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SOCIOLOGIA Página 1 Sociologia MÓDULOS 07 E 08 ESTRATIFICAÇAO SOCIAL Estratificação é o termo utilizado para designar as desigual- dades dentro de uma sociedade geradas pela diferente distribuição de recursos, poder e prestígio que determinam diferentes formas comporta- mentais e organizacionais. O nível de estratificação depende do quanto é desigual a distribui- ção destes recursos, a dinâmica da mobilidade, a duração das divisões categóricas e o quanto são distintas suas formas comportamentais e organizacionais. Ex. Classes e Castas diferem quanto a estes quesitos. É fundamental perceber que a estratificação abrange diferen- tes categorias, onde as classes sociais representam apenas uma fração. A estratificação étnica, por exemplo, representa a desigualdade da distribuição de recursos poder e prestígio entre grupos de diferentes características com- portamentais, culturais e organizacionais. Ideologicamente um grupo étnico busca legitimar suas intenções sobre outros grupos através de preconceitos (crenças a respeito de membros de um grupo étnico identificado segundo suas qualidades indesejáveis – Allport, 1954, 1979) e discriminações (tratamento diferencial dos outros por causa de sua etnia, em particular pela negação à igualdade de acesso aos recursos de valor – Turner, 1999). Freqüentemente o uso do conceito de raça (diferenças biológicas) é usado para reforçar a discriminação e como justificativa para as diferenças étnicas. É bom lembrar que o novo discurso científico, baseado em recentes pesquisas do projeto genoma, nega que entre os seres humanos haja raças diferentes. Nesta perspectiva, a última raça humana competidora do Homo Sapiens foi a do Homem de Neandhertal. Outra forma de estratificação é a de gênero que atribui a homens e mulheres papéis diferentes ligados seus respectivos status. As Desigualdades Sociais Para Hobbes ( The Elements e De Cive ) “todo homem por natureza tem direito a todas as coisas, ou seja, a fazer o que lhe apraz a quem lhe apraz, a possuir, usar e usufruir todas as coisas que queira e possa”. Durante um certo tempo, remoto na antiguidade, viveram os homens fora da sociedade e em estado de guerra contínua de uns contra os outros. Era a guerra de todos contra todos. Evidente que por pressuposto esse instinto egoísta do ser humano leva ao conflito pela propriedade na base da lei do mais forte. Já a teoria de Locke sobre a propriedade, “converte-se numa ortodoxia intelectual e política no século XVIII. O objetivo do filósofo inglês é mostrar de que modo, no estado natural, os indivíduos transformaram a propriedade coletiva em propriedade individual, sendo esta, a seu ver, uma instituição natural e não convencional.”(Cherkaqui, 1995). A propriedade não se referia apenas a bens materiais mas ao próprio indivíduo. Assim aquele que não possuía um bem, possui a si mesmo para negociar. Mas este despossuído material não era apto para pactuar politica- mente. A igualdade civil ( de todos perante a lei ) não significava igualdade material ou política. Fator aliás que perverte a própria igualdade civil. Rousseau se aproxima de Hobbes ao buscar uma ética social no estado de natureza, mas se afasta ao entender o homem como criatura benigna em sua origem. “No livro O contrato Social, Rousseau afirmava que a condição social do homem leva a situação de desigualdade, a qual não pode ser explicada por fatores naturais. Admitia a existência de diferenças naturais entre os homens, mas dizia que elas não são responsáveis pelas diferenças sociais. A novidade de sua reflexão estava no fato de conceber a desigualdade como um fenômeno social, ou seja, algo gerado pela própria sociedade”. ( Nelson Dácio Tomazi. Iniciação à Sociologia, Ed. Atual ) Todas estas teorias desembocaram no Liberalismo do século XVIII e em sua defesa do direito de propriedade, liberdade de comércio e igualdade perante a lei. Tais idéias caíram como uma luva para a burguesia industrial capitalista emergente. A capacidade passou a ser avaliada a partir do acumulo de capitais e as diferenças de oportunidade foram negligenciadas. O indivíduo capaz e competente fazia suas próprias oportunidades. A pobreza passou a ser sinônimo de incompetência. Aos “incompetentes” foi negado o direito ao voto. Restava-lhes a liberdade para venderem sua força de trabalho e continuarem na pobreza. O liberalismo da Escola de Manchester, também denominado vicioso, entendia que por serem livres para os vínculos de trabalho, aos pobres não deveria ser dado o direito de greve. As teorias populacionais de Malthus, tranquilizavam as mentes atormentadas ( se é que existiam ) da burguesia afirmando que não adiantava pagar salários elevados aos pobres, pois a continuar com as elevadas taxas de natalidade aumentariam a oferta de mão-obra, fazendo seus salários caírem. Ou seja, a culpa da pobreza era do próprio miserável. O discurso religioso, em particular dos protestantes de origem calvi- nista, atestava que a riqueza era um sinal das graças de Deus. O apelo à frugalidade dos ricos permitia que mais dinheiro fosse revertido a acumulação de capital, segundo a ótica de Weber. A mudança de profissão era vista como a busca de uma vocação designada por Deus e os que não se adequavam eram os fracassados pela lei dos homens e os desgraçados pelos desígnios de Deus. No século XIX as teorias Marxistas em revista estas formas ideológicas para criar uma nova análise das desigualdades sociais de forma mais crítica e histórica. Apesar dos equívocos de Marx, sua contribuição para as análises sociais não podem ser ignoradas. Karl Marx Seu principal critério para a definição da estratificação é a fonte do rendimento e não o rendimento em si. Essa fonte pode ser o salário (defini- dora da classe dos trabalhadores assalariados), o lucro (definidora da classe dos capitalistas) e a renda fundiária (definidora da classe dos proprietários fundiários). Assim sua definição segue um critério qualitativo que distingue as classes entre si, mas justifica suas respectivas posições a partir da inter- -relação entre elas. Aqueles que controlam os meios de produção em uma sociedade são capazes de controlar o centro de poder, os símbolos culturais, as atividades de trabalho e os estilos de vida dos outros. Há uma tensão em todas as so- ciedades entre proprietários e não proprietários pois aqueles que possuem ou controlam os meios de produção tem poder, sendo capazes de manipular os símbolos culturais, através da criação de ideologias que justifiquem seu poder e privilégios enquanto negam as reivindicações dos outros de propriedade e poder. E, se necessário for, eles podem fisicamente coagir e reprimir aqueles que desafiam seu controle. Essa “luta de classes” criaria as condições para uma revolução por parte da classe trabalhadora. Aqueles que possuíssem os meios de produção estariam plantando o germe de sua própria destruição, ao criar as condições que possibilitassem aos menos privilegiados, tornarem-se conscientes de seus próprios interesses na redistribuição da propriedade e poder e, em segundo lugar, tornarem-se politicamente aptos para mudar o sistema. Por exemplo, os burgueses eram motivados pela competição para concentrar o trabalho nas cidades e fábricas, tornando os trabalhadores apêndices alienados das máquinas, rompendo suas rotinas e vidas através de demissões, e os forçando a viver na sujeira, mantendo os salários mais Sociologia Específica

