sim 76 pode o homem ir além do homem?

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OLIBERAL BELÉM, DOMINGO, 23 DE NOVEMBRO DE 2014 MAGAZINE 11 sim [email protected] VICENTE CECIM Pode o homem ir além do homem? V ocê pode entender a pergunta- título desta página como um membro da Espécie Humana perdido na multidão de indi- víduos, ou como um Indivíduo, consi- derando a pergunta feita diretamente a você. Se ela se faz no masculino é apenas pelo vício de uma linguagem submeti- da pelo macho da espécie. E as mulheres devem entendê-la assim – Pode o huma- no ir além do humano? – e também é feita a elas, e a todos nós, enfim. Se não souber a resposta, não se sinta inferiorizado, ou inferiorizada: ao longo da História, desde que o homem passou a se perguntar pelo seu Destino, pelo sentido & significado de sua existência no Universo – ninguém conseguir dar uma resposta aceita por todos, unani- memente. E se praticamente todos con- cordam em responder à pergunta: - Sim, ninguém está de acordo sobre a forma como isso poderá ser feito. Os que responderam foram muitos. Já são tantos: Sonhadores-visionários, Filósofos, Cientistas, Místico, Poetas. Ci- temos alguns deles: A resposta dos Sonhadores-visionários A mais recente resposta é dada pelos Sonhadores-visionários sobre o futuro da Tecnologia, da Cibercultura. Segun- do eles, o homem irá além de si, aliás, já está indo, pela fusão do nosso organis- mo biológico com as máquinas: habita- remos um novo mundo onde o homem & a máquina, o real & o virtual haverão se tornado uma coisa só. Eles anunciam a chegada do estado pós-biológico, a materialização da cons- ciência através da tecnologia, o homem como extensão do Universo. Um dos que já veem esse Futuro, William Gibson, autor de Neuromancer , diz: - A informação quer ser espacial, logo poderemos habitar infoespaços e entrar no ciberespaço - este não-espaço que é ainda espaço, e é mais, nos liberará porque seremos mentes pós-geográficas fora dos limites do tempo e da distância, pensamento elétrico viajando a veloci- dade da luz mais além da entropia. Gibson está apenas confirmando o que Buckminister Fuller dizia: - Come- ça com o Universo, se tu começas com o Universo logo te dás conta de que o pla- neta Terra é um sistema... e isso que nós dizemos que é a diferença entre o real e o virtual e entre o mecânico e o natural ou entre o natural e o artificial é uma di- visão criada por nós, o ecossistema que criou uma flor ou os rizomas das árvo- res é o mesmo sistema ecológico que criou o microprocessador ou que agora está criando a rede fractal da Internet e que mostra as conexões e os padrões que estão funcionando na evolução... o que cria o homem também é natural, a diferença é que está sendo criado pelo desenho, através da consciência. São ideias precursoras do século XX/XXI. Recuando no tempo, vejamos o que antes destes outros disseram sobre a ul- trapassagem do homem por si mesmo: A resposta dos Filósofos No século XIX, Filósofos, como Frie- drich Nietzsche, autor de Assim falava Zaratustra/Also Sprach Zarathustra, escreveu: - O homem é ponte sobre o abismo. Perigoso caminhar. Perigoso olhar para trás e parar . Nietzsche esta- va falando do além do homem, do über mensh, expressão que manipulada por Hitler se transformou em super- homem, para criar o mito da superio- ridade dos nazistas como originários da raça ariana – brutal deformação da verdade, através da qual transformaram em símbolo de Morte a própria Suástica - talvez a primeira síntese perfeita do Universo, concebida pelos Árias, povo muito Sábio que vivia ao norte da Índia há alguns milhares de anos e deu ori- gem ao indianismo. do, o ponto oculto de nós, que só se con- sente a nós em Relances, Vislumbres. Andara busca o homem além de si, fora de si: no Umanoh. O homem precisa se deixar cair do ponto insustentável onde se instalou para ter o direito de adquirir asas. Será durante a sua queda que irá descobrir sua leveza possível. A resposta das Crianças E as Crianças , será que elas têm a res- posta que os adultos não acham? Tudo indica que sim. Pois vejam só isto: quan- do eu estava escrevendo esta frase, lá em cima - ao longo da História, desde que o homem passou a se perguntar pelo seu Destino, pelo sentido & significado de sua existência no Universo – o meu neto Rafael Leonardo, que acaba de atingir os seis anos de idade e que ainda não sabe ler, chegou ao meu lado e disse: - Vovô, sabe uma coisa que é legal no futuro? É que a gente pode ir lá no futuro, pe- gar uma coisa, e levar para onde já não é mais futuro. E quando eu disse a ele que ia contar o que tinha me dito no jor- nal, ele acrescentou: - Vovô, e diz pras pessoas que o futuro é muito mais legal do que ficar na cidade. Acho que o que Rafael chama de ci- dade é a Civilização que construímos, cada vez mais artificializada e distan- ciada do naturalmente Sagrado, e o que ele entende por futuro é um tempo sem fronteiras no Tempo , em que o humano amplie a sua liberdade e realize, em si mesmo, a Máquina do Tempo, sonhado em seu livro por H. G. Wells. Sri Aurobindo