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1000007795/2006-DR/BSB DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS Impresso Especial CORREIOS SindMédico-DF 1000007795/2006-DR/BSB Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal Brasília - Ano XI - Julho-Agosto / 2009 - nº 76 SGAS 607 Centro Clínico Metrópolis Cobertura 01 Asa Sul - Brasília/DF - CEP: 70.200-670

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Page 1: Revista 76

1000007795/2006-DR/BSB

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

CORREIOS

ImpressoEspecial

CORREIOSSindMédico-DF

1000007795/2006-DR/BSB

Órgão Informativo do Sindicato dos Médicos do Distrito FederalBrasília - Ano XI - Julho-Agosto / 2009 - nº 76SGAS 607 Centro Clínico Metrópolis Cobertura 01Asa Sul - Brasília/DF - CEP: 70.200-670

Page 2: Revista 76

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores

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3 Revista Médico

Page 4: Revista 76

Julho / Agosto 20094

Sumário

22

Vida MédicaCasais MédicosHarmonia na profissão

25

VinhosDr. Gil FábioVinho do Porto IV

26

LiteráriasDr. Evaldo Alves de OliveiraESTUPIDEZ, Problema médico?

11

JurídicoPrecatórioGDF estuda pagamento

06

EntrevistaDep. Estadual Raul Marcelo (PSOL/SP)CPI da Saúde

09

FórumCFMSindMédico elege representantes

15

AconteceuAMHP - DFPalestra na LBV

12

CapaSaúde de lutoSES fracassa nas negociações e mostra-se incompetente na gestão da saúde pública

Sindicais

16Médico & vocêAs principais solicitações da categoria

Presidente

Dr. Marcos Gutemberg Fialho da Costa

Dr. Gustavo de Arantes PereiraVice Presidente

Secretário GeralDr. Martinho Gonçalves da Costa

vago2ª Secretário

Dr. Gil Fábio de Oliveira FreitasTesoureiro

Dr. Luiz Gonzaga da Motta2º Tesoureiro

Dr. Antônio José Francisco P. dos SantosDiretor Jurídico

Dr. José Antônio Ribeiro FilhoDiretor de Inativos

Drª. Olga Messias Alves de OliveiraDiretor de Ação Social

Dr. Jomar Amorim FernandesDiretor de Relações Intersindicais

Dr. Lineu da Costa Araújo FilhoDiretor de Assuntos Acadêmicos

Drª. Adriana Domingues GrazianoDiretora de Imprensa e Divulgação

Dr. Jair Evangelista da RochaDiretor Cultural

Drª. Adriana Graziano, Dr. Antônio José, Dr. Gil Fábio Freitas, Dr. Gutemberg Fialho,

Dr. Gustavo Arantes, Dr. Diogo Mendes, Dr. Osório Rangel e Dr. José Antônio Ribeiro

Filho.

Conselho Editorial

Alexandre Bandeira - RP: DF 01679JPEditor Executivo

Elisabel Ferriche - RP: 686/05/36/DFJornalista

Pedro Henrique Corrêa SarmentoDiagramação e Capa

Strattegia Consulting Projeto Gráfico e Editoração

(61) 3447.9000Anúncios

6.000 exemplaresTiragem

CTIS - Printing CenterGráfica

Gustavo Lima e divulgaçãoFotos

Centro Clínico MetrópolisSGAS 607, Cobertura 01, CEP: 70.200-670

Tel.: (61) 3244.1998 Fax: (61) [email protected]

www.sindmedico.com.br

SindMédico/DF

Dr. Antônio Geraldo, Dr. Cantídio, Dr. Cezar Neves, Dr. Dimas, Dr. Diogo Mendes, Drª.

Mariangela Delgado, Dr. Olavo, Dr. Osório, Dr. Tamura, Dr. Vicente, Dr. Tiago Neiva

Diretores Adjuntos

20

RegionaisNovos delegados a serviço dos médicosPosse dos delegados sindicais

Page 5: Revista 76

5 Revista Médico

Editorial

Médicos e elefantes A experiência de domar elefantes não é muito habitual por estas bandas de cá do Atlântico, onde

eles não existem em habitat natural ou original. Mas a história que circula por aí, roga que para manter um animal deste tamanho em cativeiro, basta acorrentá-lo desde pequeno a uma tora.

Assim, o mesmo cresce condicionado a não lutar contra a corrente. Quando grande, basta uma corda para mantê-lo sobre domínio, mesmo que esta não esteja mais presa à tora. Verdadeounão,ocasoéumbomexemplodecondicionamentoepodertãoeficaz,queaamarrasetornamais poderosa que o paquiderme, independente se com sua força descomunal quando adulto, facilmente consiga arrebentá-la. Neste aspecto, médicos e elefantes têm muito em comum. Médicos, como elefantes, são admirados pelas pessoas. No caso dos primeiros, isto ocorre por que dia-riamente dedicam o seu labor a salvar vidas ou no mínimo, fazer com que enfermos se sintam melhor. Médicos também possuem um poder intrínseco natural, tanto que laboratórios investem em estudos e pessoas, para estar presentesnosreceituáriosqueestesprofissionaisprescrevemaospacientes.Emsuaquasetotalidade,médicosseformameaposentammédicos,porpaixãoaumaprofissãoqueemmuitoscasospassadepaiparafilho,damesmaforma como sobrenomes são herdados. Entretanto, existe sempre um domador querendo dominar o poder dos médicos. Planos de saúde acorren-tamdesdecedoosprofissionaiscomcontratosaviltanteseapromessadeganhoemescalaerepassamaomerca-do, a capacidade de oferecer uma rede de qualidade bem distribuída; empregadores vendem ao médico a ilusão de uma produtividade que se revela quase escravagista de fazer muito e receber pouco; e as escolas de Medicina cobramcaropeloacessoaoummercadodouradoecheiodeglamour.Enfim,hojeoquevemoséumaelitequeseespecializou em domar médicos e se tornar o dono do espetáculo. Nem o governo local escapa deste desejo de manter uma cordinha amarrada ao pé do médico. Tanto que o GDF não mede esforços em negar à categoria aquilo que foi acordado no ano passado, em recompor salários e oferecermelhorescondiçõesdetrabalho.Afirmaquenãotemdinheiro,ameaçacolocarapopulaçãocontraacate-goriaeassimvãoencurralandoodoutoremumcantosemsaída.Eeste,porsuavez,ficanatentativadeencontrarsolução para tudo, e por sua conta, risco e vontade, vai tentando dar solução para os problemas que não são de sua responsabilidade. Estes grupos só se esquecem do instinto. Nunca se deve deixar um animal acuado e sem saída, pois assim, ele enfrenta seu opositor. Os médicos estão em campanha salarial, capitaneados por este sindicato. Nossa missão, mais do que conseguir um reajuste nos vencimentos, é o de libertar elefantes de suas cordas e mostrar a força que uma manada pode ter contra todos aqueles que aprenderam a nos domar. O caos da saúde pública é responsabilidade de um governo que claramente não dá a ela a prioridade que merece. E a população já sabe disso, tanto que reprova o governo e o governador nesta área, ao mesmo tempo em que reconhece o trabalho que a categoria faz para manter o mínimo de dignidade para pacientes e familiares esque-cidos pelo GDF. Só falta agora o médico acreditar nisso e comparecer em peso para defender o que é por direito seu: respeito, reconhecimento e verdade. E como já dissemos antes, médicos e elefantes possuem muito em comum... a revolução já começou!

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Julho / Agosto 20096

Entrevista

Por Elisabel Ferriche

O deputado estadual por São Paulo, Raul Marcelo, foi eleito em 2006, pelo Partido Socialismo e Liber-

dade (PSOL) com mais de 35 mil votos e cumpre seu primeiro mandato. Antes, foi eleito vereador em Sorocaba, por duas vezes, e atualmente é o líder da bancada do partido na Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp). Nas eleições de 2008 foi can-didato a prefeito de Sorocaba pelo PSOL, obtendo 24.260 votos (7,95%). Formado em Processamento de Dados tendo cursado Letras na UNISO, conti-nua estudando e atualmente cursa Direito na Unip, em Sorocaba. Foi o sub-relator da CPI sobre a Re-muneração dos Serviços Médico-Hospitalares (que ficou conhecida como a CPI da Saúde) na Alesp, que investigou também, a contratação de Organizações Sociais para administrar os hospitais paulistas. A CPI desenvolveu seus trabalhos entre 22 de agosto de 2007 e 26 de junho de 2008. Em entrevista a Re-vista Médico, o deputado Raul Marcelo falou o que a Alesp descobriu durante a CPI da Saúde.

“Com as privatizações, a situação da saúde pública no país vai piorar”

Revista Médico - Quais denúncias levaram a instalação de uma CPI das OS na Assembléia Legislativa de São Paulo?

Raul Marcelo - Não foi uma CPI so-mente sobre as OS. A Comissão foi instalada para investigar a forma como o Estado de São Paulo remu-nera os serviços médico-hospitala-res. Foi constituída uma sub-relato-ria especificamente para analisar aatuação das Organizações Sociais na área de Saúde, por sugestão de nosso mandato. Ao propormos essa inves-tigação mais minuciosa, partimos de diversas denúncias, feitas por enti-dades sindicais e representantes da

sociedade no Conselho Estadual de Saúde. A privatização dos serviços, o descumprimento dos preceitos bá-sicos do SUS e o repasse de milha-res de reais dos cofres públicos para entidades ou empresas privadas são elementos combatidos há muitos anos pelo Movimento em Defesa da Saúde Pública em São Paulo. Antes mesmo do governo tucano aprovar a leique criouafiguradasOS, em1998.

Revista Médico – Essas denúncias foram investigadas?

Raul Marcelo - Já criada a sub-rela-toria, recebemos um dossiê produzi-

do pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública no Estado de São Paulo, que reforçava tais denúncias. Além disso, realizamos visitas a sete dos 13 hospitais estaduais então ad-ministrados por essas entidades. A amostra foi feita com base no fato de que uma mesma OS administra várias unidades. E nas visitas veri-ficamos que o quadro realmente édeplorável.

Revista Médico - Após as investiga-ções qual foi a conclusão da CPI da Saúde?

Raul Marcelo - Em todas as visitas, buscamos analisar a empresa con-

fonte: ww

w.raulm

arcelo.com.br

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7 Revista Médico

Entrevista

tratada para a gestão e seu quadro de funcionários; o número de leitos programados e os efetivamente ati-vados, além das especialidades exis-tentes; o sistema adotado para con-tratação das empresas terceirizadas e quais empresas desta modalidade atuam em cada hospital. Verifica-mos e apontamos em nosso relatório o desrespeito à legislação do con-trole social, a superexploração dos trabalhadores – que são obrigados a cumprir metas extenuantes –, a imposição de uma dinâmica de alta rotatividade nos procedimentos re-alizados, que leva a denúncias inclusive de que seriam confe-ridas altas médicas a usuários sem plenas condições de saúde. O descontrole nos processos de terceirização foi outro elemento levantado, em razão da existên-cia de sub-contratações em vá-rios níveis. Há casos em que se perde de vista quem é o respon-sável pela contratação de um determinado serviço, porque a terceirizada contrata outra empresa, que subcontrata uma quinta, e por aí vai. Esse sistema é uma verdadeira draga de recursos públicos.

Revista Médico – Quanto custa as terceirizações para o Estado de São Paulo?

Raul Marcelo – Só em 2008, o Es-tado repassou mais de R$ 1 bilhão para essas organizações – e garante o atendimento pelo SUS. Ou seja, as empresas terceirizadas só têm a lu-crar e os diretores das OS também, porque recebem super-salários. É o capitalismo sem riscos. O desperdí-cio de um dinheiro que poderia ser aplicado na administração direta da rede estadual de saúde.

Revista Médico – Mais o argumen-to dos governos que optam pelas OS para administrar os hospitais públicos é que há economia.

