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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião D. Manuel Linda22 - Semana de... Lígia Silveira25 - Dossier Assembleia Plenária da Conferência EpiscopalPortuguesa

54 - Multimédia56 - Estante58 - Concílio Vaticano II60- Agenda62 - Por estes dias64 - Programação Religiosa65 - Minuto Positivo66 - Liturgia68 - Jubileu da Misericórdia70 - DNPJ72 - Fundação AIS74 - LusoFonias

Foto da capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Associativismoprofissionalcatólico [ver+]

Vida e migrantesno diálogo daIgreja com Trump[ver+]

Assembleiaplenária daConferênciaEpiscopal[ver+]

D. Manuel Linda | Paulo RochaLígia Silveira |Fernando CassolaMarques | Manuel BarbosaPaulo Aido | Tony Neves

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Sociedade pendular

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

A surpreendente eleição do presidente doEstados Unidos da América lançou um semnúmero de interrogações em conversas decircunstância e no debate público. Entre osvencedores e os vencidos contam-se não só osdois protagonistas, Hillary e Trump, mas tambématuais e anteriores líderes políticos, do país efora dele, meios de comunicação social, redessociais, extremismos de esquerda ou de direita.O inesperado remete para olhares mais distantessobre o decurso da história, sobre tendênciassociais em que todos participamos, mesmo semdarmos conta, e que estão muito para lá deepisódios construídos em torno de milhões de‘gostos’ ou dos resultados de qualquer pesquisanum motor de busca. Mas sem sucesso! Porqueo futuro está a construir-se e vai continuar adefinir-se a partir da popularidade de uma fraseou de uma imagem que se partilha e está naorigem de bolas de neve comportamentais quepermanecem por decifrar; o amanhã dependetambém mais da popularidade do que outrosdizem do que da reflexão individual a propósitodo que quero e do que convém. E, de facto,basta fazer uma pesquisa sobre qualquerassunto, relativo ao quotidiano ou ao futuro dahumanidade que as pistas emergem emcatadupa! E determinam decisões, orientações,votos!As decisões surpreendentes que resultam dovoto popular mostram que em causa não estãofenómenos do acaso, resultantes demobilizações de ocasião ou de convocatóriasmediadas pelas redes virtuais, mas tendênciassociais.

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O que acontece não se assemelhaa ondas de circunstância, masvagas de fundo cujos efeitospermanecem por descobrir.Considerações que pouco beliscamo populismo que determinou aescolha do presidente dos EUA equem votou ou pode vir a votar numlíder ou em movimentos partidáriossemelhantes. Atuam emdemocracias adormecidas, que têmna abstenção o ambiente ideal parao surgimento de “iluminados” depromessas baratas…Mais do que uma surpresa, osresultados surpreendentes querefletem o exercício da cidadaniasão expressão de mobilizaçõesprofundas, invisíveis, construídasem torno de um turbilhão de ideias,geridas com indiferença porlideranças populistas. Por essemotivo, o que se segue à eleiçãonorte-americana gera inquietação:trata-se de uma onda provocadapor vagas profundas, de alcancedesconhecido. Estas, as vagasprofundas, permanecem poucofaladas, mas são as queimpulsionam a história, emmovimento pendulares, de umextremo para o seu oposto, que têmuma consequência natural: geramsociedades pendulares. Restasaber para que extremocaminhamos…

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Donald Trump foi eleito o 45.º presidente dos Estados Unidos da

América esta terça-feira

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“Ela [Hillary Clinton] lutou muito, trabalhou muito aolongo de muitos anos e temos uma grande dívidapara com ela e para com o serviço que prestou aonosso país. […] Prometo a todos os cidadãosdeste país que serei o Presidente de todos osnorte-americanos e isso é muito importante paramim.” Do discurso de vitória de Donald Trump, 45.ºpresidente dos EUA. “Que o Senhor o ilumine e o ampare ao serviço dasua pátria naturalmente, mas também ao serviçodo bem-estar e da paz no mundo.”, Secretário deEstado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, sobreDonald Trump “Defenderemos políticas que ofereçamoportunidades a todas as pessoas, de todas ascrenças, em todas as esferas da vida. Estamosfirmes na nossa determinação de que os nossosirmãos e irmãs que são migrantes e refugiadospossam ser acolhidos humanamente sem sacrificara nossa segurança”, comunicado da Conferênciados Bispos Católicos dos Estados Unidos daAmérica “Quero que lembrem Portugal como um paísdinâmico, progressista e aberto aos negócios. Acapital mundial do empreendedorismo.” Primeiro-ministro português, António Costa, nas boas-vindas aos 53 mil participantes do Web Summit. “Eu desde o primeiro dia que tentei entregar-me àsautoridade e não me permitiram […] Tudocomeçou com um mal-entendido.” Pedro Dias,suspeito de ter morto um militar da GNR, um civil ebaleado duas pessoas, em Aguiar da Beira, depoisde quatro semanas em fuga.

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Lisboa: «Associativismo profissionalcatólico tem pernas para andar»

O cardeal-patriarca de Lisboaafirmou a partir das propostasapresentadas hoje no Congressodas Associações de ProfissionaisCatólicos que “certamente para oano há mais” porque “a articulaçãoprofissional, a afirmação operativado Evangelho” tem de continuar.D. Manuel Clemente assinalou que

o congresso das Associações deProfissionais Católicos “tinha deacontecer” e concluiu do dia detrabalho que “não vai ficar assim”,uma vez que foi o primeiro e,“certamente para o ano há mais”.“Esta nossa articulação profissional,afirmação operativa do Evangelhotem de ir por diante”, observou o

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prelado que não fez conclusões,mas apresentou duas ou trêsacentuações e explicou que a“definição” das associaçõesprofissionais católicas é uma“expansão” do que ser cristãos, porisso, pediu que façam “jus ao nome”que foi dado por Jesus.“O mais operativo, é de fermento namassa. Realiza-se nas profissões,fazemos aquilo que nos define. Éimportantíssimo que nos retomemoscomo tais, temos muito paraoferecer ao mundo”, desenvolveu.O Congresso das Associações deProfissionais Católicos, doPatriarcado de Lisboa, sobre‘Cuidar da Casa Comum’ decorreusábado, dia 5, no Auditório CardealMedeiros, na Universidade Católica,em Lisboa.O ex-procurador-geral daRepública, José Souto Moura,também esteve no encontro edestacou a “boa-hora” em quedecorreu.“Oportunidade da realização doevento é a maior”, observou,assinalando que a vivencia da fé “éuma praxis” que não há “semintervenção ativa na sociedade e navida de cada um” mas na dimensãocomunitária “é fundamental que os

católicos se afirmem”.O programa do congressoproporcionou que as associaçõesdo Patriarcado de Lisboa falassemda sua atividade em três painéis,por áreas/setores: ‘A vida’; ‘Otrabalho’ e ‘A relação’.O presidente da Associação Cristãde Empresários e Gestores(ACEGE) assinalou que éimportante os católicos tomarem“consciência, responsabilidadepessoal” e “ganhar voz e trabalhar”mais em conjunto.Por sua vez, também do setor dotrabalho, a presidente da JuventudeOperária Católica (JOC) sublinhouque o congresso é uma forma de“dar a conhecer trabalhodesenvolvido” pelas associaçõesque acaba por “despertar caminhose formas de maior proximidade”.À Agência ECCLESIA, LisandraRodrigues explicou que na ação quea JOC desenvolve tentam que o “sercristãos enquanto trabalhadores” etrabalhadores cristãos seja umarealidade porque muitas vezes “não”se sabe “ainda fazer essaconjugação”.

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Formação na área do inventário abre«novo paradigma» no cuidado com opatrimónio religiosoO Secretariado Nacional para osBens Culturais da Igreja (SNBCI) fazum balanço “muito positivo” dasações de formação que temimplementado ao longo deste ano,no âmbito do Projeto Thesaurus,orientado para o setor doInventário.Em entrevista à Agência ECCLESIA,a diretora do SNBCI, destacou aoportunidade de transmitir, aostécnicos e agentes a trabalhar nasdioceses, “uma série de conteúdosmuito específicos e da maiorutilidade para esta área doinventário”.Desde janeiro têm sido várias astemáticas abordadas nas ações deformação, como a pintura eiconografia, o mobiliário e osinstrumentos musicais, passandopela escultura, as alfaias litúrgicas ea tumulária.As ações de formação no âmbito doProjeto Thesaurus são abertas nãosó às dioceses associadas mas aoutras instituições e mesmo aopúblico em geral.Com a implementação desteprojeto, e de outros como aferramenta

informática que foi criada para ainventariação do patrimónioreligioso, Sandra Costa Saldanhaacredita que é possível criar “umnovo paradigma” na promoção econservação dos Bens Culturais daIgreja Católica.“Temos claramente que falar de umnovo paradigma e sobretudo temosclaramente de trabalhar ao mesmonível, no mesmo patamar. Se nemsempre é possível às instituiçõesacompanharem esse ritmo,certamente será possível num futuropróximo. A verdade é que nãopodemos continuar a protelar odesenvolvimento de um trabalhoconjunto”, observou.

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Açores: Bispo refere disponibilidadeda Igreja ser «plataforma dediálogo» para comunicação socialO bispo de Angra referiu que aIgreja Católica nos Açores estádisponível para servir de plataformapara o diálogo entre a comunicaçãosocial para que seja “uma pontepara a inclusão”, nas jornadasdiocesanas dedicadas ao setor.“Perante a numerosa diversidadede meios de comunicação queestão ao dispor da sociedadeaçoriana, quisemos prestar esteserviço para melhor nosconhecermos e melhor servirmos. AIgreja nos Açores dispõe-se a servirde plataforma para este diálogo epara este serviço”, disse D. JoãoLavrador, esta sexta-feira, noencerramento das jornadas decomunicação social.O sítio online ‘Igreja Açores’ divulgaque o prelado destacou aimportância da comunicação sociale da sua “capacidade singular paraintervir na cultura e nasmentalidades”, assinalando a“notória influência que as novastecnologias e novas redes sociaistêm no dia-a-dia das pessoas”.

O encontro teve como tema‘Comunicação: uma ponte para ainclusão’ que para D. João Lavrador“é da máxima importância” numasociedade com “tantos contrastes,assimetrias, rivalidades, violências”,que geram “tantas exclusões”económicas, culturais, sociais ereligiosas.As segundas Jornadas Diocesanasde Comunicação Social de Angrareuniram esta sexta-feiraespecialistas da comunicação,jornalistas e investigadores emconferências e mesas redondas, noSeminário Episcopal em Angra doHeroísmo, nos Açores.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Direitos Humanos: Fundação AIS apresenta o relatório sobre «A LiberdadeReligiosa no Mundo»

Semana dos Seminários

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Igreja Católica espera trabalhar comDonald Trump na defesa da vida edos migrantes

O presidente da Conferência dosBispos Católicos dos EstadosUnidos da América afirmou hoje quequer trabalhar com Donald Trumppara “proteger a vida humana doinício mais vulnerável ao seu fimnatural”.

“Defenderemos políticas queofereçam oportunidades a todas aspessoas, de todas as crenças, emtodas as esferas da vida. Estamosfirmes na nossa determinação deque os nossos irmãos e irmãs quesão migrantes e

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refugiados possam ser acolhidoshumanamente sem sacrificar anossa segurança”, escreve D.Joseph E. Kurtz numa declaraçãosobre a eleição do novo presidente.O presidente da Conferência dosBispos Católicos dos EstadosUnidos da América (United StatesConference of Catholic Bishops ,USCCB) destaca que vão chamar aatenção para “a perseguiçãoviolenta que ameaça” os irmãoscristãos e pessoas de outrasreligiões no mundo e em especial noOriente Médio.Neste contexto, os bispos católicosdos EUA vão também procurar “ocompromisso da nova administraçãocom a liberdade religiosa doméstica”assegurando que as pessoas de fépermanecem livres para “proclamare moldar” as suas vidas na “verdadesobre o homem e a mulher e ovínculo único do casamento quepodem formar”.“Cada eleição traz um novocomeço”, assinala o tambémarcebispo de Louisville, no Estadodo Kentucky, que através da“esperança que Cristo oferece”acredita que Deus vai dar “forçapara curar e unir” os EUA após aseleições presidenciais e trabalhar-se em conjunto que se cumpra apromessa de “uma união maisperfeita”.