Guardei para o fim o início da pági- na Sim do próximo domingo, quando vamos manter mais um Diálogo com homens sábios – dessa vez com o mes- tre indiano, criador da Yoga Integral, Sri Aurobindo. Para você ir se preparando, anteci- po aqui algo que ele escreveu sobre Os Instrumentos do Espírito: A primeira necessidade para uma perfeição ativa de nosso ser é a pu- rificação do atuar dos instrumentos que ele atualmente utiliza. O ser em si próprio é eternamente puro. A mente, o coração, a alma de desejo vital, a vida no corpo são os assentos da impureza. O objetivo não é uma pureza negativa, proibitiva, passiva ou aquietadora, mas uma pureza po- sitiva, afirmativa, ativa. É uma total purificação de toda a complexa ins- trumentalidade em todas as partes de cada instrumento que é solicitada a nós pela perfeição integral. O si- ddha da perfeição integral tem que residir em um plano mais amplo da eterna pureza do Espírito além do bem e do mal. Para essa transforma- ção, ele deve tornar consciente nele aquele poder do Espírito e supra- mente que é agora superconsciente para nossa mentalidade. Mas aquilo não pode atuar nele até que seu pre- sente ser mental, vital e físico esteja libertado de sua ação inferior atual: essa purificação é a primeira neces- sidade. E agora me digam: não parece até que Aurobindo está confirmando as palavras do Rafael? E quando os So- nhadores-visionários adultos acima citados dizem que seremos mentes pós-geográficas fora dos limites do tempo – não é a mesma coisa que a criança Rafael diz? Os Surrealistas recomendavam: - Pais, contem seus sonhos aos seus filhos. E eu acrescento: - E, sobretudo, ou- çam os sonhos dos seus filhos. primórdios. Eu não caminho para o fim, eu caminho para as origens. E Rosa não deixa por menos: - A gente não morre, fica encantado. A resposta de Andara E eu, o que poderia dizer sobre o as- sunto? Bem, eu tenho um sentimento xamânico da Vida, eu sou um Panteísta irrecuperável. E eu sou um sonhador desperto. E eu tenho um intenso senti- mento de Presença do insondável Si no pequeno mim que sou. Mas devo tudo o que consegui expressar sobre o viver fazendo a minha Viagem a Andara e colhendo e recolhendo as respostas às perguntas que os meus livros vão fazen- do pelo caminho. E assim é que não eu, mas Andara, através de um fragmen- to chamado Dom Fugaz, extraído do Manifesto Curau, se indagada sobre o homem poder ultrapassar a si mesmo, responderia: Andara não é Literatura: é Rarefação. Coisa que viaja por dentro e no sentido inverso: quer retornar dos dedos dos pés ao calcanhar do homem, ali onde ele é mais sensível à Hipótese Onírica e Lúdica e Naturalmente Sagrada da vida. Andara quer a Origem, o Antes do ponto em que tudo começou a se perder do To- dos homens às estrelas, havendo atraves- sado o Véu de Maya, de Lá para Cá, taci- tamente combinou perceber como Real. A evolução se dando pelo alcançar o Nir- vana, saindo do círculo do nascimento e morte do Sansara, através das Quatro Nobres Verdades: - O sofrimento existe – a origem do sofrimento é o desejo – o sofrimento pode ser extinto - o fim do so- frimento se dá pela extinção do desejo. Cristo disse algo semelhante, mas não exatamente a mesma coisa – pois o Nirvana é, digamos, ser no não-ser , enquanto que o prometido Reino dos Céus do cristianismo é como que um ser além do ser , ou da vida material, como preferirem. O caminho indicado por Cristo é especificamente voltado para o humano e resume a extinção do sofrimento na recomendação: - Ama o teu próximo como a ti mesmo. A resposta dos Poetas Esses, os Poetas, pelo menos quando têm em si o sentimento do Sagrado, co- mo – no Brasil – João Guimarães Rosa e Manoel de Barros - não parecem ter ne- nhuma dúvida sobre a possibilidade do ir do homem além de si mesmo. Manoel de Barros, por exemplo, diz: Eu tenho em mim um sentimento de aldeia e dos Ainda no século XIX, outro filósofo, Arthur Schopenhauer, autor de O Mundo como Vontade e Representação/Die Welt als Wille und Volstellung deu a sua res- posta. E também um cientista, Charles Darwin. Foram respostas diferentes. Segundo Schopenhauer, o homem pode ir além de si mesmo pela Individu- ação, isto é, se subtraindo, como indivi- duo , à torrente cósmica que tudo arrasta na Vida: a Vontade. A resposta dos Cientistas Já Darwin, o Cientista, dava uma resposta que parecia ser exatamente o oposto da de Schopenhauer: segundo ele, o homem progressivamente se ul- trapassaria não como indivíduo mas como espécie e justamente pela vontade evolutiva do Universo. A resposta dos Místicos Recuando ainda mais, lembremos as respostas dadas pelos Místicos : por Buda, cerca do século VI AC, no Oriente, e pelo próprio Cristo no Ocidente. Segundo Buda, o homem irá além de si quando conseguir sentir e entender o que chamamos de Realidade como De- lusão, isto é, o existir de todo o Cosmos visível como uma ilusão que toda a Vida, Interiormente livre, habito o Eu silencioso e permito que sua energia atue por meio de Seus instrumentos naturais SRI AUROBINDO Altercultura: O princípio está próximo Kosmo Yoga

