenidade deabertura doseventos na Fiergs

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Cerca de 50 pessoas participaram no terceirodia do XIV Conird, 26 de outubro, da Assembléia-Geral da ABID. O encontro ocorreu após o semi-nário “Desafios e mecanismos para melhorar a efi-ciência da irrigação”.

Durante a assembléia, foi aprovada a propostaestratégica de formação do Conselho da ABID, comum terço dos membros representado por empresase pessoas físicas, em 2005; no ano seguinte, a com-posição passaria para dois terços; e, no terceiro, se-ria completada. A discussão de mudança no Esta-

tuto da ABID ficou para XV Conird, em 2005.A realização do XV Conird em Teresina, no

Piauí, em outubro de 2005, tendo-se também a pro-moção conjunta de um evento internacional sobrea utilização de águas subterrâneas na agriculturairrigada foi aclamada e aprovada, por unanimida-de. Durante a assembléia, foram apresentadosvídeos mostrando a cultura e as belezas naturaisna cidade-sede e Estado hospedeiro do próximoConird, o Piauí, e, também, distribuídos materiaispromocionais do evento.

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A evolução dos ConirdsPara Valdemício Ferreira de Sousa, pesqui-

sador e chefe-geral da Embrapa Meio-Norte,que é associado da ABID desde 1990 e acom-panha a realização dos Conirds desde 2000,está havendo uma evolução na promoção des-se evento. “Há uma maior participação de téc-nicos e de instituições. A presença interessa-da nos trabalhos técnico-científicos, a própriaorganização, enfim, tenho observado que oConird está-se aperfeiçoando cada vez maisao longo desses quatro anos”, afirma ele.

Já o palestrante e presidente da CâmaraTécnica de Ciência e Tecnologia do ConselhoNacional de Recursos Hídricos, DemetriosChristofidis, considera que a evolução ocor-reu em relação às palestras e abordagens fei-tas durante os encontros. “O XII Conird, rea-lizado em Uberlândia-MG, foi uma demons-tração do que poderia ser lançado em cadaprojeto, em termos de sustentabilidade. Hoje,por exemplo, o Conird dá um enfoqueambiental mais direcionado do que aconteciana década de 70. Os Conirds têm colocado empauta temas atuais claramente especificados”,considera ele.

“Em termos de formato, o XIV Conird ébastante parecido com o do ano passado. Oque considero ser mais interessante são os diasde campo em lugares diferentes. Isto enrique-ce bastante o encontro. Vejo que está tão bemorganizado quanto os outros”, analisa LuísGustavo Henriques do Amaral, engenheiromecânico, doutorando em Engenharia Agrí-cola na área de Recursos Hídricos eAmbientais na Universidade Federal deViçosa.

“Acredito que há sempre uma evoluçãopara melhorar a própria organização dosConirds. Existe um esforço muito grande, emespecial do presidente da ABID, HelvecioSaturnino e do professor da UniversidadeFederal de Viçosa, Antônio Soares, com a fi-nalidade de defender os interesses da agri-cultura irrigada no Brasil”, considera DurvalDourado Neto, chefe do Departamento deProdução Vegetal da Esalq/USP e coordena-dor do Núcleo da ABID, na região dePiracicaba-SP.

André Luís Texeira Fernandes, professorda Universidade de Uberaba-MG, responsá-vel pelo Núcleo da ABID, em Uberlândia-MG e um dos participantes ativos de encon-tros sobre agricultura irrigada, considera queos Conirds voltaram pela iniciativa do presi-dente da ABID, e são importantes para to-dos que trabalham com irrigação. “Cadaevento é realizado numa região estratégica,com suas particularidades. São realidades eculturas diferentes em Fortaleza e Porto Ale-gre, por exemplo. O XII Conird emUberlândia teve uma participação grande deprofissionais e foi discutida a questão da agri-cultura irrigada nos Cerrados. No Rio Gran-de do Sul, a maior parte das palestras estávoltada para o arroz irrigado. Em Juazeirotambém foi interessante, porque lá é umaoutra realidade, que nos fala dos perímetrosirrigados. O interessante destes eventos sãoas discussões sobre as peculiaridades regio-nais, importantes para que se conheçam di-ferentes realidades da agricultura irrigada noPaís.”

ABID realiza Assembléia Geral durante Conird

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 19

ITEM – O que vem sendo feito para a realizaçãodo XV Congresso Nacional de Irrigação e Dre-nagem em Teresina, PI?Valdemício – Preparativos estão sendo encami-nhados desde 2003, quando ocorreu o XIIIConird, em Juazeiro, Bahia. Foi feita uma apre-sentação e o Piauí foi escolhido para sediar o XVConird. Instituições como a Embrapa Meio-Nor-te e o governo do Estado estão envolvidos e en-tusiasmados em levar este evento para Teresina.No Estado, temos a Universidade Federal doPiauí, a Codevasf, a Universidade Estadual eoutros que estão agendados e participando dasdiscussões.

ITEM – Qual a importância do uso dos recursoshídricos para o Piauí e a contribuição desses re-cursos para a economia do Estado?Valdemício – A região Meio-Norte compreendeos estados do Piauí e do Maranhão, que, apesarde pertencer ao Nordeste, não sofre tanto comproblemas de falta d’água. Esses dois Estados de-têm uma reserva de água significativa, onde oPiauí destaca-se com as águas subterrâneas. Éuma das maiores reservas de águas subterrâneasdo Brasil. Até pouco tempo, essas águas estavamsendo utilizadas apenas para lazer. Recentemen-te, elas passaram a ser aproveitadas para a irri-gação. Os recursos hídricos têm uma grande im-portância para o desenvolvimento do Piauí, porter a agricultura irrigada como um suporte parao desenvolvimento de outras atividades na indús-tria, no comércio e no turismo. O Estado contaainda com alguns projetos públicos de irrigação,com objetivo de aumentar a área irrigada nospróximos anos, atingindo, aproximadamente, cer-ca de 30 a 40 mil hectares. Estes projetos estãosendo desenhados para utilizar a água do RioParnaíba, único rio nordestino. Também a águasubterrânea será utilizada para irrigação em ou-tros projetos menores. Embora, o Estado contecom essa abundância de águas subterrâneas, de-verá procurar usá-la de forma otimizada.

ITEM – Qual o incentivo que o governo estadu-al tem destinado à agricultura irrigada?Valdemício – Primeiro, contamos com a vonta-de política do governador Wellington Dias, aotratar desta questão. A preocupação dele é deocupar os projetos de irrigação que foram inici-ados em governos passados, em níveis federal eestadual. E esta ocupação dará um avanço naagricultura irrigada do Estado. Especialmenteno projeto denominado Tabuleiros Litorâneos,com uma área de 10 mil hectares a ser irrigada.Atualmente, apenas 1 mil hectares estão ocu-pados. Outro projeto no Sul do Estado, deno-minado Platôs de Guadalupe, tem um potenci-al instalado para irrigar 30 mil hectares, que, nomomento, não têm nem 10% desta área ocupa-da. Portanto, o trabalho do governo estadualestá voltado para fazer com que estes projetossejam utilizados na sua totalidade. Também háoutros projetos menores necessitando de incen-tivos. Graças ao potencial hídrico, solos bons eclima favorável, é possível aumentar a áreairrigada do Estado de maneira responsável, ter-minar obras iniciadas para começar outras novas.

4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 19

Piauí prepara-se para sediar o XV Conird

Valdemício Ferreira de Sousa, pesquisador echefe-geral da Embrapa Meio-Norte, falou à ITEM

sobre os praparativos para o XV Conird e oSeminário Internacional de utilização das águas

subterrâneas na agricultura irrigada.

O rio Poti, que banha a capital do Piauí, Teresina, é um dos afluentes doParnaíba, considerado o único rio nordestino

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SUGESTÕES PARA A PRODUÇÃO DE ARROZIRRIGADO COM BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

1. Importância social e econômica do arroz irrigado

A cultura do arroz irrigado tem grande importância social eeconômica para os estados do Rio Grande do Sul e SantaCatarina. Na safra 2003/2004, mais de 1.170 milhão hectaresforam cultivados nos dois Estados, envolvendo cerca de 25 milfamílias de agricultores. Nesta safra, a produção estimada dearroz foi superior a 7,3 milhões de toneladas e o valor bruto daprodução estimado em 5,1 bilhões de reais.

O desempenho da lavoura está associado ao desenvolvimentode tecnologias de produção pela pesquisa agropecuária e re-passadas aos produtores pela assistência técnica. Entre astecnologias desenvolvidas, destacam-se as novas cultivares, omanejo adequado de plantas daninhas e pragas, o uso de adu-bação e a melhoria nos sistemas de cultivo.

Merece destaque especial, o dedicado trabalho dos produtoresque conseguem obter o máximo de produção.

2. A importância e uso da água em arroz irrigado

A água é um insumo primordial para o cultivo do arroz irriga-do, tanto no sistema pré-germinado como em sistemas quecontemplem a semeadura em solo seco. Sua importância está

Uma cartilha paraos produtores gaúchos

de arroz irrigado

Durante o XIV Conird e oEIIDCE, sob a iniciativa da

Sociedade Sul-Brasileira deArroz Irrigado (Sosbai) e daComissão Técnica do Arroz

(CTAR), foi apresentada umacartilha com sugestões para

a produção de arrozirrigado com baixo impacto

ambiental, tema queinteressa de perto aos

produtores de arroz irrigadodo Rio Grande do Sul. Por

julgá-la de importância paraa agricultura irrigada do

Estado, a revista ITEMpublica, na íntegra, o teor

dessa cartilha.

Uma cartilha paraos produtores gaúchos

de arroz irrigado

FOTO: EMATER / RSNo Rio Grande

do Sul, aprodução do

arroz irrigadoocupa a maior

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cerca de 25 milfamílias de

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 214º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 21

relacionada com o seu uso para o preparo do solono sistema pré-germinado, ao suprimento da ne-cessidade de água da planta de arroz, ao controledas plantas daninhas, doenças e de alguns inse-tos-praga e ao aumento da disponibilidade denutrientes.

A água utilizada nas lavouras é oriunda de rios,riachos, lagoas, barragens e açudes, sendoconduzida para as lavouras por gravidade ou porbombeamento.

Estudos realizados pela Epagri, Irga e Universida-de Federal de Santa Maria mostram que o uso daágua nas lavouras é de aproximadamente 8 milmetros cúbicos por hectare, considerando todo operíodo de cultivo, que é de quatro a cinco meses,desde o preparo inicial do solo no sistema pré-ger-minado até a colheita. Desse valor, deve ser descon-tada a precipitação que corresponde de 20% a 40%.

3. O impacto ambiental do arroz irrigado

Apesar de sua importância social e econômica, alavoura arrozeira tem sido muito visada quanto aoaspecto ambiental. Para efeito de licenciamentoambiental, a lavoura é causadora de impactoambiental. Sem dúvida, como qualquer outra ati-vidade humana, a lavoura causa impacto no ambi-ente. Entretanto, não se pode classificá-lo comogrande ou pequeno, sem danos concretos. Nestesentido, instituições de pesquisa (Irga, Epagri,Univali, Embrapa, UFSM, UFRGS, UFPel e Unisinos)estão trabalhando para qualificar os impactos dalavoura de arroz no ambiente e obter informaçõesque, repassadas aos agricultores, permitirão redu-zir os custos ambientais sem prejuízo para a pro-dução e qualidade do alimento.

O licenciamento é um dos instrumentos de gestãoambiental estabelecido pela Lei Federal no 6938,de 31/08/81, também conhecida como Lei da Polí-tica Nacional do Meio Ambiente.

Em 1997, a Resolução no 237 do Conselho Nacio-nal do Meio Ambiente (Conama) definiu as com-petências da União, Estados e municípios e deter-minou que o licenciamento deverá ser sempre fei-to em um único nível de competência.

No licenciamento ambiental são avaliados impac-tos causados pelo empreendimento, tais como: seupotencial ou sua capacidade de gerar líquidospoluentes (despejos e efluentes), resíduos sólidos,emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de ris-co, como por exemplo, explosões e incêndios. Éimportante lembrar que as licenças ambientais es-tabelecem as condições para que a atividade ou oempreendimento cause o menor impacto possívelao meio ambiente. Por isso, qualquer alteração

deve ser submetida a novo licenciamento, com asolicitação de Licença Prévia.

O licenciamento ambiental para a orizicultura noestado de Santa Catarina é feito pela Fundação deMeio Ambiente (Fatma) e no Rio Grande do Sul,pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental(Fepam).

A Resolução no 284/2001 do Conama determinouo Licenciamento Ambiental por empreendimentoe propriedade individual. Entendendo-se comoempreendimento de irrigação o conjunto de obrase atividades que o compõe, tais como: reservató-rio e captação, adução e distribuição de água, dre-nagem, caminhos internos e lavoura propriamen-te dita, bem como qualquer outra ação indispen-sável à obtenção do produto final do sistema deirrigação. Esta mesma resolução determinou o pra-zo para todos os empreendimentos se licenciarem,em 30 de setembro de 2003.

Devido a não observância da Resolução do Conama,o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema)aprovou a Resolução no 036/2003, que determinaum procedimento simplificado para o licencia-mento ambiental, com redução de custos e prazopara regularização dos empreendimentos já im-plantados, até 31 de março de 2004. A partir des-ta data, a regularização deverá ser feita para osempreendimentos já implantados sem redução decustos e dentro do procedimento convencional daFepam. Esta Resolução também aprovou a reali-zação do Plano Estadual de Regularização da Ativi-dade da Irrigação (Perai) a ser implantado em umperíodo de cinco anos a partir de sua aprovação.

4. Licenças Ambientais (documentos emitidos)

• Licença Prévia (LP) - Concedida na fase prelimi-nar do planejamento do empreendimento ou ati-vidade, aprovando sua localização e concepção,atestando viabilidade ambiental e estabelecendoos requisitos básicos e condicionantes a serematendidos nas próximas fases de sua implemen-tação. O documento não autoriza a execução dequaisquer atividades destinadas à implantação doempreendimento.

• Licença de Instalação (LI) - Documento a sersolicitado antes da implantação do empreendi-mento. A concessão da LI implica na manutençãodo projeto final, conforme as condições do defe-rimento. Autoriza a instalação do empreendimen-to ou atividade de acordo com as especificaçõesconstantes dos planos, programas e projetos apro-vados, incluindo as medidas de controle ambientale demais condicionantes da qual constituem mo-tivo determinante. O empreendedor não poderáiniciar quaisquer obras na área, antes de obtida a LI.

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22 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 200422 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

• Licença de Operação (LO) – Documento quedeve ser solicitado antes da operação do empre-endimento. Autoriza a operação da atividade ouempreendimento, após a verificação do efetivocumprimento que consta das licenças anteriores,como as medidas de controle ambiental econdicionantes determinantes para a operação. Aconcessão de LO implica na manutenção do funci-onamento dos sistemas de controle da poluição,conforme as condições do deferimento.

• Autorização – São destinados a atividades pon-tuais, com prazo determinado e execução única eimediata, não operação de eventos encadeados einterdependentes. Documento precário que auto-riza por um prazo não superior a 1 (um) ano umadeterminada atividade bem definida.

• Declaração – São de caráter comprobatório defatos e/ou situações temporárias, passíveis de mo-dificações freqüentes.

OBS.: Todos os encaminhamentos de Licencia-mento Ambiental devem ser realizados por umprofissional habilitado e mediante a emissão deuma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

Mais informações: www.fepam.rs.gov.br

5. Sugestões aos produtores de arroz irrigado

• Preservação da vegetação ciliar – A manuten-ção da vegetação ciliar junto aos rios e riachos éimportante para a preservação das margens, bemcomo para a manutenção da biodiversidade noambiente. A preservação da vegetação junto àsnascentes dos rios e encostas contribui, de formadecisiva, para manter e aumentar a disponibilida-de de água na bacia hidrográfica. A instalação delavoura junto às margens dos rios favorece odesbarrancamento das margens e o assoreamentodos leitos.

• Armazenagem de água – Os produtores quepossuem lavouras em áreas com escassez de águadevem, de forma individualizada ou coletiva, ar-mazenar a quantidade de água necessária para acondução da lavoura. A armazenagem pode serfeita em açudes. É importante, na busca da racio-nalização do uso de uma irrigação, que procureminimizar perdas por escoamento superficial e umsistema de recalque e distribuição corretamentedimensionado. No sistema pré-germinado, deve-se iniciar o preparo do solo nos quadros mais al-tos para reaproveitar a água nos quadros maisbaixos da lavoura. Nesse sistema, a antecipaçãoda inundação dos quadros, aproveitando a águada chuva ou dos rios em época de baixa deman-da, contribui para diminuir a necessidade de cap-tação de água durante as épocas de escassez.

• Entaipamento da lavoura – No sistema pré-germinado, as taipas devem ter altura de 30 a 50cm. Isto facilita a manutenção da lâmina d’águana lavoura e reduz os riscos de perdas (transbor-damento) na fase de preparo do solo e após a apli-cação de agrotóxicos e adubos. Assim, o investi-mento a ser feito na melhoria do entaipamentoirá diminuir a probabilidade de contaminação dosmananciais hídricos. Nos demais sistemas, as tai-pas devem ser mais baixas, mas as rondas que circu-lam a área devem ter também 30 a 50 cm de altura.

• Preparo do solo – O preparo adequado do solono sistema pré-germinado, principalmente comum bom nivelamento e alisamento, reduz a inci-dência de plantas daninhas e de pragas, como abicheira-da-raiz. Isto reduz a necessidade de utili-zação de agrotóxicos, como herbicidas e insetici-das, viabilizando o manejo de irrigação com lâmi-na permanente, sem retirar a água após a semea-dura. O preparo da área no seco e/ou o trabalhofinal da área realizado em época que permita asedimentação dos sólidos que ficam em suspen-são, devido à movimentação do solo dentro daárea minimiza as perdas, caso seja recomendadaa retirada da água da lavoura.

• Drenagem da área no período de inverno – Acorreção da superfície do solo, permitindo a saídada água da área que será cultivada, possibilita aimplantação da lavoura na época recomendada,bem como reduz a presença de algumas pragas eplantas daninhas.

• Rotação de sistemas de cultivo. Priorizar, sem-pre que possível, os sistemas que promovam me-nor impacto ambiental, de acordo com a condi-ção de cada propriedade. A alternância de siste-mas de cultivo é outra prática que melhora asustentabilidade do processo produtivo, pela ma-nutenção de níveis baixos de ocorrência de plan-tas daninhas, de insetos e de doenças, com con-seqüente redução do custo de controle.

• Época de semeadura. No RS, a semeadura atéinício de novembro possibilita maior produtivida-de, em função do melhor aproveitamento da ra-diação solar, da disponibilidade de água nos ma-nanciais e das condições favoráveis de umidadedo solo. Dessa forma, proporciona economia deágua e maior eficiência de uso desse insumo.

• Manejo da água de irrigação. No sistema pré-germinado, a manutenção da água na lavoura apósa semeadura do arroz reduz o seu uso pela cultu-ra, as perdas de solo e nutrientes e a infestaçãode plantas daninhas, especialmente do arroz-ver-melho. O perfeito nivelamento da área é condiçãoindispensável para realizar esse manejo de irriga-ção. Esta prática deve ser executada com cuidadonas áreas sujeitas a ventos, pois pode acarretar

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 234º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 23

amontoa de sementes após a semeadura no siste-ma pré-germinado. Sugere-se que, nos demais sis-temas de cultivo, a irrigação inicie o mais cedopossível e que a lâmina d’água seja mantida bai-xa. A manutenção da lâmina d’água na lavourapor um período mínimo de 30 dias, após a aplica-ção dos agrotóxicos, é de fundamental importân-cia para minimizar os riscos de contaminação dosmananciais hídricos. Durante esse período, o pro-dutor deve manter as saídas de água fechadas eefetuar apenas a reposição para a manutenção dalâmina d’água.

• Manejo da resteva. A queima da resteva após acolheita aumenta a poluição do ar e reduz a adi-ção de resíduos vegetais ao solo. Esses resíduossão importantes para a manutenção e aumentodos níveis de matéria orgânica no solo. Sugere-seque a resteva seja mantida na superfície do solo,em áreas de plantio direto, e incorporada, quan-do o solo for preparado. Salienta-se atenção es-pecial para a época de incorporação, pois em áre-as infestadas por arroz-vermelho esta prática podeocasionar problemas. Sugere-se também, o uso decolheitadoras com espalhador de palha.

• Marrecos nas lavouras. A utilização de marre-cos nas áreas de arroz, no período de entressafra,é uma prática usual para muitos produtores deSanta Catarina e RS. Estudos realizados na Epagrie Irga têm comprovado a eficiência dos marrecosno controle de algumas plantas daninhas, especi-almente do arroz-vermelho, e na redução dainfestação de algumas pragas. Os marrecos tam-bém podem ser utilizados durante a safra do ar-roz para o controle do percevejo-do-colmo, tam-bém conhecido como tibraca ou fede-fede.

• Rizipiscicultura. A rizipiscicultura consiste nocultivo associado de arroz com peixes. Trata-se deuma prática eficiente para reduzir as infestaçõesde plantas daninhas, especialmente de arroz-ver-melho e capim-arroz. Reduz também, a infestaçãode algumas pragas. No entanto, a utilização destaprática exige uma infra-estrutura mínima como aconstrução de refúgio e reforço nas taipas e estána dependência da disponibilidade de água de boaqualidade e de local livre de inundações periódi-cas ou enxurradas. Alguns predadores tambémpodem dificultar esta atividade.

Lembretes

– Uso adequado dos agrotóxicos – Sempre quehouver necessidade de utilização de agrotóxicos,o produtor deve procurar a orientação de um pro-fissional habilitado. Nesse sentido, sempre utili-zar produtos nas doses recomendadas, com me-nor toxicidade e persistência no ambiente. É proi-

bida a utilização de produtos não registrados ounão recomendados para a cultura. O uso indevidode agrotóxicos, além de prejudicar a saúde e oambiente, aumenta o custo da lavoura.

– Não aplicar herbicidas em benzedura em pré-semeadura – A aplicação de herbicidas em ben-zedura em pré-semeadura implica na necessidadede troca de água da lavoura para a semeadura doarroz. Para evitar a contaminação da água comresíduos de agrotóxicos, recomenda-se que estemétodo de controle de plantas daninhas não sejautilizado.

