de carro pela américa do sul

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De carro pela América do Sul: Etapa 1 De carro por toda América do Sul (Etapa 1) Expedição Cone Sul Etapa 1 - Sul da América do Sul (Expedição Cone Sul) Viagem de carro feita pela família Bonagamba em 2001, atravessando por 5 países da América do Sul Participantes: Sergio, Inês e Erik (Filho do Casal com 11 anos em 2001) Dia 1 São Bernardo Araranguá 967 Km Saímos de São Bernardo às 5:30. Estrada ruim em São Paulo e melhor no Paraná e Santa Catarina. Fomos ao teleférico de Camboriú, muito moderno, provavelmente inspirado no Sky Rail, de Cairns, Austrália. O Teleférico sai da estação Barrasul, para no alto do morro, com trilhas e mirantes na mata Atlântica. Segue adiante descendo até a praia de Laranjeiras, bonita, mas movimentada. Dormimos em um hotel simples em Araranguá. Trecho ruim entre Floripa e Araranguá, não duplicado. Dia 2 Araranguá Chuí 779 Km Visitamos o Morro do Convento, no litoral, vendo dunas e a foz do Rio Araranguá e um bonito morro com mirante. Estrada ruim até Osório e auto- pista até Porto Alegre, com mais de 100 km de pedágios. Pista simples e pouco movimentada até Chuí, passando pelo Banhado do Taim, uma reserva ecológica com muitos animais silvestres, como ratão do Banhado, aves, lontras e capivaras. Dormimos no lado brasileiro do Chuí, após visitar as lojas Free- shops do lado Uruguaio (bons preços). Dia 3 Chuí Montevideo 422 Km Estrada para Punta del Este em bom estado. Paramos em Punta del Este para um café da manhã. A cidade é realmente bonita, com bairros de alto nível e as mansões tem grandes áreas gramadas, sem cercas ou muros. O centro também é organizado e bonito. Uma ponte em formato ondulado é uma atração turística muito fotografada, que fica do lado Norte da cidade. Passamos por Piriápolis, cidade também turística e chegamos a Montevideo na hora do almoço. Passeamos pela cidade estádio centenário (palco da primeira copa), sede do mercosul, Avenida 18 de Julho e Torre das Telecomunicações. É uma metrópole bem agradável, com suas ruas cobertas por árvores centenárias. Pernoitamos no Hotel Íbis, sempre uma opção boa por preço razoável. Dia 4 Montevideo Buenos Aires 708 Km Passeamos um pouco pela cidade às 8:00hs é uma cidade extremamente sossegada e fomos à Colônia para pegar o ferry para Buenos Aires, em

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De carro pela América do Sul:

Etapa 1

De carro por toda América do Sul (Etapa 1) Expedição Cone Sul

Etapa 1 - Sul da América do Sul (Expedição Cone Sul) Viagem de carro feita pela família Bonagamba em 2001, atravessando por 5 países da América do Sul Participantes: Sergio, Inês e Erik (Filho do Casal com 11 anos em 2001) Dia 1 – São Bernardo – Araranguá – 967 Km Saímos de São Bernardo às 5:30. Estrada ruim em São Paulo e melhor no Paraná e Santa Catarina. Fomos ao teleférico de Camboriú, muito moderno, provavelmente inspirado no Sky Rail, de Cairns, Austrália. O Teleférico sai da estação Barrasul, para no alto do morro, com trilhas e mirantes na mata Atlântica. Segue adiante descendo até a praia de Laranjeiras, bonita, mas movimentada. Dormimos em um hotel simples em Araranguá. Trecho ruim entre Floripa e Araranguá, não duplicado. Dia 2 – Araranguá – Chuí – 779 Km Visitamos o Morro do Convento, no litoral, vendo dunas e a foz do Rio Araranguá e um bonito morro com mirante. Estrada ruim até Osório e auto-pista até Porto Alegre, com mais de 100 km de pedágios. Pista simples e pouco movimentada até Chuí, passando pelo Banhado do Taim, uma reserva ecológica com muitos animais silvestres, como ratão do Banhado, aves, lontras e capivaras. Dormimos no lado brasileiro do Chuí, após visitar as lojas Free-shops do lado Uruguaio (bons preços). Dia 3 – Chuí – Montevideo – 422 Km Estrada para Punta del Este em bom estado. Paramos em Punta del Este para um café da manhã. A cidade é realmente bonita, com bairros de alto nível e as mansões tem grandes áreas gramadas, sem cercas ou muros. O centro também é organizado e bonito. Uma ponte em formato ondulado é uma atração turística muito fotografada, que fica do lado Norte da cidade. Passamos por Piriápolis, cidade também turística e chegamos a Montevideo na hora do almoço. Passeamos pela cidade – estádio centenário (palco da primeira copa), sede do mercosul, Avenida 18 de Julho e Torre das Telecomunicações. É uma metrópole bem agradável, com suas ruas cobertas por árvores centenárias. Pernoitamos no Hotel Íbis, sempre uma opção boa por preço razoável. Dia 4 – Montevideo – Buenos Aires – 708 Km Passeamos um pouco pela cidade – às 8:00hs é uma cidade extremamente sossegada – e fomos à Colônia para pegar o ferry para Buenos Aires, em

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estrada duplicada até metade do caminho. Chegamos 40 m. após a partida (saí às 10:00 hs). O próximo somente as 18:45hs e custaria 130 dólares. Decidimos atravessar a ponte internacional entre Fray Bentos e Galeguaychu, o que aumentou em 500 Km a rota. Para atravessar a ponte, necessitávamos de cerca de 4 Pesos argentinos (em moeda argentina ou uruguaia), e, como só tinhamos o equivalente a 2 Pesos, fomos obrigados a ir a Fray Bentos sacar. Os caixas ATM não funcionaram. Somente no quarto banco foi possível trocar travellers e de forma bastante demorada. No total foram 2 horas. Mesmo assim chegamos em Buenos Aires 3 horas antes do previsto para chegada do Ferry. Rush. Trânsito pesado. Após encontrar um Hotel razoável, fomos visitar a região de Puerto Madero e comer um lanche. Sobre Buenos Aires: O sistema viário fora do centro é muito bom, com várias autopistas. A autopista para Ezeiza é muito eficiente, veja adiante. Tudo muito moderno. De Zarate a Buenos Aires, a autopista passa por diversos shoppings e centros de entretenimento. Puerto Madero é um local bonito, mas há praticamente só restaurantes, todos bem fora do orçamento. As rodovias são novas e bem sinalizadas, em um padrão mais para americano ou francês do que sul americano. Quanto aos motoristas no centro de B.A., parecíamos estar no Rio de Janeiro. Dicas: Em Buenos Aires e outras cidades há pizzarias para viagem com boas pizzas a partir de $2,5 (em Buenos Aires) ou $5 (outras cidades). Os postos de combustível mais novos (e há vários eg3, Shell, Esso, YPF e alguns BR) possuem bons lanches a preços razoáveis em suas lojas de conveniência. Algumas promoções na Argentina e Chile são interessantes – abastecemos em um posto YPF e ganhamos 2 cocas, 2 cafés e 50% em 2 cheeseburgers. Dia 5 – Buenos Aires – Baia Blanca – 734 Km Fomos vítimas do atendimento porteño, ao sentar à mesa, esperar 15 min. e não sermos atendidos, porque “não pedimos o café”. Visitamos o centro ($ 2 por hora de estacionamento) e andamos até a Casa Rosada, através das calles Lavalle e Florida, região bonita e cara. Voltamos de metrô. De carro, fomos até o bairro Boca, ainda bem colorido, mas um pouco perigoso devido ao fluxo de turistas. Pegamos o elevado em direção à Ruta 3, pedagiada, mas muito boa até Baia Blanca. Dormimos em um bom hotel por $50. Dia 6 – Baia Blanca – Puerto Pirâmides – 1005 Km Entramos na Patagônia pela manhã, cruzando o Rio Colorado. A aridez é perceptível. Agora a boa surpresa – gasolina e diesel subsidiado (metade do preço) em toda a Patagônia e Terra do Fogo. Chegamos à Península Valdez, visitando o museu, no centro de visitantes. O único hotel em Puerto Pyramide custava $80. Ficamos em um camping, onde não havia ninguém na Administração. Às 17:00 hs resolvemos dar uma volta. Fomos à Punta Norte, 100 km distante, por estradas de rípio , onde há grandes riscos de quebra de pára-brisas ao cruzar ou ser ultrapassado por outros veículos. Vimos leões e

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elefantes marinhos e focas, além de animais terrestres como guanacos, ovelhas e lebres.

Dia 7 – Puerto Piramides – Comodoro Rivadavia – 762 Km Acordamos com chuva, que nos acompanhou nas primeiras horas. Um pouco frio. A chuva e o mar revolto não permitiu saídas de barcos para ver as baleias. Entramos na estrava para Salina Mayor (35 m abaixo do nível do mar), mas vimos à distância, pois a estrada passava por uma propriedade privada. Passamos também por Puerto Delgado e chegamos à Caleta Valdez. Dormimos no carro por cerca de 1 hora, esperando a chuva passar. Foi ótimo. O tempo melhorou e a Caleta é o melhor lugar da península para observar animais. A entrada na praia é proibida, mas pudemos ver de perto leões marinhos. 2 km ao norte paramos onde havia um micro-ônibus. Surpresa, pingüins a menos de 50 cm. Só não pode tocá-los. Voltamos ao camping, retiramos a barraca e deixamos $12 por debaixo da porta da Administração, já que não havia ninguém. Passamos por Puerto Madryn, Trelew e finalmente Comodoro Rivadavia, em meio a paisagens cada vez mais desérticas. Comodoro Rivadavia, mesmo no litoral, possui uma atmosfera muito seca. Mesmo entre falésias sem qualquer vegetação, é uma cidade bem imponente, com belas lojas, talvez em função de seu passado de riqueza gerada pelo petróleo. Hotéis caros. Achamos um por $60 sem estacionamento e sem café da manhã. O chuveiro não funcionava muito bem, mas havia canequinha...

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Dia 8 – Comodoro Rivadavia – Rio Gallegos – 796 Km Em Comodoro fomos ao museu do petróleo (somente a parte externa, pois estava fechado). Fomos também ao Mirante onde há uma bela vista da cidade e do mar. Na estrada para o sul, avistamos orcas no mar. Filmamos e tiramos algumas fotos. Sem muita diversidade de paisagens, ou seja, deserto e mais deserto, seguimos adiante, tendo a Inês como piloto e o Erik como cô-piloto por um trecho de mais de 300Km. Ainda na estrada, cerca de 15Km antes de Rio Gallegos, achamos um hotel bem simples em reforma ($30). O Hotel tem cerca de 100 anos de funcionamento e o casal que cuida é bastante simpático. A cidade não possui grandes atrativos. O banho numa banheira modelo de 1900 apoiada em dois caibros foi a aventura do dia.

Dia 9 – Rio Gallegos – Tolhuim – 575 Km Muita conversa com os proprietários do Hotel. Após um trecho de cerca de 60 a 70 Km de rípio ao sair Rio Gallegos, chegamos à fronteira com o Chile, a primeira de uma série. Os trâmites foram razoavelmente demorados em ambos os lados. Uma estrada de concreto nos levou até o ferry para travessia do Estreito de Magalhães, em Baia Azul. O custo foi de US$ 15. Já na Terra do Fogo, do lado chileno, rodamos 15 Km em asfalto e cerca de 150 Km de rípio até chegar em San Sebastian, na fronteira com Argentina. Trâmites e mais 70 Km de rípio até Rio Grande, cidade grande e industrial, capital da Terra do Fogo argentina. Chega a ser uma cidade agradável, muito colorida, mas com um contratempo, os fortes ventos. Hotel caro na faixa de $70, nos incentivou a continuar. Paramos em Tolhuim à procura de cabañas. Achamos uma por $50, à beira do lago com lareira, fogão a gás e um belo pôr do sol com os picos nevados da cordilheira ao fundo do lago. A cabaña era muito interessante, com detalhes artesanais, realizados pelo proprietário, que em 5 minutos esculpiu o nome do Erik em madeira. Dia 10 – Tolhuim – Ushuaia – 240 Km 68 Km de rípio até o término do paso Garibaldi. Asfalto no trecho restante (+/- 70 Km). Passamos pelo meio do início da cordilheira dos Andes, um local muito bonito, com picos muito acentuados. Chegamos em Ushuaia por volta das

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11:30 hs, já reservando um passeio de barco para tarde. São 6 tendas que vendem os mesmos passeios mas cada uma tentar empurrar seu próprio, onde a margem de lucro é maior. Escolhemos o mais longo, que faria o passeio pelo Canal de Beagle por 5:30 até a pinguineira ($105 para os 3). Fomos ao “trem do fim do mundo” para ver horários e preços. Voltamos ao passeio de barco às 14:30 hs para saírmos às 15:00 hs. O Barco, um grande catamarã, era realmente muito bom com 2 andares e cerca de 150 assentos, todos em volta de mesas. Banheiros, loja de souvenirs e lanchonete completavam as facilidades. Passamos por ilhas avistando cormoranes (aves) e leões-marinhos e vimos um avião decolando de forma emocionante em meio aos picos das cordilheiras. No meio do caminho avistamos Puerto Willians, base militar que os chilenos alegam ser a cidade mais austral do planeta. Depois de 2:30 hs estávamos de frente com os pingüins. A colônia é extensa e os pingüins são muito divertidos. Começamos então nosso difícil retorno. A ondas começaram a aumentar muito. O barco subia e descia. Os passageiros começaram a passar mal. O Erik ainda brincava. Pulava aproveitando o embalo das ondas, até que uma onda fez com que a proa subisse e descesse muito rapidamente, deixando o Erik no alto por um longo tempo. Caiu, ficou assustado e não saiu mais do banco. A proa chegava a entrar por baixo das ondas. Barulhos de louça quebrando se tornaram constantes. Até a tripulação já estava bastante assustada, então o capitão resolveu voltar e chamar um ônibus para Estância Harberton, local histórico da Terra do Fogo. Passamos novamente pela Pinguineira, pois o ônibus demoraria a chegar na Estância. Esperamos cerca de 20 a 30 minutos até sua chegada. O trajeto de volta foi de cerca de 150 Km, sendo a metade inicial de rípio. Dormimos mesmo com muito pó entrando no ônibus. Chegamos em Ushuaia às 22:30 sem a mínima disposição para irmos ao alojamento coletivo. Fomos procurar um residêncial (obtivemos previamente uma lista das acomodações com preços no escritório de informações turísticas) por $55. Quarto grande. Bom banho e café da manhã. Dia 11 – Ushuaia – Rio Grande – 223 Km Acordamos tarde para refazer do cansaço do dia anterior. Passeamos pelo centro onde tudo é caro. Fomos ao passeio do “trem do fim do mundo”. A estação e o trenzinho (é uma maria-fumaça de verdade, mas com bitola de 60cm) parecem de brinquedo, tamanho é o cuidado com cada detalhe. Um dos trens estava sendo pintado. A ferrovia é na realidade um marco histórico, pois começou a ser construída na época que Ushuaia nasceu, como colônia penal. A ferrovia servia para trazer madeira e lenha dos bosques da região. Hoje é uma atração turística e um modo de entrar no Parque Nacional da Terra do Fogo. O percurso é de cerca de 6 Km, e há som ambiente com músicas típicas e uma locução sobre a história de Ushuaia e do Parque. Paramos em uma estação intermediária para fotos da cachoeira Madalena e de um acampamento indígena (réplica). Seguimos até a estação dentro do parque, de onde retornamos. Aproveitamos o ingresso para o Parque, válido apenas por um dia e fomos conhecer principalmente a Baia Lapataia, onde termina a Ruta 3, extremo sul habitável. A região do parque é de beleza ímpar, com diversos lagos, montanhas e baias. Voltamos à cidade, tiramos mais algumas fotos e mandamos postais. Saímos às 19:00 hs para Rio Grande, onde chegamos às 22:00, mas o sol ainda não havia se posto. Hospedagem muito simples a $40.