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Page 1: SOCIOLOGIA MOD 07 E 08 2016 Sid - alfatoledo.com.br · Karl Marx Seu principal critério para a definição da estratificação é a fonte do rendimento e não o rendimento em si

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Página 1Sociologia

MÓDULOS 07 E 08

ESTRATIFICAÇAO SOCIALEstratificação é o termo utilizado para designar as desigual-

dades dentro de uma sociedade geradas pela diferente distribuição de recursos, poder e prestígio que determinam diferentes formas comporta-mentais e organizacionais.

O nível de estratificação depende do quanto é desigual a distribui-ção destes recursos, a dinâmica da mobilidade, a duração das divisões categóricas e o quanto são distintas suas formas comportamentais e organizacionais. Ex. Classes e Castas diferem quanto a estes quesitos.

É fundamental perceber que a estratificação abrange diferen-tes categorias, onde as classes sociais representam apenas uma fração. A estratificação étnica, por exemplo, representa a desigualdade da distribuição de recursos poder e prestígio entre grupos de diferentes características com-portamentais, culturais e organizacionais. Ideologicamente um grupo étnico busca legitimar suas intenções sobre outros grupos através de preconceitos (crenças a respeito de membros de um grupo étnico identificado segundo suas qualidades indesejáveis – Allport, 1954, 1979) e discriminações (tratamento diferencial dos outros por causa de sua etnia, em particular pela negação à igualdade de acesso aos recursos de valor – Turner, 1999).

