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QUINTA-FEIRA 26.12.2013 oglobo.com.br OGLOBO Roteiro de verão pela Patagônia chilena reúne passeios de barco e observação de geleiras e montanhas nevadas Sobre as águas EUA. Kauai, a ilha que desponta no arquipélago do Havaí Brasil. Arte, arquitetura e café na Pinacoteca de São Paulo

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QUINTA-FEIRA 26.12.2013oglobo.com.br

OGLOBO

Roteiro de verão pela Patagônia chilenareúne passeios de barco e observação de geleiras e montanhas nevadas

Sobre as águas

EUA. Kauai, a ilha que desponta no arquipélago do Havaí

Brasil. Arte, arquitetura e café na Pinacoteca de São Paulo

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Um outromundo

Lagos azuis, picosnevados, camposverdejantes emontanhas de geloformam a paisagemsingular da Patagônia chilena

Azulado. A geleira Serrano,em passeio feito a partir dapequena Puerto Natales

Esverdeado. A água dodegelo corta a vegetação noParque Torres del Paine

No bote. Turistas aguardamcom atenção o fenômeno dodesprendimento

Puerto Natales. Casinhascoloridas usam madeira comoproteção para o clima frio

A frota liderada por Juan Ladril-lero estava praticamente ar-ruinada, em fins de 1558,quando o navegador espanholjuntou as forças que restavamna tentativa de superar o labi-

rinto de ilhas e canais que havia consumidodois anos de viagem. Era sua última esperan-ça de cumprir a missão de atingir o Estreitode Magalhães e percorrê-lo de ponta a ponta,mas tudo que o navegador espanhol conse-guiu foi dar num beco sem saída repleto degeleiras. Voltou de lá frustado, sem imaginarque mais de quatro séculos depois as terrasque descobrira, batizadas de Última Esperan-ça, se tornariam um dos principais destinosdos viajantes modernos que desembarcamna Patagônia Chilena.

Ladrillero é hoje uma placa de bronze emPuerto Natales, capital da província ÚltimaEsperança e porta de entrada do Parque Naci-onal Torres del Paine e de canais patagônicosque levam às gigantes geleiras. Para chegaraté lá, é preciso vencer de carro os 247 km queseparam a cidadezinha do aeroporto maispróximo, de Punta Arenas, experimentando asensação única de correr a Rota do Fim doMundo com seu clima inóspito — em poucashoras, pode fazer sol, nevar e chover gelo,com um vento cujas rajadas chegam facil-mente a 180 km/h — e paisagens povoadasde ovelhas e guanacos. O esforço compensa:lagos azuis, picos nevados sobre campos deum verde exuberante (às vezes cobertos deflores) e montanhas de gelo fazem desse lu-gar não o fim, mas um outro mundo. l

FOTOS DE LUDMILLA DE LIMACHICO OTÁVIO

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Desde que os primeiros nave-gadores chamaram o lugarde Patagônia, assustadoscom o tamanho das pegadas,

ou patagones, deixadas pelos índios, aregião não para de surpreender. O labi-rinto onde o espanhol Ladrillero outro-ra se perdeu é uma conjunção de fior-des, rios, canais e lagos, na qual a águareina soberana em todos os seus esta-dos naturais. É ela que cobre de brancoas montanhas geladas, forma as gelei-ras azuis, esculpe as paredes das caver-nas e se derrama na infinidade de ca-nais, drenada por grandes torneiras na-turais que encantam os visitantes e fa-zem da Patagônia uma das maiores re-servas de água doce do planeta.

Os chilenos não cansam de exaltar oesplendor dos condores, ave-símboloda Patagônia, cuja envergadura da asa

na fase adulta pode chegar a 3,5 metros.Graças a elas, são recordistas de perma-nência no ar. Os condores povoam oscampos abertos, frios e secos, as flores-tas e as montanhas patagônicas, ondealguns de seus ninhos estão ao alcancedas máquinas fotográficas. Mas é aágua, e não os pássaros, o elemento es-sencial que responde pela magia da re-gião. Não é preciso tanta sorte para ou-vi-la: vez ou outra, um bloco de gelo sedesprende e mergulha, fazendo um es-trondo ecoar pelos fiordes.

