segurança na américa do sul - ufrgs.br · 1.2.gastos militares na américa do sul: venezuela e...

66
NERINT 1 Dossiê Temático N o 01/2009 Segurança na América do Sul Bolsista Responsável: Pedro dos Santos de Borba Porto Alegre, Agosto/2009

Upload: danganh

Post on 09-Jul-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

NERINT 1

Dossiê Temático No 01/2009

Segurança na América do Sul

Bolsista Responsável:

Pedro dos Santos de Borba

Porto Alegre, Agosto/2009

NERINT 2

Sumário:

1. Documentos Acadêmicos

1.1.Segurança na América do Sul: traços estruturais e dinâmica conjuntural.....03

1.2.Gastos militares na América do Sul: Venezuela e Chile (2003-2008)..........10

1.2.1. Análise do perfil dos gastos: Venezuela e Chile ..............................10

1.2.2. Análise do impacto dos gastos na América do Sul ..........................20

1.2.3. Considerações finais..........................................................................24

1.3.El aumento de la conflictividad bilateral en América Latina: sus

consequencias dentro y fuera de la región.....................................................26

2. Clipping de Notícias............................................................................................33

3. Leituras Recomendadas.......................................................................................56

4. Anexos

4.1.Balanço Militar na América do Sul...............................................................57

4.2.Resumo das operações e exercícios do Comando Sul (SOUTHCOM) em

2008...............................................................................................................58

4.3.Gastos Militares na América do Sul (1990-2006).........................................60

4.4.Gastos em defesa no subcomplexo de segurança andino-brasileiro..............60

4.5.Eixos de Integração IIRSA...........................................................................61

4.6.Focos Guerrilheiros na América do Sul e Central.........................................62

4.7. Guerras e Litígios na América do Sul..........................................................63

4.8.Estudo Cartográfico de Ayacucho (Peru)......................................................64

4.9.Referências de Dullius (2008).......................................................................64

NERINT 3

1. Documentos Acadêmicos

1.1. Segurança na América do Sul: Traços estruturais e dinâmica

conjuntural Fonte: Cepik, Marco. Segurança na América do Sul: Traços estruturais e dinâmica conjuntural. Análise de

Conjuntura no9 OPSA. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em www.observatorio.iuperj.br, data de acesso:

06/08/2009.

Neste artigo discuto as possíveis direções de mudança no complexo regional de segurança (CRS) da América do Sul, levando em consideração três dinâmicas políticas que marcaram a conjuntura recente na região: 1) a crise diplomática entre Colômbia e Venezuela, e a situação de segurança nos dois países; 2) as crises na Bolívia e Equador e a chamada disjuntiva de segurança entre os sub-complexos dos Andes e do Cone Sul; 3) as possíveis implicações da crise política brasileira para a integração da América do Sul e para a segurança regional. Nos três casos, é preciso considerar ainda a posição adotada pelos Estados Unidos e os desafios colocados para as instituições internacionais com potencial para processar problemas de segurança na região, em especial a CAN (Comunidad Andina de Naciones), o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) e a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia)1.

I - Complexos Regionais de Segurança e a América do Sul

Formulada inicialmente por Barry Buzan em 1991, a versão mais recente e desenvolvida da chamada “teoria dos complexos regionais de segurança” foi apresentada por Buzan e Wæver em 2003, em seu livro Regions and Powers: the structure of International Security.2

Em linhas muito gerais, os dois autores argumentam a favor de um nível de análise regional para os problemas de segurança presentes no sistema internacional contemporâneo. Por definição, regiões são compostas por clusters geograficamente delimitados de unidades inseridas em um sistema maior de Estados, de alcance tendencialmente global. Ou, nos termos dos próprios autores: um complexo regional de segurança é formado “por um conjunto de unidades cujos principais processos de securitização, dessecuritização ou ambos, são tão interligados que seus problemas de

1 Um esforço analítico anterior e mais desenvolvido combinando uma perspectiva realista estrutural com

a abordagem construtivista da chamada Escola de Copenhagen pode ser encontrado em: CEPIK, Marco y BONILLA, Adrian (2004). “Seguridad Andino-Brasileña: conceptos, actores y debates” (páginas 37-94), in: CEPIK, Marco y RAMIREZ, Socorro (2004). Agenda de Seguridad Andino-Brasileña: primeras aproximaciones. Bogotá, FESCOL/IEPRI/UFRGS. ISBN 9588128099. 517 páginas. 2 BUZAN, Barry & WÆVER, Ole. (2003). Regions and Powers: the structure of International Security.

Cambridge-UK, Cambridge University Press. ISBN 0521891116. 564 páginas.

NERINT 4

segurança não podem ser razoavelmente analisados ou resolvidos de maneira independentes umas das outras”3

Entretanto, embora as regiões assim concebidas possam ter relevância analítica e densidade ontológica, não são atores per se, o que remete ao problema da polaridade no sistema e também à questão da diferenciação política entre as regiões. Daí a necessidade de combinarmos o estudo da distribuição do poder entre os Estados no nível global de análise com uma compreensão focada e devidamente contextualizada das dinâmicas regionais de segurança enquanto um nível de análise intermediário entre o plano global e o nível das unidades do sistema.

Ao destacar a importância da territorialidade e das agendas regionais a partir das dinâmicas de segurança dos Estados mais poderosos do sistema, Buzan e Wæver mantiveram algo de sua ênfase anterior na construção intersubjetiva de processos de securitização e do argumento em favor da relevância potencial de atores não-estatais e dos setores (social, ambiental, político e econômico). Ou seja, de configurações que tendem a situar-se a uma distância maior do problema crucial relativo ao uso potencial e atual da força nas relações internacionais.

Pode-se afirmar, no entanto, que nesta versão de 2003 da Teoria dos Complexos Regionais de Segurança (RSCT seguindo as iniciais do nome que os autores dão para sua teoria em inglês) há um diálogo (e concessões teóricas importantes) muito mais significativo com o realismo estrutural e o chamado neo-realismo ofensivo, o que dota o modelo de maior alcance e interesse.

Ainda que se possa discordar da classificação dos autores em relação à distribuição de capacidades entre os atores no nível global de análise, pelo menos seus critérios são claros o suficiente para que possamos identificar os pontos de inconsistência e polêmica. Para Buzan & Wæver (2003:27-39), a situação existente durante a Guerra Fria (2 superpotências mais 3 grandes potências) foi transformada na direção de uma clara diferença de capacidades entre os Estados Unidos (superpotência), por um lado, e a União Européia, Japão, China e Rússia (grandes potências), por outro. A isto se somou uma relevância crescente dos complexos regionais de segurança (RSC seguindo a denominação em inglês) e das potências regionais, tais como Índia, Brasil, África do Sul e outras.

Em termos mais abstratos, a premissa básica deste modelo descritivo – i.e. que as relações internacionais contemporâneas na área de segurança tendem a configurar complexos regionais consistentes e estáveis – é mediada pelo reconhecimento a respeito da centralidade da distribuição de poder das unidades relevantes no sistema como um todo.

Neste sentido, enquanto as superpotências podem mais facilmente transcender a lógica da adjacência ou os constrangimentos geográficos em suas relações de segurança no planeta inteiro, esta não é uma possibilidade para a maioria dos cerca de duzentos Estados existentes hoje em dia. Situados entre os países que podem ser caracterizados como superpotências e aqueles Estados mais fracos, “prisioneiros das dinâmicas de

3 BUZAN & WÆVER (2003:44).

NERINT 5

segurança estabelecidas por seus vizinhos”, os autores procuram diferenciar ainda as potências regionais e as grandes potências. A diferença entre estes dois últimos tipos de atores está relacionada com suas capacidades materiais, mas também com o modo

segundo o qual cada Estado é incluído nos cálculos de poder, nas percepções de ameaça e no entendimento sobre ganhos relativos dos demais atores4

Assim, a estrutura essencial de um dado complexo regional de segurança é conformada por três tipos de relações: 1) a distribuição de poder entre os Estados da região (polaridade regional); 2) os padrões de amizade-inimizade entre os atores relevantes ao longo dos setores militar, político, social, econômico e ambiental (polarização); 3) relações de poder com atores externos à região, especialmente as grandes potências e superpotências (intrusão, overlay, dinâmicas interregionais e pré-complexos de segurança). Além destes tipos de relacionamentos, outros dois elementos cruciais para avaliarmos a estrutura de um complexo regional de segurança seriam: 4) a fronteira de exclusão que nos permite diferenciar um complexo (RSC) de outro, considerando pertencimentos exclusivos de cada país a um ou outro complexo; 5) anarquia, o que significa que, em princípio, um RSC deve ser composto por duas ou mais unidades autônomas.

Considerando a existência atualmente, sempre segundo Buzan & Wæver (2003: 445-446), de onze RSCs (América do Norte, América do Sul, Europa, Pós-URSS, Oriente Médio, África Ocidental, África Central, Chifre da África, África Austral, Sul da Ásia, Leste Asiático), estes poderiam ser classificadas segundo os padrões de amizade-inimizade em três tipos: ‘formações conflituais’, regimes de segurança e comunidades de segurança5.

Já do ponto de vista do padrão de distribuição de poder, os RSCs podem ser classificados em dois tipos principais: ‘padrão’ e ‘centrados’. Nos RSCs padrão, a multipolaridade é definida principalmente pela presença de mais de uma potência regional (caso do Oriente Médio, América do Sul, Sul da Ásia, Chifre da África e África Austral), ou pela presença de mais de uma grande potência (caso do Leste Asiático). Já os RSCs ‘centrados’ podem ser de três tipos: unipolares centrados em uma superpotência (América do Norte), unipolares centrados em uma grande potência (pós-URSS), ou quando a região tende a tornar-se um ator através de elevados graus de institucionalização (União Européia). É importante destacar que os complexos regionais

4 Temas ‘globais’ de segurança seriam aqueles que a superpotência e as grandes potências tendem a

impor como tal, ou aqueles – mais raros - que criam constelações de interesses de natureza não-territorial. São exemplos de temas ‘globais’ em pelo menos um dos sentidos mencionados o terrorismo internacional, o crime organizado, o aquecimento global da biosfera e a ação das corporações globais e movimentos sociais. Para uma discussão adicional sobre o papel das regiões na economia mundial contemporânea, cf. o capítulo 13 (“The Political Economy of Regional Integration”) em: GILPIN, Robert (2001). Global Political Economy. Princeton-NJ, Princeton University Press. Páginas 341-361. Um outro trabalho interessante para a relativização das teorias econômicas globalistas, mas que destaca o papel dos clusters regionais sub-nacionais e sua articulação multi-nacional em bases regionais mais amplas, é: SCOTT, Allen J. (2000). Regions and the World Economy: the coming shape of global production, competition, and political order. Oxford, Oxford University Press. 5

A noção de regimes na tipologia de Buzan & Wæver (2003:53-54) é utilizada de maneira analiticamente

frouxa, apenas para designar uma situação intermediária entre ‘amizade’ e ‘inimizade’, Ela acompanha certa tradição trinômica da chamada Escola Inglesa das Relações Internacionais (nas três imagens de Hobbes, Grotius e Kant).

NERINT 6

de segurança existem independentemente da importância do regionalismo como política de Estado, ou da auto-identidade regional de um conjunto de unidades. Isto é o que nos permite falar em complexos centrados ou standard. Por outro lado, os processos mais relevantes e interessantes para serem analisados são justamente as tentativas de transformação – normalmente dirigida por grandes potências ou potências regionais – na direção de complexos regionais ‘centrados’ em torno de uma potência ou de um conjunto de instituições6

Não há espaço aqui para detalhar mais, ou mesmo para criticar sistematicamente a taxonomia e o modelo propostos por estes autores, cuja utilidade neste momento redunda em permitir uma descrição inicial da estrutura essencial da segurança na América do Sul. Utilizando esta moldura conceitual, algumas possíveis direções de mudança a partir de elementos conjunturais selecionados podem ser entretidas na próxima seção.

II – Conjuntura de Segurança da América do Sul

Caracterizado ao longo do século XX por uma baixa incidência de guerras interestatais, o complexo regional de segurança da América do Sul foi classificado por Buzan & Wæver (2003:304-339), em termos de padrões de amizade-inimizade, como sendo um ‘regime de segurança’, por oposição tanto a formações mais conflitivas na África e Ásia, quanto mais pacíficas, como na Europa ocidental7.

Outros traços definidores da situação de segurança na região no começo do século XXI seriam, por exemplo, a ausência de grandes potências dentre os doze países que formam este complexo, a multipolaridade com baixo grau de polarização, a aspiração do Brasil pelo reconhecimento regional e mundial enquanto grande potência capaz de estruturar o RSC por meio da institucionalização de uma Comunidade Sul-Americana de Nações (ou um Estado Multinacional, conforme se argumentará mais adiante no texto), a baixa capacidade de interação (infra-estrutura tecnológica e social para transportes e comunicação) entre os países do complexo, vulnerabilidades no âmbito das unidades (especialmente instabilidade política e déficits de desenvolvimento social), e uma dinâmica de segurança inter-regional definida por oscilações seculares no grau de intervenção dos Estados Unidos na região.

6 Para uma discussão sobre o papel do regionalismo na política externa brasileira e os desafios associados à construção efetiva de uma Comunidade Sul-Americana de Nações, ver: LIMA, Maria Regina Soares & COUTINHO, Marcelo Vasconcelos. (2005). “Globalização, Regionalização e América do Sul”. Análise de Conjuntura OPSA, Rio de Janeiro, n. 6, p. 1-10, maio 2005. Disponível em: http://observatorio.iuperj.br/artigos_resenhas/Globalizacao_Regionalizacao_e_America_do_Sul.pdf. Acesso em: 05 de agosto de 2005. 7 Para uma discussão sobre as guerras interestatais na América do Sul e sua relação com a formação dos

Estados no século XIX, ver LÓPEZ-ALVES, Fernando. (2000). State Formation and Democracy in Latin America: 1810-1900. Durham-NC, Duke University Press. Sobre as causas da baixa incidência de guerras interestatais e dos elevados níveis de violência civil, um ponto de partida pode ser: MARES, David. (2001). Violent Peace: militarized interstate bargaining in Latin America. New York, Columbia University Press. Uma referência mais geral é: HOLSTI, Kalevi J. (1996). The State, War, and the State of War. Cambridge, Cambridge University Press.

NERINT 7

Como já destacou Mônica Hirst (2003:25-80), os dois desenvolvimentos mais marcantes da segurança na América do Sul ao longo dos últimos anos foram, respectivamente, a diversificação de agendas e prioridades nas políticas de segurança de países importantes da região e o contraste entre a evolução política e militar do Cone Sul e da região andina8.

No caso da fragmentação nos posicionamentos em política externa e temas de defesa, é notória a diferença nos graus de apoio às prioridades e ênfases da guerra global anti-terror promovida pelos Estados Unidos entre, por exemplo, a Colômbia e o Chile. Outro exemplo do primeiro tipo de fragmentação e divergência entre os países da América do Sul ocorreu durante a Conferência Especial de Segurança da OEA em 2003. Naquele momento, quando a solução adotada – a noção de segurança multidimensional – mal conseguiu ocultar a distância conceitual entre, por exemplo, as ênfases do Brasil e da Argentina na pobreza como ameaça à segurança e as preocupações muito mais tradicionais da Venezuela e do Equador com ameaças militares estatais.

Quanto à diferenciação entre Cone Sul (regime de segurança) e Andes (‘formação de conflito’), regiões que chegam a ser tratados por Buzan & Wæver (2003:320-339) como dois sub-complexos de segurança claramente delimitados, o final do contencioso Equador-Peru após a guerra do Cenepa em 1995 deixa apenas a guerra civil da Colômbia para dar substância a esta diferenciação. Os indicadores sociais e a estabilidade política dificilmente poderiam autorizá-la, especialmente depois do colapso argentino em 2001 (ou da atual crise política no Brasil) e da dificuldade de classificação do Paraguai neste contexto. Mesmo o conflito colombiano, independentemente do sucesso ou fracasso das políticas de defesa e segurança de Uribe, hoje dificilmente corresponde à imagem tão corrente a poucos anos atrás, de um conflito de facto regionalizado por diversos mecanismos de spill-over.

Entretanto, mesmo que não seja possível aceitar a tese sobre os dois sub-complexos de segurança claramente distintos na América do Sul, as dificuldades persistentes na capacidade dos países sul-americanos coordenarem posicionamentos internacionais na área de segurança têm implicações para uma análise das possíveis direções da mudança. As fontes de mudança, neste momento, são tanto internas à região (polarização entre as opções da Colômbia e da Venezuela, crise política no Brasil, ritmo e forma da integração econômica e política etc.), quanto externas (pressão dos Estados Unidos sobre países específicos e para que a região como um todo venha a ‘internalizar’ sua agenda de segurança).

No restante desta seção comentarei brevemente os desenvolvimentos recentes no âmbito interno de alguns países, bem como suas ligações com os níveis de análise regional, inter-regional e global. Do ponto de vista do Brasil e da segurança regional, a díade Colômbia-Venezuela constitui o maior problema para a consecução da integração política e econômica da região, pois são os dois países com maior capacidade de interação na região norte da América do Sul, cujos governos atuais representam as alternativas polares – pró e anti-Estados Unidos – que estão colocadas concretamente caso fracasse a tentativa mais recente de integração.

8 Cf. HIRST, Monica. (2003). “Seguridad regional en las Américas”. In: GRABENDORFF, Wolf [ed.].

La seguridad regional en las Américas. Bogotá, Fescol- Cerec. Páginas 25-80.

NERINT 8

No caso da Colômbia, com uma imagem favorável para 79,7% dos entrevistados e expectativas de voto acima de 70% um ano antes das eleições, o presidente Uribe parece consolidar sua liderança. Depois de vencer algumas resistências internas no Congresso dos Estados Unidos devido aos protestos internacionais de grupos de direitos humanos em função dos processos de desmobilização e anistia para os paramilitares, Uribe conseguiu aprovar a continuidade do Plano Colômbia. Mesmo que as operações das FARC em Putumayo e outras regiões tenham mostrado que o chamado Plano Patriota estava longe de ser a ‘batalha final contra as FARC’ prometida pelo presidente, ou que o crescimento econômico de 3,9% no último ano tenha sido abaixo do necessário, ou ainda que os hectares plantados e o volume de cocaína exportado não tenham diminuído, o fato é que os resultados da sua política de Segurança Democrática em termos de redução de seqüestros e homicídios têm lhe garantido os níveis atuais de aprovação. Ao mesmo tempo, a fragmentação política que permite a Uribe governar acima dos partidos e do Congresso torna qualquer alternativa política pouco provável. Caso a Suprema Corte aceite a tese da reeleição, mais quatro anos de guerra apoiada pelos Estados Unidos sob o conceito amplo de luta contra o (narco) terrorismo parecem muito prováveis na Colômbia.

A conjuntura da Venezuela, tanto no plano material quanto discursivo, representa uma alternativa oposta ao desenvolvimento colombiano, mas igualmente caracterizada por uma consolidação da liderança presidencial. As vitórias da coalizão de Chávez nas eleições estaduais e as perspectivas favoráveis para as eleições locais deste ano, além da situação econômica extremamente favorável e várias iniciativas bem sucedidas na região (e.g. os acordos petrolíferos com a Argentina e o lançamento da Telesur) deixam Chávez relativamente confortável para confrontar diretamente os Estados Unidos. Embora as compras de aviões ‘Super Tucanos’ brasileiros, helicópteros e fuzis AK-103 russos tenham reforçado as hostilidades entre os dois países, a recente ruptura do governo venezuelano com a DEA (Drug Enforcement Agency) demonstra que até aqui Chávez encontra-se disposto a bancar os custos de uma ‘alternativa bolivariana’ para a ALCA e a política de “guerra global contra o terror” do governo Bush. A dimensão sul-americana da disposição de Chávez foi testada recentemente nas acusações mútuas de intervencionismo no Equador e na Bolívia, onde Evo Morales encontra-se em segundo lugar nas pesquisas de opinião para a próxima eleição presidencial.

Por sua vez, os protestos populares que derrubaram os ex-presidentes Mesa na Bolívia (março) e Gutierrez no Equador (abril) atualizaram dois dos desafios mais persistentes e relevantes na região: o equacionamento da questão social (identidade indígena e redução da pobreza) e a fragilidade política e administrativa dos Estados nacionais como elemento dificultador da própria integração regional. Do ponto de vista da segurança, as vulnerabilidades internas destes países e do Paraguai – três dos quatro buffers tradicionais na região – colocam em evidência um padrão de intervenção norte-americano mais aberto, por meio de contratos para o estabelecimento de Forward Operations Facilities (FOLs) como as do Equador e do Paraguai, além da assistência militar renovada na Colômbia e, muito provavelmente, de operações encobertas de tipo mais tradicional contra Chávez na Venezuela.