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Dia 12 – Rio Grande – Punta Arenas – 416 Km Saímos às 8:00 hs. Trâmites na fronteira e 150 Km de rípio, hoje dando carona para o Sr. José Luis, um tosquiador de ovelhas que estava a espera de um ônibus na estrada. Atravessamos o estreito de Magalhães e vimos golfinhos, acompanhando o Ferry, embora muito rapidamente. Chegamos em Punta Arenas às 14:40, onde deixamos o Sr. José Luis, após boas aulas sobre ovelhas. Tiramos fotos do alto da cidade, trocamos dinheiro e fomos à Zona Franca local, com diversas lojas e um shopping. Artigos dos mais diversos, no estilo Ciudad del Este. Saímos às 17:30 com destino à Puerto Natales, mas com o objetivo de passar antes pela pinguineira. É longe, cerca de 35 de asfalto + 35 de rípio, mas vale a pena, considerando que se chega bem próximo aos pingüins. O guia local nos disse que foi o melhor dia do ano, o único em que não ventou, e nos deu uma aula sobre pingüins. Conhecemos também 2 irmãos, que vendem comida e bebida em um trailer, que nos explicaram sobre as rodovias do sul do Chile e desaconselharam pegar a Carretera Austral, pois as pedras são de origem vulcânica e acabam com os pneus rapidamente. Como ficou tarde, voltamos à Punta Arenas. Achamos um albergue (Hostal da International Hostal) excelente por US$30. Na realidade, uma bela residência cuja dona é uma senhora muito simpática. Pequeno, funcional, limpo e com muito bom café da manhã. Dia 13 – Punta Arenas – Puerto Natales – 401 Km Finalmente pegamos a ruta para Puerto Natales, toda asfaltada. Chegamos às 12:30 e almoçamos peixes. Muito bom. Achamos um bom Hostal (Oásis) por US$30. Passeamos pela cidade e fomos conhecer a caverna Milodón (nome herdado de um tipo de urso extinto). É uma caverna em formato de elipse muito mais larga do que alta. Chega a dar medo de desmoronamento, visto que sua formação é de calcário. Os guarda-parques estavam em greve, o que significou entrada grátis. 50 Km de rípio entre ida e volta. Dia 14 – Puerto Natales – El Calafate – 632 Km

Saímos cedo para Torres del Paine, em estrada de rípio. Chegamos às 9:30 e ao entrar no parque, novamente sem pagar (greve), cruzamos muito

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rapidamente com um Bandeirante com placa brasileira que estava saindo. O parque é um grande santuário de animais (guanacos, aves, cavalos e ovelhas). Entramos pelo lago azul, de onde se tem uma bonita vista da parte de trás das torres. Rodamos durante o dia inteiro por todas as estradas (de rípio) do parque. As paisagens mais bonitas são a vista do Lago Azul, o Lago próximo ao hotel Explora e as cachoeiras Salto Grande no lago Nordenskjold. Eu caminhei até a cachoeira sozinho e nós três caminhamos até o lago Grey, local onde há grandes blocos de gelo que se desprenderam do Glaciar Grey.

É uma caminhada média e interessante, logo após uma ponte pênsil sobre o Rio Pingo. Saímos do parque bem tarde e cruzamos a fronteira para o lado argentino em um local totalmente deserto. Foi difícil achar os agentes do lado argentino (Cerro Castillo). 3 horas depois de sairmos do parque ainda era possível avistar as torres (o que é natural, visto que o desnível entre sua base e o pico mais alto é de 2781 metros). Nos últimos 50-70 Km pegamos a famosa Ruta 40 (o equivalente argentino da famosa Route 66), um trecho asfaltado, mas tão mal conservado que seria melhor ser de rípio. Chegamos em El Calafate no início da noite. A cidade é bem cara, mas achamos um Hostal (international Hostal) por $40. Pizza (horrível) de jantar. Foram 475 Km de rípio, com poeira entrando por todo lado e sujando toda bagagem e câmeras.

Dia 15 – El Calafate – El Calafate – 179 Km

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Dia reservado para visitar uma das mais bonitas (se não a mais) paisagens do mundo – o glaciar Perito Moreno. A entrada do parque (Los Glaciares) que é enorme e compreende outros belíssimos locais como El Chaltén, custa apenas $5 por adulto e $2,5 por criança. Passeios a parte. Asfalto até a metade do caminho e rípio no restante (50 Km até a entrada do parque e também na circulação interna). Fizemos o passeio de barco pela margem sul custou $20 por adulto e o Erik não pagou. Pela margem norte o passeio sairia de mais longe e custaria cerca de $100. O outro passeio, o mini-trekking, que levaria quase a tarde inteira, consiste em andar pelo glaciar com equipamentos apropriados. Pegamos o barco e ficamos quase uma hora vendo pedaços do Glaciar se desprendendo e chocando na água.

O Glaciar tem altura variando entre 50 e 70 metros, o que corresponde à edifícios de 16 a 23 andares. Neste passeio conhecemos uma família de São José do Rio Preto, justamente o pessoal do Bandeirante que estava saindo do Torres del Paine no dia anterior. Coincidentemente, haviam saído no mesmo dia, estavam fazendo um itinerário muito parecido e estilo da viagem também se assemelhava muito à nossa. Após o passeio de barco fomos às passarelas. A vista é fabulosa. Aguardamos bastante mas eu filmei e o Erik fotografou uma queda de um pedaço enorme. Voltamos para El Calafate e após pesquisar diversos hoteis e cabañas (todas por $60), voltamos ao nosso Hostal.

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Dia 16 – El Calafate – El Chaltén – 362 Km

Saímos com destino a El Chaltén, para ver o Fitz Roy, outro impressionante pico rochoso, considerado um dos mais difíceis desafios para escalada em todo o mundo. No caminho encontramos nossos amigos de Rio Preto. No escritório de informações turísticas nos informaram que o melhor para boas fotos do Fitz Roy, somente nas grandes caminhadas. Mas um senhor extremamente cordial, proprietário de um restaurante, não só nos informou tudo sobre estradas e serviços até a cidade de Perito Moreno (não confundir com o Glaciar), como também nos deu muitas dicas sobre a região (inclusive locais para fotografar o Fitz Roy). Convenceu-nos a visitar a cachoeira Chorrillo del Salto, o Lago Deserto (ou Laguna, depende do ponto de vista) e o Glaciar Huemul. Resolvemos dormir na cidade e o mesmo senhor nos indicou um albergue (também da Hostal International – com apartamentos e banheiros privativos) que custou $30. Saímos para o Lago, passando por locais com bonitas vistas do Fitz Roy. Passamos pela cachoeira, onde tiramos fotos e seguimos adiante por uma estrada ruim até o lago. Devido a grande quantidade de mutucas, colocamos roupas compridas, mesmo estando quente. Começamos a caminhar por uma trilha de 45 minutos até chegar ao Glaciar. Como a trilha era uma subida, e agravado pelo excesso de roupas (inclusive um casaco), a Inês passou mal. Mas isto não impediu que ela chegasse ao topo, onde há um lago e o Glaciar. A paisagem é de perder o fôlego. Após o

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banho, fomos junto com nossos amigos jantar no restaurante Las Lengas, do senhor que nos indicou o passeio. Comida razoável. As histórias, por ele contadas, foram muito boas. Ele nos explicou que em 1985 um conflito entre os carabineiros Chilenos e a Gendarmeria Argentina, na beira do Lago Deserto provocou a morte de um carabineiro chileno e o quase início de uma guerra. Foi mais grave que o conflito de Beagle. O motivo da confusão foi que um tratado considera que o caminho das águas determina a fronteira entre Argentina e Chile. Águas que caminham para o Pacífico determinam território chileno e para o Atlântico determinam território Argentino. Nas Lagunas, onde não há saída para nenhum lado, a fronteira no meio. Os chilenos consideravam Laguna Deserto e os argentinos, Lago Deserto. Bela aula de história. O Erik pediu ravioli de queijo no mais perfeito espanhol.

Dia 17 – El Chaltén – Caleta Olívia – 844 Km Calibrei os pneus traseiros que estavam muito gastos na lateral. Saímos para estrada cerca de 20 minutos depois do pessoal de Rio Preto e os encontramos novamente na estrada e no posto de 3 Lagos. Neste ponto nos separamos. Deixamos de lado as opções da Carretera Austral (Chile) e da Ruta 40 (Argentina). Preocupados com os pneus e querendo conhecer o Monumento Nacional do Bosque Petrificado, que havíamos passado sem parar, optamos por desviar pelo litoral da Argentina, pela Ruta 3, que nos aumentaria um pouco mais a rota, mas com menos rípio. Pegamos então a Ruta 288 (de rípio – 227 Km) até Comandante Luis Piedra Buena (ruta 3). Rodamos 158 Km sem cruzar nenhum carro. No fim da tarde entramos na estrada para o Monumento Nacional dos Bosques Petrificados, 50 Km de estrada de rípio. Bonito, uma paisagem diferente. Os troncos de madeira se petrificaram milhares de anos após serem subitamente cobertos por cinzas vulcânicas. 700 metros antes de chegar novamente ao asfalto, já escurecendo senti o carro mais pesado. Pneu traseiro estourado. Trocamos. Tanque quase vazio. Na Ruta 3 atingimos a marca de 10.000 Km e paramos em um hotel bem legal em Caleta Olívia ($45 em cash ou $60 no cartão). Durante a noite ventou muito forte, algo que graças a Deus não ocorreu quando estávamos acampados. Dia 18 – Caleta Olivia – Esquel – 689 Km

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Posto Autorizado Pirelli – Não existe nosso tipo de pneu na Argentina. Compramos um de medida “equivalente” por $80. Com pneu novo de um lado e estepe novo do outro, nossa preocupação passou a ser apenas nos pneus dianteiros, menos gastos. Após belas paisagens no litoral, pegamos a Carretera 25 para cruzar novamente a Patagônia com destino à região dos Lagos de Bariloche. Parecia o Texas, com muitas máquinas de extração de petróleo ao longo da rodovia. Entramos no deserto total. Paramos em Sarmiento, denominada capital dos Dinossauros. Fomos visitar seu bem aparelhado museu, com madeira petrificada e ossos de Dinossauros. Mais estrada, gendarmeria checando documentos e Andes à vista. Paramos em Esquel e escolhemos uma Cabaña muito bem equipada, a melhor até então, ao custo de $40. Metade da viagem realizada Dia 19 – Esquel – Bariloche – 348 Km Estrada para El Bolsón. Cidade bonita, colorida que já foi reduto de hippies. Vale a pena visitá-la. Mais estradas, com muitas curvas. Chegamos às 16:00 hs em Bariloche, com intenção de dar uma volta e seguir em frente. Passamos pelo Hotel Lhau-Lhau, a beira do Lago Nahuel Huapi. Pegamos informações no porto sobre o passeio para Ilha Victória, mas não nos interessamos, em parte pelo preço ($22 por pessoa + $5 por adulto e $3,5 por criança para entrada no parque). Fomos ao teleférico do Cerro Campanário. Subimos (2 x $10) em cadeiras abertas para 2 pessoas. A vista do alto é excepcional. O cerro é quase todo cercado por lagos com picos nevados em volta. Decidimos ver o preço das cabañas e surpresa, $40 pela melhor hospedagem de toda viagem. Linda e muito bem equipada, em uma semana aumentaria para $90. Passeamos um pouco pelo Centro.

Dia 20 – Bariloche – Ñilque – 493 Km Saímos para Junin de Los Andes em meio a um pouco de chuva. Após alguns quilômetros de deserto, o tempo melhorou. Estrada asfaltada com paisagem um pouco monótona, mesclada com trechos muito bonitos, como por exemplo, o Dedo de Deus. Junin é uma cidade sem atrativos. Passamos por San Martin de Los Andes, mais bonita, mas como já era 14:00 hs, tudo estava fechado. Fomos ao Cerro Chapelco, uma das melhores estações de esqui da Argentina, para andar no trenó, mas como ainda não era temporada, a estação estava

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fechada até 6/1. Fomos então, através dos 7 Lagos, para Vila Angostura. Bonito trajeto, meio asfalto, meio rípio, mas com o tempo meio nublado. Vila La Angostura é muito bonita, arquitetura suíça, uma espécie de Bariloche antes de crescer tanto. A travessia dos Andes para o lado chileno demorou bastante na fronteira do lado argentino. Fernando De La Rua havia renunciado neste dia. Fomos a Ñilque, no Chile, e com um cupom de desconto de 10% obtido na fronteira, optamos por um departamento de US$41, mal conservado. Ganhamos, no Hotel, um cupom de desconto para as termas de Puyehue (US$30 por US$21), piscinas em local fechado, pertencentes a um Hotel. Outra opção é direto no rio, no Parque Nacional, por US$4 para os três ou em área coberta por US$15 também para os três. Cabañas dentro do parque muito caras, cerca de US$90. Dia 21 – Ñilque – Puerto Varas – 203 Km Fomos às Termas, um local muito lindo. Piscinas fechadas, com temperaturas de 37ºC e 41 a 45ºC. A única suportável é a de 37ºC. A de 41ºC não dá para encarar, queima mesmo. Ficamos cerca de 3hs entrando, saindo, descansando e passando pela água fria, instruções escritas em uma tabuleta. Pegamos a estrada para Puerto Varas, beirando o Lago Llanquihue, passando ao lado do Vulcão Osorno. Almoçamos em um restaurante de Ensenada (um Filet e um Lomo). Fomos aos Saltos de Petrohue, mas uma enorme quantidade de mutucas atacando os turistas não nos deixou chegar perto dos Saltos. Passamos também pelo bonito Lago de Todos Los Santos. Paramos em Puerto Varas para tirar algumas fotos e, por insistência do Erik, fizemos um passeio de barco no lago que custou apenas US$6 para os três, por 40 minutos. A Inês comprou um pouco de artesanato no centro e como estava começando a escurecer, fomos à uma cabaña próxima, que custou US$33. Ampla, mas um pouco mal cuidada. Dia lindo, com muito sol e céu azul.

Dia 22 – Puerto Varas – Collipulli – 581 Km A cidade de Puerto Montt é muito movimentada e não muito agradável. O centro, próximo à praia é razoável. Fomos à Angelmo, local próximo ao porto, com muitas barracas de artesanato. Pegamos a famosa Ruta 5, a Carretera Panamericana. Surpresa, que não constava nos mapas, é duplicada em mais de 95% dos cerca de 1500 Km, de Puerto Montt à La Serena. Paramos em

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Frutillar para comprar um pedaço da famosa torta de framboesa. Boa. Cidade bonita, a beira do lago, de frente para o belo Vulcão Osorno (muito parecido com o Monte Fuji). Paramos em Osorno, cidade um pouco bagunçada, sem atrativos. Paramos em Valdívia para ver seus rios, cidade tranqüila e interessante. Em Villarica, cidade pequena, foi possível ver a parte do Vulcão Villarica que não estava coberta por nuvens. Ruim para fotos. Paramos em um motel de US$19. Alguns motéis do Chile podem ser utilizados também por famílias, havendo mais que uma cama de casal. Fomos à cidade de Collipulli procurar algum restaurante. Cidade pequena, sem infra-estrutura turística. Mais interessante, ao lado da cidade há uma ponte ferroviária sobre o vale do Malleco, com altura incrível, projetada pelos irmãos Eiffel. Dia 23 – Collipulli – Santiago – 698 Km Saímos cedo com destino a Santiago. Parada em Chillán para almoço. Tentamos o Shopping, mas não tinha lugar para estacionar (quase Natal). Paramos em um posto Esso. Chocolates Nestlé, sucos e sorvetes são relativamente baratos no Chile. O pessoal da loja de conveniência (chamada Tiger) não sabia como fazer para nos atender da melhor forma possível. Mais tarde, num Mc Donald´s estava tendo uma festa infantil e só tocava músicas (?) brasileiras, tipo Funk, que eram moda no Chile. Gosto não se discute. Fomos visitar nossos amigos de Santiago, a família Berrios. Papo até altas horas. Acabamos dormindo na casa deles. Todos extremamente amáveis e receptivos. Dia 24 – Santiago – Quillota – 227 Km Após um café da manhã com a família Berrios, saímos. Passamos pelo Shopping Parque Arauco e pelo Cerro San Cristobal, mas o teleférico e o funicular estavam fechados. Subimos de carro e compramos casinhas típicas de artesanato. Passamos por Valparaíso e paramos em Viña del Mar. Muito florido e bonito. Seguimos ao norte até Reñaca, a parte mais bonita da região, com diversos prédios diagonais, acompanhando a inclinação dos morros. Viramos no sentido Leste para Quillota, onde ficamos em um excelente motel por $13000 (US$20). Dia 25 – Quillota – Copiapó – 756 Km Paramos em Coquimbo, 10 Km antes de La Serena. Nesta cidade fotografamos a enorme Cruz do Terceiro Milênio, com elevador e mirante. Não subimos, pois a paisagem em volta não era muito interessante. Compramos artesanato na cidade e vimos pelicanos na praia. De La Serena para o Norte a vegetação já é desértica, com pequenos arbustos e cactos. A cidade de Copiapó é um oásis, cercada de montanhas sem nenhuma vegetação, mas em um vale fértil, possuindo muitos vinhedos. Há várias opções de hospedagem. Ficamos na mais barata (US$37), um ótimo hotel com piscina. Dia 26 – Copiapó – Antofagasta – 572 Km

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50 Km após Copiapó, a Ruta 5 margeia o litoral, com o deserto ao lado. Trecho bonito com lobos marinhos e aves. De Chañaral até Antofagasta há um trecho de 400 Km de deserto total, sem nenhuma vegetação ou animais. Paramos no monumento La Mano Del Deserto (uma grande mão saindo para fora do deserto) para tirar algumas fotos e seguimos para Antofagasta.

Cidade muito grande, mas bem alegre, colorida e bonita, espremida pelo litoral e montanhas. Fotos da cidade e fomos para a Rocha Portada. Vale a pena, é uma imponente pedra furada no meio do mar. Bom hotel de frente para o mar por US$36. Dia 27 – Antofagasta - Aríca – 846 Km Dificuldades para achar a saída norte da cidade nos atrasaram mais de 1:30 hs. Rodamos muito e acabamos saindo pelo sul. Na ruta 5 visitamos os geógrifos de Pintados, desenhos nas encostas dos morros. Acredita-se que tenham sido feitos por civilizações pré-incas, há mais de 2000 anos. Cerca de 3 Km de estrada de rípio e paga-se US$1,5 por pessoa. Há sinais de destruição pelo homem e pela própria natureza. No caminho trocamos o óleo do carro e chegamos em Arica às 22:30 hs.