– Pulverizadores – Estes equipamentos devemapresentar condições adequadas para a regulagemda vazão e a manutenção desta durante a aplica-ção. Os pulverizadores devem apresentar bom es-tado de conservação, sem vazamentos e utilizarbicos adequados ao produto a ser aplicado.

– Descarte de embalagens de agrotóxicos – Alegislação atual estabelece que todas as embala-gens vazias de agrotóxicos devem ser submetidasà tríplice lavagem e devolvidas nas casasagropecuárias, no prazo máximo de um ano apósa compra. A água oriunda da tríplice lavagem dasembalagens deve ser utilizada na lavoura. Nenhu-ma embalagem de agrotóxico deve ser descarta-da em lixo comum, nem tampouco enterrada, quei-mada ou jogada na lavoura e nos rios.

– Combustíveis – Evitar o derramamento de óleodiesel, graxas e lubrificantes. Recolha baldes, fil-tros usados e demais materiais, os quais devemser descartados em local adequado.

– Equipamentos de proteção individual – Utili-zar equipamentos de proteção individual na apli-cação de agrotóxicos, os quais devem ser adequa-dos para uso em lavouras de arroz irrigado.

– Lixo – Coletar o lixo, separar o lixo orgânico enão-orgânico. Aproveitamento dos resíduos sóli-dos para compostagem e uso posterior como fer-tilizante. O lixo orgânico (seco) deverá ser recolhi-do para reciclagem.

Represasconstituemuma soluçãointeligente parao equilíbrio dosrecursos hídricos

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da revista ITEM e outras articulações como basepara impulsionar esse trabalho.

5. Evidenciou-se a importância de fortalecer a or-ganização da ABID e seu relacionamento com ossetores público e privado, dando-se continuidadee ampliando-se os trabalhos em curso.

6. Evidenciou-se a importância da abordagem dosagronegócios com base na agricultura irrigada, dis-cutindo-se desde as políticas em torno dos recur-sos hídricos, até a disponibilidade dos produtospara consumidores nacionais e estrangeiros, comos diversos elos das cadeias produtivas. Especifi-camente no caso do arroz, ficou patente a fragili-dade do produtor brasileiro diante das mesmasoportunidades de mercado dos argentinos e dosuruguaios, cujos custos de produção são substan-cialmente menores. Um desafio a mais para oMercosul.

7. Evidenciou-se a necessidade de uma maior arti-culação com o Ministério da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento (Mapa) e com o setor de fer-tilizantes, intensificando-se os trabalhos que aABID tem perseguido na fertirrigação, como a ar-ticulação com outras associações e organismos quecomungam desse mesmo objetivo.

8. Evidenciou-se a importância da maior presençae representatividade da agricultura irrigada na for-mulação das políticas de recursos hídricos e noscomitês de bacias hidrográficas, colocando-se essedesafio como uma necessidade de criação e ampli-ação dos núcleos da ABID em regiões mais críti-cas.

9. Evidenciou-se que aquele que recebe a revistaITEM tem condições de engajar-se, cada vez mais,na ABID, inclusive trazendo outras pessoas parafortalecer este trabalho. Isto também se aplica àsempresas privadas e a suas redes de atuações noBrasil e no exterior. Junto aos organismos públi-cos, e em todas as frentes, deve-se ressaltar a im-portância de cada um ser um parceiro e sentinelada ABID, levantando sempre a bandeira em favorda agricultura irrigada.

10. Evidenciou-se que a ABID, como comitê na-cional brasileiro da Internacional Commission onIrrigation and Drainage (Icid) e com os desafiosexistentes na área internacional, precisa continuarfortalecendo esse relacionamento, perseguindo otrabalho cooperativo com o governo, a exemplo doque tem feito com o Ministério da IntegraçãoNacional.

Ao ensejo do XIV Conird e do EIIDCE

24 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

C onclusões importantes foram tiradas aoensejo do XIV Congresso Nacional deIrrigação e Drenagem (XIV Conird) e do

Encontro Interamericano de Irrigação, Drenageme Controle de Enchentes (EIIDCE), em Porto Ale-gre, Rio Grande do Sul. Estes eventos tiveram osrecursos hídricos e as parcerias para o desenvolvi-mento sustentável dos agronegócios calcados naagricultura irrigada, a permear entre diversas au-toridades do governo, cientistas, técnicos, indus-triais, produtores rurais, estudantes e professores.Durante uma semana de trabalho, duas cadeiasprodutivas mereceram especial destaque, realizan-do-se, inclusive, dois dias de campo: a oriziculturae a fruticultura, tendo a cultura do morango comoexemplo.

Nesse processo dialético, vale destacar que:

1. Evidenciou-se, na abrangência de todo oagronegócio brasileiro, tendo o Rio Grande do Sulcomo exemplo, o quanto o risco agrícola tem sidoperverso para o produtor rural e o quanto os inves-timentos em programas de irrigação e drenagempodem amenizar riscos e beneficiar o produtor, abacia hidrográfica, o município, o Estado e o País.

2. A partir do Rio Grande do Sul, evidenciaram-sea urgência e a importância de cada Estado brasi-leiro avaliar e colocar em seus planos de governoprogramas de investimentos na agricultura irrigadae no controle de enchentes. Tendo-se como basetodo o espaço rural, onde, com adequados mane-jos, a exemplo do sistema Plantio Direto, da cons-trução de represas e outras práticas voltadas parauma agricultura sustentável, ter-se-ão maior con-servação e revitalização dos recursos naturais emaior garantia do suprimento dos recursoshídricos, para a irrigação ao longo do ano. Isto re-sultará em benefícios para toda a sociedade, emdecorrência das oportunidades de geração de ri-quezas e de empregos.

3. Evidenciou-se fazer permanente, cada vez mais,o trabalho cooperativo entre a ABID e a ANA,perseguindo-se a proposta e o compromisso dopresidente Jerson Kelman, de uma coordenaçãocom os Estados, visando à simplificação, à padro-nização e à agilização dos processos de outorga,para atender aos projetos de irrigação.

4. Evidenciou-se a prioridade em perseguir a mai-or eficiência da agricultura irrigada, intensifican-do-se os trabalhos de organização e sistematiza-ção das informações disponíveis, fazendo com queestas cheguem às práticas comuns com maiorceleridade, tendo os eventos da ABID, as edições

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 25

erson Kelman tratou, principalmente, dosmeios para transformar a agricultura irrigadamais eficiente e rentável para o produtor. Ele

lembrou os compromissos assumidos durante o se-minário de irrigação, realizado pela ABID e pelaANA nos primeiros dias de junho de 2004, emBrasília. O mais importante deles foi a elaboraçãodo kit outorga, que facilitará a vida dos produtoresrurais. Outro compromisso foi o do estudo paraelaboração de um cadastro nacional de irrigantes,a ser inserido no Plano Nacional de RecursosHídricos. Na sua participação, Kelman dissertouainda sobre a reportagem “Uma perda de 23% noPIB do País com subsídios de ricos”, publicada nojornal O Globo, de 24 de outubro de 2004 (veja ailustração na p. 26).

Essa reportagem trata dos subsídios agrícolasexistentes nos países desenvolvidos, onde economis-tas estimam em US$100 bilhões o prejuízo potenci-al do Brasil com subvenções agrícolas dos EstadosUnidos, União Européia e Japão. A estimativa é deque o Brasil poderia crescer cerca de 23% o PIB, oque Kelman considera uma enormidade. Esse cres-cimento traria uma série de outros problemas, comoa falta de infra-estrutura de portos e estradas. Asperspectivas de crescimento econômico do País au-mentam a urgência na padronização dos processosde outorga do direito de uso da água.

ANA institucionalizao kit outorga e o cadastro

nacional dos irrigantes

POLÍTICA NACIONALDE RECURSOS HÍDRICOS

Um dos momentos mais aguardadosdos eventos realizados em Porto Alegre

foi a conferência que teve como tema“Os recursos hídricos e as parcerias para

o desenvolvimento sustentável dosagronegócios calcados na agriculturairrigada”. O painel teve como um dosconferencistas o diretor-presidente da

Agência Nacional de Águas (ANA),Jerson Kelman, além de contar com a

participação do secretário substituto daSecretaria Estadual de Meio Ambiente

(Sema), Luiz Paulo Rodrigues Cunha; dosecretário-executivo do Conselho de

Recursos Hídricos do Rio Grande do Sule responsável pelo setor de

Planejamento do Departamento deRecursos Hídricos da Sema/RS, PauloRenato Paim; e do vice-presidente da

Federação da Agricultura do Estado doRio Grande do Sul (Farsul), Francisco

Lineu Schardong.

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 25

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O crescimentoda economiabrasileiraprovoca aurgência dapadronizaçãodos processosde outorga dedireito de usoda água

ANA institucionalizao kit outorga e o cadastro

nacional dos irrigantes

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Kelman afirmou ainda que o Brasil tem muitaágua, mas que, mesmo assim, ela representa umfator de restrição em várias áreas do País. “Pararesolver este problema, precisamos disciplinar ouso da água para garantir o investimento. Para isso,temos a outorga. E muitos vêem a outorga comomais uma licença que atrapalha a vida de quemtrabalha. É possível que, por falhas institucionais,ao se criar um sistema de outorgas, acabemos cri-ando um monstro”, afirmou. “É importante anali-sar o que existe por trás do sistema de outorgas,em nível federal e estadual, para que não se percade vista o que se quer implantar, onde se quer che-gar e o que temos que fazer para impedir desviosde rotas. Essa seria a maior preocupação da ANAna criação deste sistema de outorga para não secriar mais um monstro burocrático”.

A principal razão para se fazer um sistema deoutorga é dar garantia ao investidor que ele teráacesso à água. No Nordeste, este é um dos princi-pais fatores que impedem o desenvolvimento, por-que não há a garantia de obtenção da água. Paraisso, é preciso um sistema que já existe no mundointeiro, onde os direitos de acesso à água são devi-damente registrados e garantidos pelo poder pú-blico. O fato de a água dos rios ser de responsabi-lidade do poder público não quer dizer que ela éde irrestrito acesso. “Se fosse assim, se cada umchegasse aos rios e tirasse o que bem entendesse,teríamos o que chamamos de ´tragédia do uso debem comum`. O sistema de outorga tem a inten-ção de eliminar esta tragédia”, ressaltou Kelmansobre a importância da padronização da obtençãode outorgas. (Leia matéria “Brasil repete a ´tragé-dia de uso comum` em relação às águas dos rios”, àp.81, da Item nº60).

Mas o sistema não pode ser complexo. Em al-guns Estados, a dificuldade de obter outorga éapontada como um inibidor do desenvolvimentoagrícola. O irrigante fica sem a possibilidade decrédito. Essa preocupação também foi manifesta-da pelo deputado Delfim Neto, publicada no jor-nal Folha de São Paulo, de 06/10/2004. O desafio

do governo federal, através da ANA e dos governosestaduais é o de produzir um sistema que seja útil.

No seminário de junho, a ABID, a CSEI e re-presentantes de produtores e da indústria de equi-pamentos de irrigação, reivindicaram à ANA so-luções para este problema. Na ocasião, JersonKelman prometeu um kit outorga, que acreditavaser uma cartilha destinada ao irrigante com expli-cações sobre a outorga, disponível no site da ANA(www.ana.gov.br). A intenção é de que essa cartilharepresente um trabalho elaborado em conjuntocom o produtor. A ANA irá imprimi-la e distribuí-la. Outro compromisso do kit outorga é a afirma-ção de que a ANA se propõe a trabalhar junto aosgovernos estaduais, para agilizar os processos deoutorgas, onde o objetivo é sua simplificação.

A ANA já está agendando negociações com ogoverno do Rio Grande do Sul para regular o usode recursos hídricos, não apenas voltado ao setoragrícola.

Esse regulamento dar-se-á por bacia hidro-gráfica. Inicialmente, será necessário identificar adisponibilidade e a demanda de água no local. Adisponibilidade é a informação que se tem a partirdos monitoramentos dos rios, e a ANA detém maisde cinco mil pontos de monitoramento no Brasiltodo. A demanda será conseguida com o preen-chimento, pelos usuários, de um formulário sobrerecursos hídricos, que pede somente informaçõesessenciais. Depois, será avaliado se existe ou nãoestresse hídrico, se a demanda é maior ou menorque a disponibilidade. Todos os formulários deve-rão virar outorga, se a demanda for menor que adisponibilidade, cabendo à ANA a responsabilida-de para com os rios federais e, ao Estado, para comos rios estaduais.

A intenção é de que, quando a ANA, ou o ór-gão estadual, estiver analisando a concessão daoutorga, o irrigante já esteja regularizado. Segun-do Kelman, é uma proposta que, para dar certo,precisa da intenção dos Estados. Quem usar a águade forma perdulária, terá uma outorga de poucaduração. Já os que usarem de forma correta, ga-nharão uma outorga de 20 anos. Portanto, o prazode duração da outorga será de acordo com a cor-reta utilização da água.

O Cadastro Nacional de Recursos Hídricos irásintetizar e guardar as informações declaratóriasdos usuários. Os casos sob a responsabilidade daANA serão aceitos via internet ou pelo correio,com informações mínimas do irrigante e da obra.“Desenvolvemos um sistema de hidrorefe-renciamento, que já está disponível. As campanhasde cadastramento já estão em andamento”, afir-mou ele. Criada há três anos e meio, a ANA dis-põe, atualmente, de 100 funcionários concursadospara a elaboração desse trabalho. “Não queremosdar um passo maior que a perna. Estamos atacan-do os problemas do Brasil, com uma certa lógicade tensão hídrica”, salientou Kelman.

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 27

ITEM - Qual a importância do XIV Conird?Kelman – Esse congresso, quanto ao que in-teressa à ANA, é a discussão sobre o uso daágua na agricultura e de que maneira a ou-torga de uso da água pode ser um sistema quecontribua para que o irrigante tenha garantiade acesso à água e não seja um obstáculo bu-rocrático para ele obter financiamentos, oupara ele poder exercer a sua atividade produ-tiva.

ITEM – Como ficaram os compromissos as-sumidos em junho, no seminário realizadopela ANA/ABID, em Brasília?Kelman – Nesse seminário foi estabelecidoque a ANA iria propor uma cartilha destina-da ao irrigante, com explicações sobre a ou-torga e de que maneira ela lhe pode ser útil.Essa cartilha está pronta, no site da ANA,numa versão preliminar. A intenção é que osinteressados acessem o site, examinem acartilha e façam sugestões de aprimoramen-tos. Quando este processo estiver concluído,vamos publicá-la. A importância desta discus-são é de também levar ao produtor os princí-pios fundamentais da proposta de um cadas-tro nacional de irrigantes. É uma metodologiaem que o ônus de regularização da atividadedo irrigante passe a ser da alçada dos órgãosgestores de recursos hídricos.

ITEM – Como está o andamento da gestãocompartilhada dos recursos hídricos no RioGrande do Sul?Kelman – O Rio Grande do Sul tem tradiçãode muitos comitês de bacias em funcionamen-to, anteriores à implantação da ANA e do sis-tema nacional , e creio que, com o sucessoque temos tido em outras bacias hidrográficasdo País, na formação de agências de bacias,como órgãos executivos, possam dar ao RioGrande do Sul exemplos para novos rumosainda mais intensos para o progresso do Es-tado.

ITEM – Como harmonizar a implantação po-lítica de recursos hídricos nos Estados queadotam diferentes posicionamentos em cadaunidade, visando o desenvolvimento susten-

tável da agricultura irrigada e um tratamentoigualitário das mesmas situações?Kelman – Esse foi um dos compromissos queassumimos no seminário realizado em junho, emBrasília. Temos a intenção de atuar junto aos Es-tados para adotarmos critérios mais simples ehomogêneos para a emissão de outorgas paraos irrigantes. Esse esforço de homogeneizaçãonão pode ser só um desafio para a ANA, temque ser também um desafio para os interessa-dos. As próprias associações de irrigantes de-vem-se interessar em ajudar a ANA a criar essametodologia unificada e homogênea, simboliza-da pelo cadastro nacional de usuários de recur-sos hídricos destinado a simplificar a vida de to-dos.

ITEM – Qual a sua opinião sobre o Projeto doPrêmio Gaúcho de Uso Sustentável da Água naLavoura Irrigada?Kelman – Acredito ser uma boa iniciativa, prin-cipalmente no campo simbólico, porque modi-fica a imagem mais comum que se tinha dos ór-gãos de controle ambiental, a de um órgão pu-nitivo. E, desse modo, cria-se a imagem dapremiação, que é muito mais simpática e atingeos mesmos objetivos, de uma outra forma.

4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 27

Como o produtor pode participar da elaboraçãodo Cadastro Nacional dos Irrigantes?

E N T R E V I S T A JERSON KELMAN

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Kelman: “Aoutorga nãopode ser umempecilhoburocrático”

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28 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

O apoio da Embrapa à cadeia produtivade arroz no Brasil.

A produção nacional de arroz de 12,7 milhõesde toneladas na safra 2003/2004 foi particularmen-te importante para o Rio Grande do Sul, respon-sável por cerca de 50% da produção. O cereal temuma destacada participação na renda agrícola es-tadual, apesar de uma participação no PIB menordo que a da soja.

Promover a sustentabilidade e a produtividadee, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente é ogrande desafio a ser superado, através de um acor-do entre a sociedade civil e ações intergover-namentais, segundo a pesquisadora Beatriz da Sil-va Pinheiro. Assim, é fundamental que os sistemasde produção sejam eficientes, pois são essenciaispara o desenvolvimento econômico e a melhoriada qualidade de vida das pessoas envolvidas.

O Rio Grande do Sul sofreu uma redução daárea cultivada e um pequeno acréscimo de produ-ção total, com um significativo aumento da produ-

Os desafios da cadeiaprodutiva do arroz

Durante a 22a Conferência da FAO, foiaprovada, com o apoio de 43 países, entre

eles, o Brasil, uma resolução em que a ONUdeclarou 2004 como o ano dedicado ao

arroz. No Brasil, devido à sazonalidade dacultura, implica também a safra 2004/2005.A Embrapa foi escolhida para implementar

o Ano Internacional do Arroz e coordenar ocomitê no Brasil, com a participação de

inúmeras instituições. O objetivo principalda comemoração tem sido o de promover a

melhoria da produção e o acesso aoproduto, um dos aspectos destacados pela

engenheira agrônoma, Beatriz da SilvaPinheiro, chefe-geral da Embrapa Arroz e

Feijão, na conferência sobre “Cadeiasprodutivas nos agronegócios: o exemplo daorizicultura irrigada”, durante o XIV Conird.

28 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

FOTO: EMATER / RS

As comemoraçõespelo Ano

Internacional doArroz estenderam-se

até 2005, devido àsazonalidade da

cultura

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 29

tividade. São resultados expressivos obtidos pelapesquisa e, especialmente, pela transferência detecnologia de forma adequada e assimilada pelosetor produtivo. Para a engenheira agrônomaBeatriz Pinheiro, este fato é motivo de orgulho parao Brasil.

Por que o Brasil é ainda considerado umPaís importador de arroz?

As oscilações de produção, inclusive nos acor-dos comerciais do Mercosul, têm causado umaconstância nas importações do produto pelo Bra-sil, responsável pela importação de cerca de 1 mi-lhão de toneladas/ano. A participação do Brasil nomercado mundial é de um país importador, apesardo aumento da produção observado nos últimosanos.

O Brasil aparece, nas estatísticas mundiais,como o 9o país importador de arroz do mundo,considerando as importações totais, especialmen-te da Argentina e do Uruguai. A atual demandapelo consumo do arroz no Brasil é de 12 milhõesde toneladas anuais. Para a próxima safra brasilei-ra de 2004/2005, a Companhia Nacional de Abas-tecimento (Conab) estima uma produção de 12,63milhões de toneladas, um pouco menor que a sa-fra 2003/2004. Esses números irão implicar, pro-vavelmente, na redução de área plantada no Bra-sil, especialmente na fronteira Oeste do Rio Gran-de do Sul, devido a problemas de escassez de águanos reservatórios.

O Brasil, bem como a América Latina, é vistocomo potencial fonte de alimento. Porém, existeuma preocupação em relação à redução gradativano consumo de arroz no País, mesmo que o arroz eo feijão forneçam uma combinação complemen-tar rica em carboidratos e uma grande vantagemem relação a carnes e derivados, especialmente

para pessoas com problemas metabólicos,cardiovasculares e acúmulo de colesterol, comen-ta a chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão, de-fendendo um tradicional prato do cardápio diáriodo brasileiro.

Estratégias para aumentar a eficiênciada produção do arroz irrigado.

Para o gestor do núcleo de desenvolvimentotecnológico de sistemas agrícolas da Embrapa Ar-roz e Feijão, Luís Fernando Stone, o grande desa-fio que os produtores de arroz enfrentam é o deproduzir mais grãos com menos água. Segundo ele,eficiência em agricultura representa a relação en-tre o produto cultivado e o insumo aplicado. Esteconceito é definido como a produção de biomassaou o produto comercial pela quantidade de águaaplicada ou evapotranspirada.

O representante do Ministério da IntegraçãoNacional (MI), Humberto de Castilla, ao abordarque o Brasil tem cerca de 3 milhões de hectaresirrigados, afirmou que uma das prioridades do MIé otimizar o uso da água nessa área já cultivada,onde o arroz corresponde a praticamente 50%.

No caso do Rio Grande do Sul, Castilla escla-rece que o Ministério está tentando colaborar nodesenvolvimento da Metade Sul, considerada amaior produtora estadual de arroz, através do es-tabelecimento de um plano de desenvolvimentoagrícola regional.

A cadeia produtiva do arroz é responsável pelageração de 232 mil empregos diretos e indiretos,sendo 23 mil promovidos pela agroindústria. Se-gundo Pery Francisco Sperotto Coelho, presiden-te do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) edo Fundo Latino-Americano do Arroz Irrigado,atualmente a produção do arroz é desenvolvida em138 municípios no Estado.

4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 29

O grandedesafio dosarrozeirosgaúchos:produzir maiscom menoságua

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Segundo apesquisadora

Beatriz da SilvaPinheiro, o

principal objetivodas comemorações

pelo AnoInternacional do

Arroz é promover amelhoria da

produção e oacesso ao produto

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30 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Como obter a sustentabilidade dosrecursos hídricos na agricultura irrigada?