Entretanto, o vínculo mais estreito entre a conjuntura doméstica e a segurança regional acontece no caso brasileiro. Não resta dúvida de que a crise política no Brasil, com a desmoralização do Partido dos Trabalhadores e o risco de impeachment do próprio presidente Lula, abala toda a constelação de segurança na América do Sul. A

NERINT 9

perspectiva de um processo de polarização social e político interno, com agravamento das relações civil-militares e riscos institucionais diversos devido à incerteza que se abre, é algo de uma magnitude que parece somar e transcender todas as crises políticas recentes na região, do colapso do governo argentino em 2001 à escalada repressiva que acompanhou os violentos protestos sociais na Bolívia em 2003 e 2005, passando pelo golpe e pelo paro venezuelano. O colapso do governo Lula ameaça levar de roldão uma recém nascida Comunidade Sul-Americana das Nações que já enfrentava sérias demandas de institucionalização e equacionamento de uma agenda comum para tratar dos problemas relacionados ao conflito armado colombiano, narcotráfico, transformação das forças armadas e participação em Operações de Paz e missões da ONU9

Afinal, a declaração de Cuzco ao final da III Reunião de Cúpula da América do Sul em dezembro de 2004 prometia fazer deste ano um marco na direção de uma arquitetura regional capaz de aproveitar e transcender as experiências da CAN (Comunidad Andina de Naciones) e do MERCOSUR (Mercado Común del Sur). Ainda em fevereiro de 2005 foram assinados 20 acordos bilaterais entre Venezuela, Brasil e Argentina, 14 deles sobre petróleo e os restantes em áreas tão diversificadas como agroindústria, infra-estrutura e ciência & tecnologia10.

Além disso, enquanto os presidentes da Venezuela, Brasil e Argentina selavam em março deste ano uma ‘alianza estratégica’, o presidente colombiano Álvaro Uribe e Hugo Chávez reuniam-se em Caracas para desarmar a crise diplomática desatada pelas denúncias mútuas de corrida armamentista e pela captura do guerrilheiro colombiano Rodrigo Granda em território venezuelano no final do ano passado. A normalização das relações colombo-venezuelanas e a redução das tensões entre a Argentina de Kirchner e o Brasil pareciam indicar a correção do rumo proposto pelo governo Lula: “Pragmatismo, disciplina fiscal, liderazgo regional y una voz representativa en los foros mundiales son los conceptos con los que se puede describir mejor al gobierno Lula y sus relaciones con sus vecinos latinoamericanos” (El Tiempo).

Já no começo da crise que ameaça tragar seu governo, Lula cancelou uma importante visita a Bogotá e Caracas prevista para o final de junho, onde iria reunir-se novamente com Uribe, Kirchner e Chávez. No ponto em que se encontra a crise política brasileira em agosto de 2005, um eventual colapso do governo Lula representará também um custo altíssimo para a segurança na América do Sul, não apenas pelo potencial de instabilidade econômica e social, mas por retirar a iniciativa das mãos do Estado mais dotado de recursos na região, o que eventualmente poderá deixar como

9 Sobre a importância e as bases conceituais de um Estado Sul-americano multinacional, a um só tempo

superação da CAN e do Mercosul e alternativa ao chauvinismo de alguma versão rediviva do “Brasil Grande”, será interessante observar os trabalhos desenvolvidos por diversos pesquisadores dos programas de pós-graduação em Ciência Política e Relações Internacionais na UFRGS, em particular a dissertação de mestrado de Maria da Graça Hahn (sobre o Tribunal Sul-americano) e a tese doutoral de José Miguel Q. Martins (sobre as relações entre Brasil e China e suas implicações na área de segurança e defesa). 10

Embora não contemple uma análise sobre os aspectos políticos e institucionais da integração sul-americana, muito menos da dimensão da segurança e da defesa, e embora adote um discurso geral algo demiúrgico a respeito do papel brasileiro, o seguinte trabalho de Darc Costa constitui sem dúvida uma excelente contribuição para a compreensão da importância da melhoria da capacidade de interação (infra-estrutural e sócio-cultural) para um projeto de integração regional: COSTA, Darc. (2003). Estratégia Nacional: a cooperação sul-americana como caminho para a inserção internacional do Brasil. Porto Alegre, L&PM.

NERINT 10

únicas opções para a região a iniciativa norte-americana da ALCA e a reação bolivariana capitaneada por Chávez.

Um sinal particularmente grave nesta direção foi o tom da resolução adotada pela XVI Reunião de Cúpula da CAN, onde se destaca a ''instabilidade democrática'' na região como uma ameaça direta à segurança, mas não há qualquer sinalização de um avanço na direção da construção de um Estado multinacional na América do Sul. Sem este, a transformação do complexo de segurança da América do Sul infelizmente poderá se dar na direção de uma integração da região andina (e mesmo o Paraguai) ao complexo de segurança norte-americano, por meio de um processo de incorporação que traz para a agenda dos Estados Unidos não apenas seus aliados (como a Colômbia), mas também seus adversários (como a Venezuela). Esta seria uma transformação radical na paisagem, algo que o final da Guerra Fria e os atentados de 11 de setembro não haviam causado. Cabe esperar que os povos, mais do que os governos e os Estados, sejam capazes de evitar o agravamento das condições de segurança na conjuntura que se abre.

1.2.1. Análise do Perfil dos Gastos: Venezuela e Chile (cap. II11

)

Fonte: Dullius, Gustavo. Gastos Militares na América do Sul: Venezuela e Chile (2003-2008). Monografia apresentada para a obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008, pp.22-4012

Como aponta KRAUSE (1995:193), é muito difícil generalizar os motivos pelos quais um país busca a aquisição de novos armamentos, cada caso é único e as intenções reais podem não ser aquelas presentes no discurso oficial. Contudo, o autor aponta três grandes conjuntos de motivos – não exclusivos - que levam os Estados a adquirir armas:

Internos (incluindo a proteção do regime contra ameaças internas ou utilizando o desenvolvimento militar como vetor de modernização social e econômica), regionais (incluindo a garantia de segurança, a participação em guerras e a aquisição de influência ou hegemonia regional) e sistêmicos (incluindo a busca por status, poder e prestígio) 17 (tradução do autor, grifo nosso)

No presente trabalho, daremos mais ênfase ao escopo interno e regional, tanto no que se refere às motivações como no que se refere às conseqüências dos gastos. Quanto à dificuldade em classificar os gastos militares, é importante a contribuição de BUZAN & HERING (1998:79):

Existe uma grande necessidade de encontrar um termo para a condição normal das relações militares, visto que a ausência de tal termo tem facilitado o uso excessivo de “corrida armamentista”. Se encontrarmos um termo para essa condição normal das relações militares, também teremos que encontrar um para descrever o fenômeno em sua totalidade, incluindo tanto o comportamento normal como a “corrida armamentista”. Utilizamos o termo “dinâmica armamentista” (arms dynamic) para nos

11

No excerto selecionado foi mantida a numeração original do autor, isto é, organizada como capítulo II.

Assim, os subcapítulos são Venezuela (2.1) e Chile (2.2), tal como na obra, e não devem ser confundidas

com a numeração do presente dossiê. 12

As referências de Dullius (2008), por serem extensas, foram incluídas nos anexos (4.8).

NERINT 11

referir ao conjunto de pressões que levam os atores a adquirir material bélico e a alterar a quantidade e a qualidade das forças armadas que já possuem. (tradução do autor)

Nesse trabalho, adotamos essa proposta de facilitar a análise por meio da delimitação da dinâmica armamentista de BUZAN & HERING (1998):

Corrida Armamentista

(Arms Race)

Manifestação mais extrema da dinâmica armamentista. Expressão da intensificação das rivalidades políticas, presente quando os Estados estão em mobilização total para guerra.

Manutenção do Status Quo

(Maintenance)

Condição normal da dinâmica.

Competição Armamentista -

Build Up

(Arms Competition - Build-up)

Zona cinzenta entre as condições anteriormente descritas. As relações entre todos os virtuais adversários são enquadradas nesse conceito. Nessa competição os países tentam abandonar o status quo e obter uma vantagem vis-à-vis seu(s) concorrente(s).

Temos que levar em conta a extrema dificuldade de inferir intenções a partir de capacidades adquiridas. Essa grande dificuldade de definir intenções e de classificar dinâmicas de aquisição de armamentos como ofensivas ou defensivas é um dos fatores que leva o dilema de segurança a operar nas relações inter-estatais.

Um Estado pode, por exemplo, comprar armamentos para obter prestígio e isso ser avaliado pelos países vizinhos como uma ameaça. KRAUSE (1995:195) aponta como exemplo desse fenômeno a corrida sul-americana para adquirir jatos supersônicos na década de 1960:

O Peru foi o primeiro país a adquirir tais aviões; em 1975, Argentina, Brasil, Chile e Venezuela já haviam seguido o exemplo e também adquirido. Nenhuma guerra eclodiu, nenhuma foi desejada, e todos os países foram forçados a gastar muito mais do que desejavam com a defesa nacional.

Nosso grande desafio nesse capítulo é mostrar as conseqüências para as capacidades decorrentes das aquisições. Utilizamos em nossa análise a premissa que a preparação militar de um Estado está diretamente relacionada com os objetivos reais de sua diplomacia. Isto é, uma vez que não podemos inferir intenções, nos concentramos em analisar possibilidades a partir das capacidades.

NERINT 12

Nesse capítulo buscamos fazer um apanhado das intenções declaradas de Chile e Venezuela para justificar as aquisições, além de fazer um breve histórico das compras e uma análise do aumento das capacidades militares decorrentes nos dois Estados.

2.1. Venezuela – Una Revolución Armada

Os gastos militares venezuelanos têm chamado a atenção da imprensa e da academia nos últimos anos. A Venezuela passou de 56⁰ no ranking de compradores de armas em 1998-2002 a 24⁰ em 2003-2007. (SIPRI, 2008:306) Além da intensidade, as aquisições do país atraem atenção por serem acompanhadas de grande propaganda política do governo Chávez e de certa apreensão com suas intenções para a América do Sul. De certa forma, essa atenção ajuda Chávez a projetar uma imagem de poder tanto internamente como parte de sua política externa.

O processo venezuelano de gastos militares nos últimos anos tem sido alto, mas não tão constante como, por exemplo, o chileno. Praticamente todas as áreas das três forças já foram contempladas ou há planos para tal. Os gastos, que até 2000 podem ser considerados moderados, aumentaram desde então, sendo o ano de 2006 o grande pico de aquisições de material bélico até o presente.

A Rússia tem sido o grande fornecedor e aliado estratégico do governo Chávez. A aproximação com a Federação Russa está ligada ao cancelamento do acordo militar Venezuela - Estados Unidos no ano de 2005 por ordem do presidente Chávez. No mesmo ano, o governo norte-americano vetou a modernização dos caças F-16, assim como a venda de aeronaves de transporte espanholas C-295 e de A-29 Super Tucanos brasileiros, por contarem com tecnologia norte-americana.

Esse processo culminou, em 2006, na restrição da venda de armas à Venezuela por Washington. Essa dependência de alguns componentes provenientes dos Estados Unidos fez com que Brasil e Europa perdessem bilhões de dólares em negócios com a Venezuela para a indústria bélica russa.

Embora o argumento oficial norte-americano enfatize que o governo de Hugo Chávez se transformou numa força “desestabilizadora na América Latina”, e tanto a Secretaria de Estado, a Secretaria de Defesa e sub-Secretariado para Assuntos Interamericanos compartem essa crença uma outra motivação de fundo tem a ver com o fato de que depois da moratória de venda de armas para a região que vigorou ate 1997, pensavam os governantes estadunidenses que a América Latina operaria sob um principio de reserva de mercado. A venda de armas por Espanha e Rússia ao governo da Venezuela desestabilizou essa idéia que era uma das motivações chaves para a liberação da venda de armas a países latino-americanos(VILLA, 2007:127).

O governo Chávez justifica seus gastos como uma reposição de material obsoleto. Além disso, alega estar se preparando para uma guerra assimétrica e para dissuadir uma possível invasão norte-americana, que teria como objetivo pôr fim à Revolução

NERINT 13

Bolivariana. Esta suposta ameaça estadunidense é também a justificativa para a criação de uma força de reservistas de um milhão de homens, segundo as estimativas de Chávez, e de 200.000 homens segundo o IISS. Essa força já está sendo treinada, inclusive com exercícios de simulação de uma invasão estrangeira. (JANES, 2008c). Outro fator não citado por Caracas é a necessidade de compensar a ajuda militar norte-americana recebida pela vizinha Colômbia, através dos planos “Colômbia” e “Patriota”. (MALAMUD & ENCINA, 2007). Mesmo porque o exército colombiano é o maior da América do Sul, contando com significativa capacidade de projeção de força graças a seus helicópteros.

A primeira grande aquisição de armamentos venezuelana ocorreu na visita do presidente Chávez a Moscou em novembro de 2004, que culminou na compra de 100 mil fuzis de assalto Kalashnikov AK-103 e AK-104, 5 helicópteros de transporte Mi-17, um helicóptero de transporte Mi-26 e três helicópteros de ataque Mi-35. Além dessas compras, foi acertada a construção, prevista para 2010, de duas fábricas de fuzis Kalashnikov e de munição para estas armas. (RIA NOVOSTI, 2007). Em julho de 2006, outra visita de Chávez a Moscou e mais uma grande compra: 24 caças Su-30Mk2 e 38 helicópteros dos modelos Mi-17 e Mi-35, totalizando mais de quatro bilhões de dólares em dois anos.

O plano venezuelano de modernização da sua defesa está atualmente passando por um período de menos aquisições. Isto se deve a problemas de financiamento das compras e não ao fim do processo. A Rosoboronexport, empresa exportadora do material bélico russo, está relutando em aumentar a linha de crédito ao governo da Venezuela. Está em negociação um crédito de 800 milhões de dólares (o valor total dos equipamentos deverá ultrapassar os dois bilhões de dólares) para a compra de três submarinos, 12 caças, 14 aviões de transporte e 12 helicópteros (HIGUERA, 2008a).

A compra de submarinos já está atrasada e, por esse motivo, o governo venezuelano optou por três unidades do modelo 636 (Classe Kilo Atualizada), mas somente pôde encomendar uma. Um lote de doze caças Su-30Mk2, suplementar aos 24 já entregues, e destinado para substituir os Mirage 50 que serão retirados de serviço no final de 2008, também foi afetado pelas dificuldades econômicas. A prioridade orçamentária foi dada às aeronaves de transporte Ilyushin Il-76. Duas unidades serão entregues até o final do ano, duas no início de 2009 e mais 12 (duas da versão avião-tanque Il-78) ao longo do ano de 2009. Outra aquisição comprometida foi a dos helicópteros de ataque Mi-28N Night Hunter. Dos 12 previstos somente quatro foram encomendados até o momento. (HIGUERA, 2008a).

Além do orçamento destinado à defesa, a Venezuela conta com uma forma de financiamento externo para compra de armamentos, a chamada “Ley Paraguas”. Ela possibilita a aquisição sem os procedimentos orçamentários normais e dificulta a mensuração do valor gasto pelo governo Chávez no seu ambicioso projeto de modernização das forças armadas. Por esse mecanismo, as compras são financiadas por linhas de crédito obtidas no país de origem do equipamento, no caso a Rússia. (IISS, 2008:59). Esse mecanismo vinha operando com sucesso até o momento, no entanto, as dificuldades de financiamento dos novos contratos devem adiar ao menos até o fim do ano o anúncio de novas aquisições. Na visita de Chávez a Moscou em setembro de 2008, mais US$ 1 bilhão foi concedido em crédito, o que sinaliza uma retomada das compras e um acerto financeiro entre as partes. (RIA NOVOSTI 2008a).

NERINT 14

2.1.1. Exército

2.1.1.1. Tanques

O tanque T-90 foi oferecido a Caracas, segundo a imprensa russa. (RIA NOVOSTI, 2008b). Não existem maiores informações sobre a renovação da frota de tanques. O modelo T-90 é considerado como equivalente em capacidades ao Leopard 2A4 em serviço no Chile, colocando a Venezuela em grande vantagem na região setentrional da América do Sul, com os únicos tanques em serviço na referida região.

2.1.1.2. Blindados

Em 2004, o Ministério da Defesa licitou a compra de 200 blindados de transporte de infantaria (APC). Em 2007, o requerimento foi expandido para 600 unidades. O modelo russo BMP-3 será o provável escolhido, ainda que se enquadre como um IFV, dada sua capacidade de combate. (JANE'S, 2008b). O BMP-3 é um blindado anfíbio com capacidade de transporte de sete soldados cujo armamento principal é um canhão de 100 mm capaz de disparar projéteis explosivos, antitanque e mísseis. (FAS, 2008a). Ainda que a tendência aponte que as 600 unidades serão de dois diferentes modelos, o BMP-3 e outro com menos capacidade de combate, se a compra de 600 unidades do BMP-3 for efetivamente confirmada, a Venezuela ganhará uma força blindada de transporte e combate sem paralelo na região amazônica, mesmo a compra dos T-90 não se confirmando. Embora não possam ser considerados MBT's, os BMP-3 seriam superiores a grande parte dos tanques em serviço no continente.

Foram também adquiridos entre 2006 e 2007 310 veículos do Modelo Tiuna, de fabricação venezuelana. Trata-se de um veículo multiuso capaz de transportar nove soldados. Algumas unidades possuem capacidade antiaérea e antitanque.

2.1.1.3. Aviação do Exército

Os 53 helicópteros comprados junto à Rússia adicionaram uma capacidade de transporte e ataque no exército venezuelano que praticamente inexistia. A incorporação do helicóptero Mi-35M2 Piraña adicionou uma capacidade de ataque antes inexistente no exército do país. A aeronave pode ser equipada com foguetes ou mísseis antitanque e pode ser utilizada para transportar até oito soldados. (FAS, 2008b). Se trata de uma versão modernizada e de exportação do Mi-24, que ficou célebre na Guerra do Afeganistão (1979-1989).

O Mi-24/Mi-35 é a espinha dorsal do apoio aéreo aproximado do exército russo. Sua substituição pelo modelo Mi-28, mais novo, começará nas forças russas em 2008. A Venezuela será o primeiro país estrangeiro a operar os novíssimos Mi-28NE Night Hunters, com comissionamento na força aérea previsto para 2009.

As vantagens venezuelanas de ser um dos poucos países a operar helicópteros de ataque no continente serão imensamente ampliadas com o comissionamento dos Mi-28. O Mi-28 é uma aeronave dedicada totalmente ao ataque, otimizada para o emprego antitanque e capaz de operar à noite e em qualquer condição meteorológica. (FAS, 2008c). Contudo, a função principal do sistema é a supressão de radares e defesa aérea inimiga.

NERINT 15

2.1.2. Força Aérea

2.1.2.1. Aviões de caça/ataque

Os caças Sukhoi Su-30Mk2 foram sem dúvida a aquisição militar mais noticiada na imprensa sul-americana nos últimos anos. A escolha do caça russo está situada no contexto da recusa estadunidense de fornecimento de equipamentos militares e mesmo de reposição de peças para os F-16 A/B venezuelanos. Já em 2001, a Venezuela estudava a compra de aeronaves russas, porém o plano de aquisição era de 50 unidades do modelo MIG-29. Em junho de 2006, foi feita a encomenda dos Su-30Mk2: um primeiro lote de 24 caças terminou de ser entregue em 2008 e uma nova encomenda de mais doze unidades deve ser anunciada em pouco tempo. (HIGUERA, 2008b). A dúvida é se Chávez incorporará mais um lote do Su-30Mk2 ou irá aguardar o início da produção dos novos Su-35. (RIA NOVOSTI, 2008c).

O Su-30Mk2 é uma aeronave extremamente poderosa, que destaca a Força Aérea Venezuelana em relação aos vizinhos. É uma aeronave de emprego multifunção, podendo realizar funções de superioridade aérea, ataque ao solo ou antinavio. Com uma carga de 4.000 Kg de bombas, seu raio de operação é de aproximadamente 1500 km, que pode ser aumentado em 500 km com reabastecimento aéreo. (GLOBAL SECURITY, 2008). O raio de ação e a capacidade de carga da aeronave são superiores a qualquer outra aeronave na América do Sul.

Trata-se de uma arma com um grande poder dissuasivo mesmo contra grandes potências como os EUA, pois seus mísseis antinavio, por exemplo, criam um anel de segurança de 100 km a partir da costa venezuelana.

As aeronaves OV-10 Bronco seriam substituídas por algo entre 24 e 48 unidades do brasileiro Super Tucano, mas a presença do motor americano impediu a realização do negócio. No seu lugar, foram encomendados os helicópteros de ataque Mi-28 já mencionados. Para treinamento, foram adquiridos 18 jatos K-8 de fabricação chinesa, que também podem ser operados como aeronaves de ataque leve. (JANE'S, 2008b).

2.1.2.2. Transporte

A renovação/ampliação da aviação de transporte também foi prejudicada pelo embargo norte-americano, que impediu a compra de aeronaves CASA C-295 de fabricação espanhola. Em seu lugar, o governo Chávez optou pelas aeronaves Ilyushin Il-76, de grande capacidade de carga. Cada Il-76 pode transportar 48 toneladas, o equivalente a 225 soldados armados ou 128 pára-quedistas. Com a entrada em serviço das doze unidades previstas - que estão apenas aguardando o financiamento - a capacidade de deslocamento rápido e em grande volume das forças armadas venezuelanas será expandida consideravelmente. Seria possível enviar cerca de 2.500 soldados para auxiliar a Bolívia, por exemplo, com apenas uma viagem de cada aeronave.