A ruta 5 para Arica é muito boa mas dá muitas voltas, pois o relevo é de planalto (cerca de 1200m de altitude) com diversos canions provocados pelos rios. É necessário descer e subir serras. Arica é uma cidade portuária bonita. A

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igreja e a estação ferroviária foram projetadas por Gustave Eiffel. Hotel razoável por US$43. Saí à noite para tirar fotos da Igreja, vizinha ao hotel. Dia 28 – Aríca – Aríca – 499 Km Fomos ao alto do morro histórico, onde o Chile fincou sua bandeira após conquistar Arica dos Peruanos. Fomos à Tacna, cidade peruana com lindos jardins. Os trâmites nas fronteiras foram os piores de toda viagem. Muito demorado e, do lado Peruano, extremamente bagunçado, sem informações precisas. Os funcionários mal atendem os turistas, pois ficam lendo jornais e revistas o tempo todo. A volta foi pior. Tiramos toda a bagagem do carro para passar por raio X. De volta a Arica subimos em direção a Bolívia, até a divisa, no Lago Chungará (170 Km de Arica a 4500m de altitude). O local é maravilhoso, com um belo lago, vulcões, alpacas, lhamas e flamingos. A altitude fez mal para todos, provocando dores de cabeça. Um saquinho de Doritos estava bem inflado, quase estourando, devido à falta de pressão atmosférica. Uma garrafa de refrigerante de 2 litros, aberta no alto, ao chegar em Arica (nível do mar) estava totalmente retorcida pela falta de ar. Ficamos no mesmo hotel. Dia 29 – Aríca - Tocopila – 570 Km Saímos pela manhã com destino à Iquique. chegando na hora do almoço. Feijoada no Shopping em um restaurante por quilo de brasileiros. À tarde, fomos à Zona Franca, um tipo de shopping. Passeamos pela cidade e pegamos a estrada litorânea ao sul. Passamos, após um pôr do sol estranho, pela alfândega (Zona 1, franca, para Zona 2). Dormimos em um hotel simples na cidade de Tocopila, pequena e portuária, porto de saída de minérios. Dia 30 – Tocopila – San Pedro de Atacama – 323 Km Saímos para o Deserto de Atacama, subindo a serra, cruzando a Ruta 5, recebendo instruções de um profissionalíssimo policial, subindo ainda mais até a região de Chuquicamata, onde vimos a maior mina de cobre do mundo, apenas por fora pois aos Domingos não há visitas.

Almoçamos em um posto Esso em Calama, onde ganhamos um mapa do Chile, seguindo para San Pedro de Atacama. Os hotéis eram caros ou ruins,

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sem opções intermediárias, além de não haver muitas vagas. Ficamos em um camping, onde conhecemos um casal da Bahia, o Manoel e a Ana, que estavam passeando por todo o lado sul da América do Sul desde o dia 15 de Agosto e pretendiam voltar somente em Agosto (Infelizmente, por motivo de saúde da mãe do Manoel, tiveram que voltar em Fevereiro). Eles têm um projeto focado em preservação ecológica (camping, biblioteca e cursos de educação ambiental) em Camaçari - BA. Estavam fazendo o trajeto com um JPX e um trailler (que estava temporariamente no litoral). Após uma breve visita ao museu arqueológico Padre Le Paige, fomos ver o pôr do sol no Valle de La Luna. Próximo à cidade, o Vale é de extrema beleza. A cidade é toda de ruas de terra com casas de Adobe - tijolo rústico e barro. Patrimônio histórico, é proibido melhoria externa nas casas. De longe é um oásis, diversas árvores em meio ao nada. De perto, um labirinto, difícil de se localizar. Após o passeio, contratamos uma excursão para o El Tatio para o dia seguinte. Dormimos cedo para acordar às 3:20 hs. Dia 31 – San Pedro de Atacama – San Pedro de Atacama – 196 Km Saímos às 4:00 hs para El Tatio. Muito frio. O Erik passou muito mal no percurso, de rípio, com muitas curvas. El Tatio são gêiseres que ficam a 4500 metros de altitude.

Chegamos às 7:00 hs com temperatura abaixo de zero. O local é de rara beleza. Muitos gêiseres e fumarolas. Para os mais corajosos, banhos termais. Após o nascer do sol, a temperatura começa a subir rapidamente. Descemos para San Pedro, passando por um bonito Pueblo atacameño. Em San Pedro, o Erik tomou um banho, e já numa altitude de 2440, graças a Deus melhorou totalmente.

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Fomos ao Salar de Atacama, onde há uma lagoa, quase seca em meio a grande quantidade de sal, com muitos flamingos. Fomos novamente ao Valle de La Luna para tirar mais fotos, agora com o sol iluminando todo o Vale. Não conseguimos ficar acordados para o Reveillon na praça, apesar da insistência do Erik. Os fogos são proibidos, e a festa não foi muito animada. Dormimos em meio a um forte frio. Dia 32 – San Pedro de Atacama – San Salvador de Jujuy – 501 Km

Forte calor pela manhã na barraca. Saímos para Argentina, escolhendo o Paso Jama, com mais estradas asfaltadas. Na alfândega, ainda em San Pedro, vimos o vulcão Lascar em erupção fraca. Subida pesada, mas um asfalto novinho até a divisa.

Chegamos a 4600 m de altitude. Somente a Inês passou mal. Lindíssimas paisagens ao longo da estrada. Na Argentina os oficiais desenharam em nosso mapa as estradas que não constavam.

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Passamos pela Salina Grande, que é um show. Branquinha, com sal totalmente puro, é mais bonita que o Salar de Atacama.

Subida novamente a 4200 m e forte descida em rípio Da divisa até Purmamarca há trechos de asfalto novo ainda não abertos e trechos de rípio ruim, com a parte central muito alta. Em Purmamarca, local de extrema pobreza, fotografamos o Cerro de Las 7 Colores. Pegamos a Ruta 9 até San Salvador de Jujuy, onde jantamos e fomos a um hotel no centro ($48). A estrada entre Purmamarca e Jujuy estava em obras, com lentidão e trânsito pesado. Sobre o Chile: Caixas automáticas nos postos. $100 (US$0,15) para utilizar os banheiros (próximo a Santiago e ao Norte). Boas pizzas nos postos Esso. Bons Hot Dogs e excelentes promoções (refrigerantes, salgados e brindes). O Guia de Turismo Turistel da Telefônica é excelente. Cartões são amplamente aceitos. Visa, Amex e Mastercard utilizam a mesma maquina. Empanadas, comida regional, são muito saborosas. Dia 33 – San Salvador de Jujuy – Corrientes – 927 Km Pegamos a ruta 16, para evitar passar em Salta, onde poderia haver trânsito. Paramos ao avistar um caminhão da Coca para trocar tampinhas por brindes (de Natal). Não havia brindes, mas o motorista nos presenteou com 3 garrafas de Coca. A cortesia do povo argentino é uma característica marcanteem todo o país, exceto Buenos Aires. Estradas muito boas. Na Ruta 16 o asfalto era mais irregular (com buracos e pedras), principalmente na província de Santiago. Achamos um revendedor de Coca e paramos para trocar as tampinhas. Calor muito forte, acima dos 35º. Chegamos a Corrientes à tarde ficando em um hotel/motel por $25. Execelente jantar num supermercado, onde todos os

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vidros laterais estavam protegidos por pallets de madeira e com seguranças fortemente armados na saída. O risco de saques era grande. Dia 34 – Corrientes – Foz do Iguaçu – 664 Km Estrada boa até Posadas, mas com redução para 60 Km/h em diversas cidades ao longo da estrada. Passamos pelas ruínas das Missões de Santo Ignácio Mini, as maiores do lado argentino. Tiramos fotos por fora. A visita iria demorar muito. Tentamos ir ao lado argentino das cataratas em Puerto Iguazu (2 x $9 + $6,5 e $5 do carro), mas o tempo seria muito escasso para fazer a visita, que demanda bem mais de 2 horas. Gastamos os Pesos restantes e entramos no Brasil. As cataratas do lado brasileiro já estavam fechadas. Escolhemos um hotel com piscina interna por R$ 90. Passamos por uma enorme loja de artesanato. Antes de dormir fomos a piscina. Dia 35 – Foz do Iguaçu – Guarapuava – 399 Km As cataratas foram privatizadas e contam agora com uma estrutura excelente. Bom para atrair turistas. Estacionamento por R$6,5 e entrada pro R$ 8 nos levam a embarcar em ônibus de 2 andares cada qual com desenho estilizado de um animal típico do Brasil. Locução em 3 idiomas. Praça de alimentação e lojas de artesanato complementam o complexo. As cataratas são maravilhosas. Ao sair do parque fomos ao imperdível Parque dos Pássaros (R$16). Entramos em viveiros de tucanos, araras e outras aves. Tiramos fotos com arara no braço. Estrada repleta de pedágios até Guarapuava, onde dormimos no Hotel Soledad (simples e bom por R$50). Dia 36 – Guarapuava – São Bernardo – 773 Km Neste último dia paramos, ainda de manhã, em Ponta Grossa, onde visitamos Vila Velha, dando a volta completa pelo parque, Furnas, onde descemos de elevador e Lagoa Dourada. Estas 3 atrações foram posteriormente fechadas para modernização, no mesmo estilo das Cataratas do Iguaçu, obras para previstas para 7 meses. Vila Velha está realmente precisando de cuidados especiais. Os turistas têm entrado em locais não permitidos e sua formação de arenito não resiste ao vandalismo. Furnas são um conjunto de crateras de origem desconhecida, onde é possível descer de elevador no mais regular delas, com 53 metros de altura, mais 54 metros de profundidade de água e com diâmetro de 50 metros. É de dar medo. O Erik perdeu seus óculos de sol em Vila Velha. Chegamos em São Bernardo já à noite.

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TOTAL – 20310 Km

Etapa 2

De carro pela América do Sul (Etapa 2 - Expedição Andina)

PAÍSES ANDINOS - 2003 DEPOIS DE MUITO TEMPO AQUI VAI A ETAPA 2, PUBLICADA DEPOIS DA ETAPA 3.. ACONTECE.... RS 29/11/03 – SÃO BERNARDO – FOZ DO IGUAÇU – 1089 Km Automóvel lotado, saímos às 5:15 hs. Com pouco trânsito em São Paulo, já estávamos na Castelo Branco às 5:50 hs. Paramos para um café da manhã no que consideramos o melhor posto do Brasil, o Rodoserv Star, com lanches,

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salgados e pasteis feitos na hora. A Inês dirigiu durante os próximos 180 Km, até Ourinhos, onde visitamos nossos tios e nossa prima. Próximo a Jacarezinho, decidimos almoçar em um restaurante de posto. Estava realmente bom. Chegamos a Foz por volta das 21:00 hs, parando diretamente na Pizza Hut, onde pegamos uma pizza e fomos ao hotel (por sinal relativamente caro – R$ 90 – e mal cuidado). 30/11/03 – FOZ DO IGUAÇU – CORRIENTES - 662 Km Acordamos às 7:00 e, após o café da manhã, fomos ao Parque Nacional do Iguaçu, desta vez com o intuito de fazer o passeio pelo Macuco Safari. No caminho, chegamos a questionar o preço do passeio de Helicóptero, mas R$ 175 por 10 minutos é realmente abusivo, explicado somente pela forte presença de europeus, principalmente franceses. Mesmo o Macuco Safari é caro, mas como todo ano aumenta, vamos desta vez para não pagar mais caro nos próximos anos. Inicialmente entramos no parque, pagando R$ 11,40 cada. De ônibus (turístico), paramos no ponto do Macuco e compramos os ingressos (R$ 103,50 para mim, R$ 68,50 para o Erik, ambos com desconto de 10% sobre o preço de tabela e R$ 58 para Inês que fez apenas a parte terrestre – jipe e caminhada). O trajeto é muito bonito, sendo 600 metros a pé. Ao final chegamos aos barcos, de estrutura de borracha e dois motores de 150 HP’s. Tiramos os calçados e pegamos sacos plásticos para guardar as câmeras. Manobras rápidas, cavalos de pau e muita velocidade. Passamos praticamente abaixo de algumas cachoeiras. Valeu o preço. Ao sair ainda fomos ver as cataratas pelo passeio convencional, já que estava pago. Ainda não finalizaram as obras no elevador, o que prejudica bastante o passeio. Fora do Parque, parei na maior loja de artesanato da região, deixando a Inês e o Érik. Eu, para adiantar, visto que planejamos rodar muito neste dia, fui comprar lanches. Atravessamos a fronteira para Argentina, parando no Free-Shop para comprar batons, cremes e 2 Whiskies para meu pai. Passamos pela aduana, abastecemos (cerca de 15% mais barato que no Brasil) e fomos ao centro de Puerto Iguazu para retirar Pesos do cartão Visa Plus, pois haveria pedágios na estrada. Já era mais de 15:00 hs (16:00 no Brasil) quando finalmente pegamos a estrada. Questionamos um policial (da Gendarmeria) sobre o limite de velocidade. Ele simplesmente falou que não havia limite. Desta forma seguimos, mas sem abusar da velocidade, pois poderia ser uma “pegadinha”. Chuva e vento muito fortes por cerca de meia hora. Quase tivemos que parar para esperar que melhorasse. Paramos em Posadas para comprar pães de queijo em uma padaria conhecida. Não estava tão bom quanto há dois anos. Anoiteceu e quase atropelamos um jacaré que estava na pista oposta. Abastecemos e, através de uma excelente estrada, chegamos a Corrientes já bem tarde. No centro, fomos a um hotel que estava caro (P$ 110), mas o próprio gerente nos indicou outro hotel, do mesmo nível, mais barato. Ficamos neste (P$ 75). O único problema foi derrubar um dos Whiskies do meu pai, que quebrou na queda. 01/12/03 – CORRIENTES – SALTA - 840 Km

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Media lunas, mate e suco de laranja. O café da manhã na Argentina é servido em doses homeopáticas, mas é muito saboroso. Saímos após as 9:00 hs. Após a cidade de Presidente Saenz Peña, viramos à direita em um entroncamento que constava no mapa como reta. Havia uma pequena placa identificando a conversão para Salta, nosso destino. Cerca de 200m após, avistamos um Toyota Bandeirante parando no acostamento. A Barraca, fixa e dobrável sobre o rack me chamou a atenção. Cheguei a comentar com a Inês que esta era a barraca que gostaria de comprar, não me atentando ao fato de que esta barraca é fabricada somente no Brasil. Ao passar, deram sinal com o farol para pararmos. Um pouco em dúvida, resolvemos parar. O que ocorreu com o Bandeirante? Eles passaram reto pelo cruzamento e, após cerca de 40 Km, resolveram voltar. Entraram então com destino à Salta, mas como não tinham visto a placa, resolveram parar e perguntar ao primeiro que passasse qual o caminho para Salta. A esposa acaba de comentar que seria difícil algum argentino parar para dar informação, quando estávamos nos aproximando. O motorista, de pronto, comenta “acho que são brasileiros!”. Logo em seguida sua filha: “Acho que é o Sergio!”. Foi incrível, era o pessoal de São José do Rio Preto, o Milton, a Maria José e a Clara, que conhecemos na Patagônia. Dois anos depois, nos encontramos novamente em uma estrada desértica no norte da Argentina. Após a emoção inicial descobrimos que faríamos caminho semelhante até San Pedro de Atacama e em seguida seguiríamos ao Norte e eles ao Sul. Combinamos de nos encontrar em Salta ou Atacama. Após as despedidas, seguimos a Salta. Um policial carabinero nos pediu uma propina para pintar o posto policial para o Natal. Não tendo nota menor, demos P$ 10, o mesmo valor que o Milton também contribuiu. Chegamos a Salta às 19:00 hs. Escolhemos um hotel (Petit por P$85) próximo à entrada da cidade. Sem garagem, o carro ficou na rua e foi visto pela Clara. Acabaram ficando num hotel próximo ao nosso, pois ficamos com o último apartamento para 3. Fomos jantar juntos e combinamos de andar de teleférico no dia seguinte.

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02/12/03 – SALTA - CAFAYATE – SALTA - 519 Km Descobrimos que o teleférico só abriria as 10:00 hs, e não as 9:00 hs como previsto. Decidimos ir à pé até a igreja de San Francisco, a mais famosa da cidade, que aparece nas fotos túristicas, com seu forte tom avermelhado. Após tirar algumas fotos, voltamos ao teleférico e finalmente fizemos o passeio. O desnível é de quase 250m e se tem uma bela vista da grande cidade de Salta, que é também bastante tranqüila, sem muito perigo. Pegamos a Ruta 68 com destino a Cafayate por volta do meio-dia. A estrada é toda asfaltada e o caminho, muito bonito. O ponto alto é El Anfiteatro, um desfiladeiro alto e fechado, 50 km antes de Cafayate.