Freqüentemente o uso do conceito de raça (diferenças biológicas) é usado para reforçar a discriminação e como justificativa para as diferenças étnicas. É bom lembrar que o novo discurso científico, baseado em recentes pesquisas do projeto genoma, nega que entre os seres humanos haja raças diferentes. Nesta perspectiva, a última raça humana competidora do Homo Sapiens foi a do Homem de Neandhertal.

Outra forma de estratificação é a de gênero que atribui a homens e mulheres papéis diferentes ligados seus respectivos status.

As Desigualdades Sociais

Para Hobbes ( The Elements e De Cive ) “todo homem por natureza tem direito a todas as coisas, ou seja, a fazer o que lhe apraz a quem lhe apraz, a possuir, usar e usufruir todas as coisas que queira e possa”. Durante um certo tempo, remoto na antiguidade, viveram os homens fora da sociedade e em estado de guerra contínua de uns contra os outros. Era a guerra de todos contra todos. Evidente que por pressuposto esse instinto egoísta do ser humano leva ao conflito pela propriedade na base da lei do mais forte.

Já a teoria de Locke sobre a propriedade, “converte-se numa ortodoxia intelectual e política no século XVIII. O objetivo do filósofo inglês é mostrar de que modo, no estado natural, os indivíduos transformaram a propriedade coletiva em propriedade individual, sendo esta, a seu ver, uma instituição natural e não convencional.”(Cherkaqui, 1995).

A propriedade não se referia apenas a bens materiais mas ao próprio indivíduo. Assim aquele que não possuía um bem, possui a si mesmo para negociar. Mas este despossuído material não era apto para pactuar politica-mente. A igualdade civil ( de todos perante a lei ) não significava igualdade material ou política. Fator aliás que perverte a própria igualdade civil.

Rousseau se aproxima de Hobbes ao buscar uma ética social no estado de natureza, mas se afasta ao entender o homem como criatura benigna em sua origem.

“No livro O contrato Social, Rousseau afirmava que a condição social do homem leva a situação de desigualdade, a qual não pode ser explicada por fatores naturais. Admitia a existência de diferenças naturais entre os homens, mas dizia que elas não são responsáveis pelas diferenças sociais.

A novidade de sua reflexão estava no fato de conceber a desigualdade como um fenômeno social, ou seja, algo gerado pela própria sociedade”. ( Nelson Dácio Tomazi. Iniciação à Sociologia, Ed. Atual )

Todas estas teorias desembocaram no Liberalismo do século XVIII e em sua defesa do direito de propriedade, liberdade de comércio e igualdade perante a lei. Tais idéias caíram como uma luva para a burguesia industrial capitalista emergente. A capacidade passou a ser avaliada a partir do acumulo de capitais e as diferenças de oportunidade foram negligenciadas. O indivíduo capaz e competente fazia suas próprias oportunidades. A pobreza passou a ser sinônimo de incompetência. Aos “incompetentes” foi negado o direito ao voto. Restava-lhes a liberdade para venderem sua força de trabalho e continuarem na pobreza. O liberalismo da Escola de Manchester, também denominado vicioso, entendia que por serem livres para os vínculos de trabalho, aos pobres não deveria ser dado o direito de greve. As teorias populacionais de Malthus, tranquilizavam as mentes atormentadas ( se é que existiam ) da burguesia afirmando que não adiantava pagar salários elevados aos pobres, pois a continuar com as elevadas taxas de natalidade aumentariam a oferta de mão-obra, fazendo seus salários caírem. Ou seja, a culpa da pobreza era do próprio miserável.

O discurso religioso, em particular dos protestantes de origem calvi-nista, atestava que a riqueza era um sinal das graças de Deus. O apelo à frugalidade dos ricos permitia que mais dinheiro fosse revertido a acumulação de capital, segundo a ótica de Weber. A mudança de profissão era vista como a busca de uma vocação designada por Deus e os que não se adequavam eram os fracassados pela lei dos homens e os desgraçados pelos desígnios de Deus.

No século XIX as teorias Marxistas em revista estas formas ideológicas para criar uma nova análise das desigualdades sociais de forma mais crítica e histórica. Apesar dos equívocos de Marx, sua contribuição para as análises sociais não podem ser ignoradas.