2.1.3. Marinha

2.1.3.1. Submarinos

NERINT 16

O aumento da frota de submarinos de ataque é o cerne do plano venezuelano de expansão da capacidade da marinha nacional. (JANE'S, 2008b). A primeira opção foi o francês Scorpène, a mesma escolha da marinha chilena. Com o fracasso das negociações, a Venezuela sondou a compra dos russos da classe Amur (Type 1650). As notícias na imprensa russa dão conta que o governo Chávez foi persuadido a não aguardar a entrada em serviço da nova classe Amur, começando o reequipamento com cinco submarinos da Classe Kilo Atualizada (Tipo 636) e, posteriormente, complementando a frota com equipamentos da Classe Amur.

O modelo 636 já encomendado é um projeto recente, datado de 1997. São destinados ao emprego costeiro, com um nível de ruído tão baixo que o torna praticamente imperceptível aos sonares inimigos. Apesar de não contarem com a capacidade de projeção de forças dos Scorpène, sua furtividade e modernidade o torna a melhor opção para a defesa costeira.

A classe Amur, sendo confirmada sua compra pela marinha venezuelana, tornará o país o único com um submarino de novíssima geração em operação, superior inclusive ao Scorpène chileno. A classe Amur será ainda mais silenciosa que a Kilo, e contará com uma “Air Independent Propulsion” que proporciona uma autonomia de até 45 dias e uma capacidade de projeção oceânica, o que equivale dizer, capacidade de ataque em quase toda América do Sul.

2.1.3.2. Fragatas e Corvetas

Um dos poucos negócios que não foram bloqueados pelo embargo americano foi a compra de navios da construtora espanhola Navantia. Em 2005, foram encomendados oito navios, quatro fragatas PVZEE (Patrullero Oceanico de Vigilancia de la Zona Económica Exclusiva) e quatro corvetas BVL (Buque de Vigilancia Litoral). São destinados a operar tanto no litoral como no oceano e são equipados com modernos sistemas de armamentos, canhões e mísseis antinavio e antiaéreos. A atual capacidade da marinha venezuelana é modesta. Contudo com a entrada em serviços dos novos submarinos, fragatas e corvetas, ela entrará em um novo patamar. Será um sólido escudo marítimo apoiado na maior e mais moderna frota de submarinos do continente.

2.2. Chile: “Por la Razón o por la Fuerza”

Apesar da grande divulgação dada às aquisições venezuelanas, o Chile é o país que possui o maior programa do continente de modernização e reequipamento das três forças armadas. (JANE'S, 2008a). Essa constatação é facilmente validada se observarmos a grande quantidade de material bélico de última geração adquirida por Santiago na última década, fazendo o Chile o 12⁰ maior no ranking mundial dos compradores de armas no período 2003-2007, uma posição considerável. (SIPRI, 2008:305). O “Libro de la Defensa Nacional” publicado em 2002 fundamentou a necessidade de renovar o armamento na situação de obsolescência e alto custo de manutenção do material existente.

O processo chileno de reequipamento está alicerçado na “Ley Reservada del Cobre” (LRC):

NERINT 17

O sistema de aquisições tem como componente principal a Lei Reservada do Cobre. Esta lei data da década de 1940 e é estruturada para levar a cabo o processo de financiamento, de distribuição dos recursos, de aprovação e de aquisição de material bélico proposto pelas Forças Armadas. Estes recursos só podem ser utilizados para a aquisição de sistemas de armas e equipamentos. (CHILE, 2002, grifo e tradução do autor).

Originalmente a lei previa que as mineradoras privadas deveriam destinar 7,5% de sua receita para as forças armadas do país. Em 1971, as reservas de cobre foram nacionalizadas e passaram a ser administradas pela estatal Codelco. Com o início do governo militar em 1973, uma nova lei foi promulgada, passando a dispor que a Codelco deveria repassar 10% do valor do cobre exportado às forças armadas chilenas para aquisição de equipamento.

Desde o ano 2000, a média anual dos repasses tem sido US$250 milhões anuais, mas os altos preços do cobre fizeram que esse valor fosse elevado para US$1,3 bilhão em 2006 e US$1,4 bilhão em 2007. A previsão é que durante o governo Bachelet (2006-2010), seja destinado um total de US$10 bilhões, que somados aos US$3 bilhões do período 1995-2005, totalizam valor sem precedentes na história chilena, sem paralelo nem mesmo com o período Pinochet. Esse valor, no entanto, depende da manutenção da alta demanda e do preço do minério (JANE'S, 2008a; ECONOMIST, 2008). Uma proposta de extinção da lei está em discussão em Santiago, a Codelco demanda que não pese sobre a empresa o fardo de financiar os armamentos do país. Não está claro se a LRC será alterada para desonerar a Codelco ou será extinta.

O grande fornecedor de armamento ao Chile são os Estados Unidos e, mais recentemente, os países europeus. Na presidência Carter a exportação de armamentos sofisticados para a América Latina foi embargada. Esse embargo foi mantido nos governos republicanos seguintes. Contudo, o programa chileno de modernização fez com que essa política fosse revista no governo Clinton. Em 1997 o embargo foi levantado visando à competição das indústrias norte-americanas na compra de novos caças para a força aérea chilena (MARES & ARAVENA, 2001:95).

As compras de material europeu estão relacionadas ao contexto do pós- Guerra Fria, no qual muitos dos países europeus reestruturaram suas forças armadas dada a diminuição da ameaça russa. Nesse contexto podemos enquadrar a renovação total da frota de superfície da marinha chilena e a modernização das unidades blindadas do exército, assuntos que abordaremos a seguir.

O Chile está acostumado a tensões fronteiriças periódicas e sistemáticas com seus vizinhos Bolívia e Peru desde a Guerra do Pacífico (1879-1884). A Bolívia reclama uma saída para o mar, enquanto o Peru questiona na Corte Internacional de Justiça as fronteiras marítimas entre os dois países.

Essas tensões justificam a manutenção de uma força moderna e bem equipada e, como aponta HIGUERA (2008b:1): ”Ainda que o Chile não encare nenhum dos seus vizinhos como uma ameaça, as tensões são altas o bastante para justificar uma política de modernização militar forte e sistemática”.

NERINT 18

A disposição dos equipamentos mostra claramente a preocupação chilena com a fronteira norte. Das cinco “Nuevas Brigadas Acorazadas” (NBA), três estão localizadas nessa faixa territorial – cerca de 500 quilômetros-: Arica, Iquique e Antofagasta. Essas três brigadas são também as que dispõem do armamento mais moderno, os tanques Leopard 2A4. Além disso, os F-16 Peace Puma, as aeronaves mais modernas em serviço na força, estão baseados em Iquique.

No seu relatório anual de 2008, o SIPRI afirma que a América do Sul está passando por uma substituição de equipamentos defasados e não por um aumento de capacidades (build-up). Contraditoriamente, ao analisar o caso chileno, a publicação afirma que:

(…) a compra de caças F-16, submarinos Scorpène e tanques Leopard-2 indica uma significativa melhora qualitativa, particularmente em comparação com as outras forças armadas da região. O Chile pode tornar-se o primeiro país da América do Sul a possuir forças armadas “padrão OTAN.27 (SIPRI, 2008:305 tradução e grifo do autor)

2.2.1. Exército

Em 1992, iniciou-se o Plano Alcázar de modernização. Esse programa visa a mudar a estrutura do exército, reorganizando e racionalizando a força em unidades menores e mais poderosas, altamente treinadas e com modernos equipamentos. A materialização dessa doutrina são as cinco novas brigadas blindadas (Nuevas Brigadas Acorazadas, NBA).

2.2.1.1. Tanques

Os 134 tanques Leopard 2A4 adquiridos junto à Alemanha são o cerne das NBA’s. Esse equipamento colocou o exército chileno em um patamar acima das outras forças blindadas do continente por ser o único de última geração em serviço.

O Leopard 2 é o sucessor do Leopard 1, incorporando características dos tanques de última geração como o canhão de 120 mm, um sistema de tiro que permite uma alta precisão de primeiro disparo mesmo em movimento, capacidade de operação noturna e blindagem reativa, muito superior à dos outros tanques em serviço. (GLOBAL SECURITY, 2008b). Para se ter idéia da capacidade adquirida com a incorporação do Leopard 2, o exército Chile é atualmente capaz de destruir os blindados peruanos a uma distância de 4 km. Os Leopard 2 vão operar nas três brigadas da fronteira norte, enquanto os Leopard 1 vão operar nas brigadas localizadas na fronteira com a Argentina. (EL MERCURIO, 2008). Ao invés de modernizar os Leopard 1 o governo chileno sinaliza com a substituição por mais Leopard 2 de segunda mão. (HIGUERA, 2008b:6).

Os 134 Leopard 2A4 somados aos 290 Leopard 1 adquiridos entre 1997 e 2001 tornam o Chile a força de tanques mais poderosa do continente. Além dos Leopard 2A4 não possuírem rival de capacidade similar na América do Sul podemos considerar os

NERINT 19

Leopard 1 chilenos como o segundo melhor equipamento em serviço. Para a função de reconhecimento foram adquiridos 200 Humvee, alguns com mísseis antitanque TOW. (JANES, 2008a). Outra importante aquisição para as forças blindadas foram as 139 unidades do IFV modelo YPR-765 de origem belga, inclusive em versões com mísseis antitanque. Além disso, 120 APC’s Marder A3 foram comprados para equipar as NBA’s, uma vez que esse equipamento possui capacidade de operar em conjunto com os Leopard 2A4, pois tem velocidade e autonomia semelhantes.

Foram também adquiridos 20 blindados antiaéreos Gepard, que utiliza a mesma plataforma do Leopard e aumenta a polivalência e a capacidade de sobrevivência das brigadas. (HIGUERA, 2008b). Somente a utilização de equipamento moderno em grandes quantidades por si só já destaca as NBA e coloca o Chile em um padrão de equipamento similar aos países da OTAN. Essa superioridade técnica é ainda potencializada pela estandardização do equipamento. O fato do Leopard, Gepard e Marder serem da mesma família de blindados possibilita vantagens logísticas graças à componentes comuns, treinamento comum às tripulações e, em combate, capacidades de mobilidade e de autonomia semelhantes.

2.2.2. Marinha

2.2.2.1. Embarcações de Superfície

A possibilidade de compra de modernas fragatas como as três Type 23 adquiridas da Royal Navy são fruto de uma reestruturação das forças armadas de muitos países europeus no pós-guerra fria. Essas embarcações são fruto da experiência britânica no conflito das Malvinas, sendo a primeira comissionada na Royal Navy em 1989. São sem dúvida as embarcações mais modernas da América do Sul.

Ao todo a marinha chilena adquiriu oito fragatas modernas para substituir toda a sua frota, a saber: uma fragata multi-emprego Type 22 ex-Royal Navy, duas fragatas de defesa-aérea Classe L e duas fragatas multi-emprego Classe M ex-Royal Netherlands Navy e as três Type 23 já mencionadas. As oito já estão em serviço e oferecem uma capacidade muito melhorada em comparação aos navios que substituíram, que tinham em média 40 anos de serviço. (JANES, 2008a). A autonomia média da nova frota é de 7.000 milhas náuticas, quase o dobro dos antigos navios, 4.000 milhas náuticas. (HIGUERA, 2008b). A capacidade dos novos armamentos embarcados também é muito superior, assim como os radares e sonares.

2.2.2.2. Submarinos

Os submarinos mais modernos em serviço no continente são as duas unidades da Classe Scorpène da Marinha do Chile. Podem manter-se submersos por um período três vezes superior aos outros modelos e, com isso, não se limitam a patrulhas costeiras. Essa capacidade de ação regional possibilita um uso ofensivo.

Além disso, os Scorpène possuem um sistema de armamento muito avançando e mais de duas décadas de avanços tecnológicos em comparação aos Type 209 e aos TR-1700. São equipados com torpedos e mísseis antinavio Exocet. Prevê-se a compra de mais duas unidades para substituir os dois Type-209 ainda em serviço (JANES, 2008a).

NERINT 20

2.2.3. Força Aérea

A mais importante aquisição da Força Aérea Chile nos últimos anos foi a das aeronaves de fabricação norte-americana F-16 Fighting Falcon. Ao todo foram comprados 28 caças F-16, 10 novos Block 52 “Peace Puma” e 18 padrão MLU de segunda-mão totalmente modernizados proveniente da Holanda. Esses caças foram recebidos entre 2005 e 2007 e substituíram todas as variantes de Mirage em serviço. Os F-16 chilenos estão equipados com modernos armamentos de origem norte-americana e israelense, inclusive mísseis ar-ar de médio alcance e bombas guiadas a laser. Estão baseados na fronteira norte, nas bases de Antofagasta e Iquique. São, ao lado dos Su-30 venezuelanos, as mais modernas aeronaves do continente. A compra de mais 12 unidades está em análise.

O Chile recentemente encomendou 12 aeronaves de treinamento/ataque leve Super Tucano da Embraer. O Sucesso colombiano no emprego dessa aeronave em contra-insurgência fez com que o Chile seja o maior novo operador do avião no continente.

Considerações Finais sobre o Perfil dos Gastos

Tendo em mente a análise deste capítulo, podemos chegar a algumas conclusões preliminares. Utilizando a divisão das motivações de KRAUSE (1995) podemos perceber um grande uso interno das aquisições venezuelanas na forma de propaganda política. Esse uso de propaganda não é apenas interno, mas também uma projeção de status do bolivarianismo na região. Quanto ao Chile, as aquisições nos levam a concluir que se trata de uma motivação regional. A qualidade e a quantidade do material comissionado garantem não só uma dissuasão efetiva, mas também uma capacidade de projeção de força tanto na fronteira norte como na fronteira sul. É interessante que mesmo com os litígios fronteiriços na Patagônia resolvidos e com uma crescente cooperação militar com a Argentina, o extremo sul chileno receberá duas das cinco NBA’s.

A análise da capacidade dos armamentos adquiridos por Venezuela e Chile mostra, tanto em comparação aos equipamentos em uso nas respectivas forças como em comparação à capacidade militar instalada no continente que a justificativa de substituição por material obsoleto não é consistente. Isso não significa que o continente esteja em um processo de corrida armamentista, mas sim que se deve analisar o potencial impacto futuro da dinâmica de build-up militar existente nos dois países na integração regional, assim como as reações que está despertando, o que faremos no Capítulo III. Para o que se fará uso das categorias de T.V. Paul de balanceamento leve e balanceamento pesado.

1.2.2. Análise do Impacto dos Gastos na América do Sul (cap. III)

Fonte: Dullius, Gustavo. Gastos Militares na América do Sul: Venezuela e Chile (2003-2008). Monografia apresentada para a obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008, pp.41-47.

O aumento das capacidades propiciado pelo gasto militar analisado no Capítulo II já pode ter algumas reações observadas no continente. No Capítulo II, foi

NERINT 21

demonstrada a dificuldade de inferir intenções a partir dos gastos e de apontar uma “corrida armamentista”. Uma tentativa muito interessante no sentido de avaliar as intenções é o trabalho de RUNZA (2008). Analisando os gastos dos países sulamericanos na década 1996-2006, o autor concluiu que os processos de aquisição de armamentos desses países não estão de acordo com a formação de uma comunidade de segurança30, mas que respondem à manutenção do tradicional dilema de segurança entre alguns desses países.

Dada essa dificuldade, nesse capítulo analisamos as aquisições por um viés sugerido pelo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI, 2008:305):

O modelo de corrida armamentista clássico (…) é desenhado para situações em que séries de dados de 20 a 30 anos estão disponíveis. Para situações que estão se desenvolvendo enquanto a análise é feita, a única maneira possível é analisar as motivações por trás de aquisições de armamentos

específicas e buscar evidência de comportamento competitivo.

Os casos mais claros de comportamento competitivo são as reações aos gastos chilenos, as quais despertaram preocupação nos vizinhos e planos de reequipamento.

O crescente aumento de poderio chileno e o simultâneo enfraquecimento das forças armadas argentinas poderia ter levado a um acirramento do dilema de segurança. Contudo, no caso específicos desses dois países, que ocorreu foi um aprofundamento da cooperação militar. Em 2005 foi criada uma força de manutenção de paz binacional (Cruz del Sur) e em 2007 um quartel-general foi estabelecido em Buenos Aires. (HIGUERA, 2008b).

Sem acordos de cooperação militar com o Chile, a exemplo da Argentina, e com problemas de fronteira ainda não resolvidos, o Peru optou por se reequipar.

Diferentemente do caso argentino (…), o Peru do último mandato do presidente Toledo e do “segundo Alan García” parece conservar certos reflexos mais ligados a tendência sistêmica das relações internacionais de buscar equilíbrios de poder. 32 (CALLE, 2008:1, tradução do autor.)

Em 2004, o ex-presidente Alejandro Toledo anunciou um plano de modernização financiado por uma porcentagem dos royalties do gás exportado, um modelo semelhante à Lei Reservado do Cobre no Chile. Em 2007, foi anunciando um plano plurianual de modernização denominado “Núcleo Básico Eficaz”.

Verdadeiro núcleo da política dissuasiva peruana que, entre 2007 e 2011, procura reforçar alguns setores básicos como 1) a modernização dos aviões Mirage 2000 e Mig-29; 2) a compra de mísseis antitanque de última geração russos, com capacidade para neutralizar tanques como o Leopard II; 3) a melhoria do sistema de Comando e Controle e a radarização do país; 4) potencializar a capacidade de deslocamento de forças especiais e de emprego rápido; 5) a modernização dos mísseis mar-mar da frota e de seus helicópteros. (CALLE 2008:1-2, tradução do autor).

Os recursos do “Fondo de Defensa Nacional” são modestos, ainda mais se comparados aos similares provenientes do cobre chileno. Porém, já em 2008 deve

NERINT 22

corresponder a US$ 115 milhões. O Peru tem buscado aplicar sua escassa verba em armamentos que apontam claramente a uma reação ao Chile, como mísseis antitanque.

A debilidade econômica estatal boliviana não permite um reequipamento que faça frente nem mesmo de forma dissuasória ao Chile. A saída encontrada por La Paz são os acordos militares com a Venezuela, que incluem a construção de bases militares e até mesmo possibilitem a intervenção militar em caso de conflito civil ou invasão estrangeira. A Bolívia tem sido um dos mais íntimos aliados da Venezuela e, esses acordos são uma forma de consolidar o apoio de Chávez ao governo Evo Morales. Dessa forma torna-se difícil avaliar até que ponto a intenção boliviana é fazer frente ao aumento de capacidades chileno ou se para a Bolívia a aliança é motivada pela grande crise interna e pela necessidade de apoio externo ao governo Morales. Esses acordos geraram enorme repercussão nos países vizinhos e insatisfação nas forças armadas bolivianas devido à possibilidade de ingerência concedida à Caracas.

É interessante notar que a Bolívia é o país no qual se apresenta um antagonismo político entre os dois países que são o foco de nosso trabalho. O presidente Chávez inclusive já manifestou seu desejo em “banhar-se em uma praia boliviana”, em apoio às reivindicações territoriais de La Paz. Como aponta o trabalho de SEBBEN (2007):

(o conflito boliviano) uniu em uma mesma hipótese de guerra distintos teatros de operações do continente: o da Amazônia e dos Andes. (…) Separa, ao mesmo tempo, a América hispânica em dois campos ideológicos nitidamente delimitados, o liberal e o bolivariano. Por isso, é que a crise no sul da Bolívia tem um considerável potencial desestabilizador também sobre o Equador e o Peru.

A análise de SEBBEN (2007) também aponta uma reação das forças armadas chilenas na forma de apoio ao separatismo boliviano nos moldes do padrão apontado por Steven David:

(…) dadas as limitadas capacidades convencionais da maioria dos países do Terceiro Mundo, ameaças internas podem possibilitar melhores oportunidades para atores externos influenciarem as políticas de seus vizinhos instáveis do que a violência. (DAVID, 1991 apud PAUL, WIRTZ & FORTMANN, 2004, tradução do autor.).

Quanto aos gastos venezuelanos poderia se afirmar que os recentes planos de modernização e de compras anunciados pelo Ministério da Defesa brasileiro seriam a eles uma resposta, numa clara reação justificada pela disputa entre Brasil e Venezuela na política da América do Sul.

As compras brasileiras parecem estar situadas em um contexto de desenvolvimento da indústria bélica nacional, e de desenvolvimento nacional como um todo, via transferência de tecnologia. Enquanto a Venezuela negocia com a Rússia a transferência de uma fábrica de armas leves (que não representa nada em termos tecnológicos, nem militar nem civil), o Brasil negocia com a França uma cooperação militar que envolve a construção um submarino de propulsão nuclear e a substituição dos caças condicionada à transferência de tecnologia. São dois casos de transferência de tecnologia de uso dual, com um imenso potencial de uso civil da tecnologia nuclear para a produção de energia e de tecnologia aeronáutica para a Embraer.