São também compostos de água dasinúmeras geleiras azuis que se espa-lham pela região, reinventando a geo-metria com sua imensa e espessa mas-sa de gelo formada em camadas suces-sivas de neve compactada e cristalizadade várias épocas.

A melhor época para visitar a Patagô-nia Chilena são os meses de primaverae verão, de outubro a abril. Embora oparque não feche no inverno, durante

essa estação há poucas opções de hotéise algumas trilhas não podem ser acessa-das. Mesmo na alta temporada, o mautempo pode abortar o passeio de PuertoNatales rumo às geleiras. Aconteceu re-centemente com a lancha do capitãoIvan Cid, ironicamente batizada de “La-drillero”, barco de um hotel para 16 pes-soas, que deu a meia volta, desencoraja-do por uma sucessão de vagas altas.

Susto nada comparável aos aventurei-ros do passado, como naturalista CharlesDarwin, que tinha apenas 22 anos quan-do embarcou no HMS Beagle, em de-zembro de 1831, para uma viagem decinco anos pelo Novo Mundo, com esca-la na Patagônia, lugar que descreveu co-mo “paisagem grandiosa”, fonte da inspi-ração para a sua teoria evolucionista.

Outra façanha europeia que deixoumarcas coube ao alemão WillenbrinkEberhard Hermann, da Silesia, a quem éatribuído o início do povoamento local.Como marinheiro de uma companhia denavegação, desembarcou nas Malvinasnos anos 1880 e deixou a empresa logodepois, para tentar a sorte criando ove-lhas nas terras geladas a oeste, na Patagô-nia. Mudou-se com a família para PuertoConsuelo, na província de Última Espe-rança, e ali criou raízes. A fazenda ondevivem até hoje seus herdeiros é um dosdestinos turísticos da região.

A elogiável infraestrutura turística temprogramas para todos os graus de dispo-sição, de spas cujas piscinas aquecidasavançam a céu aberto a caminhadas deaté seis dias, com direito a acampamentoem barracas, pelas trilhas do Parque Na-cional Torres del Paine (a três horas decarro de Natales), orgulho nacional de242 mil hectares, na qual se encontra acadeia montanhosa Del Paine, com as fa-mosas Torres del Paine — gigantes de ro-cha sedimentária e granito cercados delagos, rios, cascatas e geleiras.

Já a cidadezinha de Puerto Natales,com seus pouco mais de 19 mil habitan-tes e casinhas de madeira revestidas delatão colorido (uma proteção contra ovento), pode ser explorada a pé ou de bi-cicleta, geralmente oferecida pelos ho-téis. Se for pedalando, vale ir pela orla atéo pequeno porto de barcos de pesca,apreciando a paisagem bucólica semprecom picos gelados ao fundo, do outro la-do do mar. Dependendo da hora, vai ex-perimentar a sensação única de pedalarcontra o vento gelado no meio de um ce-nário que lembra quadros impressionis-tas. Correntes fortes, ventos cortantes,frio congelante: nada disso é obstáculoaos novos desbravadores da Patagônia. l

Torres del PaineLabirinto daságuas geladas

Navegando. Lanchas depasseio levam os visitantes a cruzar as águas da região

Neve. Turista curte os flocosque caem sobre o parque, comclima instável, mesmo no verão

Gelo. Grandes blocos de corazulada formam paisagens queencantam os visitantes

Fauna. O guanaco, mamíferoparente da lhama, habita o parque nacional chileno

Na estrada. Gaúcho toca a boiada na Ruta del Fin delMundo, caminho que leva aTorres del Paine

FOTO

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LUDMILLA DE LIMA

LUDMILLA DE LIMA

Chico Otávio viajou a convite do hotel TheSingular Patagônia

NA WEBoglobo.com.br/boa-viagem

Outras fotos da fauna da Patagônia

CHICO OTÁVIO PUERTO [email protected]