ITEM – Qual a área ocupadapela produção agrícolairrigada no mundo e o que istosignifica?Demetrios – No mundo, 18% daárea cultivada é irrigada, o quecorresponde a um total de 273milhões de toneladas em relaçãoa 1,5 bilhão de hectares. Esses18% de área irrigada produz44% da produção. A partir doacréscimo de áreas que podemser irrigadas no mundo, estima-se o potencial de agregar aosatuais 273 milhões de hectareshoje irrigados, mais 195 milhõesde hectares. Se isso acontecer,esse total de 470 milhões de hec-tares resultaria em um aumentode 2/3 na produção mundial, di-minuindo a pressão sobre aabertura de novas áreas e explo-rações inadequadas.

ITEM – Quais os benefíciospara a produção agrícola, utili-

É fundamental analisar os fatoresquantitativo e qualitativo do usoeficiente da água na produção dealimentos pela agricultura irrigada.E, para evitar perdas da água utilizadana irrigação, o presidente da CâmaraTécnica de Ciência e Tecnologia doConselho Nacional de Recursos Hídricos,Demetrios Christofidis, mostra o caminhopara melhorar a eficiência do produtor.Recentemente, ele lançou um livro queteve como base sua tese de doutoradona UNB, intitulada “Olhares sobre apolítica de Recursos Hídricos no Brasil,o caso da bacia do rio São Francisco”.

zando a irrigação com a econo-mia de recursos hídricos?Demetrios – A irrigação, combase no uso racional dos recur-sos hídricos, significa reduzirperdas que hoje ficam entre50% e 55% nessa atividade. Seisto for obtido, poder-se-á pro-duzir com um indicador de 0,5litro por segundo, por hectare,e não o que acontece atualmen-te, quando o indicador médio éde 1L/seg/ha. Portanto, esta é aforma sustentável de fazer comque a fome não ocorra em to-das as regiões, uma forma sus-tentável de atuar, evitando quese perca o líquido que foi capta-do nos mananciais até que estecumpra sua finalidade de aten-der ao requerimento das plantas.

ITEM – Qual é o maior projetode irrigação da América Latina?Onde está localizado e quais osbenefícios para o País?

Demetrios – É o Projeto Jaíba,localizado no Norte de MinasGerais, no município de Manga.É um projeto com quatro eta-pas, que quando concluído, teráuma área de 80 mil hectares deprodução. Atualmente, apenas25% da área está produzindo. Éum projeto que garantirá o abas-tecimento interno de uma sériede frutas, também voltadas paraexportação.

ITEM – Como conceber umadistribuição eficiente de águanum projeto de irrigação?Demetrios – No sistema coleti-vo, de uso comum, possibilita ocontrole por região. A distribui-ção eficiente da água numa par-cela é chamada eficiência deaplicação e serve para evitar odesperdício de água em partesdo solo, onde não existam raízesde plantas que possam utilizá-la.Alguns autores classificam a dis-

30 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

E N T R E V I S T A

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 31

tribuição adequada pelo nível deeficiência na uniformidade deaplicação. O que significa a apli-cação da lâmina d’água neces-sária no momento certo numaárea de cultivo.

ITEM – Sobre eficiências quan-titativa e qualitativa de água,quais são os principais mecanis-mos utilizados para se obteruma irrigação eficiente?Demetrios – Os mecanismosprincipais utilizados para obteruma irrigação eficaz, eficiente eefetiva são os que estão associa-dos ao conhecimento pleno detodos os fatores. Por exemplo,uma perda de uma ponte-canal,no condutor de uso comum, etc.Deve-se cuidar e evitar para que

não haja infiltração. As perdaspodem ser por evaporação, com-pensando-se investir numa con-dução mais protegida das tubu-lações. Fazer manutenção pre-ventiva, ter uma forma de dis-tribuição controlada, onde, àsvezes, não é necessário mantera água no sistema o tempo todo.Pode-se manter por setores pre-determinados, de forma que oscanais não fiquem o tempo todoem carga. Outros fatores impor-tantes como treinamento,capacitação, conscientização eescolha, em nível parcelar, docultivo que seja mais eficiente nautilização da água. Também éfundamental desenvolver varie-dades adequadas, visando umaracionalização no uso da água.

A Casca D´Anta, considerada nascente histórica do rio São Francisco, já foi cenáriopara o pintor francês do século XIX, Jean Baptiste Debret

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PENSE NISTO e compareçaContatos pelo e-mail: [email protected]

Na edição nº 51 da revista ITEM,mostrou-se como funciona oSistema de Suporte à DecisãoAgrícola, o Sisda, através de um

INFORME TÉCNICOPUBLICITÁRIO.

Em quatro páginas, por iniciativados interessados, explicou-se oresultado de um trabalho de anosde pesquisa e como o setorprodutivo poderá obter proveitointegral de seu sistema deirrigação, com economia de água.Nessa mesma linha de mostrarseus produtos e serviços, já houveo concurso

da Rain Bird (Item nº 48 e 51),

da Pivot Equipamentos deIrrigação Ltda (Item nº 51),

da Netafim do Brasil (Item nº 48),

da Carborundum Irrigação (Item nº 49),

da Polysac (Item nº52/53),

da Valmont (Item nº 54, 60 e 61/62),

da Irrigaplan/NaanDan (Item nº 56/57, 61/62 e 64),

da Senninger (Item nº 60),

da Cemig (Item nº 61/62),

e da BASF (Item nº 64).

O INFORME TÉCNICOPUBLICITÁRIO é uma formaque as empresas têm para mostrar seusprodutos, seus serviços, explicando-oscom detalhes. Com esse instrumento,a ABID poderá ser sempre umaparceira, facilitando entendimentosque favoreçam as promoções denegócios.

DEMETRIOS CHRISTOFIDIS

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Controle de geadas porsistemas de irrigação.

Este é o momento de planejar!JAIME FLÁVIO DA FONSECA(ENGENHEIRO AGRÔNOMO), NAANDAN IRRIGAPLAN – LEME, SP

COLABORAÇÃO:

JORGE PINHO DIAS(ENGENHEIRO AGRÔNOMO), NAANDAN IRRIGAPLAN – FARROUPILHA, RS

ANTÔNIO ALFREDO T. MENDES(ENGENHEIRO AGRÍCOLA), NAANDAN IRRIGAPLAN - LEME, SP

CARLOS REISSER JR.(ENGENHEIRO AGRÍCOLA E DOUTOR EM AGROMETEOROLOGIA), DA EMBRAPA

CLIMA TEMPERADO – PELOTAS, RS

REGIÕES COM ALTA FREQÜÊNCIA

REGIÕES COM FREQÜÊNCIA MÉDIA

REGIÕES COM FREQÜÊNCIA BAIXA

REGIÕES DE REGISTROS OCASIONAIS

A geada, dentre os vários fenômenos

atmosféricos que ocorrem no Brasil, é um

dos que causam muitos prejuízos à agri-

cultura brasileira. Durante os meses de

inverno, observa-se sobre as Regiões Sul,

Sudeste e Centro-Oeste a ocorrência de

temperaturas baixas, que favorecem a

formação de geadas (Fig. 1). Esse fenô-

meno caracteriza-se normalmente em

temperaturas do ar abaixo de 0oC, com a

formação de gelo nas superfícies expos-

tas. Também podemos defini-lo como o

congelamento do orvalho na superfície,

o que pode ocorrer com a temperatura

do ar superior a 0oC. Isto porque na su-

perfície a temperatura pode ser até 5oC

menor que no ar. Sua intensidade varia e

pode ser forte quando resulta da associa-

ção de dois fenômenos: a incursão de

massa de ar polar sobre o continente, se-

guida de perda noturna de energia pela

superfície, devido à emissão de radiação

infravermelha para o espaço (Molion et

al., 1981).

FIGURA 1

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 33

A literatura define dois tipos de geadas: asadvectivas e as geadas por radiação. As primei-ras ocorrem a partir da entrada da massa de arfrio, podendo também ser chamadas geadas devento ou negras, pois os tecidos das plantas con-gelam-se sem a formação de gelo na superfície.Este tipo é o mais devastador. O segundo tipo,por sua vez, são as geadas brancas (Fig. 2), poishá a formação de uma camada de gelo na su-perfície e ocorre quando existe a permanênciade altas pressões sobre a região, as quais favo-recem a perda de radiação infravermelha parao espaço. À noite, um objeto sobre a superfícieda Terra emite radiação terrestre (infravermelha)para a atmosfera e, eventualmente, para o es-paço e, portanto, o objeto resfria-se. Ao mes-mo tempo, a atmosfera emite radiação terres-tre de volta para a Terra, onde uma parte é ab-sorvida pelo objeto, que então se aquece. Numanoite com céu limpo (mínimo “efeito estufa”) ecalma (sem convecção = ventos), o objeto emi-te mais radiação que recebe da atmosfera. Con-seqüentemente, a superfície do objeto torna-semais fria que o ar adjacente e resfria este ar.Com resfriamento suficiente, o ar adjacente tor-na-se saturado. Se o ar está acima do ponto decongelamento, o vapor d’água pode-secondensar sobre o objeto como orvalho; se atemperatura do ar está abaixo da temperaturade congelamento, o vapor d’água pode-se de-positar como geada. Note-se que orvalho e ge-ada não são formas de precipitação, porque elesnão “caem” das nuvens, mas se desenvolvemno lugar, sobre superfícies expostas. Um fenô-meno similar ocorre quando gotículas de águaaparecem no lado externo de um copo com águagelada.

O que é ponto de orvalho?Ponto de orvalho (Dew Point) é definido

como o ponto em que o vapor d’água presenteno ar está prestes a se condensar. A temperatu-ra até a qual o ar deve ser resfriado, com pres-são constante, para atingir a saturação (em re-lação à água líquida), é chamada ponto de or-valho. Este dá uma medida do conteúdo de va-por d’água no ar. Quanto mais alto, maior a con-centração de vapor d’água no ar.

Quando o resfriamento produz saturação emtemperaturas de 0° C ou menores, a temperatu-ra é chamada ponto de geada. O vapor d’águadeposita-se como geada sobre uma superfíciecuja temperatura esteja abaixo do ponto degeada. Quando não ocorre advecção (transmis-são de calor ou qualquer fenômeno na atmos-

fera pelo movimento horizontal de uma massade ar – vento), seja quente ou fria, o ponto deorvalho (ou ponto de geada) pode ser usadopara prever a temperatura mínima da manhãseguinte. A base física para esta regra está nofato de que, com o resfriamento radioativo no-turno, a temperatura cai continuamente até quea umidade relativa chegue aos 100% e ocorracondensação ou deposição. O calor latente li-berado durante um ou outro processo compen-sa o resfriamento radioativo aproximadamen-te, de modo que a temperatura do ar tende a seestabilizar próximo ao ponto de orvalho ou pon-to de geada.

As geadas brancas são mais fáceis de ser con-troladas por sistemas de irrigação, mas sob cer-tas condições as geadas negras também podemser minimizadas, caso o sistema de irrigaçãoprovidencie encapsulação de gelo suficiente ecom a devida antecedência.

FOTO DE GEADA EM PASSO FUNDO, RS. IMAGEM ENVIADA

AO INMET POR GILBERTO R. CUNHA.

Comparado a outros métodos como calefa-ção (queima de óleo) ou ventilação, a aplicaçãode água é uma opção econômica e não poluentepara controle de geadas. Em resumo, a base fí-sica deste método de controle de geadas é agrande quantidade de calor liberada pela águaquando esta muda do estado físico líquido parasólido. Um grama de água (1 cm3) libera umacaloria para cada grau centígrado (oC) resfria-do, até a temperatura cair a zero grau. Nesteponto, uma quantidade muito maior de ener-gia (caloria) é liberada durante a passagem do

INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO

FIGURA 2

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34 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

estado líquido para sólido (gelo). Isto é, um gra-ma de água libera 80 calorias de calor, quandose congela em um grama de gelo na mesma tem-peratura (Fig. 3).

Métodos de controle

De forma geral, existem três métodos decontrole de geadas por aspersão: subcopa, co-bertura total e sobrecopa localizado.

Na proteção subcopa, os emissores são ins-talados próximo ao solo, debaixo da copa, demaneira que venha a reduzir a perda de radia-ção da superfície do terreno, mantendo umatemperatura mais elevada acima da área aplica-da (Fig. 4). Normalmente as árvores são cober-tas por uma coluna de neblina, que reduz efeti-vamente a perda de radiação. A eficácia destesistema depende da quantidade de água apli-cada e da taxa de aplicação. Podemos conside-rar, ao projetarmos este sistema, com base emexperiências práticas, uma vazão do emissor de50 a 70 l/h e uma taxa de precipitação de nomínimo 2,5 mm/h. Entretanto, devemos estaratentos para os riscos em caso de incorreta ope-ração deste método. Ele não é recomendadoquando o ponto de orvalho situa-se em tempe-raturas muito baixas ou o potencial de evapora-ção é muito alto. Neste último caso, quando osistema entra em operação, teremos uma redu-ção da temperatura e um risco de super-

resfriamento. O calor latente de vaporização émais do que sete vezes o calor de fusão. Dessaforma para manter uma dada temperatura, de-vem-se congelar sete vezes mais água do que aevaporada.

ESQUEMA DE SISTEMA DE CONTROLE DE GEADAS PORMICROASPERSÃO SUBCOPA.

TABELA 1

TEMPERATURAS RECOMENDADAS PARA INÍCIO DA

IRRIGAÇÃO PARA VÁRIOS PONTOS DE ORVALHO.(DAN SPRINKLERS FOR FROST PROTECTION - SEGUNDA EDIÇÃO - 1993)

PONTO DE ORVALHOOC TEMPERATURA DO AR

P/ INÍCIO DA IRRIGAÇÃO OC-9.5 +4.0-9.0 +4.0-8.5 +3.5-8.0 +3.5-7.5 +3.0-6.5 +3.0-6.0 +3.0-5.5 +2.0-5.0 +2.0-4.5 +1.5-4.0 +1.5-3.5 +1.0-3.0 +1.0-2.0 +0.5-1.5 +0.5

FIGURA 3 FIGURA 4

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 35

Independentemente do método, não se deveesperar o início do congelamento do orvalhopara então iniciar o processo de irrigação. Deve-se iniciar a irrigação com a temperatura do armais alta que a do ponto de orvalho, de formaque, quando a temperatura atingir o ponto maisbaixo, a cultura já esteja protegida pela forma-ção de gelo (Tabela 1).

A determinação do ponto de orvalho é feitaatravés de estações meteorológicas ou equa-ções, utilizando-se dados de temperatura eumidade relativa (psicrômetro), e deve ser feitaàs 21h. Do valor encontrado, subtrai-se 2oC. Seo resultado for abaixo de 0oC, pode-se prevergeada para estas condições.

Com o mesmo psicrômetro, pode-se prevera ocorrência de geada usando-se o Gráfico 1.Após a leitura dos dois termômetros, entre 19he 20h, no local onde desejamos prever este fe-nômeno, verifica-se a possibilidade de geadainterpolando as duas temperaturas encontradas.Por exemplo; se temos 10oC para temperaturado termômetro de bulbo seco e 4oC para a tem-peratura do termômetro de bulbo úmido, é con-siderada como certa a ocorrência de geada. Re-comenda-se repetir a leitura uma hora após,caso o resultado indique geada provável.

Além do ponto de orvalho, em algumas re-giões do mundo sujeitas a geadas, outras for-mas são usadas para iniciar a irrigação, como,por exemplo, a medição da temperatura comtermômetro de bulbo úmido. Alguns produto-res iniciam quando a temperatura do bulboúmido atinge 0oC, outros quando a temperatu-ra do bulbo úmido atinge aproximadamente 2oCacima da temperatura que causa danos à plan-ta, desde que o início de operação seja com tem-peratura superior a 0oC. Lembre-se que, quan-do o sistema de aspersão é acionado, temos umaredução da temperatura em virtude doresfriamento evaporativo. A magnitude desteefeito depende da quantidade de umidade pre-sente no ar. Logo, a experiência local em rela-ção ao histórico de ocorrência de geadas e dasensibilidade da cultura (Quadro 2) é muito im-portante no correto manejo do sistema. Eviden-temente que nem todas as culturas ou fasesfenológicas (frutos em fase de maturação, porexemplo) se adaptam a este tipo de proteção,já que a temperatura dentro da capa de gelo semantém um pouco acima de 0oC.

E para desligar o sistema? Quando fazê-lo?Quando for utilizado o conceito do termôme-tro de bulbo úmido, assim que a temperatura

no bulbo úmido atingir 1oC. Utilizando-se o con-ceito da temperatura causadora de danos à plan-ta, desligar o sistema quando a temperatura dobulbo úmido atingir 2oC acima. A Tabela 1, tam-bém pode ser usada de maneira inversa, ou seja,se iniciarmos a irrigação a +2oC, devemosinterrompê-la quando a temperatura atingir+2oC novamente. Em geral, uma vez que obser-vamos a água correr entre a formação de gelo(encapsulação) e o ramo, é seguro desligar osistema.

Na região da Serra Gaúcha, o representanteda NaanDan Irrigaplan, engenheiro Jorge Pinho,da empresa Agroserra (localizada em Farrou-pilha), comenta sua experiência bem-sucedidano controle de geadas em várias frutíferas ehortaliças:

“Se temos o céu limpo e ausência de vento,um monitoramento constante da temperaturaé realizado. Ao final da tarde, se a temperaturado abrigo meteorológico estiver abaixo dos 10oCe cair rapidamente (taxa de 1oC por hora), o sis-tema é acionado ao atingir-se +3oC, e interrom-pemos o processo somente quando a tempera-tura sobe até os mesmos +3oC. Além da prote-ção adequada às culturas, pois a temperatura nointerior da capa de gelo fica positiva, é impor-tante lembrar que, se ligarmos o equipamentocom temperaturas mais baixas, a água pode es-tar congelada nas tubulações ou no rotor damotobomba.”

Este método baseia-se na queda da tempe-ratura superficial, que sempre é menor (em até5oC) do que a temperatura do abrigo meteoro-lógico instalado a 1,5 m da superfície do solo.

INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO

GRÁFICO DE BELFORT DE MATOS PARA PREVISÃO DE GEADA DE IRRADIAÇÃO

GRÁFICO 1

11 _____________________________________________________

10 _____________________________________________________

9 _____________________________________________________

8 _____________________________________________________

7 _____________________________________________________

6 _____________________________________________________

5 _____________________________________________________

4 _____________________________________________________

3 _____________________________________________________

2 _____________________________________________________

1 _____________________________________________________

0TERM

ÔM

ETRO

ÚM

IDO

(0 C

)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

TERMÔMETRO SÊCO (0C)

LIVRE DE GEADA

GEADA CERTA

GEADA PROVÁVEL

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36 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Sobre o fato de congelamento da água den-tro das tubulações, emissores ou motobomba,é sabido que se iniciamos a operação do siste-ma com a devida antecedência, mesmo que te-nhamos temperaturas muito baixas, o fluxo per-manecerá constante durante o tempo utiliza-do, como mostra o ensaio realizado na NaanDanem Israel com emissores em câmara fria comtemperatura de - 10oC (Fig. 5).

FIGURA 5

EMISSORES OPERANDO EM CÂMARA A -10OC.

Como saber se o sistema está funcionandobem? Neste caso, deve-se observar a formaçãode gelo, que deve ser claro e translúcido. Caso aformação apresente-se cinza ou opaca, existeuma mistura excessiva de ar na formação dacápsula de gelo, indicando que a proteção nãoserá adequada. A formação inadequada de gelopode ser ocasionada por ventos, baixa unifor-midade de aplicação ou baixa taxa de aplicaçãode água.

Na proteção de área total (Fig. 6), o objetivoé manter um filme de água sobre as plantas aserem protegidas. Mesmo que uma camada degelo se forme (Fig. 7 e 8), a temperatura na su-perfície será próxima de 0oC (Fig. 9), e a tempe-ratura do tecido da planta será maior que 0oC,para tanto, é necessário que a superfície da for-mação de gelo seja uniforme, e se mantenhamolhada todo o tempo, para que a emissão de80 calorias por grama de água congelada sejaconstante.

O correto é aplicar-se água continuamente,a uma taxa que proteja a planta da queima emfunção da temperatura mínima que ocorre naregião (Quadro 3). Ou seja, se na sua região atemperatura mínima (termômetro exposto) atin-ge -5oC, deve-se projetar e operar o equipamen-to com uma aplicação de 3 mm/h. É importantelembrar que, para frutíferas, em função do pesoadicional do gelo formado, deve-se ter o cuida-do de tutorar as plantas mais sensíveis ou os ra-mos mais frágeis.

SENSIBILIDADE DE ALGUMAS CULTURAS EM RELAÇÃO ATEMPERATURAS DE ACORDO COM O CICLO FENOLÓGICO.

TEMPERATURAS CRÍTICAS PARA GEMAS FLORAIS (ºC)

ESTÁGIO DO DESENVOLVIMENTO 10% 90%DA GEMA FLORAL MORTANDADE MORTANDADE

PESSEGUEIRO Inchamento de gemas -8.0 -17.0

Ponta verde -6.0 -15.0

Ponta vermelha -5.0 -13.0

Botão rosado -4.0 -9.5

Início floração -3.5 -6.0

Plena floração -30 -4.5

Pós floração -2.0 -4.0

AMEIXEIRA Inchamento de gemas -10.0 -18.0

Entre inchamentoe ponta verde -8.5 -16.0

Ponta verde -6.5 -14.0

Entre ponta verdee ponta branca -4.5 -9.0

Ponta branca -3.5 -5.5

Início floração -3.0 -5.0

Plena floração -2.0 -5.0

Pós floração -2.0 -5.0

MACIEIRA Ponta prateada -9.5 -16.0

Ponta verde -8.0 -12.0

Pós ponta verde -5.0 -9.5

Antes de botão rosado -3.0 -6.0

Início botão rosado -2.0 -4.5

Pleno botão rosado -2.0 -4.0

Início floração -2.0 -4.0

Plena floração -2.0 -4.0

Pós floração -2.0 -4.0

By Maxwell Norton, M.S.U. C. Cooperative extension, Mercedy CountyUSA

QUADRO 2

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 37

INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO

QUADRO 3

FIGURAS 8 E 8A

FLORES PROTEGIDAS POR ENCAPSULAÇÃO COM GELO POR

SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DE COBERTURA TOTAL.

