relatorio rumo a credibilidade

32
Rumo à Credibilidade Uma pesquisa de relatórios de sustentabilidade no Brasil Uma Publicação do Programa Global Reporters 2008

Upload: cristiano-mc-mannis

Post on 29-Jul-2015

44 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Relatorio Rumo a Credibilidade

Rumo à CredibilidadeUma pesquisa de relatórios desustentabilidade no Brasil

Uma Publicação doPrograma Global Reporters2008

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 1

Cópia de relatorio.pdf 1 7/12/2008 12:02:27

Page 2: Relatorio Rumo a Credibilidade

Direitos autorais

© 2008 SustainAbility Ltd, FundaçãoBrasileira para o DesenvolvimentoSustentável (FBDS) e Programa das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente (PNUMA).Todos os direitos reservados. Nenhumaparte desta publicação poderá serreproduzida, armazenada ou transmitidapor qualquer meio ou forma, sejaeletrônica, eletrostática, em fitamagnética, fotocopiada, gravada ou dequalquer outro modo, sem a permissãopor escrito dos detentores dos direitosautorais.

Limitação de responsabilidade PNUMA

As nomenclaturas empregadas e aapresentação do material na presentepublicação não implicarão namanifestação de parecer algum porparte do PNUMA, com relação à situaçãojurídica de qualquer país, território, cidadeou área de suas fronteiras e limites.Adicionalmente, as opiniões manifestadasnão necessariamente representam umadecisão ou a política declarada doPNUMA, sendo que a referência a marcasou processos comerciais não constituiráendosso.

Declaração

Em benefício da plena transparência,relacionamos a seguir as empresascitadas em Rumo à Credibilidade quesão ou foram clientes de SustainAbilitye/ou da Fundação Brasileira para oDesenvolvimento Sustentável (FBDS):— Banco Itaú— Banco Real— Natura— Suzano Petroquímica

Citações

As citações apresentadas ao longodeste relatório foram feitas por membrosdo Conselho Consultivo do projeto.Seus nomes e afiliações podem serencontrados na página 4.

Índice

Prefácio

Sumário executivo

Prefácio do Conselho Consultivo

Introdução

Realização da pesquisa

Resultados

Visão geral

Governança e estratégia

Gestão

Apresentação do desempenho

Acessibilidade e verificação

Temas relevantes

Integração da sustentabilidadenos negócios

Credibilidade dos relatórios

Materialidade

Engajamento de stakeholders

Além dos relatórios

Conclusões e recomendações

Considerações finais

1

2

4

5

8

10

10

13

15

16

17

18

18

19

21

23

24

26

28

Detalhes da Publicação

Rumo à Credibilidade:Uma pesquisa de relatórios desustentabilidade no Brasil.Uma publicação doprograma Global ReportersPrimeira Edição 2008

ISBN978-1-903168-24-0

EdiçãoSustainAbility Ltd.

Time do Projeto

SustainAbility— Katie Fry Hester, Gerente do

Programa Global Reporters eCoordenadora do Projeto

— Jodie Thorpe, Diretora do ProgramaEconomias Emergentes

— Silvia Thompson, Analista— Philipp Hein, Analista, cedido pelo GTZ

Fundação Brasileira para oDesenvolvimento Sustentável— Clarissa Lins, Diretora Executiva e

Coordenadora do Projeto— Fabiana Moreno, Consultora— Iaci Lomonaco, Analista

AutoraJudy Kuszewski

EditoraYasmin Crowther

RevisãoAimée Louchard

TraduçãoMichael Nedden

DesignRupert Bassett

ImpressãoGráfica Nova Brasileira

PapelSilprint produzido pela SulAmericana,100% reciclado

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 2

Page 3: Relatorio Rumo a Credibilidade

No decorrer de 2008, expressivas alteraçõeseconômicas e políticas estremeceram osmercados globais e a sociedade. Após aonda de restrição do crédito e as mudançasna opinião pública quanto ao papel do setorprivado e do governo, as empresas estãoreavaliando suas atividades e concentrandoinvestimentos onde percebem o maior valor.No momento, todos os agentes envolvidos— governo, cidadãos, consumidores ouONGs — reavaliam não só o nível deconfiança das empresas, como tambémonde alocarão seus recursos agora maisescassos. As crises financeira, de alimentose de energia, em conjunto com os desafiosurgentes das mudanças climáticas, impõematenção redobrada à gestão estratégica eoperacional, à mensuração e comunicaçãode informações confiáveis, bem como àsvisões práticas para o desenvolvimentosustentável (DS).

Os tempos de mudanças e desafiosexigem uma abordagem renovada. O anode 2008 marca o início de uma nova erapara o programa Global Reporters daSustainAbility e do Programa das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente (PNUMA).Há muito, o Global Reporters incentiva aresponsabilidade corporativa, atransparência e a prestação de contaspor meio da publicação de relatórios desustentabilidade. Tais relatórios, de altaqualidade, permitem às partes interessadasresponsabilizar as empresas — auxiliando-asa identificar riscos e oportunidades — e amelhorar a gestão de desempenho.

Além disso, a divulgação ajuda a atrairnovos parceiros para participar de projetosinovadores, aportando soluções sustentáveisao mercado. Neste contexto, reformulamoso programa para focar em determinadossetores, questões e regiões, o que nospermitirá tratar de desafios e públicosespecíficos de forma a estimular a agendada Responsabilidade Corporativa.

Rumo à Credibilidade retrata a oitavapesquisa global, e a primeira nacional,concluída para o programa GlobalReporters. Tal pesquisa é realizada em umaépoca de crescimento exponencial dosrelatórios de sustentabilidade no Brasil.Temos o grande prazer de somar esforçoscom a Fundação Brasileira para oDesenvolvimento Sustentável (FBDS)neste projeto. Nossa meta é contribuircom análises rigorosas que estimulem odebate e incentivem as melhores práticasde sustentabilidade no Brasil. Em últimainstância, nosso objetivo é promoveruma visão participativa da agenda deResponsabilidade Corporativa etransparência no Brasil, bem comoreconhecer as lideranças neste campo.

Sua opinião nos permitirá mensurar atéque ponto estamos atingindo essas metas.Como pretendemos realizar futuraspesquisas de benchmarking, no Brasil e emoutras regiões, por favor, envie-nos suasimpressões. Agradecemos aos nossospatrocinadores, apoiadores e ao ConselhoConsultivo pelo generoso apoio.

Mark LeePresidente, SustainAbility

Israel KlabinPresidente do Conselho Curador,Fundação Brasileira para oDesenvolvimento Sustentável

Sylvie LemmetDiretora, PNUMA, Divisão de Tecnologia,Indústria e Economia

Rumo à Credibilidade

Feedback

Seu feedback irá nos ajudar a garantir queesta pesquisa continue desafiadora e vitalno futuro. Elogios, críticas, correções esugestões são bem-vindas:

Katie Fry [email protected]

Clarissa [email protected]

Cornis [email protected]

Prefácio

1

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 1

Page 4: Relatorio Rumo a Credibilidade

2Rumo à Credibilidade 2

A SustainAbility e a FBDS têm o prazer deapresentar esta nova pesquisa das melhorespráticas de relatórios de sustentabilidadeno Brasil. A publicação de relatórios desustentabilidade é um fenômeno global,cabendo ao Brasil a condição de um dosprincipais entusiastas de documentos dogênero. Em 2006/07, cerca de 80 empresasbrasileiras divulgaram relatórios, emcomparação com 18 na China continentale 12 na Índia. É um fato relevante para oBrasil, um sinal da maturidade com que osetor empresarial trata a sustentabilidade.

Esta pesquisa pretende fornecer umlevantamento objetivo das melhorespráticas de reporte e transparênciapelo (a):

— Apresentação de uma rigorosa análise dedez relatórios brasileiros, consideradoslíderes;

— Incentivo às empresas produtoras derelatórios para melhoria das práticas dereporte;

— Destaque para o que as empresas globaispodem aprender com a experiênciabrasileira.

O cenário até o momento

Produzir relatórios de sustentabilidadeé uma jornada repleta de desafios.Na última década, os líderes globais naprodução de tais documentos iniciaram atransição de relatórios de “relações públicassuperficiais”, para o que há de melhoratualmente: os relatórios que evidenciamque a sustentabilidade está inserida nasoperações diárias, nas relações cominvestidores, na construção de marcas eno desenvolvimento de novos mercados.A jornada rumo à maior transparênciaempresarial e prestação de contas nãotem fim.

Rumo à Credibilidade avalia a atualsituação dos relatórios de sustentabilidadeno Brasil, no contexto das tendênciasglobais, das melhores práticas e do incrívelaumento na quantidade de documentosdeste gênero publicados no Brasil. Talaumento deveu-se a uma série de motivos,tais como: a crescente participação dasempresas brasileiras nos mercados decapital nacional e estrangeiro; olançamento de índices de sustentabilidade;os esforços da Global Reporting Initiative —GRI para incentivar a adoção de diretrizes,bem como o maior nível de conscientizaçãoquanto às boas práticas de governançacorporativa.

Os Top 10

Figura 1

Setor de Atividade Ano do relatório

1 Natura Higiene e beleza 2007 54

2 Suzano Petroquímica Petroquímica 2006 53

3 Ampla Concessionária de energia elétrica 2007 52

Coelce Concessionária de energia elétrica 2007 52

5 Banco Real Serviços financeiros 2007 51

6 Energias do Brasil Concessionária de energia elétrica 2007 47

7 Sabesp Concessionária de água e saneamento 2007 46

8 Bunge Agronegócios 2007 41

Celulose Irani Papel e celulose 2007 41

10 Banco Itaú Serviços financeiros 2007 35

Média 47

Pontuação %Empresa

Sumárioexecutivo

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 2

Page 5: Relatorio Rumo a Credibilidade

3Rumo à Credibilidade

Garantir a credibilidade dos relatórios desustentabilidade das empresas brasileirastornar-se-á cada vez mais importante paraconquistar a confiança de investidores,consumidores, governo e formadoresde opinião em todo o mundo. Sem isto,haverá pouca licença para operar, inovare prosperar.

O presente trabalho confere as qualidadesdos relatórios de sustentabilidadebrasileiros, discute suas falhas e dásugestões sobre os temas relevantesidentificados ao longo da pesquisa. Oferecetambém recomendações práticas para asempresas na identificação de estratégiaspara melhoria no desempenho, construçãoda credibilidade e — em tempo —posicionamento na condição dedesbravadoras do terreno à frente.

Resultados

Rumo à Credibilidade ordenou dez relatóriosde sustentabilidade de empresas brasileiras,utilizando uma metodologia de pontuaçãopadronizada e coerente.

A pontuação dos relatórios na pesquisavariou desde a máxima de 54% (Natura)até a mínima de 35% (Banco Itaú), commédia de 47%. Tais resultados podem sercomparados aos da pesquisa global de2006, na qual a pontuação máxima foi de80% (British Telecom) e a mínima de 39%(Telus), ficando a média em 57%. Os 10relatórios brasileiros que estão na liderançadestacam-se por:

— Novos e antigos protagonistasA Natura e a Banco Real são conhecidosno cenário global da sustentabilidade, aopasso que a Sabesp e a Celulose Iranipublicaram relatórios de sustentabilidadepela primeira vez em 2007.

— Diversos setores e regiõesVários dos Top 10 têm atividadesdesenvolvidas fora do eixo Rio / SãoPaulo, além de representarem variadossetores da economia nacional.

— Proporções épicasCom uma média de 161 páginas, osrelatórios brasileiros analisados sãosignificativamente mais extensos doque os relatórios globais.