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Àmedida que a cida-dezinha de PuertoNatales fica cadavez menor lá atrás,

começam a aparecer na rotado navio os primeiros blocos(ainda pequenos) de geloboiando no mar. São apenaso aperitivo do que está por virna viagem pelos canais pata-gônicos do chamado Campode Gelo Sul. O Skorpios III,uma embarcação confortávelcom capacidade para cercade 100 passageiros, zarpa deseu pequeno porto própriono fim do dia e, à noite, a es-curidão toma conta da paisa-gem, onde não há barcosnem vilas em volta. Depoisde um jantar regado a vinhona companhia do capitãoLuis Antonio Kochifas Conu-ecar, o melhor a fazer é des-cansar: na manhã seguinte,

começa a verdadeira aventu-ra desse cruzeiro, cujo espe-táculo maior são as geleiras.

Os sinais da aproximaçãode uma geleira chegam como barulho dos blocos de gelobatendo no casco do navio,mais robusto que o normaldevido ao tipo de navegação.O primeiro gigante de gelo vi-sitado na chamada Rota Ex-ploradores Kaweskar, nomeem homenagem aos habitan-tes originais da região, éAmalia. Para os marinheirosde primeira viagem por essasbandas geladas, a enormegeleira azul parece saída di-retamente da animação “AEra do Gelo”. A Amalia tempor volta de três quilômetrosde extensão (para quem a vêde frente), mais 11 quilôme-tros para dentro da monta-nha. Nos últimos dez anos,sofreu uma redução abruptaem razão dos invernos commenos neve, perdendo 1,5quilômetro no total. Quem

conta é a tripulação do navio,que viaja desde 2003 nessarota. Em média, todo o Cam-po Sul, localizado ao norte dePuerto Natales, perde 14 qui-lômetros cúbicos de gelo porano em consequência dasmudanças climáticas ocorri-das na Terra.

A geleira fica do outro ladode uma grande praia e plata-forma de rochas, onde os tu-ristas chegam por pequenosbarcos. Sobre as pedras, to-dos aguardam com ansieda-de um fenômeno que sempreé anunciado com um “tro-vão” vindo diretamente damontanha. O estrondo faz ocoração bater mais rápido etodos ficam em silêncio, à es-pera do desprendimento deum grande bloco, que em se-guida provoca um pequenotsunami. O ruído da quedaganha a companhia dos ine-vitáveis cliques das máqui-nas fotográficas.

A viagem do Skorpios III

percorre cerca de 750 km emquatro dias (ou três noites),pelos canais Angostura Kirke,Morla Vicuña, Unión, Col-lingwood e Sarmiento. Oponto mais distante de Puer-to Natales atingido pela em-barcação fica a uns 300 km.São mais de dez geleiras, for-madas há 30 mil anos. Por is-so, com orgulho, o capitão in-troduz o passeio dizendo queali há “monumentos” maisantigos que as pirâmides doEgito. Camilo Rada, geofísicoda Universidade do Chile edoutorando em glaciologiana University of British Co-lumbia, no Canadá, explicaque quanto mais antigo, maisazul é o gelo.

— As cores variam princi-palmente com a idade do ge-lo. O gelo mais antigo estáabaixo, sob grande pressão epor centenas de anos. Isso otorna muito compacto e cris-talino, dando-lhe uma corazul muito escura.

Da geleira Amalia, o naviosegue para El Brujo, tão gran-diosa quanto a primeira. Àtarde, os passageiros deixamnovamente o navio para na-vegar numa embarcação es-pecial, parte com calefação,para ver de perto outrasmontanhas de gelo, algumasbatizadas com nomes de pes-soas comuns (tripulantes doSkorpios ou amigos), entreelas a Capitão Constantino— que vem a ser o pai de LuisAntonio, pioneiro na explo-ração turística desse rota. Nocaminho, também há cacho-eiras e animais. Com sorte,dá para ver golfinhos. Já asaves cormorão, que lembrampinguins voadores, são avis-tadas aos montes.