NERINT 23

Segundo VILLA (2007b:7), o intenso ativismo do governo Chávez não é um fenômeno recente, mas sim uma constante na política externa Venezuela para a América Latina.

Os governos Chávez têm dado continuidade a essa tradição de um país que, sem ter sólidos recursos de política externa, tem almejado, desde o início de seu período democrático, um papel de ator regional principal, que não corresponde nem a seus recursos de poder, como o tamanho de seu território e de sua população, nem com o tamanho de seus problemas sociais internos. (VILLA, 2007b:7-8)

Apesar dos planos e da retórica de Chávez, os recursos brasileiros para ambicionar o papel de líder regional não podem comparados. Além disso, o projeto chavista tem como fragilidade fiscal a dependência do petróleo a altos preços. A quantidade de encomendas feitas com o petróleo a $150 o barril dificilmente poderá ser mantida com a contínua queda do preço da commodity.36 Esse é um dos motivos do arrefecimento da relação Moscou-Caracas, que, entretanto, voltou a estreitar após a crise na Geórgia. A interferência estadunidense numa região considerada pela Rússia como de sua influência incentivou uma resposta simétrica, no caso a presença russa na América do Sul. Essa resposta culminou no pouso de bombardeios estratégicos russo na Venezuela e na visita programada de navios da frota russa para exercícios no Mar do Caribe.

João Fábio Bertonha afirma que “(…) a simples pretensão ou projeto venezuelano de construir a maior máquina militar sul-americana em 2020, apesar de ser, como visto, mero exercício teórico, deveria ser uma preocupação para Brasília.” (BERTONHA, 2007:3). Essa análise está correta, mas não podemos, no entanto, desconsiderar a imensa superioridade instalada brasileira, além das diferenças econômicas, territoriais e demográficas. Quanto às capacidades bélicas, é interessante a análise de DAY (2008): “Entretanto, mesmo com esse novo equipamento, as forças armadas venezuelanas permanecem quantitativa e qualitativamente atrás das brasileiras, colombianas, chilenas e, potencialmente, argentinas.” 37 Por isso, o reequipamento brasileiro pode ser relacionado às suas ambições de potência regional dominante em um sistema internacional que se apresenta com um caráter cada vez mais multipolar. Dessa forma, é necessário que o país mantenha uma capacidade de disuasão frente às outras forças armadas da região. Nesse sentido, DAY (2008) aponta que

O Brasil precisa de armamentos mais modernos para manter sua liderança regional, para aumentar sua presença internacional através da participação em missões de paz da ONU como no Haiti e para proteger suas recém descobertas reservas de petróleo e suas extensas fronteiras, particularmente na região amazônica. (…)

Ainda não existem muitos detalhes divulgados, mas especula-se que o Plano Estratégico de Defesa (PED) veja-se obrigado a recomendar um aumento de cerca de 50% os gastos militares brasileiros, grande parte em reequipamento. Além do PED, podemos considerar o Decreto Nº 6.592 de outubro de 2008 como outra prova de uma nova postura brasileira. Esse decreto regulamenta o disposto na Lei nº 11.631, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre a Mobilização Nacional e cria o Sistema Nacional de Mobilização - SINAMOB. O trecho mais relevante da nova legislação é o Capítulo I Artigo 3:

NERINT 24

“São parâmetros para a qualificação da expressão agressão estrangeira, dentre outros, ameaças ou atos lesivos à soberania nacional, à integridade territorial, ao povo brasileiro ou às instituições nacionais, ainda que não signifiquem invasão ao território nacional.” (grifo do autor)

Além do Brasil, outro país diretamente envolvido com a Venezuela em questões de segurança e um inimigo político de Chávez é a Colômbia de Uribe. A Colômbia ainda não demonstra uma grande reação às compras venezuelanas, dentre as aquisições já efetuadas por Caracas, apenas os caças Sukhoi geraram mais preocupação em Bogotá devido à baixa capacidade de defesa aérea das forças colombianas. Nos demais países do continente a política de compra de armamento Chávez repercute tanto, apenas quando este influencia Bolívia e Equador, seus aliados regionais. Nesse sentido DAY (2008) aponta que “outros países na região estão ignorando os esforços de Chávez de politizar a questão das encomendas de armas.”

Após a análise, no Capítulo 2, do aumento das capacidades gerado pelo

reequipamento de Chile e Venezuela, e, no presente capítulo, de algumas das reações que estão sendo causadas pelo reequipamento dos países que são o foco desse trabalho, o conceito de “balanceamento leve” (soft balancing) cunhado por PAUL (2004:3) em oposição ao conceito de “balanceamento pesado” (hard balancing), do mesmo autor, parece o ideal para descrever a situação presente na América do Sul.

O “balanceamento pesado” é para o autor a estratégia comum aos Estados engajados em uma intensa rivalidade interestatal. Nessa situação, os Estados adotam estratégias para aumentar e modernizar suas capacidades militares, assim como criar e manter alianças e contra-alianças que visam a manter a paridade com os oponentes-chave. O “balanceamento leve” envolve um balanceamento tácito, que ocorre quando os Estados desenvolvem ententes ou compromissos de segurança limitados com outros Estados para balancear um potencial oponente ou uma potência em ascensão. É geralmente baseado em um build-up limitado, mas pode converter-se em um balanceamento pesado e aberto, se e quando a rivalidade política for acirrada.

1.2.3. Considerações Finais

Fonte: Dullius, Gustavo. Gastos Militares na América do Sul: Venezuela e Chile (2003-2008). Monografia apresentada para a obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008, pp.48-49.

Ainda que na América do Sul não possam ser observados dois ou mais pólos engajados em um balanceamento pesado nem uma corrida armamentista em curso, é inegável que o reequipamento chileno e venezuelano traz conseqüências políticas para o continente, principalmente entre os vizinhos como no exemplo Chile-Peru-Bolívia(Venezuela). Outra característica do balanceamento leve, os compromissos de segurança, pode ser observada em Julho de 2008, quando Brasil Peru e Colômbia assinaram uma série de acordos de cooperação em defesa, segundo DAY (2008) “indicando o potencial sul-americano de divisão em dois blocos políticos competidores, com alianças militares reforçando essa divisão política.”

NERINT 25

A resposta brasileira ao armamentismo na região está sendo predominantemente política, via integração, sem deixar de estar atenta aos aspectos propriamente militares. Uma demonstração dessa estratégia é a insistência do governo brasileiro em um Conselho de Defesa no âmbito da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL). Soma-se às iniciativas no âmbito da UNASUL o Decreto Nº 6.592, que parece ser a expressão do reconhecimento pelo governo brasileiro das tarefas militares da integração, reconhecendo um componente além fronteiras da soberania nacional.

O projeto político brasileiro nada tem a ganhar com um acirramento das rivalidades, com divisões políticas no continente e com uma eventual transição de balanceamento leve para pesado. O aparente sucesso da UNASUL na mediação do conflito interno boliviano aponta para um novo e eficiente fórum político para a solução dos conflitos continentais. Consolida-se o projeto de integração brasileiro, evitando a polarização do continente em torno do projeto bolivariano (ALBA) ou do projeto liberal (ALCA). Como aponta CEPIK (2008:13):

“É hora de o Brasil encarar, juntamente com os demais países da Unasul, de forma muito mais clara, ampla e explícita, todos os contornos do horizonte normativo de constituição de um Estado multinacional capaz de prover segurança e bem-estar para toda a população da região. Um Estado de corte institucional republicano, federativo e democrático, socialmente inclusivo e culturalmente plural para América do Sul”.

Na América do Sul as forças armadas historicamente estiveram ligadas a um papel de contra-insurgência e retificação de fronteiras. As compras venezuelanas parecem ter uma forte motivação de propaganda, tanto interna como de promoção da proposta bolivariana de integração, em uma demonstração de força regional e inter-regional do modelo. Neste trabalho foi possível demonstrar o destacado papel militar na integração sul-americana, uma agenda de pesquisa que merece atenção. É necessário estudar em que medida os planos brasileiros de reequipamento estão ligados ao projeto de integração capitaneado pelo Brasil, assim como estudar o impacto da nova doutrina de segurança que se desenha com o Decreto Nº 6.592.

A comprovação da crescente superioridade das capacidades chilenas também traz novas questões a serem estudadas, torna-se necessário um estudo do impacto da alteração da correlação de forças do Chile com seus vizinhos. O aumento das capacidades chilenas observado nos últimos anos deve se intensificar.

Ainda que a Ley Reservada del Cobre seja revogada e nenhum outro mecanismo de financiamento seja criado, os recursos estão garantidos no mínimo até o final do governo Bachelet em 2010.

De todo modo, para que se afastem da região o risco do balanceamento pesado ou ainda, o espectro da corrida armamentista, é preciso manter o equilíbrio regional. Para isso é fundamental que Brasil e Argentina, que desde o PICE(1985) e o PICAB(1986)41 são os fiadores da integração, inicialmente através do Mercosul e hoje através da Unasul, mantenham capacidades militares compatíveis com a demanda de afiançar também a segurança do processo de integração. Reconhecer as tarefas militares do processo de integração é o único caminho para manter a solução pacífica de controvérsias e assegurar a cidadania e a soberania dos Estados membros através da integração.

NERINT 26

1.3. El aumento de la conflictividad bilateral en América Latina: sus consequencias dentro y fuera de la región

Fonte: Malamud, Carlos. El aumento de la conflictividad bilateral en América Latina: sus consequencias dentro y fuera de la región. Análisis de Real Instituto Elcano, no 61/2005. RI Elcano, Madrid, 2005. Disponível em: http://www.realinstitutoelcano.org/analisis/740.asp. Acesso em 06/08/2009.

Resumen: Si bien las llamadas a la unidad latinoamericana, muchas apoyadas en la retórica bolivariana, son más intensas que nunca, las relaciones bilaterales se han comenzado a complicar, especialmente en algunos puntos más calientes que otros. Esto se observa en diversos casos: (1) las relaciones entre Colombia y Venezuela atraviesan uno de sus períodos más críticos y la política de rearme venezolana poco tranquiliza las aguas de la zona andina o incluso más allá; (2) los avances del liderazgo brasileño en América del Sur no terminan de convencer, por distintas razones, ni a Argentina ni a México; (3) la elección del nuevo Secretario General de la Organización de Estados Americanos (OEA), el chileno José Miguel Insulza, ha evidenciado algunos problemas con Perú y Bolivia, junto a algunos desencuentros con México, consecuencia directa de dicha elección; y (4) Cuba, cuyo régimen es incapaz de encajar cualquier crítica, pese a sentirse legitimado para intervenir en los asuntos de los otros países de la región, mantiene relaciones más o menos tensas con México, Chile, El Salvador y Perú, entre otros. Esta lista alude a aquellos casos que en estos momentos están más o menos activos, pero no cubre todos los conflictos bilaterales, azuzados algunas veces por la cuestión energética, un problema crítico, como han puesto de manifiesto las tensiones entre Chile y Argentina por el incumplimiento de un contrato de abastecimiento de gas. En las páginas siguientes se pretende dar cuenta del estado de las relaciones bilaterales en América Latina y de la forma en que éstas pueden incidir en los procesos de integración regional en marcha.

Análisis: El último viaje del presidente del gobierno español José Luis Rodríguez Zapatero a América Latina, centrado en Colombia y Venezuela, puso de manifiesto el renovado interés de España por América Latina. El viaje estaba inicialmente orientado hacia Venezuela con la intención de cerrar una operación de venta de armas, incluyendo algunas embarcaciones de uso no militar. El viaje fue cuestionado por Colombia y los Estados Unidos y para equilibrar las cosas se decidió extenderlo a Bogotá. En la capital colombiana Rodríguez Zapatero marcó el compromiso español con la lucha antiterrorista y antinarcóticos del gobierno colombiano, sintetizada en la doctrina de seguridad democrática del presidente Álvaro Uribe. Uno de los momentos centrales de la gira fue la Cumbre cuatripartita de Ciudad Guyana, con los presidentes de Brasil, Colombia y Venezuela. La Cumbre debía escenificar, con los presidentes Lula y Rodríguez Zapatero como testigos, el último acercamiento entre Chávez y Uribe, después de la captura de Ricardo Granda, el llamado “canciller” de las FARC (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia). Si bien Granda fue apresado en territorio colombiano, previamente había sido interceptado en Venezuela por unos desconocidos que lo transportaron al otro lado de la frontera. Hubiera sido deseable que la intervención de Rodríguez Zapatero ante el Parlamento venezolano y su firme defensa de la democracia representativa hubieran tenido una mayor difusión.

NERINT 27

El gobierno español había llegado a la cita regional con la intención de aplicar el mismo rasero a Colombia y Venezuela, basándose en la filosofía global aplicada a todos los países de la región, que en definitiva implica un tratamiento igualitario para todos. Esta filosofía es la que prima en la preparación de la XV Cumbre Iberoamericana a celebrar en Salamanca el próximo octubre, con el objetivo de contar en la cita peninsular con la práctica totalidad de los mandatarios latinoamericanos. El otro objetivo de la política española hacia Venezuela es contener al comandante Chávez en sus esfuerzos por exportar su revolución bolivariana allende sus fronteras. Esta política ha sido criticada tanto por los Estados Unidos como por la oposición venezolana, aunque a ésta se le debe reclamar urgentemente que recobre el norte y no regale al oficialismo las banderas del progreso y la inclusión social. El riesgo que corre España, como ya se ha demostrado, es que Chávez intente instrumentalizar al presidente Zapatero. Esto ha ocurrido en la denuncia formulada desde su púlpito de “Aló presidente” contra unas supuestas maniobras de la OTAN, denominadas “Balboa”, para invadir Venezuela. En realidad, se trata de un ejercicio teórico de Estado Mayor realizado años atrás en Madrid. De todas formas, y más allá de este caso concreto, la realidad regional muestra un grado de conflictividad desconocido en otros momentos y que si bien no afecta de la misma manera a todos los países evidencia las dificultades políticas, económicas y sociales existentes y las trabas que en el futuro encontrarán los procesos de integración regional y subregional en marcha, así como las negociaciones con países extraregionales, como España, o con otras instancias regionales o multilaterales, como la Unión Europea (UE).

Los recelos que genera el petróleo venezolano

El petróleo y los ingentes ingresos obtenidos por su venta a los Estados Unidos son el principal lubricante del proyecto bolivariano en toda América Latina y el Caribe. Se trata de una realidad evidente, a pesar de sus erráticas propuestas ideológicas, que generan un cierto rechazo en el resto del continente. Y esto es así a pesar de la sordina con que todavía la mayoría de los gobiernos regionales expresan sus cuestionamientos a la política abiertamente intervencionista de Venezuela en el hemisferio.

La energía se ha convertido en un problema grave para buena parte del planeta, América Latina incluida. Mientras a algunos productores de gas o petróleo les va relativamente bien, como ocurre con Venezuela o inclusive con Ecuador, pese a sus turbulencias políticas, a otros países no les va tan bien. Tenemos el caso paradójico de México, cuya empresa emblemática y todopoderosa, Pemex, atraviesa importantes dificultades en su cuenta de resultados. Bolivia y Perú, pese a sus importantes reservas de gas, son incapaces de rentabilizar sus recursos naturales en beneficio propio. Argentina, por su parte, ha demostrado su ineficiencia para incrementar su producción energética, debido fundamentalmente a la falta de inversiones extranjeras en el sector. Sin lugar a dudas, esto es consecuencia del maltrato del gobierno argentino a las empresas extranjeras concesionarias de servicios públicos.

Junto a los países productores están los consumidores, que ya empiezan a sufrir el elevado precio del combustible. Es una variable que repercute negativamente en los sectores populares, como se ha visto en América Central. En algunos países, Nicaragua o Guatemala, la tensión social se ha incrementado ante el alza de los transportes por carretera, vitales para la subsistencia de amplias capas de la población. Es que no todos los países latinoamericanos tienen la enorme fortuna de Cuba, que recibe cerca de

NERINT 28

90.000 barriles diarios de combustible venezolano a precios subvencionados, lo que le permite no sólo satisfacer la demanda interna, sino también destinar una parte de lo que le sobra para venderlo en el mercado caribeño a precios internacionales.

Sin embargo, el proyecto venezolano de expansión de su proyecto de construir una sociedad estatista, cívico-militar y opuesta a los fundamentos de la democracia representativa, puede comenzar a tener problemas allí donde intente poner el pie. Ya los hubo con Bolivia, pese a haber apoyado en un primer momento su reivindicación de salida al mar frente a los chilenos. El apoyo de Chávez a Evo Morales, cuando la crisis local se precipitaba, provocó una airada reacción del gobierno del presidente Mesa. Ante el interés económico, la política de la mayoría de los gobiernos de la región es mirar a otro lado cuando se habla de la situación política interna de Venezuela, para poder alcanzar interesantes negocios con el gobierno de Caracas.

No serían impensables nuevos conflictos en la medida que la injerencia venezolana aumente en el hemisferio. Si bien no hubo reacciones oficiales, el discurso pronunciado por Chávez en Porto Alegre, durante la celebración del último Foro Social Mundial, con su rotundo apoyo a los principales enemigos internos del presidente Lula, no cayó muy bien en el gobierno brasileño. De hecho, pese a las buenas palabras que teóricamente respaldan eso que se ha dado en llamar el giro a la izquierda en América Latina, es obvio que el mayor enemigo para el desarrollo de la social democracia en la región es el propio Chávez. Basta mirar su respaldo a los sectores más involucionistas del Frente Sandinista en Nicaragua o del Frente Farabundo Martí en El Salvador. Lo mismo se puede decir de su respaldo al etnocacerismo peruano, a los piqueteros argentinos o al boliviano Evo Morales.

Colombia es quien más se resiente de la deriva del gobierno de Chávez. Entre 1989 y 1999, la doctrina oficial venezolana implicaba que la lucha contra la guerrilla colombiana era un problema común a ambos gobiernos, lo que permitió a las fuerzas armadas y de seguridad colombianas concentrarse en el enemigo interno, olvidándose prácticamente del vecino, con el que se había enfrentado por conflictos de larga data. La llegada de Hugo Chávez al gobierno de Venezuela cambió las cosas. Su pretensión inicial de mediar en el conflicto colombiano, reconociendo a la guerrilla como parte beligerante, implicó, de hecho, una clara opción por las dos principales organizaciones terroristas colombianas: las FARC y el Ejército de Liberación Nacional (ELN). Desde la llegada de Uribe al gobierno en Bogotá las tensiones bilaterales no han cesado de crecer, pese a que de forma cíclica una cumbre presidencial baja el nivel del enfrentamiento hasta el siguiente encontronazo. En la situación actual, el rearme venezolano hace temer un cambio de escenario en la región que pasa por un potencial enfrentamiento fronterizo entre ambos países. En este marco, Colombia debería invertir recursos y hombres no sólo en el control del frente interno, como había hecho con buenos resultados en los últimos años, sino también en la vigilancia de la prolongada frontera con Venezuela. De ahí los duros reproches que desde sectores próximos al oficialismo se vertieron al gobierno español por su venta de armas al gobierno venezolano y también las quejas, algo más discretas, al gobierno de Lula por una conducta similar.

Los recelos que provoca el liderazgo brasileño

NERINT 29

Desde hace bastante tiempo los ministerios de Exteriores de México y Brasil, Tlatelolco e Itamaraty, mantienen un duro y sordo enfrentamiento. Si se dijera que está en juego el liderazgo latinoamericano se estaría faltando a la verdad, aunque ésta no estaría demasiado lejos de semejante afirmación. Mientras Brasil intenta hacerse fuerte en América del Sur, y de ahí su apoyo a la Comunidad Sudamericana de Naciones (CSN), México se ha escorado hacia América del Norte a través del TLCAN (Tratado de Libre Comercio de América del Norte), que lo vincula con Canadá y los Estados Unidos. Para Brasil está claro que México ha abandonado a América Latina, un concepto que no gusta demasiado a su diplomacia, y que al elegir por el norte deja campo libre a algunas de sus reivindicaciones, como el de la representación permanente en el Consejo de Seguridad, un puesto al que también aspiran México y, de forma algo más matizada, Argentina. De hecho, la misma propuesta de constitución de la CSN fue duramente criticada en medios académicos y diplomáticos mexicanos, como prueban las duras palabras dirigidas por la ex canciller Rosario Green contra este nuevo ensayo integracionista. En la misma línea de exclusión de México se puede señalar la celebración de la reciente Cumbre entre América del Sur y los países árabes en Brasilia.

La renovación del Secretario General de la OEA, después de la bochornosa renuncia de su anterior titular, el costarricense Miguel Ángel Rodríguez, detenido por un escándalo de corrupción, volvió a situar a los dos países en campos opuestos. Mientras Brasil apoyaba activamente la candidatura de Insulza, México había lanzado su propia candidatura, el Secretario (ministro) de Exteriores Luis Ernesto Derbez, que finalmente debió ceder en sus pretensiones ante las presiones de Estados Unidos. El resultado de las primeras cinco votaciones, celebradas el pasado 11 de abril, que terminaron sistemáticamente en empate, así como el enfado mexicano por la no retirada de la candidatura chilena, reflejan la forma en que México ha vivido esta traumática experiencia. La reciente gira del presidente Fox por Bolivia, incluyendo su escala técnica en el Perú, demuestra el interés mexicano por el gas andino. También se podría hablar de un renovado interés de Tlatelolco por América Latina, lo que podría implicar nuevos conflictos con Itamaraty.