Raul Marcelo - Nosso relatório des-

monta o argumento do governo José Serra de que a opção pelas OS e as terceirizações gera economia de re-cursos. Os funcionários contratados pelas Organizações Sociais no Esta-do hoje recebem menos que os servi-dores públicos. Sem falar na alta ro-tatividade, ou seja, o grande número de demissões e novas contratações por período. Muitos profissionaistinham medo de falar conosco, te-miam represálias ou demissões.

Revista Médico – O relatório foi aprovado pela CPI?

Raul Marcelo - A incorporação in-tegral de nosso parecer ao relatório finaldaCPIfoiaprovadaporunani-midade, porque todas as denúncias traziam comprovação documental. Propomos a reversão do processo de entrega do gerenciamento hospitalar às Organizações Sociais, com obriga-ção ao poder público estadual de re-assumir a administração das unida-des que hoje se encontram sob gestão privada. Essa proposta foi rejeitada. Por isso, apresentamos um projeto de lei no mesmo sentido, com o ob-jetivo de acabar com as OS em nosso Estado, o PLC 14/2009.

Revista Médico - Atualmente quan-tos hospitais estão sendo adminis-trados por OS em São Paulo e quan-to o Governo gasta hoje com a pri-vatização da saúde no Estado?

Raul Marcelo – À época da instala-

ção da CPI, que encerrou seus traba-lhos em junho do ano passado, eram 13 os hospitais estaduais administra-dos por OS. Em recente entrevista, o SecretáriodeSaúdeafirmouquedas47 unidades da rede pública estadu-al paulista, 27 são geridas por Or-ganizações Sociais hoje. Ou seja, há um brutal avanço da privatização da saúde estadual. Desses 27 hospitais, 13 são geridos por Organizações So-ciais “propriamente ditas”, de acor-do com a lei 846/98, e os demais são outras formas de convênios entre hospitais e municípios ou funda-

ções de apoio das universidades. Quanto aos gastos, é uma incóg-nita porque a própria administra-ção não repassou à CPI todos os documentos solicitados. Em 2008 foram repassados mais de R$ 1 bi-lhão às OS. E o pior, sem licitação, pois tais empresas se apresentam sempre como “filantrópicas, comexperiência na área”, de acordo com a lei das OS.

Revista Médico - Os governos que privatizam a saúde justifi-cam a medida com o argumento

que ela melhora o atendimento. Isso aconteceu em São Paulo ou o atendimento é feito por seleção daqueles que as empresas querem atender?

Raul Marcelo - De forma alguma melhorou o atendimento. Mesmo analisando os índices usados pelo governo estadual para justificar aopção pelas OS, verifica-se poucadiferença com os números da admi-nistração direta. Mas há uma cons-tante preocupação. Como o sistema de avaliação dessa prestação de ser-viços se dá por metas, pode ocorrer inclusive um efeito colateral. Porque para atingir asmetasdefinidas noscontratos de gestão, as OS, que são orientadas pela lógica empresarial de produtividade, podem sacrificara qualidade do atendimento para ter maior rendimento. Daí a existência de denúncias até mesmo de que há casos de pacientes que recebem alta

"Sacrificar a qualidade do atendimento

para ter maior rendimento."

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Julho / Agosto 20098

Entrevista

sem que estejam em plenas condições de saúde. Muitos desses hospitais são “porta fechada” (Pronto Socorro fechado). Mas mesmo os hospitais de porta aberta têm um rígido controle de entrada de pacientes, sendo que muitas pessoas têm seu atendimento recusado pelo hospital e são encami-nhadas novamente para as Unidades Básicas de Saúde. Isso fere o acesso universal previsto na Constituição. Esse mecanismo de “seleção” é fun-damental para a permanência da OS na gestão de um hospital público, caso contrário, muito provavelmente esses hospitais estariam em situação igual ou pior aos demais hospi-tais públicos.

Revista Médico – Quem fisca-liza o trabalho realizado pelas OS?

Raul Marcelo – Essa é outra questão a ser analisada: como é feita a fiscalização dos índi-ces alegados pelas OS, uma vez que quem aprova os relatórios de execução são os Conselhos Administrativos dos hospitais, majoritariamente compostos por membros das próprias organiza-ções – quase sempre sem a parti-cipação dos usuários.

Revista Médico - E como ficou a si-tuação dos trabalhadores (médicos, enfermeiros, nutricionistas e servi-dores) da saúde após a privatiza-ção?

Raul Marcelo - A pressão é bastante maior. Como as contratações são fei-tas em regime celetista, o médico e demaisprofissionaisdesaúdenuncasabem se estarão empregados ama-nhã. Isso gera uma pressão enorme sobre os trabalhadores, à qual se soma a pressão pelo cumprimento das metas empresariais adotadas. Caso o trabalhador não cumpra as extenuantes metas, pode ser demi-tido a qualquer momento. O grande problema é que o cumprimento das metas, que obedecem apenas ao cri-

tério de produtividade, pode com-prometer a qualidade da assistência prestada à população.

Revista Médico - Em Brasília, o Con-selho Nacional de Saúde deliberou contra a privatização do Hospital de Santa Maria, o primeiro a ser entre-gue a uma OS. Nem mesmo o Mi-nistério Público conseguiu barrar a inauguração do hospital. O que o Legislativo pode fazer para evitar a privatização da saúde no Brasil?

Raul Marcelo – Essa lógica privatista não é exclusividade do governo Serra.

Ela também é praticada em âmbito federal, onde o governo Lula não se movimenta junto ao Congresso para regulamentar a emenda constitucio-nal 29 e até propôs o reconhecimento das chamadas fundações estatais de direito privado – que vão funcionar na mesma lógica das OS. O desres-peito dos governos, tanto estadual quanto federal, às deliberações dos Conselhos de Saúde é uma afronta aos mecanismos de controle público. Após a 13ª Conferência Nacional de Saúde, o ministro da saúde em pes-soa se negou a cumprir a deliberação da conferência de rejeitar a Funda-ção Estatal de Direito Privado como modelo para a administração de hos-pitais públicos. Quanto ao papel dos legislativos, seria essencial aprovar leis que tornassem ilegal a privatiza-

ção da saúde – um direito humano. Mas não podemos esquecer como se dá o funcionamento legislativo no Brasil, onde é comum a obtenção das maiorias governistas por meio da concessão de benesses e da compra de votos.

Revista Médico - Qual a posição do PSOL em relação a este assunto?

Raul Marcelo - O PSOL nasceu de-fendendo radicalmente a saúde pú-blica, gratuita e universal. Por isso, somos contra a DRU (Desvinculação de Receitas da União), que desvia

bilhões do orçamento constitu-cionalmente garantido para a educação e saúde para engordar o superávit primário. E votamos contra a sua prorrogação no Con-gresso Nacional. E, agora, apre-sentamos também um projeto de lei para reverter o processo de privatização da saúde pública por meio das OS e similares.

Revista Médico - O processo de privatização da saúde no Brasil é reversível?

Raul Marcelo - Consideramos que sim, e lutamos por isso. Mas avaliamos que será necessário

que a população que depende da saúde pública, os usuários, estejam organizados e mobilizados para as-segurar seus direitos. Por isso, nós do PSOL defendemos a auto-orga-nização da população, o que exige paciência, conscientização e esforços de todos os setores que fazem parte dessa luta para dialogar com nosso povo.

Revista Médico - Caso isso não seja possível, o que pode acontecer?

Raul Marcelo - Consideramos que é possível reverter esse processo. E se não for, a tendência é de que com as privatizações, a situação da saú-de pública no país vai piorar, mas os movimentos sociais não podem dei-xar que isso aconteça.

"Com as privatizações a aceitação da Saúde Pública

no país vai piorar."

Deputado Estadual Raul Marcelo (PSOL/SP)

Page 9: Revista 76

9 Revista Médico

Fórum

Numa eleição tranqüila com grande espí-rito democrático, a classe médica elegeu, nos dias 1 e 2 de julho, os médicos José

Ribeiro e Elias Miziara como os representantes do Distri-to Federal na nova composição do Conselho Federal de Medicina (CFM). A Chapa 30, apoiada pelo Sindicato dos Médicos do DF e Associação Médica de Brasília (AMBr) venceu as eleições com uma vantagem de 125 votos. Este ano, houve um expressivo comparecimento às urnas, com a participação de 5.919 médicos. A vitória da Chapa 30, com 1.737 votos contra 1.612, da Chapa 10, segunda colocada, mostra a impor-tância da união da classe para que resultados positivos sejam conquistados. Essa foi a primeira vez na história das eleições para o CFM, no DF, que AMBr e SindMédi-co se unem em torno de uma única Chapa e demonstram abertamente o seu apoio. Nessas eleições, foi decisiva a li-derança do SindMédico/DF, para a vitória da Chapa 30. O que os médicos esperam agora, é que os novos conselheiros exerçam seu papel de fiscalizar o exercícioético da medicina, atuando na defesa da saúde da popu-lação,mastambémpelosinteressesdaclassemédica,fis-calizando as condições de trabalho e o pleno exercício da profissão em total cumprimento comoCódigodeÉticaMédico, defendido pelo SindMédico/DF e AMBr, “evi-tando que os médicos sejam expostos a condições indignas e perigosas em seus locais de trabalho, sendo protegidos

e respeitados e não perseguidos e desvalorizados”, lem-brou o presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho, que atribuiu a vitória de Ribeiro e Miziara a um trabalho sério e competente em busca da unidade das entidades médicasedorespeitoaoprofissional. As eleições para o CFM foram realizadas em todo o Brasil e a posse dos novos eleitos está prevista para ou-tubro, quando então será realizada a escolha do novo pre-sidente da entidade.

Chapa apoiada pelo SindMédico vence eleições do CFM

Confira o resultado das eleições do CFM no DF

Diaulas tem nome rejeitado pelo Senado

O Senado rejeitou a recondução do promotor Diaulas Ribeiro do Mi-nistério Público do DF ao Conselho Nacional do MP (CNMP). A de-cisão foi criticada por alguns senadores como Cristovam Buarque

(PDT-DF) e teve até bate-boca. A impressão passada é que o Senado quis dar o troco ao MP devido às medidas relacionadas às irregularidades na Casa. Ou seja, Diaulas foi atingido em cheio pela crise institucional do Senado. Não só ele. O procurador re-gional da República, Nicolao Dino, indicado pelo Ministério Público Federal à recon-dução da vaga para o biênio 2009/2010, também foi rejeitado pelo Senado. Diaulas foi indicado pelo MPDFT por ter sido o mais votado em eleição interna. Há possibilidade da votação ser repetida no Senado. Mas, se mantida a decisão, o MPDFT terá de reali-zar novo processo de escolha para indicar outro nome à vaga. Os 12 nomes indicados por seus segmentos de representação para a composição do CNMP já tinham sido todos aprovados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Dr. Ribeiro, representante e Miziara, suplente

Promotor Diaulas Ribeiro

Fabi

o Po

zzeb

om-A

Br

Page 10: Revista 76

Julho / Agosto 200910

Jurídico

Não é obrigatório, mas a presença do advogado nos

processos administrativos é indis-pensável. É ele quem orienta os médicos em sua defesa, acompa-nha os prazos processuais e busca informações necessárias ao pro-cesso. Os médicos sindicalizados contam com o apoio do escritório Riedel Resende para acompanhar os processos que tramitam nos CFM e CRM, que têm a obrigação

legal de zelar e preservar pela conduta médica. A advogada Patrícia Andrade de Sá é a respon-sável pelos processos. Segundo ela, os médicos têm no prontuário, um importante aliado de sua defesa. Por isso ela recomenda que os médicos criem o hábito de fa-

zer um prontuário detalhado e minucioso. “Em 80% dos casos, um prontuário bem preenchido ajuda na defesa dos médicos”, comenta a advogada Patrícia Sá. Segundo ela, o prontuário é um fator decisivo para que o CRM analise a veracidade da denúncia. A maioria dos processos analisados pelo CRM e CFM é com relação à insatisfação dos pacientes, seja em relação ao atendimento feito até o resultado de uma ci-rurgia. Existem ainda denúncias do mal uso de atestado médico por parte dos pacientes. Dados do CRM dão conta que a especialidade que mais possui denúncias é a ginecologia obstetrícia, seguida da ortepedia e da cirurgia plástica. “Estamos à disposição dos médicos para orientá-los em sua defesa, poissabemosqueelesnãodispõemdetemposuficien-te para exercer o amplo direito de defesa”, explicou a advogada. Muitas vezes, a boa fé, pode resultar em um problema que acaba por prejudicar o trabalho médico.