Neste passeio, ninguém ca-minha ou sai de barquinhopelo gelo: é, na verdade, a ho-ra de experimentá-lo. Junto asanduichinhos e outras gulo-seimas, é servido uísque 12anos com... gelo de 30 milanos, como amam repetir ostripulantes desse tour. O co-po depois fica de suvenir.Com a sensação térmica po-dendo descer até a casa dos3° C negativos mesmo nestaépoca, e o vento cortante quequase não dá trégua, poucosbebem com moderação.

O último dia completo narota Kaweskar, depois de veruma sucessão de gigantesazuis, parece não impressio-nar de início. Nos pequenosbarcos, os turistas são leva-dos para uma baía onde fica ageleira Alsina, onde não épreciso torcer muito para verde novo um desprendimen-to. O local é tão bonito quan-to os outros, mas nessa alturado campeonato não pareceassim tão diferente. A surpre-sa fica para a tarde, com a ge-

leira Bernal. Os que conse-guem reunir forças para con-tinuar a aventura fora das ca-bines ou longe das tacinhasde pisco (que aquecem os vi-ajantes após os passeios), vãoapreciar uma das paisagensmais inusitadas.

O toque surpreendente vaida vegetação com musgos, lí-quens, e pequenos arbustos,que cercam as trilhas, até oslagos de cores raras, de umverde-água ou turquesa lei-toso. Ali, as montanhas degelo são de um azul bem cla-rinho e podem ser tocadas.Para os casais, um cenárioromântico perfeito.

O dia é encerrado com umgrande jantar em forma debufê, com a comida típica daregião — e aí não pode faltara centolla (crustáceo gigante)—, e organizado pela mãe docapitão, dona Mimi. Ela estásempre presente entre ospassageiros, assim como ocomandante, dando climafamiliar ao navio. A família édescendente de gregos, sen-do que o pai do capitão, o ar-mador Constantino Kochifas,construiu um pequeno im-pério no ramo da navegaçãono Chile, hoje em parte toca-da por Luis Antonio.

Sempre impecável na suaroupa de capitão, ele terminaa aventura com um tradicio-nal baile. É quando os casais(que são maioria) de váriaspartes do mundo caem napista — sem os casacões im-permeáveis e com o seu me-lhor traje — ao som de músi-ca cubana, ABBA e até serta-nejo. Noche caliente num ve-rão gelado. l

CruzeiroDe volta à Era do Gelo

Mar degelo.A geleiraAmalia, aprimeiravisitada na rota doCampo deGelo Sul

Destilado.Uísque 12anos comgelo de 30mil anos, um clássicodessescruzeiros

LUDMILLA DE LIMA PUERTO [email protected]

Cruzeiro. O Skorpios III viajapelo Campo Sul, passando porgeleiras, algumas batizadas comnomes da tripulação e deamigos do capitão

Pescoçudo. Nessa rota, o animal mais popular é o cormorão, ave que lembra o pinguim

Fotogênico. A geleira Bernal,que surpreende pelo visual de ficção científica, entre lagos e blocos azulados

Ludmilla de Lima viajoua convite do Skorpios IIIe do hotel Remota

LUDMILLA DE LIMA

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O Frigorífico Bories,centro da econo-mia patagônicadurante 60 anos,

jamais se acostumou aoabandono. Três décadas de-pois de falir, o complexo deprédios em estilo pós-vitoria-no inglês a dois quilômetrosde Puerto Natales, de ondesaíram toneladas de carne deovelha para o mercado euro-peu, reabriu as portas em2011 para ingressar num no-vo ciclo de prosperidade naregião, desta vez impulsiona-do pelo turismo. O velho fri-gorifico dá agora lugar aoThe Singular Patagônia umhotel considerado realmenteúnico por ter sido erguidosem a necessidade de apagaras marcas do passado.