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De Buda a Cristo, de Schopenhauer a Darwin: respostas

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Page 1: Sim 76 Pode o homem ir além do homem?

O LIBERALBELÉM, DOMINGO, 23 DE NOVEMBRO DE 2014 MAGAZINE 11

sim [email protected] CECIM

Pode o homem ir além do homem?

Você pode entender a pergunta-título desta página como um membro da Espécie Humana perdido na multidão de indi-

víduos, ou como um Indivíduo, consi-derando a pergunta feita diretamente a você.

Se ela se faz no masculino é apenas pelo vício de uma linguagem submeti-da pelo macho da espécie. E as mulheres devem entendê-la assim – Pode o huma-no ir além do humano? – e também é feita a elas, e a todos nós, enfim.

Se não souber a resposta, não se sinta inferiorizado, ou inferiorizada: ao longo da História, desde que o homem passou a se perguntar pelo seu Destino, pelo sentido & significado de sua existência no Universo – ninguém conseguir dar uma resposta aceita por todos, unani-memente. E se praticamente todos con-cordam em responder à pergunta: - Sim, ninguém está de acordo sobre a forma como isso poderá ser feito.

Os que responderam foram muitos. Já são tantos: Sonhadores-visionários, Filósofos, Cientistas, Místico, Poetas. Ci-temos alguns deles:

A resposta dos Sonhadores-visionários

A mais recente resposta é dada pelos Sonhadores-visionários sobre o futuro da Tecnologia, da Cibercultura. Segun-do eles, o homem irá além de si, aliás, já está indo, pela fusão do nosso organis-mo biológico com as máquinas: habita-remos um novo mundo onde o homem & a máquina, o real & o virtual haverão se tornado uma coisa só.

Eles anunciam a chegada do estado pós-biológico, a materialização da cons-ciência através da tecnologia, o homem como extensão do Universo.

Um dos que já veem esse Futuro, William Gibson, autor de Neuromancer, diz: - A informação quer ser espacial, logo poderemos habitar infoespaços e entrar no ciberespaço - este não-espaço que é ainda espaço, e é mais, nos liberará porque seremos mentes pós-geográficas fora dos limites do tempo e da distância, pensamento elétrico viajando a veloci-dade da luz mais além da entropia.