Advogado deve acompanhar processos nos Conselhos de Medicina

Sindicato pede anulação de edital do TCU com jornada de 40 horas

Médicos do TJDFT ganham direito a jornada de 20 horas

O SindMédico-DF entrou com uma ação na Justiça para anular o edital do concurso público para o ingresso

na carreira de Analista de Controle Externo, Especia-lidade: Medicina: Orientação: Clínica Médica. O obje-tivo da medida é para que seja retificada a jornada de trabalho de 40 horas semanais prevista no edital. O pedido tem fundamento no fato que a jor-nada de 40 horas estipulada tanto na Lei 10.356/01 quanto no edital, contrariam a prerrogativa constitu-cional do médico em acumular cargos na administra-ção pública e o princípio da universalização no aten-

dimento de saúde. A jornada de trabalho dos médi-cos é de 20 horas semanais prevista na Lei Federal 9.436/97. O SindMédico/DF requerer a declaração in-cidental de inconstitucionalidade da jornada estipu-lada na Lei 10.356/01 e no edital. A ação, número 2009.34.00.023849-0 encontra-se em tramitação na 4ª Vara Federal que intimou o representante judicial da União para que se pronuncie sobre o pedido de limi-nar que consistiu em requerer a suspensão da eficácia da jornada de 40 horas, com aplicação da vintena se-manal sem redução de vencimentos.

Os médicos do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) conseguiram liminar para manter jor-

nada de trabalho de 20 horas semanais, sem qualquer redução salarial, até o julgamento do mérito. A ação foi impetrada pelo SindMédico/DF, por intermédio daAssessoria JurídicadoSindicato. Serãobeneficia-dos com a liminar, os médicos ocupantes do cargo de Analista Judiciário, Área Apoio Especializado - Espe-cializaçãoMédica.Amedida suspende a eficácia daPortaria GPR 454 de 7 de maio de 2009, que aumentou a jornada dos médicos do TJDFT de 20 para 30 horas

semanais. Foram impetrados três mandados de seguran-ça (2009.00.2.006459-3, 2009.00.2.006592-7 e 2009.00.2.006594-4) junto ao Conselho Especial, em virtude da portaria ser de autoria do Presidente do TJDFT. Na decisão liminar, os relatores de cada um dos mandados de segurança impetrados, alegaram que os médicos têm jornada de trabalho estabelecida pela Lei Federal n° 9.436/97, em função de sua especialidade perante a Lei federal n° 8.112/90, e que um aumento da jornada implicaria em redução dos vencimentos dos servidores. Os processos ainda aguardando julgamento do mérito.

Advogada Patrícia Andrade de Sá

Page 11: Revista 76

Jurídico

11

O SindMédico entrará com uma ação na justiça para anular a Instrução Normativa nº 1, de 12 de junho de 2009, que dispõe sobre a aplicação do teto remuneratório para os servidores do GDF estabelecido em R$ 22.111,25, de acordo com a Lei Orgânica do DF. O SindMédico/DF, através de

sua Assessoria Jurídica, também estará patrocinando ações judiciais para rever os valores descontados dos médicos que tiveram redução salarial, no caso daqueles que possuem dois vínculos empregatícios. De acordo com a Instru-ção Normativa, todo valor que ultrapassar o teto salarial, quando cumulado com remuneração paga por qualquer outro ente da federação, deverá ser descontado. Os médicos que possuem dois vínculos e que tenham tido desconto emseussalários,deverãoprocuraroSindMédico/DFparaquesejampromovidasaçõesindividuaisnajustiça,afimde rever o desconto feito.

Os médicos da União, que são sindicali-zados, que têm direito à contagem di-ferenciada do tempo de aposentadoria

em função do trabalho exercido em condições insalu-bres, devem ir ao sindicato para pegar o requerimento que deverá ser preenchido para ser entregue ao De-partamento de Recursos Humanos de onde trabalha. Caso o DRH não aceite o requerimento, os médicos deverão solicitar que o indeferimento seja feito por escrito e levá-lo a Assessoria Jurídica do SindMédico-

DF para que sejam tomadas as devidas providências. O médico não deve aceitar negativa oralmente. O Su-premo Tribunal Federal (STF) deu parecer favorável ao Mandado de Injunção nº 837, impetrado pelo Sind-Médico-DF solicitando o benefício. A SES é obrigada aacataradecisãodoSTF,jáqueelaédefinitivaenãocabe recurso. Os médicos da SES, que estejam na mes-ma situação, devem aguardar. Um outro Mandado de Injunção, com o mesmo pedido, está nas mãos do mi-nistro Carlos Ayres Brito para ser julgado.

SindMédico entra na justiça contra teto salarial dos médicos

Mandado de injunção

A 4ª Vara da Fazenda Pública do Dis-trito Federal deferiu liminar suspen-dendo descontos em folha de paga-

mento refere à devolução de valores recebidos a título de auxílio alimentação, quando o servidor possuir dois vínculos com o Distrito Federal. A ação foi impetrada pelo SindMédico/DF, por intermédio da Assessoria Jurídica, prestada pela Advocacia Riedel, em favor de uma médica que esta-va sendo cobrada e intimada a devolver os valores re-

cebidos do auxílio alimentação. O ato administrativo de desconto foi suspenso pela Justiça. No mandado de segurança (n°. 2009.01.1.078687-7), orelatordoprocessoafirmou,emdecisãoliminar,quea autotulela da Administração Pública não lhe dá o di-reito de cobrar valores que foram recebidos de boa-fé pelo servidor público, “sem contar o caráter alimentar da verba em discussão”. A suspensão dos descontos na folha de pagamento da médica impetrante perma-neceráatéojulgamentofinaldaação.

Justiça suspende desconto de auxílio alimentação já pago

A diretoria do SindMédico/DF em reunião com o Se-cretário de Fazenda, Valdivino Oliveira, no início de agosto, foi informada que o Governo do Distrito Fe-

deral vai fazer um levantamento do valor dos precatórios devidos para depois negociar a compra dos mesmos com o Banco de Brasília (BRB), que deverá efetuar o pagamento. Na reunião com o Secretário de Fazen-da, estavam presentes o presidente do SinMédico, Gutemberg Fialho, e os diretores jurídico, Antônio José Pereira dos Santos, e cultural, Jair Evangelista. Segundo o secretário, em um levantamento preliminar, os pre-catórios do GDF chegam a R$ 350 milhões. Caso a proposta seja con-cretizada,serãobeneficiados129médicosquefazempartedoGrupo2,do médico Adão Kuhn. O governo espera iniciar o pagamento do novo precatório, em dezembro, quando deverá quitar o atual precatório.

Governo estuda pagar novo precatório

Sindicato negocia pagamento de precatório

Page 12: Revista 76

Capa

12 Julho / Agosto 2009

A SAÚDE DE LUTO

O Governo fracassou na tentativa de negociar um reajuste salarial

para os médicos da rede pública e não apresentou uma proposta satisfatória para a classe que, por unanimidade, em assembléia geral, acabou rejeitando o aumento oferecido de 6,94% este ano e 4,98% em 2010. Em respeito à população, os mé-dicos decidiram não parar suas ativida-des, mas manterão a mobilização e o indi-

cativo de greve, que poderá ocorrer caso as negociações não avancem. O sindicato vai insistir na incorporação daGratificaçãodaAtividadeMédica(GAM)emelhorescondições de trabalho, com mais recursos para a saúde, possibilitando um atendimento digno à população. Foram inúmeras as rodadas de negociações entre o SindMédico-DF e a Secretaria de Saúde em busca de um entendimento. Além de um reajuste salarial decen-te,quepossibiliteacontrataçãodenovosprofissionaispara suprir a falta de médicos, a classe quer uma solução para os inúmeros problemas que chegam à Central de Denúncia do Sindicato (veja quadro na página 13). Não podemos mais permitir que os médicos se-jam tratados com descaso e a população com desrespei-to conforme vem ocorrendo. Pesquisa do Instituto Vox Populi, encomendada pelo SindMédico-DF, mostra que 61% dos usuários do SUS sabe que a culpa pelo caos da

saúde é do Governador Arruda e 70,8% dos entrevista-dos reconhecem que os médicos levam a culpa por pro-blemas de atendimento que não são responsabilidade deles em uma rotina pesada de trabalho. Nas sete assembléias realizadas pelos médicos nos últimos dois meses, o que se viu foi um quadro de insatisfação e indignação da classe frente o descaso do GDF com a saúde. Diante das inúmeras denúncias apre-sentadas e da total ausência de uma solução, os médicos pediram, por unanimidade, a imediata demissão do Se-cretário de Saúde, Augusto Carvalho (foto ao lado) e de toda a sua equipe, que em várias ocasiões se mostrou incompetente para gerir a saúde do Distrito Federal.

SES fracassa nas negociações e mostra-se incompetente na

gestão da saúde pública

CONFIRA AS PROPOSTAS DA ASSEMBLÉIA - Incorporação da GAM- Solicitação para que médicos chefes entreguem os cargos- Criação de Central de Denúncias-ForçaTarefaparafiscalizarescalasdeplantãodesfalcadas- Movimento contra as más condições de saúde na rede pública- Demissão do secretário de Saúde e de seus auxiliares

CampanhaSalarial2009

Médicos querem entidades unidas na campanha

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13 Revista Médico

Capa

Quatro meses sem tomógrafo. Não há filme para revelar exames.Não há radiologista de plantão para emitir laudos das tomografias.Material cirúrgico do Centro Cirúrgico está defasado, sem que seja reposto há anos.Falta roupa para equipe cirúrgica.Faltam luvas cirúrgicas e medicamentos como Manitol 20% e Surgicel.Faltam anestesistas na emergência.

Não há cardiomonitor e oxímetro de pulso, respirador, bomba de infusão, incubadora na UTI Neonatal.Faltam cateteres de inserção percutânea (PICC), perfusores e medicações, quando há é de péssima qualidade comprometendo o tratamento.

Uso de furadeiras domésticas em procedimentos cirúrgicos.Falta radiografia há mais de um mês e o único aparelho do hospital está sem manutenção.Um aparelho de tomografia, velho e obsoleto foi levado para o hospital mas não foi instalado.Falta reagente para os exames de laboratório.Exames de risco cirúrgico demoram até um mês para ficarem prontos.Mulheres idosas com fratura no fêmur esperam até 15 dias para internação.Existe apenas 1 anestesista no hospital.O Centro Cirúrgico está infestado de insetos como baratas, formigas, moscas, mosquitos e abelhas comprometendo a recuperação do paciente grave com grande chance de adquirir infecção hospitalar.A Residência médica nas especialidades de ortopedia e traumatologia está comprometida pela ausência de médicos anestesistas para as cirurgias de emergência.Também estão comprometidas as residências na clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, medicina de família e comunidade, nefrologia e pediatria.

RADIOLOGIA - Impressora da tomografia computadoriza está quebrada impossibilitando o laudo e o dignóstico. Como não foi providenciado o conserto do aparelho, mais de 300 exames foram perdidos, sendo necessário a repetição dos mesmos, causando prejuízos para os pacientes e para o hospital. A carga de raios emitidos pelo tomógrafo é grande.DERMATOLOGIA – Não há prontuário de retorno que só são marcados após 6 meses da primeira consulta, impossibilitando o tratamento.