Oficialmente, o hotel é ummonumento histórico nacio-nal. Para entender os moti-vos, basta conhecer os doispavilhões que conservam omaquinário original, desti-nado no passado a congelar acarne. Pelo estado de conser-vação, a impressão do visi-tante é de que basta apertarum botão para que tudo voltea funcionar.

O hotel, com 57 aparta-mentos (54 quartos de 45 m!e três suítes de 70 m!) e vistapara os fiordes, oferece maisaos hóspedes: spa, bar, res-taurante e um cardápio de 20expedições propostas especi-almente para cada tipo dehóspede — passeios por fior-des, montanhas, geleiras, es-tâncias e bosques, cujos cus-tos estão incluídos nas tarifascheias.

O turismo já representa20% da economia da região.Foi a motivação que levou oprodutor rural Johnny McLe-an, cujo avô havia trabalhadono frigorífico, a se associar àfamília Sahli, com tradiçãono ramo hoteleiro, e montaro hotel. Em 1971, quando fa-

liu, a Sociedade ExploradoraTerra do Fogo pagou comações as indenizações devi-das aos antigos funcionários.Para abrir o estabelecimento,McLean teve de comprar asações e recompor a socieda-de original. O primeiro passofoi montar o museu. As insta-lações hoteleiras vieram emseguida, num processo quedurou quase dez anos.

Nicolás Sahli, sócio gerentedo hotel Singular, explicouque o arquiteto responsável,Peter Kovacic, teve o cuidadode manter as característicasoriginais até no prédio novo,que abriga os apartamentos,revestido propositalmente demetal brilhante para não per-der o clima fabril. Nosgalpões originais, estão loca-lizados o restaurante, o bar arecepção e o museu, abertodiariamente ao público.

Sahli garante que o hotel ésingular também na gastro-nomia, oferecendo um car-dápio que combina receitaschilenas e locais com os maisfinos ingredientes da cozinhainternacional. Pratos típicoscomo o cordeiro de Maga-lhães e a centolla (crustáceoda região com sabor parecidocom a lagosta) são acompa-nhados dos melhores vinhoschilenos.

O hotel, que não funcionadurante o inverno devido aosrigores climáticos, abriu paraa terceira temporada em ou-tubro com uma novidade:um novo restaurante especi-alizado em carnes, o Asador.

Para chegar ao The Singu-lar, deve-se voar até Santiagoe, da capital chilena, pegaroutro avião até Punta Arenas.De lá, pega-se uma van dohotel, para uma viagem deduas horas e meia. O Singu-lar fica em Puerto Bories, aolado de Puerto Natales. l

HospedagemDe frigorífico ahotel histórico

Entrada.Com portasde madeira, o restauranteAsador énovidade

Recuerdo.Foto dasinstalaçõesantigas que forampreservadas

Relax.O lounge eo restauranteprincipal do hotel

FOTOS DE CHICO OTÁVIO

A sustentabilidadeem vários aspectos

Mimetismo.Arquitetura seconfunde coma paisagem

À mesa.O restauranteserve apenasprodutoslocais

Salão.Janelões dãovista de 360°para o entorno

LUDMILLA DE LIMA

Ludmilla de Lima

Serviço Patagônia

De Santiago, é precisopegar um voo até PuntaArenas, onde fica oaeroporto mais perto dePuerto Natales. Oshotéis costumamoferecer o transfer dePunta Arenas até PuertoNatales, em umaviagem deaproximadamente trêshoras. A LAN tem voossaindo do Rio de Janeirocom destino a PuertoNatales, com conexãoem Santiago na ida e navolta, desde R$ 2.247.Por São Paulo, também com conexão em Santiago, aTAM tem tarifas desde R$ 1.356. Preços pesquisadossegunda quinzena de janeiro.