Em Cafayate tomamos a decisão de voltar pela velha Ruta 40 (a versão argentina da Route 66, que segue de norte ao sul acompanhando os Andes, por vezes asfaltada, com pistas duplicadas, por vezes um curvo caminho de terra, como no trecho que entramos). Entramos às 15 hs, sabendo que chegaríamos muito tarde em Salta. São cerca de 20 Km de asfalto e cerca de

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15 de rípio (pedregulhos com areia) para chegar a um vale com rochas em formatos bem pontiagudos. Paisagem diferente, muito bonita. Daí em diante a estrada começa a estreitar e as curvas se tornam bem fechadas. Perigoso e muito lento. Antes da Cachi, havia uma cidade, Seclantás, e um atalho a ser considerado, mas que não constava em nosso mapa. Não seria uma boa opção, pois não veríamos Cachi, que é uma pequena cidade, bem simpática, que possui até museu.

Aí começa o asfalto. Pegamos a ruta para Salta que passa pelo Parque Nacional Los Cordones, acima dos 3000m, cortada pela Reta Tim Tim, rodeada de Cactos. Acaba o asfalto e começa uma descida dos 3200m aos 1200m. Serra do tipo Caracoles, que iniciamos ainda de dia, mas terminamos já no escuro. Chegamos a Salta às 22:00 hs, abastecemos, comemos um lanche e fomos dormir, agora no Hotel Continental (P$ 60, com ar-condicionado), o mesmo que nossos amigos haviam ficado. 03/12/03 – SALTA – SAN PEDRO DE ATACAMA - 547 Km Saímos por volta das 9:00 após o café. Começamos a subida para os Andes serpenteando um belíssimo vale, numa estrada de rípio. Em determinado trecho começou novamente o asfalto. Um policial nos parou para checar os documentos. Enquanto isto, um agricultor local, o Sr. Barbosa nos pediu carona. Achamos que era combinado, pois o policial falou que não éramos obrigados a dar carona, mas que o Sr. Barbosa era conhecido e boa pessoa. Levamos o Sr. Barbosa para sua residência, 40 Km adiante. Deixamos um pouco de bolachas e doces para seus 4 filhos. É uma vida difícil, principalmente porque após um inverno sem neve, não há água, plantações e, por consequência, trabalho para os agricultores. Logo a seguir acaba o asfalto. Gostaríamos de ter desviado para o local onde há a famosa ponte do “trem das nuvens”, mas chegaríamos a San Pedro muito tarde. Fica para a próxima vez. Chegamos a San Antônio de Los Cobres, última cidade Argentina antes do Paso Sico. Abastecemos e compramos artesanatos que as crianças vendem, após cercarem o carro. A cidade é pequena e tem pouca estrutura, chamando a atenção um belo Hostal. Muito tempo acima dos 4000m e muito pó acabaram

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por provocar dor de cabeça em todos, além de enjôos. Após os trâmites na Argentina, chegamos a Aduana chilena. Havia um cão Huskie Siberiano próximo ao carro, por sinal o único carro na aduana. Ao abrir a porta e sair do carro o cão entrou rapidamente e pulou para o banco de trás. A Inês e o Érik gritaram tanto que o cachorro acabou saindo. Perguntei para o fiscal se o cão estava farejando drogas. Mas de acordo com o fiscal, o que ele procurava era comida mesmo. Os trâmites demoraram um pouco mais que o usual. Passamos por belas lagoas e salinas. Passamos pela entrada das lagoas Miñiques e Miscanti, mas não parei pois o Érik e a Inês ainda não haviam melhorado.

Chegamos a San Pedro, onde também houve demora no posto da Aduana (ainda não entendo o porquê de haver duas aduanas). Fomos direto ao Vale da Lua, tentar ver o pôr-do-sol. Chegamos correndo, quase perdendo controle do carro em uma curva. Deixamos o carro e subimos correndo ao local de observação, mas quando estávamos nos aproximando, as pessoas começaram a descer. Por 5 minutos não vimos um belo pôr-do-sol. Voltamos à cidade e, após muita procura, escolhemos o Residêncial Chiloé, sem banheiro privado, mas novo e extremamente limpo. 15.000 Pesos por noite (=R$ 75), com estacionamento e sem café. Fomos ao centro e encontramos nossos amigos de Rio Preto em uma lojinha. Tomamos sorvete e voltamos ao hotel. Resolvemos alterar nosso roteiro original que previa atravessar para a Bolívia no Salar de Uyuni, devido à estrada ser muito difícil para veículos com tração normal, 4x2. Havia uma travessia dos Andes próximo à Iquique, mas teríamos o mesmo problema que a rota de San Pedro para o Salar de Uyuni, ou seja, estradas pouco aconselháveis para 4x2. Optamos então pela aduana no Lago Chungará. 04/12/03 – SAN PEDRO DE ATACAMA – IQUIQUE - 547 Km Acordei às 6:00, após sonhar com o pneu traseiro esquerdo rasgado. Resolvi ir sozinho às lagoas Miñiques e Miscanti. Enquanto eu estava no carro e a Inês no banheiro, tentei sair para ir ao banheiro quando o pastor alemão resolver correr em minha direção. Voando, entrei no banheiro e o fechei.

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Aguardei uns 15 minutos até o cão sumir. Entrei novamente no carro e, surpresa, o pneu que havia sonhado estava realmente furado. Enchi com o compressor e como o borracheiro e o posto estavam fechados, segui até a aduana para perguntar se havia posto em Socaire ou Toconao. A aduana também estava fechada. Voltei à cidade e abasteci após circular muito para achar novamente o posto, que já havia aberto. Como o pneu ainda estava cheio, segui para as lagunas. Foram 240 Km ida e volta. Embora não estivesse azul como nas fotos, o local é muito bonito, valendo uma passagem.

Elas se localizam a mais de 4300m de altitude. Havia muitas aves, entre as quais são os flamingos que chamam mais a atenção. Na volta encontrei nossos amigos Milton, Maria José e Clara, que estavam indo às lagoas. Cheguei em São Pedro às 11:30hs e esperei a Inês e o Érik que haviam ido passear pela cidade. Estávamos indo embora quando lembrei que não havia fotografado e filmado o centro de San Pedro. Voltamos para realizar a tarefa. Fomos então ao Vale da Morte e novamente ao Vale da Lua. Seguimos para Calama onde comemos lanches no posto Esso e chegamos a Iquique ao anoitecer. Após excessiva procura, achamos um bom apart-hotel por 22.000 Pesos (R$ 110). O único problema era controlar a ducha que acabou por molhar todo o banheiro e o corredor do apartamento. 05/12/03 – IQUIQUE – ARICA - 359 Km Devido ao forte cansaço, reflexo principalmente da procura por hotel no dia anterior, saímos tarde. Fomos ao Zofri Mall, ao norte da cidade. É considerada a Zona Franca, embora toda a região I do Chile seja Zona Franca. Comprei uma pochete/mochila Doite e lanterna de Led. No geral há alguns itens baratos, mas deve-se garimpar bastante. Pegamos a Panamericana e chegamos a Arica por volta das 19:00hs, mas demoramos a achar um hotel bom e barato. Ficamos em um hotel muito bom (Hotel Avenida), novinho, mas um pouco acima do orçamento – 25.000 Pesos (= R$ 125). Nossa primeira opção eram umas cabañas na entrada da cidade, mas não havia ninguém para atender. No calçadão do centro, comemos lanches e filet a lo Pobre. Muito bom.

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06/12/03 – ARICA – LA PAZ - 540 Km Café no quarto. Deveria custar o mesmo preço, mas quiseram cobrar mais. Não aceitamos. Pagamos apenas o combinado no check-in. Ao abastecer (inclusive a bombona, para eventualidades no caminho), encontramos um senhor com a camisa do Santos. Nascido em Arica, hoje mora em São Paulo, mas já residiu e possui um apartamento em Jordanópolis (São Bernardo). Pegamos a estrada (errada) e percebemos, após 13 Km, que o caminho não era aquele. Pegamos então um “atalho” de rípio sobre uma montanha, trecho este de cerca de 20 Km. No total a perda foi de cerca de 10 Km. Na subida, paramos para tirar fotos de Putre e acabamos comprando artesanatos de uma senhora. Enquanto comprávamos, apareceu um condor que passou duas vezes sobre nós. O motorista do ônibus turístico que havia parado alegou que era realmente um condor. Os turistas acabaram conversando muito conosco. Pessoas bastante simpáticas. Paramos muitas vezes nas proximidades do Lago Chungará para fotografar e filmar.

Demoramos bastante, a ponto de cruzar a fronteira por volta das 15:00 hs (14:00 hs na Bolívia). Após a Aduana, seguimos para La Paz. Surpreendentemente foi uma das melhores estradas até o momento. A Inês quis dirigir, apesar de estarmos acima dos 4.000 m e acabou dirigindo por 90 Km. Chegamos a região próxima a La Paz, pela bagunça denominada El Alto. Cães, pessoas, carros e ônibus dividindo o mesmo espaço, sem regras definidas. Ficamos cerca de 5 hs procurando hotel em La Paz. No intervalo paramos para comer em um Burger King, onde havia 3 brasileiros, estudantes ou formados em faculdades de La Paz. Criticaram muito tudo relacionado à Bolívia, como costumes, corrupção, etc. Mas nos deram muitas dicas. No final da noite, por volta das 23:00 hs, finalmente achamos um bom hotel (Maxin) que custou US$ 40. Todos os hoteis são cobrados em dólar e são caros. Mesmo sendo uma reprise, torci muito pelo Parana contra o Corinthians pelo campeonato brasileiro, em jogo que passava na TV. 07/12/03 – LA PAZ – TIAHUANACU – LA PAZ - 183 Km

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Acordamos tarde, exaustos pela falta de ar e pela procura por hotel no dia anterior. Após o café, tipo buffet, fomos à Tiahuanacu. Muita confusão no trânsito maluco de El Alto. Após El Alto, a estrada, pedagiada, é muito boa. Em Tiahuanacu há agora 2 museus, sendo o último inaugurado em Junho de 2002. Pagamos 53 Bolivianos (=R$ 21 = US$ 7), sendo 25 cada adulto estrangeiro e 3 para estudantes (chorado pois queriam cobrar 10 Bolivianos, o preço do adulto boliviano). O ingresso é válido para os dois museus, o sítio de Tiahuanacu e mais um sítio próximo. Um guia custaria mais 50 Bolivianos. Fomos por nossa conta. No meio do sítio, um senhor, dizendo ser arqueólogo começou a nos dar explicações. Acabamos dando 10 Bolivianos a ele. Tiahuanaco é uma civilização anterior aos Incas, com seu ápice provavelmente entre 2000 e 1000 A.C. Como há poucos registros e suas obras foram monumentais, utilizando rochas maiores que as utilizadas pelos Incas, com encaixe perfeito, há muitas teorias heterodoxas sobre este povo. Variam desde explicações baseadas em origem extraterrestre, até explicações mostrando Tiahuanacu como Atlântida. Realmente um local misterioso.

Voltamos a La Paz e fomos novamente ao Burger King. Visitamos também o supermercado ao lado. Cada vez mais os supermercados estão parecidos em qualquer país, pela globalização. Acabam sobrando poucas marcas fortes, presentes em todo o mundo. Em seguida fomos ver o Vale da Lua, no limite sul da cidade. É uma paisagem muito linda, realmente lunática, pena que as mansões e clube de tiro (!!!) estão cercando esta área. No fim da tarde, a Inês ficou descansando no hotel, enquanto eu e o Érik saímos à pé pelo centro. Andamos cerca de 2 Km e entramos em algumas galerias. Jantamos Miojo. No Fantástico passou uma matéria sobre novos talentos e mostrou 2 repórteres (não muito sérios) entrevistando 2 pessoas na praia de Santos. Ambos, os entrevistados, trabalham comigo na Canbras. Depois fiquei sabendo que haviam gravado a cena em 1996. 08/12/03 – LA PAZ – PUNO - 355 Km Saímos por volta das 9:00 hs e fomos direto para Chacaltaya. Direto é modo de dizer, afinal não há placas indicativas, o que torna o passeio uma aventura, pois o caminho é feito através de ruas secundárias em El Alto.

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Apesar disto, erramos por apenas 500 metros. Chacaltaya é uma montanha cujo pico fica a 5395 metros de altitude e há uma base, onde se chega de carro, a 5260 metros. É a estação de esqui mais alta do mundo. Com a altitude e a pouca largura da estrada, com muitas curvas, a Inês e o Érik foram ficando nervosos. Mal da altitude. Somente eu fiz a caminhada até o topo do Chacaltaya. Falta ar, mas vale a pena. As vistas do Altiplano, de La Paz, do Huyana Potosi e do outro lado da cordilheira, já em sua descida para a floresta, são magníficas.

Fomos em seguida para Copacabana, via balsa. Como o pedágio e a própria balsa consumiram quase todo o dinheiro (sobrando apenas 70 centavos bolivianos), tivemos que pagar os 4,5 Bolivianos relativos a travessia dos passageiros, em Dólar (US$ 1).

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Passamos pela bonita e colorida Copacabana e atravessamos para o lado peruano. No total, apesar do trânsito caótico, vimos apenas 1 acidente. Os trâmites burocráticos nesta aduana, embora ainda confusos, são bem mais organizados e fáceis que na divisa Arica/Tacna. A opção foi boa também porque descobrimos mais adiante que a Panamericana estava parada em função de protestos, já há alguns dias. Um policial solicitou propina, mas aleguei que precisava sacar dinheiro. Graças a Deus foi o único em todo o Perú, mesmo tendo sido parados diversas vezes para checar nossos documentos ou nosso rumo. Chegamos a Puno às 17:30 e achamos o Hostal que eu havia ficado em 1999 (Hostal Maria Angola = US$ 35 para latino-americanos e US$ 65 para europeus). Fomos ao centro e compramos um pouco de artesanato. Jantamos uma boa pizza. Como o carro ficou em um estacionamento do centro, descarregamos quase tudo. 09/12/03 – PUNO – CUSCO – 393 Km Com os equipamentos mais valiosos (afinal nossa bagagem havia ficado no hotel), chegamos ao porto de Puno de táxi, por 3 soles (= R$ 2,60) e esperamos quase uma hora para saída do barco. Visitamos 3 das ilhas Uros, que são ilhas flutuantes feitas de Totora (uma espécie de Junco). Os indígenas locais utilizavam barcos deste material, e ao empilhar as carcaças, perceberam que o material não afundava. Começaram então a viver nestes locais, que viraram ilhas flutuantes. Hoje há ilhas fechadas ao turismo e outras que sobrevivem do turismo. Há até escolas nas ilhas. Vendem bastante artesanato. Entre a primeira e a segunda ilha, fomos de barco de Totora, pagando a parte. Foi um dos locais mais interessantes da viagem.

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Pegamos a estrada para Cusco às 13:00 hs e chegamos às 18:30 hs. Ficamos no Hostal El Conquistador a meia quadra da Plaza de Armas, por US$ 28. Na porta, 2 guias nos levaram para dentro e “agenciaram” um desconto. Ficamos de conversar no dia seguinte sobre os custos dos passeios. Saímos para pesquisar os preços dos tours e comemos uma excelente pizza em uma pequena viela (calle Procuradores) que saí da Plaza de Armas do lado oposto ao da Igreja La Compañia (não é a catedral). Ficamos em dúvida quanto a fazer o tour de 1 dia para Macchu Pichu (que sairia em torno de US$ 250) ou o tour de 3 dias, incluíndo 80% do tour pelo vale Sagrado, passagem noturna de trem de Ollantaytambo para Águas Calientes, 2 noites de hotel com café em Águas Calientes, ônibus para Macchu Pichu, entrada e guia e a volta de trem, ao amanhecer, para Ollantaytambo. A volta de Ollantaytambo para Cusco seria por nossa conta (12 Soles) de ônibus. Tudo por US$ 230 (menor custo pois as passagens de trem noturnas são bem mais baratas). Outra dúvida era onde deixar guardado o carro, que agora estava em um estacionamento. Havíamos questionado a senhora de uma empresa de turismo se havia uma garagem particular mais segura, mas a resposta foi negativa. 10/12/03 – CUSCO – 0 Km Na saída do café, os dois guias estavam nos esperando para conversar sobre os pacotes. Apresentamos os menores preços que pesquisamos e os mesmos foram cobertos. O carro ficaria no estacionamento e o guia olharia diariamente. Optamos então pelo pacote de 3 dias, mais interessante e barato (US$ 230). Demos uma volta pela cidade e já compramos o citi tour por S./20 para os dois e o Érik não pagando, mais US$ 25 (10+10+5) do Boleto Turístico (necessário para qualquer atração em Cusco e região). Almoçamos um delicioso creme de champignon e spagheti, num menu turístico. Fomos ao citi tour e pegamos chuva no fim da tarde, o que atrapalhou a visita aos sítios abertos, como Sacsywaman, Q`enqo, Pukapukara e Tambomachay. Conhecemos um casal de Australiano / Peruana com filhos australianos durante o citi tour. No começo parecia o Indiana Jones, mas mais tarde me convenci que parecia mais com o Crocodilo Dundee. Voltamos a Cusco e assistimos ao 1º jogo da final da copa Sulamericana, entre o time de Cusco –

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Cienciano – e o River Plate, em um telão na Plaza de Armas. Muita gente, mas um ambiente muito tranquilo. Jogão, 3 a 3, numa partida muito bonita e disputada.