Suspensos, por tempo indeterminado, e por orientação do gerente do laboratório da regional, os exames de sangue no hospital por falta de reagentes.

Não há chefes em oito unidades assistenciais essenciais: gerência de emergência, unidade de radiologias, gerência de diagnose e terapia, núcleo de medicina do trabalho, unidade de anestesiologia, laboratório de anatomia e patologia, chefia do Pronto Socorro e gerência do Centro de Saúde nº 1.Doentes infecciosos não são isolados, atendimento feito no chão, faltam macas.Material sucateado.

HOSPITAL DENÚNCIAS ENCAMINHADAS AO SINDMÉDICO

HBDF(BASE)

(SOBRADINHO)HRS

(ASA SUL)HRAS

HRAN(ASA NORTE)

HRC(CEILÂNDIA)

HRT(TAGUATINGA)

Central de Denúncias: [email protected] - Sigilo da fonte resguardado!Use essa ferramenta para combater as irregularidades nos hospitais e melhorar o ambiênte de trabalho do médico.Pode enviar documentos, fotos e vídeos.

Médicos querem entidades unidas na campanha

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Julho / Agosto 200914

Capa

Convocado pela Câmara Legislativa para dar explicações sobre terceirização, gastos com hospitais privados e falta de medicamentos,

Augusto Carvalho não convenceu. Depois de adiar por duas vezes o seu compare-cimento àCâmara Legislativa, o secretário de Saúde, fi-nalmente atendeu, no dia 23 de junho, à convocação da Comissão de Educação e Saúde para explicar a situação da saúde no Distrito Federal, o excesso de repasse de ver-bas para a iniciativa privada e o processo de terceirização em andamento do Hospital de Santa Maria. Acuado pelos deputados que levantaram muitas questões, o secretário não respondeu a maioria das perguntas nem convenceu os parlamentares e a platéia presentes composta de servido-res da saúde e concursados que aguardam convocação. O Diretor do SindMédico, José Antônio Ribeiro, estava pre-sente. Os parlamentares quiseram saber, principalmen-te, os motivos que estão levando o GDF à uma verdadei-ra sangria do dinheiro público para a iniciativa privada, que tem sido crescente a cada ano. Em 2004, segundo os deputados, o GDF repassou R$ 4 milhões para a iniciati-

va privada para pagamentos de leitos privados em UTI e em 2008 esses recursos chegaram a R$ 71 milhões. Outro questionamento foi em relação a redução de 4 horas para 1 hora o tempo de hemodiálise que hoje está sendo feito pe-los hospitais privados que atendem os pacientes do SUS. Quantos pacientes são atendidos? Porque o GDF gastou R$ 2 milhões em cirurgia de catarata pelos hospitais pri-vados? Porque mesmo sendo gastos R$ 148 milhões em medicamentos ainda faltam remédios nos hospitais? Per-guntasqueficaramsemresposta. Tambémficousemrespostaaperguntadadepu-tada Erika Kokay dos motivos que levaram o governo a contratar a Real Sociedade Espanhola, sem licitação, para administrar o Hospital de Santa Maria. Ao invés de esclarecer aos parlamentares e ao pú-blico presentes, o secretário de Saúde, Augusto Carvalho preferiu falar do pacote de medidas para a saúde e que a problemáticadesuaadministraçãoéafaltadeprofissio-nais. Sobre esse assunto, a diretora adjunta do SindMé-dico, Mariângela Cavalcanti, lembrou ao secretário que em 2005, o governo foi autorizado a contratar 141 técnicos em radiologia, desse total, 95 foram chamados e 90 assumi-ram seus cargos, sendo que apenas um pediu exoneração. “Logo estão trabalhando 89, falta contratar 46. Porque ao invés de chamar os aprovados, a SES contratou 35 técnicos de radiologia, por meio da Real Sociedade Espanhola que fizeramconcursoesteano? Em resposta o Secretaria de Saúde alegou “falta de margem na Lei de Responsabilidade Fiscal”. Na verdade trata-se de uma desculpa do Secretário de Saúde, uma vez que, segundo o Ministério Público de Contas do DF, “em 2008, a despesa líquida de pessoal do GDF, foi de R$ 4,1 bilhões, o que representa 42% da Lei de Responsabilidade Fiscal, cujo limite máximo é de 44%. “Ou seja, o DF está bastante próximo do limite prudencial, mas ainda não che-gou nele, tampouco atingiu o limite máximo”, explicou a promotora Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira, do MP-CDF.

Augusto Carvalho fica em cima do muro

Se depender da bancada do Partidos dos Traba-lhadores, o Secretário Augusto Carvalho ainda vai ter muito o que explicar. Os oposicionistas

pretendem instalar uma Comissão Parlamentar de Inquéri-to (CPI) para apurar os problemas da saúde no DF, já que muitosquestionamentosficaramsemresposta.Paraisso,osparlamentares estão estudando elaborar um requerimento e colher pelo menos oito assinaturas dos distritais para que a idéia se concretize.

Silvio Abdon-CLDF

Deputados distritais pressionam secretário

CPI da Saúde pode ser instalada Silvio Abdon-C

LDF

A galeria também pediu CPI

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15 Revista Médico

Aconteceu

A Associação Médica de Brasília (AMBr), lançou o Prêmio Saúde Brasília, que vai homenagear e levar ao conheci-

mento da população os melhores trabalhos, estudos e projetos de médicoss que, de alguma forma, contribuí-ram para a melhoria e desenvolvimento da saúde no DF. O vice-presidente do SindMédico/DF, Gustavo Aran-tes, representou a entidade no lançamento do prêmio

no último dia 6 de agosto, na AMBr. As inscrições para oPrêmio SaúdeBrasília ficarão abertas até o dia 2 deoutubro, na AMBr. Os médicos deverão descrever o tra-balho concorrente, a abrangência e o número de pessoas beneficiadas.SópoderãoparticiparprojetosdeBrasília.O projeto, em parceria com o Jornal de Brasília, vai pre-miar os projetos de médicos e instituições de saúde em 11 modalidades.

AMBr lança Prêmio Saúde Brasília

Condecoração e livro

AMHP-DF realiza palestra

Em mais uma atividade de sucesso, a Associação de Médicos de Hospitais Priva-dos do DF (AMHP-DF) realizou no último dia 29 de junho, a palestra, “Saúde e Mercado – Vencendo a Crise”, proferida por Roberto Caproni (foto), especia-

lista em marketing e em ciência de comportamento. O evento mais uma vez lotou o audi-tório do Parlamundi que teve a presença de prestigiados médicos de Brasília e contou com depoimento feito pelo vice-presidente do SindMédico/DF, Gustavo Arantes, que falou sobre a importância do AMHPTISS e o lançamento da AMHP BR – uma associação com abrangên-cia nacional. Na palestra, os médicos tiveram oportunidade de conhecer como captar novos clientes,transformar competência técnica em resultados, assumir compromisso com a exce-lência e descobrir novas evidências de mercado.

No dia 13/08, foi outorgado ao médico-pediatra Valdir de Aquino Ximenes (foto), que até recentemente ocupava a direção-geral de Saúde da Regional de Planalti-na, o título de Cidadão Honorário de Brasília, proposto pelo deputado distrital Wilson Lima. A cerimônia aconteceu no plenário da Câmara Legislativa e contou com familia-res, amigos e colegas do homenageado. Estiveram presentes o vice-governador Paulo Octávio, o senador Artur Virgílio, o deputado distrital Cláudio Abrantes, além do pro-ponente da homenagem. A diretoria do Sindicato se fez representar no evento pelo Dr. Olavo Diniz. Ximenes lançou recentemente o seu sexto livro, chamado "Contos da Vida Médica", contendo 15 histórias em que os personagens principais são médicos, das mais diversas especialidades e nas mais variadas situações, livro que inclusive já mereceu elo-gios de um outro médico também escritor e consagrado no Brasil e no exterior, Moacyr Scliar.

Dois novos acadêmi-cos toma-

ram posse na Academia Brasiliense de Medicina no último dia 28 de julho (foto). Os médicos Antô-nio Raimundo Lima Cruz Teixeira e José Francisco Nogueira Paranaguá de

Santana que se juntarão aos demais 38 acadêmicos. O nome dos dois médicos foram aprovados em assembléia, após análise dos currículos. Antônio Raimundo Lima Cruz Teixeira, possui graduação em medicina pela Universidade Federal da Bahia (1967) e doutorado em patologia pela Universida-de Federal de Minas Gerais (1981). Fez pós-doutorado

no National Institutes of Health, EUA, e diversos estu-doscientíficosnaUniversidadeCornell,deNovaYork,no L"Institut de Cancérologie e d'Immunogénétique, em Villejuif, França, e no Departamento de Imunologia da Universidade de Manitoba, Canadá. Professor titular da Universidade de Brasilia, atualmente leciona a disciplina parasitologia na graduação e as disciplinas Imunogenéti-ca e Imunopatologia na pós-graduação. Sua atividade de pesquisa científica está concentradanadoençadeCha-gas. Já o médico José Francisco Nogueira Paranaguá de Santana concluiu a graduação em medicina em 1974 na Universidade de Brasília, onde também cursou residência em medicina comunitária (1975) e mestrado em medicina tropical (1980). É representante do Brasil na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e exerce a função de coordenador da Unidade Técnica de Políticas de Re-cursos Humanos e do Programa de Saúde Internacional.

Academia Brasiliense de Medicina tem dois novos membros

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Sindicais

Sete hospitais já foram visitados pela diretoria do SindMédico/DF durante o Sindicato Itinerante, que teve início no dia 4 de maio. Os médicos dos hospitais do Paranoá, Taguatinga, Base, Planaltina, Gama, Ceilândia e HRAN aprovaram a visita do Itinerante. Ele foi criado com o propósito de atender os mé-

dicos em suas reivindicações, muitas delas em relação à insatisfação com as condições de trabalho.

O médico Marcos Roberto Volpi, de Planalti-na, ao visitar o Sindicato Itinerante, quis saber se há possibilidade de ele ser feito duas vezes por ano. A Dra Kelly Simplício, do HBDF, sugeriu que o SindMé-dico/DF faça convênios para que os médicos possam ter descontos também em eventos culturais e o médico João Guilherme Ramos quis saber como estão os estu-dos e as conversas para a criação da Ordem dos Médi-cos. Ao visitar o estande do SindMédico/DF, os médicospreenchemumafichacomasdúvidas,recla-mações e reivindicações. A maioria é questionamento com relação as ações na Justiça.

SINDICATO ITINERANTE

Médicos aprovam visita aos hospitais

“Estamos conversando com os mé-dicos, para saber quais as princi-pais dificuldades do trabalho e le-var as suas queixas até o secretário de saúde, a fim de que as mesmas possam ser atendidas”, explicou o presidente Gutemberg Fialho.

Confira às respostas as principais solicitações:

É possível contar o tempo de serviço em condições insalubres para efeito de aposentadoria?

Sim. É possível para os médicos da União, que são sindicalizados. O Sind Médico/DF ganhou uma ação, cuja decisão foi dada pela ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, no mandado de injunção 837. A de-cisão é definitiva e não cabe recurso. O SindMédico/DF aguarda decisão de outro mandado de injunção com o mesmo pleito, nº 836, para benefi-ciar os médicos sindicalizados da Se-cretária de Saúde. Os advogados da Advocacia Riedel despacharam no ga-binete do ministro levando memorial e pedindo prioridade na tramitação.

Que tipo de atendimento a Assessoria Jurídica presta aos sindicalizados?

A Assessoria Jurídica do Sind Médico/DF prestada pela Ad-vocacia Riedel presta atendi-mento nas áreas civil, crimi-nal e trabalhista (empregado e empregador pessoa física), administrativa, previdenciária, tributária e sindical. A Advoca-cia acompanha ainda os pro-cessos administrativos junto ao CFM e CRM e, desde que assumiu as ações criminais, há dois anos ela foi vitoriosa em 100% das ações.