Gibson está apenas confirmando o que Buckminister Fuller dizia: - Come-ça com o Universo, se tu começas com o Universo logo te dás conta de que o pla-neta Terra é um sistema... e isso que nós dizemos que é a diferença entre o real e o virtual e entre o mecânico e o natural ou entre o natural e o artificial é uma di-visão criada por nós, o ecossistema que criou uma flor ou os rizomas das árvo-res é o mesmo sistema ecológico que criou o microprocessador ou que agora está criando a rede fractal da Internet e que mostra as conexões e os padrões que estão funcionando na evolução... o que cria o homem também é natural, a diferença é que está sendo criado pelo desenho, através da consciência.

São ideias precursoras do século XX/XXI.

Recuando no tempo, vejamos o que antes destes outros disseram sobre a ul-trapassagem do homem por si mesmo:

A resposta dos FilósofosNo século XIX, Filósofos, como Frie-

drich Nietzsche, autor de Assim falava Zaratustra/Also Sprach Zarathustra, escreveu: - O homem é ponte sobre o abismo. Perigoso caminhar. Perigoso olhar para trás e parar. Nietzsche esta-va falando do além do homem, do über mensh, expressão que manipulada por Hitler se transformou em super-homem, para criar o mito da superio-ridade dos nazistas como originários da raça ariana – brutal deformação da verdade, através da qual transformaram em símbolo de Morte a própria Suástica - talvez a primeira síntese perfeita do Universo, concebida pelos Árias, povo muito Sábio que vivia ao norte da Índia há alguns milhares de anos e deu ori-gem ao indianismo.

do, o ponto oculto de nós, que só se con-sente a nós em Relances, Vislumbres. Andara busca o homem além de si, fora de si: no Umanoh. O homem precisa se deixar cair do ponto insustentável onde se instalou para ter o direito de adquirir asas. Será durante a sua queda que irá descobrir sua leveza possível.

A resposta das CriançasE as Crianças, será que elas têm a res-

posta que os adultos não acham? Tudo indica que sim. Pois vejam só isto: quan-do eu estava escrevendo esta frase, lá em cima - ao longo da História, desde que o homem passou a se perguntar pelo seu Destino, pelo sentido & significado de sua existência no Universo – o meu neto Rafael Leonardo, que acaba de atingir os seis anos de idade e que ainda não sabe ler, chegou ao meu lado e disse: - Vovô, sabe uma coisa que é legal no futuro? É que a gente pode ir lá no futuro, pe-gar uma coisa, e levar para onde já não é mais futuro. E quando eu disse a ele que ia contar o que tinha me dito no jor-nal, ele acrescentou: - Vovô, e diz pras pessoas que o futuro é muito mais legal do que ficar na cidade.

Acho que o que Rafael chama de ci-dade é a Civilização que construímos, cada vez mais artificializada e distan-ciada do naturalmente Sagrado, e o que ele entende por futuro é um tempo sem fronteiras no Tempo, em que o humano amplie a sua liberdade e realize, em si mesmo, a Máquina do Tempo, sonhado em seu livro por H. G. Wells.

Sri AurobindoGuardei para o fim o início da pági-

na Sim do próximo domingo, quando vamos manter mais um Diálogo com homens sábios – dessa vez com o mes-tre indiano, criador da Yoga Integral, Sri Aurobindo.

Para você ir se preparando, anteci-po aqui algo que ele escreveu sobre Os Instrumentos do Espírito:

A primeira necessidade para uma perfeição ativa de nosso ser é a pu-rificação do atuar dos instrumentos que ele atualmente utiliza. O ser em si próprio é eternamente puro. A mente, o coração, a alma de desejo vital, a vida no corpo são os assentos da impureza. O objetivo não é uma pureza negativa, proibitiva, passiva ou aquietadora, mas uma pureza po-sitiva, afirmativa, ativa. É uma total purificação de toda a complexa ins-trumentalidade em todas as partes de cada instrumento que é solicitada a nós pela perfeição integral. O si-ddha da perfeição integral tem que residir em um plano mais amplo da eterna pureza do Espírito além do bem e do mal. Para essa transforma-ção, ele deve tornar consciente nele aquele poder do Espírito e supra-mente que é agora superconsciente para nossa mentalidade. Mas aquilo não pode atuar nele até que seu pre-sente ser mental, vital e físico esteja libertado de sua ação inferior atual: essa purificação é a primeira neces-sidade.