Sin embargo, en las últimas semanas, fueron las relaciones con Argentina las que subieron de tono de una forma considerable, más allá de las supuestas afinidades políticas de que suelen hacer gala los presidentes Lula y Kirchner. El ministro argentino de Exteriores, Rafael Bielsa, se quejó de que Brasil estaba potenciando la CSN en detrimento del Mercosur y que Brasil intentaba imponer su liderazgo por encima de la voluntad de otros países, como ejemplificaba la iniciativa brasileña en torno al conflicto ecuatoriano, sin contar con sus otros socios regionales. El malestar argentino con Brasil esconde dos tipos de problemas muy distintos. Por una parte, cuestiones económicas, vinculadas a la obtención de ventajas comerciales como contrapartida a la invasión del mercado argentino por manufacturas brasileñas, como los electrodomésticos de línea blanca. Por el otro, está la vieja y tradicional rivalidad argentino-brasileña por la supremacía regional. El problema de la Argentina es que no ha terminado de asumir que su situación actual no es comparable a la existente a mediados del siglo pasado, cuando todas las estadísticas ponían a la Argentina por encima de Brasil. Hoy la situación es la inversa y el gobierno de Kirchner y la sociedad argentina son incapaces de reconocer la superioridad brasileña y de admitir cuán dependientes son de su gran vecino. Para colmo de males, la Administración Bush acaba de reconocer el liderazgo brasileño y está dispuesta a trabajar con Lula por la tranquilidad regional.

NERINT 30

Hay en el Palacio San Martín, la sede del ministerio argentino de Exteriores, una clara falta de política hacia Brasil. ¿Qué se quiere de Brasil? ¿Hasta dónde se está dispuesto a caminar en su compañía? ¿Es posible pensar en otros aliados continentales, como Chile, Colombia o México? ¿Cuán pragmática y libre de ataduras ideológicas puede ser una política semejante? Mientras, las cosas parecen estar más claras en Brasil, aunque las filas de su gobierno son atravesadas por múltiples líneas que expresan puntos de vista e intereses contradictorios sobre Argentina. Muy ilustrativo de esta situación es el resultado del encuentro entre Kirchner y Lula en Brasilia durante la Cumbre con los países árabes. Teóricamente se avanzó mucho en la resolución del conflicto, pero en realidad todo terminó en una “desconversación”. En la cultura política brasileña, “desconversar” se usa para definir una actitud consistente en decir a todo que sí, aunque luego se termina haciendo cualquier cosa menos lo acordado. De ahí los avances en la reivindicación argentina contra la Constitución Europea por la inclusión de las islas Malvinas como territorio británico. También se decidió avanzar en algunos viejos proyectos, como la creación de un Banco Sudamericano de Desarrollo que financie proyectos de inversión, la puesta en marcha de Petrosur, una alianza de las compañías estatales petroleras PDVSA –venezolana–, la brasileña Petrobrás y la argentina ENARSA, y la constitución de Telesur, una cadena de televisión que teóricamente debe compensar la avalancha de noticias pronorteamericanas. La prueba de que las cosas no fueron tan bien como se dice fue el apresurado regreso de Kirchner a su país y sus declaraciones de que la relación bilateral es muy buena pero que hay disputas por intereses.

Los recelos que genera el éxito de Chile

Es frecuente escuchar que Chile es un caso aparte en América Latina y que su exitosa trayectoria política y económica ha provocado importantes recelos en la región. Quizá los dos casos más llamativos son Bolivia y Perú, que mantienen con Chile diferendos limítrofes desde la guerra que los enfrentó a fines del siglo XIX y que supuso para Bolivia la pérdida de su salida al mar. En este punto la energía, el gas, vuelve a estar presente de una forma clara, a tal punto que la desestabilización de Bolivia puede tener serias consecuencias en toda América del Sur.

Bolivia posee importantes reservas de gas, que durante el gobierno de Sánchez de Lozada iban a ser exportadas a través de un puerto chileno. El derrocamiento del presidente y la llegada de Carlos Mesa al gobierno cambiaron el escenario y hoy el país se debate en torno a la aprobación de una más que confusa ley de hidrocarburos. Mientras tanto, la nueva administración había hecho del nacionalismo una de sus banderas preferidas con el objeto de ganarse el favor popular, de modo que las tradicionales reivindicaciones antichilenas se convirtieron en prioritarias, como lo prueba la gran ofensiva de la diplomacia boliviana en numerosos foros multilaterales. En ese contexto es obvio que cualquier propuesta destinada a primar la opción chilena para exportar gas frente a la alternativa peruana estaba condenada al fracaso, pese a sus evidentes ventajas económicas.

El proceso de elección del nuevo Secretario General de la OEA mostró la postura de Bolivia, ya que no sólo no se apoyó la candidatura de Insulza, que aparecía inicialmente como la candidatura sudamericana, sino que se hizo abiertamente campaña en contra. Es tal el enconamiento boliviano, que cuando Condoleezza Rice consiguió un

NERINT 31

amplio consenso en respaldo de Insulza, tras convencer a Derbez de que desistiera de su candidatura, Bolivia decidió abstenerse en la votación.

Por distintas razones Perú mantiene una postura similar, aunque también son los problemas internos los que impulsan la conflictividad con el vecino. La difícil situación del presidente Alejandro Toledo, acorralado por el asunto de las firmas fraudulentas para legalizar su partido, ha llevado al gobierno a cargar las tintas contra Chile. En este caso los problemas mencionados son la venta de armas a Ecuador durante la guerra de 1995 y un video sobre Lima y las condiciones de seguridad allí existentes, proyectado en la compañía aeronáutica de capital chileno, Lan Perú, considerado denigrante por los peruanos. La crispación se llevó a tal punto que se suspendieron todas las formas de cooperación bilateral, comenzando por las reuniones 2+2 (ministros de Exteriores y Defensa) que se iban a haber celebrado recientemente. En la OEA Perú votó en blanco.

Hasta la fecha México había mantenido con Chile unas excelentes relaciones, que se habían visto reforzadas cuando ambos países ostentaban un puesto en el Consejo de Seguridad en lo más álgido de la crisis iraquí. Su postura contraria a la intervención militar sin antes haber agotado todas las opciones legales disponibles se mantuvo sin fisuras. En esta oportunidad, sin embargo, la carrera por la Secretaría General repercutió en las relaciones entre ambos países. Otro tema que puede ser fuente de potenciales conflictos es el energético, ya que las aspiraciones mexicanas a garantizarse el abastecimiento de gas boliviano y peruano atentarían contra los objetivos chilenos en la materia.

Cuba

Tradicionalmente la postura de los gobiernos latinoamericanos condenando la política de derechos humanos en Cuba ha sido fuente de conflictos con el régimen de Castro, como demuestran los roces con Argentina, Chile, México, Perú y Uruguay en distintos momentos de los últimos años. La llegada de gobiernos de izquierda o populistas, como en Uruguay y Argentina, ha servido para desactivar algunas fuentes de conflicto, dada la tradicional postura pro-cubana de estas administraciones. Sin embargo, la consolidación de la alianza entre Cuba y Venezuela puede preanunciar algunas tormentas, especialmente si Castro se pliega al expansionismo bolivariano. De hecho, las presiones de Estados Unidos sobre Brasil y Argentina han puesto en una situación incómoda a los gobiernos de Lula y Kirchner en relación a Chávez, y quien dice a Chávez termina diciendo a Castro. Por otra parte, la sobreactuada reacción de Castro contra Insulza, a quien llamó “bobito” y otras lindezas semejantes, auguran dificultades en el caso de un relanzamiento de la OEA y que dicha organización tienda a jugar un papel más protagónico en la defensa de la democracia representativa y de las libertades individuales.

Conclusiones: Es obvio que la primera pregunta que surge ante la situación imperante en América Latina es cuán graves y profundos son los problemas bilaterales. Sin llegar a la explicación brasileña, para quitarle hierro al asunto, de que todo es un invento de la prensa y de que aquí no pasa nada, está claro que no estamos al borde de ningún enfrentamiento irreversible, pero que más allá de las cuestiones que provocan las tensiones, en muchos casos hay movimientos de fondo en los que vale la pena reparar. Quizá una de las cosas que más llama la atención en América Latina es el profundo voluntarismo de la mayor parte de los actores políticos y sociales, empezando por los

NERINT 32

gobiernos y terminando en los ciudadanos. Ese voluntarismo explica que se planteen los más disímiles proyectos de integración regional o subregional sin discutir previamente sus pros y sus contras o qué obstáculos frenan su avance. Una vez más en la región se impone la lógica de “si la teoría y la realidad no coinciden, peor para la realidad”.

La lógica de los conflictos es muy diferente. Las quejas de Perú y Bolivia hacia Chile responden a cuestiones internas y son una vía para ocultar los propios problemas. Sin embargo, en la medida en que se agita el fantasma del nacionalismo, es difícil saber cuáles pueden ser los límites de semejante agitación. Hay otros enfrentamientos, Argentina y Brasil, por ejemplo, que tienen que ver con una agenda histórica de agravios y con intereses divergentes. Argentina no ha logrado digerir el predominio brasileño y se niega a admitir su probable liderazgo. Aquí, como en otros casos, la cuestión de fondo es la ausencia de mecanismos adecuados para la resolución de las controversias. Volviendo al voluntarismo, se deja todo a la diplomacia presidencial, pensando que la química entre los presidentes y la mayor o menor cercanía ideológica pueden resolver las cuestiones pendientes. Pero como se ha visto en repetidas ocasiones esto es “pan para hoy y hambre para mañana”.

Más serias son las tensiones entre Colombia y Venezuela, donde no sólo se vuelve sobre la agenda de los antiguos conflictos fronterizos, sino que se superponen el Plan Colombia y la presencia de los Estados Unidos en la lucha contra el terrorismo y el narcotráfico, por un lado, y el proyecto bolivariano venezolano, deseoso de expandirse por toda América del Sur, por el otro.

Este es un panorama que no debe dejar de ver España en su intento de acercarse a América Latina. No se trata de dramatizar sino de poner sobre la mesa una serie de problemas reales, que no dejan de incidir en cualquier política hacia la región. Si España quiere estar presente en los temas latinoamericanos y jugar un papel cada vez más determinante deberá diseñar sus políticas en función de sus intereses, de la coyuntura regional, de los valores que dice representar y, sobre todo, deberá elegir. Y de eso se trata en situaciones tan complicadas como ésta, donde cada vez más el subcontinente deja de tener esa faz homogénea que muchos quieren encontrar en él.

NERINT 33

2. Clipping de Notícias

Sumário de Notícias:

04/08/2009 – Unasul pode morrer sob comando do Equador, diz Colômbia – Reuters

03/08/2009 – Criticism Grows Over Colombia's U.S. Military Plan – NY Times

27-07-2009 – Chávez ordena congelar relaciones diplomáticas y comerciales entre Venezuela y

Colombia – Agencia Bolivariana de Noticias

27/07/2009 – Venezuela comprará tanques rusos –BBC Mundo

15/04/2009 – Brazil: Development Funding for a New Tanker Transport –STRATFOR

12/03/2009 – Brazil, Colombia: A Deal Signals Strategic Cooperation –STRATFOR

09/03/2009 – Ministros de Defensa de Unasur estudian cooperación en Chile – TELESur

05/03/2009 – An unmended fence – Economist

09/02/2009 – Militarización en América Latina – Rebelión

24/12/2008 – A Boost for Brazil's Military – STRATFOR

18/12/2008 – President of Brazil Unveils Plan to Upgrade Military – NY Times

27/11/2008 – Friends of opportunity – Economist

16/10/2008 – Venezuela, Russia: Noteworthy New Armor for South America –STRATFOR

04/08/2008 – Venezuela: The Significance of Russian Flankers – STRATFOR

21/06/2008 – Perú: Otro paso en la militarización – Rebelión ..........................................................................................................................................................................

Unasul pode morrer sob comando do Equador, diz Colômbia – 04/08/2009

BOGOTÁ (Reuters) - O bloco regional Unasul poderá morrer ao ficar sob a presidência do Equador num momento em que Quito tem graves atritos com a Colômbia, disse na terça-feira o vice-presidente colombiano, Francisco Santos.

Ele afirmou que o Equador deveria ter rejeitado a presidência temporária da União de Nações Sul-Americanas, a exemplo do que fez Bogotá, por não manter boas relações com outros países do bloco.

A Colômbia tem sido criticada devido a sua estreita cooperação militar com os EUA, numa região dominada por governos esquerdistas mais ou menos moderados.

"Quando cabia ao governo colombiano a presidência temporária da Unasul, o governo colombiano, precisamente pelos problemas que tinha com seus vizinhos, disse: 'Olha, nós não podemos assumir a presidência temporária'", disse Santos a jornalistas.

NERINT 34

"Pensamos que outros países iriam atuar da mesma maneira, não foi assim e é lamentável, porque isso pode fazer que uma ideia muito boa como a Unasul não surja e morra, e seria lamentável se perdêssemos esse cenário", acrescentou.

O Equador receberá no próximo 10 de agosto a presidência da Unasul das mãos do Chile, e durante um ano na presidência terá de lidar com disputas entre vários governos, inclusive do próprio Equador e da aliada Venezuela contra a Colômbia, envolvendo principalmente fatos relativos à guerrilha colombiana.

Fontes da chancelaria colombiana informaram na semana passada que Uribe e seu chanceler, Jaime Bermúdez, não irão à próxima reunião da Unasul.

Quito rompeu relações com Bogotá em março de 2008, por causa de um bombardeio colombiano contra um acampamento da guerrilha Farc em território equatoriano.

Mais recentemente, houve um novo atrito por causa de um vídeo em que um comandante militar das Farc admitia ajuda financeira na campanha eleitoral que levou Rafael Correa à presidência do Equador. Dias depois, a guerrilha negou a veracidade da gravação.

Na semana passada, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, congelou as relações com o governo de Uribe depois que o governo colombiano afirmou ter apreendido foguetes que a Suécia vendeu há duas décadas para a Venezuela, e que Caracas agora estaria desviando para as Farc.

Vários governos latino-americanos, como os de Brasil, Chile, Nicarágua, Bolívia, Equador e Venezuela, manifestam preocupação com um novo acordo militar que está sendo negociado entre Colômbia e EUA. Uribe prepara uma viagem pela região para tentar explicar essa aliança a seus vizinhos.

Criticism Grows Over Colombia's U.S. Military Plan – 03/08/2009

BOGOTA (Reuters) - A plan to increase the number of U.S. troops in Colombia is drawing opposition, not just from left-wing populist leaders in the region but from the moderate governments of Brazil and Chile as well.

The mounting criticism threatens to isolate Colombia from its neighbors as it seeks help from the United States to combat drug-running guerrillas and cocaine cartels.

President Alvaro Uribe will tour South America this week to try to ease concerns about the upcoming military pact.

Colombia, Washington's main ally in the region, says the deal is aimed at strengthening anti-drug efforts.

The United States is in talks with Uribe's government about relocating U.S. drug interdiction flight operations to Colombia after being kicked out of neighboring

NERINT 35

Ecuador. Colombia expects to sign a deal this month after a final round of talks in Washington.

The plan is expected to increase the number of U.S. troops in Colombia above the current total of less than 300 but not above 800, the maximum permitted under an existing military pact, officials said.

Leftist Venezuelan leader Hugo Chavez accuses the United States of setting up a military platform in Colombia from which to "attack" its neighbors.

Chavez allies in Ecuador, Bolivia and Nicaragua were quick to blast the plan as well. But Colombia was shocked late last week when Chile, a model of free-market policies, and regional heavyweight Brazil voiced concern about the deal as well.

"I don't like the idea of an American base in the region," Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva said.

Uribe will meet with Lula, Chile's President Michelle Bachelet and other South American leaders starting on Tuesday. His toughest critics, Venezuela and Ecuador, are not on his itinerary.

Bachelet called the Colombia-U.S. talks "disquieting" and said the proposal should be discussed at the August 10 meeting of the South American Unasur group of nations. But Uribe and his foreign minister do not plan to attend the summit.

The meeting will be held in Ecuador, which has broken off diplomatic relations with Colombia over a 2008 bombing raid targeting Colombian rebels who were camped out on Ecuador's side of the border.

Ecuador and other socialist governments in the region are deepening economic ties with Russia, China and Iran, while denouncing Uribe for his ties to U.S. "imperialists."

'INCREASINGLY ISOLATED'

"Colombia is increasingly isolated from its neighbors," said Bogota-based security analyst Armando Borrero.

"This has a snowball effect in that it makes the government even more reliant on Washington," Borrero added.

Chavez last week called Venezuela's ambassador back from Bogota over a controversy in which Venezuelan officials are accused of providing Swedish-made anti-tank rockets to the Revolutionary Armed Forces of Colombia, or FARC, rebel group.

Colombian and Swedish authorities asked Venezuela for an explanation after the rockets were found in a FARC arsenal.

Chavez denies helping the guerrillas. His response has been to threaten to nationalize Colombian businesses in Venezuela and to blast the expected U.S.-Colombia pact.

NERINT 36

Washington is negotiating to move those operations in Colombia, which has received billions of dollars in U.S. aid to fight the drug trade and the rebels, whose 45-year-old insurgency kills and displaces thousands of people every year.

Colombia is frustrated by the reaction to the talks.

"Where was the hysteria when these operations were being run out of Ecuador?" said a high-level official in Colombia's defense ministry who asked that his name not be used.

"Mexico is having the worst security crisis in its history due to the drug trade and people are saying we should not help them by doing interdiction operations. It's ridiculous," the official said.

The upcoming pact will probably involve an additional "200 plus" Americans in Colombia, including contractors and soldiers, the official said.

U.S. troops in Colombia help plan counter-insurgency missions but are not allowed in combat, a restriction that would not change under a new military accord.

Chávez ordena congelar relaciones diplomáticas y comerciales entre Venezuela y Colombia – 27-07-2009

El Presidente de la República, Hugo Chávez Frías, ordenó el retiró de todos los altos funcionarios destacados en la embajada de Venezuela en Colombia y el congelamiento de las relaciones entre ambas naciones. Tal decisión la tomó el Jefe de Estado luego de las declaraciones del Presidente Alvaro Uribe sobre la supuesta venta de armas, por parte de Venezuela a los guerrilleros de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (Farc). En tal sentido, Chávez tildó de “irresponsables” los señalamientos del Mandatario neogranadino y los conminó a investigar los hechos antes de realizar cualquier señalamiento contra un país vecino. Además, indicó que las Farc también, según conoce por imágenes televisivas, posee armas estadounidense, israelíes y rusas. Además, puso en tela de juicio la posibilidad que los fusiles y lanza-cohetes incautados, a los rebeldes colombianos, fuese entregados por efectivos de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana. Además, el máximo líder de la revolución, amenazó con cortar, definitivamente, las relaciones con el vecino país si se mantenían “los señalamientos irresponsables” de los altos funcionarios colombianos. De igual manera, ordenó, a los ministros venezolanos, la reducción de las importaciones y revisión de las inversiones criollas en el vecino país.

NERINT 37

Venezuela comprará tanques rusos – 27/07/2009

BBC Mundo

El gobierno de Venezuela comprará tanques de guerra a Rusia para duplicar su flota y fortalecer sus fuerzas armadas. El presidente venezolano dijo que quiere proteger al país de la "agresión" de EE.UU.

Así lo anunció este jueves el presidente Hugo Chávez, en medio de crecientes tensiones con Colombia por su principio de acuerdo militar con Estados Unidos, que le permitirá a soldados de este país operar desde bases colombianas.

"Vamos a traernos y estamos adelantando varios nuevos batallones de tanques para tener una fuerza blindada del doble de los que hoy tenemos (...) Yo no le voy a hacer caso a lo que digan los vecinos, o en el norte, allá los yanquis", dijo Chávez en "Aló Presidente teórico", la nueva versión de su programa dominical.

El mandatario venezolano explicó que los nuevos tanques forman parte del "plan escudo de Occidente" para proteger la frontera con Colombia, desde donde cree que Estados Unidos prepara una ofensiva.

"Están preparándose para una agresión. Que no se les ocurra, porque se encontrarán a los hijos de (Simón) Bolívar", expresó.

Chavez añadió que los planes castrenses de su país fueron comunicados oficialmente al gobierno de Rusia, el principal proveedor de armas de Venezuela, que entre 2005 y 2007 le vendió 24 aviones caza Sukhoi, 50 helicópteros de combate y 100.000 fusiles de asalto Kalashnikov.

Además, en noviembre de 2008 ambos países realizaron maniobras militares conjuntas en el mar Caribe.