Caso não haja aumento, o Sindi-cato vai apoiar uma greve?

A greve é um legítimo direito do trabalhador, mas deve ser usada em último recurso, caso o Go-verno não cumpra com o acordo firmado com os médicos durante a campanha salarial do ano pas-sado. O SindMédico vem manten-do entendimentos com o GDF no sentido de garantir o atendimen-to às nossas reivindicações me-diante o diálogo, que é o caminho mais sensato para um acordo. Mas qualquer decisão da classe tomada por maioria em assem-bléia é legítima e tem total apoio do sindicato.

Colegas aprovam iniciativa do sindicato

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Sindicais

17

Os interessados em colaborar devem encaminhar as sugestões para o nosso e-mail: [email protected]

A ação do tíquete alimentação dos médicos da SES já virou precatório? Qual é o número?

O Tribunal de Justiça do DF já deu decisão de-finitiva favorável na ação do SindMédico/DF para garantir o pagamento do tíquete alimen-tação, no Processo 2000.00.2.002672-6. Falta ainda expedir o precatório.

É possível estender o horário do aten-dimento Jurídico durante o Sindicato itinerante?

Caso o médico não possa comparecer no dia do atendimento jurídico, deve agendar nova data e horário com a funcionária, no estande do Sindicato Itinerante.

Meu carimbo de médico foi clonado. O que devo fazer?

A Advocacia Riedel orienta que os médicos, que tiveram seus carimbos extraviados ou clo-nados, devem registrar um Boletim de Ocor-rência (BO), na Delegacia de Polícia. Caso o ca-rimbo seja usado ilicitamente, deverá procurar novamente a Delegacia de Polícia para aditar o BO anterior, levando a receita médica, cuja cópia deverá ser entregue ao CRM para as de-vidas providências. Outra medida é confeccio-nar um novo carimbo diferente.

A licença prêmio não gozada pode ser transformada em pecúnia?

A Secretaria de Saúde acatou o pa-recer da Procuradoria de Pessoal do DF, nº 456/2007 de que é possível converter em pecúnia os períodos de licença prêmio adquiridos e não usufruídos e não integralizados para fins de aposentadoria. O entendi-mento da SES foi revisto em função de orientação firmada pelo Supre-mo Tribunal Federal, que reconhe-ceu esse direito dos servidores.O médico sindicalizado que tiver qualquer dificuldade em ter reco-nhecido o direito de receber em pecúnia as licenças prêmio não usu-fruídas, devem procurar a assistên-cia jurídica do SindMédico/DF para as providências cabíveis.

Como está a campanha salarial do SindMédico?

Estamos em plena campanha salarial. A primeira proposta do Governo foi rejeitada e a as-sembléia aprovou indicativo de greve a partir de setembro. A mobilização continua. (veja ma-téria de Capa).

Qual a ordem de prioridade para a remoção compulsória?

As remoções dos médicos são disciplinadas pela Portaria n° 3 de 2007 e estabelece que a remoção poderá ocorrer, tanto a pedido do médico, ou a critério da Ad-ministração Pública para atender necessidades de serviço ou inte-resse da população. Pela portaria, as remoções são feitas por pontu-ação, obedecendo a critérios de antiguidade; tempo de trabalho em regime de 40 horas semanais; participação em cursos, eventos, comissões, estágios de aperfeiço-amento, palestras e seminários; trabalhos publicados; títulos de especialização; preceptoria; mes-trado; doutorado; exercício em cargo comissionado; participação em conselhos e programas de saúde, além de avaliação de de-sempenho. Caberá a Diretoria de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde divulgar até o dia 30 de julho, as vagas disponíveis nas unidades de saúde.

É possível programar o Sindicato Iti-nerante duas vezes por ano?

O Sindicato Itinerante tem tido bons resultados em todos os hos-pitais por onde passa e a diretoria está intensificando as visitas para atender a solicitação de todos os colegas que pedem nossa presença. Vamos percorrer até o final do ano todos os hospitais da rede pública para depois nos concentramos nos centros de saúde e hospitais parti-culares. Quando visitarmos todos, vamos nos reprogramar para irmos novamente aos hospitais já visita-dos. É possível ampliar as visitas do Sindicato Itine-

rante também para os Centros de Saúde?

A partir do ano que vem, após as visitas aos hospitais, o Sindicato Itinerante irá aos Centros de Saúde.

O Sindicato pode solicitar a Secretaria de Saú-de mais clínicos?

O Sindicato tem pedido mais médicos para cobrir o déficit de profissionais na rede públi-ca. Além disso, estamos trabalhando para a melhoria dos salários para que interesse dos profissionais em trabalhar para a Secretaria de Saúde.Como está a criação da Ordem

Médica?

O ano passado, a criação da Or-dem Médica foi amplamente discutida por iniciativa da Asso-ciação Médica de Brasília (AMBr), que junto com o SindMédico/DF tem interesse na sua concretiza-ção. As discussões continuam e a idéia da Ordem Médica está sen-do fortalecida.

O Sindicato poderia investir em palestras men-sais de interesse dos médicos?

O SindMédico/DF tem interesse em investir em palestras para à classe e queremos suges-tões de assuntos.

É possível ao médico se aposentar aos 25 anos de contribuição e idade inferior a 60 anos?

A regra de aposentadoria é 35 anos de con-tribuição e 60 anos de idade para os médicos e 30 anos de contribuição e 55 anos de idade para as médicas.

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Artigo

O ginecologista obstetra José Aristodemo Pinotti, ex-deputado federal e acadêmico respeitado, faleceu no dia 1º de julho, aos 74 anos, em São Paulo. Publicou mais de 40 livros, 670 artigos científicosefoireitordaUnicamp.Pinottiingressounapolíticanosanos80.Estavanoterceiromandato de deputado federal pelo DEM. Foi secretário de Saúde, de Educação e de Ensino Superior do governo paulista. No início do ano assumiu a Secretaria da Mulher da prefeitura de São Paulo. Pinotti dedicou boa parte da sua vida pública a campanhas de combate aos cân-ceres de mama e de útero. Em janeiro do ano passado, na edição 68, da Revista Médico, José Aristodemo Pinotti, concedeu uma entrevista exclusiva à jornalista Elisabel Ferriche, quando defendeu o fimda aposentadoria compulsória e que o trabalho era receita para uma vidaprodutiva e feliz. Ele próprio foi exemplo de suas palavras. Em sua homenagem, a Revista Médico, do SindMédico/DF, reproduz, nesta edição, o artigo a seguir, publicado no jornal Estado de São Paulo.

José Aristodemo Pinotti: dedicação à saúde

Existem hoje três grandes prejudicados na ques-tão dos Planos de Saúde: os usuários, os traba-lhadores de saúde - particularmente o médico

- e os hospitais prestadores, nenhum deles com organização e recursos suficientes para exercer qualquer tipo de pressão. Os planos e suas operadoras, possuidoras de fortes “lobbies”, fo-ram sempre poupados pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Na CPI instituída para avaliar seus abusos e distorções – am-plamente comprovados pelo PROCON e pela Imprensa – fo-ram agraciados, no final, por excessiva compreensão e genero-sidade. Os abusivos 500% de reajuste entre as diferentes faixas etárias foram mantidos pela ANS e pela CPI que deixaram de resolver problemas relevantes que persistem há longos anos. Há absurdos históricos nessa questão que se inicia nos primeiros anos do Governo anterior, com a privatização da Saúde no País, sob a pressão do Banco Mundial (World Deve-lopment Report – 1993) e com as fantasias compensatórias da “focalização”, do “PAB” e outros apelidos que vêm ganhando as políticas públicas que se afastam do bem estar social e da universalização. Como pano de fundo, o SUS na Constitui-ção de 88, cuja implantação é cada vez mais uma caricatura da proposta inovadora, social e moderna que os Pensadores de Saúde brasileiros, elaboraram durante décadas. Em 1998, com a Lei 9656 - já em pleno processo de pri-vatização das políticas públicas - conseguimos alguns avanços na regulamentação dos planos de saúde que não chegaram a ser colocados em prática porque ela foi inteiramente modifi-cada (não sobrou um só parágrafo) por medidas provisórias ditadas ainda no ano de 1998. A ANS não pôs em prática nem mesmo o ressarcimento das operadoras que parasitam em 15 a 20% os hospitais públicos, além de não solucionar os proble-mas consideráveis dos 18 milhões de beneficiários dos planos adquiridos antes da Lei 9656. A solução que está sendo dada hoje é talvez pior, pois esses usuários garantiam os seus direitos através do PRO-CON e da Justiça. Agora, na “migração” estabelecida pela ANS, além de arcar com acréscimos consideráveis em suas mensalidades (15% - eventualmente mais 10% - e todos os

aumentos novos por faixas etárias), perdem a possibilidade de reclamar, pois, assinam novos contratos, onde as exclusões se oficializam. Hoje - com o desemprego de 20% em ascensão, o poder aquisitivo em queda de 15% e um Sistema Público de Saúde adaptado àqueles que suportam filas, falta de acesso, mau aco-lhimento e demanda reprimida - um número considerável dos 35 milhões de brasileiros que compraram Planos de Saúde e não podem continuar pagando, não têm para onde ir. Nesse contexto, parece não existir Governo (que joga para a ANS), ANS (que joga para os planos), Congresso (que termina uma CPI preocupada com a saúde das operadoras), enquanto usuá-rios, profissionais e hospitais prestadores estão todos à beira do desespero e da inadimplência. Resta precariamente o PROCON para os usuários, falências para os hospitais e múltiplos empregos, com baixíssi-mos salários para os profissionais da Saúde. Solução para isso existe. Reiteradamente venho indicando o caminho que nunca foi seguido pois o interesse pedominante tem sido sempre o fi-nanceiro. O Sistema Público não pode melhorar, pois ele com-pete com o privado neste pedaço triste da nossa história, onde a privatização das políticas públicas é o interesse dominante que penetra nos diferentes níveis de comando. Entretanto, pa-radoxalmente, não há outra saída para os milhões de usuários dos planos que nesse momento não podem pagá-lo e tão pouco para médicos e trabalhadores de saúde que vivenciaram o so-nho equivocado da mercantilização da saúde. Não há qualquer viés ideológico nessa questão que é puramente pragmática e solidária, e há exemplos, onde essa melhora do Sistema Público foi acompanhada de uma migra-ção justa e necessária da classe média para sua cobertura, de um maior apreço e valorização dos trabalhadores de saúde, e de aprimoramento significativo da qualidade das ações de saúde. Cito três com dados mensuráveis, como testemunha e parti-cipante: Unicamp com o Hospital da Mulher - Caism (1970-1985), SUDS em S.Paulo (1987 –1991) e Hospital Pérola Byington (1991 –1998). Há outros no Brasil que infelizmente estão sendo desativados ao invés de multiplicados.

Planos de Saúde

Apesar de a Cons-tituição Federal deixar claro que

a participação da iniciativa pri-vada na saúde é complementar, a Secretaria de Saúde do Distri-to Federal (SES-DF) gastou, nos últimos quatro meses, R$ 29,3 milhões com a rede privada e apenas R$ 5,6 milhões na aquisi-ção de equipamentos e reformas nos hospitais da rede pública. Em 2004, foram gastos R$ 4 milhões com leitos privados de UTI e em 2008, esse número elevou-se para R$ 71 milhões. Este montante se-riasuficienteparaevitarosucate-amento na rede pública de saúde, mas como diz o deputado federal, Jofran Frejat, “minar o SUS da for-

ma sub-reptícia como tem sido feito, proclamando ape-nas suas mazelas em geral decorrentes do extraordinário aumento da demanda, sem o reconhecimento do grande êxito de que se reveste, é um desserviço à população”. Do total de R$ 343 milhões previstos para a saúde este ano, foram gastos apenas R$ 132 milhões enquanto que R$ 211 milhões ainda não foram execu-tados,háquatromesesparaofinaldoano.Porquenãoinvestirnasaúdepública?PelocontratofirmadocomaReal Sociedade Espanhola caberá a SES-DF repassar, em dois anos, R$ 220 milhões para a entidade não estatal de direito privado, gerencie o Hospital de Santa Maria. Recursossuficientesparaaconstruçãodemaisdoishos-pitais.Estemontantenãoseriasuficienteparaconsolidarum sistema público de saúde de qualidade? Em 2008 a SES-DF gastou R$ 140 milhões com vigilância e limpeza nos hospitais e R$ 148 milhões com a aquisição de medi-camentos, que continuam faltando.