O presidente da USCCB, quecomeça a sua declaração porfelicitar “o Sr. Trump e todos eleitos”esta terça-feira, sublinha que agoraé o momento de “avançar para aresponsabilidade de governar pelobem comum de todos os cidadãos”.“Não nos vejamos na luz divisória deDemocrata, Republicano ouqualquer outro partido político, masantes vejamos o rosto de Cristo emnossos vizinhos, especialmente, osque sofrem ou aqueles com quemdiscordamos”, desenvolve D. JosephE. Kurtz.O prelado recorda também odiscurso do Papa Francisco aoCongresso dos Estados Unidos, em2015: “Toda a atividade políticadeve servir e promover o bem dapessoa humana e ser baseada norespeito pela sua dignidade”.No seu sítio na internet, para alémda declaração sobre a eleição deDonald Trump, os bispos católicosdos EUA também publicaram umaoração para fazer depois de umaseleições onde pedem «proteção eorientação» a quem trabalha “pelajustiça e pela paz”.

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Papa propõe amnistia a presos paraassinalar fim do Jubileu daMisericórdiaO Papa apelou este domingo noVaticano a uma amnistia parapresos, para assinalar o fim doJubileu da Misericórdia (20 denovembro), e recordou ainda apróxima cimeira do clima (COP22),que vai decorrer em Marraquexe.Perante milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedro,Francisco recordou a celebração doJubileu dos Reclusos, que seconcluiu esta manhã, com apresença de presos e ex-detidos devários países, incluindo Portugal.“Coloco à consideração dascompetentes autoridades civis decada país a possibilidade de realizarum ato de clemência, neste AnoSanto da Misericórdia, para com ospresos que se considerassemidóneos a beneficiar desteprocedimento”, declarou, após arecitação da oração do ângelus.O Papa tinha deixado já um apeloem favor da “melhoria de condiçõesde vida nas prisões, para que sejarespeita plenamente a dignidadehumana dos detidos”.Francisco sustentou uma mudançade visão na justiça penal, para que

esta não seja “exclusivamentepunitiva”, mas “aberta à esperançae à perspetiva de reinserir o réu nasociedade”.Na homilia da missa, o Papacontestou a “hipocrisia” de quem vêna prisão a única resposta ao mal.“Cada vez que entro numa cadeia,pergunto-me: porquê eles e não eu?Todos podemos errar”, sublinhouFrancisco, na homilia da celebraçãoque decorreu na Basílica de SãoPedro.Diante de presos, ex-reclusos,familiares, voluntários e capelãesprisionais, o Papa lamentou a“pouca confiança” que existe na“reabilitação”.

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Papa Francisco une-se a «sede dejustiça» e apelo por «terra, casa etrabalho»O Papa Francisco disse hoje quemanifestam “a mesma sede dejustiça” e o “mesmo grito - terra,casa e trabalho para todos”, aoscerca de cinco mil participantesencerramento do terceiro EncontroMundial dos Movimentos Populares,no Vaticano.“Vocês, organizações dos excluídose tantas organizações de outrossetores da sociedade, sãochamados a revitalizar, a refundaras democracias que estão a passarpor uma verdadeira crise. Nãocaiam na tentação da limitação quereduz a atores secundários, ou pior,a meros administradores da misériaexistente”, pediu na Sala Paulo VI.O Papa referiu que a corrupção, asoberba e o exibicionismo dosdirigentes “aumenta o descréditocoletivo, a sensação de abandono ealimenta o mecanismo do medo quesustenta o sistema iníquo”, por isso,pediu que os movimentos popularescombatam o medo com uma “vidade serviço, solidariedade ehumildade em favor dos povos eespecialmente daqueles quesofrem”.Desde quarta-feira, participam noencontro mundial sobre ‘Três T:Trabalho, Teto, Terra; cuidado

da natureza; migrantes e refugiados’cerca de 200 membros, de 92Movimentos Populares de 65 paísesdos cinco continentes.“Tantas propostas, tantacriatividade, tanta esperança navossa voz que talvez teriam maismotivos para lamentarem-se,permanecer paralisados nosconflitos, cair na tentação donegativo mas olham em frente,pensam, discutem, propõe e agem”,comentou o Papa que comentou terconhecimento de encontrosrealizados em diversos países que émuito importante porque “assoluções reais para asproblemáticas atuais não sairão deuma, três ou mil conferências”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Papa diz que estará em Fátima nos dias 12 e 13 de maio

O vídeo do Papa

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Contestada porque guardiã do bomsenso

D. Manuel Linda Bispos das Forças Armadas e Forças de Segurança

Contou-me quem lá estava que, há dias, umpároco, com coração verdadeiramentesacerdotal, presidiu aos ritos fúnebres de umsuicida. Não julgou, não condenou, não excluiu.Pelo contrário, rezou, serenou consciências eexplicou a doutrina da Igreja e as razões pelasquais, a partir de 1983, se passou a realizar ofuneral religioso nestes casos: é que tomouconsciência de que quem atenta contra a suaprópria vida se encontra sob uma tal pressãopsicológica que, rigorosamente, não é livre.Como tal, não é senhor dos seus actos nem selhe pode imputar responsabilidade moral, pois,segundo a melhor tradição doutrinal, para quehaja pecado grave é necessário o plenoconsentimento, a vontade livre de querercometer essa ofensa à sua vida e dignidadepessoal. Pediu, pois, compreensão para aqueleacto tresloucado, como certamente Deus terámisericórdia dessa pessoa.Até aqui, parece que tudo foi mais ou menosaceite. O caso, porém, complicou-se quando osacerdote aproveitou a oportunidade para referiro bom senso que deve imperar a propósito daconservação das cinzas provenientes dacremação, indo, assim, de encontro a umanotícia que a comunicação social andava adivulgar. E alertou para verdadeiros exageros,como usá-las para adubar plantas ou fazer delassuporte de germinação de sementes de árvores.Preveniu que esses gestos podem exprimirpanteísmo, sincretismo ou niilismo, perspetivasopostas à fé cristã.

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Pelos vistos, dentro da igrejacomeçou um sururu que seprolongou no exterior. Osargumentos dos contestatáriosbaseavam-se no estafadopressuposto: que a pessoa é adona da vida e pode fazer dela oque quiser, que cada um é queescolhe, que a Igreja não tem odireito de retirar a liberdade daspessoas, que o Papa se meta navida dele e deixe a dos outros....Ora, aqui está o individualismo pós-moderno no seu melhor. Neste caso,no seu pior. Não admite alertas,sensatez, pontos de vista ditadospela reflexão. E nega à Igreja aliberdade de pregar a sua doutrinaque, neste caso, tem tanto derespeito à dignidade humana comode exercício de uma sadiaracionalidade. Curiosamente,enquanto esta guardiã do bomsenso procura chamar a umraciocínio criterioso, alguns viram obico ao

prego e identificam clero comobscurantismo e doutrina comopressão das consciências.Pois bem, a esses que assimprocedem eu lembraria o queescreveu o insuspeito José Régio:“Os que falam da religião como daalienação suprema não podemcompreender de quantas alienaçõesela nos liberta”.Para que conte. E para que sereflita. Particularmente nesta«Semana dos Seminários» e neste«Mês das Almas».

Pelos vistos, dentro da igreja começou um sururu que se prolongou no exterior. Osargumentos dos contestatários baseavam-se no estafado pressuposto: que a pessoa é

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argumentos dos contestatários baseavam-se no estafado pressuposto: que a pessoa éa dona da vida e pode fazer dela o que quiser, que cada um é que escolhe, que a Igrejanão tem o direito de retirar a liberdade das pessoas, que o Papa se meta na vida dele edeixe a dos outros....Ora, aqui está o individualismo pós-moderno no seu melhor. Neste caso, no seu pior.Não admite alertas, sensatez, pontos de vista ditados pela reflexão. E nega à Igreja aliberdade de pregar a sua doutrina que, neste caso, tem tanto de respeito à dignidadehumana como de exercício de uma sadia racionalidade. Curiosamente, enquanto estaguardiã do bom senso procura chamar a um raciocínio criterioso, alguns viram o bico aoprego e identificam clero com obscurantismo e doutrina com opressão das consciências.Pois bem, a esses que assim procedem eu lembraria o que escreveu o insuspeito JoséRégio: “Aqueles que acusam a Igreja de obscurantista não sabem de quantoobscurantismo ela nos tem livrado”.Para que conte. E para que se reflita. Particularmente nesta «Semana dos Seminários»e neste «Mês das Almas». Manuel Linda

Para que ninguém fique refém dopassado

Lígia Silveira Agência ECCLESIA

Aproximamo-nos a passos largos do final do anoJubilar da Misericórdia proposto pelo PapaFrancisco. Se a vida, e também os tempos naIgreja, é marcada por ocorrências, propostas,temas que nos conduzem no calendário,momentos há que nos impelem para a frente ounos mantêm reféns de um passado que teima emmandar, encerrando-nos num círculo ondedificilmente se quebra a linha contínua.Esta semana tive a oportunidade de conhecerquem, na primeira pessoa, pode afirmar agrandeza do perdão e a ação transformadoraque essa ocasião opera.Uma mulher fez um aborto. Foi uma escolha.Durante dois anos viveu este drama na solidão,achando impossível ter o perdão de Deus erepetindo a culpa que sentia. Por não se perdoara si própria procurou, várias vezes, nosacramento da reconciliação o perdãoconsciente que não encontrava. Como respostachegou a receber: “Para de duvidar do perdãode Deus”.“É uma bola de neve. Cheguei a sentir que nãoera digna de nada”, contou-me com acapacidade de ler a sua história e com aconsciência de que a escreve a cada dia.Com uma culpa sem fim perante a incapacidadede se sentir em Igreja que, assim pensava, ajulgaria, encontra na Vinha de Raquel apossibilidade de encontrar o caminho de cura, deconscientemente alcançar a misericórdia.O trabalho que este projeto desenvolve, tuteladopelo departamento da Pastoral da Família do

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Patriarcado de Lisboa, vem mostrara efetividade das palavras do Papaquando convocou este ano:“Nenhuma pessoa é irrecuperávelpara Deus”.O processo, explicam-me, nãoapaga a memória da vida mas asrecordações são purificadas eredimidas, e as lembranças passama chegar de outra forma.“Não se legitima o pecado, masentende-se que só o poder redentorde Cristo é que pode do mal fazer obem”.Esta mulher passou a encarar ofilho não nascido como um dom detransformação para a sua vida.

“Fiquei mais agarrada ao coraçãode Jesus com este perdão. Pude perceber que há uma Igreja queacolhe, que não julga, que quer omelhor para nós, e nos querparticipantes. Tive mais noção que aIgreja é feita de pecadores, cada umtem uma luta interior”.Este é um processo não terminado.A fragilidade humana a isso dita.Mas viver o amor gera um mundo depossibilidades. Basta para isso queo referencial não seja o olharhumano e não se cale o que umaação, na invisibilidade e no silêncio,opera. Por isso partilho estetestemunho.