E agora me digam: não parece até que Aurobindo está confirmando as palavras do Rafael? E quando os So-nhadores-visionários adultos acima citados dizem que seremos mentes pós-geográficas fora dos limites do tempo – não é a mesma coisa que a criança Rafael diz?

Os Surrealistas recomendavam: - Pais, contem seus sonhos aos seus filhos.

E eu acrescento: - E, sobretudo, ou-çam os sonhos dos seus filhos.

primórdios. Eu não caminho para o fim, eu caminho para as origens. E Rosa não deixa por menos: - A gente não morre, fica encantado.

A resposta de AndaraE eu, o que poderia dizer sobre o as-

sunto? Bem, eu tenho um sentimento xamânico da Vida, eu sou um Panteístairrecuperável. E eu sou um sonhador desperto. E eu tenho um intenso senti-mento de Presença do insondável Si no pequeno mim que sou. Mas devo tudo o que consegui expressar sobre o viver fazendo a minha Viagem a Andara e colhendo e recolhendo as respostas às perguntas que os meus livros vão fazen-do pelo caminho. E assim é que não eu, mas Andara, através de um fragmen-to chamado Dom Fugaz, extraído do Manifesto Curau, se indagada sobre o homem poder ultrapassar a si mesmo, responderia:

Andara não é Literatura: é Rarefação. Coisa que viaja por dentro e no sentido inverso: quer retornar dos dedos dos pés ao calcanhar do homem, ali onde ele é mais sensível à Hipótese Onírica e Lúdica e Naturalmente Sagrada da vida. Andara quer a Origem, o Antes do ponto em que tudo começou a se perder do To-

dos homens às estrelas, havendo atraves-sado o Véu de Maya, de Lá para Cá, taci-tamente combinou perceber como Real. A evolução se dando pelo alcançar o Nir-vana, saindo do círculo do nascimento e morte do Sansara, através das Quatro Nobres Verdades: - O sofrimento existe – a origem do sofrimento é o desejo – o sofrimento pode ser extinto - o fim do so-frimento se dá pela extinção do desejo.

Cristo disse algo semelhante, mas não exatamente a mesma coisa – pois o Nirvana é, digamos, ser no não-ser, enquanto que o prometido Reino dos Céus do cristianismo é como que um ser além do ser, ou da vida material, como preferirem. O caminho indicado por Cristo é especificamente voltado para o humano e resume a extinção do sofrimento na recomendação: - Ama o teu próximo como a ti mesmo.

A resposta dos PoetasEsses, os Poetas, pelo menos quando

têm em si o sentimento do Sagrado, co-mo – no Brasil – João Guimarães Rosa e Manoel de Barros - não parecem ter ne-nhuma dúvida sobre a possibilidade do ir do homem além de si mesmo. Manoel de Barros, por exemplo, diz: Eu tenho em mim um sentimento de aldeia e dos

Ainda no século XIX, outro filósofo, Arthur Schopenhauer, autor de O Mundo como Vontade e Representação/Die Welt als Wille und Volstellung deu a sua res-posta. E também um cientista, Charles Darwin. Foram respostas diferentes.

Segundo Schopenhauer, o homem pode ir além de si mesmo pela Individu-ação, isto é, se subtraindo, como indivi-duo, à torrente cósmica que tudo arrasta na Vida: a Vontade.

A resposta dos CientistasJá Darwin, o Cientista, dava uma

resposta que parecia ser exatamente o oposto da de Schopenhauer: segundo ele, o homem progressivamente se ul-trapassaria não como indivíduo mas como espécie e justamente pela vontade evolutiva do Universo.

A resposta dos MísticosRecuando ainda mais, lembremos as

respostas dadas pelos Místicos: por Buda, cerca do século VI AC, no Oriente, e pelo próprio Cristo no Ocidente.

Segundo Buda, o homem irá além de si quando conseguir sentir e entender o que chamamos de Realidade como De-lusão, isto é, o existir de todo o Cosmos visível como uma ilusão que toda a Vida,

Interiormente livre, habito o Eu silenciosoe permito que sua energia atuepor meio de Seus instrumentos naturaisSRI AUROBINDO

Altercultura: – O princípio está próximo

Kosmo Yoga