Forças e fraquezas

Rumo à Credibilidade evidencia uma sériede boas práticas, bem como campos paramelhoria. Os pontos positivos incluem amaneira como as empresas articulam ocompromisso com a sustentabilidade ecomo esta contribui para catalisarcrescimento e sucesso. Além disso, valeassinalar que todos os Top 10 adotam asDiretrizes G3 da GRI e que a grande maioriautiliza alguma ferramenta de verificaçãoexterna, como forma de fortalecer acredibilidade do relatório.

Os pontos fracos dos Top 10 indicama necessidade de aprofundar o valorestratégico dos relatórios, demonstrandocomo a sustentabilidade permeia osnegócios. Dentre as falhas encontradas,cabe destacar a ausência de:

— GovernançaLiderança do Conselho de Administraçãoe estruturas de governança para cumpriras metas da sustentabilidade.

— MaterialidadeMétodos utilizados para identificar epriorizar questões materiais, de modoa auxiliar a focar os relatórios nosassuntos prioritários.

— MetasMetas específicas, mensuráveis ecomparáveis (ao invés de declaraçõesde intenções qualitativas).

— Conteúdo equilibradoAbordagem de desafios e falhas, expondoas notícias ruins ou problemáticas, emconjunto com as boas.

— Engajamento das partes interessadasA manifestação das partes interessadas,tais como especialistas, comunidadese ONGs.

— Utilização dos websitesUtilização da mídia on-line ou demaisferramentas de comunicação paraaperfeiçoar e aprofundar o conteúdodos relatórios impressos.

O futuro

Nos próximos 3 a 5 anos, o panoramada prestação de contas e da transparênciasofrerá grandes alterações, comconseqüências para as empresas queproduzem relatórios em todo o mundo.A experiência brasileira demonstra quehá forte demanda por relatórios desustentabilidade, embora a produção detais documentos encontre-se em faseincipiente, requerendo um trabalho debase. Ainda assim, é evidente adeterminação das empresas brasileiraspara aperfeiçoar a abordagem e buscaruma identidade própria nos relatóriosde sustentabilidade.

3

Um bom relatório é aquele que contapara alguém aquilo que este quer saber,de forma compreensível.Professor Celso Lemme

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 3

Page 6: Relatorio Rumo a Credibilidade

Como indivíduos, somos oriundos dediversas organizações e contribuímoscom expertises diferenciadas sobreResponsabilidade Corporativa e relatóriosde sustentabilidade. No entanto,compartilhamos a crença que prestaçãode contas e transparência corporativassão ferramentas críticas para condicionaros mercados a atingirem a escala e oritmo das mudanças necessárias parao desenvolvimento sustentável.

Formamos o Conselho Consultivo deRumo à Credibilidade para prestar apoio eprover opiniões sobre o conteúdo durante aetapa de análise e elaboração do relatóriopreliminar. Entre agosto e novembro de2008, interagimos mais intensamente coma equipe responsável pelo projeto.

Nossas contribuições incluíram:

— Supervisão da seleção dos 10 relatóriosde sustentabilidade destacados napresente pesquisa, bem como garantiada integridade e rigor do processode seleção;

— Compartilhamento de nossoconhecimento acerca dos principaistemas abordados no relatório;

— Manifestação sobre a primeira minutado relatório da pesquisa.

Acreditamos que Rumo à Credibilidadedestaca os grandes desafios eoportunidades da agenda deResponsabilidade Corporativa no Brasil.Encorajamos os autores e usuários dosrelatórios a considerarem as valiosasrecomendações da presente pesquisa.

Atenciosamente,

Celso Funcia LemmeProfessor Adjunto e Coordenador da Áreade Finanças e Controle Gerencial, InstitutoCoppead de Administração, UniversidadeFederal do Rio de Janeiro

Cristina MontenegroRepresentante do PNUMA no Brasil

Fábio FeldmannSócio de Fábio Feldmann Consultores eSecretário Executivo do Fórum Paulistade Mudanças Climáticas Globaise Biodiversidade

Gláucia TerreoCoordenadora das atividadesda GRI no Brasil

João Gilberto AzevedoGerente Executivo, Instituto Ethos

4Rumo à Credibilidade

O crescimento do relatório desustentabilidade é um movimentoliderado por companhias com presençaglobal e interessadas em um melhorposicionamento em mercado externo.Alguns obedecem aos critériosexigentes da Global Reporting Initiative,enquanto outros ainda são utilizadoscomo instrumento de marketing.Cristina Montenegro

Prefáciodo ConselhoConsultivo

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 4

Page 7: Relatorio Rumo a Credibilidade

5Rumo à Credibilidade

Os relatórios de sustentabilidade têmrepresentado uma trajetória desafiadoraque teve início há algumas décadas.No princípio, as empresas dos paísesdesenvolvidos se concentraram nadivulgação de aspectos ambientais,embora tenham evoluído rapidamentepara relatórios que levassem em conta,também, responsabilidades e impactossociais, em especial com relação àscomunidades vizinhas e às condições detrabalho na cadeia produtiva. Na últimadécada, os líderes globais em relatóriosde sustentabilidade esforçaram-se paraidentificar e comunicar seu desempenhoem relação às questões materiais edemonstrar como a sustentabilidade vemsendo integrada à estratégia de negócios,de modo a atender às expectativasambientais, sociais e econômicas.Atualmente, “integração” é o tema empauta, com os líderes focados emcomunicar como seus negócios embutema sustentabilidade em tudo o que realizam— desde gestão estratégica de riscos,até inovação, gestão de marcas edesenvolvimento de novos mercados.

Garantir que o conteúdo dos relatórios sejarelevante e confiável para os stakeholders,preserva a integridade e evita acusaçõesdanosas de “greenwash” e “distorção”.Os atuais líderes globais costumamconvidar para as comissões de revisão aspartes interessadas para que estas opinemsobre o conteúdo antes da publicação finaldos relatórios. Também procuram divulgaro desempenho em sustentabilidade naestratégia de comunicação das empresas,seja com investidores, consumidores, noponto de venda e até mesmo por meiode redes de relacionamento on-line.O caminho para a maior transparência eresponsabilidade corporativa não tem fim(veja Considerações Finais, página 28).

Hoje, mais de 2.500 relatórios sãopublicados anualmente por empresasde todo o mundo (Figura 2), incluídasmais de 80% da relação da Fortune 250.1

O crescimento no número de relatóriostem se mantido estável na Europa,na Oceania e na América do Norte eaumentado de forma significativa nospaíses em desenvolvimento nos últimosanos (Figura 4).

2500

2000

1500

1000

500

Publicação global de relatóriosNúmero de relatórios / anoData © CorporateRegister.com

Figura 2

2003

2005

2004

2007

2006

Publicação de relatórios no BrasilNúmero de relatórios / anoData © CorporateRegister.com

80

60

40

20

Figura 3

2003

2005

2004

2007

2006

Introdução

Dados para as figuras 2 a 4 fornecidospelo CorporateRegister.com

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 5

Page 8: Relatorio Rumo a Credibilidade

6Rumo à Credibilidade

No Brasil, os relatórios de sustentabilidadetêm tido uma rápida evolução, em muitossentidos. Atualmente, cerca de 100empresas brasileiras publicam algum tipode relatório de sustentabilidade (Figura 3)e cerca de 20 utilizam as Diretrizes daGRI.2 Comparado com outros países emdesenvolvimento, o Brasil supera a Áfricado Sul, que produziu 73 relatórios, a Índia,que publicou 12 e a China continental18.3 Tanto no Brasil como nesses países,houve um acentuado crescimento naprodução de relatórios de sustentabilidadenos últimos anos.

Rumo à Credibilidade avalia a atualsituação dos relatórios de sustentabilidadeno Brasil, à luz das tendências globaise melhores práticas. O relatório faz parteda série Global Reporters, programa depesquisa elaborado e publicadoperiodicamente pela SustainAbility desde1993.4 Os objetivos da primeira pesquisabrasileira quanto às melhores práticasde relatórios de sustentabilidade emâmbito nacional são:

— Apresentação de uma análise rigorosa daqualidade dos relatórios no Brasil;

— Incentivo às empresas brasileiras amelhorarem as práticas de reporte;

— Divulgação das lições das empresasbrasileiras para o resto do mundo.

As motivações

Alguns fatos foram especialmentesignificativos para a inclusão dasustentabilidade e da prestação decontas na agenda corporativa do Brasil:

— O crescimento expressivona quantidade de aberturas decapital (IPOs)Entre 2004 e 2007, a quantidade deempresas brasileiras que lançaram suasofertas públicas iniciais de ações (IPOs)na Bolsa de Valores de São Paulo(Bovespa) aumentou em 50%, sendo64 novas empresas listadas apenasem 2007.5

— Novos padrõesGrande parte das aberturas de capitalobedeceu às regras do Novo Mercadoda Bovespa, que pressupõem rigorosospadrões de governança corporativa etransparência. O Brasil também ocupa aco-presidência do grupo de trabalho danorma ISO 26000 6 de responsabilidadesocial, o que contribui para ampliar opeso das questões de sustentabilidadeno país.

— O advento dos índicesde sustentabilidadeO Índice de Sustentabilidade Empresarial(ISE) da Bovespa, lançado em 2005 ecomposto por até 40 empresas listadasna Bolsa, é referência para investimentossocialmente responsáveis no Brasil.Para estar listado no ISE, é necessáriosatisfazer a uma série de requisitos emsustentabilidade. Adicionalmente,diversas empresas brasileiras já são hojelistadas em índices de sustentabilidadeinternacionais. Aracruz, Bradesco, BancoItaú, Cemig, Itausa, Petrobras, Usiminase VCP fazem parte do Índice Dow Jonesde Sustentabilidade.7

— A participação de investidoresestrangeiros em empresas brasileirasNos processos mais recentes de aberturade capital, a participação de capitalestrangeiro (ou, em alguns casos, decapital brasileiro no exterior)8 chegoua 75%. Freqüentemente, os investidoresinternacionais conhecem e apóiampráticas de prestação de contas,aumentando a motivação das empresasbrasileiras para publicarem relatóriosde sustentabilidade.

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 6

Page 9: Relatorio Rumo a Credibilidade

7Rumo à Credibilidade

— A exposição das empresas brasileirasaos mercados internacionaisA comunidade empresarial no Brasilinclui tanto subsidiárias demultinacionais quanto empresasbrasileiras, que são de fatomultinacionais ou grandes exportadoras.Tais atividades expuseram as empresasbrasileiras às melhores práticasinternacionais e começaram ademonstrar o valor da prestação decontas às empresas e às suas partesinteressadas.

— GRI à frente da iniciativaA Global Reporting Initiative e asDiretrizes G3 de Relatórios deSustentabilidade 9 propiciaram umímpeto expressivo aos relatórios noBrasil. Além de manter uma presençaformal no país, a GRI aprimorou oentendimento e facilitou a aplicaçãodas diretrizes, tendo um impactopositivo na conscientização dasempresas e na qualidade dos relatóriosde sustentabilidade.

— O papel das OrganizaçõesNão GovernamentaisNos últimos anos, o número de ONGse instituições destinadas ao fomentoda Responsabilidade Corporativaaumentou, auxiliando, de maneiraexpressiva, a conscientização sobre otema. Grupos como Ibase, InstitutosEthos e Akatu, dentre outros, têm tidopapel de destaque na promoção daResponsabilidade Social Corporativano Brasil.