O Érik foi a um Cyber-café ver seus emails e conversar no MSN e a Inês ficou nas lojas. Comemos uma deliciosa pizza. 11/12/03 – CUSCO – ÁGUAS CALIENTES – 0 Km Saímos do hotel, como combinado às 8:45 hs, mas o ônibus já havia passado às 8:30 hs. Voltou às 9:00 hs, mas como havia muita gente, acabamos ficando em bancos separados. Isto acabou sendo interessante, pois conhecemos pessoas do Canada, nascidas no Perú, francesa, italiano, peruanos, australianos e neozelandeses. Meus comentários sobre rugbi provocaram pequenas desavenças entre a família australiana e a família neozelandesa. Há muita miscigenação, no casal neozelandês, o marido era peruano e no casal australiano, a esposa era peruana. Havia um senhor de Arequipa com sua família que também estava no citi tour. Ele nos deu seu cartão e pediu para visitá-lo na semana seguinte, quando estaríamos em Arequipa. Havia um brasileiro também.

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Demos uma parada no mercado de Pisac e ao voltar ao ônibus, começou a chover. Subimos ao sítio de Pisac e a chuva piorou. Compramos uma capa e estávamos de guarda-chuva, mas não adiantou muito. Voltamos ao ônibus encharcados e fomos almoçar em um restaurante tipo buffet (atenção – não se permite repetir algumas coisas, como sobremesa). Custou S./ 32. Fomos então a Ollantaytambo, onde eu e o Érik subimos até o alto, ouvindo as explicações do guia. Achei fraco, faltando explicar a parte baixa, dos aquedutos. Deixamos a excursão, nos despedindo em diversos idiomas. Ficamos na plaza de armas de Ollantaytambo muito cedo, fazendo hora pois o trem demoraria para sair. O Érik tentou ir a um cyber-café mas havia vírus nos computadores. A Inês deu uma volta pela pequena praça, vendo artesanatos, enquanto eu fiquei cuidando das malas. Por volta das 17:30 fomos a estação de trem, andando cerca de 1,5 Km, onde o Ernesto estava nos esperando com os vouchers. Ficamos aguardando na sala de embarque, escrevendo nossos diários de bordo. Quando o trem partiu, corremos para um banco vago, onde ficamos juntos. Mais confortável do que ficar de frente, joelho a joelho com pessoas desconhecidas. Chegamos em Águas Calientes por volta das 22:00 hs, pois algumas paradas demoraram mais do que o previsto. Subimos uma grande ladeira, cheia de hostais, hoteis (um deles de 3 estrelas) e restaurantes. Nosso hostal (chamado Cabañas) fica quase no final. Muito bom, exceto pela dificuldade com a água fria e quente no banho e o cheiro de esgoto no ralo. A falta de água fria ainda adiou nosso tão esperado banho para o dia seguinte. 12/12/03 – ÁGUAS CALIENTES – MACCHU PICHU – 0 Km Chuva, café da manhã e mais chuva. Um dos dias mais aguardados e caros da viagem começa mal. Saímos com capas e chegamos a Macchu Pichu às 10:00 hs. O Érik chegou com dor de cabeça. Continuava chovendo. Nossas orações e uma água de S./7 (=US$ 2) fizeram com que ele melhorasse rapidamente. Ainda chovia. Perdi um tempão até achar nosso guia. Eu não o conhecia e ele deveria estar nos chamando na entrada. Como os guias estavam entrando, fui atrás de todos e não achei-o. Voltei à entrada e lá estava ele. Era 12:35 hs. Durante quase toda a visita não choveu. Apenas no finalzinho, começou novamente. Muita neblina o dia todo. Como passamos

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pela entrada da trilha do Huyana Pichu após as 14:00 hs, não foi possível fazer a caminhada. Encontramos a francesa que conhecemos no citi tour e que também estava no vale Sagrado. Macchu Pichu, mesmo com chuva, é um lugar fantástico. Nunca conquistado pelos espanhóis, só foi descoberto em 1911. A paisagem é fantástica, no centro de um conjunto circular de montanhas e com o rio Urubamba, centenas de metros abaixo, serpenteando o estreito vale. As construções são realmente monumentais para tal local de difícil acesso. Realmente um dos lugares mais extraordinários do planeta.

Saímos por volta das 15:30 hs, indo almoçar em Águas Calientes, onde o preço é bem mais baixo. Menu turístico, com salmão, creme de aspargos e suco por S./10. Muito bom. Fui dormir um pouco e a Inês e o Érik ficaram passeando, em uma rua de artesanatos e no local dos banhos de águas térmicas. Embora tivessem vontade, acabaram não entrando, pois havia pouca iluminação e um sapo no caminho. À noite, saí para tirar fotos e filmar e acabei encontrando os australianos que conhecemos no citi tour. 13/12/03 – ÁGUAS CALIENTES – CUSCO – ABANCAY – 200 Km Acordamos às 4:35 hs e tomamos nosso café às 5:00 hs. Saímos rapidamente para pegar o trem, agora um pouco mais lotado, não permitindo troca de bancos. Conversamos com um americano do Colorado que está conhecendo o Perú, após passar pela Bolívia, Chile e Argentina (inclusive Ushuaia, Torres Del Paine e Perito Moreno) de avião. Conversamos também com um Catarinense que chegou de ônibus. Chegamos a Ollantaytambo às 7:30 hs e pegamos uma moto-taxí com cobertura até a plaza de armas. Pegamos um ônibus para Cusco, que parou a cerca de 1 Km de nosso hotel. Deixamos as mochilas no carro, que estava bem, graças a Deus e fomos passear mais um pouco pela bela cidade de Cusco. Artesanatos e, pelo mesmo preço da água de 500 ml de Macchu Pichu, comemos em um restaurante vizinho ao da Pizza de 2 dias atrás, um delicioso menu turístico, a base de Truta, suco misto e creme de tomate.

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Pegamos o carro, as malas que estavam no depósito do Hostal e partimos para Abancay. São 180 Km de serras pela Província de Apurimac, subindo e descendo várias vezes entre 2000 e 4050 metros, o que demorou cerca de 4 horas. A estrada é nova e muito boa. Mais tarde descobrimos que há marketing de que em Apurimac há o canyon mais alto do mundo. Informação conflitante com a de que o mais alto é o Colca. Chegamos a Abancay, que parecia ser um local muito bonito, tanto pelas informações de guias, quanto pelos outdoors que chamavam-na de Suiça peruana ou mesmo pela vista da serra ao chegar.

Decepção, a cidade não é nem um pouco atrativa. Ficamos em um bom hotel, no melhor apartamento após chorar bastante, pois queríamos um dos quartos mais simples, que estavam lotados. Acabamos pagando cerca de 60% do preço da tabela (US$ 33). TV a cabo, geladeira, etc. Tiramos toda a bagagem para arrumar. 14/12/03 – ABANCAY – NAZCA – 477 Km

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Mal começo de dia assistindo ao Boca ser campeão Mundial em Tokio. Também foi complicado sair da cidade, por falta de indicações. Embora a estrada fosse relativamente nova, as constantes curvas, subidas e descidas fizeram com que percorrêssemos 470 Km em quase 8:30 hs. Em alguns trechos há enormes pedras que deslizam de grandes paredões verticais abertos na construção da rodovia. Faltou um pouco de cuidado técnico no projeto e construção da rodovia. Animais na pista e pequenos povoados também causaram demora. Ficamos muito tempo acima dos 4000 m, chegando a atingir 4575 m. Apenas no final do percurso se desce a serra, chegando aos 800 m de Nazca. Em Nazca, por sinal uma cidade sem qualquer outro atrativo, ficamos em um Hostal por S./40 (=US$12) indicado pelo nosso guia. Foi uma barganha em relação a outros hotéis no Perú (o preço inicial era S./50, mas o Érik pediu um “descuento”). Compramos um pacote para o sobrevôo das linhas de Nazca por US$30 cada um, mais S./10 de tarifa de aeroporto, também cada um. Em seguida fomos comer uma pizza ruim. Deixamos o carro em um estacionamento próximo, pois o Hostal não possui garagem. 15/12/03 – NAZCA – LIMA – 473 Km Às 8:00 hs a Van passou em frente ao hotel como combinado. Por segurança (não deixar a bagagem no hotel ou no carro, quando este está em local de risco), fomos em nosso carro, seguindo a Van, até o Aeroporto. Ao efetuar o pagamento, nosso credicard não funcionou. Pagamos então com o Visa.

Embarcamos em um Cesna de 3 passageiros, com um piloto extremamente simpático. Fizemos um vôo de 35 minutos passando pelas principais linhas. É impressionante, principalmente sabendo que foram feitas por um povo que não desfrutaria das mesmas, visto que do chão não é possível visualizar nada. Eu fiquei fotografando e o Érik filmando, mas ele passou mal ao olhar fixamente no visor. O piloto então abriu a janela para circular mais ar. 2 minutos depois, o Érik estava melhor. O avião aderna bastante para que as pessoas de ambos os lados possam ver as linhas. As linhas em forma de figuras tem mais de 100 metros, chegando a ter mais de 250 metros no caso do Albatroz. O beija-flor tem mais de 100 metros.

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A figura do astronauta chama a atenção por não estar no plano, como a maioria e o desenho não ser formado por linhas retas. Pode ter sido a única realmente feita pelo povo Nazca. O piloto também “regalou” o Érik com uma figura que não faz parte do pacote, um pequeno dinossauro. Terminado o passeio, fomos ao hostal em frente (Nido Del Condor), que pertence ao grupo da companhia aérea (Aero Condor), para assistir ao vídeo e utilizar a piscina que fazia parte do pacote. Ao sair e entrar no vestiário, uma funcionária queria cobra pelo uso da piscina. Isto deixou a Inês bastante irritada. No final a funcionária disse que foi um erro e pediu desculpas. No mesmo hostal, aproveitei para ligar 2 vezes para meus pais para tentar resolver o problema do Mastercard. A Mastercard disse que o problema foi de digitação no código de segurança e não do cartão. Também tive problemas ao abastecer e pagar o hotel à noite. Acredito que tenha sido um problema de comunicação internacional. Compramos algum artesanato em Nazca e tentamos tirar dinheiro em um caixa. Não funcionou. Quase sem dinheiro, pegamos a panamericana com destino a Lima, por volta das 15:30 hs, comendo Nutri e bolachas. Graças a Deus que dos 4 ou 5 pedágios apenas 1 era pago neste sentido de tráfego. No caminho ainda paramos em uma torre de observação das linhas, para ver melhor 2 figuras de Nazca. Muito vento e pouca visão. A Panamericana está excelente nos últimos 140 Km para Lima. Tudo duplicado e 3 faixas de cada lado na região metropolitana. Chegamos à noite. Paramos em uma Pizza Hut, mas estava muito cara. Acabamos indo, após conseguir finalmente retirar dinheiro em um caixa, a uma lanchonete de rede peruana, ao estilo MC Donald’s, mas com lanches melhores, chamada Bembos. A cidade, ao contrário de minhas impressões de 1999, é muito grande, com 8 milhões de habitantes, com muitas avenidas e vias expressas. Esta é a diferença entre utilizar o próprio automóvel ao invés de chegar e sair pelo aeroporto. Bem americanizada com diversas redes de fast-food (MC Donald’s, Pizza Hut, KFC), lojas de redes americanas (Radio Shack) e grandes magazines (Ripley´s). Ficamos em um hostal (S./80) que, embora com estacionamento comum, recepção e elevador usuais, em alguns detalhes mostrou ser quase que um motel. Havia, na própria Panamericana, um hostal que parecia ser melhor e

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mais barato (S./30 a 50), mas a proprietária estranhamente não nos deixou checar o apartamento antes de fechar o negócio. 16/12/03 – LIMA – 80 Km Sem café, que não estava incluso, fomos inicialmente dar uma volta em Miraflôres, o local mais bonito e moderno de Lima. Depois fui tirar fotos do Centro administrativo de Lima (Plaza Mayor), onde está o palácio do Governo, a Prefeitura e a Catedral. A Inês e o Érik ficaram no carro em um estacionamento enquanto fui sozinho (mais de 1 Km), Aproveitei e parei em uma galeria de artesanato, a uma quadra da Catedral, o local mais barato em todo o Perú.

Ao chegar na praça para tirar fotos, percebi que a porta da câmera fotográfica estava quebrada e aberta. Tirei o filme e coloquei um novo. Amarrei com o cadarço. A solução provisória estava muito perigosa e, alguns dias depois, troquei o cadarço por silver tape, bem mais segura. Fomos ao Jockey Shopping onde almoçamos e demos algumas voltas, inclusive no supermercado. No fim da tarde fomos ao Shopping Larcomar, o mais bonito que conhecemos, aberto e localizado em uma falésia, de frente ao mar. Apenas lojas de produtos sofisticados. Praça de alimentação excelente. Tudo caro. Um segurança veio avisar que eu não poderia filmar, mas já tinha filmado tudo que queria. 17/12/03 – LIMA – NAZCA – 557 Km Saímos do hotel as 5:00 hs para tentar fazer um passeio às Ilhas Ballestas, na Reserva Nacional de Paracas. Chegamos antes das 9:00 hs, mas dois barcos já haviam saído. Seríamos o primeiro da lista, mas era necessário pelo menos 18. Custaria S./40 por pessoa. Chegou uma excursão de estudantes onde iriam cobrar S./25 por pessoa, inclusive por adultos, por ser uma excursão. Forçamos para cobrarem S./25 pelo menos para o Érik. De forma mal-educada disseram que um grupo iria sair e que deveríamos pagar S./120. Tchau. Passeamos pela reserva, de carro, em sua parte continental. Vimos uma colônia de lobos-marinhos e muitas formações rochosas, sendo a

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“Catedral”, a melhor. É uma caverna com a “boca” voltada para um arco sobre o mar.

A Inês dirigiu mais de 100 Km. Chegamos a Nazca antes das 5:00 hs, passeamos, comemos uma pizza e fomos ao hotel. 18/12/03 – NAZCA – AREQUIPA – 582 Km A estrada para Arequipa é linda, passando por montanhas que caem direto ao mar, lembrando a famosa Highway 1 da California. Alguns trechos com belas e desertas praias.

Almoçamos peixes e camarão em Camana. Chegamos cedo em Arequipa, ficando em um Motel. Fomos visitar o Sr. Willye, que conhecemos em Cusco, em seu escritório (uma fábrica de parafusos). Combinamos de assistir à final da Copa Sulamericana em sua residência na noite seguinte (Cienciano x River, no

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estádio de Arequipa, a 500m de sua residência). A noite fomos à Plaza de Armas, talvez a mais bonita do Perú.

Voltamos ao motel por volta das 22:00 hs para dormir cedo, pois sairíamos muito cedo para o Canyon Colca no dia seguinte. 19/12/03 – AREQUIPA – COLCA – AREQUIPA – 442 Km A idéia era sair cedo, por volta das 4:15 hs para ver o vôo do Condor no Canyon Colca, que ocorre somente pela manhã. Não ouvi o despertador que deve ter tocado às 3:50 hs. Foi uma noite difícil, com o telefone da recepção que não parava de tocar e o rádio que não desligava totalmente. A Inês foi dormir no carro. Acabamos atrasando e saindo as 5:00 hs. Erramos também na saída da cidade, pois para ir para o leste, deve-se ir primeiro ao oeste, contornar 3 vulcões para seguir a leste. Muitas curvas em uma estrada bonita, conservada, mas perigosa. Esta estrada vai até Juliaca, seguindo então para Puno ou Cusco. Após 80 Km há um acesso para Chivay. Terra com pedras nos primeiros 25 Km. Muito ruim. O carro pula demais. Até Chivay há um trecho de serra (subida) já asfaltado e a descida está em obras para asfaltar, o que acarretou mais um atraso. No caminho a paisagem é muito linda, com neve, lago, lhamas e belas montanhas. Ficamos de tirar as fotos na volta, pois havia pressa.