FIGURA 9

REGISTRO DE TEMPERATURAS COM SISTEMA DE IRRIGAÇÃO EM

FUNCIONAMENTO DURANTE UM PERÍODO COM TEMPERATURAS

NEGATIVAS. DURANTE O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE

IRRIGAÇÃO, A TEMPERATURA NA SUPERFÍCIE COM GELO SE

MANTEVE VÁRIOS GRAUS ACIMA DA MÍNIMA REGISTRADA.

TAXAS DE APLICAÇÃO MÍNIMAS DE ACORDO COM ATEMPERATURA LOCAL, PARA SISTEMAS DE CONTROLE DEGEADAS POR SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO DE COBERTURATOTAL. FRUTÍFERAS DECÍDUAS. (DAN SPRINKLERS FORFROST PROTECTION- SEGUNDA EDIÇÃO - 1993)

TAXA DEAPLICAÇÃOMÍNIMA (MM/H) 2.5 3.0 3.8 4.6 6.4

TEMPERATURAMÍNIMA OCTERMÔMETROEM ABRIGO -2.2 -3.3 -4.2 -4.7 -5.8

TEMPERATURAAPROXIMADAMÍNIMA OC -3.3 -4.4 -5.3 -5.8 -6.9TERMÔMETRO A A A A AEXPOSTO -3.9 -5.9 -5.9 -6.7 -7.8

FIGURA 6

ESQUEMA DE SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DE COBERTURA TOTAL.

FIGURA 7

GEMAS DE MAÇÃ SALVAS PELA ENCAPSULAÇÃO COM GELO

FORMADA POR SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DE COBERTURA TOTAL.

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38 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

É importante enfatizar que essas taxas deaplicação somente protegerão a cultura se apli-cadas de maneira uniforme. Por esta razão, oconceito de aplicação mínima deve ser utiliza-do como parâmetro de desempenho. Para o usocorreto deste parâmetro, deve-se somar umaanálise de sobreposição dos emissores, a qualindicará as áreas que receberão menos água quea taxa requerida.

Segundo cálculos do N.Z.A.E.I. LincolnCollege, é sugerido que, para uma média deaplicação de 3,8 mm/h , a taxa de aplicação noponto de menor precipitação seja de 2,5 mm/h,para uma proteção adequada. Para uma médiade 3,0 mm, devemos ter, no ponto de menoraplicação, uma taxa mínima de 2,0 mm/h.

Usando estes parâmetros podemos afirmarque devemos ter, no mínimo, um coeficiente deuniformidade segundo Christiansen (CUC) en-tre 80% e 85%.

Outro fator a ser considerado neste tipo desistema de controle, é a velocidade de rotaçãodo aspersor, que deve ser menor que 60 segun-dos para completar uma volta de 360o, e assimmanter uma suficiente interface de gelo e água.

Abaixo, alguns modelos de aspersores fabri-cados pela NaanDan para este uso, caracteri-zando-se pela excelente qualidade de constru-ção, resistência e alto desempenho no controlede geadas.

Além dos modelos destacados acima, ominiaspersor NaanDan Super10, emissor com ex-celente uniformidade de irrigação mesmo emtaxas de aplicação baixas, também é altamenterecomendado para controle de geadas em sis-temas de cobertura total (Fig. 10).

CARACTERÍSTICAS E DADOS TÉCNICOS DO MINIASPERSOR NAANDAN SUPER 10.

FIGURA 10

ASPERSOR NAANDAN MODELO 6024 SILVAPEQUENO ASPERSOR PLÁSTICO COM GRANDE COBERTURACONSTRUÇÃO REFORÇADA COM CAPA PROTETORA DE MOLABOCAL COM SISTEMA BAIONETAPRESSÃO RELATIVA DE TRABALHO BAIXAEXCELENTE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUAFAIXA DE OPERAÇÃO 1.5 A 4.0 ATMVAZÕES DE 0.40 A 1.17M3/HESPAÇAMENTO DE ATÉ 14M

ASPESOR NAANDAN MODELO 233-AF360º DE ROTAÇÃO EM MENOS DE 60 SEG.CONSTRUÇÃO REFORÇADABOCAL COM SISTEMA BAIONETAMOLA PROTEGIDA POR CAPA PLÁSTICAEXCELENTE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUAFAIXA DE OPERAÇÃO: 2.0 A 5.0 ATMVAZÕES DE 0.66 A 3.7M3/HESPAÇAMENTO DE ATÉ 18M

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 39

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Na Figura 11, apresenta-se uma simulaçãode uniformidade de distribuição de água, reali-zada através do programa SPACE_Pro, para ominiaspersor NaanDan Super 10, vazão de 500l/h a 3 atm, no espaçamento de 12 x 12 m; ob-serva-se alta uniformidade de distribuição, mes-mo em uma aplicação média de 3,4 mm/h (rela-tivamente baixa). No ponto de menor aplicação,temos ainda uma taxa de 3,1 mm/h, valor sufi-ciente para protegermos a cultura contra da-nos causados por geadas, conforme menciona-do anteriormente (Fig. 12 e 13).

FIGURA 11

Além do parâmetro uniformidade de distri-buição de água na área aplicada, outro fator desuma importância é a uniformidade de vazãoentre emissores; esta deverá seguir os princípi-os normais de um projeto de irrigação, admi-tindo-se no máximo 10% de variação de vazãoentre emissores.

Neste aspecto, cabe salientar que este emis-sor NaanDan, o miniaspersor Super 10, dispõeda versão autocompensante (vide dados técni-cos na Fig. 10). Este modelo permite uma varia-ção de pressão entre 3 e 5 atm, mantendo suavazão inalterada; esta característica permite umaalta uniformidade de vazão entre emissores,mesmo em condições de projeto desfavoráveis,como áreas de topografia irregular.

Quanto ao terceiro tipo mencionado de pro-teção contra geadas (sobre copa localizado), oconceito de encapsulação com gelo é usado so-mente sobre a planta, através de emissores quetenham alcance suficiente para proteger a cultu-ra, sem irrigar as entrelinhas ou espaços entre plan-tas (Fig. 14 e 15). Neste caso, teremos uma eco-nomia de água, sendo possível concentrar todadisponibilidade sobre as plantas, aumentando-sea taxa de aplicação (mm/h) em relação à aplica-ção em área total. Também manteremos seco o

espaço entrelinhas de plantas, o que permite omanejo normal da cultura, mesmo após o uso dosistema de irrigação.

Este tipo de controle pode ser feito atravésde emissores que protegem individualmentecada planta, tal como mostrado nas Figuras 14e 15; recomendado para culturas com copa cir-cular, em faixas (Fig. 16), espaldeiras ourenques.

Quando da utilização de emissores individu-ais, os mesmos conceitos de uniformidade dedistribuição e de vazão entre emissores devemser aplicados. Para este caso, a NaanDanIrrigaplan disponibiliza o emissor autocom-pensante NaanDan 2001 (Figura 17), com asagiratória de cor laranja, especialmente desenha-

FIGURA 13

USO DE SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DE COBERTURA TOTAL COM MINIASPERSORESNAANDAN EM ASSOCIAÇÃO COM TÚNEIS DE CULTIVO NA CULTURA DE MORANGO,NA REGIÃO DA SERRA GAÚCHA – RS, DURANTE O INVERNO DE 2001.TEMPERATURAS ATINGIRAM -4OC. A CULTURA FOI TOTALMENTE SALVA PELOSISTEMA NAANDAN IRRIGAPLAN DE CONTROLE DE GEADAS. DETALHE DO GELOTRANSLÚCIDO FORMADO DURANTE O PROCESSO. SISTEMA EM OPERAÇÃO NOMOMENTO DA FOTO.

FIGURA 12

USO DE SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DE COBERTURA TOTAL COM MINIASPERSORESNAANDAN NA CULTURA DE CHICÓRIA, NA REGIÃO DA SERRA GAÚCHA – RS,DURANTE O INVERNO DE 2000. TEMPERATURAS ATINGIRAM -6OC. A CULTURA FOITOTALMENTE SALVA PELO SISTEMA NAANDAN IRRIGAPLAN DE CONTROLE DEGEADAS. DETALHE DO GELO TRANSLÚCIDO FORMADO DURANTE O PROCESSO. OSISTEMA FOI DESLIGADO POR POUCOS MINUTOS, SOMENTE PARA TIRAR A FOTO

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40 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

ESQUEMAS DE CONTROLE DE GEADAS PORSISTEMA SOBRECOPA LOCALIZADO.

USO DE IRRIGAÇÃO EM FAIXA POR EMISSOR NAANDAN FLIPPEREM VIDEIRAS

FIGURA 17FIGURAS 14 e 15

FIGURA 16

CARACTERÍSTICAS E DADOS TÉCNICOS DO MICROASPERSOR NAANDAN 2001.

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 41

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da para esta aplicação, com defletor própriopara redução do raio molhado (Figura 18). Nes-te caso, para uma cultura de macieira comespaçamento de 4 x 2 m, pode-se utilizar umemissor para cada planta. Teremos um projetocom vazão total por hectare de 25 m3/h (utili-zando-se o emissor NaanDan 2001 com vazãode 20 l/h), com uma taxa de aplicação de 4,0mm/h, conferindo uma excelente proteção mes-mo em noites mais frias (Fig. 19 e 20). No casode um projeto de cobertura total, para esta mes-ma taxa de 4,0 mm/h, seriam necessários 40 m3/h por hectare.

Outra característica importante, presente nosemissores NaanDan 2001 e NaanDan Flipper (oqual descreveremos a seguir), é o tamanho degotas apropriado para esta aplicação. Para ocontrole de geadas, as gotas devem ser as mai-ores possíveis, de forma que venha a manter-seuma boa distribuição ao longo do raio irrigado,e evita-se a evaporação durante o início de fun-cionamento, isso previne a queda de tempera-tura por demanda evaporativa. Ambos os emis-sores apresentam vazão constante, em funçãodo regulador de vazão, bem como um adequa-do tamanho de gotas, sem pulverização dentroda faixa de pressão de trabalho.

No caso da aplicação em faixa com o emis-sor NaanDan Flipper, são válidos os mesmosconceitos de redução de área molhada, menorvazão por hectare, maior taxa de aplicação emmm/h sobre a cultura, adequado tamanho degotas e alta uniformidade de vazão entre emis-sores. O diferencial deste sistema é a reduçãodo número de emissores por área, resultandoem vazão por hectare mais baixa e em maiortaxa de precipitação localizada, com maior pro-teção para as culturas.

Esses benefícios são decorrentes de caracte-rísticas técnicas exclusivas do emissor NaanDanFlipper (Fig. 21 e 22), que permite grandeespaçamento entre eles, com eficiente aplica-ção de água sobre cultivos em faixa (Fig. 23).

Observar que em um hectare (cultura de 3,0m entre fileiras e vazão do emissor de 35 l/h)teremos, com espaçamento de 11 m entre emis-sores, uma vazão de 12 m3/h e uma taxa de apli-cação na faixa molhada de 6,1 mm/h. Esta con-dição permite uma proteção adequada, mesmoem condições extremas, que se observam nasregiões sujeitas a geadas.

Quanto ao uso dos sistemas de controle degeada para irrigação na época seca, devemosestar atentos às características de cada aplica-

DETALHE DA ASA GIRATÓRIACOM DEFLETOR PARA REDUÇÃODO DIÂMETRO IRRIGADO.

USO DE SISTEMA DE IRRIGAÇÃOSOBRECOPA LOCALIZADO COMMICROASPERSORES NAANDANMODELO DAN 2001 NACULTURA DE MAÇÃS, DURANTE OINVERNO DE 2002. TEMPERA-TURAS ATINGIRAM -5,0OC.FLORAÇÃO TOTALMENTE SALVAPELO SISTEMA NAANDANIRRIGAPLAN DE CONTROLE DEGEADAS. DETALHES DAINSTALAÇÃO DO MICROASPERSORE DA FORMAÇÃO DE GELOTRANSLÚCIDO EM TODA AÁRVORE. SISTEMA EM OPERAÇÃONO MOMENTO DA FOTO.

FIGURA 18

FIGURAS 19 E 20

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42 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA OPERAÇÃO COM EMISSOR NAANDAN FLIPPER.

DETALHE DE INSTALAÇÃO DO EMISSOR NAANDAN FLIPPER ESEUS COMPONENTES

FIGURA 21

FIGURA 22 FIGURAS 23

RESULTADO DO CONTROLE DE GEADAS COM O USO DO EMISSOR NAANDANFLIPPER: ENTRE FILAS SECAS E A CULTURA PROTEGIDA POR ENCAPSULAÇÃO COMGELO. NO ALTO E À ESQUERDA, DETALHE DA FORMAÇÃO DA CAPA DE GELO.

PRESSÃO DE SERVIÇO (BAR)

BOCAL PRETO 1.5 1.7 2.0 2.5 Regulador de vazão (2.5 - 4.0 bar)

Vazão do emissor (l/h) 23.0 24.5 26.5 29.6 25

Alcance máximo da faixa molhada 7.0 7.0 7.5 8.5 7.5

Precipitação média na faixa molhadade 0,6m de largura (mm/h) 5.5 5.8 5.9 5.8 7.5

Demanda de água para uma culturacom 3,0m entre fileiras (m3/ha/h)*- 11.0 11.5 11.7 11.6 11.7

Demanda de água para uma culturacom 2,5m entre fileiras (m3/ha/h)*- 13.2 13.8 14.0 13.9 14

* CONSIDERANDO O ESPAÇAMENTO MÁXIMO

PRESSÃO DE SERVIÇO (BAR)

BOCAL VIOLETA 1.5 1.7 2.0 2.5 Regulador de vazão (2.5 - 4.0 bar)

Vazão do emissor (l/h) 30.0 32.5 35.0 40.0 35

Alcance máximo da faixa molhada 8.0 8.5 9.5 11.0 9.5

Precipitação média na faixa molhadade 0,6m de largura (mm/h) 6.2 6.4 6.1 6.1 6.1

Demanda de água para uma culturacom 3,0m entre fileiras (m3/ha/h)*- 12.5 12.7 12.3 12.1 12.3

Demanda de água para uma culturacom 2,5m entre fileiras (m3/ha/h)*- 15.0 15.2 14.8 14.5 14.8

* CONSIDERANDO O ESPAÇAMENTO MÁXIMO

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 43

ção. Para o sistema de controle de geadas, oprojeto segue os critérios apresentados, deven-do funcionar simultaneamente em toda área aser protegida. No caso de um sistema de irriga-ção convencional, a área é dividida em setores,que funcionam alternadamente em turnos derega definidos, de acordo com a cultura e o tipode solo. Desde que corretamente dimensionadose utilizando-se esquemas de montagem apro-priados, é possível usarmos o equipamento paraambas aplicações. Por exemplo: podemos, emum projeto de microaspersão, mudar a posiçãode instalação e o próprio emissor (eventualmen-te apenas o bocal), de forma que diminua a va-zão das parcelas e opere todo o projeto simul-taneamente, na época de geadas. Também épossível utilizarmos as mesmas redes principaisdo projeto de irrigação, instalando-se uma li-nha lateral para cada objetivo (Fig. 24). Com umregistro para cada saída e um cálculo hidráulicocorreto, faz-se a abertura de uma ou outra li-nha, de acordo com a necessidade. No caso doemissor NaanDan Flipper, em função de suas ca-racterísticas técnicas, sua utilização é feita emparalelo com o sistema de irrigação existente.No caso de videiras, por exemplo, ele é associa-do a um sistema de gotejamento (Fig. 25), com

divisão somente na linha lateral de emissores,desde que o projeto hidráulico tenha sido de-senvolvido para este fim.

Em todos os projetos, comentamos sobre anecessidade de funcionamento ininterrupto,para obter a proteção adequada através da for-mação e manutenção da capa protetora de gelo,durante o período necessário. A seguir, o gráfi-co com medições obtidas em teste realizado noKibutz Dan, localizado ao norte de Israel, mos-trando a variação de temperatura no decorrerde um período, usando-se o sistema de irriga-ção em forma de pulsos ou ciclos de operação.Vemos claramente que, neste caso, a capa degelo perde a capacidade de manter a superfícieprotegida, pois a temperatura de 0oC não sesustenta entre intervalos de funcionamento. Istodemonstra a ineficiência deste tipo de manejocíclico no controle de geadas por encapsulaçãocom gelo (Fig 26).

INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO

EXEMPLOS DE INSTALAÇÕES MULTIUSO, VISANDO CONTROLE

DE GEADAS E IRRIGAÇÃO.

SISTEMA DE CONTROLE DE GEADAS COM EMISSOR NAANDANFLIPPER ASSOCIADO A UM SISTEMA DE GOTEJAMENTO. NAFIGURA INFERIOR, DETALHE DAS DUAS LINHAS DE EMISSORES EAS VÁLVULAS MANUAIS, EM UM MESMO PROJETO HIDRÁULICO.

FIGURA 24

FIGURA 25

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44 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Manutenção epré-operação do sistema

Como todo sistema de irrigação, suacorreta manutenção deverá ser feitapreventivamente, a fim de evitarmossurpresas quando da ocorrência degeadas, momento em que necessita-mos operar o sistema de forma imedi-ata e ininterrupta. Recomendamos que,antes da época de ocorrência de gea-das, esta manutenção seja realizada, eque o sistema seja posto em marchade forma simulada por alguns dias.Também, é importante lembrar que ocorreto e suficiente armazenamento deágua deve ser providenciado. Devemosainda considerar a possibilidade de fa-lha no fornecimento de energia elétri-ca, recomendando-se a especificaçãode um conjunto auxiliar de gerador ouum sistema auxiliar de bombeaento adiesel. Presenciamos um caso em que,em virtude da temperatura não ter atin-gido níveis seguros para desligamen-to, o sistema operou por mais de 48horas seguidas, situação em que o re-servatório quase não foi suficiente paramanter o fluxo de água necessário.

Conclusão

O sucesso da implantação de um sistema de controlede geadas por sistema de irrigação depende, como vi-mos, da escolha correta do sistema de proteção e de seuadequado dimensionamento e manejo. A etapa funda-mental é a especificação correta dos emissores a utilizar,em função das taxas de aplicação necessárias para a to-tal proteção das culturas contra os efeitos do congela-mento.

Observados esses critérios, trata-se de tecnologia queapresenta excelente relação custo/benefício, conformeamplamente demonstrado em inúmeras aplicações prá-ticas, permitindo ao produtor evitar pesadas perdas fi-nanceiras, de forma eficiente e ambientalmente segura.

Cabe ressaltar a importância do adequado suportetécnico especializado em todas as etapas do processo,sendo indispensável a participação direta de profissio-nais habilitados desde a concepção até a operação dosistema de controle de geadas.

Para maiores informações a respeito do assunto,contatar a NaanDan Irrigaplan:Telefone (19) 3571-4646, endereço eletrô[email protected] e home pageswww.irrigaplan.com.br ou www.naandan.com.

Fontes:– Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) - Home page– Dan Sprinklers For Frost Protection - Autor: Gideon Spieler - Segunda

Edição 1993.– Embrapa Clima Temperado - Pelotas, RS.– Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - Home page.– NaanDan Irrigation Systems - Israel - Dados internos.

VARIAÇÃO DE TEMPERATURA COM MANEJO EM PULSOS OU CICLOS DO SISTEMA DE CONTROLE DE GEADAS POR IRRIGAÇÃO.

FIGURA 26

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 45

O presidente da Câmara Setorial deEquipamentos de Irrigação da

Associação Brasileira da Indústria deMáquinas e Equipamentos (Csei/

Abimaq), Eugênio Brunheroto, afirmouque há necessidade de ter laboratórios

no Brasil que avaliem o desempenho deequipamentos, porque nem todos os

fabricantes trabalham de maneiraséria e idônea.

“Existem diversos aspectos a serem observadospara o uso mais eficiente da água pela agriculturairrigada, mas o fundamental é destacar os equipa-mentos de alta performance em irrigação”, ressal-tou Brunheroto. Se houver um esforço entre osórgãos gestores, os fabricantes e as entidades depesquisa, com foco em benefícios decorrentes daalta eficiência, haverá uma redução do consumode água para a área irrigada, garante ele.

Evolução na transferência de tecnologiano setor de equipamentos de irrigação

Brunheroto considera que, para o setor econô-mico, o fundamental é a melhoria da qualidade daprodução agrícola. Esse avanço torna possívelgerenciar o ciclo da fruticultura, permitindo a es-colha da melhor época de exportação. Para o pre-sidente da Csei/Abimaq, é na agricultura irrigadaque se gera o maior número de empregos.

Atualmente, todos os fabricantes disponibi-lizam as mais modernas técnicas de gerenciamentode irrigação. Brunheroto explica que existem vári-as empresas que atuam no Brasil e que têm umaligação muito próxima com empresas internacio-nais. Isso viabiliza a transferência de tecnologia.Essa evolução do setor disponibiliza todas as téc-nicas existentes de gerenciamento de irrigação,garante. Para Brunheroto, o agricultor irriganteestá investindo em equipamentos mais simples. Astécnicas que existem no gerenciamento e os aces-sórios necessários para ter um uso mais eficienteda água estão disponíveis e prontos para seremcomercializados. “Infelizmente, ainda há uma par-cela muito pequena dos novos sistemas com essesacessórios em campo”, completa.

No período de 2000 e 2004, segundoBrunheroto, a perspectiva em relação à irrigaçãono Brasil foi de uma área crescente com 130 milha/ano, chegando a 150 mil ha/ano, em 2003. Eleavalia que em 2004 houve uma redução para 130mil ha/ano, que se deve às dificuldades da renova-ção da principal linha de crédito que cobre a irri-gação e a armazenagem, o Moderinfra. Outro as-pecto, é a dificuldade de conseguir a outorga parao uso da água e, principalmente, a licençaambiental. São fatos que afetaram quase 20% naevolução de vendas de irrigação, no ano de 2004.H

Laboratórios para avaliação deequipamentos de irrigação

4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 45

A lepa permitea irrigaçãolocalizada como uso do pivôcentral

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WASHINGTON A. G. PADILLA

PHD, DIRETOR-GERAL DO GRUPO CLÍNICA AGRÍCOLA.E-MAIL: [email protected]

WEB SITE: www.clinica-agricola.com

JOSÉ MARIA PINTO

D.SC, EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, CP 23 CEP 56302-970PETROLINA, PE. E-MAIL: [email protected]

A relação solo-planta-água-meioambiente é importante para alcançar

rendimentos máximos em umaeconomia racional. O solo, um dos

laboratórios mais completos que se temna natureza, é constituído por materiais

minerais e orgânicos, água, ar ecomponentes biológicos formados porgrande variedade de organismos vivos.