Karl Marx

Seu principal critério para a definição da estratificação é a fonte do rendimento e não o rendimento em si. Essa fonte pode ser o salário (defini-dora da classe dos trabalhadores assalariados), o lucro (definidora da classe dos capitalistas) e a renda fundiária (definidora da classe dos proprietários fundiários). Assim sua definição segue um critério qualitativo que distingue as classes entre si, mas justifica suas respectivas posições a partir da inter--relação entre elas.

Aqueles que controlam os meios de produção em uma sociedade são capazes de controlar o centro de poder, os símbolos culturais, as atividades de trabalho e os estilos de vida dos outros. Há uma tensão em todas as so-ciedades entre proprietários e não proprietários pois aqueles que possuem ou controlam os meios de produção tem poder, sendo capazes de manipular os símbolos culturais, através da criação de ideologias que justifiquem seu poder e privilégios enquanto negam as reivindicações dos outros de propriedade e poder. E, se necessário for, eles podem fisicamente coagir e reprimir aqueles que desafiam seu controle. Essa “luta de classes” criaria as condições para uma revolução por parte da classe trabalhadora. Aqueles que possuíssem os meios de produção estariam plantando o germe de sua própria destruição, ao criar as condições que possibilitassem aos menos privilegiados, tornarem-se conscientes de seus próprios interesses na redistribuição da propriedade e poder e, em segundo lugar, tornarem-se politicamente aptos para mudar o sistema. Por exemplo, os burgueses eram motivados pela competição para concentrar o trabalho nas cidades e fábricas, tornando os trabalhadores apêndices alienados das máquinas, rompendo suas rotinas e vidas através de demissões, e os forçando a viver na sujeira, mantendo os salários mais

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baixos. Nestas condições a classe trabalhadora poderia se conscientizar das injustiças, se organizar e tomar o poder dos capitalistas, redistribuir os recursos e alterar a natureza do sistema de classes. ( Parágrafo adaptado de Jonatham H. Turner: Sodiologia, Conceitos e Aplicações; Makron books, São Pulo, 1999.)

Max Weber

Max Weber pretende ser uma crítica e ao mesmo tempo um aperfeiçoamento da teoria Marxista. Para tanto distingue três dimensões para explicar a estratificação social: uma dimensão econômica, outra de Status e finalmente a dimensão política, cada uma com sua hierarquia própria.

A classe remete para a dimensão econômica. Define-se como um conjunto de indivíduos com interesses econômicos comuns relativos à posse de bens e às oportunidades de obter rendimentos nas condições propostas pelo mercado de bens e pelo mercado de trabalho. A dimensão de Status, diz respeito à honra social ou o prestígio. Os grupos de Status são categorias sociais e relações entre aqueles que partilham símbolos culturais semelhantes, gostos, perspectivas e estilo de vida. Os indivíduos de cada agrupo de status mantêm relações sociais mais freqüentes entre si do que com os outros grupos de status. Cada grupo procura sublinhar a sua identidade, diferenciar-se dos outros, escavar o fosso que o separa do inferior e aproximar-se assim, do superior. Pelo consumo suntuário ostentatório, por certas práticas culturais ou desportivas que exigem muito dinheiro e uma longa educação, etc.

A terceira dimensão da estratificação é o político, concretizado nos grupos políticos e partidos. Esta ordem depende da existência de burocracias, tendo à frente uma direção. A posição de um indivíduo nessa hierarquia é em função da influencia que possa exercer numa ação comum. É importante destacar a autonomia dessa dimensão percebendo que a detenção do poder não depende necessariamente de posições elevadas nas duas outras hie-rarquias. A organização dos partidos depende da maneira como a sociedade está estratificada de acordo com o status e as classes.

Os conflitos na perspectiva Weberiana não podem ser analisados em argumentações de natureza geral como as lutas de classes da Teoria Marxista. Pode haver conflitos dentro e entre diferentes classes, partidos e grupos de Status, mas, quando surgem grandes conflitos em toda a sociedade, eles são o resultado de uma alta correlação entre indivíduos que são elites na dimensão de classe, status e partido; quando a discrepância entre os níveis mais altos e baixos da hierarquia social é muito relevante; ou quando há baixas oportunidades de mobilidade ascendente nessas três dimensões.