O Brasil tem assistido não apenas aoaumento no número de relatórios desustentabilidade, mas também a umamelhoria de sua qualidade. Os relatóriosbrasileiros têm obtido reconhecimentointernacional, com alguns recebendoprêmios importantes, tais como o GRIReaders’ Choice (veja a página 9).

A presente pesquisa foi elaborada à luzdeste contexto positivo, no intuito deevidenciar a liderança nas práticas derelatórios de sustentabilidade no Brasil,bem como auxiliar na capacitação para ofortalecimento dos relatórios, como meiode habilitar as empresas a evoluirem nadireção do desenvolvimento sustentável.

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

América do SulAmérica do NorteEuropaOceaniaÁsiaÁfrica / Oriente Médio

Publicação global de relatórios por regiãoPorcentagem de relatórios / anoData © CorporateRegister.com

Figura 4

2003

2004

2005

2006

2007

1998

1999

2000

2001

2002

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 7

Page 10: Relatorio Rumo a Credibilidade

8Rumo à Credibilidade

O programa Global Reporters, do qual estapesquisa faz parte, foi concebido com baseem um processo coerente, rigoroso etransparente de análise de qualidade dosrelatórios, aplicado aqui de modo a garantira avaliação mais completa e profissionalpossível dos relatórios de sustentabilidadebrasileiros. Eis como a pesquisa foiconduzida.

A seleção dos relatórios

Em busca de conhecer as melhores práticas,um dos desafios da presente pesquisa foielaborar um meio de identificar os líderes.Do universo das companhias brasileiras,foram primeiramente selecionadas 76empresas que publicam relatórios desustentabilidade.10 Estes relatórios foramrevisados à luz de um subconjunto decritérios extraídos da Metodologia doGlobal Reporters,11 o que nos forneceu umaestimativa da qualidade potencial dosrelatórios. Como resultado deste processo,selecionou-se 28 relatórios,12 os quais foramcompartilhados com o Conselho Consultivodo projeto para sua orientação na seleçãodos 10 líderes ou os Top 10.

A decisão de selecionar 10 relatórios(ao invés de 20, 50 ou até mais) partiude duas premissas:

— Dez é um número suficiente, pois: aquantidade de empresas que emitemrelatórios de sustentabilidade no Brasilé, atualmente, inferior a 100 e dezrepresenta mais do que 10% dosrelatórios brasileiros identificados.

— Uma amostra muito ampla correriao risco de incluir relatórios apenasrazoáveis ou de qualidade inferior.

O processo de benchmarking

Após a seleção, os Top 10 foramdetalhadamente analisados, segundoa metodologia de avaliação completa,que incluiu:

— LeituraRevisão cuidadosa dos relatórios edemais materiais nos websites.

— Análise e pontuaçãoAnálise detalhada e pontuação dosrelatórios à luz de cada um dos 29critérios de referência (ver a visãogeral nas figuras 5 a 8).

— Controle de qualidadeRevisão da análise por outro membrodo time.

— FinalizaçãoAtualização das pontuações e análise.

Realização dapesquisa

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 8

Page 11: Relatorio Rumo a Credibilidade

9Rumo à Credibilidade

Metodologia

A metodologia Global Reporters deavaliação de relatórios, elaborada ao longode muitos anos, verifica a integração dasquestões de sustentabilidade nos processosde gestão de negócios. Esta metodologiabusca aferir a qualidade dos relatóriosde sustentabilidade e não o desempenhodas empresas. Um resumo da metodologiapode ser encontrado nas páginas 11 e 12(Seção de resultados).

Independência e credibilidade

Esta pesquisa pautou-se pela independênciae integridade nos processos de seleção dosrelatórios, benchmarking e interpretação.O objetivo é gerar confiança nos leitoresde que o presente relatório busca ser justoe honesto, e que pode resistir ao escrutínio.Foram adotadas diretrizes claras parao processo de seleção dos relatórios.O Conselho Consultivo do projeto proveusupervisão e propôs desafios ao longodo percurso. Tanto nossa metodologiade avaliação de relatórios quanto oprocesso de seleção são transparentes.Os patrocinadores do projeto nãodesempenharam nenhum papel no processode pesquisa ou nos resultados finais.

Desta forma, a intenção é garantir que osmétodos utilizados se fundamentam naexperiência de mais de uma década doprograma Global Reporters daSustainAbility, contando também comconhecimento especializado em boaspráticas de pesquisa. Embora nenhumprocesso do gênero seja perfeito, estamosconfiantes de que os Top 10 representama liderança, no Brasil, em termos derelatórios de sustentabilidade.

Mais detalhes sobre os esforços paragarantir independência e credibilidadeestão disponíveis no seguinte endereço:www.sustainability.com/roadtocredibility

Prêmio GRI Readers’ Choice

Alguns leitores já sabem que empresasbrasileiras tiveram boa colocação noPrêmio da Global Reporting Initiative (GRI)lançado em maio de 2008. Banco doBrasil, Banco Real, Natura, Petrobras eUsiminas receberam premiações emenções especiais, inclusive a de MelhorRelatório para a Petrobras. No entanto,deste grupo, apenas o Banco Real e aNatura fazem parte dos Top 10 nestapesquisa do Global Reporters. A perguntaóbvia que se faz é: por que há tão poucasobreposição entre essas duas iniciativas?E qual das duas está “correta”?

O Prêmio Readers’ Choice da GRI não temcomo objetivo eleger, de forma objetiva,os melhores relatórios. Tal premiaçãobusca, de fato, evidenciar os relatóriospreferidos pelos leitores, aqueles queatendem às suas expectativas. Por outrolado, a presente pesquisa avalia aqualidade dos relatórios à luz de umametodologia específica. Tendo objetivose métodos distintos, esta pesquisae o prêmio da GRI criam resultados eperspectivas diferentes — ambos válidose de valor.

Não está claro quem são as empresasque lideram a agenda da sustentabilidade.Muitas vezes, o relatório é forte em algunsaspectos e fraco em outros.Professor Celso Lemme

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 9

Page 12: Relatorio Rumo a Credibilidade

10Rumo à Credibilidade

Crescente prestação de contas

A pontuação dos Top 10 varia entre amáxima de 54% (Natura) e a mínima de35% (Banco Itaú), com média de 47%.Em 2006, os resultados da pesquisa globalvariaram entre uma pontuação máxima de80% (BT, Telecomunicações, Reino Unido)e mínima de 39% (Telus, Telecomunicações,Canadá), com pontuação média de 57%.Embora os Top 10 do Brasil mereçam, semdúvida, seu lugar ao lado das empresasglobais líderes em relatório desustentabilidade, há que se reconhecera distância entre o ranking brasileiro eo internacional (Global Reporters 2006).Apesar de a diferença de pontuação serpequena entre os Top 5, a margem torna-semaior entre os últimos colocados.

Novos e antigos players

Tanto a Natura quanto o Banco Real jáforam citados no passado como líderes emsustentabilidade e na prática de reporte(ambos constando inclusive no GlobalReporters 2006). Os demais nomes entreos Top 10 são relativamente novos nestecenário, muitos deles desconhecidos nocontexto internacional.

Tal fato é animador e enaltece a capacidadedas empresas brasileiras de causar impactono ambiente global de relatórios desustentabilidade. Com efeito, dois dosTop 10 — a Sabesp e a Celulose Irani —são estreantes na publicação de relatóriosde sustentabilidade.

Cenário diversificado

Os Top 10 incluem relatórios de empresastais como Coelce, Celulose Irani e Energiasdo Brasil, com atuação fora dos grandescentros de negócios como Rio de Janeiroe São Paulo. Dentre as empresas cujosrelatórios estão no ranking, metadetem origem de capital nacional emetade é composta de subsidiárias demultinacionais.13 Embora três dos Top 10sejam concessionárias de energia elétrica,diversos setores estão representados.

Forças e fraquezas

Os resultados da pesquisa são apresentadosde forma detalhada nas páginas seguintes.Cabe destacar que os Top 10 atingiramboa pontuação na seção Governança eEstratégia (Figura 5) da metodologia deavaliação, mas apresentaram resultadosfracos nas seções Gestão (Figura 6) eApresentação de Desempenho (Figura 7).Na seção Acessibilidade e Verificação, osresultados voltaram a melhorar (Figura 8).

Resultados

Os Top 10

Figura 1

Setor de Atividade Ano do relatório

1 Natura Higiene e beleza 2007 54

2 Suzano Petroquímica Petroquímica 2006 53

3 Ampla Concessionária de energia elétrica 2007 52

Coelce Concessionária de energia elétrica 2007 52

5 Banco Real Serviços financeiros 2007 51

6 Energias do Brasil Concessionária de energia elétrica 2007 47

7 Sabesp Concessionária de água e saneamento 2007 46

8 Bunge Agronegócios 2007 41

Celulose Irani Papel e celulose 2007 41

10 Banco Itaú Serviços financeiros 2007 35

Média 47

Pontuação %Empresa

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 10

Page 13: Relatorio Rumo a Credibilidade

11Rumo à Credibilidade 11

Melhores entre os melhores . . .ou melhores entre os fracos?

No decorrer do processo de seleção, oConselho Consultivo demonstrou-se, deforma geral, decepcionado com a maioriados relatórios brasileiros. O sentimentogeral foi de que as empresas precisammelhorar os quesitos de transparência,comprometimento e integridade.14

A expectativa é que esta pesquisa —por meio dos exemplos de melhorespráticas citados — indique como asempresas podem aperfeiçoar a prestaçãode contas em seus relatórios. Esta seçãodestaca dez dos melhores relatórios desustentabilidade no Brasil, com exemplosque ilustram o que outras empresas aindapodem aprender, bem como os aspectosonde os Top 10 ainda precisam melhorar.

Metodologia do Global Reporters

1 Governança e estratégia(11 critérios)Avalia (1) o quão bem a empresaexplica suas atividades e seus impactoseconômico, social e ambiental,(2) os mecanismos de governançaimplementados para avaliar odesempenho em sustentabilidade e(3) a integração da sustentabilidadena estratégia de negócios.

2 Gestão(9 critérios)Avalia a qualidade do relatório notocante à descrição dos processosde implementação. Procura-se, nestecaso, aferir até que ponto o relatóriodemonstra (1) alinhamento entre ossistemas internos e as declarações deintenções e (2) a influência da empresasobre stakeholders externos e ascondições de mercado.

3 Apresentação de desempenho(5 critérios)Avalia a qualidade do relatório no quediz respeito ao seu desempenho comrelação às questões materiais.

4 Acessibilidade e verificação(4 critérios)Avalia os esforços da empresa aotransmitir confiança nas informaçõesrelatadas, bem como a qualidadeda apresentação e seu design, embenefício da compreensão e utilizaçãodo relatório.