Comochegar

Terra e marPacote Mar e Terra: O programa inclui 3 noites nonavio Skorpios III, na Rota Kaweskar, e 3 noites nohotel Remota. A partir de US$ 3.190 por pessoa, comcafé da manhã, almoço e jantar e transfers (sembilhete aéreo). skorpios.cl e remota.clSkorpios: Cruzeiros de 3 noites com partida echegada em Puerto Natales, com tarifas desde US$1.690 por pessoa em cabine dupla. www.skorpios.clCruceros Australis: Cruzeiros entre Punta Arenas eUshuaia, na Argentina. Para 4 noites, a partir de US$2.148 por pessoa. australis.comHotel Remota: Pacotes para três noites, com tudoincluído, por US$ 1.950 por pessoa em quarto duplo.Ruta 9 Norte, km 1,5, Puerto Natales. remota.clThe Singular Patagonia: A diária mais simples, sócom o café da manhã, custa US$ 450 por pessoa emquarto duplo. Puerto Bories s/n. thesingular.comLago Grey Hotel: Localizado dentro do Parque Torresdel Paine, à beira do Lago Grey. Quarto duplo a partirde US$ 308. lagogrey.comParque Torres del Paine: A entrada custa US$ 35 e oparque funciona das 8h30m às 20h.conaf.cl/parques/parque-nacional-torres-del-paine

Onde comerBaguales: Restaurante e bar na Plaza Principal dePuerto Natales especializado em hambúrgueres,comida mexicana e cervejas artesanais. Calle Bories430, Centro. Tel.: 56-61-411920.Lago Grey Hotel: Dentro do Parque Torres del Paine,junto ao hotel, há um restaurante aberto a nãohóspedes com dois tipos de menu por dia e vista parao Lago Grey. lagogrey.comSingular Patagonia: O hotel tem dois bonsrestaurantes, o Singular Restaurant e El Asador.

PuntaArenas

PuertoNatales

ARGENTINA

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ParqueNacional de Torresdel Paine

OceanoAtlântico

GENTINA

Santiago

CHILE

Chico Otávio

A Patagônia chilena, com toda suacaracterística selvagem, reserva umbocado de conforto para os viajantes. EmPuerto Natales, um hotel batizado com osugestivo nome de Remota parece brotarda terra. Sua arquitetura é curiosa: olugar, um projeto de design do arquitetoGermán del Sol ( prêmio nacional dearquitetura com o hotel, inaugurado háoito anos), parece formado por corredoresusados para a passagem de ovelhas comvidros irregularmente encaixados, quepermitem uma visão de 360 graus do seuentorno. O teto verde se confunde aindamais na paisagem o hotel, sustentável atéo mais singelo detalhe.

Para se ter uma ideia do conceito, ohotel oferece Wi-Fi no hall e norestaurante (onde todos os pratos sãofeitos com produtos da região, como ocarpaccio de guanaco), mas, nos quartos,nem pensar em banda larga. TVs tambémnão existem ali. O hotel explora a luznatural ao máximo: no verão, enquanto édia — que começa às 5h e se estende atéas 23h30m — não se usa iluminaçãoartificial. E o processo de ventilação écom gasto zero de energia: o vento entrapelo chão do hotel e passa por um tetofalso, saindo por chaminés. A cor preta doconjunto, devido ao revestimento commassa asfáltica, também tem suasrazões. Uma é o estético, para que o hotelse perca mesmo no visual patagônico; aoutra, prática, é a proteção contra o friooferecida pelo material empregado. Nadadisso impede que o hotel apresente umaestrutura relaxante nos quartos — comuma cama king-size e banhos de banheira

com sais — e do lado de fora, com umjacuzzi sob o céu da Patagônia. Tudosempre acompanhada de uma decoraçãorústica, de motivos pré-hispânicos.

Os hóspedes que chegam são logoavisados de que, no Remota, o luxo é osilêncio. Mas não é bem assim. Osturistas são ninados pelo barulho do vento(nenhum outro ruído além desse), que foivalorizado intencionalmente naconcepção do projeto e que parece ser aassinatura desse lugar afastado noespaço.

FOTOS DE DIVULGAÇÃO