Fertirrigação em fruticulturacomo técnica para obtenção

de maiores rendimentos

Em Farroupilha, RS,o cultivo do morango

irrigado é uma dasprincipais fontes derenda do município.Os produtores estão

investindo nosistema de irrigação

por gotejamento,com o emprego da

fertirrigação

46 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

O s nutrientes movem-se até o sistema radi-cular das culturas por dois processos prin-cipais: fluxo de massa e difusão. Estes pro-

cessos dependem do teor da água do solo comotransportador. Para tanto, o êxito da fertilizaçãodepende do manejo de água em condições adequa-das para o desenvolvimento do sistema radicular epara assimilação dos nutrientes pelo processoosmótico.

Para o caso da fruticultura, especificamente omorango, o sistema de irrigação por gotejamentoadapta-se perfeitamente, em decorrência da uni-formidade da aplicação de água e de fertilizantesatravés da fertirrigação. O uso eficiente de águapermite o controle de doenças e, conseqüentemen-te, o aumento da produtividade e da qualidade dosfrutos. Em condições adequadas de umidade, daintensidade de sol demandada pelo sistemaradicular, os nutrientes mantêm-se em solubilida-de, o que permite uma absorção mais eficientepelas culturas, proporcionando frutos com quali-dade requerida pelos mercados internacionais.

O manejo correto de água reduz as perdas porpercolação e evita a lixiviação de nutrientes. A ir-rigação por gotejamento permite cultivos em so-

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 47

los salinos, pois a umidade desloca os sais para aperiferia do bulbo molhado. Outra vantagem des-se sistema de irrigação é a aplicação de água con-centrada no volume de solo ocupado pelo sistemaradicular da cultura, que não molha a parte aéreada cultura e evita a ocorrência de doenças, em cul-tivos sensíveis como o do morango. Nessa cultura,ainda persiste o problema do desconhecimento dalâmina de água requerida por ela, o que ocasionaaplicações excessivas de água que podem causarproblema de podridão ao sistema radicular, emconseqüência da aeração deficiente. Deve-se sali-entar que o morango é uma cultura sensível aodéficit hídrico e com sistema radicular superficial.Qualquer erro no manejo da irrigação pode cau-sar danos irreversíveis a esse cultivo.

A pergunta de sempre: como melhorar o pro-cesso de fertirrigação para o produtor? A respostaé: usando equipamentos disponíveis, como otensiômetro, que, com calibração para a capacida-de de campo, permite determinar quando aplicare quando não aplicar água. Para a calibração, énecessário ajuda de um especialista, que determi-ne o valor da capacidade de campo específica dosolo em questão.

A pergunta seguinte: qual a quantidade de águaa ser aplicada para levar o solo novamente à capa-cidade de campo? Deve-se conhecer a evapo-transpiração potencial da cultura e o coeficientede cultivo (Kc). O coeficiente de cultivo encontra-se publicado em diversos artigos e livros técnicos.No Brasil, a Embrapa publica trabalhos com Kcde várias culturas. O coeficiente de cultivo depen-de da cultura, da fase fenológica, do déficit hídrico,que, para o caso do morango, vai desde o períodode frutificação até a maturação. Portanto, um ade-quado suplemento de água nesta fase, proporcio-na melhor desenvolvimento das plantas e maiorprodução de frutos com qualidade.

Requerimento nutricionaldos cultivos

Durante todo o ciclo de crescimento e produ-ção, a cultura requer altas quantidades de nutri-entes minerais, que, a princípio, são supridas deforma parcial pelo solo. Um cultivo de morango,por exemplo, para uma produção de 40 toneladasde frutas por ano, extrai-se do solo, aproximada-mente por hectare, 382 kg de potássio, 348 kg denitrogênio, 190 kg de fósforo, 110 kg de cálcio, 45

kg de magnésio e 30 kg de enxofre. Aplicar estasquantidades no cultivo de forma eficiente, ano aano, é o que todo produtor deve fazer. A técnicada fertirrigação é uma das mais eficientes ferra-mentas ao alcance do produtor. Quando se realizaa aplicação de fertilizantes no solo, sua eficiênciaestá em torno de 40% a 50%. Porém, adotando-sea fertirrigação, esta eficiência pode ultrapassar80%, reduzindo-se o custo de produção. Duranteo processo de crescimento, é importante observarse as plantas estão absorvendo água e nutrientesem quantidades suficientes para seu pleno desen-volvimento. Senão, faz-se necessário decifrar omotivo por que não chegam nutrientes nos órgãosdessas plantas. Se o diagnóstico for feito em épocapropícia, podem-se fazer as correções necessárias,para evitar prejuízos no rendimento e na qualidadedos frutos. As análises de folhas e de solos são téc-nicas adotadas com sucesso, para esta finalidade.

Outra técnica que pode ser usada é a análisedo extrato celular, que possibilita analisar a seivada planta que se move através do xilema e dofloema. É um novo método de diagnóstico, quepermite conhecer valores de diferentes parâmetrosque são um bom indicativo do que a planta temem deficiência ou em excesso. Estas análises de-vem ser realizadas no início da floração, para sefazerem os ajustes.

O processo osmótico é a forma como as plan-tas absorvem água e nutrientes simultaneamente.É regulado por um gradiente de concentração en-tre a solução do solo e o líquido que se move nointerior da planta. Quando a concentração de saisna solução do solo é mais baixa que a concentra-ção do líquido, conduzido tanto no xilema quantono floema da planta, ocorre o processo de osmose.Portanto, o conhecimento da concentração de saisda solução do solo e da seiva das plantas é impor-tante e possível de ser determinado mediante acondutividade elétrica da solução do solo e do ex-trato celular. Em trabalhos de pesquisa realizadosno ano de 2004 com a cultura do morango, obtive-ram-se informações relacionadas com a concentra-ção de sais no interior da planta, para pedúnculosflorais, no início da floração.

Resultados da análise de solo (Quadro 1) mos-tram que um dos fatores mais adversos e que in-fluenciaram o rendimento e a qualidade de frutosfoi a condutividade elétrica alta (4,28dSm-1), du-rante o ciclo fenológico da cultura, o qual não per-mitia absorção de água e de nutrientes, dado queo diferencial osmótico era demasiado baixo.

QUADRO 1 – Resultados da análise de solos no início e final do trabalho

Época PH CE MO NH4 NO3 P K Ca Mg Na Cu Fe Mn Zn B S ClCEdSm-1 g kg-1 mg dm-3 cmol dm-3 cmol dm-3 mg dm-3 cmol dm-3

Início 7,10 4,28 1,54 3800 178 140 0,62 9,73 1,57 0,06 6,70 88,90 5,70 4,80 0,29 166,8 12,18Final 6,9 1,5 1,55 47 23 138 0,66 10,1 2,34 0,07 5,58 103,8 7,9 6,2 0,51 75 13,54

Fonte: Agrobiolab 20044º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 47

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48 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Com a finalidade de realizar as correções ne-cessárias, foram usadas fontes de nutrientes debaixa salinidade em doses corretas durante o de-senvolvimento da cultura. Assim, ao terminar osestudos, o valor da condutividade elétrica reduziu-se para 1,5 dS m-1, ampliando o diferencialosmótico. A condutividade elétrica da planta man-teve-se em 7,24 dS m-1. O Quadro 2 mostra valoresde potencial osmótico e gradiente de pressão emrelação à produção. Quanto mais alto o potencialosmótico e o gradiente de pressão entre a planta eo solo, maior será a possibilidade de a planta ex-trair nutrientes do solo, resultando em maioresprodutividades.

Para aumentar a concentração de sais na planta,desenvolveu-se um programa de hidratação via fo-lha. Fez-se chegar no interior da planta eletrólitosqueletizados com aminoácidos, para aumentar o vo-lume de líquido em sua corrente circulatória. O Qua-dro 3 mostra resultados do extrato celular do moran-go em duas épocas diferentes no ciclo da cultura.

O incremento na concentração do potássio noextrato celular foi uma resposta para o incremen-to do teor de sólidos solúveis do fruto. Houve me-lhora também da consistência da polpa, o que fa-cilitou o manuseio de pós-colheita e a resistên-cia ao transporte.

A conclusão deste trabalho é que, para manterum bom rendimento, evitar a salinização do solo eaumentar a vida útil das plantas, devem-se manteras concentrações de sais inferiores a 2 dS m-1 nasolução de solo e de, aproximadamente, 7 a 8 dSm-1 no extrato das plantas.

Fertirrigaçãoexige maioresinvestimentos

ITEM – Qual é a sua visão da agriculturairrigada e do uso da fertirrigação?Padilla – No Equador, por exemplo, atecnologia começou a ser empregada com umacultura que apresentava possibilidade de pagaro investimento, que é o cultivo de flores, espe-cialmente o de rosas. Com culturas de exporta-ção, por exemplo, a fertirrigação é bem-vinda.Trata-se de uma prática interessante, porquediminui o consumo de água, promove maioreficiência no consumo de fertilizantes, ajuda nocontrole do meio ambiente, evita quantidadesdesnecessárias com a adubação, menorsalinização, enfim, menor deteriorização domeio ambiente.

ITEM – Que parcerias poderiam ser feitas naAmérica Latina para um melhor aproveitamen-to desta técnica?Padilla – A idéia é essa, de fazermos um esfor-ço maior de utilização dessa técnica para ob-termos maiores produções e atendermos gran-des mercados como o da Ásia, China e Índia.Escrevi recentemente um artigo no Equadorpara motivar os produtores, quando ressaltouque na China existem 80 milhões de milionári-os. Então, temos que levar nossos produtos atéeles. Na visita feita à Blue Ville (empresa gaú-cha de parboilização do arroz), verificamos aimportância da agregação de valor ao produto,que oferece maiores possibilidades para a aber-tura de mercados. Em produtos como o mo-rango, de alta perecibilidade, a possibilidadede agregação de valores está na elaboração deconservas e sucos.

QUADRO 2Valores de potencial osmótico e gradiente de pressão emrelação à produção de morango

Época Variedade Potencial osmótico Gradiente Produtividade(ppm) (atm) (t ha-1)

Início Chandler 2579,2 3,42 25

Final Chandler 3640,7 4,81 40

Fonte: Agrobiolab 2004

48 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

QUADRO 3Resultados da análise do extrato celular de plantas de morango

Variedade NH4 NO3 PO4 K Ca Mg Na S B Peso Volumemg L-1 g ml

Chandler Início 28 248 1700 3200 830 530 17,5 373,3 0,99 31,1 5,2

Chandler Final 55 142 1800 3600 610 254 9,6 458,2 1,3 63,5 23,4

QUADRO 4Valores de condutividade elétrica e concentração de sais no solo e nas plantas

Época Variedade Solo Planta Solo Planta CE dS m-1 Conc. Sais (ppm)

Início Chandler 4,28 8,31 2739,2 5318,4

Final Chandler 1,55 7,24 992,86 4633,6Fonte: Agrobiolab / 2004

LITERATURA CONSULTADA

Cadahia C.. Fertirrigaciónen cultivos hortícolas yornamentales.MundiPrensa. Madrid.1998. 443p.

Epstein E.. Mineral Nutritionof Plants Principles andPerspectives. John Wileyand Sons, Inc. New York.P. 38-41. 1972

Kramer P.. Plant & SoilWater Relationships AModern Synthesis. McGrawHill Book Company.New York. P. 37-43. 1969

Ting I.. Plant Physiology.Addison-Wesley PublishingCompany. London.P. 131-151. 1982

E N T R E V I S T AWASHINGTON PADILLA

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 49

ara o secretário de Recursos Hídricos doMinistério do Meio Ambiente, João BoscoSenra, quanto maior a consciência e o com-

promisso para o uso racional dos recursos hídricosdo País, com o desenvolvimento de mecanismos etécnicas, maior será a eficiência de cada gota d’águautilizada na produção de alimentos. “Sem dúvidanenhuma, isso contribui para que todos possam terum melhor aproveitamento do grande potencialnacional”, afirmou.

Ele esclareceu, durante o seminário sobre “No-vas aproximações à gestão de recursos hídricos:modelagem para maior racionalidade na alocaçãoda água”, que são muitas as perdas de água exis-tentes nas diferentes regiões do País, desde a suacaptação. Na Região Norte, as perdas chegam atéa 60%, enquanto no Sul e Sudeste ficam em tornode 25%. “É fundamental a redução dessas perdas,porque essa água tratada e coletada, que não che-ga ao cidadão, está faltando para outros”, consi-dera o secretário.

Como buscar o uso racional da água?O uso racional da água com redução de perdas

é uma das questões que o Conselho Nacional deRecursos Hídricos (CNRH) vem trabalhando eestabelecendo diretrizes. Esse Conselho, atravésda Câmara Técnica de Águas Subterrâneas e daCâmara Técnica de Outorgas, está buscando umadeliberação com critérios sobre o reuso da água eo estabelecimento de estímulos às pessoas parareciclarem e recircularem águas já utilizadas emoutras atividades.

Senra afirmou ainda que existe também umoutro grupo de trabalho para o uso eficiente daágua, que busca a redução de perdas e um uso maiseficiente, melhorando tecnologias utilizadas naagricultura, na indústria e no saneamento.

Outro trabalho está voltado para o uso e cap-tação de águas da chuva. “O governo já está apoi-ando um programa de captação de água das chu-vas, através de cisternas, para consumo humano.No Nordeste, estamos com um projeto de barra-gens subterrâneas, para captação e armazena-mento de águas de chuva”, ressaltou.

Coeficientes de cultivo e meio ambienteO consultor internacional Luís Santos Pereira

aproveitou para apresentar o modelo Isareg do ba-lanço hídrico e da condução da irrigação. “Se for-mos capazes de ter, de um lado, um bom padrãoem termos de cálculo de evapotranspiração de re-

ferência e, de outro, coeficientes de cultivo bemestimados, poder-se-á saber, aproximadamente,qual é o consumo da cultura e facilmente entrarno processo de balanço hídrico”, enfatizou.

O professor João Soares Viegas Fi-lho, diretor da Agência de Desenvolvi-mento da Lagoa Mirim, afirmou que amelhor utilização da água ajudaria nainclusão social. “Hoje nós precisamosproduzir alimentos de qualidade parauma população crescente. Precisamosde um ambiente salubre para viver, te-mos que ter água de boa qualidade emtodos os sentidos”, ressaltou.

Viegas falou ainda sobre o convênioassinado entre o Instituto de Pesquisasda Universidade Federal do Rio Gran-de do Sul, a Faculdade de EngenhariaAgrícola da Universidade Federal dePelotas e o Instituto Superior de Agro-nomia da Universidade Técnica de Lis-boa. O convênio tem o propósito de uniresforços para construir sistemas deapoio à decisão. “Estamos pensando emampliá-lo para unir esforços e melhorconhecer o ambiente em que vivemos”,afirmou.

A modelagem, como forma para di-minuir os riscos agrícolas do produtor

O palestrante Flávio René Victóriaapresentou a concepção multiescala euso múltiplo aplicada ao planejamentoe gestão de recursos hídricos em bacias.Afirmou ainda ser necessário conhecermelhor os sistemas hídricos e modelos,associados as diversas culturas das re-giões para melhor utilização da água.

Explicou ainda o modelo de gestãodos recursos hídricos utilizado emChapecó, Santa Catarina. Os modelosagroclimáticos ligados aos de previsão climáticaglobal, os quais verificam sempre os efeitos locaisdas mudanças de clima e problemas de água. Comeles, foram encontradas respostas interessantes,como enfatiza Flávio Victória. “Com esses mode-los conseguimos, por exemplo, ter uma previsãodo que iria acontecer na próxima safra e, com es-tudos anteriores, implementamos medidas de pre-venção para os agricultores. Com isso, consegui-mos reduzir os riscos aos quais o agricultor estavasujeito na próxima safra”.

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RECURSOS HÍDRICOS

Alternativas para maiorracionalidade na alocação da água

João Bosco Senra, secretário deRecursos Hídricos do MMA

Luís Santos Pereira, consultorinternacional

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50 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

ITEM – Qual a visão que o senhor tem do uso deáguas residuais pela agricultura irrigada no Brasil?Jacob – O uso de águas residuais originárias deanimal já é praticado no Brasil, sendo de fácil apli-cação. As de origem industrial têm poucos exem-plos aqui, mas também apresentam um bom

O uso de águas residuárias oriundas daagricultura, da indústria e de esgotosmunicipais, na irrigação, foi tema de umseminário e de um minicurso durante o XIVConird. Em entrevista para a revista ITEM,dois de seus instrutores, Jacob L. La Rue,gerente de Desenvolvimento de Produto daValmont Industries, nos EUA, e BernhardKiep, diretor-presidente da Valmont/Valley,no Brasil, consideram a utilização corretadessa prática como uma forma de reduçãode custos agrícolas, que ainda depende daquebra do preconceito de técnicos e deuma maior participação do poder público.

50 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

E N T R E V I S T A

potencial. O aproveitamento de águas origináriasdos esgotos municipais é mais difícil, porque exigeuma força de vontade maior dos técnicos para do-minarem o assunto e fazerem as autoridades acei-tarem esta metodologia de forma segura, com subs-tanciais economias para a sociedade.

ITEM – No uso de águas residuais, quais as van-tagens da instalação de uma irrigação mecaniza-da em relação a outros sistemas tradicionais?Jacob – Em primeiro lugar, o principal, na irriga-ção mecanizada, é que estão sendo aproveitados eutilizados os nutrientes que estão dentro dessaságuas. Solução ecologicamente correta. Em segun-do, é que esses nutrientes na agricultura reduzemos custos agrícolas do agricultor e proporcionam alimpeza da água.

ITEM – O que se pode fazer para aumentar o usode águas residuais na agricultura?Bernhard – Na verdade, sabe-se que no Brasil ouso de águas residuais na agricultura está inician-do, pois apenas 5% são explorados do potencialexistente. Isso significa que o uso de águas residu-ais municipais, industriais e da agricultura pode seraltamente explorado. Na área municipal, por exem-

Os projetosintegrados de

tratamento deáguas residuárias

e agriculturairrigada são

considerados devital importância

no uso racionalda água e de

nutrientesagrícolas

USO DE ÁGUAS RESIDUÁRIASPELA AGRICULTURA IRRIGADA

Solução para um problemaambiental

USO DE ÁGUAS RESIDUÁRIASPELA AGRICULTURA IRRIGADA

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 51

plo, em cidades pequenas com 5 a 10 mil habitan-tes, em vez de considerar o resíduo humano comoproblema, ele pode ser transformado em uma re-ceita. Ou seja, através da irrigação, pode ser cria-da uma área produtiva em volta da cidade, que gerereceita para o município. Isto já é realizado nosEstados Unidos, é muito simples e fácil. No casode águas residuais originárias da indústria, em vezdos caros tratamentos químicos, que não geramreceita, elas podem ser aproveitadas em outrosprocessos, como por exemplo, na lavagem de to-mates. Já a água residual originária da agriculturaé utilizada no Brasil, para maximizar a produção.Ou seja, o problema transforma-se em uma solu-ção.

ITEM – Como funciona a aplicação da água nosolo?Bernhard – Para isso, têm-se inúmeros sistemas, apartir da análise da água e sabendo a sua composi-ção, ela pode ser destinada a diferentes solos, am-pliando-se a área em relação à quantidade de águaresiduária a ser distribuída. São feitos testes decapacidade de infiltração. De acordo com cadaprojeto a ser implementado, será dimensionada aaplicação. Hoje, nos EUA e na Europa, trabalha-se para usar, cada vez mais, áreas maiores parareceber uma mesma quantidade, a fim de eliminaros problemas de concentração de odores, permi-tindo uma aplicação mais monitorada, em quanti-dades específicas.Atualmente, grande parte dos agricultoresirrigantes norte-americanos não faz uso do siste-ma tradicional brasileiro. No Brasil, coloca-se adu-bo junto com a semente e espera-se que a plantaacabe retirando os nutrientes do solo durante o seuciclo. Já nos EUA, usam-se fertilizantes líquidosaplicados via irrigação, ou seja, alimenta-se a plan-ta, conforme o seu estádio de desenvolvimento. Ouso de fertilizantes líquidos nos EUA está crescen-do muito mais do que os sólidos, o que no Brasil épouco conhecido. É uma questão de custo e pro-blema de frete. Já existem algumas empresas quetêm o fertilizante líquido. Mas, pelo fato de o trans-porte ser muito caro, torna-se inviável economica-mente. Podem-se obter resultados semelhantescom o uso de dejetos, que, aplicados de maneiracontrolada, poderá maximizar o uso desses fertili-zantes.

ITEM – Quais as vantagens do reuso de águas re-siduais?Bernhard – A grande vantagem é exatamente apro-veitar o uso dessas águas como um produto paraproduzir outro produto. Além de resolver um pro-blema, como jogar o esgoto nos rios e degradá-los,já que a quantidade destes dejetos é muito gran-

de, a solução é espa-lhá-los, de maneiramonitorada e con-trolada, e produzir.Quando se fala em tra-tar as águas residuais,acredita-se que estesresíduos são negati-vos. Mas, na realidade,significa aproveitar es-tes resíduos monito-radamente e analisaras plantas. A própriaplanta faz a recicla-gem da água.

ITEM – Sobre o usoda água originária desistemas de esgotosdas cidades, o queessa prática contribuipara a economia noPaís?Bernhard – Nestecaso, o problema podeser transformado emalgo positivo, ou seja,em nutrientes que po-dem ser usados para aagricultura, agregan-do valores.