Influ

ênci

aso

bre

osm

erca

dos

ecl

ient

es

Satis

faze

ndo

nece

ssid

ades

futu

ras

Ges

tão

deris

cos

Governança e estratégiaNota média para cada critério

4

3

2

1

Figura 5

Iden

tific

ação

epr

iorit

izaç

ãode

ques

tões

Valo

res,

prin

cípi

ose

polít

icas

para

DS

Visã

ode

sust

enta

bilid

ade

ees

trat

égia

Resp

onsa

bilid

ades

ees

trut

uras

dego

vern

ança

Cart

ada

alta

adm

inis

traç

ão

Desa

fios

deim

plem

enta

ção

deDS

Busi

ness

case

Perf

ilda

empr

esa

edo

seto

r

Glo

bal

Bras

il

Nota média da seçãoNota média dos Top 10 para cada critério

GestãoNota média para cada critério

Inve

stim

ento

soci

al

Influ

ênci

aso

bre

ose

tor

Polít

icas

públ

icas

eas

sunt

osre

gula

tório

s

4

3

2

1

Figura 6

Rela

ções

com

inve

stid

ores

Proc

edim

ento

sge

renc

iais

Ger

enci

amen

toda

cade

iade

valo

r

Ges

tão

doco

nhec

imen

to

Ges

tão,

trei

nam

ento

ede

senv

olvi

men

tode

func

ioná

rios

Enga

jam

ento

dest

akeh

olde

rs

Glo

bal

Bras

il

Nota média da seçãoNota média dos Top 10 para cada critério

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 11

Page 14: Relatorio Rumo a Credibilidade

Sistema de Pontuaçãodo Global Reporters

Cada critério recebe de zero a quatropontos, com base no método a seguir:

0 = ZeroAusência ou insuficiência de informaçõesque indiquem se a empresa entende ocritério ou o leva a sério.

1 = SuperficialO relatório sugere pelo menos algumreconhecimento do critério, tentandoapresentá-lo de maneira séria, porémnão de forma sistemática.

2 = SistemáticoA cobertura sugere uma abordagemséria com a tentativa de apresentaras informações de forma sistemática,porém não reflete o desenvolvimento ourelevância total ou integral em toda aempresa, entre as divisões ou questões.

3 = AbrangenteCobertura séria e sistemática, sem grandesdeficiências no conteúdo, apresentação ouinterpretação, porém não possui vínculoexplícito ou total com a tomada de decisãodo negócio principal.

4 = IntegradoRelatório sério e abrangente, evidenciandoseu vínculo com a tomada de decisãodos negócios em geral e processos chave,de modo a aperfeiçoar a eficácia dasustentabilidade.

O sistema de pontos é seqüencial, o quesignifica que, para receber determinadapontuação, o relatório deverá ter atingidoos requisitos da anterior.

12Rumo à Credibilidade

DesempenhoNota média para cada critério

Alin

ham

ento

dede

sem

penh

oe

estr

atég

ia

Med

ição

dede

sem

penh

odo

DS

Dese

mpe

nho

emre

laçã

oa

padr

ões

Esta

bele

cim

ento

dem

etas

Cont

exto

ein

terp

reta

ção

Figura 7

4

3

2

1

Glo

bal

Bras

il

Nota média da seçãoNota média dos Top 10 para cada critério

Figura 8

Acessibilidade e verificaçãoNota média para cada critério

Verif

icaç

ão

Com

prom

etim

ento

,pol

ítica

ees

trat

égia

dere

port

e

Aces

sibi

lidad

eda

sin

form

açõe

s

Padr

ões

para

rela

tório

4

3

2

1

Glo

bal

Bras

il

Nota média da seçãoNota média dos Top 10 para cada critério

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 12

Page 15: Relatorio Rumo a Credibilidade

13Rumo à Credibilidade

ResultadosGovernança eestratégia

A primeira e maior seção da metodologiade avaliação analisa os relatórios quantoà governança e estratégia e a formacomo estas contemplam as questões desustentabilidade. Avalia como o relatóriodescreve o papel dos conselhos deadministração e da liderança da empresa,os valores e princípios, a identificaçãode questões materiais, os riscos eoportunidades, a influência sobre mercados,entre uma série de outras atividades.Esta seção procura identificar que questõesde sustentabilidade a empresa estádisposta a assumir, bem como suasintenções para gerenciá-las.

Esta é uma das áreas na qual os Top 10pontuaram bem, com média de 51% paraos 11 critérios. Tanto a Suzano Petroquímicaquanto a Ampla obtiveram mais de 60%nesta seção. A Ampla e a Coelce receberamraros 4 pontos por relatar seus Valores,princípios e políticas para odesenvolvimento sustentável.

Os dois relatórios discriminam com clarezaos sete compromissos das empresas com odesenvolvimento sustentável, ressaltandoque estes são a base de suas políticas desustentabilidade e afirmando seu senso deresponsabilidade no que se refere à condutacomercial, relacionamento com acionistas,sociedade, consumidores, funcionários,meio ambiente, inovação e criatividade.15

Os Top 10 possuem boa desenvolturaao relatar sua Estratégia de negócios ea visão do desenvolvimento sustentável.Em alguns casos, esta postura estárelacionada à atividade fim da empresa.As concessionárias Energias do Brasil,Ampla, Coelce e Sabesp, por exemplo,respondem pelo fornecimento de serviçosessenciais à população por meio deconcessões governamentais, fato quecoloca as questões de sustentabilidadeno centro da agenda de negócios.

Governança e estratégiaMédia da seção e melhores notas %

100

80

60

40

20

Figura 9

Suza

noPe

troq

uím

ica

Banc

oRe

al

Ampl

a

Méd

ia

Desafios de implementação de DSMédia e melhores notas

4

3

2

1

Figura 10

Nat

ura

Banc

oRe

al

Méd

ia

Sabe

sp

Ampl

a

Suza

noPe

troq

uím

ica

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 13

Page 16: Relatorio Rumo a Credibilidade

14Rumo à Credibilidade

A Suzano Petroquímica apresenta bonsexemplos de busca por matéria primaalternativa ao petróleo para a produçãode polímeros biodegradáveis. Tambémdetalha novos processos produtivos e autilização de nanotecnologia para aredução de impactos. O relatório aindadescreve os investimentos no aumentoda conscientização sobre plásticosbiodegradáveis, nas iniciativas paraaumentar a reciclagem e na criação denovos mercados para produtos reciclados.

No entanto, metade dos Top 10 recebeunota zero no critério Desafios deimplementação do desenvolvimentosustentável, que avalia como a empresarelatora descreve os desafios, trade-offs ebarreiras para atingir o desenvolvimentosustentável. A ausência quase total detransparência nos desafios deimplementação provavelmente faz comque os leitores concluam que os relatóriosapresentam um quadro desequilibradoda evolução para a sustentabilidade.Para o aperfeiçoamento dos relatóriosde sustentabilidade no Brasil — e paraque sejam considerados confiáveis pelosleitores — o tratamento dos trade-offse das dificuldades deverá ser aprimoradono futuro.16

A pontuação do critério Responsabilidadese estruturas de governança também foibaixa, com média de apenas 1,6. Em muitoscasos, as empresas simplesmente deixaramde reportar as informações relativas a essesaspectos. Com a governança corporativaem ascensão na agenda empresarialdo Brasil, tais questões deverão ser,de forma consistente, incluídas nospróximos relatórios.

A Suzano Petroquímica recebeu respeitáveis3 pontos com a descrição detalhada da suaestrutura geral de governança corporativae das responsabilidades relacionadas àsustentabilidade, enfatizando a importânciade ganhar confiança e ser transparente comos stakeholders e acionistas. A empresatambém se destaca por explicar com clarezao papel do Comitê de Sustentabilidade eEstratégia para garantir o tratamento dasquestões de sustentabilidade por meio daelaboração de diretrizes para os demaiscomitês e grupos de trabalho, dentre umasérie de outras iniciativas.17

É provável que a partir da crise financeiraglobal de 2008, uma regulação maisabrangente ganhe força na próxima década,ficando os conselhos de administraçãosujeitos a controles mais rígidos. Dentre asquestões que irão requerer mais atenção,é de se esperar que a sustentabilidadetenha maior destaque nas discussões daalta administração. As melhores práticasemergentes, destacadas pela ConferenceBoard of Canada, incluem ferramentascomo um “mapa da sustentabilidadecorporativa” para o conselho ou ainda aintegração da sustentabilidade na missãoe valores, bem como nos processos degestão de risco e estratégia.18

As empresas que consideram os relatóriosde sustentabilidade como uma ferramentade prestação de contas treinam seusfuncionários e envolvem a altaadministração no processo, preparando-separa publicar relatórios de qualidade.João Gilberto Azevedo

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 14

Page 17: Relatorio Rumo a Credibilidade

15Rumo à Credibilidade

ResultadosGestão

A seção de Gestão da metodologia analisaprocessos e procedimentos relativos a umasérie de práticas internas, das questõesde recursos humanos às políticas públicas.Em resumo, avalia a qualidade daabordagem pela empresa para implementarsua visão e estratégia. De maneira geral,os Top 10 obtiveram pontuaçãosignificativamente mais baixa nestaseção do que em Governança e estratégia,com média de 44%.

A Natura destaca-se como líder, com amarca de 56% nesta seção, ficando oBanco Real, a Bunge, a Coelce e a SuzanoPetroquímica em um distante segundolugar, empatados com 47%. A Natura sedestaca em mais de uma área:

— Procedimentos de gestãoA Natura detalha seus sistemas de gestãoem saúde e segurança, qualidade deprodutos, emissão de gases de efeitoestufa e embalagens, entre outros.

— Gestão da cadeia de valorHá nítida ênfase em garantir a qualidadedos fornecedores e da compra dematérias primas. Isto inclui seu sistema“Qlicar” de avaliação, certificação emonitoramento dos fornecedores, sobas óticas econômica, social e ambiental.Além disso, sua abordagem “BioQlicar”destina-se a aperfeiçoar a capacidadedas comunidades (muitas destaslocalizadas na Amazônia) de fornecerà Natura matérias primas de qualidade,preservando, ao mesmo tempo, abiodiversidade.

— Políticas públicasDestaca-se a elaboração dos Princípiosde Relacionamento, os quais orientama conduta da Natura perante o Governo,com lançamento previsto para 2008,junto com suas políticas anticorrupção,suborno e de lobby.

Os conhecedores da cultura de negóciosbrasileira não ficarão surpresos ao constatarque a maior pontuação média (2,5) nestaseção foi para Investimento social. A Amplarecebeu 4 pontos por ter demonstradonitidamente o vínculo entre as atividadesde investimento social e as questõesmateriais tais como eficiência energética,segurança, cidadania e ética. Embora o focoem investimento social seja compreensívelà luz do contexto brasileiro, diversosaspectos de gestão — incluindo Políticaspúblicas e assuntos regulatórios, Relaçõescom investidores e Gestão da cadeia devalor — são tratados muito timidamente.Nenhum dos Top 10 aborda o lobby deforma sistemática e com base emprincípios, embora muitas dessas empresassejam notoriamente ativas no campodas políticas públicas.

Os leitores precisam entender comclareza as iniciativas das empresas naimplementação de seus compromissoscom a sustentabilidade. Além disso,trata-se de uma oportunidade de mostraro que as empresas fazem melhor: adaptaras operações internas para cumprir asmetas estratégicas.

GestãoMédia da seção e melhores notas

100

80

60

40

20

Figura 11

Nat

ura

Banc

oRe

al

Coel

ce

Méd

ia

Bung

e

Suza

noPe

troq

uím

ica

Políticas PúblicasMédia e melhores notas

4

3

2

1

Figura 12

Nat

ura

Coel

ce

Méd

ia

Celu

lose

Irani

Suza

noPe

troq

uím

ica

Sabe

sp

Banc

oIt

Bung

e

Ener

gias

doBr

asil

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 15

Page 18: Relatorio Rumo a Credibilidade

16Rumo à Credibilidade

ResultadosApresentação dodesempenho

A avaliação da eficácia dos relatórios aoinformar os leitores acerca do desempenhoda empresa resultou na menor pontuaçãomédia, de apenas 41% para os Top 10.Conforme já mencionado anteriormente,as empresas foram mais bem sucedidasno estabelecimento do contexto geral(por exemplo, por meio de declarações devalores, estratégia e intenções) do que emdemonstrar como suas intenções se tornampráticas.