Dentro desta perspectiva, o desenvolvimento tecnológico e as altera-ções no mundo do trabalho, que resultam em uma redefinição das profissões, nas atividades e no próprio emprego (onde a perda ou aquisição de poder, prestigio e dinheiro estão em jogo ), podem levar à luta de classes. Desse modo as lutas de classes cortam em sentidos diversos a sociedade; não ocorrem apenas entre classes diferentes. Um dos fatores determinantes da luta de classes para weber é a determinação do preço do trabalho que pode levar a conflitos dentro de uma mesma classe e não apenas entre classes diferentes.

Quando estas três condições vigoram, pode surgir um líder carismá-tico para articular uma ideologia revolucionária e mobilizar os oprimidos para o conflito visando a distribuição do poder, da propriedade e do prestígio.

EXERCÍCIOS01. (Unioeste 2016) “I. Burgueses e proletários. A história

de todas as sociedades até hoje existente é a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de corporação e companheiro, em resumo, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou

sempre ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das classes em conflito” (MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 40).

Assinale a alternativa CORRETA: para Karl Marx (1818-1883) como se originam as classes sociais?

a) As classes sociais se originam da divisão entre governantes e governados.

b) As classes sociais se originam da divisão entre os sexos.

c) As classes sociais se originam da divisão entre as gerações.

d) As classes sociais se originam da divisão do trabalho.

e) As classes sociais se originam da divisão das riquezas.

02. (Upe 2015) Observe a figura a seguir:

A sociedade se organiza em camadas ou estratos. Estes permitem que os membros do grupo tenham desiguais oportunidades sociais e recompensas. A figura apresenta uma maneira de organização dos grupos por camadas ou estratos.

Sobre esta, é CORRETO afirmar que

a) a sociedade brasileira se organiza segundo esses critérios com a ressalva de que as oportunidades sociais e recompensas são igualitárias.

b) os indivíduos que formam o grupo da figura pertencem às castas sociais, pois há uma rígida organização das posições das pessoas pelo nascimento.

c) a divisão social é uma forma de estamento, pois é regulada por normas, de modo que a vida particular, com condições irracionais de consumo, impede a formação livre do mercado.

d) a figura apresenta uma estrutura social formada por classes em que a classe média é composta pelas pessoas que estão na base da organização e estão sustentando os demais indivíduos do grupo.

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e) há uma desigualdade social provocada pela maneira desigual de distribuição das riquezas circulantes no grupo social, no qual aqueles que estão mais acima são sustentados pelos que estão na base do grupo.

03. (Upe 2015) Observe a charge a seguir:

Mediante o processo de socialização, as pessoas ocupam várias posições no grupo social a que pertencem. As relações sociais estabelecidas por essas posições remetem ao prestígio social.

Nesse sentido, na imagem, as posições de prestígio social

a) são um processo universal que leva em consideração a igualdade racial e econômica entre as pessoas dentro e fora do elevador.

b) são observadas entre as pessoas que estão no elevador do shopping, pois pertencem ao status atribuído pelo trabalho.

c) das pessoas fora do elevador são sociologicamente ignoradas, pois elas estão num status inferior ao dos sujeitos no elevador.

d) demonstram a desigualdade existente entre os grupos que vivem numa mesma sociedade, refletindo a igualdade da organização hierárquica dos indivíduos.

e) são marcadas pelo poder de consumo dos dois grupos estratificados na charge, mostrando a que tipo de produto as pessoas com status mais elevado conseguem ter acesso diante do prestígio que têm.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o texto para responder à(s) questão(ões).

A metamorfose

Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transfor-mado num ser humano. Começou a mexer suas patas e viu que só tinha quatro, que eram grandes e pesadas e de articulação difícil. Não tinha mais antenas. Quis emitir um som de surpre-sa e sem querer deu um grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ela quis segui-las, mas não coube atrás do móvel. O seu segundo pensamento foi: “Que horror… Preciso acabar com essas baratas…”

Pensar, para a ex-barata, era uma novidade. Antigamente ela seguia seu instinto. Agora precisava raciocinar. Fez uma espécie de manto com a cortina da sala para cobrir sua nudez. Saiu pela casa e encontrou um armário num quarto, e, nele, roupa de baixo e um vestido. Olhou-se no espelho e achou-se bonita para uma ex-barata. Maquiou-se. Todas as baratas são iguais, mas as mulheres precisam realçar sua personalidade. Adotou um nome: Vandirene. Mais tarde descobriu que só um nome não bastava. A que classe pertencia? … Tinha educação? … Referências?... Conseguiu a muito custo um emprego como faxineira. Sua experiência de barata lhe dava acesso a sujeiras mal suspeitadas. Era uma boa faxineira.