El presidente venezolano dijo, por otra parte, que impulsará la creación de "tropas de combates" con milicias conformadas por estudiantes, trabajadores de las empresas del Estado y campesinos.

"Cuadro de agresión"

Para Chávez, Washington "quiere convertir a Colombia en el Israel de América Latina", lo que "sería incendiario, lamentable, muy triste".

El martes, el mandatario advirtió que Estados Unidos y sus aliados en Colombia e Israel configuran "todo un cuadro de agresión contra Venezuela", por lo que anunció que revisará sus relaciones con el país vecino.

Chávez se refería a la próxima llegada de "miles de soldados yanquis a bases militares norteamericanas en Colombia", país que comparte con Venezuela 2.219 kilómetros de frontera terrestre.

NERINT 38

El gobierno colombiano dijo la semana pasada que facilitaría cuatro bases de su país para que sean empleadas por tropas estadounidenses, luego de que Ecuador decidiera cerrar la base de Manta.

Funcionarios de la cancillería explicaron al corresponsal de BBC Mundo en Bogotá, Hernando Salazar, que, a diferencia de Manta, "Colombia tendrá plena soberanía" sobre las instalaciones militares de Estados Unidos en su territorio.

Brazil: Development Funding for a New Tanker Transport – 15/04/2009

Brazilian Defense Minister Nelson Jobim said April 14 in Rio de Janeiro at an aerospace and defense show that Embraer will move ahead with a new tanker transport design. The decision comes at a critical time for Embraer as it attempts to address the effects of the global financial crisis and actually move ahead with building a transport aircraft, which has long been only a set of marketing drawings and very basic specifications. If Embraer is able to effectively bring this concept to reality, it will be a significant demonstration of its capacity to apply its expertise and experience to more specialized military designs and potentially rival the venerable Lockheed C-130 “Hercules.”

Brazilian aircraft maker Empresa Brasileira de Aeronautica (Embraer) will push forward with a project to develop a new tanker-transport aircraft, Defense Minister Nelson Jobim said April 14 at the Latin America Aerospace and Defense show in Rio de Janeiro. The deal to develop the new aircraft, the KC-390, comes amidst troubled economic times. From a technical standpoint, it is likely within Embraer’s grasp — though it is ultimately attempting to compete with one of the most successful cargo aircraft in history: the Lockheed C-130 “Hercules.”

The deal with the Brazilian military comes at a time when the company is in dire need of additional orders, and the extra funding will help prop up one of Brazil’s most important and technologically developed companies. Embraer has been feeling the tight pinch of global recession, which hit the company directly when it lost over $150 million in the derivatives markets. About 90 percent of the company’s revenues come from exports to the global market, and the economic downturn has slashed orders — a large percentage of which normally come from the United States and Canada.

The fall in global consumption has had a big impact on Embraer’s outlook. A sharp decline in orders (mostly in the business jet market) in the fourth quarter of 2008 caused a total decline in profits of 20.6 percent from the previous year. As a result of the downturn, Embraer revised its delivery outlook to 242 aircraft in 2009 from the 350 it had planned on in mid-2008, and announced a plan to lay off approximately 20 percent of its workforce.

The idea of Embraer building a transport aircraft has been around for several years, long known as the C-390. For some time, this concept has been just that — a set of marketing drawings and very basic specifications. The intent is to build an aircraft with a payload capacity and performance that approaches the venerable Lockheed C-130 design (which Brazil currently operates). The April 14 KC-390 announcement included

NERINT 39

some new renderings, modifications to the design and more details (including the addition of the ‘K’ for its intended capability to also act as an aerial refueling tanker). But the most noteworthy shift is what appears to be a more ambitious and technically challenging attempt to not only replace Brazil’s aging fleet of C-130 “Hercules” transports — but to rival that venerable design.

This is a tall order. The C-130 is one of the most successful and venerable cargo aircraft in history — with more than 2,000 built and operated by some 60 countries (the latest C-130J variant is still being procured by the U.S. Air Force and others). Although it is a 1950s design, the C-130 has proven so enduring precisely because of its still-impressive capabilities, like its capability to operate from dirt airstrips as well as land and take off in exceptionally short distances for an aircraft of its size.

Embraer is already one of the most advanced and capable domestic resources for Brazilian defense modernization. It has proven capable of designing regional civilian aircraft with quality control, safety, noise levels and fuel efficiencies sufficient to make its products highly competitive in American and other Western markets. Its latest E-Jet series of medium-range passenger and executive aircraft has proven successful, with hundreds of airframes already in service with dozens of airlines around the world. This project may serve as a validation of Embraer’s fundamental engineering capability and business acumen, although designing a military tanker/transport rugged enough to be able to land and take off from short, austere airstrips will present new and very real challenges. If Embraer is able to effectively bring this concept to reality, it will be a significant demonstration of its capacity to apply its expertise and experience to more advanced military designs.

As such, it now appears to be the next step for the Brazilian air force in modernizing and expanding its airlift capacity. Improving its ability to project and sustain military force in the far reaches of its own territory — often deep in the dense Amazon rain forest — is a major priority for Brasilia. Given the age of the underlying C-130 architecture, even a modest success on Embraer’s part could well see foreign interest — especially if it is priced competitively. It is, however, too early to gauge that potential success. But Brazil’s air force now seems poised to receive a new transport aircraft that matches its parameters and requirements.

Just how successful the design might prove will depend on how well the concept can be turned into reality. But Brasilia now appears ready to fund the KC-390’s development and commit to purchasing the first airframes.

Brazil, Colombia: A Deal Signals Strategic Cooperation – 12/03/2009

Colombia and Brazil signed an agreement March 11 allowing mutual overflight privileges by about 30 miles over the border during hot pursuits. The agreement, signed by Colombian Defense Minister Juan Manuel Santos and his Brazilian counterpart, Nelson Jobim, will permit Colombia to chase Colombian militants — who frequently cross international boundaries to avoid capture — into Brazil.

NERINT 40

The move is a concrete sign that Brazil is getting serious about border security and South American security cooperation.

The issue of hot pursuit in South America has been extremely delicate politically over the past year since a March 1, 2008, Colombian military operation. During that incident, Colombian soldiers and aircraft crossed into Ecuador to kill Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC) second-in-command Luis Edgar Devia Silva (better known as Raul Reyes). The raid raised tensions with Ecuador, but also with Colombia’s eastern neighbor, Venezuela, prompting both countries to move troops to their respective borders with Colombia. Since the raid, relations between Venezuela and Colombia have been volatile, while Colombia and Ecuador severed diplomatic ties.

The agreement between Colombia and Brazil is thus an important precedent for the two countries, which have been working together under the framework of in the newly formed Union of South American Nations (UNASUR) and on the South American Defense Council.

For Bogota, the benefits of a deal that allows it to legitimize its pursuit of FARC rebels more effectively are relatively obvious. Colombia appears to have turned the tide against FARC over the past year. A hostage-rescue operation in July 2008 secured the release of FARC’s highest-profile hostages, including former Colombian presidential candidate and dual French citizen Ingrid Betancourt. Although FARC is still estimated to hold thousands of hostages, the operation deprived the rebel group of its most valuable bargaining chips.

Since then, individuals ranging from FARC foot soldiers to high-level FARC leaders have been defecting, sometimes bringing hostages with them in a bid for better treatment by the government. This is not to say that FARC has been completely routed — FARC attack campaigns against military forces are ongoing — but there is no question that the militant organization’s power has dropped dramatically. Now that Colombia has come this far, the next logical step is to ensure that FARC cannot find a safe haven in neighboring countries.

For Brasilia, an agreement like this is a great way to ensure that Brazil never becomes a safe haven for FARC. It will also boost Brazilian efforts to coordinate South American policy-making under UNASUR. Perhaps most important, it also offers a chance to make progress on a prime strategic imperative for Brazil, namely, control of the immense South American country’s borders. Because enormous swaths of Brazilian territory are blanketed by dense jungle, Brazil has very little control over many (if not most) of its borders. And the border with Colombia is unquestionably the most remote and difficult to reach for the Brazilian military. Now however, it may well become one of its most secure borders thanks to the battle-hardened Colombians bearing most of the security burden.

NERINT 41

Rising concerns about drug trafficking and militancy throughout South America (coupled with economic stabilization and increased resources) has made it increasingly more important and possible for Brazil to try to exert more control over its territory. Though the Brazilian military has reoriented its forces away from its traditional rivals to the south (namely Paraguay and Argentina) toward exerting influence over its jungle-covered northern territories, it still has a long way to go. Perhaps the biggest challenge will be to project military power across territory with very little transportation infrastructure, as the Amazon rainforest presents very difficult operating and troop-maintenance challenges.

But despite the obvious benefits to both countries, this kind of agreement is no small matter. There are very few true hot pursuit agreements between countries. (One notable example is a deal between Indonesia, Malaysia, and Singapore for naval patrols in the Strait of Malacca.) For two countries to allow one another to send troops across their borders indicates a high level of trust, and requires a high level of cooperation. Brazil is unquestionably South America’s rising power, and Colombia boasts South America’s best-trained and best-equipped military (particularly for counterinsurgency jungle warfare operations). For the two of them to agree to this level of military and political cooperation sends a very clear signal to South America, and particularly to Colombia’s other neighbors.

Ministros de Defensa de Unasur estudian cooperación en Chile – 09/03/2009

NERINT 42

Los ministros de Defensa de doce países miembros de la Unión de Naciones Suramericanas (Unasur) estudiarán entre lunes y martes en la capital chilena, temas de cooperación integración en lo que se convierte en el primer Consejo de Defensa Suramericano (CDS).

El CDS, según los organizadores del encuentro, persigue el objetivo de funcionar como un mecanismo de integración que permita dialogar sobre las realidades y necesidades de defensa de los países miembros, reducir los conflictos y desconfianzas, así como establecer las bases para la futura formulación de una política común.

La reunión se extenderá hasta el martes en un céntrico hotel, donde asistirán los ministros de Defensa de Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colombia, Ecuador, Guyana, Paraguay, Perú, Surinam, Uruguay y Venezuela.

En el pasado mes de enero, los viceministros de los países miembros realizaron en Santiago de Chile su primera reunión, inaugurada por el ministro de ese país, José Goñi, dado que su país ejerce la Presidencia Pro Témpore de Unasur hasta mayo, cuando traspasará estas responsabilidades a Ecuador.

La constitución del Consejo "es un hecho histórico", dijo el ministro chileno de Defensa, José Goñi, anfitrión de la reunión.

"El primer gran mérito es la creación de una plataforma de encuentro e intercambio de experiencias que nos va a permitir conversar, coordinar y trabajar en los temas de seguridad externa a otro nivel", explicó el ministro.

Sin embargo, precisó que "en ningún caso se trata de la creación de una fuerza militar conjunta, como la Organización del Tratado del Atlántico Norte (OTAN), eso está fuera de discusión".

La agenda de los ministros incluye la creación del Centro Suramericano de Estudios Estratégicos de Defensa (CSEED) y la realización en el mes de noviembre del Primer Encuentro Suramericano de Estudios Estratégicos (I ESEE).

También se abordará la planificación de un ejercicio combinado de cooperación militar en casos de catástrofe o desastres naturales.

Además se propone crear una red para intercambiar información sobre políticas de Defensa, realizar un seminario sobre modernización de los Ministerios de Defensa y transparentar la información sobre gastos e indicadores económicos del sector.

La identificación de "los factores de riesgo y amenazas que puedan afectar la paz regional y mundial" y la creación de un mecanismo para contribuir a la articulación de posiciones conjuntas de la región en foros multilaterales sobre Defensa, son otros de los puntos a tratar.

Los ministros también analizarán, según los organizadores, la "Cooperación militar,

NERINT 43

acciones humanitarias y operaciones de paz", "Industria y tecnología de la Defensa" y "Formación y capacitación".

En vísperas de este encuentro, el almirante Mike Mullen, Jefe del Estado Mayor Conjunto de Estados Unidos, visitó Chile la semana pasada y dialogó con la presidenta Michelle Bachelet y autoridades militares, en el marco de una gira por varios otros países de la región.

La iniciativa de constituir oficialmente el CDS se acordó en la primera Cumbre Presidencial de Unasur celebrada en mayo de 2008 en Brasilia.

El presidente brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva, fue uno de los principales promotores de la iniciativa, tras la tensión diplomática generada por la incursión militar colombiana en territorio ecuatoriano que terminó con la vida del número 2 de las FARC, Raúl Reyes.

El Consejo sesionará una vez al año y sus acuerdos se adoptarán por consenso.

An unmended fence – 05/03/2009

A YEAR ago Colombia’s neighbours condemned it for sending troops into Ecuador to bomb and overrun a camp of the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC). The raid was a success: one of the FARC’s senior leaders, Raúl Reyes, was killed and Colombian forces grabbed three laptops containing vital intelligence, including evidence of the guerrillas’ contacts with the leftist governments of Ecuador and Venezuela. Since then Colombia’s American-backed drive to crush the FARC has made further progress. The guerrillas have lost other leaders and suffered desertions. A group of prominent hostages they were holding was rescued in July. On March 2nd the army said it had killed another FARC leader, José de Jesús Guzmán, alias “Gaitán”, suspected of organising bombings in the capital, Bogotá.

After last year’s raid, Ecuador and Venezuela severed diplomatic relations with Colombia and sent troops to their borders with it. Other South American countries, even moderate Brazil, condemned the incursion. Two regional clubs, the Organisation of American States (OAS) and the Rio Group, expressed disapproval. However, within weeks of the raid, Colombia’s President Álvaro Uribe was again on backslapping terms with President Hugo Chávez of Venezuela. Mr Uribe smoothed things over with Brazil on a recent visit there. Relations with Ecuador remain cut but overall, says Alfredo Rangel, a security analyst in Bogotá, Colombia has paid a “small diplomatic price”.

The OAS continues efforts to mend the rift between the two countries. On February 26th its secretary-general, José Miguel Insulza, met Ecuador’s president, Rafael Correa, to push reconciliation. Three days later, however, Colombia’s defence minister, Juan Manuel Santos, a possible candidate in the 2010 presidential elections, stirred the pot, calling the raid an act of “legitimate defence” and celebrating the killing of Reyes. Mr Correa retorted that he would “never forgive” those who violated his country’s sovereignty, warning Mr Santos not to “mess with Ecuador”. To placate Mr Correa and Mr Chávez, Mr Uribe gave his jingoist minister a wrist-slapping.

NERINT 44

Mr Correa says relations will not be restored until certain conditions are met. These include Colombia improving its border security to stop the FARC crossing into Ecuador. Mr Correa also wants the Colombians to give a full report of their raid on his country’s territory, including all the information they found on the FARC’s computers. He wants Colombia to pay damages for the raid and to help with the cost of looking after around half a million Colombians who have fled to Ecuador to escape the decades-long conflict back home. Finally, Mr Correa wants Colombia to stop “defaming” his government by revealing what the computers told it about the rebels’ links to Ecuadorean officials.

Mr Uribe has made some gestures, including setting up a new joint southern command of the armed forces to stop FARC fighters from crossing into Ecuador. But his case for launching last year’s raid has been strengthened by the recent admission by a former deputy interior minister of Ecuador, being tried on drug-trafficking charges, that he had met Reyes, the FARC leader killed in the raid, at least seven times. In all, Colombia is disinclined to bend too far to soothe Mr Correa’s wounded pride. No wonder the OAS has little to show for its year of peacemaking.

Militarización en América Latina - 09/02/2009

Entrevista a Ana Esther Ceceña, doctora en Relaciones Económicas Internacionales de la Universidad de Paris I – Sorbona, miembro del Instituto de Investigaciones Económicas de la UNAM (México) y Coordinadora del Observatorio Latinoamericano de Geopolítica.

- ¿Qué significan la IIRSA (Iniciativa para la Integración de la Infraestructura Regional Suramericana)y el Plan Puebla Panamá para América Latina?

- Son dos megaproyectos que se articulan entre sí, incluso geográficamente y que son similares, porque son dos proyectos de construcción de infraestructura. Están estructurados bajo la idea de canales o líneas de comunicación, en las cuales no solamente se está pensando en que sean vías de comunicación para mercancías y personas. Sino también vías de construcción de líneas de electricidad, energéticas, oleoductos, gasoductos. Incluso en el caso del Plan Puebla Panamá (PPP), está pensado también estas mismas líneas como carreteras de información. La IIRSA(Iniciativa para la Integración de la Infraestructura Regional Suramericana) está mucho mejor planeado con canales interoceánicos para conectar los dos océanos y entonces con eso agilizar la salida hacia Europa, Asia y EE.UU.. La idea es tener vías de llegada al más importante mercado que son los EE.UU. que en sus dos costas tiene características económicas diferentes. El propósito es la extracción de recursos en América Latina y trasladar la mercancía que hay hacia estos mercados. No están tan pensados como apertura de mercado interno. Por eso la IIRSA se proyecta desde el corazón de Sudamérica hacia fuera, hacia las dos costas. Y el PPP está pensado desde Panamá hacia el norte. De manera que las rutas, los canales corren en ese sentido.

- ¿El Plan Mérida es la complementación del Plan Puebla Panamá en México? ¿Cuán avanzado está este?

NERINT 45

- El Plan Mérida (PM) si es la complementación del Plan Puebla Panamá, pero en realidad el P.P.P. en sí mismo ya se transformó en Proyecto Meso América incorporando a Colombia y muy explícitamente la dimensión de seguridad. Ya el propio Plan Puebla Panamá asumió las dos cosas, la integración energética que era la parte económica más importante que tenía y la integración de seguridad. Y en ese sentido, ya no es que requiera del Plan Mérida, sino que es un eslabón más que permite que el PM que está en México se concrete de manera muy natural, sin necesidad de mucha bisagra con el Plan Colombia. Porque el Plan Mérida corresponde directamente al Plan Colombia, es el mismo proyecto adaptado a las circunstancias tanto geográficas como temporales. Porque ya se asume toda la experiencia tenida con el Plan Colombia y la estructura es similar, ayuda para seguridad y una muy pequeña para desarrollo, que es como avanzan varios de los proyectos del Plan Colombia. Y entonces tienes una superposición del Plan Mérida en la parte norte, proyecto Meso América enlazando esa parte norte con Colombia, Plan Colombia en Colombia y Perú. Además hay la ASPAN (Alianza para la Seguridad y Prosperidad de América del Norte) que es un proyecto también de seguridad y energético, pero difiere en el sentido de que es más la creación de un bloque regional, lo que está implícito en este plan.

- Después de realizadas las fases de invasión denominadas Plan Colombia y Plan Patriota por parte de los EE.UU. en Colombia ¿Qué es lo que sigue?

- La expansión del Plan Colombia hacia dos partes del continente, una es el norte, bueno que se está logrando con el Plan México y con estas acusaciones que se hacen después del ataque de Colombia a Sucumbíos, Ecuador se arma un poco el escenario de que, en México está la oficina internacional de las FARC y que en esa medida, eso justifica el Plan México y digamos, las mismas políticas que en Colombia. Luego el otro derrame es hacia el sur y este se ha intentado por varias rutas. La que más se ha intentado es la de Paraguay como si extendiera un brazo del Plan Colombia hasta la Triple Frontera, que por supuesto, eso lo que hace, es que cubre el área boliviana, pero además permite colocarse en un lugar geográfico que es de gran interés, que es, esta Triple Frontera encima del Acuífero Guaraní y además como epicentro de la parte digamos conosureña, rioplatense de América del Sur. Esto también se intentó en el 2006, se hizo este montaje de que se había secuestrado a la hermana del ex presidente y que entonces, esto indicaba que había células y campos de entrenamiento de las FARC en Paraguay. Y con esta argumentación tan precaria, se estaba pretendiendo montar un operativo Plan Colombia ahí, pero también se ha intentado y de hecho se ha logrado involucrar a Perú desde hace tiempo con el Plan Colombia, porque los recursos del Plan Colombia no son sólo para Colombia, sino para el área. Entonces si los recursos son para el área, incluidos Perú y Ecuador, si los está incluyendo también los está comprometiendo, esta ayuda siempre es con contraparte, esa es como otra ruta de expansión. Pero, lo que se ha puesto en juego hoy después del Plan Patriota, justamente lo que se inaugura con el ataque a Sucumbíos, que es la posibilidad de que los EE.UU. a través de un tercer país, pueda echar a andar una política de guerra preventiva. Y digo EE.UU. porque el operativo de Sucumbíos lo diseñaron en gran medida desde Manta y los operadores en gran parte fueron norteamericanos. Entonces, se inaugura el hecho de que ellos actúen desde Colombia directamente, pero también la posibilidad de que Colombia, emulando la política norteamericana se lance también en una –si se quiere más limitada regionalmente– guerra preventiva, en una defensa de sus intereses, fuera de su territorio, en territorios de otras naciones. Esto marca pautas, que de no haber sido por esa reacción tan fuerte

NERINT 46

del gobierno ecuatoriano, realmente estarían perfilando ya como la intervención directa en cualquier país del continente.

- En el tablero geopolítico de la región ¿Qué importancia tiene el Perú en los planes hegemónicos de los EE.UU. que intenta establecer una base militar en la región surandina de Ayacucho?