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Chegamos em Chivay e já pegamos rapidamente a estrada para o Mirante Cruz Del Condor. Chegamos as 9:15 hs e o Condor estava passando. Deu apenas tempo de filmar um pouco, pois ele estava indo embora. Esperamos até as 10:00 hs, mas não houve mais nenhum vôo de Condor. O Canyon é lindo, extremamente alto, chegando a mais de 3400 m de altura em alguns pontos. Plantações em formas de degraus, uma técnica inca, estão presentes ao longo do Vale. As montanhas de frente possuem, em seu lado oposto, uma das nascentes do Rio Amazonas, descoberta que tornou-o mais comprido que o Rio Nilo. A altitude, em torno de 4000 metros, no mirante, após passarmos por locais de 4600 metros, fez com que o Érik passasse mal. No mirante havia muitas vendedoras de artesanatos, dando um colorido bonito ao local. Ao voltar, paramos um pouco em Chivay e pegamos a estrada de volta. Já não havia mais neve para fotografarmos na volta, derretida pelo forte sol. O trajeto de Arequipa – Mirante – Arequipa foi de 410 Km (excetuando-se os erros). Chegamos a Arequipa por volta das 14:30 hs e fomos ao Burger King, em um pequeno shopping das lojas Falabella. Escolhemos um hotel melhor, bem mais cômodo. Saímos para assistir ao jogo do Cienciano x River na casa do Sr. Willye. Fomos muito bem recebidos pelo Sr Willye e sua família. Serviram um saboroso jantar. Tiramos fotos e comemoramos ao campeonato conquistado pelo Cienciano. O jogo aconteceu a apenas 500 m da casa do Sr. Willye. 20/12/03 – AREQUIPA – IQUIQUE – 770 Km Deserto. Esta é a paisagem que fica em nossa memória para este trecho da viagem. Parece mais seco que o próprio Atacama, inclusive com menos vegetação. A Panamericana tem vários trechos com retas de mais de 20 Km. Há uma reta de 33 Km! Na hora do almoço, em Tacna, a Inês e o Érik deram uma volta para gastar os últimos S./13 (=R$ 11 = US$ 4). Não conseguiram achar o gostoso milho frito, um dos pontos altos de qualquer viagem ao Perú. Após uma breve arrumada na bagagem, fomos enfrentar a complicada fronteira. Enroscada do lado peruano, onde tivemos até que comprar formulários (= R$ 5), mas, ao menos desta vez, pior do lado chileno. Raio-x da bagagem é norma para procura de drogas e produtos agropecuários. Desta vez perguntei se era necessário passar com tudo. Falaram que só as bagagens

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maiores. Falei para ele avisar quando parar. Com isto não precisamos descarregar o carro inteiro. Foi longa a espera para preencher o formulário do carro. Um senhor de certa idade se mostrou o funcionário mais confuso dentre as aduanas chilenas que conhecemos. Finalmente, depois de 1h40m, fomos liberados. Paramos em Arica em um posto para abastecer o carro e comer um lanche. Acima de 5000 Pesos Chilenos de combustível (=US$ 8), que equivale a 12 litros, pode-se comprar uma camiseta por 990 Pesos (= US$ 1,7). Compramos 2, “made in Brasil”! Embora tenhamos perdido 2 horas no fuso, decidimos ir adiante até Iquique. Queríamos usufruir do comércio da Zona Franca e não sabíamos se o comercio abriria no dia seguinte, Domingo. Só chegamos as 22:20 hs e fomos direto ao shopping que ficaria aberto até as 23:00 hs. Checamos os preços, tomamos um lanche e fomos ao flat. Estava lotado. Conseguimos outro hotel por volta da meia-noite, no centro, encaixando o carro em uma meia-garagem. 21/12/03 – IQUIQUE – ANTOFAGASTA – 475 Km Finalmente acordamos tarde, em função da Zona Franca – Zofri Mall – só abrir as 11:00 hs. Quase chegando, um garoto que limpa para-brisas tornou-se agressivo em nossa recusa de dar dinheiro, ameaçando entortar o limpador. Possivelmente um problema de drogas. Demos um pouco de suco e ele contentou-se. Ficamos no Zofri por cerca de 2 horas. Passamos em um posto COPEC, em uma loja de conveniência chamada PRONTO. Bons lanches e boas promoções (bem melhores que as do Brasil). Escolhemos a estrada costaneira para chegar a Antofagasta. É a melhor escolha. Paisagens cinematográficas. Passamos pela aduana (o norte é zona franca). Chegamos cedo em Antofagasta, parando para tirar fotos na Rocha Portada, uma grande rocha furada em mar aberto. Como já estava meio escuro, decidimos voltar dia seguinte para mais fotos.

Paramos em um supermercado com praça de alimentação e lojas, quase um shopping. Uma dica é não comer o lanche de churrasco do Lomito’s, muito ruim. O peixe do restaurante chinês, em compensação, é excelente. Fomos procurar Hotel. As opções eram ou muito caras ou ruins e sem garagens.

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Voltamos então para entrada norte da cidade onde havia um motel. Ficamos em um quarto familiar. Pena que deixamos um pouco aberta a porta e entraram pernilongos. Outro problema foram os cães de guarda, que latiram muito pela manhã. Opção barata (13000 Pesos = US$21,5). 22/12/03 – ANTOFAGASTA – CALDERA – 553 Km Organizamos um pouco o carro e fomos novamente tirar fotos da Portada. Ao voltar à Panamericana, paramos na “Mano Del Desierto”, uma escultura de cerca de 8 metros mostrando uma mão, saindo da areia, simbolizando o desespero dos viajantes perdidos e morrendo no deserto.

A Inês dirigiu por cerca de 200 Km, quando paramos para comer lanches, no carro. Eu segui dirigindo e peguei 3 desvios, totalizando uns 20 Km de terra, o pior trecho da Panamericana no trecho norte da Panamericana Chilena. Chegamos a Chañarral, abastecemos e fotografamos lobos-marinhos no litoral.

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Paramos em um Hotel, em frente à entrada de Caldera. Muito bom, com cabañas e apartamentos (25000 pesos a cabaña e 18000 e 15000 pesos os apartamentos – escolhemos o apartamento de 15000 pesos = US$30 = R$ 90). Piscina, parquinho, campo de futebol e animais (lhama, coelhos). Bem equipado. Dormimos um pouco e saímos para jantar no centro. Aniversário de casamento. Comemos peixes. Muito bom, principalmente o congrio. Demos uma volta por Baia Inglesa. O local é interessante, com diversos hoteis bons. Aparenta ser caro. 23/12/03 – CALDERA – VICUÑA - 515 Km Sem café, saímos pela manhã, em meio a muita neblina e um pouco de frio. Almoçamos em um posto COPEC e chegamos a La Serena por volta das 14:30 hs. A cidade é bem bonita. Fomos ao mercado artesanal La Recova. Uma das construções mais interessantes do Chile. A parte de fora é um mercado de alimentos. Na parte de dentro, aberta pelo alto, somente artesanatos. Lembra um pouco uma construção com arquitetura mexicana.

Fomos a Vicuña, cidade pequena, onde já reservamos o passeio para o observatório do Cerro Mamalluca. Este é um observatório preparado para finalidades turísticas, em contraposição aos maiores observatórios do mundo, presentes na região, administrados por Europeus ou Americanos. Combinamos voltar ao local por volta das 20:00 hs. Escolhemos um hotel (15000 pesos) quase bom. O problema era apenas a enorme quantidade de formigas. Passeamos pela cidade e aproveitamos para ligar para o Patrício e a Marcela, nossos amigos de Santiago. O Érik ficou num cyber-café. Fomos ao observatório de carro, em comboio. Chegamos ao local, ainda de dia, por volta das 21:00 hs (o comboio demorou a sair do centro da cidade, onde compramos o passeio). Assistimos ao vídeo, que já havia começado. O observatório e todo o passeio é um pouco amador, com telescópios pouco potentes e sem um roteiro bem definido de como apresentar. É interessante, mas se formos comparar, sugiro uma visita ao nosso Observatório e Planetário de Brotas. 24/12/03 – VICUÑA – SANTIAGO – 615 Km

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Saímos, não muito cedo. A Inês dirigiu 215 Km. Chegamos a Santiago por volta das 16:30 hs. Desta vez encontramos um hotel mais rapidamente (em 2001 não conseguimos encontrar hotel), perto do Cerro San Cristobal por US$ 38 ou 22000 Pesos. O preço foi bem chorado pelo Érik que negociou com o próprio dono, mostrando sua carteira de estudante. Ajudou bastante. Fomos ao Shopping, comprei os tão procurados guias turísticos TURISTEL, do sul e centro do Chile (já tinhamos o do Norte), jantamos e ligamos para nossos familiares, desejando um feliz Natal. Passamos ainda em uma feira de artesanato. 25/12/03 – SANTIAGO – 15 Km Saímos as 10:30 e fomos ao teleférico do Cerro San Cristobal, onde se tem uma bonita vista da cidade. Infelizmente um smog (smoke + fog) cobre a cidade constantemente e fica difícil ver a cordilheira ao fundo. Muito rápido o teleférico. Descemos e fomos à casa da família Berrios, nossos amigos chilenos. Ficamos conversando entre 13:00 e 00:30 hs. Voltamos ao hotel por volta de 1:00 h. 26/12/03 – SANTIAGO – MENDOZA – 403 Km Antes de rumar ao norte, demos uma volta de carro pelo centro de Santiago. Paramos em Los Andes para gastar os 4000 Pesos restantes. Deixei para abastecer mais adiante e só havia um posto que não aceitava cartão de crédito. Pus o mínimo necessário e paguei com Pesos argentinos, ou seja, bem mais caro. A rodovia que cruza os andes passa por locais muito bonitos. Os trâmites na aduana argentina demoraram mais de 1:30 hs, irritando bastante, afinal a estrutura é gigantesca, mas faltam pessoas e organização. Entramos no Parque provincial do Aconcágua, passando pela Laguna Horcones, onde se tem uma bonita visão do ponto culminante das Américas, o Aconcágua, com seus 6959 metros.

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Passamos por Uspallata, onde filmaram “Sete anos no Tibet”, mas o povoado não é muito chamativo, talvez pela pouca vegetação. Chegamos ainda com sol a Mendoza. Ficamos no Hotel Family Inn, estilo americano, na ruta 40, por 75 Pesos (= R$ 75). Estilo americano, novo e muito bom, com café. Fomos jantar no shopping. A Pizza estava muito boa. As massas que a Inês e o Érik pediram já não estavam tão boas. 27/12/03 – MENDOZA – SAN FRANCISCO – 925 Km Foi um dia muito cansativo. Saímos do hotel as 9:00 hs e fomos visitar o enorme e bonito Parque San Martin. Parece um pouco a Cidade Universitária e o Ibirapuera. Saímos de Mendoza as 10:00 hs. Estradas muito boas até San Luis, inclusive duplicada em toda a província de San Luis. Pegamos a ruta para Córdoba. Pouco movimentada e pouco conservada. Em Salsacate começa a agonia. A ruta passa por dentro de várias cidades, por sinal bem turísticas (lembrando a região de Penedo e Itatiaia). Nunca vimos tantos hotéis e hostales. Trecho muito lento. Na serra pegamos uma forte neblina que em alguns trechos permitia visibilidade máxima de apenas 10 metros. Garoava também. Não era necessário passar por Carlos Paz e Córdoba, pois havia uma rodovia, que constava no mapa como de terra, de San Luis para San Francisco, que economizaria muitos Km. A falta de indicações correta nos fez perder tempo para achar a saída correta de Córdoba. Aproveitamos para passar em um supermercado. Chegamos a San Francisco as 22:40 hs e ficamos em um hotel razoável no centro, pagando 50 Pesos. Saí para ligar para resolver problemas do Mastercard, andando bastante para conseguir um telefone funcionando. 28/12/03 – SAN FRANCISCO – URUGUAIANA – 701 Km Saímos as 9:10 sem café. Compramos um lanche na estrada. Almoçamos e fizemos compras em um shopping de Santa Fé. Churrasco (+ou-) e peixe (bom). Passamos pelo túnel sub-fluvial, sob o rio Paraná e seguimos adiante.

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Já na província de Corrientes um policial, ao checar os documentos e fazer algumas piadas, pediu dinheiro para uma cerveja. Aleguei que não tinha mais Pesos e seguimos adiante. Chegamos a Paso de los Cobres logo após o anoitecer. Gastamos os Pesos restantes em gasolina. Ainda tentei sacar o restante do cartão (Visa Travel Money) em dólares, mas não consegui. Os trâmites da fronteira foram um pouco confusos e demorados, graças a grande quantidade de turistas argentinos em ônibus. Por sorte os guichês para ônibus e carros eram separados. Entramos em Uruguaiana após as 23:00 hs e ficamos no confortável Hotel Uruguai River por R$ 85. 29/12/03 – URUGUAIANA – SÃO MIGUEL DAS MISSÕES – 347 Km Cansados, acabamos acordando e saindo tarde, após o café, mais farto que em qualquer outro país. Paramos 70 metros adiante. Em volta do Hotel há diversos camelôs e lojas para os Argentinos. Preços bons inclusive para os brasileiros. O bairro na saída norte da cidade estava sob as águas do Rio Uruguai, Na estrada paramos diversas vezes para tirar fotos de diversos pássaros. Estrada horrível. Totalmente esburacada em alguns trechos. Sentimos saudades até das carreteras bolivianas. Chegamos em São Miguel por volta das 16:30 hs. Fomos ao hotel, Pousada das Missões (filiadas ao Hostelling International), ao lado das ruínas, que saiu por R$ 63,90 (com o desconto que o Érik conseguiu). Fomos, em seguida ás ruínas Impressionante. É o conjunto mais bem preservado em solo brasileiro. A catedral foi enorme. Assistimos o show interativo. Checamos o horário e preços do show noturno de sons e luzes. Fomos tomar banho, comer um lanche e voltamos ao show. Noite estrelada e um bonito espetáculo de 50 minutos, contando a saga dos guaranis nas missões. Realmente vale a pena.

30/12/03 – S. MIGUEL DAS MISSÕES – GRAMADO - 593 Km Saímos de Pousada após o café, e passamos por Santo Ângelo para tirar uma foto da Catedral, réplica da Catedral de São Miguel. Aproveitamos para abastecer e ganhamos uma ducha. De carro limpo seguimos adiante pela esburacada BR. Almoçamos próximo a Passo Fundo, por Kilo. Pegamos o

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caminho para serras em Passo Fundo. A Inês dirigiu por cerca de 120 Km. Muitas curvas e serras. Voltei ao volante. Paramos em Caxias, onde trocamos o óleo. Chegamos a Gramado já de noite. Muito lindo. Resolvemos estender nossa estadia para duas noites. Conseguimos um hotel no centro por R$ 100. Fui procurar a Inês e o Érik, que ficaram andando pelo centro, muito movimentado. Achei-os e levei-os ao hotel. Enquanto estavam checando o quarto, outro pretendente a hóspede voltou e, ao saber que a Inês estava fechando com o gerente, ficou furioso. Ainda demos uma volta por Canela para ver como estava a decoração de Natal. Legal também.

31/12/03 – GRAMADO - 41 Km Visitamos, logo cedo, o Mundo a Vapor. Bastante instrutivo e interessante. Além da menor fábrica de papel do mundo, tem também um dos únicos relógios a vapor do mundo. O outro fica em Vancouver. Seguimos para o Alpen Park, para passear de Trenó (R$10 para 1 volta, R$20 para 3 voltas e R$30 para 3 voltas). A vantagem é que existe a possibilidade de comprar 1 ou 3 e, se gostar, reverter para 6 voltas, pagando a diferença. Local muito bonito e o trenó é um passeio muito gostoso. O controle do freio é por conta de quem passeia. Cheguei, na 2ª vez ao fim sem frear. Passei pela cortina, onde deveria estar devagar, a toda. O mecanismo do trilho de subida se encarregou de frear. O Érik foi 4 vezes.

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Deixamos a Inês vendo lojas em Canela e fomos ao Caracol, onde fizemos o passeio de teleférico. Muito bom. A cachoeira é realmente linda. Pegamos a Inês, compramos uns lanches e fomos ao Mini-mundo. Embora lotado, só abrindo no período da tarde, vale a pena visitá-lo. São maquetes de construções européias e sul-americanas, muito bem feitas. Voltei ao hotel para assistir a São Silvestre e descansar um pouco enquanto a Inês e o Érik ficaram passeando por Gramado. Saímos mais tarde para procurar um local aberto para comer. Pizza horrível em uma lanchonete/cafeteria. Foi um dia que começou com chuva, esquentou forte à tarde e esfriou a noite. Como estava muito frio, voltamos ao hotel para sair novamente as 23:45 hs para ver as queimas de fogos, relativamente fracas. Surpreendentemente as ruas, ao contrário do dia anterior, estavam bem vazias, reflexo do frio (a cidade estava cheia de visitantes de locais mais quentes, como Minas e Nordeste).