ITEM – No processode aplicar em irriga-ção, o que deve serlevado em considera-ção?Bernhard – Primeiro,os dejetos devem serexaminados para veri-ficar o que pode serfeito para melhorá-los. Os fabricantes deirrigação devem orientar quanto ao monitora-mento desses dejetos. Em relação ao município,propriedade ou indústria, os vizinhos devem serlevados em consideração, principalmente nas ques-tões relativas ao meio ambiente. É importante fa-zer um projeto detalhado. Por ser um assunto maiscomplexo, ainda não foi devidamente enfrentadono Brasil. Países, onde a questão do meio ambien-te é muito mais rígida, já estão encarando essa si-tuação. No Brasil, a legislação ambiental é muitorígida em alguns aspectos práticos. A execuçãode um projeto como esse deve envolver o poderpúblico, para que não ocorram problemas maistarde.

4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 51

JACOB L. LA RUE / BERNHARD KIEP

Bernhard: a própria planta faz areciclagem da água

Jacob: o uso de águas residuárias reduzcustos agrícolas

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52 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

milhões de toneladas e um consumo estimadoem 12,6 milhões de toneladas.

O arroz é uma gramínea anual classificadano grupo de plantas C-3 adaptada ao ambienteaquático.

A cultura é plantada por grandes e peque-nos produtores em todos os Estados do País emdois diferentes ecossistemas: várzeas e terrasaltas. Mas a maioria prefere sistemas agrícolasirrigados, principalmente na Região Sul ou noCerrado, com ênfase para os estados do RioGrande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC). Omunicípio de Agronômica (SC) é recordista mun-dial em produtividade, com rendimentos de até14 toneladas por hectare.

Só para se ter uma idéia da importância docultivo do arroz na Região Sul do País, é dasvárzeas gaúchas que sai, atualmente, cerca de50% de todo o arroz produzido no Brasil, ou25% daquilo que se produz na América Latinaou 1% de toda a produção mundial.

Nas últimas décadas, a produtividade de ar-roz irrigado no Rio Grande do Sul apresentouuma trajetória ascendente em virtude do usode cultivares com alto potencial produtivo e douso apropriado de insumos e tecnologias mo-dernas. No entanto, ela está abaixo do que po-deria estar. Isso devido a alguns fatores como:adequação da área de semeadura, época de se-meadura, controle de plantas daninhas - espe-cialmente o Arroz Vermelho -, manejo da irriga-ção e nutrição de plantas.

As lavouras de arroz irrigado do RS estão al-tamente infestadas por plantas daninhas. Suainterferência é um dos principais fatores que li-mitam a produtividade e a rentabilidade da cul-tura do arroz. A estratégia de controle de plan-tas daninhas em lavouras de arroz irrigado, en-tretanto, deve combinar diferentes métodos,uma vez que as plantas daninhas variam muito

Sistema de Produção Clearfieldna rizicultura irrigada porsuperfícieO arroz é um dos alimentos maisproduzidos e consumidos no mundo. Oproduto é o terceiro cereal mais plantadono planeta, atrás apenas do trigo e domilho – são 390 milhões de toneladasanuais. O cultivo é feito em 113 paísesdistribuídos por todos os continentes,exceto a Antártida. É um alimento básicopara mais da metade da populaçãomundial e é também a principal fonte derenda para cerca de 100 milhões defamílias na Ásia e na África.

egundo pesquisas históricas, o arroz sur-giu no sudeste asiático. A Índia é aponta-da como o provável local de origem, mais

precisamente nas províncias de Bengala, Assame Mianmar, uma das regiões de maior diversi-dade e onde, até hoje, é possível encontrar nu-merosas variedades endêmicas do arroz.

Bem antes de qualquer evidência histórica,o arroz foi, provavelmente, o principal alimentoe a primeira planta cultivada na Ásia derivadade duas formas silvestres apontadas na litera-tura como precursoras do arroz cultivado (Orysasativa). As mais antigas referências ao arroz sãoencontradas na literatura chinesa, há cerca decinco mil anos. A cultura está relacionada aindaa várias festividades, representações artísticas erituais. Há citações do uso do arroz nas escritu-ras hindus e em oferendas religiosas no sudesteasiático.

Para a grande maioria da população da Amé-rica Latina, o arroz é seu principal alimento, sen-do que no Brasil ele é o responsável por 18%das calorias e por 12% das proteínas da dietabásica da população. O Brasil é o maior consu-midor ocidental de arroz, com uma safra de 12,7

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 53

quanto a seus hábitos de crescimento e aos seusciclos de vida. O uso continuado de um mesmométodo de controle, tais como preparo de solo,sistema de cultivo ou herbicida, evita o cresci-mento de espécies relacionadas a este método.Para impedir a seleção e/ou a resistência de es-pécies a herbicidas, recomenda-se um progra-ma com a integração de diferentes métodos decontrole e alternância de herbicidas com dife-rentes mecanismos de ação. Um programa in-tegrado de manejo de plantas daninhas em ar-roz irrigado requer uma estratégia de longo pra-zo, que visa minimizar as perdas causadas pelasinfestantes com o menor custo para os produ-tores e com menor impacto ambiental possível.

Dentre as espécies daninhas, o Arroz Verme-lho merece destaque especial, por estar disse-minado em quase toda a área cultivada comarroz no RS. As alternativas de manejo dessainfestante são parciais e estima-se que ela pro-voque uma redução anual de mais de um mi-lhão de toneladas por safra. Isto resulta em umaqueda de, aproximadamente, US$ 266 milhõesem faturamento e US$ 32 milhões a menos deICMS arrecadados. O Arroz Vermelho é o gran-de inimigo da rizicultura brasileira.

NA LAVOURA SUA PRESENÇA PROVOCA:

• REDUÇÃO DO RENDIMENTO (KG/HA)

• ELEVAÇÃO DO CUSTO DE PRODUÇÃO

• MENOR RENDIMENTO DE ENGENHO

• DEPRECIAÇÃO DO PRODUTO COLHIDO

• MENOR APROVEITAMENTO DE ADUBAÇÃONITROGENADA

• DESVALORIZAÇÃO DA TERRA

A população mundial cresce de forma verti-ginosa. Seremos 11 bilhões no ano 2050. En-tretanto, a agricultura também está entrandono século XXI. Seus avanços tecnológicos signi-ficativos tornaram-se as principais ferramentasna luta contra a fome. Hoje, só através datecnologia é que se tornou possível produzirmais em menor espaço, imprimir valores

INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO

nutricionais mais elevados aos alimentos, que-brar recordes e mais recordes de produtividadee tornar rentável o setor agrícola. O empregoda tecnologia na agricultura é que permitiuavançarmos na erradicação da fome.

A BASF assumiu, desde o seu início, um com-promisso: pesquisar e desenvolver tecnologiase produtos que se traduzam em soluções para a

Sistema de produção Clearfield

Arrozsem Only

Arrozcom Only

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54 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

agricultura. Um compromisso que vem sendo cumpri-do com sucesso, como demonstra sua extensa linha deprodutos que atende diversas culturas. Fiel à sua voca-ção agrícola e ao seu compromisso com o setor, a BASFtrouxe para o Brasil, através de parcerias com as princi-pais empresas de sementes e órgãos de pesquisa, umatecnologia inovadora: o Sistema de Produção Clearfield.

Este Sistema permite ao produtor otimizar seus re-cursos e produtividade através da combinação de se-mentes geneticamente avançadas com herbicidas es-pecialmente desenvolvidos para oferecer a melhor so-lução no controle de plantas daninhas. Essas semen-tes, geneticamente avançadas, são tolerantes a deter-minados herbicidas do grupo das Imidazolinonas. Istose torna possível, mediante o uso de uma combinaçãodesses compostos e adaptação do herbicida às maisvariadas necessidades dos diferentes mercados ou cul-turas.

Dependendo do composto e da cultura, o herbicidado Sistema de Produção Clearfield pode ser aplicadoem pré e/ou pós-emergência, possibilitando aos agri-cultores uma maior flexibilidade nas aplicações.

Os compostos dos herbicidas do Sistema de Produ-ção Clearfield afetam uma enzima encontrada nas plan-tas que não está presente nos animais, como pássaros,peixes e insetos. Isto explica a baixa toxicidade agudado produto a animais.

O Sistema de Produção Clearfield inclui culturasextremamente seletivas a esses eficientes herbicidas evem sendo desenvolvido para uso nas principais cultu-ras e para quase todas as regiões agrícolas do mundo.

Arroz ClearfieldEm cooperação com a BASF, a Uni-

versidade de Louisiana (EUA) desenvol-veu o Sistema de Produção ClearfieldArroz, um excelente instrumento para arizicultura brasileira atingir seu potenci-al produtivo, controlando de forma efi-caz o Arroz Vermelho. Trata-se de umalinhagem de arroz tolerante ao grupoquímico das Imidazolinonas. O InstitutoRio-Grandense do Arroz (IRGA) realizoucruzamentos dessa linhagem com suaspróprias e desenvolveu a primeira culti-var registrada, que recebeu a denomi-nação comercial de IRGA 422 CL.

A parceria entre o IRGA e a BASF veiojuntar-se à empresa RiceTec, que possi-bilitou o registro do primeiro híbridoClearfield no Brasil, denominado comer-cialmente TUNO CL. Paralelamente, aBASF desenvolveu o herbicida Only®, oúnico registrado e recomendado parauso exclusivo no Sistema de ProduçãoClearfield Arroz.

Este Sistema é sustentado por trêspilares principais: sementes genetica-mente avançadas (tolerantes), herbicidaespecialmente desenhado para as con-dições edafoclimáticas do Brasil e o Pro-grama de Monitoramento das lavouras.

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 55

SementesA cultivar IRGA 422CL é resultante da

seleção pelo método de retrocruzamentorealizado com o objetivo de incorporar ogene de tolerância ao herbicida. Esta ca-racterística foi obtida da linhagem93AS3510, proveniente do Centro deAgricultura da Universidade da Louisiana,Estados Unidos, a qual foi utilizada comogenótipo doador do gene que confere atolerância ao herbicida Only® e à cultivarIRGA 417, como genitor recorrente.

O cruzamento inicial foi feito em 1996,na Universidade da Louisiana, e a cultivarIRGA 422CL é o resultado final de cincogerações de retrocruzamentos realizadose desenvolvidos pela Estação Experimen-tal do Arroz, em Cachoeirinha, RS. Suaprincipal característica é aliar a tolerânciaao herbicida Only® a um alto potencialprodutivo, com excelente qualidade degrãos. A pesquisa chegou também a umarecomendação de densidade ideal de se-meadura de 120kg de sementes certifica-das/ha.

O híbrido TUNO CL é marca registradada RiceTec. Ele também apresenta tolerân-cia ao herbicida Only®, possui alto po-tencial produtivo, excelente qualidade in-dustrial e alta capacidade de afilhamento.A densidade de semeadura recomenda-da é de 50 kg/ha.

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HerbicidaOnly® é o herbicida especialmen-

te desenvolvido, registrado e recomen-dado para este Sistema, proporcionan-do o controle eficaz do Arroz Verme-lho e de outras plantas daninhas queinfestam as lavouras de arroz. Only®é um herbicida para aplicação em pós-emergência, até o segundo perfilho doArroz Vermelho e que proporcionaação residual até a entrada de águana lavoura, controlando as plantasdaninhas ainda não emergidas. A doserecomendada para a utilização é de 1L de produto comercial/ha, adicionan-do-se 0,5 L/100 litros de água de Dashà calda herbicida. Em algumas situa-ções particulares poderão ser neces-sárias duas aplicações fracionadas deOnly® em pré e pós-emergência soba orientação da assistência técnica daBASF.

Programa de MonitoramentoÉ fundamental para o sucesso e a manutenção dessa

tecnologia inovadora, adotando-se as seguintes medidas pre-ventivas:

a - não cultivar a mesma área com arroz CL por mais deduas safras consecutivas;

b - utilizar técnicas de manejo integrado, como cultivomínimo etc.;

c - manter taipas, canais e estradas livres do Arroz Verme-lho;

d - utilizar somente o herbicida Only®, seguindo as reco-mendações da BASF;

e - promover vistorias no campo e retirar escapes de ArrozVermelho antes do florescimento;

f - semear a cultivar CL em áreas onde seja possível obterum bom manejo de água;

g - promover, no manejo pós-colheita, a destruição dasoqueira após sua brotação;

h - promover rotação de culturas, utilizando herbicidas commecanismo de ação diferentes dos inibidores da enzimaALS;

i - participar do treinamento sobre o Sistema.

® CLEARFIELD* e ONLY* são marcas registradas da BASF.

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56 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Melhores resultadosna prática

Assad comentou também sobre o embate ocor-rido entre os produtores de trigo, um grupo tradi-cional de produção no Rio Grande do Sul, com aproposta de mudar, em 30 dias, a data de plantiopara algumas regiões. Os resultados de produçãoforam obtidos na terceira safra, quando foram ob-servadas menores perdas com a adoção do novosistema.

O projeto começou através de um contrato fir-mado entre o Ministério da Agricultura e a Fun-dação de Empreendimentos Científicos eTecnológicos da Universidade de Brasília, e par-cerias com os Estados. Iniciaram-se os estudos,regionalizando os sinistros, basicamente seca echuva. O ponto principal, no primeiro ano, era atecnificação da agricultura, que contribuiu para aredução de custos e permitiu o redirecionamentoe a melhor alocação de recursos para empreendi-mentos rurais viáveis e considerados primários.

“Um exemplo disso: plantar soja na Bahia, emcima de areia quartzosa. Faça, mas com o seu di-nheiro. Com recurso público, não. Porque se sabeque ao final de três anos isso é inviável. Acaba coma sustentabilidade do solo, a matéria orgânica e a

56 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Minicurso debate a questãodo risco agrícola

O minicurso sobre “Clima eIrrigação”, ministrado pelo

pesquisador da Embrapa PesquisaTecnológica em Informática para a

Agricultura, Eduardo Assad, atraiu aatenção dos participantes. Na

ocasião, ele demonstrou eexemplificou como a liberação docrédito agrícola está atrelada aos

estudos de riscos climáticos. Opesquisador iniciou destacando ouso de técnicas adequadas para a

obtenção de resultados crescentes,como o sistema Plantio Direto, a

utilização de sementes de qualidade,o plantio na época adequada e

outras práticas. Afirmou ainda queestá sendo desenvolvido um estudo

de diagnóstico climático comrecomendações ao agricultor.

O SistemaPlantio Direto ea irrigação são

práticasrecomendadaspelos técnicos

para reduzir osriscos agrícolas

CLIMA E IRRIGAÇÃOCLIMA E IRRIGAÇÃO

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 574º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 57

produtividade vão a zero. Os custos de produçãoaumentam muito, além de provocar a compactaçãode solo. O correto seria plantar fruta”, exemplificouAssad.

Informação como apoio namelhor aplicação de recursos

Assad demonstrou, com exemplos, a possibili-dade de implantação de uma efetiva política agrí-cola, com a aplicação dos recursos do custeio agrí-cola no momento correto.

Segundo ele, o grupo de coordenação de polí-tica agrícola começou a ter problema com a redu-ção e diferenciamento das alíquotas que adotas-sem o zoneamento. As alíquotas caíram de 11%para 4%, 3%, 2%, culturas irrigadas 1%, 1,7%.Hoje as empresas de seguro rural têm informaçõesonde elas podem se apoiar, uma vez que o gover-no testou e fez funcionar sistemas de produção,que irão dar amparo à legislação sobresecuritização rural, um avanço para a agricultura.

“Hoje, estamos trabalhando com as culturas dearroz, feijão, milho, trigo, soja, café, algodão, caju,mamona, e estão sendo abertos novos projetos depesquisa para outras culturas”, explicou Assad. Eleafirmou ainda que a meta do atual ministro daAgricultura, Roberto Rodrigues, é implantar embreve um seguro rural dentro da realidade da pro-dução.

Zoneamento agrícolado Brasil

Com a regionalização do Brasil, foi feita umaanálise classificatória e agrupamento de 2.380 es-tações meteorológicas a partir dos ecossistemasbrasileiros. A Região Sul, por exemplo, compre-ende os estados de Rio Grande do Sul, SantaCatarina, Paraná e um pedaço do Mato Grosso doSul. No Rio Grande do Sul, existem seis diferenteszonas agrícolas, caracterizando um paraíso para oseguro rural, por apresentar forte incidência derisco de geadas e de chuvas.

Com base nos dados meteorológicos, foi feitoum mapeamento do Brasil, com o estabelecimen-to de 25 zonas pluviometricamente homogêneas.A proposta para a agricultura irrigada é de utilizaresses dados e trabalhar os períodos em que a irri-gação torna-se necessária.

“Já estamos trabalhando com a ANA em rela-ção à outorga de direito do uso da água, juntandodados relativos à evapotranspiração”, afirmouAssad. Segundo ele, o produtor pode ter acesso adados climáticos no site www.agritempo.gov.br .

Eduardo Assad: desenvolvendo umtrabalho conjunto com a ANA naoutorga de direito do uso da água,utilizando dados relativos àevapotranspiração

A região Sul é considerada um paraíso para o seguro rural, pela forte incidência deriscos de geada, excesso de chuvas e seca

O café é uma das culturas pesquisadas, tendo em vista a implantação de um seguroagrícola mais realista

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A próxima revista,ITEM 65,

1º trimestre de 2005,já está em fase

de edição.

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Em 2001, uma rica programação do XI CONIRD e4th IRCEW, em Fortaleza, CE, registrada na Item50, com a edição dos 2 anais e de um livro eminglês e a inserção internacional da ABID.

Em 2002, o XII CONIRD em Uberlândia, MG, comos anais em CD e a programação na Item 55.

Em 2003, o XIII CONIRD em Juazeiro, BA, com osanais em CD e a programação na Item 59.

Em 2004, o XIV CONIRD em Porto Alegre, RS, comos anais em CD e a programação na Item 63.

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ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DEIRRIGAÇÃO EDRENAGEMÉ O COMITÊNACIONALBRASILEIRO

DA

ICID-CIID

Teresina PI16 a 21 de outubro de 2005

AGENDE ESSE ENCONTRO com osagronegócios calcados na agricultura irrigada.

Temas nacionais e internacionais voltadospara o uso sustentável da água e a geraçãode riquezas e empregos.

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 59

Mulching Vertical é uma nova tecnologiaque a Universidade Federal de SantaMaria, a Semeato e a Embrapa, em

parceria, evidenciaram e testaram emPasso Fundo (RS), com excelentes

resultados na conservação da água, comoalternativa de substituir terraços nosistema Plantio Direto. O projeto foi

financiado com recursos do Programa CT-Hidro do CNPq.

ara o professor Afrânio Righes, da áreaambiental do Centro Universitário Francis-cano de Santa Maria (Unifra/RS), uma das

alternativas para o aumento de água em tempos deescassez é, sem dúvida, o uso do Mulching Vertical.Righes afirma que é uma tecnologia brasileira quepode evitar totalmente o escoamento superficial, sefor utilizada em uma bacia hidrográfica. Obviamen-te, se toda água da chuva for infiltrada será aumen-tado o volume de água nas vertentes. Dessa forma,haverá uma perenização dos rios com um maior vo-lume disponível para a utilização da irrigação, dimi-nuindo-se os conflitos para a outorga de água, ex-plica. Segundo ele, se esta técnica for difundida, seráum grande avanço no controle da perda de água.

Entretanto, Righes esclarece que, na falta des-sa providência, a perda de água pode ser maisalta do que era no sistema convencional, caso hajaa retirada dos terraços no sistema Plantio Dire-to, que tem alta eficiência no controle do trans-porte de sedimentos, mas não consegue, sozinho,acompanhar a intensidade maior de chuvas comos benefícios da infiltração instantânea. É justa-mente aí que o Mulching Vertical mostra seusbenefícios. Para Righes, a proposta dessatecnologia vem colaborar no equacionamento daeliminação dos terraços no sistema Plantio Dire-to, facilitando a formação dos talhões e aumen-tando a eficiência das operações mecânicas. Aágua que não infiltrar será absorvida no MulchingVertical, constituído por uma vala estreita, comespaçamento semelhante aos dos terraços, sen-do completamente preenchida com palha.

Afrânio salienta que o Rio Grande do Sul ain-da não tem grandes problemas de poluição daságuas. Entretanto, já existem concentrações deprodutos como agrotóxicos, que em alguns ca-sos, atingem os mananciais, devido a manejos ina-dequados. Assim, a utilização do Mulching Verti-cal e outras medidas, principalmente quando sãoaplicados produtos como defensivos e fertilizan-tes e as condições de infiltração instantânea nãocomportam o volume de chuvas, precisam serimplementadas.

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Mulching Vertical,uma nova tecnologia

4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 59

A valetadeiraabre os sulcos.O excesso daágua das chuvasé absorvidopelas valasestreitaspreenchidascom palha. Essaágua infiltradavai alimentar oslençóis d´água,evitando oescoamentosuperficial

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60 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Os participantes do XIV CongressoNacional de Irrigação e Drenagem (XIVConird) e do Encontro Interamericanode Irrigação, Drenagem e Controle de

Enchentes (EIIDCE) tiveram aoportunidade de conhecer um projetopúblico de irrigação, o da Associação

dos Usuários do Arroio Duro (AUD),localizado no município de Camaquã, a

127 km de Porto Alegre, onde foirealizado um dia de campo sobre

orizicultura irrigada.

oi feita uma visita à Barragem do ArroioDuro, onde se desenvolve a administraçãocompartilhada das águas pela AUD,

conduzida pelos produtores. A estrutura instaladano local permite a distribuição de água para as pro-priedades dos 400 associados. O presidente emexercício da ABID, Helvecio Mattana Saturnino,considerou o encontro de grande relevância para

a troca de experiências entre os congressistas eagradeceu à AUD, ao Irga, ao grupo da Emater/RS, à comunidade e ao prefeito de Camaquã, queviabilizaram a realização daquele dia de campo.

Perímetro de irrigação

Em 1967, foi inaugurado em Camaquã, peloDepartamento Nacional de Obras e Saneamento(DNOS), o Perímetro de Irrigação do Arroio Duro,primeiro projeto público de irrigação emancipadono País, formado por um reservatório de acumula-ção e uma rede de canais de irrigação e drenagem.Toda a estrutura é complementada por um com-plexo de obras, que serve para levar a água porcomportas elevadoras de níveis, os quais permitema irrigação por gravidade em 90% da área benefi-ciada. Nos outros 10%, onde se localizam as áreasmais elevadas, a irrigação é mecânica. Em 1999,com a conclusão das obras do projeto de captaçãode água do Rio Camaquã, foram incorporados mais3 mil hectares à área do perímetro.