Convocado pela Comissão de Saúde e Educação, da Câmara Legislativa, para explicar os problemas da saúde pública no DF, no dia 23 de junho último, o Se-cretário de Saúde, Augusto Carvalho, não soube se ex-plicar. E, com relação à falta de pessoal, disse que não poderia contratar os concursados “por falta de margem na Lei de Responsabilidade Fiscal”, mas contrariando o argumento do secretário, o conselheiro Renato Rainha, do Tribunal de Contas do DF, cobra da SES-DF, a ime-diata contratação dos concursados, desde que se especi-fiquemquantossãoeosvaloresdossalários. Com o contrato de gestão da SES-DF com a So-ciedade Real Espanhola para gerenciar o Hospital de SantaMaria, o Governo submeteu os profissionais aoregime celetista, ou seja, institucionalizou a privatização da prestação do serviço público, precarizando as futuras aposentadorias. Há um consenso de que o SUS representa um grande avanço em políticas públicas, com propostas cla-ras e práticas de transparência administrativa e gestão participativa e democrática. Maselessãodificultadospelofatodequeapro-posta do SUS, um sistema construído com base em prin-cípios de solidariedade social, que assegura a universali-dade do atendimento, não é compatível com o atual mo-delo econômico e a política neoliberal do atual Governo. É um contexto social em que a cultura política é marcada pelo autoritarismo, pelo clientelismo e pela exclusão. A lutapelapreservaçãodoSUSédificultadapelafrágilor-ganização da sociedade, em especial daquela que mais precisa do SUS e que sofre as consequências de pobreza e de desigualdade social. A ótica economicista de gestores não comprome-tidos com a saúde pública transforma a saúde e a vida em mercadoria, e assim, as desvincula dos valores hu-manos. As pessoas não são vistas, o que importa são as planilhas de custo e a concentração do capital.

Golpe mortal no SUS

Médica Sanitarista do HRAS, conselheira titular do CSDF e diretora adjunta do SindMé-dico/DF.

Mariângela Delgado Athaíde Cavalcante

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19 Revista Médico

Homenagem

O ginecologista obstetra José Aristodemo Pinotti, ex-deputado federal e acadêmico respeitado, faleceu no dia 1º de julho, aos 74 anos, em São Paulo. Publicou mais de 40 livros, 670 artigos científicosefoireitordaUnicamp.Pinottiingressounapolíticanosanos80.Estavanoterceiromandato de deputado federal pelo DEM. Foi secretário de Saúde, de Educação e de Ensino Superior do governo paulista. No início do ano assumiu a Secretaria da Mulher da prefeitura de São Paulo. Pinotti dedicou boa parte da sua vida pública a campanhas de combate aos cân-ceres de mama e de útero. Em janeiro do ano passado, na edição 68, da Revista Médico, José Aristodemo Pinotti, concedeu uma entrevista exclusiva à jornalista Elisabel Ferriche, quando defendeu o fimda aposentadoria compulsória e que o trabalho era receita para uma vidaprodutiva e feliz. Ele próprio foi exemplo de suas palavras. Em sua homenagem, a Revista Médico, do SindMédico/DF, reproduz, nesta edição, o artigo a seguir, publicado no jornal Estado de São Paulo.

José Aristodemo Pinotti: dedicação à saúde

Existem hoje três grandes prejudicados na ques-tão dos Planos de Saúde: os usuários, os traba-lhadores de saúde - particularmente o médico

- e os hospitais prestadores, nenhum deles com organização e recursos suficientes para exercer qualquer tipo de pressão. Os planos e suas operadoras, possuidoras de fortes “lobbies”, fo-ram sempre poupados pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Na CPI instituída para avaliar seus abusos e distorções – am-plamente comprovados pelo PROCON e pela Imprensa – fo-ram agraciados, no final, por excessiva compreensão e genero-sidade. Os abusivos 500% de reajuste entre as diferentes faixas etárias foram mantidos pela ANS e pela CPI que deixaram de resolver problemas relevantes que persistem há longos anos. Há absurdos históricos nessa questão que se inicia nos primeiros anos do Governo anterior, com a privatização da Saúde no País, sob a pressão do Banco Mundial (World Deve-lopment Report – 1993) e com as fantasias compensatórias da “focalização”, do “PAB” e outros apelidos que vêm ganhando as políticas públicas que se afastam do bem estar social e da universalização. Como pano de fundo, o SUS na Constitui-ção de 88, cuja implantação é cada vez mais uma caricatura da proposta inovadora, social e moderna que os Pensadores de Saúde brasileiros, elaboraram durante décadas. Em 1998, com a Lei 9656 - já em pleno processo de pri-vatização das políticas públicas - conseguimos alguns avanços na regulamentação dos planos de saúde que não chegaram a ser colocados em prática porque ela foi inteiramente modifi-cada (não sobrou um só parágrafo) por medidas provisórias ditadas ainda no ano de 1998. A ANS não pôs em prática nem mesmo o ressarcimento das operadoras que parasitam em 15 a 20% os hospitais públicos, além de não solucionar os proble-mas consideráveis dos 18 milhões de beneficiários dos planos adquiridos antes da Lei 9656. A solução que está sendo dada hoje é talvez pior, pois esses usuários garantiam os seus direitos através do PRO-CON e da Justiça. Agora, na “migração” estabelecida pela ANS, além de arcar com acréscimos consideráveis em suas mensalidades (15% - eventualmente mais 10% - e todos os

aumentos novos por faixas etárias), perdem a possibilidade de reclamar, pois, assinam novos contratos, onde as exclusões se oficializam. Hoje - com o desemprego de 20% em ascensão, o poder aquisitivo em queda de 15% e um Sistema Público de Saúde adaptado àqueles que suportam filas, falta de acesso, mau aco-lhimento e demanda reprimida - um número considerável dos 35 milhões de brasileiros que compraram Planos de Saúde e não podem continuar pagando, não têm para onde ir. Nesse contexto, parece não existir Governo (que joga para a ANS), ANS (que joga para os planos), Congresso (que termina uma CPI preocupada com a saúde das operadoras), enquanto usuá-rios, profissionais e hospitais prestadores estão todos à beira do desespero e da inadimplência. Resta precariamente o PROCON para os usuários, falências para os hospitais e múltiplos empregos, com baixíssi-mos salários para os profissionais da Saúde. Solução para isso existe. Reiteradamente venho indicando o caminho que nunca foi seguido pois o interesse pedominante tem sido sempre o fi-nanceiro. O Sistema Público não pode melhorar, pois ele com-pete com o privado neste pedaço triste da nossa história, onde a privatização das políticas públicas é o interesse dominante que penetra nos diferentes níveis de comando. Entretanto, pa-radoxalmente, não há outra saída para os milhões de usuários dos planos que nesse momento não podem pagá-lo e tão pouco para médicos e trabalhadores de saúde que vivenciaram o so-nho equivocado da mercantilização da saúde. Não há qualquer viés ideológico nessa questão que é puramente pragmática e solidária, e há exemplos, onde essa melhora do Sistema Público foi acompanhada de uma migra-ção justa e necessária da classe média para sua cobertura, de um maior apreço e valorização dos trabalhadores de saúde, e de aprimoramento significativo da qualidade das ações de saúde. Cito três com dados mensuráveis, como testemunha e parti-cipante: Unicamp com o Hospital da Mulher - Caism (1970-1985), SUDS em S.Paulo (1987 –1991) e Hospital Pérola Byington (1991 –1998). Há outros no Brasil que infelizmente estão sendo desativados ao invés de multiplicados.

Planos de Saúde

Page 20: Revista 76

Regionais

Julho / Agosto 200920

O Sindicato dos Médicos do Distrito Federal apóia o movimento dos pe-diatras aos planos de saúde, para

exigir uma melhor remuneração das consultas. Após uma paralisação, no dia 1º de julho, e uma espera de 15 dias, os pediatras de Brasília decidiram cancelar o contrato com os 53 convênios do Grupo Unidas, Bra-desco e Amil. A partir de agosto, os pediatras terão de 30a60diasparacancelaroscontratosdefinitivamen-te. A partir daí, os planos de saúde não contarão com os médicos. Os pediatras reivindicam R$ 90 por consulta, além do pagamento do retorno, previsto em 15 dias. Atualmente os pediatras recebem de R$ 24 a R$ 40 re-ais brutos por uma consulta, sendo que, com direito a retornoem15dias,estevalorfica50%menor.Omé-dico José Marco Resende Andrade, do departamen-to de Defesa Profissional da Sociedade Brasiliensede Pediatria disse que nesse período, apenas a Amil

e o Bradesco ofereceram como contra proposta um reajuste de 21% passando a consulta para R$ 60. “A proposta foi rejeitada pela Sociedade Brasiliense de Pediatria”. A médica pediatra Adriana Graziano, diretora de imprensa do SindMédico/DF, explicou que “não se trata apenas de um movimento por salários dignos, mas para a melhoria das condições de trabalho”. Se-gundo ela, diante da repercussão positiva do movi-mento no Distrito Federal, o protesto pode se estender para outros estados. Em alguns deles, os médicos já começam a reagir contra os preços repassados pelos planos de saúde. O presidente do SindMédico/DF, Gutemberg Fialho, concorda com o movimento porque há anos os médicos estão sendo prejudicados, inclusive de outras especialidades. “Devido à baixa remuneração, está di-minuindo o interesse pela residência em pediatria”, explicou o presidente.

SindMédico/DF apóia movimento da Sociedade Brasiliense de Pediatria

Novos delegados à serviço dos médicos

Cresce o número de delegados sindicais nos hospitais e centros de saúde. Mais quatro médicos se uniram ao SindMédico/DF

para ajudar a entidade a se aproximar da classe. Os últi-mos médicos a tomar posse foram: Jussane Cabral Men-donça, do Hospital São Vicente de Paula; Firma Amélia Garcez de Lucena, do Centro de Saúde nº 5, em Tagua-tinga Sul; Daltono Umberto de Souza, do Hospital Regio-nal de Taguatinga (HRT) e Lilian Suzany Pereira Lanton, do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Eles terão mandato de um ano e irão representar o sindicato junto aos hospitais e centros de saúde onde trabalham, além de representar os médicos junto ao sindicato. Com a posse desses quatro médicos, já são 16 o número de delegados sindicais que nos próximos me-ses, estarão representando o SindMédico/DF nos seus respectivos locais de trabalho. O objetivo do sindicato édequeatéofinaldoano, todososhospitais tenhampelo menos um representante sindical. Os delegados sindicais são responsáveis em aproximar os médicos do SindMédico/DF, principalmente no atendimento às rei-vindicações da classe e às sugestões para a melhoria das condições de trabalho. Os médicos poderão procurar os delegados sindicais, sempre que quiserem fazer alguma manifestação à entidade sindical. Os novos delegados sindicaissabemqueumdosmaioresdesafiospelafrente

será mobilizar os médicos para garantir que as reivindi-cações da classe sejam atendidas.