01/01/04 – GRAMADO – FLORIPA – 540 Km

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Foi o dia mais cansativo da semana. Logo ao sair do hotel, paramos 100 metros adiante para tirar fotos da praça, aproveitando o bonito dia de sol. Toda a decoração de natal da cidade foi feita com garrafas plásticas de refrigerantes. Seguimos então para o canyon de Itaimbezinho. Estrada boa até Cambará do Sul e de terra com pedras até a BR-101, já no Litoral. Paramos no Parque Nacional Aparados da Serra e fizemos uma das caminhadas para o Canyon. É uma trilha curta, mas já dá uma boa visão do canyon e suas cacheiras. Muito bonito e o tempo ajudou bastante, uma vez que é raro tempo aberto no local. Assistimos um vídeo no centro de visitantes e fomos embora. Acho estranho a Cascata das Andorinhas nunca ser citada como uma das mais altas do Brasil. São mais cerca de 700 metros de queda. Ainda pela estrada de terra, descemos em direção a Torres. Almoçamos em um restaurante +/- comida por Kilo. Fomos então ver as formações rochosas. O custo é de R$2 para entrar de carro. Estacionamento grande e muita farofada. Saímos rapidamente com destino a Floripa. Nas proximidades de Floripa, rodamos somente 20 ou 30 Km entre 19:30 e 21:30 hs em um congestionamento sem motivos aparentes. Fomos ao shopping, na entrada da cidade, procurar algo para comer. Feriado, apenas o BOB’s estava aberto. Era pouco mais de 22:00 hs quando começou a dura jornada para achar um hotel. A primeira opção, o Ibis, já estava lotado. Fomos então para Canasvieiras, Ponta de Canas, Ingleses e Costão do Santinho. Ou custava muito caro (acima de R$ 140) ou era muito ruim, inclusive sem local adequado para estacionar. 80% dos hoteis lotados. Somente a 1:00 h conseguimos uma opção boa por R$ 80 (era 120, mas fazia por 100, ou, com muita insistência, 80 sem café). Desistimos de ir ao Beto Carrero na manhã seguinte. Resolvemos ir no Sábado. 02/01/04 – FLORIPA – PENHA – 237 Km Não tão cedo e ainda cansados, fomos em direção à Lagoa da Conceição e Praia da Joaquina. Voltamos antes de chegar à Lagoa. Estava tudo parado. Fomos então para Penha, onde primeiramente pegamos informações sobre preços e horários do Beto Carrero. Ficamos na Pousada Açoriana, próxima ao Parque, por R$ 70. Almoçamos enquanto deixei o carro no borracheiro da frente (o pneu estava com um pequeno furo). Fiquei descansando enquanto a Inês e o Érik foram à praia. Como não gostaram do local, voltaram rapidamente. No final da tarde eu e o Érik fomos dar uma volta de carro pelas melhores praias da região, como a praia Vermelha. Voltamos e jantamos em um posto na BR-101, pois há poucas opções em Penha. Muito trânsito entre Penha e Piçarras. 03/01/04 – PENHA - CURITIBA – 196 Km Tomamos café reforçado e fomos ao parque às 9:30 hs (abre as 9:00 até a praça de entrada, mas os brinquedos abrem às 10:00 hs), Ficamos até o fim, às 19:30 hs. O parque tinha um movimento fraco, bem menor que no dia anterior. Um ou outro brinquedo novo, como o recém inaugurado Império das Águas, o melhor passeio de bote em corredeira que já fizemos. No geral os brinquedos estão mal conservados. Outro grande problema são os animais de grande porte em jaulas pequenas e animais mal-tratados em shows (um pequeno macaco sendo puxada a força pelo adestrador). A praça de

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alimentação é muito boa, com preços bem razoáveis. Ao sair, pegamos um atalho de terra para chegar à BR, evitando o trânsito de Penha/Piçarras (ganhamos uns 30 minutos). Na estrada paramos apenas em Joinville para tomar água de coco e comprar lanches em uma lanchonete de conveniência. O controle do alarme parou de funcionar e tivemos que abrir o carro, e, com o alarme disparado, desativá-lo com o controle reserva. Garoa e trânsito pesado fizeram com que chegássemos apenas as 22:30 hs no Íbis de Curitiba, previamente reservado – o problema é que a reserva era válida até as 18:00 hs. Como havíamos ligado durante o dia, conseguimos alterar para 23:00 hs. 04/01/04 – CURITIBA – SÃO BERNARDO – 480 Km Saímos as 9:00 hs e visitamos o Jardim Botânico, o museu Oscar Niemayer e seu olho, a bonita Ópera de Arame e o Parque Tanguá. Tudo muito calmo e com pouco movimento. A ópera é uma obra linda, toda de vidro e ferro, entre árvores. A noite deve ser muito mais bonita e assistir um espetáculo deve ser ótimo. O parque Tanguá é uma antiga pedreira onde foi construída uma cachoeira artificial. O resultado é muito bonito.

Entramos na estrada para São Paulo as 13:15 hs. Paramos em uma churrascaria simples, onde ficamos cerca de 40 minutos. Seguimos adiante e o trânsito parou totalmente a 12 Km da divisa Paraná – São Paulo. A Inês dirigiu os 12 Km em cerca de 1 hora, enquanto eu tentava dormir. O trânsito ficou quase bom até o trecho não duplicado. Já era noite e perdemos muito tempo. Chegamos em SBC às 23:30 hs, pegamos o carro da Inês na casa dos meus pais e acabamos chegando ao apartamento após as 24:00 hs. TOTAL – 16.470 Km

Etapa 3

De Carro pela America do Sul (Etapa 3 - Expedição Austral)

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De Carro pela America do Sul (Etapa 3 - Expedição Austral) Expedição de automóvel feita pela família Bonagamba em 2005/6, atravessando 4 países da América do Sul

22/12/2005 – São Bernardo – Medianeira – 1044 km Saímos, morrendo de sono (dormi apenas 2 horas e a Inês nem dormiu), às 4:48 hs. Paramos em Ourinhos às 10:30 hs, em uma padaria para comprar refrigerante, e pedi copos descartáveis. Como estavam em falta, uma senhora falou que se eu esperasse, ela iria buscar em sua casa. Parece o pessoal de São Paulo... Deixamos Ourinhos às 12:30 hs, após almoçar na casa de nossa tia Alice. Chegamos em Medianeira às 21:30 e fomos comer uma pizza em seu bastante agitado centro, que por sinal, estava bem decorado para o Natal. Interessantes eram as placas de trânsito que indicavam “Fim do trecho com limitação de velocidade”. Dava vontade de pisar para ver se era verdade. Ficamos em um bom hotel (Parque Iguassu) de R$ 110 por R$ 100. A Inês dirigiu uns 200 km após Maringá. Foi um dia de muitos pedágios. 23/12 – Medianeira – Foz do Iguassu – 131 km Para quem achou estranho, Foz do Iguaçu passou a ser chamada Foz do Iguassu no final de 2005. O primeiro passeio foi às Cataratas do Iguassu. Agora, com o novo elevador panorâmico ficou mais interessante. Na entrada do parque, há também um moderno museu interativo que mostra dados do meio ambiente e até um vaso cerâmico datado de 3800 a.C. Comemos um lanche e fomos à Ciudad Del Este. As lojas de informática estavam fechadas. Tivemos que nos contentar em comprar pequenas coisas na Casa China, uma das lojas confiáveis do lado paraguaio. Deixamos o carro do lado brasileiro e fomos de van (R$ 2 por cabeça) e voltamos de táxi (R$ 10). Quando voltamos ao estacionamento começou a ventar forte e em seguida a chover. Fomos ao Free Shop do lado argentino, onde não há grandes ofertas. Comemos pizza Hut e fomos ao hotel (Ilha de Capri – de R$ 170 por R$ 90).

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24/12 – Foz do Iguassu – Corrientes – 674 km Com o tempo melhor que o da véspera, atravessamos para o lado argentino com muita fila do lado da aduana argentina, mas com a vantagem que agora não é necessário descer do carro. Os atendentes, de dentro da cabine já realizam todos os trâmites. Também havia fila para abastecer o carro, em função do preço da gasolina se equiparar ao do álcool brasileiro (em São Paulo, que é mais barato do que em Foz). Tivemos problemas para sacar com o Visa Travel Money, que indicava cartão inválido. Contatei a central americana, mas não conseguiram resolver. Desistimos e trocamos dólares por pesos. Pegamos a carretera rumo a Corrientes. Nos primeiros quilômetros a polícia nos parou e solicitou documentos e a famosa carta verde, que já havia sido solicitada na aduana. Parece que sem este seguro não é mais possível trafegar na Argentina. Paramos em um parque provincial histórico, onde se localizam as fundações da primeira residência de Che Guevara. Local bonito que conhecemos com uma guia, através de um sendero (trilha) por entre a mata, que passa por uma bela cascata. A carretera antes de Posadas é bastante acidentada, passando por vários vilarejos, com muitos declives e aclives, por entre trechos de mata nativa. Entre Posadas e Corrientes a história é outra, um campo monótono extremamente plano e com predominância de pastos, em meio a pequenas lagoas e alagados. Chegamos a Corrientes antes do anoitecer e ficamos em um hotel no centro da cidade. Saímos rapidamente para comer lanche e pizza (a terceira em três dias). Voltamos e fomos visitar a Costanera, mas os fogos de artifício, que na Argentina são uma marca do Natal, estavam espalhados pela cidade. Voltamos rapidamente ao hotel onde a vista dos fogos era bem melhor.

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25/12 – Corrientes – San Fernando de Catamarca – 907 km Foi um dia marcado pela monotonia das estradas do norte da Argentina. Cedinho, passamos pela Avenida Costanera e havia vários jovens ainda comemorando o Natal. As estradas estavam muito bem conservadas até o entroncamento da ruta para Salta com a ruta para Santiago Del Estero. Daí até Santiago há diversos trechos com ondulações ou com buracos, sempre com pouco movimento e retas planas. Como ponto positivo podemos citar a presença de bonitas plantações de girassóis em grande parte do caminho. Em outros locais há apenas vegetação rasteira sem nenhum aproveitamento para agricultura ou pecuária. Em função das estradas tão planas, o consumo de gasolina neste trecho manteve média acima de 14 km/l. Em Santiago Del Estero paramos para saborear um delicioso sorvete. Seguimos adiante, pois ainda era cedo e, com a Inês ao volante por cerca de 200 km, enfrentamos algumas serras para chegar à San Fernando, que fica entre montanhas em um local muito bonito. A cidade é relativamente grande e possui boa estrutura. Ficamos em um bom hotel por P$ 80 (Grand Hotel). Dia de Cup Noodles muito devido ao cansaço e também em função de termos que acordar cedo no dia seguinte. 26/12 – San Fernando de Catamarca – San Juan de Jáchal – 707 km Após tirar algumas fotos da cidade, partimos para La Rioja, onde rapidamente abastecemos e seguimos em direção aos parques. No caminho compramos um lanche (por volta das 11:15 hs) que foi a salvação, já que a região é bem desértica. Visitamos o Valle de La Luna, parque provincial e Patrimônio da Humanidade, que nos custou P$ 15 por pessoa (o preço para quem não é residente na Argentina é de P$ 25, mas choramos para pagar o preço de residentes). Um guia fica em um dos carros, sempre dos visitantes, que saem no mesmo horário programado (no nosso caso começou às 13 hs). Há cinco paradas programadas onde descemos do carro e temos as explicações

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geológicas e paleontológicas do guia. No caso o vale é um local único onde há fósseis do período triássico e até um fóssil de planta que se assemelha com uma pequena samambaia com 230 milhões de anos. No parque há diversas formações de pedras maiores equilibradas em bases mais finas, o que ocorre devido à camada inferior ser mais frágil e ter um desgaste natural mais rápido que a camada superior. Poderíamos ter visitado um pequeno museu anexo, mas como o tempo estava escasso para chegar ao Talampaya, pegamos rapidamente a estrada. Chegamos ao Parque Nacional de Talampaya por volta das 16:40 hs e pudemos realizar o passeio pelo canyon. Neste parque, também Patrimônio da Humanidade, deixamos o carro na recepção e seguimos no “Papamóvel” (Toyota 4x4 com cabine parecida ao do carro do Papa) pelo surpreendente e majestoso canyon do parque, vendo os petrógrifos e as estupendas paisagens deste pouco conhecido canyon. Valeu os P$ 12 pela entrada e P$ 25 pelo passeio por pessoa (realmente caro, mas com certeza cada centavo foi bem gasto). Saímos por volta das 18:30 hs e paramos em Villa Union. Ou a hospedagem era muito ruim ou o hotel era bom e muito caro (de P$ 180 por P$ 160). Resolvemos, às 20:00 hs seguir para San Juan de Jáchal. São mais 160 km no escuro, sendo os últimos 35 em rípio. Tudo isto nos provocou muita apreensão, principalmente após um novilho tentar atravessar a pista na nossa frente. Depois mais duas lebres. Ao chegar na cidade, conseguimos um hotel (El mejorzito, de acordo com um morador ou El uniquito como definido por mim). Conversando com o rapaz da recepção, ficamos sabendo que o paso para o lado chileno (que chega à La Serena) estava fechado, em função do acúmulo de gelo na parte próxima à fronteira. Ainda tivemos animo de ir à movimentada plaza por volta das 23:00 hs, tomar um gostoso sorvete. A cidade é sempre movimentada à noite por causa do forte calor dentro das casas. Bom para a dona da sorveteria. Achar um hotel a esta hora, só com a ajuda de Deus. A cidade, no mapa parecia ser bem pequena. Estávamos já pensando em dormir no carro. DICA DO DIA – O melhor, devido à luz solar, é iniciar bem cedo pelo Parque Nacional Talampaya (as visitas começam as 8:00 hs) e depois do almoço, visitar o Vale de La Luna, onde o pôr do sol é bem apreciado. Para isto, o melhor é fazer o passeio iniciando de Villa Union e dormindo em La Rioja.

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27/12 – San Juan de Jáchal – Mendoza – 423 km Este foi o dia mais tranqüilo até agora. Abastecemos e procuramos a Gendarmeria. Acabamos procurando-os na estrada e tivemos que voltar, pois a base fica na cidade. Confirmamos então que realmente o paso estava fechado. Seguimos para Mendoza, por carreteras muito bem conservadas. O único ponto negativo é a existência de muitas baldanas, que são depressões na pista para que, quando o degelo dos Andes se torna mais constante, os rios criados possam dar vazão através da carretera. Estas baldanas são de cimento para ter uma maior durabilidade à água. Chegamos em Mendoza às 13:00 hs e fomos almoçar no Shopping. Passamos a tarde procurando um hotel e acabamos ficando no mesmo de 2003, o Family Inn, por P$ 120, pois as outras opções estavam mais caras e o Íbis, pelo preço de P$ 69 era para duas pessoas. Para três, seriam necessários 2 quartos. No meio da procura por hotel, paramos em um posto YPF que vendia auto-peças e trocamos o farol baixo que havia queimado. Extra! Extra! Eram 18:00 hs quando eu estava descansando um pouco (na realidade dormindo bem profundo). Faltou força. Ouvimos forte barulho e abrimos as janelas. Estava ventando muito forte e começou a chover. A chuva aumentou e começou a cair granizo. Muito granizo. Pedras com mais de uma polegada da diâmetro encheram o chão, cobrindo todo o gramado e a rua dentro do hotel. Nosso carro estava em um local coberto por uma tela, mas ficamos preocupados com o estrago material na cidade, e principalmente com as pessoas que possivelmente estavam à rua. O calor anterior à tempestade estava realmente insuportável. Uma frente fria deve ter chegado muito rapidamente, provocando todo o estrago. Saímos, eu e o Érik, para comer sanduíches no Shopping, e pudemos notar o estrago da chuva. Vários pontos de inundação e diversos acidentes nas pistas. No Shopping, aproveitei para ligar para minha mãe e para nossos amigos chilenos, a família Berrios, para combinar de nos encontrarmos em Santiago.

