história das literaturas portuguesa e brasileira cáráter pendular (aula)
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03/05/2023 rafabebum.blogspot.com
HISTÓRIA DAS LITERATURAS PORTUGUESA E BRASILEIRA
Caráter pendular da Literatura
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Alternâncias na visão de mundo
RAZÃO EMOÇÃO
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Idade Média - Trovadorismo
Estes meus olhos nunca perderán,senhor, gran coita, mentr'eu vivo for.E direi-vos, fremosa mia senhor,destes meus olhos a coita que han: choran e cegan quand'alguén non veen, e ora cegan per alguén que veen.
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Renascimento (razão)
-equilíbrio-cultura clássica-universalismo
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Texto 1 Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho, logo, mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está liada. Mas esta linda e pura semideia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim com a alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; E o vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples, busca a forma.
(CAMÕES)
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Barroco (predomina a emoção)
-Arte do conflito- Época da Inquisição
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Texto 2
É a vaidade, Fábio, nesta vida,Rosa, que da manhã lisonjeada,Púrpuras mil, com ambição dourada,Airosa rompe, arrasta presumida.
É planta, que de abril favorecida,Por mares de soberba desatada,Florida galeota empavesada,Sulca ufana, navega destemida.
É nau enfim, que em breve ligeireza,Com presunção de Fênix generosa,Galhardias apresta, alentos presa:
Mas ser planta, ser rosa, nau vistosaDe que importa, se aguarda sem defesaPenha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
(Gregório de Matos)
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Texto 3 Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; Sem causa, juntamente choro e rio, O mundo todo abarco, e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto: Da alma um fogo me sai, da vista um rio; Agora espero, agora desconfio; Agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Céu voando; Num'hora acho mil anos, e é de jeito Que em mil anos não posso achar um'hora. Se me pergunta alguém porque assi ando, Respondo que não sei, porém suspeito Que só porque vos vi, minha Senhora.
(CAMÕES)
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Arcadismo ou Neoclassicismo (razão)
-retomada dos princípios da Antiguidade clássica- “carpe diem” em contato com a natureza
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Texto 4 Ornemos nossas testas com as flores, e façamos de feno um brando leito;prendamo-nos, Marília, em laço estreito, gozemos do prazer de sãos amores.
Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre;e para nós o tempo que se passa
também, Marília, morre.
(Tomás Antônio Gonzaga)
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Romantismo (emoção)
- evasão, escapismo-valorização do sonho, da fantasia- retorno ao passado- idealização da mulher
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Texto 5
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
(José de Alencar)
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Realismo / Naturalismo / Parnasianismo (razão)
-observação direta-crítica social
Naturalismo: exagero científico
Parnasianismo: valorização extrema da forma perfeita (“arte pela arte”); retomada dos princípios clássicos
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Texto 6
Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria, que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia. O pároco era um homem sanguíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica - que o detestava - costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
- Lá vai a jiboia esmoer. Um dia estoura!Com efeito, estourou (...)
(Eça de Queirós)
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Texto 7 Esta, de áureos relevos, trabalhadaDe divas mãos, brilhante copa, um dia,Já de aos deuses servir como cansada,Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendiaEntão e, ora repleta ora esvazada,A taça amiga aos dedos seus tiniaToda de roxas pétalas colmada.
Depois. Mas o lavor da taça admira,Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordasFinas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga liraFosse a encantada música das cordas,Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.
(Alberto de Oliveira)
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Simbolismo (emoção)
-plenitude da emoção-misticismo-cor branca
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Texto 8
Mãos de finada, aquelas mãos de neve,De tons marfíneos, de ossatura rica,Pairando no ar, num gesto brando e leve,Que parece ordenar, mas que suplica.
Erguem-se ao longe como se as eleveAlguém que antes os altares sacrifica;Mãos que consagram, mãos que partem breve,Mãos cuja sombra nos meus olhos fica ...
Sinto-as agora, ao luar, descendo juntas,Grandes, magoadas, pálidas, tateantes,Cerrando os olhos das visões defuntas...
Mãos de esperança para as almas loucas,Brumosas mãos que vêm brancas, distantes,Fechar ao mesmo tempo tantas bocas...
(Alphonsus de Guimaraens)
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Modernismo (busca do equilíbrio)
-várias etapas, fases ou gerações
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Texto 9
Quando o português chegouDebaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena!Fosse uma manhã de solO índio tinha despido O português.
(Oswald de Andrade)
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Texto 10 Para que viesteNa minha janelaMeter o nariz?Se foi por um versoNão sou mais poetaAndo tão feliz! Se é para uma prosaNão sou AnchietaNem venho de AssisDeixa-te de históriasSome-te daqui.
(Vinícius de Morais)
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Texto 11 (...) Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Graciliano Ramos)