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Pareceres e documentos dos bispos de PortugalA Conferência Episcopal Portuguesa esteve reunida entre os dias 7 e 10 denovembro na 190ª assembleia plenária. Os trabalhos do episcopadopassaram pelo centenário das aparições em Fátima, a Universidade CatólicaPortuguesa, a catequese, a pastoral das comunicações sociais e datasjubilares de congregações religiosas. Foram aprovados dois documentos eoutros dois mereceram a reflexão para posterior publicação.A pastoral familiar, nomeadamente o discernimento e integração dosdivorciados recasados foi outro assunto que mereceu a atenção dos bisposde Portugal.As conclusões de quatro dias de trabalho que são apresentados no dossierdeste semanário e os documentos divulgados publicados integralmente.

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190.ª Assembleia Plenária Da Conferência EpiscopalPortuguesa | Fátima, 7-10 De Novembro De 2016

Comunicado Final1. A 190.ª Assembleia Plenária daConferência Episcopal Portuguesadecorreu em Fátima, de 7 a 10 denovembro de 2016, com a presençado Núncio Apostólico e dospresidentes da Conferência dosInstitutos Religiosos de Portugal(CIRP) e da Conferência Nacionaldos Institutos Seculares de Portugal(CNISP). 2. Na abertura da Assembleia, oPresidente da CEP, depois de referira dimensão sinodal da Conferência,insistiu na urgência de se continuara divulgar os documentos sobre aideologia do género e a eutanásia,já publicados, que mantêm toda asua atualidade na sociedade, nãose reduzindo apenas ao camporeligioso. Salientou ainda acelebração próxima do Centenáriodas Aparições em Fátima, com apresença do Santo Padre, e opronunciamento dos Bisposportugueses com uma CartaPastoral. 3. Esteve nesta Assembleia oCardeal Lluís Martínez Sistach,Arcebispo emérito de Barcelona,para nos ajudar a refletir sobre areceção e a

aplicação da exortaçãoapostólica Amoris laetitia nassuas caraterísticas e conteúdos, emparticular sobre o capítulo VIII,«acompanhar, discernir e integrar afragilidade», e suas incidências napastoral: atitude de misericórdiapara com todas as famílias;acompanhamento e discernimentopara maior integração nacomunidade cristã; discernimentoespiritual, com a ajuda de umsacerdote, sobretudo em relaçãoaos divorciados recasados;consideração de circunstânciasatenuantes; reflexão sobre critériospastorais comuns. 4. Os Bispos refletiram sobre umconjunto de sugestões vindas dasinstâncias diocesanas em relaçãoao primeiro esboço dodocumento «Catequese: a alegriado encontro com Jesus Cristo», que lhes fora proposto emauscultação ao longo de um ano.Estes contributos serão tidos emconta na elaboração do documentofinal, que procurará corresponder àpassagem de um modelo escolar aomodelo catecumenal na catequese eserá

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apreciado na próxima AssembleiaPlenária. 5. Foi aprovada uma CartaPastoral sobre o Centenário dasAparições de Nossa Senhora emFátima, que será oportunamentedivulgada. Este documentopretende reavivar a permanenteatualidade da mensagem de Fátimapara a revitalização da fé e docompromisso evangelizador.Salienta a mensagem de Fátimacomo dom e bênção fecunda para aIgreja e para o mundo, convite àconversão e anúncio profético damisericórdia e da paz. 6. A Assembleia aprovou duas Notas Pastorais sobreCongregações

religiosas missionárias que vãocelebrar jubileus em 2017: 400 anosde fundação e 300 anos depresença da Congregação daMissão (Vicentinos) em Portugal;150 anos de presença em Portugaldos Missionários do Espírito Santo(Espiritanos). 7. Esteve na Assembleia a novaReitora da Universidade CatólicaPortuguesa, Professora DoutoraIsabel Capeloa Gil, acompanhadade toda a Equipa Reitoral.Apresentou a situação atual daUniversidade, referiu as suas linhas

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e iniciativas estratégicas nas áreasdo ensino, da investigação, dainovação e da internacionalização, edestacou a celebração dos 50 anosda Universidade Católica em 2017. 8. A Assembleia apreciou umaproposta de Estatutos do PontifícioColégio Português em Roma, emordem a serem aprovados pelaCongregação para o Clero. Aprovouainda as Linhas de FormaçãoIntegral do Colégio Português.

9. A Assembleia acolheuas informações, comunicações eprogramações dos váriosorganismos da ConferênciaEpiscopal, de que destacamosalguns aspetos.- O Presidente da CEP referiu ospontos principais do XII Encontro deBispos dos Países Lusófonos, emAparecida (Brasil), e do Encontrodos Bispos orientais católicos daEuropa, em Lisboa e Fátima.- O Delegado no CCEE (Conselhodas Conferências Episcopais daEuropa)

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elencou as temáticas da AssembleiaPlenária que decorreu no Mónacosob o tema «Evangelizar a Europa»e destacou a aprovação de umamensagem sobre os cristãosperseguidos.- O Delegado naCOMECE (Comissão dosEpiscopados da ComunidadeEuropeia), referindo-se à recenteAssembleia Plenária em Bruxelas,que teve como temática principal «apobreza e a exclusão social naEuropa», salientando que 199milhões de pessoas, quase umquarto da população europeia,estão em situação de pobreza.

- O Presidente da ComissãoEpiscopal da Educação Cristã eDoutrina da Fé referiu asatividades nos diversosdepartamentos, tendo acentuado arealização de mais iniciativas nasdioceses e a crescente presença doportal EDUCRIS [www.educris.com]nas redes sociais.- O Presidente da ComissãoEpiscopal da Pastoral Social eMobilidade Humana apresentourelatórios dos seus organismos edestacou a forte presença dasinstituições da Igreja na Plataformade Apoio aos Refugiados, assimcomo a realização de encontrosnacionais sobre a«encíclica Laudato

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acenar aos relatórios dosmovimentos laicais, salientou osdesafios da Pastoral Juvenil, noseguimento das Jornadas Mundiaisda Juventude em Cracóvia e daescolha do tema «os jovens, a fé eo discernimento vocacional» para opróximo Sínodo dos Bispos. Referiuainda as iniciativas da PastoralFamiliar e do Corpo Nacional deEscutas, além da realização do IIIEncontro de Leigos em Évora.- O Presidente da ComissãoEpiscopal das Vocações eMinistérios destacou aparticipação no recente CongressoInternacional de Pastoral Vocacionalem Roma, assim como o habitualEncontro Nacional dos Formadoresdos Seminários de Portugal.- O Presidente da ComissãoEpiscopal da Cultura, BensCulturais e

Comunicações Sociais realçou aincidência das várias atividades nacultura portuguesa. Com a presençado P. Américo Aguiar, Diretor doSecretariado Nacional dasComunicações Sociais, aAssembleia refletiu sobre umaPastoral Nacional dasComunicações Sociais, envolvendoas Dioceses, os Institutos de Vida deConsagrada, a Agência Ecclesia e aRádio Renascença.- O Presidente da ComissãoEpiscopal da Liturgia eEspiritualidade apresentou umelenco de atividades e publicaçõesde apoio à formação litúrgica e ocaminho percorrido em ordem à terceira edição do Missal Romanoem língua portuguesa. Comunicouainda a realização, nos dias 24 a 28de julho de 2017, do 43.º EncontroNacional de

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Pastoral Litúrgica, sobre «AVirgem Maria na liturgia», nocontexto do centenário dasaparições em Fátima.- O Presidente da ComissãoEpiscopal da Missão e NovaEvangelização referiu as váriasrealizações e projetos no âmbito dasMissões, da Nova Evangelização, doEcumenismo e do Diálogo Inter-Religioso. Depois de partilhar asconclusões do recente Encontro deCoordenadores Diocesanos dePastoral sobre a construção de umacomunidade evangelizadora ou «emsaída», questionou a Assembleiasobre possíveis propostas pastoraiscomuns.- O Delegado para a Relaçãoentre Bispos e VidaConsagrada destacou algunspontos do discurso do Papa aosparticipantes no recente EncontroInternacional para VigáriosEpiscopais e Delegados para a VidaConsagrada: vida consagrada naIgreja particular, ereção de novosinstitutos, relações recíprocas entrePastores e consagrados. Deseguida, os presidentes da CIRP eda CNISP apresentaram algunspontos das suas atividades, comdestaque para as respetivasassembleias gerais. 10. A propósito da Semana dosSeminários que está a decorrersob o tema «Movidos pelaMisericórdia», os Bispos saúdam osseminaristas e as

equipas formadoras, e pedem aoração e o apoio do povo de Deuspara tão importante setor eclesial. 11. A Assembleia exprimiu um votode congratulação pelos 300 anosde qualificação patriarcal deLisboa, através da bula In supremoapostolatus solio do Papa ClementeXI de 7 de novembro de 1716, edesejou bons frutos para arealização do Sínodo Diocesano queestá a decorrer sob o tema «osonho missionário de chegar atodos». 12. A Assembleia procedeu àsseguintes nomeações para opróximo triénio: Padre Luís GonzagaMarinho Teixeira da Silva, daArquidiocese de Braga, paraAssistente Nacional do CorpoNacional de Escutas (CNE); PadreQuerubim José Pereira da Silva,Diocese de Aveiro, para AssistenteNacional da Ação Católica Rural(ACR). Propôs ainda o nome doPadre António Manuel BaptistaLopes, da Congregação do VerboDivino, para ser nomeado pelaCongregação para a Evangelizaçãodos Povos como Diretor Nacionaldas Obras Missionárias Pontifícias. 13. A Assembleia aprovouo Orçamento do SecretariadoGeral da CEP para 2017. Fátima, 10 de novembro de 2016

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Exclusões pastoraisa divorciados recasados em análise

O presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa afirmou queas “exclusões do ponto de vistalitúrgico” colocadas a divorciadosrecasados “podem e devem serrevistas”, tendo em conta cadacaso.Em declarações à comunicaçãosocial no fim dos trabalhos daAssembleia Plenária da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, D. ManuelClemente disse que aguarda“indicações mais concretas” doVaticano sobre os aspetos quepodem ser revistos.

“O Papa diz na exortação apostólica‘Amoris laetitia’ que há uma série deexclusões do ponto de vista litúrgico,pastoral que podem e devem serrevistas atendendo à diferença doscasos pessoais. Mas ainda nãoexplicitou quais. Certamente nascongregações romanas se estudaráisso e nos darão indicações maisconcretas”, afirmou o presidente daCEP.Para D. Manuel Clemente,“efetivamente não é tudo a

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mesma coisa, os casos não sãotodos iguais e têm de seracompanhados com discernimento eintegração”.O cardeal-patriarca de Lisboainsistiu que a análise de segundasuniões por quem já tenharecebido o sacramento domatrimónio exige discernimentoporque “são histórias pessoais quedivergem muito de umas para asoutras”.“Em muitos casos até podem isentarde culpabilidade pessoal numadeterminada situação e em algumasrealidades, que não podem recuar,por se ter constituído uma segundafamília”, indicou D. ManuelClemente.“Da parte da Igreja, a insistência naindissolubilidade do matrimónio éoriginal, está no Evangelho. Masdepois há as pessoas, muitodistintas nos seus percursos”,sublinhou.Em resposta aos jornalistas, D.Manuel Clemente disse também quea “verificação ou não da validade deum suposto matrimónio” é sempre a“primeira linha de atuação”.

O presidente da CEP referiu depoisque alguns passos podem e devemser dados no acompanhamento e aintegração de casais em segundaunião nas comunidades cristãs .“O Papa insiste muito nesse ponto,e nós com ele, e vamos ver atéonde isto nos pode levar”, afirmou,acrescentando que se trata de uma decisão que não depende "de cadaum”“É um ato de Igreja. Não é umacoisa de cada um”, sublinhou.Questionado sobre a oportunidadede ser elaborado um manual paradistribuir aos párocos sobre odiscernimento e acompanhamentode divorciados recasados, àsemelhança de outras conferênciasepiscopais, como na Argentina, opresidente da CEP referiu que aindanão chegaram a esse ponto.“Vamos ver o que é possível. O quefor possível e conveniente faremosde certeza”, concluiu.