Confira o representante sindical de seu hospital:

Delegados sindicais que tomaram posse recente-mente:Jussane Cabral Mendonça - HSVPFirma Garcez de Lucena - CS 5 - TaguatingaDaltono Umberto de Souza - HRTLilian Suzany Pereira Lanton - HRAN

Delegados sindicais que ainda vão tomar posse:Antônio Carlos Dias Souza – HRPlAndré Gonçalves de Araújo – HRPrIris Gardênia Calvaca e Silva – HRASCarla Pacheco de Brito – HRASDauro Lúcio dos Santos Rocha – HRPrAndersen Charles Daros – HRASGustavo Carvalho Diniz – HRANRogério Braz Barbosa de Faria – HRTLeonardo Rodovalho – HRTMaurício Cotrim do Nascimento – HRGPedro Rocha Paniagua – HBDFRaquel Carvalho de Almeida - HRAS

Page 21: Revista 76

EstratégiaAlexandre Bandeira

ConsultórioConsultoria&

Contato com a coluna:[email protected]

Consultor de Estratégia e Marketing

21

Outro dia em um evento com médicos fui abordado pela curiosa indagação sobre onde a Medicina de Brasília iria parar,

diante da recente onda de fusões e aquisições que estão acontecendo na saúde privada da capital do país. A pre-ocupação feita – em meio as especulações sobre cifras e empresasenvolvidas-erasaberquemiria,aofinaldes-te processo, sobreviver com a concentração de mercado nas mãos de poucos. A primeira imagem que veio na minha mente foi a “ban-deja de gelatina” que citamos três artigos atrás (ver “A crise está ai. E daí?”), quando abordamos o impacto da crise mundial e como ela, na verdade, se torna um dos momentos de maior oportuni-dade para empresas que buscam ganhar espaço. Re-lembremos que sobre essa bandeja – representada pelo mercado - estão os cubos de gelatina – simbolizando as empresas. Quando se balança essa bandeja – demons-trando a instabilidade do mercado – cubos se debatem, uns se quebram, outros caem, espaços se abrem para que iniciativas cresçam mais rapidamente ou entrem neste ambiente de disputa. Observamos atualmente que os efeitos da crise es-tãosearrefecendo,mesmoqueaindalongedeseufinal.Porém, não é só ela que gera energia para agitar essa ban-deja. O processo de aglomeração por que passa a saúde de Brasília também provoca instabilidade. E com relação a indagação feita no início do artigo, o que temos primei-

ramenteadizer,équeesteprocessonãotemumfinal. É só observar outras praças ou mesmo outros segmentos produtivos e veremos que empresas são per-manentemente criadas, compradas, absorvidas e fundi-das. Lógico que existem momentos onde esses processos parecemseintensificar,comoosatuais. O segundo aspecto que enfatizo é a visualização da distribuição do todo destes cubos na bandeja. Com muitas pequenas partes ao lado de poucas enormes pe-

ças disputando o mesmo espaço. A ló-gica talvez nos leve a pensar que para competir com o grande é preciso tam-bém ser superlativo. Se você acreditar nisso e for o cubo menor, essa pode ser uma visão muito desesperadora. Porém, para ser competitivo não precisa somente possuir o conceito

do maior. Competem com ele outros tantos como: me-lhor, mais tradicional, especialista, mais querido e por aí vai. Dessa maneira, você descobrirá que pode ser in-finitamentemenorqueomaiorcuboeaindaassim,sermuito mais atrativo do que ele. E não se surpreenda se o resultado disso for uma boa proposta de compra do seu empreendimento. Enfim,buscarumcaminhoparasemantercom-petitivo é, acima de tudo, decidir participar do jogo, ao invés de ser somente comentarista dele.

“para ser competitivo não precisa

somente possuir o conceito do maior”

As muitas partes e o todo

Tel: (61) 3447.9000e-mail: [email protected]

O que já era bom ficou ainda mais completo

A consultoria para negócios em saúde feita para o tamanho do

seu empreendimento

Page 22: Revista 76

22 Julho / Agosto 2009

Vida Médica

Por Elisabel Ferriche

Fim do plantão, hora de deixar o hospital e correr para casa. A saudade é grande e dá uma vontade louca de comparti-

lharcomocompanheiroosproblemasprofissionais.Essa atitude pode ser comum na vida dos casais que

têmdiferentesprofis-sões. No caso

de casais mé-dicos, essa

possibil i-dade não existe. O pacto é: p r o b l e -mas do

h o s p i t a l ficam fora

de casa. Para manter esse

pacto é preciso pa-ciência e sabedoria.

Conviver em harmonia requer atenção, sensibilidade e

cuidado com o outro. Conviver simultaneamente numa relação amorosa e

profissionalrequeralémdetudoisso,muitahabi-lidade. Casados há 36 anos, o cirurgião pediatra Cé-sar Galvão e a hematologista Maria Rosário são exemplo do que deu certo. Em casa conversam de assuntos diversos menos os problemas do hospital

“para não tornar a convivência cansativa”, explica o médico. Os dois se conheceram em 1967 quando eram estudantes na Faculdade de Ciências Médi-cas de Pernambuco. Ainda noivos foram fazer re-sidência no Rio de Janeiro para depois se casarem em Campina Grande, na Paraíba, onde moravam os pais da noiva. Um ano após o casamento, em 1974, depois de ter sido aprovada em concurso público para o Ipase e ele para a Cobal, os dois vieram mo-rar em Brasília. Noinício,comostrêsfilhosaindapequenos,foi difícil acomodar os horários. “Também era preci-so acertar as idas em congressos médicos. “Quando oCésaria,euficavaevice-e-versa”,contaRosário.Hojejácomosfilhosadultos(Adriana,34),(CésarAugusto, 33) e (Cláudia, 32 ), os dois, que já estão aposentados da Secretaria de Saúde, aproveitam para viajar e curtir os cinco netos. “Sei que um com-panheiro de outra profissãonão teria a mes-ma com-p r e e n s ã o quando foi necessário me ausentar em de-corrência do tra-balho”. Na opinião

Dr. César Galvão &Drª. Maria Rosário

Dr. Carlos Saraiva &Drª. Irene

Page 23: Revista 76

23 Revista Médico

Vida Médica

de César Galvão e Rosário, os dois tendo a mesma profissãofoiimportanteparaauniãonocasamen-to. Já para o pneumologista Carlos Saraiva e Saraiva, casado 32 anos com a gastroenterologista Irene Abrão Saraiva e Saraiva, o casamento entre duaspessoasdamesmaprofissãonão temvanta-gem nem desvantagem. “O que torna uma pessoa compreensivanãoéaprofissão,masoamoreoafe-to que ela tem pelo outro”, explicou. Para a esposa, amaiorvantageméfinanceira,porque,comobemlembrou o marido, o amor nos relacionamentos nadatemavercomaprofissão.Dr.Saraiva,quefoifundador e primeiro presidente do SindMédico/DF conta que a época em que se dedicava aos movimen-tossindicaiscoincidiucomonascimentodosfilhosque mal viam o pai, tão atarefado com as questões políticas sindicais. Período em que teve sempre a compreensão da esposa Irene. Agora o casal Saraiva tem aproveitado melhor a atual fase da vida, com osfilhoscrescidoseeleaposentado.Ela,apesarde

aposentada da SES, conti-nua trabalhando no

Hospital Univer-sitário (HUB),

embora em ritmo mais c o m e d i -do. Já ele, está se dedican-do mais à

leitura e em ser avô.

A militân-cia política sindi-cal foi o motivo da união entre os médicos Antô-nio Luis Rama-

lho Campos, intensivista neonatal e pediatra e Be-atriz MacDowell Soares, clínica médica. Durante a greve de 1988, a maior já realizada pelos médicos na história do Sindicato, os dois se conhecerem. Ele era vice-presidente do SindMédico/DF e ela delegada sindical. O movimento parou os hospitais, inclusive as emergências, no Governo José Aparecido. Desde então os dois estão juntos, mas só recentemente, no dia15demaiodesteano,elesdecidiramoficializara união e se casaram na presença de amigos e dos

cincofilhos:Luciana,31eRaul,27,filhosdeBeatriz;eAndré,36,Rafael,35,eSilvia,31,filhosdoTom,como é conhecido entre os amigos. Segundoele,nãoéaprofissãoquedeterminaa felicidade de um casal, “mas o entendimento que a pessoa tem da vida”, embora ele admita que os dois têm muitos pontos em comum, como a “per-cepção da política e a vontade de fazer uma saúde pública cada vez melhor”. O ideal comum é a paixão que move a médica Beatriz. “Sempre fo-mos militantes e brigamos pelo SUS e a universa-lização do atendi-mento de saúde, esse é o lado positivo de nós dois”, explicou a médica, hoje bastante decep-cionada com a política de saúde que está sendo fei-ta no Brasil. A gineco-logista e obste-tra Ilza Queiroz sente saudades do tempo em que o marido era só médico e dava plantões. Casada há 28 anos com o cirurgião geral e toráxico, Agnelo Queiroz, atual diretor da Anvisa e pré-candidato ao Governo do Distrito Federal, ele tem passado os últimos 21 anos em campanha. Foi deputado constituinte em 1988, deputado distrital na primeira legislatura da Câmara Legislativa, em 1999, e deputado federal por três legislaturas. “An-tes do Agnelo entrar na política era mais fácil, mas nuncativedificuldadesementenderaslongasau-sências,afinalnosconhecemosdesdeestudantes”,conta Ilza. Os dois se conheceram ainda em Salva-dor, onde ela cursava medicina na Escola Baiana de Medicina e ele na Universidade Federal da Bahia. Vieram para Brasília fazer residência médica já ca-sadoseaquipermaneceramecriaramosfilhosFer-nanda, 21, e Guilherme, 19. Outro casal que se conheceu ainda no tempo de universidade foi a hematologista Adília Segura, que acabou se apaixonando pelo monitor, que mais tarde tornou-se seu marido, o anátomo patologista José Carlos Segura, ele já residente e ela estudan-

Dr. Antônio Luis &Drª. Beatriz MacDowell

Dr. Agnelo Queiroz &Drª. Ilza Queiroz

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Julho / Agosto 200924

Vinhos

te do 5º ano. “Além da Universidade, começamos a nos aproximar nas reuniões do grupo bíblico da

UnB”. A religião e a medicina aproximaram os dois que acabaram casando em 1976.

“No começo foi difícil conciliar as atividades profissio-

nais com os dois filhos pequenos

(Raquel, 32 e Marcos Ma-nuel, 29), mas a profissãouniu ainda mais o casal

que agora, com a aposentado-

ria dele, aprovei-ta para conhecer o mundo. Já foram à Rússia, Hawaí (EUA), e países da Europa Oriental. “Como consultora

do Laboratório Exame posso organizar mais meu tempo e curtir melhor o marido”, explica a médica. Para o casal Lineu da Costa Filho e Themis a residência médica, juntos, no Hospital Regional de Sobradinho, foi decisiva para o casamento que aconteceu em 1971. “Na época os residentes mo-ravam dentro do hospital e a convivência diária facilitava a aproximação”, conta o clínico médico. Os dois são do Piauí, mas foram em Brasília que se conheceram. Quando terminaram a residência con-

tinuaram juntos como professores da Faculdade de Medicina da

UnB, em Sobradinho e, jun-tosfizeramoconcurso

e foram aprovados pela então Fun-dação Hospital do Distrito Fe-deral. Somente dez anos depois, Dr. Lineu foi tra-

balhar no Hospi-tal de Base e a pe-

diatra Themis foi para o Hospital de Taguatinga, onde trabalha até hoje.