O gerente de Operação e Manutenção da AUD,

Arroio DuroDia de campo sobre arroz irrigadoe gestão compartilhada de águas

As águas daBarragem do

Arroio Duro sãodistribuídas paraas propriedades

de 400produtores

associados à AUD

Arroio DuroDia de campo sobre arroz irrigadoe gestão compartilhada de águas

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FOTO: AUD

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 61

João Izidoro Viégas, explica que, em 1992, o perí-metro passou a ser administrado como entidadeprivada, mantendo hoje este modelo de patrimôniopúblico e administração privada. Camaquã perten-ce a uma região cuja economia apóia-se, princi-palmente, na orizicultura irrigada. “Respondemospor mais de 50% da área irrigada do município”,salienta Viégas.

O presidente da AUD, Antônio Carlos VargasLongaray, salientou que a entidade é conhecidanacionalmente e desenvolve uma administraçãocompartilhada das águas dirigida pelos usuáriosnum sistema de agricultura irrigada auto-susten-tável. Segundo ele, a AUD busca uma irrigaçãoeficiente, pelo fato de a agricultura ser uma gran-de usuária de água.

Além do arroz irrigado , a economia deCamaquã baseia-se no cultivo do fumo, soja e mi-lho. É considerada a capital do arroz parboilizadopor causa da empresa Blue Ville. O setor econô-mico é diversificado, considerando que aagropecuária se destaca com 25% de participação,a indústria, com 37%, e o comércio, com 38%.

O prefeito de Camaquã, João Carlos FagundesMachado, destacou a importância a AUD para aregião e evidenciou a importância do agronegócioarroz para o município. “A AUD gera empregos eimpostos para o município, desempenha um im-portante papel para o desenvolvimento e é consi-derada uma referência nacional”, enfatizou.

Experiência da AUD noprojeto de irrigação

A Barragem do Arroio Duro surgiu em 1953,quando foi criada, pelo governo do Estado, a Co-missão Estadual de Obras de Irrigação, com o ob-jetivo de estudar o aproveitamento hídrico da ba-cia vertente do Rio Camaquã. Esse fato resultou

na concepção de um projeto de irrigação, o qualarmazenava as águas na barragem e eliminava to-dos os açudes.

Viegas salientou que a região é vocacionadapara o arroz irrigado e os produtores utilizamtecnologias modernas em relação à cultura e àágua. O projeto é concebido por um reservatóriode montante e uma rede de canais de drenagem,com 476 km de extensão, que irrigam 15 mil hecta-res, ou mais, complementados com uma adapta-ção de bombeamentos no Rio Camaquã,totalizando 18 mil hectares.

Novas tecnologias para oarroz e a água

O engenheiro agrônomo e chefe de irrigaçãodo perímetro, Everton Fonseca, explicou que exis-te uma área administrada pela AUD com uma ex-tensão de 20 hectares, sendo que 3 hectares foramcedidos a um posto de fiscalização do Ibama. Tre-ze hectares são usados com lavoura de arroz, ondesão desenvolvidos trabalhos de pesquisa em par-ceria com o Irga. Lá, também, é promovido o tra-balho de extensão rural dirigido especialmente aousuário da AUD. “Dos associados, 95% são pe-quenos produtores com poucos recursos para com-parecer a eventos da área”, completa ele.

A parceria com o Irga envolve ensaios de vari-edades de arroz, para verificar linhagens resisten-tes a fitotexides de ferro. São, aproximadamente,9 mil linhagens por safra, onde, além da resistên-cia, é observada a fertilidade de solo com dosa-gens e formulações de agroquímicos. Fonseca afir-ma que esta é uma área sistematizada e planejada,sendo um modelo recomendado para o produtor.Também são desenvolvidos trabalhos que envol-vem manejo de água, resistência ao acabamentodo arroz e outros experimentos.

Os congressistasdo XIV Conird eEIIDCE conhecerama gestãocompartilhada deáguas praticadapela AUD

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Um trabalho de interesse refere-se à quantida-de de água usada na lavoura de arroz. Como atu-almente a cobrança pelo uso da água é feita porárea, uma maior racionalização do uso dela pode-ria ser obtida com a implantação do sistema demedição volumétrica.

Outro experimento importante é o de multi-plicação de sementes básicas. O material colhidoé enviado para o Irga e, quando retorna, vem emforma de sementes de alta qualidade, distribuídasaos associados.

Importância dalavoura arrozeira

Segundo a engenheira agrônoma e pesquisa-dora do Irga, Vera Mussoi, a lavoura de arroz temuma importância socioeconômica na metade suldo Estado, distribuída entre 133 municípios e gera270 mil empregos. Embora tenha expressão eco-nômica, Vera adverte que a lavoura é muito visadado ponto de vista ambiental.

Na safra 2003/2004, o cultivo do arroz abran-geu uma área de 1,2 milhão de hectares. SegundoVera, esta área é inundada, utilizando grande vo-lume de água, que, após o cultivo, é descartada edela são captados nutrientes, sólidos, resíduos eherbicidas. Outro aspecto relacionado à questãoambiental é a perda da diversidade tanto na floracomo na fauna. Vera salienta ainda que começoua trabalhar há pouco tempo com a qualidade daágua, com trabalhos desenvolvidos num canal pró-ximo da área experimental do Irga, localizada nomunicípio de Cachoeirinha. Essa água é originá-ria do Rio Gravataí e o local é considerado pelaFundação Estadual de Proteção ao Meio Ambien-

te (Fepam), o ponto mais crítico do curso d’água.O Rio também coleta uma grande quantidade deresíduos doméstico e industrial. Vera mostrou quefoi realizado um estudo sobre a recepção da águanestas condições e como ela sai após passar pelalavoura de arroz. Análises e observações relatamque a quantidade de nitrogênio é elevada e, as defósforo e potássio, consideradas de concentraçãobastante expressiva.

Outros trabalhos realizados na Estação Expe-rimental do Arroz do Irga apontam que a lavouraarrozeira funciona como um filtro biológico e acu-mulador de nutrientes. Vera explica que há umapreocupação especial com o arroz pré-germinado.Em Camaquã, aproximadamente 16% da área écultivada com este sistema.

Experiência doprodutor rural

Durante o dia de campo, foi feita uma visita àpropriedade rural de Leopoldo Moczulski, produ-tor pioneiro que se utiliza do sistema de cultivopré-germinado, desde 1981. Nas duas últimas sa-fras, ele implantou um sistema pré-germinado sema retirada da água, obtendo com isso um menorconsumo e uma melhor apresentação da lavoura.

Uma das vantagens desse sistema, segundo oprodutor, é a obtenção de um menor impacto aomeio ambiente, pois não se tem mais a retirada daágua e o deslocamento da matéria orgânica. Destaforma, o produtor enfatiza que não se sujam oscanais e ocorre uma economia significativa de água.“O consumo de água e o trabalho são menores e ocontrole de erva daninha é melhor, pois exige me-nos mão-de-obra”, explica o produtor. Ele obtevebons resultados desde a safra passada com produ-tividades em torno de 10 mil kg por hectare.

O produtor revela que ainda existem poucosprodutores fazendo este tipo de manejo, apesar dasvantagens. “Esta tecnologia foi importada de paí-ses tropicais, que passou a ser usada pelo produ-tor gaúcho, devido à grande quantidade de arrozvermelho, considerado uma praga.

Como funciona o sistemapré-germinado

Com o sistema pré-germinado, a semente per-manece mergulhada em água, por, aproximada-mente, 24 horas. Depois, fica em incubadora porum período de 20 a 36 horas, até que o tamanhoda semente fique em torno de dois milímetros.

Após esse período, ela é distribuída sob a lâmi-na de água, com altura em torno de 5cm e removi-da após cinco dias da semeadura. Quando a plan-ta estiver com três a quatro folhas, após a aplica-

As sementespré-germinadas

do arroz sãodistribuídas sob

lâminas deágua, com

altura de 5cm

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 63

ção de herbicidas, dá-se início à irrigação e estalâmina permanece no mínimo por 15 dias após oprimeiro florescimento, período suficiente paraque não haja perdas de produtividade.

No sistema convencional, o produtor mostraque utiliza 8 mil m3 de água por hectare. Já no sis-tema pré-germinado, ele aponta que é possível uti-lizar água oriunda de chuvas. Ou seja, a água podeficar armazenada durante a entressafra. Com isso,é possível obter uma redução no uso de água emtorno de 20%.

Através da experiência de quem adotatecnologia, pode-se afirmar que a eficiência no usoda água na lavoura do arroz fica em torno do usode 1 mil litros para a produção de 1 mil kg de arroz.

Práticas de manejo para maioreficiência de uso da água

No Rio Grande do Sul, a sistematização de soloé considerada a principal ferramenta para a redu-ção do consumo de água. Assim, diminuem-se ouso e o consumo de energia para a captação, sen-do o manejo da água também favorecido, bemcomo o controle precoce de plantas daninhas, comuma menor utilização de herbicidas.

Para o produtor, a manutenção da lâminad’água por até 30 dias é outra ferramenta compro-vada na prática. Observou-se que, até 30 dias apósa aplicação de herbicidas, não foi mais possíveldetectar o princípio ativo. Portanto, considera-seisto, uma forma de beneficiar o meio ambiente.

Moczulski recomenda que, o produtor, ao uti-lizar fertilizantes, deve fazer uma consulta a umprofissional da área. O uso de cultivares resisten-tes a doenças promove o emprego mínimo deagrotóxicos. “E, com isso, o meio ambiente agra-dece”, conclui.

Valor agregado com obeneficiamento do arroz

Os congressistas tiveram a oportunidade deconhecer todo o procedimento industrial do arrozparboilizado, na indústria situada em Camaquã, aBlue Ville.

Essa indústria, que completou recentemente 21anos de existência, beneficia mais de 23 tipos dearroz. Seu consultor técnico, Osvaldo Farias, deuexplicações sobre o tratamento da água e dosefluentes originários do processo industrial e asperspectivas sobre a reciclagem de água. Segundoele, a Blue Ville capta água bruta através do pro-cesso de parboilização, que é o pré-cozimento doarroz com casca. Este procedimento é realizadocom a água que é descartada que contém um altoíndice de matéria orgânica e precisa ser tratada.

O processo de parboilização do arroz da Blue Villebeneficia mais de 23 tipos de arroz

A agroindústria do arroz é responsável pela geraçãode 23 mil empregos diretos e indiretos no RS

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As três gerações da família Moczubski com osprofessores Folegatti e Antônio Soares

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64 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

JOÃO IZIDORO VIÉGAS

ENGENHEIRO CIVIL E GERENTE DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

DA ASSOCIAÇÃO DOS USUÁRIOS DO PERÍMETRO IRRIGADO

DO ARROIO DURO

O Projeto de Irrigação do Arroio Duro, lo-calizado na cidade de Camaquã (RS), propõeum modelo de administração compartilhadoentre a iniciativa privada e o poder público queconstruiu e detém a posse da infra-estrutura deuso comum.

O projeto que irriga, anualmente, 18 mil hade arroz, é composto essencialmente por umreservatório com capacidade de armazena-mento de 170 milhões m³ complementado poruma captação no Rio Camaquã, uma rede decanais de irrigação e drenagem e estruturas dederivação e elevação de níveis. A grande maio-ria das áreas (90%) é irrigada por gravidade.

O modelo de gestão proposto, que está emprática desde 1992, regulamentado por convê-nio assinado entre a Associação dos Usuáriosdo Perímetro de Irrigação do Arroio Duro(AUD), gestora do perímetro irrigado e Minis-tério de Integração Nacional, além de estabe-lecer deveres e direitos de ambas as partes, pro-porciona o instrumento legal, para que o poderpúblico faça investimentos em obras de

melhorias e expansão, transferindo aos usuári-os através da associação, as tarefas de opera-ção e manutenção mediante um fundo próprio,constituído pela cobrança do uso consultivo daágua.

A infra–estrutura implantada permite quea AUD, através de seus técnicos, tenha com-pleto domínio sobre o manejo da água, comtomadas parcelares de cada usuário, reguladasexclusivamente pelo pessoal habilitado.

Como a oferta de água é limitada pela es-cassez de recursos hídricos e a disponibilidadede solos aptos à irrigação é ampla, a AUD estádesenvolvendo um programa de racionalizaçãodo uso da água sem descuidar-se da qualidadedo efluente que volta ao meio ambiente.

Este programa é composto do emprego detecnologias modernas na operação e na distri-buição das estruturas de derivação e da infor-mação aos usuários, sobre quantidade e quali-dade da água de irrigação.

As tecnologias de operação consistem noconhecimento das vazões derivadas em cadatipo de estrutura em função de seu modelo hi-dráulico, que vai medir volumes e vazõesconsumidas pelo usuário, ao longo dos canais.Todos esses dados serão captados por estaçõesremotas ao longo do projeto, transmitidos online via telemétrica à central de operações queos processa e os disponibiliza ao administra-dor.

As informações aos usuários constam de pa-lestras técnicas, áreas de demonstração e re-comendação de variedades de plantas que exi-gem menor consumo de água sem prejuízo daprodutividade.

O modelo administrativo e operacional ado-tado pelo projeto de irrigação do Arroio Duroproporciona aos segmentos da sociedade, di-reta ou indiretamente envolvidos com a água,importantes subsídios para o tratamento dagestão dos recursos hídricos, cada vez mais es-cassos em qualidade e quantidade.

Projeto Arroio DuroAdministração e Racionalização dos Recursos Hídricos

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Arroio Duro: um perímetro de irrigação comum modelo de administração compartilhadaentre iniciativa privada e poder público

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 65

Dia de Camposobre o cultivo

irrigado domorango, em

Farroupilha,encerra XIV Conird

XIV Conird e o I EIIDCE foram encerra-dos com um Dia de Campo no municípiode Farroupilha, na Serra gaúcha, quando

foram apresentadas tecnologias adotadas para ocultivo de morango irrigado. A demonstração ocor-reu na propriedade do produtor Paulo Perini, ondese utiliza o sistema de cultivos protegidos e se pro-duzem morangos numa área de 12 hectares, emparceria com mais 12 famílias. As variedades es-colhidas são ‘Oso Grande’ e ‘Aromas’, numa pro-porção de 50% para cada uma delas.

Emprega-se a irrigação por gotejamento, como uso da fertirrigação. São canteiros com duas fi-leiras de plantas e duas fileiras de tubogotejadores,com espaçamento de 10cm entre eles. A bomba édo modelo TEBR 26, com motor elétrico de 30 CV,além de outro motor diesel de 95 CV. As fontes deágua são originárias de dois açudes.

Importância do morango

O município de Farroupilha cultiva morangodesde 1968 e tem sido incrementado nos últimosdez anos com a adoção de novas tecnologias. Ocultivo de morango ocupa uma área total de 35hectares, de onde sai uma produção de 1.400 to-neladas, e utilizam-se seis milhões de mudas dafruta. “A produção de morango é uma das princi-pais fontes de renda do nosso município”, afirmouo prefeito Bolívar Antônio Pasqual.

Segundo o técnico da Emater, MiltonGrazziani, os 70 produtores do município passa-ram do sistema tradicional, que é o de irrigaçãopor aspersão, para o sistema de irrigação porgotejamento, com o emprego de fertirrigação. “Nosúltimos cinco anos, a tecnologia de cultivo do mo-rango avançou muito em Farroupilha”, afirmou.

Para ele, com a adoção de novas tecnologiase variedades, os produtores conseguem produzirmorango o ano inteiro, o que é importante para amanutenção do mercado. “Isso propicia ao produ-tor a proteção da cultura das adversidades climáti-cas e, conseqüentemente, a menor ocorrência dedoenças e pragas, além da obtenção de um produ-

to de melhor qualidade”, destacou. Entretanto, se-gundo Grazziani, o alto custo de produção dessesistema e a grande oferta de morango provenientede outras regiões gaúchas e de outros Estados es-tão causando dificuldades para os produtores.

Final dos encontros

A visita na propriedade de Paulo Perini ocor-reu em três estações. Na primeira, foram apresen-tadas as técnicas de captação e fertirrigação. De-pois, os visitantes observaram o manejo da irriga-ção e o desenvolvimento da cultura e, por fim, foia vez de demonstrar a forma de acondicionamen-to, armazenamento e comercialização do moran-go. Após a visita às estações de produção da fruta,o proprietário organizou a degustação do produ-to.

Também participaram do Dia de Campo, comexplicações práticas, o assistente técnico estadualda Emater/RS, Jandir Esteves, o pesquisador daEmbrapa Semi-Árido, José Maria Pinto, o profes-sor Washington Padilla e Jorge Pinho Dias, repre-sentante da NaanDanIrrigaplan, que participaramda programação do Conird, abordando, principal-mente, o tema da Fertirrigação. Após um almoçode confraternização, houve a visita a umavitivinicultura no Vale dos Vinhedos.

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Com a adoção denova tecnologias evariedades, oprodutor gaúchoestá conseguindoproduzir durante oano inteiro

4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 65

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A vinícola Miolofoi visitadapelosparticipantes noencerramentoda programaçãodo XIV Conird edo EIIDCE

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O governador do estado do Piauí,Wellington Dias, fez, no início dedezembro de 2004, o lançamento oficialdo XV Congresso Nacional de Irrigação eDrenagem (XV Conird) e do SimpósioInternacional sobre Utilização das ÁguasSubterrâneas na Agricultura Irrigada aserem realizados, conjuntamente, de 16a 21 de outubro de 2005, em Teresina/PI.

lançamento foi feito durante a abertura da54a Expoapi e 2a Feagro, feira e exposiçãoagropecuárias do Estado e, na ocasião,

Wellington Dias afirmou que seu governo, que temo desenvolvimento como meta, está apostando nasáreas de produção agrícola e de criação de animaiscomo geradoras de emprego, renda e riqueza parao Piauí. Ele vê na realização desses dois eventosconjuntos de 2005 a possibilidade de fortalecimen-to de tecnologias apropriadas para o aproveitamen-to da riqueza de águas subterrâneas do Estado. Ospoços jorrantes existentes, que já desaguaram, semdestinação, milhões de metros cúbicos de água anu-almente estão sendo olhados com especial aten-ção. “Queremos agradecer às entidades do setorque estarão conosco e dizer que aceitamos o desa-

fio, esperando contar com a experiência da ABID,dos governos federal, estadual e municipal e, prin-cipalmente, do setor privado, para trabalharmosesse assunto com a maior profundidade possível”,afirmou ele.

Em seu discurso, ele citou uma recente pesqui-sa sobre a força econômica do interior brasileiroapresentada a investidores italianos, em Brasília,pelo Ministro Ciro Gomes, da Integração Nacio-nal. Segundo ele, as regiões Sul e Norte do Piauíforam apontadas como duas das 20 regiões estra-tégicas do País, com potencial para o desenvolvi-mento de agronegócios. Os números dessa pesquisasão auspiciosos: o Sul do Piauí foi a região que maiscresceu no Brasil, 26% em 2003, enquanto que oíndice nacional foi negativo: -0,2%. WellingtonDias destacou também a importância do estabele-cimento de parcerias com os governos federal emunicipal e do apoio da iniciativa privada para ummelhor aproveitamento dos recursos hídricos doEstado. Salientou o trabalho da Codevasf e a pre-sença do presidente dessa Companhia, Luiz CarlosEverton de Farias, que será um grande parceirona realização dos eventos, junto com a EmbrapaMeio-Norte, representada pelo chefe-geral da Ins-tituição, Valdemício Ferreira de Souza, as univer-sidades, o Banco do Nordeste, a CPRM, a ANA eas diversas instituições do governo estadual.

XV Conird abrigará tambémSimpósio Internacional

O governadorWellington Dias(de camisa azul)

cercado pelosecretário de

DesenvolvimentoRural do Piauí,Sérgio Luiz deOliveira Vilela;

pelo presidenteda ABID, HelvecioSaturnino; e, pelo

chefe-geral daEmbrapa Meio-

Norte, ValdemícioFerreira de Sousa

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68 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Absorção de mão-de-obra

A economia do Piauí caracteriza-se pela sua fra-gilidade, evidenciada pelo comportamento de al-guns de seus indicadores, a exemplo da renda percapita. O setor terciário é responsável por quase70% da formação da renda do Estado. Ainda quepese a atuação desfavorável de um de seus seg-mentos mais importantes, o comércio inter-regio-nal acaba transferindo recursos, através de diver-sos mecanismos, principalmente tributários paraEstados mais desenvolvidos da federação,notadamente São Paulo.

Os setores primário e secundário, emboraminoritários na formação da renda total, absorvemsignificativas parcelas da mão-de-obra, distribuí-das entre atividades como extrativismo vegetal,com o babaçu e a carnaúba nos vales úmidos. Acastanha de caju deixou de ser um produtoextrativista para constituir-se numa cultura desen-volvida em grande escala, com boas perspectivaspara a economia estadual.

A pecuária foi a primeira atividade econômicadesenvolvida no Estado, fazendo parte de sua tra-dição histórica. A caprinocultura, por sua capaci-dade de adaptação a condições inóspitas, tem sidoincentivada pelo governo, proporcionando meio devida a significantes parcelas da população caren-te, principalmente nas regiões de Campo Maior,Alto Piauí e Canindé.

Já a agricultura no Piauí desenvolveu-se para-lelamente à pecuária, como atividade exclusiva-mente de subsistência. Posteriormente, adquiriuum caráter mais comercial, embora de forma len-ta e ainda insuficiente para abastecer o crescimen-to do mercado interno do Estado.

Um retrato do PiauíNúmeros atuais

da economiapiauiense

Segundo o IBGE, o Piauí apresentou o modesto índicede crescimento econômico de 0,6%, em 2002, com

um bom desempenho da agropecuária e doextrativismo mineral. Mato Grosso foi o Estado

brasileiro que alcançou o maior índice de crescimento,9,5%, influenciado pela agropecuária, que teve um

índice de 17,7%. Na Região Nordeste, Piauí, Bahia eAlagoas tiveram um desempenho considerado

abaixo da média nacional. O Piauí tem a segundamenor renda per capita do País, superada apenas pelo

Maranhão. Segundo os dados do IBGE, a renda percapita do piauiense que era de R$ 1.930, em 2001,passou para R$ 2.113, em 2002, bem diferente da

renda de outras unidades da federação. A maior rendaper capita do País é a do Distrito Federal, com R$

16.361, seguida pelo Rio de Janeiro, com R$ 11.459 eSão Paulo, com R$ 11.353. O Estado ocupa o 23o lugarna participação do PIB nacional, com o valor de R$ 6,1

milhões, à frente de Tocantins, Amapá, Acre eRoraima. São Paulo responde pela maior participação

no PIB nacional (R$ 438 milhões) e, no Nordeste, aBahia está na dianteira, ocupa a sexta posição

nacional, com um PIB de R$ 62 milhões.