Difícil era ser gente... Precisava comprar comida e o dinheiro não chegava. As baratas se acasalam num roçar de antenas, mas os seres humanos não. Conhecem-se, namoram, brigam, fazem as pazes, resolvem se casar, hesitam. Será que o dinheiro vai dar? Conseguir casa, móveis, eletrodomésticos, roupa de cama, mesa e banho. Vandirene casou-se, teve filhos. Lutou muito, coitada. Filas no Instituto Nacional de Previdência Social. Pouco leite. O marido desempregado… Finalmente acertou na loteria. Quase quatro milhões! Entre as baratas ter ou não ter quatro milhões não faz diferença. Mas Vandirene mudou. Empregou o dinheiro. Mudou de bairro. Comprou casa. Passou a vestir bem, a comer bem, a cuidar onde põe o pro-nome. Subiu de classe. Contratou babás e entrou na Pontifícia Universidade Católica.

Vandirene acordou um dia e viu que tinha se transforma-do em barata. Seu penúltimo pensamento humano foi: “Meu Deus!… A casa foi dedetizada há dois dias! …”. Seu último pen-samento humano foi para seu dinheiro rendendo na financeira e que o safado do marido, seu herdeiro legal, o usaria. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel. Não pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco minutos depois, mas foram os cinco minutos mais felizes de sua vida.

(Luis Fernando Veríssimo)

(http://espirall-ltda.blogspot.com.br/2011/05/fome-depende-do-desperdicio.html. Acesso em 23/09/2014)

04. (Uepa 2015) Observe a charge a seguir para responder à questão.

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A partir da análise da charge e das informações contidas no texto, conclui-se que:

a) ambos revelam os valores individuais, construídos a partir das relações sociais especificamente brasileiras.

b) apenas o texto enfatiza a estruturação em classes sociais, a partir das relações financeiras constituídas entre os membros da sociedade no Brasil.

c) somente a charge denuncia a relação de conflito e contradição existente entre as classes sociais.

d) a charge desconstrói a ideia de como se estrutura a base financeira brasileira e o que esse fato acarreta.

e) ambos remetem às relações de produção no Brasil e às consequências dessas relações.

05. (Enem PPL 2014) Sempre teceremos panos de seda E nem por isso vestiremos melhor Seremos sempre pobres e nuas E teremos sempre fome e sede Nunca seremos capazes de ganhar tanto Que possamos ter melhor comida.

CHRÉTIEN DE TROYES. Yvain ou le Chevalier au lion (1177-1181). Apud MACEDO, J. R. A mulher na Idade Média. São Paulo:

Contexto, 1992 (adaptado).

O tema do trabalho feminino vem sendo abordado pelos estudos históricos mais recentes. Algumas fontes são importantes para essa abordagem, tal como o poema apresentado, que alude à

a) i nse rção das mu lhe res em a t i v i dades tradicionalmente masculinas.

b) ambição das mulheres em ocupar lugar preponderante na sociedade.

c) possibilidade de mobilidade social das mulheres na indústria têxtil medieval.

d) exploração das mulheres nas manufaturas têxteis no mundo urbano medieval.

e) servidão feminina como tipo de mão de obra vigente nas tecelagens europeias.

06. (Unimontes 2013) Para o sociólogo alemão Max Weber

(1864-1920), a concepção de classe combina, na sua análise mais geral, a ação social do indivíduo no mercado e a sua posição nesse mercado. A ação econômica é definida como uma conduta humana que procura adquirir, por meios pacíficos, o controle de bens e serviços. A ação econômica competitiva, tendo em vista a obtenção de lucro, ocorre no mercado. Portanto, as classes surgem após se ter constituído esse mercado.

Com base no texto e nas proposições desse autor, analise as afirmativas a seguir.

I. As relações econômicas libertam-se dos laços e obrigações inerentes a uma estrutura comunitária local quando, no mercado, indivíduos desempenham ações competitivas em busca do lucro.