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Por uma catequesedistante do modelo escolarA Igreja Católica em Portugal está apreparar um documento orientadorsobre a Catequese, com base emsugestões das dioceses, para darum novo rumo a este setor daeducação cristã.Em declarações aos jornalistas, nofinal da assembleia plenária daConferência Episcopal Portuguesa(CEP) em Fátima, D. ManuelClemente sublinhou a necessidadede passar de “um modelo escolar”,marcado pela simples transmissão eaprendizagem de conhecimentos,para “um modelo catecumenal”, queimplica “a participação ativa nacomunidade”.“Há aqui uma caminhada queenvolve a pessoa completa e nãoapenas a sua parte intelectual,como quem ouve noções, as decorae as debita”, disse o presidente daCEP e cardeal-patriarca de Lisboa.O novo documento assenta na basede que a educação cristã das“crianças, adolescentes, jovens eadultos” não se pode resumir àtransmissão de conteúdos mas temde fazer “referência a atitudespráticas que se vão assumindo”, no

“seguimento concreto de JesusCristo”.“Cristo que é uma pessoa, modelode comportamento, e não apenasnoções teóricas como poderiaaprender numa outra religiãoqualquer”, acrescentou D. ManuelClemente.

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Papa Francisco em Portugal:quando e como?

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Abertura da 190.ª AssembleiaPlenária da Conferência EpiscopalPortuguesa

Estimados Irmãos no Episcopado etodos os presentes na aberturada 190.ª Assembleia Plenária daConferência Episcopal Portuguesa Cada uma das nossas reuniõesplenárias é ocasião de reencontrofraterno, no afeto colegial quemantemos. É motivo de ação degraças a Deus, que assim mesmonos quer, a bem de toda a Igreja.

Ação de graças em especial, nestaaltura, por todo o trabalho que D.António Vitalino realizou comodedicado Bispo de Beja e D. JoãoMarcos realizará como seusucessor. Aos dois, a amizade e acompanhia da ConferênciaEpiscopal Portuguesa.Congratulamo-nos também com anomeação de D. Nuno Brás e D.José

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Cordeiro para organismos da SantaSé, respetivamente a Secretaria daComunicação e a Congregaçãopara o Culto Divino e a Disciplinados Sacramentos. Juntarão asnovas incumbências às queprincipalmente os ocupam entrenós, mas assim mesmo estreitarãoainda mais os laços entre a nossaConferência e os serviços centraisda Igreja.Nas nossas reuniões lembramossempre os que já partiram, comoultimamente D. ArquimínioRodrigues da Costa, Bispo eméritode Macau, falecido a 12 desetembro passado. Saúdo vivamente a cada um dospresentes, na convicção de que osnossos trabalhos são da maiorrelevância para nós e para asIgrejas particulares que servimos;bem como para a sociedadeportuguesa no seu conjunto, quenunca esquecemos nem omitimos,em plena corresponsabilidadecívica.O Papa Francisco estimula-nosinsistentemente nesse sentido,apelando à conversão missionáriados católicos e respetivascomunidades, para que chegue atodos, em especial aos maiscarenciados, o Evangelho vivo dasolidariedade e da paz. As atuais

circunstâncias do país, da Europa edo mundo só podem redobrar-nostal empenho.Assim procuramos fazer, quer noserviço habitual de cada diocese,quer em iniciativas da ConferênciaEpiscopal, das suas Comissões,secretariados e serviços.Como habitualmente, dedicaremosparte significativa dos nossostrabalhos à partilha do que se temfeito e do que se pensa fazer, noesforço permanente de concertarobjetivos e métodos, caso a caso esetor a setor.Na verdade, vivendo a Igrejabasicamente como comunhãouniversal em torno do Sucessor dePedro e como comunhão local emtorno do Bispo diocesano, as atuaiscircunstâncias sociais e mediáticasexigem uma partilha de reflexões eesforços coincidente com aintercomunicação generalizada.Não será demais lembrar o Códigode Direito Canónico (cân. 447,retomando o Decretoconciliar Christus Dominus, 37): «AConferência Episcopal, instituiçãopermanente, é o agrupamento dosBispos de uma nação oudeterminado território, que exercemem conjunto certas funçõespastorais a favor dos fiéis do seuterritório, a fim de promoverem o

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maior bem que a Igreja oferece aoshomens, sobretudo por formas emétodos de apostoladoconvenientemente ajustados àscircunstâncias do tempo e do lugar,nos termos do direito».Assim somos como ConferênciaEpiscopal. E assim queremos ser,cada vez mais e melhor, tambémaqui com o Papa Francisco, quetanto insiste no progresso dasinodalidade eclesial a todos osníveis. Do que temos conjuntamenterefletido e proposto aos católicos eà sociedade, permito-me relembrardois documentos, que mantêm todaa atualidade e até a acrescem nestemomento preciso. Refiro-me à CartaPastoral A propósito da ideologia dogénero, de 14 de novembro de2013, e à Nota Pastoral Eutanásia:o que está em jogo? Contributospara um diálogo sereno ehumanizador , de 8 de março de2016.Da nossa parte, redobraremoscertamente os esforços paraconsciencializar a todos sobre o queestá em causa, num e noutro tema.Sobre o primeiro, disse no mêspassado em Tiblisi, Geórgia, o PapaFrancisco, não poupando palavras:«Um grande inimigo atual do

casamento: a teoria do gender . Hojeestá em ato uma guerra mundialpara destruir o casamento. Hojeexistem colonizações ideológicasque o destroem, não com as armas,mas com as ideias. Por isso épreciso defender-se dascolonizações ideológicas»(L’Osservatore Romano, ed.portuguesa, 6 de outubro de 2016,p. 5).Sobre o segundo, retomo palavrastambém suas, na recente exortaçãoapostólica Amoris Laetitia, n.º 48: «Aeutanásia e o suicídio assistido sãograves ameaças para as famílias,em todo o mundo. […] A Igreja, aomesmo tempo que se opõefirmemente a tais práticas, sente odever de ajudar as famílias quecuidam dos seus membros idosos edoentes». E nós próprios, Bisposportugueses, finalizámos a Nota de8 de março salientado «aimportância de um vasto trabalho deesclarecimento para o qualqueremos dar o nosso contributo.No Ano Jubilar da Misericórdia,recordamos que esta nos leva aajudar a viver até ao fim. Não amatar ou a ajudar a morrer».E para que ninguém reduza estaquestão ao campo religioso estrito,quando ela é de facto humanitária ebem geral, tenha-se em conta

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a recente Declaração de cincosucessivos Bastonários da Ordemdos Médicos, quando escrevem: «…A Eutanásia, o Suicídio assistido e aDistanásia representam umaviolação grave e inaceitável da ÉticaMédica (repetidamente condenadaspela Associação Médica Mundial). OMédico que as pratique nega oessencial da sua profissão,tornando-se causa da maiorinsegurança nos doentes e geradorde mortes evitáveis. Em nenhumacircunstância e sob nenhumpretexto, é legítimo a sociedadeprocurar induzir os Médicos a violaro seu Código Deontológico e o seucompromisso com a Vida e com osque sofrem». A presente Assembleia Plenáriaacontece já muito próxima doCentenário das Aparições de NossaSenhora em Fátima. A CartaPastoral que aprontaremos nestesdias tanto relembra o queaconteceu então e a Mensagem queos Pastorinhos transmitiram, comoreforçará nos católicos portuguesese além deles a premência daconversão evangélica em prol dummundo que, sendo mais para Deus,será mais de todos e para todos.Aliás, também com estepronunciamento pastoral,coincidiremos com o sentimentomarial profundo do nosso povo,como se manifestou na passagemda Imagem Peregrina por todas as

dioceses portuguesas e se elevaráainda com a presença do próprioSucessor de Pedro, em maiopróximo.Outros pontos se devem salientarna nossa agenda destes dias, comoo documento sobre a catequese, emcuja preparação intervieram asvárias estruturas diocesanasrelacionadas, no sentido de aredescobrir sempre mais como«alegria do encontro com JesusCristo».Não esqueceremos alguns Institutosreligiosos que comemoram datasfortes de presença entre nós, emmissão interna ou externa. Erefletiremos sobre a exortaçãoapostólica Amoris Laetitia e o melhormodo de a receber e aplicar entrenós, a bem do matrimónio e dafamília. Neste ponto contaremoscom a preciosa contribuição doCardeal Lluís Martínez Sistach,arcebispo emérito de Barcelona,reputado pastor e canonista.Da nossa agenda constam aindaoutros pontos, de que destaco apastoral das comunicações sociaisno âmbito nacional ou aapresentação da nova equipareitoral da Universidade CatólicaPortuguesa. Serão portanto diasplenos de interesse e compromisso,ao serviço da Igreja e do país. Fátima, 7 de novembro de 2016+ Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente daCEP

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«Missão sem fronteiras»Nota Pastoral sobre os Missionários do EspíritoSanto nos 150 anos da sua presença em PortugalCom esta Nota Pastoral, queremosreconhecer e agradecer os 150anos de presença missionária dosEspiritanos em Portugal, recordandoo precioso contributo para a missãoda Igreja, especialmente no nossopaís e a partir dele. As origens1. A Congregação dos Missionáriosdo Espírito Santo tem a sua origemno contexto social de Paris dosinícios do século XVIII. Paris estavaa abarrotar de povo pobre quevinha do interior para agarraralguma oportunidade de trabalho.Também ali morava a gente maisrica do país, como capital que era.As grandes Universidades atraíamos mais jovens. Ali chegara CláudioPoullart des Places, jovem bretão,para estudar direito. Ele percebeu odrama dos «limpa-chaminés» eoutros pobres e, no contacto comeles, concluiu que alguns gostariamde ser padres, mas não tinhamdinheiro para os estudos. Cláudiojuntou alguns jovens, fez com eles acaminhada de discernimento e, noPentecostes de 1703, deu origem àCongregação do

Espírito Santo. De início dedicava-se à evangelização do imensomundo rural, completamenteabandonado, até pela Igreja, semoperários para tão pobre messe.Um século depois, nasceu naAlsácia Francisco Libermann. Filhodo rabino de Saverne, recebeueducação esmerada para sucederao pai, mas acabaria por seconverter ao cristianismo e rumarem direção do sacerdócio. Aepilepsia que entretanto o atingiuquase o afastou desse objetivo, masseria ordenado em 1841. Com doisjovens de origem africana, lançou aObra dos Negros, projeto deevangelização que está na origemda Congregação do ImaculadoCoração de Maria. A missãoprincipal era a libertação dosescravos e a evangelização dospovos africanos, vitimados peloflagelo da escravatura. Em 1848,deu-se a fusão das duasCongregações: a do Espírito Santoe a do Imaculado Coração de Maria.O P. Francisco Libermann foi oprimeiro Superior Geral e orientou-adefinitivamente para a missão adgentes.