Em grande parte, os Top 10 abordamo desempenho da sustentabilidademediante a utilização dos indicadoresdas Diretrizes GRI. A Coelce liderou ogrupo com pontuação de 60%, por terapresentado bons indicadores dedesempenho relacionados às suas questõesmateriais identificadas, por explicar osindicadores técnicos e interpretá-los, alémde compará-los com os resultados de outrasconcessionárias de energia elétrica.

No entanto, a maioria dos Top 10 — aexemplo de outros relatórios no Brasil —não ofereceu informações suficientes sobreindicadores, dificultando o entendimentoda avaliação de desempenho por partedos leitores. Com freqüência, os relatóriosdeixam de contextualizar os indicadoresde desempenho, além de não explicaremadequadamente as premissas por trás dasafirmações; de não fazerem o benchmarkcom o setor ou com normas regionais;e de não proverem referências sobre acapacidade dos ecossistemas e metasnacionais e/ou internacionais para o setor.

As empresas também deixam de apresentaruma avaliação de como julgam seu própriodesempenho — ou o esclarecimento deporque este está no nível informado enão pior ou melhor.

A discussão sobre o Estabelecimento demetas é também um aspecto importanteno relato do desempenho. Mais uma vez, aCoelce obteve 3 pontos pela descrição demetas quantitativas relativas a quase todasas suas questões materiais. Por exemplo, aCoelce definiu cinco metas específicas emensuráveis, apenas sobre satisfação docliente. Entretanto, de modo geral, osTop 10 tiveram um desempenho ruim nestequesito, com pontuação média de apenas1,5. Grande parte das metas constantes nosrelatórios Top 10 era de cunho qualitativoe genérico, como, por exemplo: “expandirnossa base de clientes nas operações demicrocrédito” (Banco Real), “avaliarprocessos produtivos de modo a identificaroportunidades para reduzir o consumo deenergia” (Suzano Petroquímica) ou ainda“procurar novas oportunidades paraaperfeiçoar a assistência aos clientes eas relações com as agências reguladoras”(Banco Itaú). Poucos exibiram metas nítidaspassíveis de comparação com outrasempresas e de acompanhamento ao longodo tempo.

De forma mais ampla, isto é um sinal danecessidade das empresas ficarem maisatentas à apresentação de indicadoresde desempenho. Não é suficiente fazerdeclarações gerais e conceituais sobre asustentabilidade. O relatório deve ofereceraos leitores meios específicos e confiáveispara o entendimento da performance edos resultados obtidos pelas empresas.

100

80

60

40

20

Figura 13

Nat

ura

Celu

lose

Irani

Coel

ce

Méd

ia

Ampl

a

Sabe

sp

Suza

noPe

troq

uím

ica

Apresentação do desempenhoMédia da seção e melhores notas

Contexto e interpretaçãoMédia e melhores notas

4

3

2

1

Figura 14

Nat

ura

Coel

ce

Méd

ia

Suza

noPe

troq

uím

ica

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 16

Page 19: Relatorio Rumo a Credibilidade

17Rumo à Credibilidade

ResultadosAcessibilidade everificação

Além do conteúdo dos relatórios, hádiversas formas pelas quais as empresaspodem auxiliar a compreensão dos leitorese tornarem os relatórios — bem comooutros meios de comunicação — mais úteise confiáveis. Este aspecto é crítico, tendoem vista a complexa natureza e variedadede informações que normalmente constamnos relatórios de sustentabilidade.

Esta seção é uma das melhores para os Top10, com pontuação média de 51%. Grandeparte dos fundamentos de um bom relatórioestá presente como, por exemplo, o fatode todos os Top 10 utilizarem as DiretrizesGRI G3. A Natura apresentou o melhordesempenho, com pontuação de 62,5%.

A adoção de verificação externa é umimportante indicador do reconhecimento,pelas empresas, da necessidade de produzirrelatórios verossímeis. Sete dos Top 10incluíram uma declaração de verificaçãoexterna. Quatro deles — Bunge, CeluloseIrani, Natura e Banco Itaú — fazem alusãoà norma AA1000 19 e três — Banco Real,Bunge e Banco Itaú — incluem avaliaçõesde seus relatórios por seus stakeholders,embora nem sempre apresentadas commuito detalhe.

Freqüentemente, os leitores acham asinformações sobre sustentabilidadecomplexas e volumosas, de maneira que aAcessibilidade às informações torna-se umprincípio importante na elaboração dosrelatórios de sustentabilidade. Por exemplo,tornou-se cada vez mais comum em todo omundo a utilização de websites paracomplementar as informações dos relatóriosimpressos.

No entanto, esta tendência ainda não foiadotada pelos Top 10 e representa umaoportunidade para as empresas no Brasiltornarem suas informações mais acessíveisao usuário.

As exceções são o Banco Real, cujowebsite possui uma seção exclusiva sobresustentabilidade, com informações de comoesta está integrada em seus produtos eserviços, bem como um banco de dadosdisponível ao público sobre melhorespráticas de sustentabilidade (Espaço Realde Práticas de Sustentabilidade).20

A Natura também oferece informaçõescomplementares em seu website paradeterminados grupos de stakeholders,tais como consumidores, fornecedores,funcionários e outros. Em ambos os casos,as informações complementares do websiteestão indicadas com clareza no relatórioimpresso, possibilitando aos leitoresconhecer as informações adicionaisdisponíveis, caso desejem.

Públicos diversos possuem diferentesinteresses, preferências e maneiras de serelacionar com as informações relativasà sustentabilidade. Neste sentido, osrelatórios devem empregar termoscompreensíveis e fornecer um contextoadequado a cada público. Embora aacessibilidade dos relatórios desustentabilidade e dos websites sejaimportante, as empresas líderes tambémprocuram divulgar seu desempenho desustentabilidade por meio de outros canaisde fácil acesso. Para ter uma visão geralde como as empresas atingem investidores,clientes e parceiros de suas cadeiasprodutivas com a utilização de canaisde comunicação específicos, veja apágina 24.

Acessibilidade e verificaçãoMédia da seção e melhores notas %

100

80

60

40

20

Figura 15

Banc

oRe

al

Bung

e

Nat

ura

Méd

ia

VerificaçãoMédia e melhores notas

4

3

2

1

Figura 16

Nat

ura

Méd

ia

Celu

lose

Irani

Suza

noPe

troq

uím

ica

Banc

oIt

Bung

e

Ener

gias

doBr

asil

Banc

oRe

al

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 17

Page 20: Relatorio Rumo a Credibilidade

18Rumo à Credibilidade

Tema relevanteIntegração dasustentabilidadenos negócios

As empresas concentram-se em suasprincipais atividades e no que sabem fazermelhor. Por este motivo, as iniciativasrelacionadas à sustentabilidade são maisbem sucedidas quando integradas ao corebusiness da companhia. Tal integraçãoimplica incorporar as questões desustentabilidade na estratégia de negócios,nas metas comerciais, nos principaisindicadores de desempenho e nos demaiselementos de gestão e de comunicação.

A quantidade de pontuações 4 atribuídaaos critérios da metodologia representaum dos testes mais simples quantoà integração da sustentabilidade aosnegócios (veja na página 12 como istoacontece). Dentre os Top 10, há apenasseis pontuações 4 (de um total possívelde 290). A Ampla atingiu duas destas, aopasso que Banco Real, Coelce, Energias doBrasil e Suzano Petroquímica obtiveram,cada um, apenas uma pontuação 4.

Comparativamente, a melhor pontuaçãodos Top 10 foi no critério Estratégia denegócios e visão do desenvolvimentosustentável, que avalia o quão bemuma empresa percebe o impacto dasustentabilidade em seus negócios nofuturo. O Banco Real e a SuzanoPetroquímica receberam a pontuaçãomáxima neste quesito.

— O relatório da Suzano Petroquímicaapresenta sua “Visão 2015” sobrelucratividade, crescimento esustentabilidade. Tal visão posicionasustentabilidade e governançacorporativa na condição de princípiosde orientação para o planejamentoestratégico e o posicionamento externo.Mostra também como a empresa procurainfluenciar fornecedores, clientes efuncionários para cumprir estaestratégia.

— A descrição do Banco Real de sua“Check List de Sustentabilidade eInovação” oferece um conjunto de 24perguntas ligadas a aspectos sociais,ambientais e econômicos, destinado aorientar a criação de novos produtossustentáveis.

Para a maioria dos Top 10, o desafioconsiste em ir além das consideraçõessobre sustentabilidade em termos devalores e visão e começar a demonstrar aintegração do conceito aos negócios, nocurto e no longo prazo.

Com o tempo, a integração estratégicada sustentabilidade irá diferenciar oslíderes dos demais. A ligação entre odesempenho sustentável e o sucesso nosnegócios torna-se mais visível à medidaque as empresas evidenciam seudesempenho em sustentabilidade norelacionamento com seus clientes einvestidores. A British Telecom detalha,em seu relatório, por exemplo, como asquestões de sustentabilidade a auxiliama gerar novos negócios, ao passo que aGE, ao criar o programa Ecomagination,estabelece metas comerciais claras erigorosas para produtos com credenciaisde sustentabilidade.

Dentre os Top 10, foi possível identificartentativas interessantes de relacionar asustentabilidade com a Influência declientes e formação do mercado. Merecemdestaque os esforços da Natura paraentender as atitudes dos clientes perantea marca, bem como as campanhas daAmpla para a conscientização de questõesrelativas ao consumo eficiente e dosreflexos negativos do furto de energia.Entretanto, a combinação de relatóriosanuais e de sustentabilidade em um únicodocumento — a exemplo do que fazem osTop 10 — parece ser o único esforço feitopela maioria das empresas para comunicaraos investidores as questões desustentabilidade. Trata-se de umaoportunidade perdida de conscientizaraqueles que possuem grande capacidadede agir e provocar mudanças.

É necessário um grande esforço noBrasil para que a alta administraçãoperceba o quão estratégico é um Relatóriode Sustentabilidade e o potencial queele possui, interna e externamente.Fábio Feldmann

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 18

Page 21: Relatorio Rumo a Credibilidade

19Rumo à Credibilidade

Tema relevanteCredibilidade dosrelatórios

As empresas precisam trabalhar comafinco para garantir que os leitoresacreditem no conteúdo de seus relatórios,os quais, por exigência destes, devem serconfiáveis e transmitir um verdadeirocomprometimento com a sustentabilidade.Este foi assunto de destaque no GRIReaders’ Survey realizado em conjunto como Prêmio do Readers’ Choice e tambémdivulgado em maio de 2008.21 Foram 893participantes brasileiros, sendo esta a maiorrepresentação em termos de um único país.Os resultados obtidos indicam o que osleitores do Brasil acreditam contribuirpara tornar os relatórios mais verossímeis(Figura 17).

O Conselho Consultivo identificou osprincipais fatores que, em sua opinião,comprometem a credibilidade dos relatóriosbrasileiros de modo geral:

— Reflexo do verdadeirocomprometimento por partedas liderançasOs relatórios tendem a omitir a vozda alta administração, falhandoem comunicar o entendimento e ocomprometimento da liderança com asustentabilidade. Uma discussão sobrecomo a alta administração enxerga osdesafios e de como a sustentabilidadeestá alinhada com o core business,será útil para cobrir esta deficiência.

— Opinião dos stakeholdersAs opiniões dos stakeholders, em especialas mais críticas, estão notavelmenteausentes na maioria dos relatórios desustentabilidade no Brasil, o que significaque os leitores recebem uma visãounilateral das questões e do desempenhodas companhias. Especialistas,comunidades do entorno, ONGs e outrossão capazes de injetar uma dose derealidade nos relatórios, assim comoajudar a demonstrar que a empresapropõe-se a abordar seriamente aspreocupações dos envolvidos.