II. Aqueles que se encontram em situações econômicas semelhantes, perante o mercado, formam um

agregado de indivíduos que partilham da mesma situação de classe.

III. Aqueles que possuem propriedade são classificados conforme o que possuem e a maneira como utilizam a sua propriedade para fins econômicos, como, por exemplo, os fazendeiros ou os banqueiros.

IV. Mesmo com grande variedade de interesses de classes, a possibilidade de ocorrência de conflitos de classes é inexistente, pois a consciência de classe é objetivamente orientada pelo mercado.

Estão CORRETAS as afirmativas

a) I, II e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas.

07. (Uem 2015) Sobre o tema das desigualdades sociais, assinale o que for correto.

01) O problema das desigualdades sociais é recente e está relacionado com as atuais políticas de distribuição de renda que impedem as pessoas de trabalharem.

02) O conceito de desigualdade social indica a existência de diferenças e desvantagens entre as pessoas.

04) Marx utilizou o conceito de luta de classes para se referir às desigualdades existentes entre burgueses e proletários.

08) As desigualdades raciais foram superadas no Brasil por causa da profunda miscigenação ocorrida nas últimas décadas.

16) Concentração de renda, falta de qualidade nos serviços públicos, discriminação, violência são fenômenos fortemente relacionados às desigualdades sociais.

08. (Uem 2014) A noção de “classe social” tornou-se uma

ferramenta conceitual importante para o desenvolvimento das Ciências Sociais na medida em que permitiu a descrição e a análise de diferentes relações sociais nas sociedades modernas. Considerando as variadas perspectivas sociológicas sobre as “classes sociais”, assinale o que for correto.

01) O termo “classe social” é equivalente ao termo “classe de consumo”, pois a Sociologia entende que a posição social das pessoas deve ser explicada pela sua capacidade de comprar ou de consumir bens.

02) A ideia de “classes sociais” refere-se a uma forma de classificar e de descrever as relações sociais, pois remete às diferentes posições ou estratificações sociais que os indivíduos e os grupos ocupam em uma sociedade.

04) O conceito de “classes sociais” não sugere apenas a existência de diferenças ou de variações individuais entre as pessoas, mas principalmente a produção de desigualdades entre as posições sociais que elas ocupam.

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08) O termo “luta de classes” está l igado ao reconhecimento de desigualdades e de hierarquias na formação e na organização das sociedades que podem levar a conflitos e a disputas entre os distintos grupos que as compõem.

16) Quando o conceito de “classe social” é utilizado para descrever um grupo de indivíduos, o seu uso indica que essas pessoas possuem algumas características em comum que podem identificá-las enquanto parte de um grupo social.

09. (Uem 2013) No dia 23 de julho de 2007, no Rio de

Janeiro, cinco jovens de classe média atacaram a socos e pontapés uma empregada doméstica que esperava o ônibus para ir trabalhar. Em abril de 1997, em Brasília, cinco jovens de famílias ricas atearam fogo ao índio pataxó Galdino Jesus dos Santos. Considerando esses dois casos de extrema violência, assinale o que for correto sobre o tema das classes sociais no Brasil.

01) As agressões praticadas por esses jovens de classe média mostram que, em algumas situações, há uma relação entre discriminação de classe e de raça.

02) As classes médias constituem um setor muito numeroso que fica entre a burguesia e o proletariado, oscilando na defesa dos interesses de um grupo ou de outro.

04) Os atos acima descritos indicam que a luta de classes pode se apresentar como um fenômeno que envolve, de forma ampla, diversos setores da sociedade, independentemente das relações que possam estabelecer no mundo do trabalho.

08) Os dois casos são exemplos de que as contradições que as classes sociais mantêm entre si forjam e estruturam a própria sociedade.

16) As agressões listadas podem ser sociologicamente explicadas como distúrbios psicológicos bastante comuns à parcela da juventude brasileira que integra as classes médias.

10. (Uem 2013) Considerando seus conhecimentos sobre

as dinâmicas sociais dos espaços urbanos, assinale o que for correto.

01) Os processos de segregação nas cidades propiciam o isolamento entre as populações de alto e de baixo poder aquisitivo, não somente no ato de morar, mas também em todas as esferas da convivência urbana.

02) A proliferação de condomínios horizontais fechados, em médias e em grandes cidades brasileiras, decorre, em grande parte, de interesses privados do mercado imobiliário.