- Se está hablando de dos bases en Perú desde hace tiempo, del área de Chiclayo y también ahora, más recientemente la de Ayacucho. Incluso por ahí, hay alguien quien dice que tal ves, es en la zona de Quinua (Ayacucho), donde se quiere establecer. Pero con bases de nuevo tipo, muy flexibles, eficaces, pero también más pequeñas, realmente bases más adecuadas a lo que son las condiciones de la actuación militar en este momento de la guerra. Pero también del simple trabajo del monitoreo y vigilancia. Entonces cuando nosotros vemos la posición geográfica de Perú y evaluamos la situación política y geopolítica del continente, realmente la posición de Perú es inmejorable como para tener una posibilidad de acceso más directo y más variado hacia algunas regiones que están preocupando mucho como la de la zona sur de Bolivia, la zona gasífera. La zona norte de Argentina que es petrolífera, entonces, está en términos de los recursos, pero también en términos de su potencial rol en la desestabilización de gobiernos que se consideren convenientes. La base de Ayacucho está en línea recta hacia La Paz, de manera que, de acuerdo con los radios de acción –incluso mínimos– que tienen los aviones de guerra actuales, La Paz quedaría bajo el alcance de la base de Ayacucho sin ningún problema. Y lo de Chiclayo apunta más hacia la zona amazónica, la veo como una oportunidad, por un lado, de garantizar la entrada por el río hacia Iquitos y la zona Amazónica, pero también de mantener vigilado a Ecuador por los dos flancos. Porque, pues Colombia está garantizado, pero Ecuador ya no va a tener una base y además se ha rebelado, ha elevado a rango constitucional la idea de que Ecuador es un territorio de paz y por eso, no admite la presencia ni de bases militares extranjeras, ni de tropas extranjeras en su territorio. Entonces, allí les cerró una posición y esa posición parece estarse trasladando simultáneamente hacia arriba y hacia abajo. Hacia abajo sería lo de Chiclayo y seguramente también Ayacucho, porque queda en esa misma línea de alcance. Y hacia arriba, hacia la costa colombiana, posiblemente en la costa del Chocó. Los dos ejes que están moviendo esas nuevas posiciones, el diseño de cómo será mejor establecer estas nuevas posiciones y que están haciendo pensar en Perú son fundamentalmente el de garantizar el acceso a los recursos naturales estratégicos y el del control de la insurgencia o el control de la posible formación de coaliciones contrahegemónicas. Estas dos cosas están perfiladas en el corazón de América del Sur, de manera que el hecho de tener posiciones en Perú o de tener una situación más permisiva para el arribo de tropas y la movilización de tropas. Por un lado, les facilita la entrada a los recursos naturales peruanos, que son muchos, muy valiosos y a los recursos de los países vecinos, pero les facilita también y quizás esto, coyunturalmente es lo más importante, el flanqueo de Bolivia y desde ahí una línea de acceso más directo por el centro a Venezuela.

A Boost for Brazil's Military – 24/12/2008

NERINT 47

Brazil and France signed a substantial defense deal on Tuesday that brings Brazil a step closer to breaking out of a century of military navel-gazing, and indicates that Brasilia could be getting serious about attaining the tools of power projection.

The deal — which the French say is worth $12 billion — includes a plan for Brazil to purchase 50 of Eurocopter subsidiary Helibras’ EC725 helicopters, which will be built domestically. France will also help Brazil assemble four Scorpene-class conventional patrol submarines as a precursor to construction of a Scorpene-class nuclear submarine.

Stipulating that the submarines and helicopters will be manufactured in Brazil, the Brazilians will gain the expertise needed to build up their military-industrial capacity, which has languished, and invigorate their own arms industry. Using foreign designs to construct weapons at home is something Brasilia has actively encouraged over the years. This circumvents the arduous, expensive and error-prone process of creating entirely new designs, and it educates domestic engineers.

This defense deal has been in the works for the better part of 2008, but this is not the first serious cooperation between the two countries. France sold Brazil the Clemenceau-class aircraft carrier Foch, and earlier in 2008 signed a deal to construct 50 Super Puma helicopters. There also is little doubt that it was an infusion of French investment and expertise that brought Brazilian private airline manufacturer Embraer into a position to compete in the international aircraft market. Future deals could include the sale of France’s Dassault Rafale fighter jet, which has been struggling to compete in the European market but could be a perfect fit for Brazil.

But there are grander implications of these French partnerships. Although Brazil is unquestionably the geopolitically dominant country in South America, it has lacked the wherewithal to extend control to its own borders, much less beyond. Even more compelling has been the absence of existential threats to the state’s security. With massive geographical barriers protecting it to the north and west, Brazil has had to worry only about Argentina to the south and about protecting its coastline. But with its southern borders settled for a century or so at this point, and Argentina at risk of economic collapse, the threat of Argentine aggression is not particularly compelling. And with very limited global traffic in the southern Atlantic, Brazil’s naval needs have been minimal.

Brazil’s military has thus been relatively inward-focused, as shown by the military’s heavy involvement in politics — including a period of military rule from 1964 to 1985. But recently, Brazil has discovered enormous oil deposits off its coast, and its shipping lanes will become increasingly important if the country achieves its goals of becoming a major exporter of oil and (increasingly likely) agricultural produce. These developments appear to have awakened the Brazilians to the possibility that they might have something really worth protecting.

Indeed, the long-discussed submarine program has been pitched as a way of protecting the country’s stationary oil platforms, even though submarines are not capable of directly defending such a target. Submarines are, however, an excellent ace in the hole should Brazil engage in a shooting war, as they would allow Brazil to threaten adversaries’ shipping lanes.

NERINT 48

Beyond these immediate applications, what is becoming clear is that Brazil could be realizing that it is the primary power of South America — and the deal with France may be the first step toward acting like it.

President of Brazil Unveils Plan to Upgrade Military – 18/12/2008

BRASÍLIA — President Luiz Inácio Lula da Silva of Brazil unveiled a new national defense strategy on Thursday, calling for upgrading the military forces and remaking the defense industry. The plan also called for a debate in Brazil on whether mandatory military service should be enforced and how the armed forces should be professionalized.

With the commanders of Brazil’s army, navy and air force in attendance, Mr. da Silva said in a speech here that Brazil, despite its pacifist history, needed a stronger defense against potential aggression if it was to continue on the road to becoming a global power.

The new strategic vision, more than a year in the making, calls for Brazil to invest more in military technology, including satellites, and to build a nuclear-powered submarine fleet that would be used to protect territorial waters and Brazil’s deepwater oil platforms. The proposal also calls for an expansion of the armed forces to protect the country’s Amazon borders and for retraining troops so they are capable of rapid-strike, guerrilla-style warfare.

“Brazil’s vision of its military’s role fits well with the country’s growing international seriousness and economic and institutional capacity,” said Michael Shifter, a vice president of the Inter-American Dialogue, a policy research group in Washington. “It is seeking to be a more cohesive national power, and that requires exercising full control over its vast territory and borders.”

Despite the country’s recent economic boom and the strong role the military has traditionally played in Brazilian society, military spending has been stagnant and troop levels have remained steady around 312,000, the government said. Brazil spent a lower proportion of its gross domestic product on defense in 2006 than four of its South American neighbors — Bolivia, Chile, Ecuador and Colombia — according to the Security and Defense Network of Latin America, a research group based in Buenos Aires.

The president’s new military strategy, outlined in a 101-page document, has been introduced as drug trafficking increases along Brazil’s Amazon borders and as some of the country’s neighbors — including Venezuela, Colombia and Chile — have been upgrading their militaries. Venezuela has been particularly active, buying $4 billion in arms from Russia. Brazilian officials denied that Venezuela’s bolstering of its armed forces or plans by the United States Navy to revive a Fourth Fleet to patrol the South Atlantic had directly influenced the creation of the new military strategy.

“We are not concerned by the strength of our neighbors, but we are concerned by our own weakness,” said Roberto Mangabeira Unger, the minister of strategic affairs and a

NERINT 49

co-author of the plan. “The national defense strategy is not a circumstantial response to circumstantial problems. It is a far-reaching inflection, a change of course and a change of direction.”

Relations between Brazil and Venezuela remain essentially friendly, and Latin American leaders are promoting regional unity as a way to weather the global recession. Mr. da Silva and President Hugo Chávez of Venezuela are pushing for the creation of a South American defense council, an idea that was discussed this week at a meeting in Brazil of leaders from Latin America and the Caribbean.

The new defense strategy does call for Brazil to become more independent of other countries’ military technology. It emphasizes a reorganization of the nation’s defense industry to focus on forming partnerships with other countries so that Brazil is involved in creating the new technologies. “We are no longer interested in buying weapons off the shelf,” Mr. Mangabeira Unger said.

Brazilian officials have approached a number of countries about potential partnerships, including the United States, India, France, Russia and Britain.

The Brazilian Army would be reshaped to be a more mobile, quick-strike force. Only about 10 percent of its soldiers are now trained for rapid deployment. The entire army would be reconstituted at the brigade level to be able to strike quickly, “so that a warrior would also be a guerrilla,” Mr. Mangabeira Unger said.

The plan also involved enforcing existing laws on mandatory conscription to draw people from all classes, not just the poorer ones, to make for a more highly skilled fighting force.

“This will be a novel debate for Brazil about national sacrifice,” Mr. Mangabeira Unger said. “There has been no moment in our national history when we have squarely had the kind of debate that I hope we will have now.”

Friends of opportunity – 27/11/2008

FOR those who think a new cold war has broken out, this week seemed to provide some evidence. The Peter the Great, a nuclear-powered cruiser, and two other Russian warships, arrived in the Caribbean to exercise with the Venezuelan navy. Onshore, Russia’s president, Dmitry Medvedev, met Venezuela’s Hugo Chávez as part of a Latin American tour. In Peru, he attended the APEC summit, a get-together of leaders from 21 Asian and Pacific countries. Like Mr Medvedev, China’s Hu Jintao (pictured with Peru’s president, Alan García) also used the Lima meeting as a pretext for a Latin American tour, which in his case took in Costa Rica and Cuba. Last year another visitor from far-flung parts, Iran’s Mahmoud Ahmadinejad, turned up in Latin America.

To some in the United States, this flurry of outside interest in a region that they considered their “backyard” is threatening. They see it is a sign that under President George Bush America has lost influence in the region. In fact, Latin America’s international ties have long been more diverse than caricature allows, but they are

NERINT 50

becoming even more so as the world changes. For some South American countries, Europe has always been at least as important as a trade and investment partner as the United States. Trade with Japan and the Middle East grew in the 1970s, while the Soviet Union sold arms to Peru as well as sustaining communist Cuba.

It is Mr Chávez’s search for allies in his rhetorical and political battle against the “empire”, as he likes to call the United States, that pricked the interest of Russia and Iran. For Russia, its Caribbean naval jaunt is a symbolic riposte to America’s plan to place missile batteries in Poland and to its dispatch of naval vessels to distribute aid in Georgia after Russia’s incursion in August. The same goes for its recent revival of ties with Cuba.

But Mr Medvedev’s main purpose in Latin America is business. Mr Chávez has already bought arms worth $4.4 billion from Russia—including a Kalashnikov factory due to start producing 50,000 rifles a year in 2010. Russia was reported this month to have signed a contract to sell Venezuela portable air-defence missiles. That would alarm Colombian officials, who will fear their onward unofficial sale to the FARC guerrillas. Russian oil, gas and mining companies have signed deals to invest in Venezuela. Mr Chávez would like the Russians to build a nuclear power station.

Mr Medvedev arrived in Caracas from Rio de Janeiro. Brazil is close to signing an arms deal with France, which has agreed to pass on jet-fighter technology. But it may buy Russian helicopters, and sees scope for collaboration with Russia on civilian nuclear technology and aerospace. Mr Medvedev said in Rio de Janeiro that he hoped trade between the two countries would soon double from last year’s $5 billion. Russian companies are interested in extracting Brazilian oil too. After initially embracing Mr Chávez as an ally, Brazil’s government has recently sought quietly to neutralise his influence. By inviting Mr Medvedev Brazil’s message to Russia is: “if you want to have a significant relationship in South America, have it with us,” says Paulo Sotero, a Brazil specialist at the Woodrow Wilson Center, a think-tank in Washington, DC.

The motive for Iran’s recent interest in Latin America seems to be a desire to add to its small stock of diplomatic friends around the world, and to score propaganda points against the United States. Mr Chávez has signed no fewer than 200 co-operation agreements with Iran. Venezuelan officials say that Iran has invested more than $7 billion in their country—in plants to assemble cars, tractors, farm machinery and bicycles, as well as oil—and that bilateral trade has reached $4.6 billion. But these figures may be exaggerated. Last year Ultimas Noticias, a pro-government newspaper, reported big delays on some Iranian investments and rake-offs by local officials involved in them.

In Mr Chávez’s wake, socialist presidents in Bolivia, Ecuador and Nicaragua have also developed ties with Iran. Mr Ahmadinejad promised investments of $1.1 billion in developing Bolivia’s gas, and $350m to build a port in Nicaragua. But there is little sign of either investment materialising. Brazil’s foreign minister, Celso Amorim, recently visited Tehran and delivered a letter from President Luiz Inácio Lula da Silva inviting Mr Ahmadinejad to visit. Since Iran is the subject of United Nations sanctions, and Brazil has been actively, if fruitlessly, pursuing a permanent seat at the UN, this raised eyebrows in Brazil. Mr Amorim’s visit was “inexplicable” and “gratuitous”, according to Luiz Felipe Lampreia, a former foreign minister.

NERINT 51

The intercontinental ambitions of Iran, Russia and Venezuela have all been puffed up by oil, and so are vulnerable to the steep fall in its price. The lasting change for Latin America is its burgeoning ties with China. At the APEC summit, Mr Bush’s last trip abroad, it was Mr Hu who was the centre of attention. Mr García treated him to a parade around Lima’s colonial centre before they announced that they had wrapped up a free-trade agreement between their two countries. That matches a similar accord China concluded with Chile in 2005.

China’s total two-way trade with Latin America has shot up from just $12.2 billion in 2000 to $102 billion last year. Though Chinese investment—mainly in mining and oil—has grown more slowly, it is now picking up. Last month China became a member of the Inter-American Development Bank. But China has also disappointed some Latin Americans. Some Brazilians complain that Brazil sells raw materials to China while buying manufactures from it. Brazil is frustrated that neither China nor Russia has helped its Security Council bid.

All Latin American countries are naturally keen to diversify their economic relations, and some seek wider political ties. But Europe ($250 billion last year) and the United States ($560 billion) remain Latin America’s biggest trade partners. And the foreign leader that most Latin American politicians will be keenest to see over the coming year is Barack Obama.

Venezuela, Russia: Noteworthy New Armor for South America – 16/10/2008

The latest in a recent spate of arms deals between Russia and Venezuela could include late-model infantry combat vehicles, if an Oct. 15 statement from Igor Sevastyanov, deputy general director of the Russian arms export monopoly Rosoboronexport, is any indication. According to Sevastyanov, a contract for an unspecified “large” number of BMP-3 infantry combat vehicles could be signed within the month.

Since 2005, Venezuelan President Hugo Chavez has signed arms deals with Russia that total $4.4 billion. But Russian forays into Latin America aside, the purchase of a significant number of BMP-3s by Caracas would mark the first major acquisition of a modern ground combat vehicle on the continent in two decades (other than recent deals for Chile and Brazil to acquire variants of the German Leopard main battle tank).

The BMP-3 has its roots in the last days of the Soviet Union and was not revealed to the West until 1990 — after the Berlin Wall came down. Its main armament is a 100mm cannon with a coaxially mounted 30mm cannon (a much more common caliber for its NATO counterparts). Competently employed and operated, such a vehicle could likely hold its ground against any tank or armored vehicle in South America except the Leopard tanks.

Even so, the terrain in which Venezuela could expect to use tanks will prove to be challenging. South America is no North European Plain. It is divided by a major mountain range, the Andes, that runs the entire length of the continent. It also features the immense Brazilian rainforest — virtually impenetrable by armored vehicles. The terrain simply does not favor the tanks and armored vehicles of NATO and the former

NERINT 52

Warsaw Pact. The fact that South America has foregone major upgrades to its fleets of armored vehicles (again, with the exception of the Chilean and Brazilian Leopard purchases) for two decades is deeply rooted in this geography.

Because of this, should the Venezuelan army begin rolling around in BMP-3s, it would mark a shift in the military balance along Venezuela’s borders — a fact that will not be lost on Bogota, which experienced a border skirmish with Venezuela in March.

Years of training and support by the United States have produced a competent military in Colombia that is largely an infantry-based force appropriate to the terrain and to the counternarcotics and counterinsurgency operations that are its focus. Even with all its latest armaments, Venezuela’s military remains at a disadvantage. Still, Caracas’ acquisition of Russian BMP-3s is not a military dynamic that would sit well in Bogota or Brasilia.

Indeed, Colombia is already in talks with Russia about its own arms acquisitions (which by no means suggests that Colombia is abandoning its ties to the United States, with which it has had a longstanding and important relationship). There is not yet a clear trajectory of the mounting military tension on the continent, rooted partially in the Chavez government’s military build-up. However it plays out, the build-up is not going unnoticed by Venezuela’s two most powerful neighbors.

Venezuela: The Significance of Russian Flankers – 04/08/2008

Venezuelan President Hugo Chavez announced the completion of delivery of two dozen Sukhoi “Flanker” fighter jets Aug. 3. Though not the newest Sukhoi model, the Su-30MK series jets are widely considered to be among the most advanced fighter aircraft currently available on the world market. Part and parcel of the arms deals between Caracas and Moscow since 2003 that now amount to some $4.4 billion, the aircraft could affect the regional military dynamic.

Chavez’s focus on arms purchases stems partly from a desire to play to nationalist fervor and in part from real fear. He has concertedly attempted to paint Washington as an interminable foreign enemy to focus domestic attention abroad and garner support for his rule. And although an actual invasion of Venezuela by the United States is not in the cards, the two states have had a hostile relationship since Chavez came to power in 1999. It is no secret that U.S. funds were used to help finance a 2002 coup attempt — something Chavez in particular has not forgotten. (And it is worth noting that in the wake of this coup, Chavez purged the military of most of its competent officers.)

From a military perspective, the Venezuelan air force has suffered since 2001 when the breach with Washington resulted in an end of the delivery of parts and supplies for the Venezuelan air force’s U.S.-built F-16s — the country’s premier fighter aircraft. Maintenance crews have reportedly been able to keep a few air-worthy (a point of institutional pride), but most remain on the ground. Despite this, Venezuela’s best pilots reportedly get a respectable amount of airtime annually, though the degree of their proficiency remains unclear.

The transition from Venezuela’s long-standing use of Western military equipment to Russian hardware will inherently present difficulties and perhaps entail significant

NERINT 53

delays. U.S. and Russian equipment is built to different standards of quality with largely independent design heritages. Electronic systems especially will take a great deal of effort to learn and integrate. Indeed, even after the transition to the new hardware, the air force will then have to learn how to best exploit the aircraft’s newfound capabilities and integrate that utility into its operational doctrine. And while both Russian pilots and maintenance reportedly are in Venezuela training their counterparts, Moscow’s reputation for after-market service and sustainment is notoriously poor. The ultimate quality and durability of Russian training and support in the Venezuelan case is yet to be seen — but remains in doubt.

But in the mean time, some of the first airframes to arrive (delivery began in December 2006) are already considered in service with the air force, and reportedly even launched ordnance in June. Caracas’ pilots (how many are Russian or former Soviet republic expatriates is unclear at this time) have a good chance of being able to operate at least a few of the new Sukhoi aircraft in basic mission profiles in the near future. If Venezuelan pilots prove capable — and that is no small if — Chavez’s investment in Russian hardware could begin to represent a meaningful military capability.

These planes have a combat radius in excess of 500 nautical miles — more than either the Venezuelan F-16s or their older French-built Mirage III brethren. This is enough to reach the Panama Canal, the U.S. Naval Station at Guantanamo Bay and the U.S. territory of Puerto Rico as well as all of Colombia — Caracas’ main regional rival. Though it is unclear exactly which ordnance was part of the deal, a broad-spectrum kit would include everything from air-to-air missiles to ground attack munitions and potentially even air-launched anti-ship missiles. The Su-30MK series is highly maneuverable and capable of simultaneously engaging two airborne targets.

Competently operated, the Su-30MKV’s — the Venezuelan Su-30MK variant — would be, hands-down, the most capable multirole fighter jets in Latin America and the first

NERINT 54

instance of “Flanker” proliferation in the Western Hemisphere (it has been rampant in East Asia). Though they would not stop a concerted assault by the United States, the jets are something Venezuela’s neighbors — especially Colombia — will have to work to establish a new counter against.

Perú: Otro paso en la militarización – 21/06/2008

Por primera vez, las fuerzas armadas de Perú reconocieron que está prevista la construcción de una base militar en Ayacucho, en el valle del río Apurímac, donde en mayo ingresaron 150 soldados del Comando Sur de Estados Unidos como parte del operativo Nuevos Horizontes 2008. El presidente Alan García venía negando esa posibilidad, pero el jefe del ejército, general Edwin Donayre, afirmó que existen conversaciones con Washington para construir un “aeródromo militar” en la zona.