— Conteúdo equilibradoDe modo geral, os relatórios destacam asboas notícias e escondem as más, ou asdeixam totalmente de fora. Os leitorestenderão a desconsiderar por completoos relatórios que não refletiremadequadamente os desafios dasustentabilidade. É, portanto, essencialque a identificação de questões materiaisinclua aquelas que apresentem desafiose dilemas para a companhia. Além disso,os relatos sobre desempenho deverãoreconhecer e explicar eventuais falhas,bem como metas não atingidas.

— QuantificaçãoCom freqüência, os relatórios nãoapresentam indicadores e metasquantitativas, mas apenas relatosde desempenho genéricos. Tal análiseacaba sendo vista pelos leitores comodistorcida, ao invés de transparente.Os relatórios deverão garantir a inclusãode determinados indicadores e metasmensuráveis, facilitando a realcompreensão do desempenho dacompanhia.

A utilização de indicadores quantificáveisdá credibilidade ao relatório: possibilitaa comparabilidade e evidencia que aempresa está comprometida com odesenvolvimento sustentável.Cristina Montenegro

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 19

Page 22: Relatorio Rumo a Credibilidade

20Rumo à Credibilidade

Não obstante o dito anteriormente, algunsaspectos de boas práticas, até deexcelência, surgem entre os Top 10:

— A carta do presidente da CeluloseIrani transmite uma abordagem dasustentabilidade em termos ambiciosos,claros e inspiradores: “É falso o dilemaentre sustentabilidade e competitividade;faz parte de uma visão míope evencida da atividade empreendedora.São absolutamente compatíveis osinteresses privados de lucro e osinteresses públicos de justiça sociale preservação do meio ambiente.”O desafio implícito para o setor privadoexpresso nesta afirmação, bem comoseu impacto na seriedade do relatórioda companhia são admiráveis.

— A Energias do Brasil incluiu opiniõesde seus stakeholders, tais comodeclarações de funcionários,terceirizados, parceiros e beneficiáriosde suas ações de investimento social.

— O Banco Real e a Natura apresentaramrelatos sobre desafios, de forma sensatae substancial.

Se o relatório considerar seriamente osanseios dos leitores e se esforçar paraabordá-los incorporando algumas daspráticas mencionadas anteriormente,estes poderão utilizá-lo para desenvolverestratégia e engajamento em torno dasquestões que afetam a todos. Caso não ofaça — e os leitores distinguirão quandoisto acontecer — o relatório não seráconfiável, independente de outrasqualidades que possa ter.

As empresas ainda resistem a apresentarcom franqueza seus dilemas nos relatórios,em especial quando os mesmos têm origemem seus produtos, serviços e modelos denegócios. Os stakeholders sabem que aempresa possui desafios e dilemas, sendoque não encontrá-los no relatório retira acredibilidade do mesmo.João Gilberto Azevedo

Credibilidade dos relatóriospara leitores brasileiros %

20

15

10

5

Figura 17

Porm

eio

depr

oces

sos

deen

gaja

men

tode

stak

ehol

ders

Publ

icaç

ãoda

sm

etas

ere

sulta

dos

com

expl

icaç

ões

Liga

ção

com

aes

trat

égia

dene

góci

os

Equi

librio

entr

e“b

oas

em

ásno

tícia

s”

Info

rmaç

ões

sobr

eas

mel

horia

sal

canç

adas

Fonte: Pesquisa dos leitores GRI derelatórios de sustentabilidade, 2008

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 20

Page 23: Relatorio Rumo a Credibilidade

21Rumo à Credibilidade

Tema relevanteMaterialidade

Relatórios de sustentabilidade costumamser muito abrangentes já que os potenciaisimpactos das atividades das empresascontemplam desde relacionamento comfuncionários até mudanças climáticas.Geralmente, as empresas não conseguemabordar tudo e ainda apresentar umrelatório prático e de fácil leitura, sendonecessário, então, fazer escolhas sobre oque é prioritário para elas e seus leitores.Tal avaliação é comumente conhecidacomo materialidade.

Materialidade tornou-se umapalavra-chave no mundo dos relatóriosde sustentabilidade. No entanto, a maioriados relatórios brasileiros não reflete otratamento sofisticado deste conceito.Eles pecam por enfatizar os investimentossociais, em detrimento da identificaçãoe abordagem de questões estratégicasmais relevantes para a empresa.Há, também, uma tendência porapresentarem informações em demasia.Os Top 10 tinham, em média, 161 páginas.

A materialidade no radar

Os Top 10 reconhecem, de fato, a questãoda materialidade. A maioria deles tem ocuidado de divulgar informações sobre asquestões sociais, ambientais e econômicasmais importantes. Embora apresentem, demodo geral, seus processos de seleção epriorização de assuntos, os Top 10 estãoem diferentes estágios da curva deaprendizado. Algumas empresas relatamprocessos de materialidade, porém nãoidentificam o que consideram suas questõesprioritárias. Outras já discutem as questõesmateriais e as priorizam, mas aindapublicam muitas informações irrelevantes.

Ampla, Coelce, Energias do Brasil eNatura obtiveram boas pontuações nocritério Identificação e priorização dequestões. Cada um dos relatórios destasempresas oferece uma boa apresentaçãodo processo utilizado para identificarquestões materiais, consoante com asDiretrizes G3 da GRI. Três deles incluem a“matriz da materialidade”, o que auxilia adescrever a importância das questõesmapeadas, tanto na ótica dos stakeholdersquanto na das empresas. Mesmo assim,algumas delas atribuem alta prioridade amuitas questões, o que, de certa maneira,anula a finalidade da avaliação dematerialidade (Figura 20).

MaterialidadePontuação / número de páginas do relatório

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

Figura 18

Banc

oRe

al

Bung

e

Banc

oIt

Nat

ura

Coel

ce

Celu

lose

Irani

Ampl

a

Sabe

sp

Suza

noPe

troq

uím

ica

Ener

gias

doBr

asil

Identificação de questões materiaisMédia e melhores notas

4

3

2

1

Figura 19

Coel

ce

Nat

ura

Méd

ia

Ener

gias

doBr

asil

Ampl

a

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 21

Page 24: Relatorio Rumo a Credibilidade

22Rumo à Credibilidade

Menos significa mais

Entende-se que as empresas desejemgarantir que os leitores recebam todasas informações de seu interesse.Todavia, um relatório de sustentabilidadesobrecarregado de informações maisdificulta sua compreensão do que a facilita.Os melhores relatórios globais focam emapenas algumas questões expressivas,muitas vezes não mais do que quatro oucinco. Um exemplo das boas práticasglobais é o da Ford Motor Company,cuja matriz de materialidade dá ênfasea apenas cinco questões.22

Um processo adequado de materialidadeaperfeiçoará a capacidade interna daempresa de gerenciar questões, refletiráuma abordagem sólida e racional na gestãoe em suas responsabilidades, além deproporcionar confiança aos stakeholdersquanto à sua transparência e aoprofissionalismo. Adicionalmente,melhorará a qualidade dos relatóriosno curto prazo.

Matriz de materialidade

Figura 20

Nível de importânciapara os stakeholders

Nível de relevânciapara a empresa

Alto

Alto

Baixo

Baixo

Muito importanteImportanteMedianamente importantePouco importante

Adaptada da Matriz deMaterialidade da Coelce 2007

Usar uma abordagem de “checklist ” podereduzir o conteúdo de um relatório etorná-lo superficial e até excluir questõesimportantes nele apresentadas.Fábio Feldmann

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 22

Page 25: Relatorio Rumo a Credibilidade

23Rumo à Credibilidade

Tema relevanteEngajamento destakeholders

O engajamento de stakeholders estádefinitivamente incorporado na agendacorporativa do Brasil. Quase todos osTop 10 divulgam seus esforços parainteragir com públicos de interesse sobrequestões relacionadas à sustentabilidadeou sobre a qualidade de seus relatórios.No entanto, há significativas perdas deoportunidades em ampliar o engajamentode stakeholders como meio de criar valorpara o negócio.

A Ampla, a Bunge e a Coelce obtiverampontuação 3 por abordarem o engajamentodas partes interessadas. A Ampla e aCoelce oferecem mapas detalhados dosstakeholders à luz de questões relevantes,explicando as diversas abordagens daempresa para o engajamento. O relatórioda Bunge utiliza um painel de stakeholderspara identificar as questões relevantes.Há também um amplo esforço dacompanhia para atingir fazendeiros,clientes, funcionários e Governo.

O relatório da Souza Cruz 23 descreve oengajamento de stakeholders de formabastante detalhada e extensa, dedicandopara tanto mais de um quarto do relatório.As preocupações das partes interessadassão apresentadas, em conjunto com oscompromissos específicos da empresapara abordá-las. Contudo, a falta derepresentação de entidades de saúdepública nas audiências de engajamentoresulta em preocupante e baixa ênfasedada, no relatório, aos impactos dotabagismo na saúde.

As experiências de empresas em todo omundo ao longo dos anos cristalizaramuma série de princípios para um bomengajamento de stakeholders: 24

— Comprometer-se comquestões materiaisGarantir que o engajamento estejaalinhado com as questões relevantesidentificadas, de forma a agregar valorao negócio.

— Engajar os stakeholders certosOs relatórios deverão refletir um universode stakeholders inclusivo, desafiador ediversificado e estes, por sua vez, devemter expertise, desejo e influência parase engajar nos assuntos da empresa.

— Oferecer os recursos adequadosO relatório será mais relevante paraos stakeholders ao refletir um processode diálogo profundo e estratégico,com o envolvimento direto da altaadministração, ao invés de uma pesquisade opinião passiva. Alocar recursosadequados (tempo, dinheiro e pessoas)é garantia de sucesso.

— Demonstrar açãoDemonstrar como o engajamentofoi utilizado para direcionar ações ecompromissos e não apenas comomeio para justificar decisões edesempenho passado.

Os atuais relatórios de sustentabilidadeainda refletem o engajamento destakeholders realizado para fins dereputação e gestão de riscos. É provávelque, no futuro, perceba-se maior valorgerado por meio de novas formas deengajamento nas quais os stakeholderscontribuam com novas fontes deinteligência, percepção, inovação edesenvolvimento de mercado. A prospecçãodestes ricos recursos exigirá formas decomunicação inovadoras e bem pensadas,com a devida atenção a assuntos depropriedade intelectual.

Engajamento de stakeholdersMédia e melhores notas

4

3

2

1

Figura 21

Bung

e

Coel

ce

Méd

ia

Ampl

a

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 23

Page 26: Relatorio Rumo a Credibilidade

24Rumo à Credibilidade

Tema relevanteAlém dos relatórios

A verdade é que os atuais relatórios desustentabilidade, apesar de suas virtudes,freqüentemente não conseguem atingirpúblicos-alvo. É possível que um seletogrupo de “stakeholders profissionais”(consultores, investidores socialmenteresponsáveis, alguns pares e concorrentes)os leiam por completo, porém poucosinvestidores tradicionais, clientes,funcionários e comunidades do entornofarão tal esforço.

Felizmente, o relatório de sustentabilidadenão é um fim em si mesmo. O processo derelatar pode ser utilizado como um sistemaefetivo de gestão, possibilitando umamelhoria contínua. Pode, também, auxiliaro estabelecimento de estratégias e metas(visto que a divulgação incentiva asdecisões e evita as desistências), a geraçãode novos negócios (ao destacar tendênciaschave e incentivar internamente ainovação) e a melhoria do climaorganizacional entre os colaboradores(por meio de conscientização, orgulho,ação e treinamento). Este processo é,sem dúvida, valioso, porém raramenteresulta em uma ótima ferramenta decomunicação.