68 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 69

Guaribas, cidade-piloto doFome Zero, fica no Piauí

Guaribas, inserida na região do semi-árido bra-sileiro e escolhida pelo governo federal como ci-dade-piloto para a implantação do Programa FomeZero, está localizada no estado do Piauí, distante653 km da capital, Teresina, na microrregião de SãoRaimundo Nonato.

É um município com características predomi-nantemente rurais, com uma população de 4.814habitantes, segundo o Censo de 2000. A economiagira em torno da produção agrícola de subsistên-cia, com sistemas de produção agropecuários ca-racterizados pela baixa utilização de insumos e detecnologias, pela baixa produtividade das culturasanuais e pela exploração contínua dos recursosnaturais sem os devidos cuidados de conservaçãoe proteção.

4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 69

Localização: o Piauí fica no noroeste daRegião Nordeste do País.

Fronteiras: Norte: Oceano Atlântico; Sul eSudeste: Bahia; Sudoeste: Tocantins;Leste: Ceará e Pernambuco; e,Oeste:Maranhão.

Área: 252.378,49 km2.

População: 2.843.278 habitantes (2000).

Relevo: terrenos baixos e arenosos no litoral,planaltos na maior parte e depressões aSudeste.

Vegetação: mangue no litoral, mata doscocais a Oeste e caatinga na maior parte.

Rio principal: Parnaíba, com 1.400 km deextensão.

Afluentes principais do Parnaíba: Poti ePortinho (que nascem no Ceará); Balsas(situado no Maranhão); Canindé, Piauí,Gurguéia, Uruçuí-Preto e Longa (todos noPiauí).

Clima: tropical e semi-árido no interior.

No de municípios: 222.

Cidades mais importantes: Teresina(capital), Parnaíba, Picos e Floriano.

Densidade: 11,26 habitantes por km2.

Taxa de analfabetismo: 28,6% (2000).

Mortalidade infantil: 49,1.

Bases da economia: indústria química, têxtile de bebidas, agricultura (algodão, arroz,cana-de-açúcar e mandioca) e pecuária.

Atrações turísticas: o Piauí conta com osmais antigos sítios arqueológicos do Brasile da América, considerados dos maisimportantes do mundo. Foram mapeados280 desses sítios no município de SãoRaimundo Nonato, a sudeste do Estado,que abrigam um rico acervo de arterupestre e materiais de origem orgânica.Nos municípios de Piripiri e Piraruca, nonorte do Estado, está localizado o ParqueNacional de Sete Cidades, com área deflora e fauna ricas, onde se encontramconjuntos reniformes insinuantes daexistência, em épocas remotas, decivilizações desenvolvidas.

Fontes: IBGE e governo do estado do Piauí

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Guaribas, escolhidapelo governo federalcomo cidade-piloto doPrograma Fome Zero,conta, desde o final de2003, com um sistemade abastecimento de água,que atende aos cerca de milhabitantes da cidade

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No final de 2003, o governo do Piauí entregouà população o sistema de abastecimento de águado município, projetado para os próximos 30 anos.Com a medida, os cerca de mil moradores da áreaurbana da cidade passaram a contar com o abaste-cimento de água potável. Antes, eles precisavamcaminhar, em média, dois quilômetros para seabastecerem com água sem qualidade.

Em contraste com o semi-árido, a região deno-minada Vale do Gurguéia no Estado conta com po-ços jorrantes há 30 anos, sem nenhum aproveita-mento da água. Em 2004, num trabalho de parce-ria com a Agência Nacional de Águas, foram colo-cados registros nos seis poços mais antigos, espe-cialmente no Violeto, considerado o mais antigo eemblemático. A foto desse poço foi capa do catá-logo telefônico de Teresina na década de 70 e éconsiderado um símbolo do desperdício nacionalpara um Estado nordestino, que conta com muni-cípios, onde não existe água nem para beber.

Piauí, um vasto campo para odesenvolvimento daagricultura irrigada

No Vale do Gurguéia, existem cerca de 300poços jorrantes, entre públicos e particulares. Aidéia é de instalar registros na maior parte dessespoços e acabar com o desperdício até que se crieum programa de aproveitamento desses recursoshídricos. “Estamos concluindo com a CPRM ocadastramento de todos os poços, dando priorida-de ao Vale do Gurguéia, que são jorrantes. Temosdados que nos indicam que apenas 5% desses têmum aproveitamento econômico em hotéis, em pro-jetos de piscicultura e de irrigação”, afirma DaltonMacambira, secretário de estado do Meio Ambi-ente e Recursos Hídricos do Piauí.

A água que jorra da maioria dos poços édesperdiçada pura e simplesmente. “Por isso, épreciso que empresas invistam no Estado e o go-

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verno consiga estabelecer parcerias para o apro-veitamento racional desses recursos”, considera osecretário do Meio Ambiente.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Ru-ral do Piauí, Sérgio Luiz de Oliveira Vilela, o Piauíé um campo vasto e aberto para o desenvolvimen-to da agricultura irrigada, já que conta com perí-metros públicos irrigados instalados que ainda nãofuncionam com a devida eficiência e 16 grandeslagos e barragens, cujas margens não são devida-mente aproveitadas. “Além disso, o lençol freáticodo Estado é considerado a maior reserva de águasubterrânea do Nordeste”, afirma ele.

No PI, a gestão de recursoshídricos está apenascomeçando

Com o vigor da lei que regulamenta as parceri-as público-privadas, o governo do Piauí acreditaque terá maiores possibilidades para o aproveita-mento de águas subterrâneas do Estado. “Será im-portante para as diferentes regiões, onde não é pos-sível acumular essa água superficialmente, semprenaquela perspectiva de pensar na água subterrâ-nea como recurso estratégico, não como primeiraalternativa para os chamados usos múltiplos”, con-sidera Dalton Macambira, secretário de Estado doMeio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí.

A gestão de recursos hídricos no Piauí é recen-te. A lei estadual sobre o assunto é de 2000, recen-temente regulamentada pelo atual governo. OConselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH)começou a funcionar há pouco tempo e aprovoumedidas importantes, como a resolução de outor-ga do direito de uso da água, cujo decreto foi assi-nado pelo governador.

Numa de suas últimas reuniões de 2004, oCERH aprovou a resolução de criação do fundoestadual de recursos hídricos e o próximo passorefere-se à cobrança pelo uso da água. O governofederal tem ajudado a implementar a proposta doplano estadual de recursos hídricos. “Começamosa outorgar o uso da água, mas ainda estamos emprocesso inicial. Temos muito o que aprender”,considera Dalton Macambira.

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O então presidenteda ANA, Jerson

Kelman, cercadopor autoridades

estaduais do Piauí,inaugurou o

equipamento decontrole da vazão

do poço Violeto.Desde 2004, esse

poço opera deforma controlada

Macambira:muito o queaprender emrelação àgestão daságuas no Piauí

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4º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 714º trimestre 2004 • Nº 64 • ITEM 71

E N T R E V I S T A WELLINGTON DIAS

Piauí, a última fronteira da Amazônia em desenvolvimento

O governador do Piauí, Wellington Dias,estabeleceu um projeto de médio e longo

prazos para transformar o Piauí numEstado desenvolvido e capaz de erradicar

a pobreza. Os desafios são muitos epassam pela eliminação do alto índice de

analfabetismo da população (confira osdados econômicos do Estado na matéria“Um retrato do Piauí”), até a construção

de uma infra-estrutura capaz de atrairinvestimentos externos.

Em entrevista à revista ITEM, ele faloucom entusiasmo dos planos futuros de

construção do Estado.

ITEM – Como a agricultura irrigada poderá con-tribuir para o desenvolvimento do estado doPiauí?Wellington Dias – No Piauí, estamos trabalhan-do de forma planejada, apostando num projetode longo prazo. Consideramos ser possível, em20 anos, tornar o Piauí um Estado desenvolvidoe capaz de erradicar a pobreza, ou, pelo menos,avançar muito nessa área. Para isso, dividimos oEstado em 11 macrorregiões e estamospriorizando o potencial de cada uma delas, como foco na área do agronegócio, mineração e deserviços, com destaque para o turismo.A irrigação é uma vertente importante para o Es-tado, porque temos uma região de semi-árido commuita água de subsolo. Ao contrário do que mui-ta gente aprendeu, o Piauí é um Estado que temmuita água. Tem 19 rios totalmente, ou, em par-te, perenes ou perenizados, uma quantidade dereservatórios espalhados em todas regiões do es-tado que acumulam 4 bilhões de m3 de água e umlençol freático que é uma das maiores reservasde água doce de subsolo do planeta, como os len-çóis Cabeça, Serra Grande, Gurguéia e Canindé.Sol o ano inteiro, solo rico e profundo, água desuperfície e de subsolo como tem o Piauí consti-tui um potencial sem igual para a irrigação, pro-dução de fruticultura, de flores e de sementes.

ITEM – O que representa para o Estado a reali-zação do XV Conird e o Simpósio Internacionalde Utilização das Águas Subterrâneas na Agri-cultura Irrigada, em Teresina, em 2005?Wellington Dias – Sediar o Conird e o encontrode águas subterrâneas não é só uma honra para

os piauienses, mas parte de um projeto estraté-gico de preparação da comunidade e dos inves-tidores para o aproveitamento do potencial des-sa região. Estudos mais recentes do Ministérioda Integração, do Ipea e do Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento indicam oPiauí como uma fronteira agrícola em fase dedescobrimento. O Estado tem 10 milhões dehectares de cerrados, com uma produtividade de60 a 85 sacas por hectare; uma área fantásticapara a produção de grãos e de algodão, tanto nosemi-árido, onde, antes da crise do bicudo, ha-via 210 mil hectares plantados. Estamos reto-mando o plantio do algodão no Cerrado, onde aprodutividade atinge a 320 arrobas/ha, o que éfantástico! O mesmo acontece em relação à fru-ticultura, onde em regiões como o Vale do Piauí,na região de São João do Piauí, que se estendepelos vales do Canindé e do Fidalgo, existem ex-periências de alta produtividade com manga,uva, melão, melancia e, seguramente, outras fru-tas que ainda não foram testadas. O Piauí, prati-camente inteiro é apropriado para a produçãode caju. Temos a maior área plantada com essafruta, apesar da baixa produtividade, por issoestamos incentivando a substituição de copas eo plantio do caju-anão. O Conird reveste-se deuma grande importância, porque queremos tro-car experiências com o Brasil e o mundo e apos-tar na tecnologia do que há de mais avançado eadequado nos agronegócios, para nos transfor-marmos em um celeiro de produção de alimen-tos, fibras e culturas energéticas. Já temos umfato auspicioso acontecendo: historicamente,produzíamos 400 mil toneladas de grãos.

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72 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 200472 ITEM • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Estamos alcançando 1,1 milhão de toneladas degrãos, uma evolução obtida nos ultimos trêsanos.

ITEM – Por que o Piauí ainda não se tornouuma região desenvolvida? O que o diferenciade outras regiões do Brasil?Wellington Dias – Porque não tivemos a infra-estrutura necessária. Estamos trabalhando nis-so, investindo de 2004 até meados de 2005 cer-ca de R$ 1,1 bilhão em infra-estrutura de ener-gia elétrica, construindo subestações e linhõesque supram a demanda de energia elétrica paraos próximos 30 anos. Na região Sul, por exem-plo, montamos uma subestação de 500 kW emSão João do Piauí, um linhão que vem de Laje-ado do Tocantins em direção a Ribeiro Gonçal-ves, passando pelo Cerrado e Semi-Árido, emdireção a Sobradinho. É um investimento de,aproximadamente, R$ 700 milhões. Estamos emprocesso de abertura de licitação para a cons-trução de mais cinco hidreléticas, com potenci-al de 720 megas na bacia do Parnaíba, onde játemos a hidrelétrica de Boa Esperança, compotencial de 200 megas. Estamos construindoum intermodal de transportes. São três aero-portos em condições de recebimento de vôosinternacionais em Parnaíba (norte), em Teresina(centro) e o terceiro em São Raimundo Nonato(sul).O Piauí também está entrando na política naci-onal de portos (com a conclusão do Porto LuísCorrêa), na política nacional de ferrovias (coma nova Transnordestina). Atualmente, está sen-do restaurada a ferrovia Teresina/São Luís, ondeestão os portos de Itaqui e de Pecém.Estamos restaurando estradas e construindovárias outras rodovias estratégicas, como a

Transcerrado, com 330 km e várias outras asfal-tadas nos Vales do Itaim, Fidalgo e Piauí. Sãovárias pontes, como Lusilândia e Santa Cruz dosMilagres e outras cujas obras deverão começarem 2005, em Uruçuí, Benedito Leite e na regiãode Santa Filomena, Alto Paranaíba, no sul doEstado. Somos a última fronteira da região ama-zônica, sem suas limitações.Queremos trabalhar ainda a hidrovia doParnaíba, equipando uma eclusa que já estápronta na barragem de Boa Esperança, parapodermos usar os 1.300 a 1.400 km navegáveisdo Rio Parnaíba, desde a sua nascente. Tambémjá iniciamos o trabalho do gasoduto, que ligaráFortaleza ao Piauí, em direção ao Maranhão, eque vai permitir o abastecimento de gás no nor-te, sul e centro do Estado. Esta infra-estrutura éque faltou. Soma-se isso a baixa escolaridade doEstado.

“O Conird reveste-se de umagrande importância, porque

queremos trocar experiênciascom o Brasil e o mundo e

apostar na tecnologia do que háde mais avançado e adequado

nos agronegócios, para nostransformarmos em um celeiro

de produção de alimentos,fibras e culturas energéticas.”

ITEM – O que o governo tem feito para conse-guir investimentos para o Estado?Wellington Dias – Nossa missão é atrair investi-dores. O Piauí deixou de ser um Estado expor-tador de mão-de-obra e passou a atrair investi-dores do Brasil e do mundo. Temos uma políti-ca centrada não apenas em incentivos fiscais, mascom a participação do Estado na capacitação damão-de-obra, na construção de uma infra-estru-tura adequada para o desenvolvimento de cadanegócio. As empresas que aqui já vieram con-fessam que fizeram bons negócios. O Conirdtambém será um momento de realização de im-portantes negócios.Temos da parte do presidenteLula e de sua equipe todo o entusiasmo paradesenvolvermos uma das regiões menosfavorecida do Brasil, embora com grande poten-cial. Os agentes financeiros, BNDES, Banco doNordeste, BB e CEF, também priorizam estaárea, além do Banco Mundial e do Bird. O queo Piauí quer é ser parceiro.A ponte da Amizade sobre o rio Parnaíba, que liga

Teresina (PI) a Timon (MA)

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m arroz de terras altas, a ocorrência de plan-tas daninhas tem sido um dos principaisentraves na consolidação de um sistema de

cultivo auto-sustentável para os agricultores. Avali-ações preliminares têm mostrado que as cultivarescomerciais apresentam suscetibilidade aos herbicidasutilizados, o que tem restringido o seu uso em gran-de áreas de cultivo.

Além disso, as modificações nas populações deinvasoras, o desenvolvimento de espécies resisten-tes aos herbicidas e a necessidade de utilização deprodutos cada vez menos agressivos ao ambientetornam necessários o desenvolvimento e a valida-ção de novos princípios ativos, que atendam a estasexigências. Classes de herbicidas que agem especifi-camente em processos metabólicos vegetais, comoaqueles da classe das imidazolinonas, são potencial-mente mais seguras do ponto de vista ambiental.Logicamente, a tolerância do arroz a estes novoscompostos é condição determinante para o sucessode sua incorporação no processo agrícola.

Nesse sentido, um mutante (As 3510) de arroz,de propriedade da Basf, tem apresentado tolerânciaa herbicidas da classe das imidazolinonas e permiti-do o controle eficiente de várias invasoras de folhaslargas e estreitas e, inclusive, do arroz vermelho. Acaracterística presente no mutante é controlada porum gene de ação dominante. Além do As 3510, umnovo mutante, que proporciona um espectro maiorde resistência, foi obtido e transferido para a culti-var americana de arroz irrigado Cypress CL. Esta cul-tivar possui alta produtividade, ciclo precoce, plantacom arquitetura moderna e excelente qualidade degrãos.

O uso de compostos da classe das imidazolinonaspara controle de ervas daninhas na cultura do arrozdepende, portanto, da transferência do gene às cul-tivares elites já incorporadas ao sistema produtivo.Assim, desde novembro de 2001, a Embrapa, emparceria com a Basf, vem desenvolvendo um projetoque visa incorporar às cultivares/linhagens de arrozde terras altas o gene que condiciona a esta resis-tência. Até o momento, foram obtidas oito linha-

gens da cultivar Maravilha, três da Bonança, quatroda CNA 8557 e duas da Talento, com o gene de tole-rância ao herbicida do As 3510, que estão sendo ava-liadas em Ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU),em três locais do Mato Grosso (Sinop, Lucas do RioVerde e Sorriso). O lançamento comercial de umacultivar de arroz de terras altas está previsto para oano agrícola 2006/2007.

No caso do gene de segunda geração, que estápresente no Cypress/CL, no processo de incorpora-ção, além do retrocruzamento normal, está previstotambém o uso de seleção assistida por marcadoresmoleculares, o que poderá antecipar o lançamentojá para o ano agrícola 2007/2008.

Paulo Hideo Nakano Rangel – Doutor em Genéticae Melhoramento de Plantas - Embrapa Arroz e Feijão.

Essa sessão da ITEM tem como objetivo divulgarinformações sobre projetos e potencialidades daagricultura irrigada, notícias de articulaçõespermanentes em favor da organização dasinformações em determinadas áreas, enfim,abrigar assuntos de especial relevância que, sedisponibilizados, podem ajudar aos leitores eprovocar maior intercâmbio entre os interessados.

NOTAS TÉCNICAS

Sistema de produção Clearfieldem terras altas

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Desde novembro de2001, a Embrapa emparceria com a Basf,desenvolve umprojeto deincorporação dogene resistente aplantas daninhas àsculturas de arroz deterras altas

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74 • Nº 64 • 4º trimestre 2004

Sites interessantesPara aqueles que se utilizam daagricultura irrigada, apresentamos umasérie de sugestões de sites que poderãoser úteis. Eis alguns exemplos:

.agricultura.gov.br Portal do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento, cominformações sobre a estrutura dainstituição governamental, legislação,recursos humanos, qualidade e notíciasatualizadas diariamente. Através dele,pode-se chegar aos sites de quaisquerórgãos ligados ao Ministério, entre eles:Embrapa, Instituto Nacional deMeteorologia, Ceagesp, Agrofit, Proagro,Secretaria de Apoio Rural eCooperativismo e Serviço Nacional deProteção de Cultivares etc.

.ana.gov.brSite da Agência Nacional de Águas, quetraz informações interessantes para ospraticantes e interessados na agriculturairrigada. Uma delas é a versão preliminarda cartilha de procedimentos para aobtenção de outorga do uso da água,que está aberta para receber sugestões,através do e-mail [email protected],com o envio do endereço eletrônio eformas de contato.

.apdc.org.brSite da Associação Brasileira do PlantioDireto, com notícias sobre o Sistema dePlantio Direto e o jornal Direto noCerrado.

.cna.org.brSite da Confederação Nacional daAgricultura, onde pode ser encontradoum estudo completo de “Quem Produz oquê no campo: quanto e onde”, daFundação Getúlio Vargas. Lá podem serencontrados resultados como o de queno mínimo quatro milhões ou 84% dosestabelecimentos rurais brasileirosapresentam receita bruta anual abaixo deR$ 120 mil, valor que representa o tetode receita de uma microempresa urbana.A análise mostra que a maior parte dosprodutores rurais brasileiros, mesmoaqueles não atendidos pelos mecanismosde crédito destinado à agriculturafamiliar, considerados produtorescomerciais, seriam enquadrados, nomáximo, como microempresários, nomeio urbano.

.farsul.org.br Site da Federação da Agricultura do RioGrande do Sul, com informe, jornal,notícias, sindicatos, associações decriadores, departamentos sindical ejurídico, além de links de interesse ecanal direto.

.integracao.gov.brSite do Ministério da IntegraçãoNacional, onde, através dele, pode-sechegar às informações da Codevasf (oupelo site codevasf.gov.br), além de poderacessar publicações como o Frutiséries ea revista Frutifatos, com edição sob aresponsabilidade da Secretaria deInfra-Estrutura Hídrica.

.mda.gov.brSite do Ministério do DesenvolvimentoAgrário, com notícias e informações deinstituições como o Incra (InstitutoNacional de Reforma Agrária) e o Nead(Núcleo de Estudos Agrários deDesenvolvimento Rural), além de notíciasde interesse do produtor rural.

.mec.gov.brSite do Ministério da Educação e Cultura,com notícias diárias na área de educaçãoe financiamento de projetos de pesquisas.Dá acesso às páginas da Capes e daFinep.

.mma.gov.brSite do Ministério do Meio Ambiente,com notícias sobre meio ambiente elegislação atualizadas diariamente.Através dele, pode-se chegar ainstituições ligadas como a AgênciaNacional de Águas, com a políticanacional de recursos hídricos e o Ibama,com a política nacional do meio ambiente.

.senar.org.brSite do Serviço Nacional de Apoio Rural,com informações na área de previdênciasocial rural.

.saa.rs.gov.brSite da Secretaria da Agricultura eAbastecimento do Rio Grande do Sul,com informações e atualidades para osetor. Abre links para órgãos ligados aela, como Emater/RS(www.emater.tche.br) e Irga(www.irga.rs.br), que têm inúmerasáreas de interesse para os arrozeiros efruticultores gaúchos.

BASF AgroEstrada Samuel Aizemberg,nº 1.707 – Bloco C, Térreo

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