Desde hace algunos meses se especula acerca del lugar que elegirá el Comando Sur para sustituir el papel que viene jugando la base de Manta (Ecuador), en funcionamiento desde 1999, cuyo contrato vence el año próximo y, según anunció el presidente Rafael Correa, no será renovado. Días atrás Hugo Chávez mencionó la Guajira, frontera entre Colombia y Venezuela, como lugar estratégico para construir la nueva base. Otras fuentes estiman que el lugar elegido podría ser Iquitos, sobre el río Amazonas, donde las fuerzas armadas estadunidenses ya tienen elementos operando. Pero existen indicios firmes de que puede ser Ayacucho.

El analista militar peruano Ricardo Soberón estima que “la selección de Ayacucho tiene que ver con el interés de Estados Unidos de estar en el corazón de la zona más problemática en términos de seguridad que hay en el país y porque está equidistante del conflicto armado en Colombia y de los conflictos políticos en Bolivia” (Página 12, 17/6/08).

En suma, se trataría de una base situada a 600 kilómetros al sur de Lima, capaz de cubrir una amplia franja de la región andina, a la que el Comando Sur concede la máxima importancia. Basta observar el mapa para concluir que la base representa una clara amenza al control que Brasil pretende ejercer sobre la Amazonia, y que con ella se estrecha el anillo de bases que conforma un cerco al único país de la región que puede contrarrestar el dominio estadunidense.

La zona elegida presenta algunas particularidades: fue importante base de operaciones de Sendero Luminoso y aún existen pequeños grupos de esa organización, es una región con cultivos de coca, y es uno de los territorios campesinos más pobres del país. La forma de operar del Comando Sur recuerda lo sucedido en Paraguay en los últimos años. Hace pocos meses el parlamento peruano aprobó el ingreso, de forma rotativa, de un destacamento de militares estadunidenses durante cinco meses al departamento de Ayacucho, para participar en el Ejercicio Combinado Conjunto de Acción Cívica Humanitaria Nuevos Horizontes 2008.

La labor de los uniformados, como confirmó en Paraguay en 2006 una misión de la Cada (Campaña por la Desmilitarización de las Américas), consiste no sólo en ayuda “humanitaria”, sino sobre todo en estudiar el terreno física y socialmente, habituar a la población a la presencia de militares extranjeros y recoger datos para establecer un

NERINT 55

sólido control social de los campesinos. La denominada “acción integral” que aplica el Plan Colombia II, destinado a la “recuperación social del territorio”, se inscribe en la misma estrategia.

En Perú, como quedó demostrado en las pasadas semanas, la acción del Comando Sur choca con la presencia de una sociedad organizada. El Frente de Defensa del Pueblo de Ayacucho convocó una movilización y paro regional para el 8 de julio, para exigir el retiro de las tropas estadunidenses. La congresista departamental Elizabeth León apoyó el paro y señaló que la población es la última en enterarse de estas decisiones. Perú aún está intentando cicatrizar las heridas de la terrible experiencia de la guerra sucia entre el ejército y Sendero, que en la década de 1990 se cobró por lo menos 70 mil víctimas, dos terceras partes campesinos quechuas.

Pero la construcción de una nueva base militar debe situarse en los objetivos de largo plazo del Comando Sur, que se ha convertido en la pieza maestra de la estrategia de Estados Unidos en América del Sur. En efecto, el informe 2007 del Southern Command establece para los próximos 10 años “el plan estratégico más ambicioso que haya concebido en años una agencia oficial estadunidense respecto a la región”, según afirma Juan Gabriel Tokatlian (Le Monde Diplomatique, Edición Cono Sur, junio 2008). Dicha estrategia supone tres cambios de larga duración: de la contención se pasa a la primacía, que no tolera competidores; de la disuasión a la guerra preventiva, y se sustituye la red de alianzas estables por coaliciones puntuales para cumplir objetivos trazados unilateralmente por el Pentágono.

En los primeros seis meses de este año sucedieron varios hechos que permiten confirmar que la región se está convirtiendo en escenario de un conflicto por la hegemonía y el control de los bienes comunes. El ataque al campamento de las FARC en territorio ecuatoriano y la reactivación de la cuarta flota de Estados Unidos, dirigida al Caribe, América Central y del Sur, son los datos más evidentes. El descubrimiento de importantes yacimientos de petróleo en el litoral marítmo de Brasil termina de convertir a este país en una potencia del siglo XXI. Por último, la creación de la Unasur (Unidad de Naciones Sudamericanas) y, sobre todo, la propuesta de Lula de crear un Consejo de Defensa Sudamericano, ponen en negro sobre blanco lo que se está jugando en la región.

Si recordamos que el Plan Colombia consiguió modificar el equilibrio militar de la región, emparejando al ejército de tierra de ese país con el de Brasil, las cosas empiezan a cerrar. En algunos existe clara conciencia de la necesidad de defenderse, de ahí los acuerdos firmados en febrero de 2008, entre Brasil y Argentina, para la cooperación nuclear y de defensa. Pero la embestida imperial es muy fuerte, cuenta con aliados importantes en la región andina, como Perú y Colombia, y, por encima de todo, hay varios gobiernos, como el de Uruguay, que tienen más dudas que opciones por la región.

NERINT 56

3. Leituras Recomendadas • Alves, Vágner Camilo e Heye, Thomas. Tamanho é Documento? O Brasil e o

equilíbrio de poder na América do Sul. Análise de Conjuntura, n.8. Observatório Político Sul-Americano. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: http://observatorio.iuperj.br. Acesso em 06/08/2008

• Buzan, Barry e Waever, Ole. Regions and Powers: the Structure of International Security. Cambridge-UK: Cambridge University Press, 2003. Especialmente Cap. 10 -“South America: an under-conflictual anomaly?” (pp. 303-339).

• Cepik, Marco. A Crise Andina e o Futuro da Unasul. Análise de Conjuntura, n. 4. Observatório Político Sul-Americano. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: http://observatorio.iuperj.br. Acesso em 06/08/2008

• ____________e Ramirez, Socorro (org.) Agenda de seguridad andino-brasileña:primeras aproximaciones. Bogotá, IEPRI/FESCOL/UFRGS, 2004. 517p.

• Dullius, Gustavo. Gastos Militares na América do Sul: Venezuela e Chile (2003-

2008). Monografia apresentada para a obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008. 57p.

• Malamud, Carlos e Encina, Carlota. Rearmament or renovation of military equipment in Latin America. Working paper, 2007. Disponível em: www.realinstitutoelcano.org. Acesso em: 06/08/2009.

• Pagliari, Graciela de Conti. Segurança Regional e Política Externa Brasileira: as relações entre Brasil e América do Sul (1990-2006). Tese de Doutorado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB). IPRI, Brasília, 2009. 284p.

• STRATFOR. The implications of Russia’s presence in South America. STRATFOR Analysis, 17/07/2008. Disponível em www.stratfor.com. Acesso em: 06/08/2009

• ____________ Geography and conflict in South America. STRATFOR Analysis, 06/03/2008. Disponível em www.stratfor.com. Acesso em: 06/08/2009

NERINT 57

4. Anexos:

4.1. Balanço Militar na América do Sul:

Fonte: Dullius, Gustavo. Gastos Militares na América do Sul: Venezuela e Chile (2003-2008). Monografia apresentada para a obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2008. 57p.

.............................................................................................................................................

NERINT 58

.............................................................................................................................................

4.2. Resumo das operações e exercícios do Comando Sul (SOUTHCOM) em 2008: Fonte: www.southcom.mil

a) Security Exercises

Dominican Republic hosted TRADEWINDS 2008 in which 16 countries enhanced their forces’ ability to prepare for and respond to disaster relief/ humanitarian operations and security threats. (See more on Tradewinds 2008)

NERINT 59

UNITAS Atlantic (April 25 – May 1). Naval forces from Argentina, Brazil, and the United States took part in the maritime exercise that included scenarios addressing electronic warfare, anti-air warfare and air defense, anti-submarine warfare, anti-surface warfare, and maritime interdiction operations. (See more on UNITAS Atlantic 2008) UNITAS Pacific (June 18-26). Naval forces from Argentina, Chile, Colombia, Ecuador, and the United States took part in the maritime exercise that included scenarios addressing electronic warfare, anti-air warfare and air defense, anti-submarine warfare, anti-surface warfare, and maritime interdiction operations. (See more on UNITAS Pacific 2007) Fuerzas Aliadas PANAMAX (Aug. 11 - 22). Included 30 ships, a dozen aircraft and 7,000 personnel from 29 nations. The exercise included sea and land-based training focused on defense of the Panama Canal. (See more on FA PANAMAX 2008)

b) Peacekeeping Exercises Peacekeeping Operation (PKO) North (June 9 – 20). Hosted by Nicaragua and included participation of 23 nations. The command post exercise, which was conducted in a classroom setting, enhanced readiness of participating units in joint multinational and UN-sponsored peacekeeping operations. (See more on PKO North)

c) Counterterrorism Exercises Fuerzas Comando (June 19 - 26) was held in Texas with 17 nations involved. More than 300 military, law enforcement and civilian personnel took part in the military skills competition, which promoted military-to-military relationships, increased interoperability and improved regional security. (See more on Fuerzas Commando 2008)

d) Disaster Relief Exercises Fuerzas Aliadas Humanitarias 2008 (May 5- 15). The SOUTHCOM and El Salvador-sponsored exercise runs brought together experts in all aspects of disaster planning and operations. (See more on FAHUM 2008)

e) Humanitarian Exercises Beyond the Horizon (March through September). U.S. military personnel deployed to Honduras, Trinidad & Tobago and Suriname to conduct comprehensive humanitarian assistance exercises. As part of the Beyond the Horizon program, troops specializing in engineering, construction and health care provided services to communities in need while receiving valuable training and building important relationships with partner nations. (See more on Beyond the Horizon 2008 exercises) New Horizons Peru was held from February – May. Nearly 600 U.S. troops provided medical care, built a two-room school and constructed a five-room clinic. (See more on New Horizons-Peru) Medical Readiness Training Exercises (MEDRETEs) were held in 17 nations, with 65 U.S. military medical teams providing care to more than 200,000 patients (some were embedded in New Horizons exercises).

NERINT 60

4.3. Gastos Militares na América do Sul (1990-2006):

Fonte: Alves, Vágner Camilo e Heye, Thomas. Tamanho é Documento? O Brasil e o equilíbrio de poder na América do Sul. Análise de Conjuntura, n.8. Observatório Político Sul-Americano. Rio de Janeiro, 2008.

4.4. Gastos em defesa no subcomplexo de segurança andino-brasileiro

Fonte: Cepik, Marco e Bonilla, Adrian. “Seguridad Andino-Brasileña: conceptos, actores y debates” (pp. 37-94) em CEPIK, Marco e RAMIREZ, Socorro (org.) Agenda de seguridad andino-brasileña:primeras aproximaciones. Bogotá, IEPRI/FESCOL/UFRGS, 2004.

País Gasto em Defesa (US$)

% PIB Gasto per capita (US$/hab)

Gasto por membro das FFAA (US$/membro)

Estados Unidos 375 bi 3,6 1.364 665.555

Brasil 9,7 bi 2,4 63 35.000

Venezuela 1,2 bi 1,8 50 15,227

Colômbia 3,0 bi 3,9 67,7 9.683

Equador 450 mi 3,2 35 7.826

Peru 913 mi 1,6 33,2 8.300

Bolívia 125 mi 1,6 15 3.700

NERINT 61

4.5. Eixos de Integração IIRSA:

Fonte: www.iirsa.org

NERINT 62

4.6. Focos Guerrilheiros na América do Sul e Central: Fonte: www.monde-diplomatique.fr/cartes

NERINT 63

4.7. Guerras e Litígios na América do Sul

Fonte: Buzan, Barry e Waever, Ole. Regions and Powers: the Structure of International Security. Cambridge-UK: Cambridge University Press, 2003, p.306.

NERINT 64

4.8. Estudo Cartográfico de Ayacucho (Peru): Autor: Ávila, Fabrício Schiavo (NERINT/UFRGS)

4.9. Referências de Dullius (2008):

ALSINA, João Paulo Soares. Corrida armamentista na América do Sul: falácia conceitual e irritante político. Meridiano 47, n. 73, 2006. BARLETTA, Michael & TRINKUNAS, Harold. Regime Type and Regional Security in Latin America: Toward a “Balance of identity” Theory. In.: PAUL, T.V.; WIRTZ, James & FORTMANN, Michel. (Orgs.) Balance of Power: Theory and Practice in the 21st Century. Stanford: Stanford University Press, 2004. BUZAN, Barry & HERRING, Eric. The Arms Dynamic in World Politics. Londres: Lynne Riener Publishers, 1998. BERTONHA, João Fábio. Uma Corrida Armamentista na América Do Sul? Meridiano 47, n. 73, 2006. BUZAN, Barry & WÆVER, Ole. Regions and Powers: the Structure of International Security. Cambridge-UK: Cambridge University Press, 2003. CALLE, Fabián. El caso de Perú y del fondo del gas para la Defensa. Disponível em: www.nuevamayoria.com. Acesso em: 22/06/2008. CENTRO DE ESTUDIOS NUEVA MAYORIA. Antecipos del balance militar, 2008. Disponível em: www.nuevamayoria.org. Acesso em: 15/09/2008. CENTRO DE ESTUDIOS NUEVA MAYORIA. Balance militar, 2004. Disponível em: www.nuevamayoria.org. Acesso em: 15/09/2008. CEPAL. Disponível em: http://www.eclac.org/prensa/noticias/comunicados/3/33883/tablaPIB_EE2007-2008.p df Acesso em: 27/08/2008. CEPIK, Marco (Org.) & RAMIREZ, Socorro (Org.) . Agenda de Seguridad Andino- Brasilena: primeras aproximaciones. 1. ed. Bogota: IEPRI-FESCOL, 2005. CEPIK, Marco. A Crise Andina e o Futuro da Unasul. Análise de Conjuntura, n. 4. Observatório Político Sul-Americano. Disponível em:

NERINT 65

http://observatorio.iuperj.br/pdfs/45_analises_AC_n_4_abr_2008.pdf Acesso em: 03/09/2008. CLAUSEWITZ, Carl von. Da guerra. São Paulo, Martins Fontes, 2003. CHILE. Libro Blanco de la Defensa. Santiago del Chile, 2002. DAY, Michael. Loaded guns: The build up of armaments in Latin America. Jane’s Intelligence Review. JANE’s Information Group. 2008. Disponível em: www.janes.com. Acesso em: 23/10/2008. DEFESANET. Projeto F-X2: Em vez de comprar, FAB vai construir caça. Edição de 18/05. 2008a. Disponível em: http://www.defesanet.com.br/fx2/oesp_18mai08.htm Acesso em: 13/10/2008. DEFESANET. Chile pretende destinar 3 mmd (U$ 3 Bi) a la compra de armas. 2008b. Disponível em: http://www.defesanet.com.br/zz/al_ch_arms.htm. Acesso em: 14/08/2008. DUNNIGAN, James F. How to make war: a comprehensive guide to modern warfare in the twenty-first century. Nova York: HarperCollins Publishers, 2003. DUNNIGAN, James F. Russia Cuts Back on Fifth Generation. Disponível em: http://www.strategypage.com/htmw/htairfo/articles/20060929.aspx Acesso em 30/09/2006 ECONOMIST, The. Speak fraternally but carry a stick. Edição de 29/05. Disponível em: www.economist.com. Acesso em: 30/05/2008. EL MERCURIO. La alianza military Chávez-Evo que complica a Chile. Edição de 08/10. Santiago, 2008a. EL MERCURIO. Especiales. 2008b. Disponível em: http://www.emol.com/especiales/infografias/unidadesdecombate/index.htm Acesso em: 23/08/2008. Federation of American Scientists (FAS). BMP-3 Fighting Vehicle. Military Analysis Work. 2008a. Disponível em: http://www.fas.org/man/dod-101/sys/land/row/bmp-3.htm Acesso em: 14/10/2008. Federation of American Scientists (FAS). Mi-24 HIND, Mi-25 HIND D, Mi-35 HIND E. Military Analysis Work. 2008b. Disponível em: http://www.fas.org/man/dod-101/sys/ac/row/mi-24.htm Acesso em: 12/10/2008. Federation of American Scientists (FAS). Mi-28 HAVOC. Military Analysis Work. Disponível em: http://www.fas.org/man/dod-101/sys/ac/row/mi-28.htm. Acesso em: 10/10/2008. GLOBAL DEFENCE. Disponível em: www.globaldefence.org. Acesso em: 22/08/2008. GLOBAL SECURITY. Military: Su-30 (Su-27P). Disponível em: http://www.globalsecurity.org/military/world/Rússia/su-30.htm Acesso em: 23/08/2008. GLOBAL SECURITY. Military: Battle Tank Leopard 2. Disponível em: http://www.globalsecurity.org/military/world/europe/leopard2.htm Acesso em: 20/09/2008. GRIMMET, Richard F. Conventional Arms Transfers to Developing Nations: 1999-2006. Congressional Research Service Report for Congress. Disponível em: http://assets.opencrs.com/rpts/RL34187_20070926.pdf Acesso em: 03/11/2008. HIGUERA, Jose. Financing delays: Venezuelan modernisation plans. Defence Weekly. JANE’s Information Group: 2008a. Disponível em : www.janes.com. Acesso em: 12/08/2008.

NERINT 66

HIGUERA, Jose. Turning up the heat: Chile Country Briefing. Country Briefing. JANE’s Information Group: 2008b. Disponível em: www.janes.com. Acesso em: 15/09/2008. HURREL, Andrew. An emerging security community in South America? In.: ADLER, Emmanuel & BARNETT, Michael. Security Communities. Cambridge: Cambridge University Press, 1998. INTERNATIONAL INSTITUTE FOR STRATEGIC STUDIES (IISS). The Military Balance. Londres: Routledge, 2003. INTERNATIONAL INSTITUTE FOR STRATEGIC STUDIES (IISS). The Military Balance. Londres: Routledge, 2004. INTERNATIONAL INSTITUTE FOR STRATEGIC STUDIES (IISS). The Military Balance. Londres: Routledge, 2005. INTERNATIONAL INSTITUTE FOR STRATEGIC STUDIES (IISS). The Military Balance. Londres: Routledge, 2006. INTERNATIONAL INSTITUTE FOR STRATEGIC STUDIES (IISS). The Military Balance. Londres: Routledge, 2007. INTERNATIONAL INSTITUTE FOR STRATEGIC STUDIES (IISS). The Military Balance. Londres: Routledge, 2008. JOBIM, Nélson. A Defesa na Agenda Nacional: O Plano Estratégico de Defesa. Disponível em: https://www.defesa.gov.br/mostra_materia.php?ID_MATERIA=32371 Acesso em: 01/10/2008. KRAUSE, Keith. Arms and the State: Patterns of military Production and Trade. Cambridge-UK: Cambridge University Press, 1995. JANE’s. Country profile: Chile. Londres: Jane’s Information Group, 2008a. JANE’s. Country profile: Paraguay. Londres: Jane’s Information Group, 2008b. JANE’s. Country profile: Venezuela. Londres: Jane’s Information Group, 2008c. LITTLE, Richard. The Balance of Power in International Relations: Metaphors, Myths and Models. Cambridge-UK: Cambridge University Press, 2007. MALAMUD, Carlos & ENCINA, Carlota. Rearmament or renovation of military equipment in Latin America. Working paper, 2007. Disponível em: www.realinstitutoelcano.org. Acesso em: 14/10/2008. MARES, David. & ARAVENA, Francisco Rojas. The United States and Chile: coming in from the cold. Nova York: Routledge, 2001. MARES, David. Violent Peace: militarized interstate bargaining in Latin America. Nova York: Columbia University Press, 2001. PAUL, T. V. The Enduring Axioms of Balance of Power Theory and Their Contemporary Relevance. In.: PAUL, T.V.; WIRTZ, James & FORTMANN, Michel. (Orgs.) Balance of Power: Theory and Practice in the 21st Century. Stanford: Stanford University Press, 2004. PAUL, T.V.; WIRTZ, James & FORTMANN, Michel. (Orgs.) Balance of Power: Theory and Practice in the 21st Century. Stanford: Stanford University Press, 2004. PROENÇA JUNIOR, D. Prioridades para as Forças Armadas: uma visão do “deverser” acadêmico. In: Domício Proença Júnior. (Org.). Indústria Bélica Brasileira: Ensaios. Rio de Janeiro: Grupo de Estudos Estratégicos / Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, 1994. RIA NOVOSTI. Rusia montará em Venezuela dos plantas de fusiles Kaláshnikov. Edição de 06/08/2007. 2007. Disponível em: http://sp.rian.ru/. Acesso em: 06/08/2008. RIA NOVOSTI. Venezuela planea adquirir armamento ruso por US$2.000 millones. 2008a. Disponível em: http://sp.rian.ru/ Acesso em: 12/05/08.