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Importa recordar grandesmissionários como o P. Tiago Laval,pai espiritual da Ilha Maurícia, e o P.Daniel Brottier, re-fundador da Obrados Órfãos Aprendizes de Auteuilem Paris, ambos beatificados porJoão Paulo II. Entre estadistas ehomens de cultura, sobretudo emÁfrica, que foram formados pelosMissionários do Espírito Santo,importa referir Leopold Senghor,primeiro presidente do Senegal eum dos pais da negritude, queconfessou que Libermann e osEspiritanos marcaram de formaindelével a sua vida de cristão,intelectual e escritor negro-africano. De Angola a Portugal2. Os Espiritanos, presentes naÁfrica e Caraíbas, entraram emAngola em 1866, entraram emAngola, idos do Congo Brazaville.Perante a recusa das autoridadesportuguesas em aceitar missionáriosque não fossem portugueses,chegaram a Lisboa os primeirosEspiritanos, um ano depois a 2 denovembro, para preparar futurospadres e irmãos no SeminárioPatriarcal de Santarém.Aqui começa a história doEspiritanos em Portugal. Após anosdifíceis, foi Braga a acolher asprimeiras grandes estruturas deformação dos

Missionários do Espírito Santo. Até1910, muitos foram os Missionáriosque partiram para Angola, onde oclima era adverso, a pobrezageneralizada e as doençasdesconhecidas e incuráveis. Muitosali morreram, ainda jovens, comobem narra Miguel Torga no seuDiário XII, após visita ao Cemitérioda Huíla, no Lubango: «depois doaéreo deslumbramento do maciçoda Chela e do abissal fascínio daTundavala, a rasa emoção docemitério da missão católica daHuíla. Aqui jaz… aqui jaz… aquijaz… E são nomes de todas asnacionalidades, portugueses,belgas, franceses, alemães,inscritos lado a lado em humildeslousas iguais, seguidos de umainscrição trágica: falecido com 24anos, com 45, com 51, com 32…Nomes de homens que vinham aoencontro da morte certa eprematura por conta de Deus e dosemelhante. Por conta da fé, daesperança e da caridade».A expulsão das Ordens Religiosasde Portugal em 1910 afetou tambéma Missão Espiritana. Os missionáriosforam presos ou dispersos.Regressaram em 1919 para umarefundação que seria coordenadapelo P. Moisés Alves de Pinho, maistarde Bispo de Angola e Congo eseguidamente Arcebispo deLuanda;

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entretanto, foram construindoSeminários em vários pontos donosso país, para a formação denumerosos padres e irmãos quepartiram para Angola e outrospaíses, e de milhares de jovens,que muito os têm apoiado na suaatividade missionária.Os Espiritanos contribuíram para acultura na sociedade portuguesa,sobretudo com obras publicadasnos âmbitos da história, daetnologia, da linguística, daantropologia, da teologia e dapastoral missionária. Disso sãoexemplos os padres António Brásioe Adélio Torres Neiva, ambos daAcademia Portuguesa da História, eJoaquim Alves Correia, consideradoum dos pais da democraciaportuguesa, que foi homem decultura, liberdade e opção pelosmais pobres, tendo morrido exiladonos Estados Unidos. A Igreja emPortugal pôde ainda beneficiar dofogo missionário de homens comoD. Agostinho de Moura que, após afundação da Liga Intensificadora daAção Missionária (LIAM), seria Bispode Portalegre-Castelo Branco. Atualidade da missão3. Inseridos na Igreja local,sobretudo pela animaçãomissionária e

vocacional, os Espiritanos têmpassado pela maioria das paróquiasdo país, mesmo nos lugares maisinteriores e insulares. Hoje, osasseguram a animação em diversasdioceses, colaboram em diversoseclesiais, formam grupos de jovensno espírito missionário, investem nacomunicação, colaboram emcapelanias hospitalares e prisionais,apoiam imigrantes e refugiados.Para isso lançaram diversosmovimentos laicais de carizmissionário: LIAM; MovimentoMissionário de Professores(MOMIP); Jovens Sem Fronteiras(JSF); Associação dos AntigosAlunos (ASES); Leigos AssociadosEspiritanos; Fraternidades;Zeladores; Voluntariado Missionário.São milhares de leigos quepartilham a espiritualidade no nossopaís e dele partem para outrospaíses.Enquanto Instituto Missionário AdGentes, presentemente não selimitam a enviar missionários parafora, mas acolhem nas suascomunidades missionários de outrospaíses, mostrando a universalidadeda Igreja e como a partilha e adiversidade são uma riqueza paraas Igrejas locais.

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Fátima, 10 de novembro de 2016

Com os olhos no futuro4. A vida dos Espiritanos emPortugal é uma história de missão ecomunhão, a alargar horizontes, apôr o coração a bater ao ritmo daspreocupações missionárias daIgreja. E constitui uma ocasião pararesponderem ao convite do PapaFrancisco para o Ano da VidaConsagrada (2015-2016): fazer amemória agradecida do passado,viver o presente com paixão econstruir

o futuro com esperança, um futuroenraizado no martírio, isto, é, notestemunho do Evangelho, que estánas suas origens.Foi nesse sentido que escolherampara lema deste jubileu as palavrasde São Paulo: «Alegres naEsperança» (Rm 12,12).Continuamos, por isso, a contar coma sua entrega, o seu dinamismo, oseu estilo de vida simples ecomprometido, o

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testemunho da vida comunitária efraterna, a sua criatividade naevangelização.Agradecemos ao «Senhor daMesse» por tantos missionários que,por meio desta Congregação, temenviado para a sua messe.Agradecemos a semente doEvangelho que, por seu intermédio,tem lançado ao longo da suaexistência, em tantos lugares domundo. E desejamos que esteJubileu seja oportuna ocasião pararetomarem de modo renovado aforça missionária e o entusiasmo do

anúncio, concretizando o sonho dechegar a todos. Contamos assimcom o seu contributo paraconcretizar o que propusemos naCarta Pastoral «Como Eu vos fiz,fazei-os vós também» de 2010: quea nossa Igreja em Portugal tenha umrosto missionário, em comunidadesabertas, fraternas e sempre acaminho, em missão de coração acoração, seguindo os passos doBom Pastor. Fátima, 10 de novembro de 2016

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Nota Pastoral da CEP sobre osquatro séculos de evangelização etrês de presença em Portugal daCongregação da Missão1. Carisma VicentinoCompletam-se em 2017 quatroséculos após S. Vicente de Paulo,animado de zelo apostólico, terrecebido a inspiração celeste que ochamava a fundar uma comunidadede missionários devotados àevangelização dos pobres e àcriteriosa formação espiritual,doutrinal e pastoral do clero. Graçasà fecundidade apostólica dessaintuição fundacional viriam a nascera Congregação da Missão, aCompanhia das Filhas da Caridadee a plêiade de instituições deserviço fraterno aos mais pobres emarginalizados, de que asConferências Vicentinas são hojeuma das expressões sociais maisconhecidas. Celebra-se igualmenteno ano de 2017 o terceirocentenário da entrada em Portugaldo carisma vicentino trazido peloinstituto da Congregação da Missão.A Conferência EpiscopalPortuguesa congratula-se com afeliz efeméride e associa-se à açãode graças e louvor que toda aFamília Vicentina eleva

ao Senhor nesta datacomemorativa. Com efeito, as duasdatas evocam a missão eclesial deS. Vicente de Paulo e do carismaque o inspirou a favor dos pobres,da reforma do clero e da caridadeque ele soube converter eminúmeros projetos sociais. E se altasfiguras da aristocracia francesa deentão encontraram nele conselho eassistência espiritual, foram ospobres do mundo rural e dascidades que mais o inquietaram,estimulando-o à prática das obrasde misericórdia espirituais ecorporais. Escolheu, por isso, servirpastoralmente a Igreja como pároconuma humilde aldeia rural e, poucoa pouco, foi descobrindo que averdadeira dimensão da pobrezatanto diz respeito à falta de pãocomo à necessidade de uma fé vivae esclarecida. Daí a urgência quesentiu de promover três linhas deação principais: organizar ascaridades, grupos de cristãos leigosdedicados a servir os pobres;efetuar missões populares quedespertem e eduquem na fé o povohumilde dos

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campos; dinamizar a formaçãocultural e pastoral do clero atravésde conferências e da organizaçãodos seminários.Da vasta obra caritativa do fundadorda Congregação da Missão e dasFilhas da Caridade, lembremos aquiduas lições notáveis. A guerra daFronda, que devastou com os seus

tentáculos de violência váriasregiões da França, espalhandofome, doença e toda a espécie demisérias, gerou multidões dedesalojados que, fugindo dasfrentes de batalha, acorriam àscidades. Em vez de melhorarem asituação, tornavam-na muitas vezesmais grave ainda. Com

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imaginação e empenho, logo cuidoude pôr em ação um projetodestinado a conter a desumanidadedessas migrações. Passou a enviar,por diversos caminhos, alimentos eoutros bens de primeiranecessidade, evitando que fossemos pobres a fazer longascaminhadas, tornando assim a vidado povo menos sofrida. Estacapacidade de mobilizar recursosmateriais e humanos de forma bemorganizada e, por isso, mais eficaz,descobriu-a ele muito cedo.Alertado, quando se preparava paracelebrar a missa dominical, para aexistência, em lugar remoto, de umafamília cujos membros estavamtodos gravemente doentes, apeloudo púlpito ao coração dos ouvintespara levarem ajuda a tão dolorosasituação. A resposta fraterna dospresentes foi generosa e rápida.Mas como assegurar continuidade aesse gesto episódico de caridade?Vicente de Paulo percebeu então,por experiência, que caridade semorganização pode resultar em faltade caridade. E tornou-se mestre naarte de organizar e gerir ascaridades, sem jamais esquecer quea caridade de Cristo deve animarsempre a dedicação e serviço dospobres. Ação social, evangelização,formação

do clero, eis três camposfundamentais nos quais trabalhou S.Vicente de Paulo e em que continuavivo o carisma que imprimiu nasobras que fundou. Foi, por isso, comjustiça e verdade, chamado por S.João Paulo II “homem de ação e deoração, de organização e deimaginação, de direção firme e dehumildade, homem de ontem e dehoje” (Alocução à Assembleia Geralda Congregação da Missão, em1986). 2. Presença em PortugalOs filhos de S. Vicente de Pauloentraram em Portugal em começosdo século XVIII. Foi apoiado numbreve de Clemente XI que autorizavaa erigir a Congregação da Missãono reino de Portugal que o padreJosé Gomes da Costa (1667-1725),natural de Torre de Moncorvo, esuperior da casa de Monte Célio, emRoma, onde tinha ingressado nacongregação vicentina, chegou aLisboa, em novembro de 1716, paradar início à fundação. Tem a data de20 de maio de 1717 o documentoem que o Procurador do SupremoTribunal da Justiça do Reinoconcede existência legal àCongregação da Missão. AProvíncia de Roma, donde vinha ofundador,

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enviou de imediato quatrosacerdotes e um irmão paraformarem a primeira comunidade. E,em 1720, era fundada a primeiracasa da Missão, na quinta deRilhafoles, em Lisboa, casa centraldonde irradiará intensa e frutuosaatividade votada à formação doclero e às missões populares. Até1834, a vida da Congregaçãodesenvolveu-se à volta de trêsgrandes centros: Lisboa (casa deRilhafoles); Braga (casa da Cruz) eÉvora (Seminário). A par desta açãomissionária dentro do país, ocorreutambém intensa atividade

apostólica no Oriente (seminários deGoa e Macau, missões em Pequim,Nanquim e Malaca), e ainda noBrasil, com a obra missionária dopadre António Ferreira Viçoso, queserá depois sétimo bispo deMariana.Após a extinção em 1834, a vida daCongregação da Missão começou aser restabelecida a partir de 1857.Durante este segundo período, quese prolongou até à implantação daRepública, em 1910, as atividadesprincipais da Congregação daMissão foram as missõespopulares,