“Nuncativemosdificuldadesemtrabalharmosjun-tos, mas sempre tivemos por princípio, nunca falar do trabalho em casa”, explicou Lineu, que hoje está mais tranquilo com os filhos já crescidos (LineuNeto, 36, Eugênio, 35, e Priscila, 33). O casal Olavo Gonçalves Diniz e Maria Milda Silveira Diniz, embora casados há 26 anos, estão mais unidos que nunca. Recentemente opera-da, Milda tem contado com a presença constante do marido que deixou os pacientes para atendê-la qua-se em tempo integral. “Fico feliz em poder contar com o apoio do Olavo”, disse a médica pediatra. Os dois se conhecem desde criança e o amor surgiu ainda na adolescência, quando moravam em Catolé do Rocha, na Paraíba. Desde então começa-ram a namorar. Depois surgiu a faculdade. Ela foi estudar em Pernambuco enquanto Olavo cursava medicina na Paraíba. Depois de formados, Olavo, que se especializou em ginecologia, veio para Bra-sília onde passou para o concurso da então Funda-ção Hospitalar. Mas a distância não separou o casal. Milda veio em seguida e só depois de algum tempo morando na Capital, voltaram para Catolé do Ro-cha, onde se casaram com a benção dos pais. “Acho que os dois na mesma profissão, atendência é dar mais certo, sendo da mesma cidade, então, é mais fácil”, acredita a médica. Agora, em Brasília, os dois conseguem mais tempo para curtir avida,jáqueosfilhos(OlavoJr,25,eRafaela,24),estão criados e independentes. Com os problemas do hospital deixados no local de trabalho os casais médicos mostram que o bom caminho é não misturar os papéis da relação amorosacomarelaçãoprofissional,cuidadoessen-cial para manter a vida a dois em equilíbrio.

Dr. José Carlos Segura &Drª. Adília Segura

Dr. Lineus &Drª. Themis

Dr. Olavo Gonçalves &Drª. Milda Silveira

Page 25: Revista 76

25 Revista Médico

VinhosDr. Gil Fábio

Vinhos & HistóriasVinho do Porto IV - Vintage

Colheita: Uma especialidade das casas portuguesas em oposição às dos ingleses. Podem ter um estilo maravilho-so, com gosto de nozes e passas, geralmente trazem a data da colheita e são divididos em dois grupos: o Colheita Vintage, feito com vinhos da mesma safra, mas envelhecido principalmente na garrafa, que só é feito nos anos em que a safra é excelente, superior; e o “Colheita Single Quinta“, produzido nos anos em que a safra não é considerada excepcional ou tão boa. Este úlitmo passa um bom tempo (de 6 a 7 anos) nos tonéis das adegas e chega pronto ao mercado para consumo. São elaborados por vários produtores, como o Quinta Malvedos que produz um “Malvedos Colheita Single Quinta” e o “Quinta Malvedos Vintage”, com safra superior. Outros produtores recomendados são o Ramos Pinto, Nierport e Burmester.

Neste último artigo da série sobre Vinhos do Porto vamos abordar os de denominação Vintage.

Late Bottled Vintage: feitas com uvas colhidas somente no mesmo ano, passando mais tempo na ma-deira que um Vintage, os melhores nãosãofiltradosecriamumaborra,devendo ser decantados. Sugerimos como ótimos produtores: Royal O Porto, Real Companhia Velha, Warre Fonseca, Offey, Ferreira e Poças.

Vintage Character: é um tipo rela-tivamente novo de vinho do Porto, buscando-se um vinho que tenha alguma coisa do Vintage, mas que fiqueprontorapidamenteequenãoseja tão caro. São cortes envelheci-dos durante sete anos , filtrados eengarrafados. Segundo Hugh Jo-hnson, são frequentemente enve-lhecidos pelo processo de Solera (usado na fabricação do Jerez, que será abordado oportunamente em um desses artigos). Indicações: o Six Grapes Graham’s, Taylo’s Firt State e o Quinta de La Rosa Finest Reserva. To-dos realmente muito bons.

Vintage: é considerado o melhor vinho do Porto, portanto, o de maior pres-tígio, feito com uvas de uma só colheita excepcional, produzindo vinhos maravilhosos. Mesmo em um ano muito bom, nenhum produtor declarará. O vinho é acompanhado durante seu desenvolvimento por 18 meses, po-dendo após, ser declarado um Vintage, se o Instituto do Vinho do Porto e o produtor concordarem que aquele vinho é excepcional. Depois de 2 anos na madeira é engarrafado, porém leva mais tempo para amadurecer. Todo Vintage tem um sedimento na garrafa e precisa de decantação. Por alguma razão, em Portugal não se “declara” Vintage em anos conse-cutivos. Normalmente um bom Vintage precisa de 15 anos para começar a demonstrar suas qualidades, mas dura décadas, quando adequadamente conservado. O Vintage novo é escuro, quase negro. Com o tempo vai clare-ando,representaofinalperfeitodeumagranderefeição.Abertaagarrafaovinho deve ser consumido em 12 e 24 horas, o que não chega a ser, de jeito nenhum, um problema. Os maiores consumidores de vinho do Porto são França, Inglaterra e Holanda. Mas o vinho do Porto é consumido em todo o mundo e produ-zido em vários países, evidentemente os melhores em Portugal. Indicações: Taylor’s, Fonsceca, Ferreira, Ramos Pinto, Barros e Borges, Nierport, Dow’s, Croft. O Quinta do Noval, nacional, é quase um capitulo a parte. O mais raro e caro dos vinhos do Porto. Produzido com uvas dessa quinta que não foram atacadaspelafiloxera.UmgrandeVintage acompanhado de um cremoso queijo de ovelha Serra da Estrela chega a ser uma poesia. Finalmente devemos citar a relativamente recente produção de vinhos do Porto brancos, alguns dos quais mais secos, mas a qualidade é inferior aos tintos. Um Porto branco envelhece perdendo a sua fruta e o seu encanto.

Page 26: Revista 76

Julho / Agosto 200926

Literárias Dr. Evaldo Alves de Oliveira

Aos vinte e cinco anos, na expec-tativa de uma

vida mais tranquila, Antoine, com bacharelado em biologia e mestrado em aramaico e em cine-ma de Sam Peckinpah e Frank Capra, decidiu cobrir o cérebro com o manto da estupidez. Re-clamava: a inteligência torna a pessoa infeliz, so-litária, pobre, enquanto o disfarce de inteligen-te oferece a imortalidade efêmera do jornal e a admiração dos que acreditam no que lêem. Na escola primária, ser inteligente resultava num insulto infame, e no adulto a inteligência é uma tara. Antoine estava desiludido e cansado de ser inteligente. Concluíra que tinha a maldição da razão: era pobre, solteiro e depressivo. Antes de tomar a decisão de se tornar es-túpido, porém, Antoine tentou outras soluções. A primeira foi se tornar alcoólatra, pois este se-ria o meio de suprimir toda e qualquer veleidade reflexivadasuainteligência,poisainteligênciano seio da embriaguez já não teria sentido. Ser alcoólatra seria, em comparação, uma ascensão social. E o seu mal, por ser visível, teria trata-mento previsto; não existe desintoxicação para a inteligência. Dirigiu-seaumbardePariseficouob-servando. Escolheu um velho alcoólatra que be-bia ostensivamente em uma mesa ao lado para lhe servir de professor. Após horas de orienta-ções técnicas, Antoine cheirou o líquido, sentiu a espuma no nariz e começou a beber. Alguns minutos depois, e após meio copo de cerveja, entrou em coma alcoólico. É que ele tinha uma sensibilidadefisiológicaextremaaoálcool. Ao seu lado, na enfermaria, estava uma mulher que, de tão enfaixada, parecia uma mú-mia. Descobriu que ela havia saltado do terceiro andar da Torre Eiffel, e, por infelicidade, caíra sobre um grupo de turistas alemães e fratura-ra quase todos os ossos do corpo. Ela já tentara se afogar, mas um imbecil corajoso a salvara, e morreria dois dias depois, de pneumonia. Já tentara o enforcamento, mas a acorda afrouxara. Dera um tiro na têmpora, mas a bala atravessara o crânio sem tocar o cérebro ou causar qualquer dano. Esvaziara dois vidros de soníferos, mas os comprimidos não continham a dosagem correta

do medicamento, e ela dormira três dias. Antoinesecertificaradequeataxadesucessonastentativasdesui-cídio estava abaixo de oito por cento, e decidiu seguir outro caminho. Pensou em fumar, mas raciocinou que o câncer de pulmão não entra-ria nas estatísticas como suicídio. Chegou até a assistir a uma palestra da SPTPTM – Suicídio Para Todos e Por Todos os Meios, mas desistiu de sua ideia.No dia seguinte, por insistência dos amigos, Antoine foi a um médi-co, que, após a consulta, receitou-lhe um medicamento que acabaria com seus problemas existenciais: Felizac. O jovem pediu demissão da universidade onde lecionava, pôs seus livros em caixas de papelão, arrancou das paredes de seu conjugado os cartazes de cinema, retra-tos dos seus heróis e reproduções de pinturas de Rembrandt e outros pintores. Após visita de pesquisa à casa de alguns vizinhos que - ele assim imaginava - tinham excelentes defesas imunológicas contra a inteligência. Percebeu na casa de um amigo todos os matizes de uma idiotice furtacor, de uma estupidez pura, resplandecente de inocência feliz e bem sucedida, uma tolice que era agradável para ele e para as pessoas que o cercavam. Graças à química do Felizac, teve forças para recuperar uma velha televisão, pregou nas paredes cartazes do Rei Leão, de carros esporte e de garotas popozudas, além de fotos de atores e atrizes que tinham o ar de gênios universais. Conseguiu dis-cos inofensivos de música à base de golpes de martelos eletrônicos e algunsdefolcloreinternacional.Pareceu-lhe,enfim,queoconjugadotinha atingido a mais perfeita inocuidade para o cérebro em vias de flacidez.Tomouadecisãodesetornarumsovina,egoísta,semou-tra preocupação além do dinheiro e da maneira de ganhar o mais possível. Não poderia esquecer de ser preconceituoso. Uma amiga advertiu-o: - Assim você se arrisca a se tornar um verdadeiro babaca. - Ser um babaca é o remédio para minha doença. Ser babaca será a quimioterapia da minha inteligência. É um risco que assumo sem hesitar. Ser estúpido dá muito mais prazer que viver sob o jugo da inteligência. Sendo estúpidos, somos mais felizes. OtestedefinitivodesuaintegraçãofoicomernoMcDonald’s,ideia que nunca tivera antes. Ao chegar, um grosso M amarelo coro-ava a fachada; um simpático palhaço de plástico o recebeu com um sorriso espontâneo. Antoine pediu um Best of McDeluxe com Coca-Cola (um terço de litro). Observou uma batata frita, mergulhou-a numa mistura de ketchup, mostarda e maionese, e mordeu-a. Em seguida, fez uma visita às Galerias Lafayette, onde com-prou uma calça de linho, uma camisa e um blazer em estilo elegante. E entrou para uma academia de ginástica, onde passou a se exercitar aosomdemúsicamonótonaehipnótica.Eleera,enfim,umherói. Pergunto: se problema médico, estupidez pode ter cura?

¹Baseado no livro Como Me Tornei Estúpido, de Martin Page, Editora Rocco

ESTUPIDEZ¹, Problema médico?

Medicina em Prosa

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,

O Laboratório Sabin foi a única organização privada de Brasília reconhecida entre as 25 empresas mais inovadoras do país pela revista Época Negócios, em parceria com o Instituto Great Place to Work. A entrega do prêmio aconteceu no dia 07 de julho, em São Paulo. Somente as organizações que se mobilizam para o futuro e têm uma gestão comprometida são reconhecidas como inovadoras. O destaque do Sabin foi para o Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP), que, em parceria com universidades e instituições acadêmicas, realizou estudos e pesquisas publicados em importantes veículos, entre eles o The New England Journal of Medicine. Nesse trabalho foi descoberta uma

que pela primeira vez em uma mulher. Essa mutação provoca uma forma rara de infertilidade e

tem 123 artigos publicados em revistas e jornais nacionais, internacionais e 16 novos projetos

da qualidade de vida e do ambiente de trabalho dos seus colaboradores, por meio de diversas ações e benefícios.

Endereço para artigo publicado no The New England Journal of Medicine

Laboratório Sabin entre as 25 empresas mais inovadoras do país