Canais de Comunicação

A comunicação deve ter como metaproporcionar aos stakeholders asinformações necessárias para que estesfaçam boas escolhas — e isto poderáenvolver uma série de outras ferramentase processos. Abordagens mais específicase variadas para a comunicação com opúblico de interesse — que utilizeminformações relacionadas à sustentabilidade— causarão maior impacto do queatualmente é possível. Isto significaráincluir as informações em outras formasde engajamento com diversos públicos.

Esta é uma tendência identificadainicialmente em 2006, quando sepreviu que informações relacionadas àsustentabilidade seriam cada vez maisutilizadas para compor relatórios anuais,requisições de propostas para osfornecedores, comunicação com osclientes, informações nos pontos de venda,divulgação de resultados para investidores,dentre outras múltiplas finalidades.A figura 22 exemplifica diversos tipos decanais de comunicação mais adequadospara incorporar conteúdos desustentabilidade.

Integração da sustentabilidadenos canais de comunicação

Figura 22

EmpregadosIntranetRelatórios de sustentabilidadeRevista internaDenúnciasCódigo de ética

IndústriaRelatórios de sustentabilidadeDiretrizes para comprasAssociação de classe

InvestidoresWebsiteRelatório anualPress releaseRoadshow

ONGsRelatórios de sustentabilidadeReuniões

GovernoRelatórios de sustentabilidadeDivulgação regulada

Comunidade e sociedadeNewsletterArtigo na imprensa localAudiência pública

Cadeia de suprimentoLicitaçãoRelatório anualReunião com fornecedoresRevistaCampanha

ClientesServiço ao consumidorPropagandaRótulo dos produtos

Conjunto de dadosprincipaisex. GRI

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 24

Page 27: Relatorio Rumo a Credibilidade

25

Os relatórios brasileiros oferecem exemplosúteis de como atingir determinados gruposde stakeholders com as informaçõescorretas. Por exemplo:

— ClientesO Banco Real promoveu uma campanhana mídia para conscientizar os clientessobre a utilização responsável do crédito.A Natura introduziu, em 2007, uma“tabela ambiental” nas embalagens,inspirada nas tabelas com informaçõesnutricionais presentes em alimentos,que traz três indicadores sobre a origemdo produto e três sobre as própriasembalagens.

— GovernoA Sabesp divulgou, em seu relatório, acriação da “sala dos municípios” na sededa empresa, local para atendimentoexclusivo dos dirigentes, com o objetivode melhorar o canal de relacionamentocom os governos municipais.

— FornecedoresA Usina São Manoel,25 produtorade açúcar e álcool, exige que seusfornecedores assinem seu códigode conduta, o qual inclui questõesrelacionadas ao trabalho infantile ao impacto da mecanizaçãona colheita.

Transparência absoluta

Com base na experiência dos relatóriosinternacionais, a tecnologia atualpossibilita a disseminação mais eficaz dasinformações sobre sustentabilidade, umavez que permite aos stakeholders acessarmais facilmente análises e dadosdetalhados. Trata-se de um campo no qualas boas práticas globais parecem apontaruma transformação fundamental no modode acessar e utilizar o conhecimento.

A tecnologia Web 2.0 e a rede de contatoson-line têm crescido vertiginosamente,trazendo implicações e oportunidadespara os relatórios. A Timberland publicaatualizações trimestrais relacionadas àsustentabilidade no website JustMeans.26

O sucesso sem precedentes de MyStarbucks Idea, uma inovação da redeamericana de cafeterias Starbucks quecombina negócios tradicionais esustentabilidade, anuncia uma novaera de engajamento e de relatórioson-line. 27

A maior transparência na cadeia devalor é outro campo onde se começa averificar sinais de divulgação mais ampla.O SEDEX (Supplier Ethical Data Exchange )aperfeiçoa o acesso às informações paracompradores e fornecedores, bem comofacilita os processos de auditoria.28

Na outra extremidade da cadeia de valor,estima-se que os consumidores disporão,em breve, de novas ferramentas que osfortalecerão em suas escolhas de consumo.A tecnologia que combina telefonescelulares, leitores de códigos de barras,ferramentas de busca e bancos de dadospúblicos e privados, relativos à segurança,saúde, meio ambiente e desempenho sociale ético pode não estar tão distante.

À medida que os diversos canais decomunicação forem testados e quenovas tecnologias forem lançadas, haverámudanças expressivas no cenário dosrelatórios de sustentabilidade. Conheçaas tendências futuras na página 28.

Rumo à Credibilidade

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 25

Page 28: Relatorio Rumo a Credibilidade

Rumo à Credibilidade verificou umaevolução significativa por parte dosrelatórios brasileiros, mas ainda há umlongo caminho a ser percorrido para atingiro nível das melhores práticas internacionais.Para os relatórios se tornarem maisrelevantes às próprias empresas e maisvaliosos aos leitores, é necessário entendere adotar algumas regras básicas — e outrasnem tão básicas — relativas às boas práticasde prestação de contas.

No decorrer do presente relatório, foramdestacadas boas práticas e tambémoportunidades de melhorias. Estãorelacionadas, a seguir, tais recomendações,que podem ser úteis tanto para as empresasbrasileiras que buscam produzir relatóriosde qualidade, quanto para empresas deoutros países.

Governança e estratégia

Apresentar como a sustentabilidadeestá incorporada no modelo degovernança corporativaExplicar as estruturas e os processosque garantam responsabilidade ecomprometimento para a consecuçãoda visão e das metas relacionadas àsustentabilidade, desde o mais alto níveldo conselho de administração a todaa empresa.

Vincular a sustentabilidade àestratégia de negóciosApresentar a estratégia de negócios daempresa da forma como ela realmente édefinida e utilizada. Esta é a base para atomada de decisão na companhia, bemcomo o alicerce para o entendimento decomo a sustentabilidade está inseridaem — e, idealmente, direcionando —seus negócios.

Quantificar o business caseLucro, prejuízo, redução de custos, acessoao capital, participação no mercado, valorda marca, reputação, investimentos eminovação e mitigação de riscos, velocidadedas operações — estes e outros fatorespodem ser afetados pela estratégia einiciativas de sustentabilidade da empresa.A compreensão de tais fatores tenderá amelhorar o entendimento do relatório porparte dos principais stakeholders, emespecial os investidores.

Divulgar desafios, fracassos e dilemasOs stakeholders já sabem que estes existeme que a credibilidade do relatório exigeuma abordagem completa, transparentee honesta das deficiências, desafios eobstáculos para a implementação da visãode sustentabilidade da empresa. Caso orelatório deixe de mencionar dificuldadesevidentes, os stakeholders poderão seperguntar o que mais o relatório podeestar ocultando.

Gestão

Explicar os procedimentos de gestãoÉ preciso certificar-se de que os leitoresentendem os processos específicos pelosquais a empresa busca implementar seuscompromissos com a sustentabilidade,bem como as medidas tomadas parainstitucionalizá-los. Por exemplo, aabordagem relativa à saúde e segurança,desempenho ambiental, suborno ecorrupção, práticas trabalhistas, estratégiade marca, marketing de consumo,gestão de conhecimento e relações cominvestidores são relevantes e úteis parao público interessado no negócio.

26Rumo à Credibilidade

Os relatórios de sustentabilidade servempara incentivar mudanças: é necessárioter uma grande quantidade de empresasreportando para comprovar a evolução.Ainda há muito poucas companhiasrelatoras no Brasil.Gláucia Terreo

Conclusões erecomendações

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 26

Page 29: Relatorio Rumo a Credibilidade

Discutir os impactos na cadeia de valorGrandes empresas são parte de complexascadeias de valor e redes — desde a extraçãode matérias primas até a produção, o usoe a disposição final do produto — tendoinfluência expressiva no desempenhoda sustentabilidade em toda a cadeia.As empresas líderes incluem, em seusrelatórios, informações relativas às medidasadotadas para enfrentar os impactos emtoda cadeia de valor, de modo a informare influenciar as atitudes de fornecedores,clientes e outros.

Divulgar as atividades relacionadasàs políticas públicasTransparência nas atividades derelacionamento com o governo ganhauma importância cada vez maior pelacapacidade de diferenciar a empresa.Os relatórios deverão, no futuro, declararexpressamente princípios, intençõese atividades específicas destinadas ainfluenciar as políticas públicas.

Apresentação de desempenho

Quantificar e contextualizarA quantificação de impactos, usandoindicadores comparáveis e consistentes,benchmarks e metas, auxilia natransparência e na prestação de contas.As empresas devem se esforçar paramensurar aspectos intangíveis, tratantoos desafios de forma direta e explicandoos riscos e oportunidades, bem como obusiness case para continuar adotandopráticas sustentáveis.

Publicar dados acessíveis e comparáveisRelatar dados de desempenho de formaclara e comparável, com a utilização deindicadores confiáveis. Trazer informaçõeshistóricas e segmentadas, quando possível,e fornecer dados de referência de modo acontextualizar o desempenho.

Determinar metas reaisMetas estão entre os mais importantesindicadores de comprometimento, sendotambém ferramentas críticas de gestão dedesempenho. Neste sentido, as empresasnão podem deixar de quantificá-las eincluí-las nos relatórios, relacioná-las aosresultados atingidos e revisá-las com odecorrer do tempo. As boas metas sãoespecíficas, mensuráveis e significativas.Quando possível, as mesmas deverãoremeter aos reais impactos ambientais,sociais e econômicos das atividadesempresariais, ao invés de metas maissimples (e menos significativas) tais comorecursos financeiros empregados.

Incluir a “voz” dos stakeholdersSe o relatório for uma declaração unilateral,não terá o impacto positivo esperadosobre os leitores. As empresas devemconvidar os stakeholders — sejam órgãosgovernamentais, especialistas, ONGs oucomunidades do entorno — para opinaracerca de suas estratégias ou desempenhosde sustentabilidade.

Acessibilidade e verificação

Melhorar a utilização de websitesOs websites são capazes de agregar umimenso valor pois permitem adicionarinformações, além daquelas quenormalmente constam nos relatóriosde sustentabilidade. Assim, as empresasdevem empregá-las de modo a atingirdeterminados stakeholders, para divulgardados detalhados ou técnicos que nãosejam relevantes para o público geral,ou para prestar informações de cunholocal em benefício das comunidades.

Os websites podem ser utilizados, também,como repositórios de informações que nãomudam com freqüência, a fim de evitar queestas sejam repetidas todos os anos nosrelatórios impressos, tais como a estruturaou a política de sustentabilidade dacompanhia.

Explicar o que não foi relatadoUm bom processo de materialidade nãoapenas destaca as questões prioritárias,como também esclarece o que não foirelatado e porquê.

Relatar o que importaUm bom relatório de sustentabilidadenão deverá conter excesso de informaçõese nem ignorar as questões relevantes.Dessa maneira, as empresas devem utilizaras melhores ferramentas existentes —como a matriz de materialidade — parapriorizar os assuntos cobertos no relatórioe não ter receio de excluir os que nãoforem materiais para a maioria dosstakeholders. Estes poderão serapresentados no website ou em formasespecializadas direcionadas a públicosespecíficos.