04) A maior parte das grandes cidades brasileiras é constituída por uma população homogênea, empregada em atividades ligadas ao setor agroexportador e beneficiada por uma distribuição relativamente igualitária de serviços de saúde, de educação e de lazer urbanos.

08) Além de suas características estruturais, as cidades podem ser compreendidas por meio da sua vida mental, ou seja, pelos processos de intensificação

de estímulos característicos de um ritmo acelerado de produção, como explicou o sociólogo alemão Georg Simmel.

16) O automóvel foi uma inovação tecnológica que contribuiu para a transformação do espaço urbano no início do século XX, impulsionando a abertura de avenidas amplas e afetando profundamente mobilidade nas cidades. Contudo, um século mais tarde, esse modelo de tráfego urbano baseado no transporte privado mostra sinais de esgotamento.

Gabarito: Resposta da questão 1: [D]

Para Marx, as classes sociais se originam na divisão do trabalho. Na sociedade capitalista, a divisão está entre prole-tários (que vendem a sua mão de obra) e burgueses (donos de empresas e fábricas, que lucram com o trabalho dos proletários).

Resposta da questão 2: [E]

[A] INCORRETA. As oportunidades sociais e recompensas não são igualitárias no Brasil.

[B] INCORRETA. As posições sociais no Brasil não são tão rígidas como no sistema de castas.

[C] INCORRETA. Estamentos não são formas de estratificação sociais referentes ao capitalismo contemporâneo.

[D] INCORRETA. A base da organização não é composta pela classe média, e sim pela classe baixa.

[E] CORRETA. No modelo da figura, são as classes mais baixas que sustentam as mais altas. Ainda que haja possibilidade de mobilidade social, esta é de certa forma, restrita.

Resposta da questão 3: [E]

A alternativa [E] é a única correta. A estratificação social vinculada ao prestígio tem, na charge, o poder de consumo como critério para diferenciação social. A metáfora do elevador em um shopping center faz referência justamente a essa dife-renciação, que se evidencia no momento em que o elevador sobe e distancia esses estratos sociais.

Resposta da questão 4: [E]

Por estilos diferentes, ambos (a charge e o texto) apre-sentam uma crônica da sociedade de classes brasileira. Pela abordagem marxista, as classes sociais são resultado das relações de produção, portanto podemos considerar que a alternativa [E] está correta.

Resposta da questão 5: [D]

O texto faz referência à situação de exploração da mu-lher, que já era presente no contexto europeu medieval. Sendo assim, a alternativa que melhor descreve essa situação é a [D].

Page 6: SOCIOLOGIA MOD 07 E 08 2016 Sid - alfatoledo.com.br · Karl Marx Seu principal critério para a definição da estratificação é a fonte do rendimento e não o rendimento em si

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Resposta da questão 6: [B]

Somente a afirmativa [IV] está incorreta. Weber não des-considera a possibilidade de conflitos de classes. Além disso, a noção de consciência de classe está mais relacionada à teoria marxista do que weberiana.

Resposta da questão 7: 02 + 04 + 16 = 22.

As afirmativas [01] e [08] estão claramente incorretas. As desigualdades raciais não foram superadas no Brasil. Também não podemos considerar as desigualdades como resultado de políticas de distribuição de renda. Pelo contrário, essas políticas têm como objetivo diminuir, e não aumentar essas desigualda-des existentes há séculos.

Resposta da questão 8: 02 + 04 + 08 + 16 = 30.

Somente a primeira afirmativa está incorreta. Classe so-cial, para a sociologia, não pode ser reduzida à noção de classe de consumo. Ela é mais complexa, levando em consideração a posição dos indivíduos no processo produtivos e suas relações sociais mais amplas.

Resposta da questão 9: 01 + 02 + 04 + 08 = 15.

Somente a alternativa [16] está incorreta. A sociologia não se utiliza de explicações psicológicas para compreender os seus fenômenos.

Resposta da questão 10: 01 + 02 + 08 + 16 = 27

A proposição [04] é a única incorreta. Isso porque as gran-des cidades brasileiras sofrem exatamente o inverso do que foi afirmado: elas apresentam um cenário de profundas desigual-dades sociais e isolamento social, principalmente em relação à população mais pobre, tal como é afirmado na afirmativa [01].