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a formação da juventude emcolégios, a fundação eacompanhamento de conferênciasvicentinas e associações religiosas,nomeadamente na Igreja de S. Luísdos Franceses, em Lisboa, naresidência de Santa Quitéria,Felgueiras, e no Funchal, Madeira,onde, além da capelania doHospício Princesa Dona Amélia,assumiram a direção do SeminárioMaior da Diocese. Este surto decrescimento foi bruscamenteinterrompido em 1910, ano em queforam assassinados dois virtuososmissionários, os padres AlfredoFragues, Provincial, e BernardinoBarros Gomes, ilustre homem deciência.Outra vez renascida das cinzas em1927, os esforços dos responsáveisda Província Portuguesa daCongregação da Missãoconcentraram-se na organizaçãodas comunidades e respetivasobras, e ainda na formação denovos missionários. Com essafinalidade, ergueram váriosSeminários: Pombeiro e Oleiros(Felgueiras) e, mais tarde, Mafra eBraga. Novas condições eexigências de formação académicae pedagógica obrigaram à criaçãode Lares de Estudantes no Ameal,Porto, e na Luz, em Lisboa. Novafase da Missão Ad Gentes teveinício em 1940, com

a fundação de comunidadesmissionárias em Moçambique. Nadécada de 1960, metade dos seusmembros, quase sempre os maisjovens, rumava a Moçambique. Estasituação exigiu a criação de umaestrutura jurídica mais ágil e beminserida no terreno moçambicano.Nascia, assim, em 1965, a Vice-Província. Além da presençamissionária junto das populaçõesautóctones, assumiram, na linha docarisma do Santo Fundador e emcondições de grande exigência eresponsabilidade eclesial, a obrados seminários. Dirigiram aformação do clero moçambicano emtrês seminários. Por estasinstituições de formação passou amaior parte do clero local, bemcomo muitos dos bispos desse país.Além de obras de apostoladomissionário já existentes em Chaves,Viseu, Felgueiras, Lisboa e Funchal,o regresso de alguns missionários,após a independência deMoçambique, permitiu que fossemassumidas obras diocesanas,designadamente paróquias nasdioceses de Santarém, Beja ePortalegre-Castelo Branco. Voltou,depois, com renovada entrega edinâmica evangelizadora atradicional obra das missões

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populares. De norte a sul, equipasde Padres, Filhas da Caridade eLeigos, preparadas para anunciar amensagem do Evangelho em novoscontextos sociais e culturais,percorreram inúmeras paróquias, aconvite dos respetivos bispos epárocos. Entre essas renovadasiniciativas de evangelização contam-se as Comunidades Familiares deCaridade, pequenos grupos deagentes pastorais disponíveis paraassegurar continuidade àevangelização realizada nasmissões populares.

3. Desafios do carismavicentino para o nossotempoO coração do carisma vicentino é oexercício da caridade cujo modelofoi dado pelo divino Mestre. S.Vicente de Paulo resumiu asvirtudes do filho de Deus a duasprincipais: união com o Pai ecaridade para com os homens. Aatualização deste carisma passahoje pelo compromisso com os maispobres, que de todos os cristãosexige ações concretas que, emespírito de missão e de serviço àIgreja, se hão de traduzir em obrasmais do que

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em palavras. Urge, antes de mais,revisitar as origens e divulgar opensamento e a obra do santo dacaridade como imperativo deprogramas pastorais.Este “vinho novo” do carisma terá,com certeza, consequências naatividade pastoral e na qualidade doserviço à Igreja em geral. Importatambém perceber que asinstituições estão chamadas a ser aexpressão encarnada do carisma.Mas as instituições vivemmergulhadas na história desociedades em aceleradatransformação. É, por isso,necessário escutar os sinais dostempos e discernir, nas situaçõesdifíceis e tão frequentementedesumanas, o que ao apelo dospobres tem a dizer com obras demisericórdia o carisma vicentino. Ehá de ter a coragem de reajustarestruturas de outros tempos, comose reajustam as roupas que vestemum corpo que cresce e setransforma.Neste processo de escuta ediscernimento em ordem à tomadade decisão sobre a participação nasestruturas eclesiais, a visãoprofética de aggiornamento de S.João XXIII continua de plenaatualidade. Abrir horizontes, reavivaro espírito

missionário e estar disponível para irmais longe, é próprio de homenschamados por Deus a continuar aobra salvífica de seu Filho. Semotimismos ingénuos, vivemostempos de abertura a projetosnovos, reconhecendo que é semprepossível fazer-se ao largo eparticipar em iniciativas eclesiaisque vão para além da nossarealidade geográfica. No mundoglobalizado de hoje, as fronteirassão sobretudo a estreiteza dohorizonte que acomodamos nasnossas mentes e que nos podemimpedir de chegar mais longe.O carisma vicentino é portador deum código genético de conteúdoespiritual que se transmite, degeração em geração, a todos osramos da família. Esse núcleo degraça, que o Espírito anima, faz comque ela viva em saudável e contínua“inconformidade com as coisas domundo presente” (Rm 12,12), numprocesso de busca constante.Enquanto dom celeste, esse núcleode graça tem a marca daintemporalidade e apela a umarenovação permanente. Com acoragem dos profetas, a visão dosmísticos, o zelo dos missionários, asimplicidade dos homens decoração puro, e impelidos pelacaridade,

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podem os filhos espirituais de S.Vicente de Paulo continuar a fazer oque o Filho de Deus fazia na terra.Chamados para evangelizar ospobres, têm como missão anunciar-lhes a paz e a justiça que vem como Reino de Deus. Aos homens que,neste mundo de crise e desamparo,continuam marcados pelo infortúnio,como desempregados, refugiados,excluídos e vítimas de cada vezmais refinadas formas de pobreza,devem dar razões à esperança deum mundo mais justo e fraterno.A Conferência Episcopal exorta, emCristo, os herdeiros do carisma deS. Vicente de Paulo, em Portugal, asentirem-se comprometidos comtodas as situações que degradam adignidade do homem. À luz damensagem de misericórdia de quedá testemunho o pontificado doPapa Francisco, crentes e nãocrentes estão agora mais atentos àdesumanidade das periferiashumanas e existenciais. Caminha aoencontro dessa mensagem de amormisericordioso o carisma vicentino,que deve colocar o mundo dospobres no centro de atenção detodos os cristãos e homens de boavontade. Fátima, 10 de novembro de 2016

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Seminários Portugueses onlineEm plena semana dos Seminários edecorridos três anos desde a últimaobservação que realizei à presençavirtual dos seminários das diocesesde Portugal, fui de novo perceber asua presença na internet.Se iniciarmos o nosso périplo pelosul do país só chegados aopatriarcado é que encontramos umseminário com presença online. Aodigitarmos ohttp://seminarios.patriarcado-lisboa.pt/ acedemos a umextraordinário espaço virtual sejapelos conteúdos apresentados, bemcomo pela qualidade gráfica. Alémdas informações estáticas e naturaisdispomos ainda de uma áreavocacional muito bem conseguida.Um pouco mais acima encontramoso seminário da diocese de Leiria –Fátima disponível emwww.seminariodeleiria.pt. Apesar degraficamente ser um espaçoagradável, os conteúdosapresentados estão a necessitar deserem revistos.Na zona centro do país entramos nadiocese de Coimbra através doendereço http://pvsacerdotal-coimbra.weebly.com. Este sítioencontra-se com informações clarasrelativas projeto vocacionaldesenhado, já merecendo,

na nossa opinião, um espaço virtualexclusivo e com um design maisatual.Subindo mais um pouco, paramosna diocese de Aveiro, onde oSeminário de Santa Joana Princesa(http://seminarioaveiro.org/) tambémestá presente, dispondo deinformações atualizadas econteúdos relevantes, numambiente bastante agradável.Chegados à diocese do Porto o sítiodo Seminário do Bom Pastor(www.seminariodobompastor.pt)encontra-se atualizado e comconteúdos bastante relevantes. Defacto são imensas as informaçõesque aqui podemos encontrar, sendoque se denota um cuidado naorganização e estruturação dasmesmas.Outro seminário com uma presençadigital relevante e que merece umavisita cuidada e atenta é o daArquidiocese de Braga(www.fazsentido.com.pt). Desde odesign apresentado até aosconteúdos disponíveis, revela-seuma forte presença online.Na diocese mais a norte temos apresença do seminário de São Joséde Bragança-Miranda(http://seminariobm.weebly.com/).

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Apesar de ser positiva a existênciade um sítio online do semináriodiocesano, considero que deveráexistir um cuidado nas atualizações.Passados agora para as diocesesdas nossas ilhas, temos a agradávelpresença do seminário Funchal(www.seminariofunchal.com) quepossui um espaço devidamenteatualizado e com informaçõesrelevantes.Por ultimo, o sítio do seminárioEpiscopal de Angra(www.seminariodeangra.pt)apresenta uma qualidade gráficamuito bem conseguida e todos osconteúdos atualizados eorganizados.Se olharmos para o artigo queescrevi há três anos atrás notamosque

algumas dioceses descuraram umpouco a presença online, mastambém se percebe o esforço queoutras fazem para se manterem comuma qualidade extraordinária. Numaanálise numérica relativa à presençadigital dos diversos semináriosdiocesanos nacionais atualmenteapenas nove se encontramdisponíveis, num total de vintedioceses.Permitam-me lançar a questão emtom de desabafo: na semana emque muito se escreve e reflete sobreos nossos seminários, não farásentido as nossas diocesesdedicarem um pouco do seu esforçoem reforçar, também, a suapresença no ambiente digital?

Fernando Cassola Marques

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Revista católica «Communio»publica edição dedicada à «Kenose»

A Revista Internacional Católica‘Communio’ publicou o seu númeromais recente dedicado ao“importante” tema ‘Kenose’, quepode ser “pouco familiar” dosleitores segundo o comunicado àimprensa enviado à AgênciaECCLESIA.

Os responsáveis pela publicaçãointernacional católica começam porexplicar que o termo grego ‘Kenose’designa o “despojamento” dos“privilégios divinos” de Jesus, filhode Deus, ao assumir a condiçãohumana por “amor, ideal de dádiva”aos

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outros que Cristo tambémapresentou aos discípulos.Os aspetos bíblicos e doutrinais sãoda responsabilidade do exegetafranciscano Bernardo Corrêad’Almeida sobre “Kenose e o quartoEvangelho” e os filósofos Jean-LucMarion e Manuel Sumares escrevemsobre a “trindade” e a “apofatismo eestatuto ontológico da Igreja”Numa seleção e tradução própriaLuís Filipe Thomaz comenta narevista ‘Communio’ três textos doteólogo ortodoxo russo SérgioBulgakov (1871-1944) sobre a‘kenosis de Deus Padre’.A importância da ‘Kenose’ para amissão cristã e para a arte éapresentada, respetivamente, nosartigos do padre alemão GisbertGreshake e do ensaísta e critico dearte francês Philippe Sers; ambosos textos foram traduzidos por MariaC. Barroso.Em’depoimentos’, os aspetosconcretos da “dedicação” aosrefugiados e ao cuidado pelosdoentes terminais são tratados pelopadre Jesuíta Luís Ferreira doAmaral, que entre 2011 e 2013trabalhou no serviço da Companhiade Jesus aos

refugiados, e capelão do Hospital deSanta Maria e do Hospital PulidoValente, o padre Dehoniano AntónioPedro Monteiro.Já a economista Lina Fragosopartilha a experiência social dodesemprego e também a perda dospais no texto ‘Porque sim!’ que é umtestemunho pessoal.O número 4 de 2015, da RevistaInternacional Católica ‘Communio’,na seção ‘Perspectivas’, propõe doisartigos que ajudam a “entender asrazões que levaram” o PapaFrancisco a convocar o Jubileuextraordinário da Misericórdia quevai terminar a 20 de novembro, noVaticano.A primeira reflexão ‘misericórdia –sem hipocrisia’ é do cardeal alemãoKarl Lehmann, e ‘a misericórdia doPadre Brown’, a figura criada peloescritor Gilbert Keith Chesterton - G.K. Chesterton – é apresentada porIrène Fernandez, doutorada emLetras que faz parte da redação daedição francesa da ‘Communio’.