Ir além dos relatóriosÉ necessário que as empresas integremas informações sobre sustentabilidadeaos canais de comunicação básicos eespecializados e às ferramentas deengajamento já utilizadas comconsumidores, investidores, fornecedores,parceiros comerciais, ONGs, governose stakeholders especiais de maneira adar vida à sustentabilidade para osverdadeiros interessados.

27Rumo à Credibilidade

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 27

Page 30: Relatorio Rumo a Credibilidade

28Rumo à Credibilidade

Por definição, a “prestação de contasé o reconhecimento e a aceitação daresponsabilidade por iniciativas, produtos,decisões e políticas (. . .) que impliquem naobrigação de relatar, explicar e responderpelas conseqüências.” 29 No contexto dasustentabilidade, o comprometimentocorporativo inclui a responsabilidade pelosimpactos ambientais, sociais e econômicossobre os stakeholders (pessoas ou grupos)afetados pelas atividades da empresa.

O relatório de sustentabilidade é umimportante instrumento de prestação decontas empresarial. A pergunta-chave quese faz é: “A prática de publicar relatóriosde sustentabilidade resultou em maiortransparência por parte das empresas etrouxe mudanças expressivas?” Excluindo-se alguns poucos líderes que ascenderam aotopo de nossas pesquisas no decorrer dosanos, a resposta é: “Sim, mas os relatóriosde sustentabilidade ainda deixam muito adesejar.” As três grandes críticas aosrelatórios que ouvimos são: (1) os relatóriosnão são lidos; (2) seu principal objetivoé a gestão da reputação (logo, os mesmoscarecem de credibilidade); e (3) talvezeles auxiliem a direcionar estratégia edesempenho, porém deveria ser aocontrário.

Com este diagnóstico pouco animadorda atual situação dos relatórios desustentabilidade, o que se deve esperarpara os próximos 3 a 5 anos? Os redatoresficarão desempregados? É claro quenão, porém prevê-se que suas funçõesserão bem diferentes. No futuro a gestãodo desempenho da sustentabilidade serámais estratégica e valiosa e diferente doprocesso de comunicar externamente aevolução. Seguem, abaixo, sugestõesespecíficas para os futuros líderes emsustentabilidade:

1 A estratégia de negócio e asustentabilidade estarão estreitamenteintegradas, ambas sendo parte doDNA corporativo.

2 A gestão da sustentabilidade seráabsorvida pelos processos de gestãoestratégica por ser um assunto muitoimportante para ficar em segundoplano. Assim, para que haja umacompanhamento abrangente dosdiversos indicadores de desempenho dasustentabilidade, será necessário umsistema interno de gestão e não maisum processo de coleta anual de dados.

3 As informações relativas àsustentabilidade serão incorporadasaos principais canais de comunicaçãoe estarão implícitas nos produtos,marcas, contratos etc. A tecnologiacontinuará a provocar uma onda de“transparência absoluta”, fato queelevará o nível do diálogo entreempresas e pessoas (veja página 25).

4 Os relatórios de sustentabilidadeisolados irão desaparecer ou encolherexpressivamente. Caso sobrevivam,focarão no intervalo “tempo real” daestratégia empresarial e das questõesrelevantes de sustentabilidade.

De volta ao presente, o que esta futuratrajetória significa para as empresaque desejam produzir relatórios desustentabilidade no Brasil? Os Top 10desta pesquisa comprovaram que sãocapazes de competir com as liderançasinternacionais em relatórios desustentabilidade — muitos em umprazo relativamente curto. A maioria dosdesafios da elaboração de relatórios desustentabilidade ainda enfrentadosaplica-se aos relatórios tradicionais, bemcomo à trajetória futura acima delineada.A integração das estratégias de negócios ede sustentabilidade, o foco nas questõesmateriais, a credibilidade e a liderançaefetiva são metas e processos essenciaisque deveriam constar nos atuais relatóriosde sustentabilidade, assim como na gestãointerna e nos canais de comunicaçãoexternos de amanhã. Assim, para asempresas brasileiras que ambicionamliderar a agenda da sustentabilidade nospróximos 3 a 5 anos, esta trajetória futuraapresenta uma imensa oportunidade decrescimento contínuo, bem como potencialpara passar para a dianteira das boaspráticas internacionais.

ConsideraçõesfinaisO futuro daprestação decontas

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 28

Page 31: Relatorio Rumo a Credibilidade

CorporateRegister.com

CorporateRegister.com é um websiteglobal de recursos para responsabilidadecorporativa (RC). Hospeda o mais completodiretório de relatórios de sustentabilidadee responsabilidade corporativa, com maisde 19.000 relatórios de todo o mundo.Com um arquivo que teve início em 1990,é indispensável para os que trabalham naárea de relatórios de sustentabilidade eresponsabilidade corporativa. Trabalhandocom algumas das organizações líderesem responsabilidade corporativa,CorporateRegister.com hospeda inúmerosregistros oficiais. Outras opções do siteincluem um diretório para pesquisa commais de 5.000 organizações (“parceirosde reporte”) ativamente envolvidasem relatórios de responsabilidadecorporativa.CorporateRegister.com criouo primeiro prêmio anual de relatóriosde RC global, o CRRA — Saiba mais:www.reporting-awards.com

[email protected]+44 20 7014 3366

Instituto Ethos

O Instituto Ethos de Empresas eResponsabilidade Social é uma organizaçãoda sociedade civil de interesse público criadacom a missão de mobilizar, sensibilizar eajudar as empresas a gerir seus negócios deforma socialmente responsável, tornando-asparceiras na construção de uma sociedadesustentável e justa. Suas cerca de 1.400empresas associadas, de diferentes setores eportes, têm como característica principal ointeresse em estabelecer padrões éticos derelacionamento com funcionários, clientes,fornecedores, acionistas, a comunidade, opoder público e o meio ambiente. Idealizadopor empresários e executivos oriundos dosetor privado, o Instituto Ethos é um pólode organização de conhecimento, trocade experiências e desenvolvimento deferramentas que auxiliam as empresas aanalisar suas práticas de gestão e aprofundarseus compromissos com a responsabilidadesocial e o desenvolvimento sustentável.É hoje uma referência internacional noassunto e desenvolve projetos em parceriacom diversas entidades no mundo todo.

[email protected]+55 11 3616 7575

19 www.accountability21.netA norma AA1000 foi atualizadae relançada em 2008.

20 www.bancoreal.com.br/index_internas.htm?stUrl=/bancodepraticas/default.aspx

21 Count Me In: The readers’ take onsustainability reporting. KPMG eSustainAbility, 2008.

22 www.ford.com/aboutford/microsites/sustainability-report-2006-07/impactsmaterialitymatrix.htm

23 Apesar de não fazer parte dosTop 10, este exemplo destacou-seno processo de análise.

24 Extraído de Principles and practices forsuccessful stakeholder engagement,SustainAbility, 2007.

25 Apesar de não fazer parte dos Top 10,este exemplo destacou-se no processode análise.

26 www.justmeans.com27 http://mystarbucksidea.force.com/

ideahome28 www.sedex.co.uk29 Extraído da definição de accountability

na Wikipedia, outubro de 2008.

Notas

1 KPMG: International Survey ofCorporate Responsibility Reporting, 2008.

2 www.corporateregister.comconsultado em julho de 2008.

3 Dados sobre África do Sul e Índiafornecidos por CorporateRegister.com.Dados sobre China foram obtidosem Study of Sustainability Reporting inChina: A Journey to Discover Values,SynTao, 2007.

4 www.sustainability.com/globalreporters5 www.bovespa.com.br/Principal.asp6 www.iso.org/sr7 www.sustainability-indexes.com8 www.bovespa.com.br/principal.asp9 www.globalreporting.org/

reportingframework/g3guidelines/10 www.sustainability.com/roadtocredibility11 Os critérios foram: Identificação e

priorização de questões materiais;Valores, princípios e políticas;Responsabilidades e estrutura dagovernança; Processos de gestão;Engajamento das partes interessadas;Mensuração do desempenho emdesenvolvimento sustentável;Estabelecimento de metas; Verificaçãoe Padrões de relatórios.

Maiores informações sobre a metodologiade avaliação podem ser encontradas emwww.sustainability.com/globalreporters

12 A relação era de 25 relatórios, porém foiaumentada para 28 em função de váriosrelatórios terem tido a mesma pontuação.

13 As cinco subsidiárias são: Banco Real,Ampla e Coelce (ambas do Grupo Endesa),Energias do Brasil e Bunge.

14 Consta na seção sobre a Credibilidade dosrelatórios, nas páginas 19 e 20, um relatomais detalhado das opiniões gerais erecomendações do Conselho Consultivo.

15 Visto que Ampla e Coelce são controladaspela empresa de energia espanholaENDESA, o fato de seus relatórios seremsemelhantes não causa grande surpresa.

16 Esta questão volta a ser tratada na seçãode Credibilidade dos relatórios, naspáginas 19 e 20.

17 Reconhece-se que parte desta atividadepoderá perder a relevância no futuro à luzda mudança de controle da companhia.

18 The Role of the Board of Directors inCorporate Social Responsibility, ConferenceBoard of Canada, junho de 2008.

Apoio

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 29

Page 32: Relatorio Rumo a Credibilidade

Sabesp

SESIDepartamentoNacional

ShellBrasil

Tetra PakHolcimBrasil

Light

Banco Itaú

Natura

RhodiaEnergyServices

Diamante

Prata

SustainAbility20—22 Bedford RowLondon WC1R 4EBUnited KingdomT +44 (0)20 7269 6900F +44 (0)20 7269 6901www.sustainability.com

Criada em 1987, a SustainAbility é umaconsultoria estratégica de negócios e umcentro de pesquisa independente, queajuda seus clientes a gerenciarem riscose oportunidades associados àresponsabilidade corporativa e aodesenvolvimento sustentável, trazendosoluções aos desafios socioambientaisque agreguem valor no longo prazo.Com escritórios em Londres, Washington,Zurique e Nova York, a SustainAbilitytrabalha com empresas e através dosmercados na busca de um mundo justoe sustentável para as gerações presentese futuras. Para maiores informações,visite www.sustainability.com

Fundação Brasileira para oDesenvolvimento SustentávelRua Engenheiro Álvaro Niemeyer, 7622610–180 São ConradoRio de Janeiro RJBrazilT +55 21 3322 4520F +55 21 3322 5903www.fbds.org.br

A Fundação Brasileira para oDesenvolvimento Sustentável é umaentidade sem finalidade lucrativa,criada em 1992, que se diferencia pelasrelações que tem com a comunidadecientífica, agências internacionais defomento e empresas nacionais.Com projetos concentrados nas áreasde mudanças climáticas globais,conservação e uso sustentável derecursos naturais e sustentabilidadecorporativa, a FBDS vem cumprindosua missão de promover odesenvolvimento sustentável, usandotecnologia e ciência na formulaçãode projetos, nas discussões científicase na formação de recursos humanos.

United Nations EnvironmentProgramme, Division of Technology,Industry and Economics15 rue de Milan75441 Paris Cedex 09FranceT +33 (0)1 4437 1450F +44 (0)1 4437 1474www.unep.fr

A Divisão de Tecnologia, Indústriae Economia (DTIE) da UNEP auxiliagovernos, autoridades locais edecisores em empresas a desenvolvere implementar políticas e práticasfocadas no desenvolvimento sustentável.A divisão trabalha para promoverconsumo e produção sustentáveis, o usoeficiente de energia renovável, gestãoadequada de produtos químicos, e aintegração dos custos ambientais nodesenvolvimento de políticas.

Ouro

1215_SA_GR08_44p 2008.11.26 7:25 am Page 30

Patrocinadores