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II Concílio do Vaticano: «As Folhasrecolhidas» do padre Manuel ÁlvaroMadureira

O II Concílio do Vaticano teve o seu encerramento em1965, mas muitas reflexões emanadas destaassembleia magna (1962-65) já tinham sidoprojetadas por alguns membros da hierarquia daIgreja portuguesa. Um deles foi o padre Manuel ÁlvaroMadureira (1916-2009) distinto sacerdote da Diocesedo Porto.Este padre da diocese duriense – que lecionou noSeminário do Porto e foi diretor do jornal «VozPortucalense» - ajudou a formar gerações de cristãos.Naquele jornal da diocese, o padre Manuel ÁlvaroMadureira tinha uma rubrica intitulada «Folhasrecolhidas». Num dos textos (10 janeiro de 1970), oreferido sublinha que «Os animais possuem algumasqualidades superiores às dos homens. O olhar dolince é mais penetrante, a gazela mais veloz, oelefante mais forte… Qualidades físicas e outras que,por comodidade, podemos chamar morais.» Valoresque a sociedade contemporânea vai esquecendo eque o articulista defendia, de forma acérrima, atravésda sua pena.Para o padre Álvaro Madureira, as doutrinas ousistemas, conjuntos de ideias ou aspirações, “sóinteressam ao homem se encarnarem”. Mesmoreligiosamente, “há acentuada tendência, para ahumanização de Deus”. “Mas encarnar é temporalizar-se”. Quando se fala de intemporalidade docristianismo, entende-se “a capacidade de encarnarem todos os tempos, e não apenas num tempo, paramorrer”. Segundo o sacerdote do Porto,destemporalizar é desencarnar, e desencarnar éinutilizar”.

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Ordenado em 1939, esteprofessor e prefeito doSeminário de Nossa Senhorada Conceição escreveu umcomentário curioso sobre afigura de D. António FerreiraGomes aquando das bodas deprata episcopais do «famosobispo do Porto». Merecem sertranscritas e lidas refletidas: “Obispo do Porto foi muitodiscutido: maximizado por uns,minimizado por outros”.“Saudamos nele um bispo devanguarda (tão necessárianesta terra de retaguardistas),dotado de invulgaresqualidades de inteligência ecultura, persistente pregoeirode altos valores humanos ecristãos, prestigiado eprestigiante chefe religiosodesta gloriosa diocese”.No mesmo semanário, o padreÁlvaro Madureira escreveu queos cristãos “não são seresparados, à espera de quemlhes venha bater à porta: Sãoanunciadores dinâmicos dapalavra”. No entanto, com odecorrer dos tempos, “com ainstalação em bons lugares,com o acomodamento asituações criadas, amolecerammuitos, que somente conhecema lei do menor esforço”.

Não foram estas as diretivas que oconcílio convocado pelo Papa João XXIII econtinuado pelo Papa Paulo VI deixou àIgreja? O que mais se vê éacomodamento…

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novembro 201612 de novembro. Aveiro - Seminário de Santa JoanaPrincesa - A XVIII edição do FórumEcuménico Jovem (FEJ) realiza-se,no Seminário de Santa JoanaPrincesa, em Aveiro, e tem comotema «Dai-lhes vós mesmos decomer». . Fátima - Casa Nossa Senhora doCarmo- Ordem FranciscanaSecular promove encontro deministros e conselheiros (termina a13 de novembro) . Lisboa - Lumiar (MonjasDominicanas) - Conferência «Odesejo como arte e a arte como fé?» por Luís Miguel Cintra integradano ciclo «Viver uma mística de olhosabertos». . Guarda - Seminário da Guarda - OSecretariado das Missões daDiocese da Guarda vai promoveruma ação de formação paraanimadores e agentes da missãocom o tema: «Missão… ir maisalém», no Seminário daquelacidade. . Açores - Ilha do Faial - A ilha doFaial vai realizar o jubileu dos corosdaquele território do arquipélago

dos Açores que coincide com o 4ºencontro de coros. (termina a 13 denovembro) . Vaticano - Aula Paulo VI - Ocompositor Ennio Morricone dirige,na Aula Paulo VI, (Vaticano) dia 12de novembro, a segunda edição doconcerto «com os pobres e para ospobres». . Coimbra - Auditório do InstitutoSuperior de Contabilidade eAdministração da cidade – AComissão Justiça e Paz da Diocesede Coimbra promove um colóquiosobre a encíclica «Laudato Si» doPapa Francisco, no auditório doInstituto Superior de Contabilidade eAdministração da cidade. . Açores - Ilha de São Miguel (PontaDelgada) - A Ouvidoria de PontaDelgada, na Diocese de Angra, naIlha de São Miguel encerra o Jubileuda Misericórdia com uma Eucaristiae momentos de adoração em duasigrejas da cidade. . Peniche – Baleal, 14h30 - Bênçãode surfistas na Praia do Baleal pelopadre Ricardo Figueiredo.

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. Braga – Sé, 21h30 - Cânticos aNossa Senhora do Sameiro na Séde Braga e lançamento do livro«Subimos Jubilosos a Cantar». 13 de novembro. Beja - A Diocese de Beja vaihomenagear D. António Vitalinopara agradecer os 17 anos do seuministério episcopal naqueleterritório do Alentejo. . Bragança – Sé - Encerramento doAno da Misericórdia e da Semanados Seminários . Guarda – Sé, 16h00 - O bispo daGuarda, D. ManuelFelício, encerra o Ano daMisericórdia com ofertório para oHaiti. . Setúbal - Almada (Santuário deCristo Rei), 16h30 - Eucaristia deencerramento do Jubileuextraordinário da Misericórdiapresidida pelo Bispo de Setúbal, D.José Ornelas de Carvalho. . Lisboa - Cinema São Jorge, 17h00- A Fundação São João de Deus(FSJD) organiza um concertosolidário com o objetivo de chamar aatenção para a dificuldade deintegração da pessoa com a doençamental na sociedade.

. Porto, 17h30 - O bispo do Porto, D.António FranciscoSantos, caminha com os sem-abrigoentre a estação de São Bento e aSé. 14 de novembro. Fátima - Assembleia dossuperiores dos Institutos Religiosos(termina a 15 de novembro) . Guarda - Gouveia (ConventoRainha do Mundo) - Retiro dossacerdotes da Diocese daGuarda, orientado pelo padreAntónio Lopes. (termina a 18 denovembro) . Lisboa – UCP – 18h00 - Com otítulo «Joga-se aqui o essencial. Umolhar sobre o que somos» vai serapresentada, a obra de D. ManuelClemente, no auditório CardealMedeiros, Universidade CatólicaPortuguesa, em Lisboa. 15 de novembro. Diocese deAngra promove peregrinação àTerra Santa presidida pelo bispo deAngra (até 22 de novembro) . Lisboa - Capela do Rato, 21h00 - O violoncelo e a palavra sagradaem diálogo na Capela do Rato, emLisboa

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- A Sé de Aveiro vai acolher este sábado, pelas 21h30,um concerto de encerramento do Ano Santo daMisericórdia, numa parceria entre a ComissãoDiocesana da Cultura e a paróquia anfitriã de NossaSenhora da Glória. - D. Manuel Clemente vai apresentar no dia 14 denovembro, pelas 18h00 no auditório CardealMedeiros, da Universidade Católica Portuguesa emLisboa, o livro “Joga-se aqui o essencial - Um olharsobre o que somos”. - O Instituto Universitário Justiça e Paz, em Coimbra,vai receber no dia 16 de novembro a conferência“Religiões e (In)Felicidade”, com intervenção do padreAnselmo Borges. - A Casa da Música, no Porto, vai apresentar no dia 19de novembro a partir das 18h00 na Sala Suggia, aoratória “A Criação”, de Franz Joseph Haydn, atravésde um espetáculo de música coral sinfónica comelenco internacional, dirigido por Douglas Boyd.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h00Domingo, 13 de novembro- 500 anos de Lutero Segunda-feira, dia 14, 15h00 - Entrevista ao padre NunoRosário Fernandes, MatildeTrocado e Pedro Castro sobreos 300 anos da qualificaçãopatriarcal da Diocese deLisboa e o musical "Partimos.Vamos. Somos" Terça-feira, dia 15, 15h00 - Informação e entrevistaa Catarina Martins Bettencourt sobre o Relatório daLiberdade Religiosa. Quarta-feira, dia 16, 15h00 - Informação e entrevistaao padre Manuel Morujão sobre o Jubileu daMisericórdia Quinta-feira, dia 17, 15h00 -Informação e entrevistaao padre Rui Valério sobre o Jubileu da Misericórdia. Sexta-feira, dia 18, 15h00 - Análise à liturgia dedomingo com o cónego António Rego e o padreArmindo Vaz. Antena 1Domingo, dia 13 de novembro - 06h00 - 50 anosFocolares Segunda a sexta-feira, dias 14 a 18 denovembro - 22h45 - Obras de Misericórdia: Dardecomer a quem tem fome; Dar de beber a quem temsede; Vestir os Nus; Consolar os tristes e Enterrar osMortos

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Ano C – 33.º Domingo do TempoComum Retomar a fécomentusiasmo

O Evangelho deste trigésimo terceiro domingo dotempo comum oferece-nos uma reflexão sobre opercurso que a Igreja é chamada a percorrer, até àsegunda vinda de Jesus. No meio de dificuldades eperseguições, mas sempre com a ajuda e a força deDeus, os discípulos em caminhada na história sãochamados a comprometer-se na transformação domundo, de forma a que a velha realidade desapareçae nasça o Reino de Deus.Jesus apresenta sinais do fim do mundo: «há deerguer-se povo e reino contra reino. Haverá grandesterramotos e, em diversos lugares, fomes eepidemias». No nosso tempo, descobrimos tambémsinais semelhantes a estes. Há grandes epidemias egraves atentados à vida e à dignidade humana. Muitascoisas podem servir para manipular o medo e aangústia das pessoas. Há toda uma panóplia deseitas. Até no cristianismo vemos surgir regularmenteaparições de várias espécies, mas apenas algumassão reconhecidas pela Igreja.O regresso do religioso toma muitas vezes a forma deprocura de sinais milagrosos, de predições sobre tudoe sobre nada. Hoje não faltam magos, adivinhos,cartomantes, astrólogos e gurus de toda a espécie.Quem nunca leu um horóscopo? O esoterismo está namoda. E, para tranquilizar a consciência, até seprocura apoio para isso nas palavras de Jesus.Mas Jesus adverte-nos: «Tende cuidado; não vosdeixeis enganar, pois muitos virão em meu nome edirão: "sou eu"; e ainda: "O tempo está próximo". Nãoos sigais».Em São Mateus, precisa mesmo: «surgirão falsosCristos e falsos profetas, que produzirão grandessinais e prodígios, a ponto de abusar, mesmo oseleitos». São Paulo diz também que Satanás sedisfarça em anjo de luz.

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Somos convidados a resistir a estastentações de andar atrás de sinaisestranhos e mirabolantes. O nossofuturo não está inscrito nem nosastros, nem nas cartas, nem naslinhas da mão. O nosso futuro, quedeve ser já assumido no presente,está em Jesus. Um futuro deeternidade que nos empenha jánesta vida, como nos provoca asegunda leitura.Queremos sinais? Só temos um: amorte e a ressurreição de Jesus,que nos são dadas em cadaEucaristia e que são a prova últimae definitiva do amor de Deus pornós. É verdade que este sinal só sepode reconhecer

na fé. O próprio Jesus sequestionou: «O Filho do Homem,quando vier, encontrará a fé sobre aterra?»A nossa primeira preocupação deveser vivificar a nossa fé, reencontrara intimidade com Jesus: «Jesus, eucreio, mas aumenta a minha fé!»Que assim seja ao longo destasemana, quase a terminar o terceirociclo da liturgia. Procuremos retomaro dom da fé com entusiasmo e comtoda a coragem de a testemunharnos lugares e espaços quehabitamos.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

Somos convidados a resistir a estas tentações de andar atrás de sinais estranhos e

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Somos convidados a resistir a estas tentações de andar atrás de sinais estranhos emirabolantes. O nosso futuro não está inscrito nem nos astros, nem nas cartas, nem naslinhas da mão. O nosso futuro, que deve ser já assumido no presente, está em Jesus.Um futuro de eternidade que nos empenha já nesta vida, como nos provoca a segundaleitura.Queremos sinais? Só temos um: a morte e a ressurreição de Jesus, que nos são dadasem cada Eucaristia e que são a prova última e definitiva do amor de Deus por nós. Éverdade que este sinal só se pode reconhecer na fé. O próprio Jesus se questionou: «OFilho do Homem, quando vier, encontrará a fé sobre a terra?»A nossa primeira preocupação deve ser vivificar a nossa fé, reencontrar a intimidadecom Jesus: «Jesus, eu creio, mas aumenta a minha fé!»Que assim seja ao longo desta semana, quase a terminar o terceiro ciclo da liturgia.Procuremos retomar o dom da fé com entusiasmo e com toda a coragem de atestemunhar nos lugares e espaços que habitamos. Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

Portugal no encontro de sem-abrigode todo o mundo com o Papa

O presidente da Cáritas Portuguesadisse que Portugal vai participarcom uma delegação de 160pessoas na celebração do ‘Jubileudas Pessoas SocialmenteMarginalizadas’, entre 11 e 13 denovembro, seis dos quais vão serrecebidos pelo Papa.Eugénio Fonseca referiu que entreos participantes de Portugalencontram-se algumas pessoas que“vivem na rua, outras em quatrosque as instituições conseguiramalugar” e também as que residemnas próprias instituições.“Pessoas em processo de procurade novo projeto de vida, mais dignopara a sua condição de serpessoas”,

acrescentou, assinalando queexistem outras pessoas que aindaestão “nessa busca e este encontropoderá ser muito importante”.De Portugal participam cinco Cáritasdiocesanas, nomeadamente a deLisboa, a Comunidade Vida e Paz, aSanta Casa da Misericórdia deLisboa, O Ninho e O companheiro.A celebração do jubileu dedicado àspessoas sem-abrigo e as que seencontram em diferentes situaçõesde precariedade e pobreza é oúltimo grande encontro antes dascelebrações que encerram o AnoSanto Extraordinário, a 20 denovembro.

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Bispo do Porto convida os sem-abrigo da cidade a passar a Porta daMisericórdiaO bispo do Porto convidou os sem-abrigo da cidade para umacaminhada entre São Bento e a Sé,este domingo, numa peregrinação àPorta da Misericórdia da catedral,pedindo “respostas estruturais” paratirar as pessoas da rua.Numa mensagem enviada à AgênciaECCLESIA, D. António Franciscoafirma que a celebração do Jubileudas Pessoas Sem-abrigo, no dia 13de novembro, acontece “emcomunhão” com o Papa Francisco,que nesse dia se encontra commarginalizados de todo o mundo.Entre os dias 11 e 13, decorre emRoma o Jubileu das PessoasSocialmente Marginalizadas.“Em comunhão com o Santo Padree toda a Igreja viveremos no dia 13de novembro a Celebração doJubileu das Pessoas sem-abrigo.Desejamos fazer chegar o abraçoimenso da Misericórdia de Deus aosnossos irmãos que vivem estasituação de particular fragilidade”,refere D. António Francisco nodocumento.Para o bispo do Porto, a situação de“graves carências de índoleeconómica e social” que Portugalatravessa motiva à realização

deste Jubileu como umaoportunidade para acordar as“consciências adormecidas” peranteas dificuldades das pessoasmarginalizadas.A caminhada em direção à catedralinicia com uma concentração às17h30, no início da rua do Corpo daGuarda, em frente à Estação de S.Bento.

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Jovens cristãos fazem festado ecumenismo em AveiroO Fórum Ecuménico Jovem (FEJ)tem como tema ‘Dai-lhes vósmesmos de comer’ e vai congregarjovens cristãos de todo o país estesábado, 12 de novembro, noSeminário de Santa Joana Princesa,na Diocese de Aveiro.Esta é a 18.º FEJ e para chegar aao Seminário de Santa JoanaPrincesa, em Aveiro, basta seguircolocar no GPS: 40.634077 , -8.658018

O tema é a ordem de Jesus "Dai-lhes vós mesmos de comer" (Mt. 14, 16) esurgiu na sequência da temática nacional do ano de 2016, votada aocombate ao desperdício alimentar.Do programa deste FEJ, que congregará jovens vindos de todo o país,constam um momento de acolhimento, uma exposição bíblica do tema,encontro de reflexão em grupos, workshops e uma celebração ecuménica deencerramento e envio.Os jovens não pagam inscrição, mas são convidados a trazer algo paraoferecer à Instituição 'Horinhas do Vouga', bem como pic-nic para o almoçopartilhado.A Organização é da responsabilidade dos Departamentos Juvenis dasIgrejas Católica, Lusitana (Comunhão Anglicana), Metodista e Presbiteriana.A Equipa Ecuménica Jovem

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Somália: o país africano onde há apenas uma igrejacatólica

A fé na clandestinidadeInfelizmente são muitos ospaíses no mundo onde oscristãos são perseguidos. ASomália é um deles. Ameaçadospor grupos jihadistas, oscrentes são obrigados a viver asua fé clandestinamente. Nestepaís do chamado “Corno deÁfrica”, em que até o Natal foiproibido, há apenas uma igrejacatólica e não mais de 10pessoas arriscam ir até lá pararezar. São muito poucos os cristãos naSomália. Mas todos eles estãoameaçados. Rezar neste país do“Corno de África”, onde a Igrejacatólica é perseguida há quase trêsdécadas, pode significar a morte.Ainda no ano passado, o governoproibiu até as celebrações do Natalpor serem contrárias à fémuçulmana, medida que muitosviram como uma perigosa cedênciaaos grupos terroristas que anseiamtransformar o país numprotectorado gerido com mão deferro pela “sharia”, nomeadamenteo temível Al-Shaabab, ligado à AlQaeda. É neste contexto que vivemos Cristãos na Somália. Osconstantes ataques empurraram aigreja para a quase clandestinidade.Neste país, os cristãos são

perseguidos, ameaçados, mas nãodesistem. Ainda agora, conseguiramreabrir, ao fim de décadas, apequena igreja de Santo António nacidade de Hargeisa, na chamadaSomalilândia, uma região autónomasituada no Norte da Somália e juntoao Djibuti. Milagre de santo AntónioA reabertura deste templodificilmente seria notícia não fosse ocaso de ser o único espaço de cultoexistente em todo o país. D. GiorgioBertin, administrador apostólico deMogadíscio e bispo de Djibouti,conta esta história à Fundação AIS.“A Igreja foi construída peloscapuchinhos em 1950. Antes dolevantamento dos rebeldes contraas autoridades somalis emMogadíscio, eu celebrava lá pelomenos três vezes ao ano... depois,ficou muito perigoso. Em Janeiro,entrei em contacto com asautoridades, e expliquei quegostaríamos de reabrir a igreja eque usaríamos o espaço tambémcomo lugar de actividadeshumanitárias.” E a proposta foiaceite. A reabertura da Igreja é umavitória, apesar de

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serem poucas as pessoas que têmido às missas. “São umas 10, nomáximo, contudo isso não diminui aimportância de haver um lugar deculto” na Somália. Consagrada aSanto António, esta Igreja é comoque um sinal do atrevimento dosque não se deixam amedrontar peloterrorismo. Na Somália, a fé é vividaclandestinamente por um númeroínfimo de cristãos que são, até porisso, um exemplo de coragem paratodos nós. D. Giorgio Bertin sabeque os cristãos do seu país nãoestão abandonados, que podemcontar sempre com as orações e agenerosidade dos benfeitores eamigos da Fundação AIS. Foi com asua ajuda, aliás, que se reconstruiua Igreja em Hargeisa e não será deestranhar que, com a intercessãode Santo António de Lisboa, um diavenha a ser possível rezar àsclaras, sem medo de atentados, deviolência e de morte na Somália. Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Angola…por mais justiça

Tony Neves Espiritano

Angola celebra o aniversário da independência,a 11 de novembro. Foi em 1975. Faz muitotempo. Até 2002 foi difícil viver-se em Angola porcausa da guerra civil. Com o cessar fogo,abriram-se as estradas e rasgaram-se novoscaminhos em direcção ao futuro. A paz do fim doscombates, essa já chegou e esperamos quetenha vindo para ficar. Mas a paz dos corações,aquela que nasce de uma reconciliaçãoprofunda, essa ainda é um projecto emconstrução. As feridas profundas de uma longa ecruel guerra civil não são fáceis de cicatrizar. E aprática habitual de atirar os problemas paradebaixo do tapete não os resolve, adia-os,agravando-os. Também a paz que nasce dajustiça e a aperfeiçoa, essa também ainda nãochegou a Angola. Todos os indicadores apontampara um país de contrastes sociais gritantes, commeia dúzia de angolanos (e não só!) a sersenhores de quase tudo, quando o povo não temquase nada e nem sequer pode gritar muito altoa clamar pelos seus direitos e dignidade. Estáainda por percorrer – diria Mandela – o longocaminho para a liberdade. E também para umademocracia que seja, na realidade, poder dopovo, mesmo que a actual governação resulte dovoto em dia de eleições.Se não gostasse de Angola e dos angolanos,nem sequer deixava que esta data me marcasse.Mas gosto, e muito! É a minha segunda pátria ehabituei-me a fazer festa com as alegrias deAngola e a chorar com as desgraças dosangolanos. Quero continuar assim.

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Por isso, preocupa-me muito oquadro traçado pelos Bispos deAngola, na última AssembleiaPlenária e destaco algumas dasmuitas preocupações salientes: ‘acrise económico-financeira continuaa afectar o poder de compra dasfamílias, agravando ainda mais apobreza, o desemprego e algumdesespero entre a população;assiste-se a uma desflorestaçãovasta, simultânea e generalizada emtodo País com o abate industrial deárvores e outras práticas hostis àbiodiversidade, perigandogravemente o futuro do nosso meioambiente e das gerações vindouras;a desumanidade com que estão aser feitas as demolições, deixandofamílias inteiras a mercê da misériae do sofrimento, bem como amanutenção por tempoindeterminado de famílias diferentesnuma mesma casa; a ocupaçãoprepotente de grandes extensõesde terras para fins agro-industriaisinconfessos e gananciosos, comtotal

desrespeito para com ascomunidades aí residentes que,impotentes, assistem a destruiçãodas suas zonas de transumância, deagricultura familiar e até dos seuscemitérios, gerando não poucosconflitos; a falta gritante demedicamentos nos hospitaispúblicos é outro grande problemaque está na base do aumento dataxa de mortalidade, sobretudo,infantil e do recurso à prática dafeitiçaria; o desemprego galopanteentre os jovens que está a provocaro desespero, incertezas e oaumento da criminalidade e assaltosviolentos em todo o País’.Apesar de todos estes sinais depreocupação, Angola está cheia defuturo, se os governantes e o povoquiserem dar o seu melhor.Parabéns e coragem! Dou graças aDeus pelo grande dom daindependência. Felicito Angola portodos os passos já dados nadirecção da liberdade, dademocracia, da justiça, da paz e dodesenvolvimento.

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