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28/12 – Mendoza – Santiago – 429 km Após abastecer, pegamos a ruta 40 para o sul. Como estava demorando para chegar à ruta que seguiria para a fronteira com o Chile, através de Uspallata, na dúvida entramos em uma ruta secundária, que passa por parreiras e vinícolas, por uma estrada cercada por altas árvores. Local bonito. De volta à ruta correta, subimos os Andes e paramos em Puente Del Inca, local bastante interessante. Paramos também no Parque Provincial do Aconcágua, onde fizemos uma caminhada até um local com uma vista do majestoso pico, que, depois dos picos do Himalaia, é o mais alto do planeta. Atravessamos o túnel do Cristo Redentor, chegando ao Chile. Alguns km adiante passamos pela aduana integrada Argentina/Chile. Demoramos cerca de 1:30 hs para realizar os trâmites. Chegamos em Santiago às 18:00 hs após parar para um lanche rápido no posto Copec. Fomos direto ao mesmo hotel que ficamos na última vez, o Monteverde, no Bairro de Bela Vista (23.500 Pesos). Tomamos banho e fomos visitar nossos amigos. A avenida estava bastante congestionada. Chegamos à sua casa às 20:30 e só fomos sair às 1:30 h, direto para o Hotel. Ficamos sabendo que entramos em uma avenida nova (atravessa a cidade por túneis) que tem um sistema eletrônico de pedágio e que nosso carro deveria ter sido multado. 29/12 – Santiago – Chillan – 461 km Cansados, acordamos tarde, quase 9:00 hs. A Inês e o Érik ficaram descansando e eu fui à pé ao centro de Santiago para trocar os travellers checks por Pesos e resolver o problema do pedágio eletrônico. São quase 2 km ao centro. Chequei as cotações e troquei US$ 500, limite máximo do local, em um lugar (a $ 507) e US$ 300 no outro (a $ 503). Consegui comprar o passe do pedágio eletrônico para hoje e para o dia anterior. O único problema é que o sistema só registra placas com 6 dígitos. O pessoal da loja (Servipag) registrou com uma letra a menos e ficou de enviar um email aos responsáveis

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pelo sistema para regularizar nosso carro. Deram também o telefone da loja para caso eu tivesse algum problema. Ao meio-dia saímos do hotel e fomos a um novo shopping. Fizemos compras, almoçamos e acabamos saindo rumo ao sul quase 17:00 hs. Chegamos a Chillan após as 21:00 hs ainda com sem ter escurecido. Ficamos mais de uma hora procurando um hotel razoável por preço idem. No final pagamos $ 26.000 por um quarto limpo e espaçoso. No centro da cidade estava havendo um comício da candidata a presidente, Bachelet, favorita nas pesquisas. 30/12 – Chillan – Curacautín – 322 km Acordamos tarde e saímos às 10:00 hs. Novamente pela Ruta 5 – Panamericana – tomamos rumo ao sul. Paramos nos Saltos de Laja, bonita e surpreendentemente grande cachoeira. Tivemos alguns problemas com marimbondos, mas não chegaram a nos morder, talvez pelo nosso forte repelente. Ao sul de Los Angeles, após comermos um lanche num posto Copec, pegamos uma estrada de rípio, rumo ao interior (Parque Nacional de Tolhuaca), onde paramos para umas fotos. Não foi uma opção muito boa, pois os 95 km de rípio não são compensados pela beleza do local. Antes de chegar ao parque, tivemos problemas com longas subidas com muitas pedras soltas, que fizeram o carro perder tração e termos que voltar de ré para iniciar a subida novamente. Se tivéssemos ido pela rodovia asfaltada para Curacautín, chegaríamos bem antes e já seguiríamos para próxima etapa. Chegamos às 17:00 hs e tivemos que parar num hotel, pois estávamos muito cansados e com dor de cabeça. Hotel novo e bom, com preço razoável. Demos uma volta a pé pela cidade e comemos lanches que havíamos comprado no caminho. O Érik foi a uma lan house. 31/12 – Curacautin – Púcon – 244 km Tudo começa mais tarde por aqui. Descemos para o café as 8:15 hs e a Dona Inês que trabalha no hotel achou que madrugamos. Ficamos um bom tempo conversando com ela durante o café, sobre a tranqüilidade da cidade em contraposição com a violência de cidades maiores como Temuco, onde moram seus familiares e como roubaram todos os brinquedos e roupas de seu neto de 3 anos. Saímos quase 10:00 hs, mas não havia pressa, pois o tempo estava bem fechado, pelo menos até as 11 hs. Pegamos a estrada, de rípio, a caminho de Púcon, mas cruzando o Parque Nacional Conguillio. Este sim, muito mais encantador que o de ontem. O caminho dá uma volta ao redor do vulcão Lhaima (3125 m), passando por um mirante que fica sobre as pedras de uma das 3 grandes erupções registradas a partir do século 17 (1640, 1751 e 1957). É um rio de magma que se estende por quilômetros a partir do vulcão. Pelo painel, estávamos sobre o magma de 1957. Há lagos em vários locais do parque, cercados de bosques e picos nevados. Muito bonito. Recomendo a todos que forem para a região dos lagos.

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Paramos na cidade de Cunco e compramos pães, frios e bebidas para um lanche. Depois tomamos sorvetes. Novamente por estradas de rípio e um pouco de asfalto, seguimos para Villarica e Púcon. Subimos à estação de esqui para tirar fotos mais próximas do vulcão Villarica, no Parque Nacional homônimo. Quando as nuvens permitem, é possível observar uma fumarola saindo constantemente da cratera do vulcão. Tentamos visitar as cavernas vulcânicas que ficam próximas, mas estavam fechadas. Descemos então para Púcon e escolhemos uma interessante e confortável hosteria. Saímos para ver lojas e tirar fotos. Fui a uma lan house responder alguns emails e a Inês e o Érik ligaram para o Brasil. Voltamos para tomar um banho e saímos para ver os fogos, espetáculo muito bem produzido, uma vez que no Chile é proibido soltar fogos se não for através de empresa especializada. Púcon é realmente uma das mais bonitas e agradáveis cidades chilenas.

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01/01 – Púcon – Castro – 537 km O dia começou frio e nublado. Seguimos para Villarica onde compramos mantimentos para lanche em um supermercado. Foi uma boa idéia, visto que quase não haviam opções abertas para refeições ou lanches. Fomos por estradas secundárias, passando por mais dois lagos, Calafquen e Panguipulli, em meio ao tempo não muito animador e ruim para fotos, chegando à Panamericana (duplicada até Puerto Montt) em Los Lagos. Entramos rapidamente em Osorno, e tiramos fotos da praça, muito bem cuidada, com bonitas flores. Pegamos a balsa para Chiloé e seguimos até sua capital, Castro. Cidade pitoresca com suas casas de madeira, muito bem pintadas em um colorido chamativo. Tiramos fotos da Iglesia de San Francisco, de madeira e Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco. Outras atrações interessantes, as quais tiraremos fotos amanhã, se Deus quiser, são as palafitas. Ficamos em um hotel, de madeira, caro, mas razoavelmente confortável. Está frio. 02/01 – Castro – Puerto Varas – 287 km Pela manhã, após um bom café da manhã, no bonito e bem arrumado restaurante do hotel, tiramos várias fotos das coloridas palafitas. Algumas delas chegam a ser bem charmosas. Tiramos também mais algumas fotos da Iglesia de San Francisco, pois o tempo estava mais ensolarado. Pegamos a ruta 5 rumo ao norte, mas desviamos em dois pequenos e charmosos povoados, Dalcahue e Quemchi, ambos com igrejas de madeira, sendo a de Dalcahue também Patrimônio Cultural da Humanidade. Ao cruzar de balsa o canal Chacao, vimos diversas focas ou lobos-marinhos (difícil de distinguir à distância), pulando e mergulhando. Chegamos a Puerto Montt pela tarde, almoçamos um excelente Salmão em um restaurante no Posto Esso e visitamos a cidade, sua praia, o shopping e o mercado de produtos artesanais Angélmo. Final de tarde, nos dirigimos para Puerto Varas, chegando a tempo de tirar algumas fotos do Lago Llanqihue com os vulcões Calbuco e, talvez o mais bonito do Chile, Osorno. Na oficina de turismo fomos nos informar sobre os ferries da Carretera Austral e um deles tem trajeto longo e o preço nos assustou ($ 84.700 – sendo $ 9400 por pessoa e $ 56.500 pelo carro – ou US$ 167 – ou R$ 411). Escolhemos um bom hotel, por $ 26.000, passamos pelo Centro para comprar mantimentos para enfrentar a Carretera Austral e para o Érik comer uma pizza. Para quem quiser se aventurar pela Carretera Austral, o endereço da Naviera Austral é Avenida Angelmo 2187 – Puerto Montt – Telefones: 65-270430 / 431 / 432, a partir das 9:00 hs.

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03/01 – Puerto Varas – Purto Varas – 101 km Fomos rapidamente para o escritório da empresa Naviera Austral que opera o ferry-boat. O escritório fica ao lado da Feira de Angélmo, em Puerto Montt. Não havia como comprar a passagem para o mesmo dia. Deveríamos seguir ao local, cerca de 100 km ao sul, em sua maioria por estradas de rípio, e atravessar outro ferry, este em trajeto muito menor. Não havia garantia que haveria lugar no ferry e não há hospedagem em Hornopirén. Se comprássemos a passagem direto no ferry também não seria possível pagar com cartão de crédito. Resolvemos então comprar as passagens para o dia seguinte. Passeamos nas lojas de outro shopping de Puerto Montt, almoçamos e fomos passear pela estrada ao sul ao leste de Puerto Montt, onde observamos patos de pescoço negro e golfinhos. Voltamos à Puerto Varas, procurando um local que pudéssemos tirar fotos com vista da igreja e vulcão Osorno ao mesmo tempo. Achamos no meio de um belo condomínio de casas pré-fabricadas estilo canadense (estrutura metálica e paredes de um material semelhante ao gesso). A corretora nos mostrou a casa e disse que este material é melhor que as casas de madeira para uma região onde há muito vento e frio. Depois andamos bastante pela cidade, sendo que o Érik ficou na Internet. Pela tarde começou uma chuva que só foi piorando e durou toda a noite (e como veremos adiante, quase a semana toda!!!). Voltamos ao mesmo hotel do dia anterior. 04/01 – Puerto Varas – Chaiten – 190 km A chuva continua. Acordamos cedo e tomamos o café, bem caprichado, feito pela Sra. Ingrid, alemã e simpática proprietária do hotel, logo no primeiro horário, com medo de perder o ferry. Decidimos então seguir pelo caminho via Puerto Montt, mas que levaria a mais uma travessia de balsa, embora em um trajeto curto. A outra opção, seria a volta pelo vulcão Calbuco, seguindo o rio Petrohue e passando pela Reserva Nacional Llanquihue, foi descartada em função do mau tempo, que não nos permitiria ver as prováveis belezas deste

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trajeto. Em Pueto Montt pegamos a tão esperada ruta 7, a carretera Austral, ainda em área bem habitada e chegamos em La Arena em torno de 10:00 hs e o ferry estava quase saindo. Era um ferry pequeno onde devem caber uns 6 carros. No trajeto passamos por uma bela cachoeira que cai diretamente ao mar e logo em seguida, por uma colônia de lobos-marinhos. Um belíssimo fjord, um lugar realmente lindo. Do outro lado, chegamos a Puelche e seguimos pela Carretera Austral por mais 54 km até Hornopirén. Chegamos cedo, o que nos permitiu uma deliciosa refeição de salmão e merluza no pequeno mas bem preparado e movimentado restaurante ao lado da rampa do ferry e depois ficamos aguardando sua chegada. A viagem de ferry começou às 15:00 hs e como o tempo não havia melhorado, as paisagens não estavam muito atraentes. Assistimos Rambo no DVD da pequena área de descanso e depois, sob efeito do chacoalhar, que provoca um certo desconforto, fomos dormir no carro. Acordados pelo Érik, estávamos dentro do fjord Reñihue, já próximos ao destino final, Caleta Gonzalo. Lindo, mesmo com neblina foi possível ver cascatas no alto das montanhas, que deságuam direto no Oceano. Quase atrasamos a saída do carro ao ficar olhando as belezas do local. Na travessia conhecemos um rapaz, que trabalha na ONG Fundação Boticário, com sua filha de 9 ou 10 anos, este sim, numa verdadeira aventura, em trajetos de ônibus e acampando pelos parques Nacionais do Chile. Pegamos novamente a Carretera Austral por volta de 20:00 hs, uma hora antes do horário previsto de chegada, o que foi excelente para que pudéssemos seguir adiante ainda na claridade do dia. A estrada é linda, passa por vegetação bem fechada e alta, em meio a riachos, cachoeiras e morros bem escarpados. Renderia boas fotos se fosse mais cedo e com tempo mais ensolarado. Toda a área ao Sudeste de Hornopirén e ao redor de Caleta Gonzalo pertence a um empresário americano que as comprou e transformou no Parque Pumalin, em 1997. Foi um projeto bastante ousado e bem criticado na época pelos mais nacionalistas, mas, aparentemente, já está sendo bem aceito pelos chilenos. O medo é o mesmo que temos de perder a Amazônia para os americanos, mas acho que a intenção, neste caso, é das mais nobres. Chegamos em Chitén as 21:30. Procuramos até achar um bom hotel por $ 25.000. Não estava muito fácil. E continua chovendo. Se Deus quiser, amanhã melhora.

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05/01 – Chaiten – Coyhaique – 453 km Este foi o dia da Carretera Austral. Demoramos a sair, pois choveu forte durante toda a noite e faltou força. Não estávamos animados a sair com chuva, mas foi inevitável. Não conseguimos abastecer, pois as bombas não funcionavam pela falta de energia. Os primeiros 24 km foram no asfalto, em meio a diversas montanhas, com dezenas de cachoeiras brotando de seus supostos topos (na maioria das vezes a neblina encobria a vista do topo). Nos primeiros quilômetros do rípio surgiu um alagamento em cerca de 100 metros de pista. Esperamos um pouco e surgiram outros carros que também estavam receosos em atravessar. Apareceu então uma pick-up do outro lado que atravessou. Percebemos que a parte mais profunda deveria ter cerca de 30 cm. Atravessamos todos, sem problemas.

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A seguir, já com sol, atravessamos o Rio Yechio, em uma ponte suspensa, com uma bela visão do lago Yechio, paisagem que começava a se assemelhar com os lagos das Montanhas Rochosas Canadenses. Paramos para abastecer e comer lanches em La Junta e entramos a seguir no Parque Nacional Queulat, um lugar muito bonito, principalmente quando o sol aparecia. Diversas corredeiras, lagos, montanhas e o fjord Queulat propiciaram boas fotos e filmagens. Uma interrupção de 25 minutos ocorreu logo antes de Puyuhuapi, quando os carabineiros solicitaram que todos esperassem a chegada de um cortejo fúnebre em um cemitério a beira da estrada. Nossa próxima parada foi no Ventisquero Colgante, um lindo glaciar no alto de uma montanha, que gera uma forte cachoeira, que por sua vez, cai em um belo lago verde claro. As águas deste lago e de um rio próximo se encontram em uma forte corredeira. Para chegar ao lago, é necessário fazer uma caminhada de 600 metros, que passa sobre a corredeira, através de uma longa ponte pênsil. Custa $ 3000 por adulto (US$ 6) e $ 1000 por criança (US$ 2). Além desta caminhada ao lago, há outra mais curta (150 metros) para um mirante de onde se tem uma bonita vista do glaciar.

Voltamos a carretera, que estava muito boa até este local. Daí em diante, aparentemente as obras que visam alargar e, talvez, asfaltá-la, deixaram-na em mau estado. Foram cerca de 80 ou 100 km de vários buracos. Já estava começando a anoitecer, chegamos ao asfalto, onde rodamos mais 120 km em meio a belas montanhas, altas e bem escarpadas. Chegamos bem tarde em Coyhaique, depois das 22:00 hs e foi bem difícil achar hotel, sendo que quase todos estavam lotados. Conseguimos um razoável para ruim por $ 20.000. Algumas considerações sobre a carretera Austral – o traçado e o rípio são melhores que, por exemplo, a ruta para o Parque Nacional Tolhuaca, ou as travessias de San Pedro de Atacama para o Noroeste argentino – Há locais de natureza praticamente intocada, onde a carretera se torna mais estreita e a mata é bem fechada, quase invadindo novamente a carretera, e outros locais onde já há forte devastação, com queimadas e pastos – Em grande parte da

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carretera já existem diversos sítios, ou seja, a sua função inicial já obteve êxito, o povoamento da região ao sul de Pueto Montt, para evitar, no ponto de vista dos militares, a invasão da região pela Argentina. Mas temo que a povoação indiscriminada possa causar forte impacto ambiental. 06/01 – Coyhaique – Cochrane – 362 km Demoramos tanto para sair que foi possível pegar a feira de artesanato no centro da cidade abrindo. Deu tempo de dar uma visitada e partir adiante. Os primeiros 100 km são de um asfalto de dar inveja. Passamos por vales verdejantes em meio a criações de gado, paisagens verdadeiramente Suíças. No início altas montanhas, que começaram a escassear. Achávamos que daí para frente a paisagem seria mais monótona. Engano. Estávamos em um planalto e começamos a descer a serra até Cerro Castillo, outro local cercado por altos picos. O asfalto então acabou e vimos uma placa de inscrições rupestres. Entramos (2,5 km de rípio ruim). Paramos na central de visitantes e não havia ninguém, mas a trilha está aberta e seguimos adiante. Há diversos desenhos de mãos, tanto em negativo (pintado em volta) quanto em positivo (pintado pela mão). Até então o tempo estava bom. Cruzamos uma grande expedição de carros e motos do Brasil, que haviam descido até Los Glaciares e estavam subindo a carretera. O tempo então começou a piorar, variando bastante. O que mais impressionava eram as cores dos lagos e rios com grandes variações tonais entre o azul e verde. Paramos em Puerto Tranquilo as 16:30 hs para um passeio de barco de 1:30 hs pela Capilla de Marmol (capela de mármore), umas formações de mármore em uma das bordas do Lago General Carrera. Há uma enorme quantidade de cavernas e formações erodidas e polidas pelas águas do lago, possuindo um formato singular. Vale os $ 20.000 cobrado. O único porém foi a forte chuva que pegamos durante quase todo o passeio.

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Quando chegamos o tempo estava bom, mas começou a chover durante os preparativos para saída. Mais a frente, novamente na Carretera, uma ponte em construção atrasou uns 20 minutos nossa jornada. Chegamos em Cochrane por volta das 20:00 hs e não havia local disponível para acomodação. Tentamos em uns 10 locais. Quando já estávamos quase convencidos em dormir dentro do carro em um camping (estava chovendo o que dificultaria armar a barraca), tentamos o último local que havia sobrado. Neste local não havia quarto disponível, mas indicaram uma última hospedagem, a qual não havíamos visto. Foi a salvação. Tudo muito improvisado, mas bem melhor que dormir sentado no carro. Quem indicou esta hospedagem foi um chileno que havia morado no Brasil, Carlos. 07/01 – Cochrane – Chile Chico – 457 km A idéia era sair bem cedo. Para isto acordamos cedo e fomos direto ao café. O Carlos desceu e também foi tomar café conosco. Foi um tempão de um bom papo. Embora tenha morado no Brasil somente 3 anos, já é mais brasileiro do que muitos. Jogou volley na seleção do Chile e hoje trabalha para o Governo, em desenvolvimento da região sul. Um cara realmente muito simpático e bem extrovertido. Deu um CD de um músico amigo ao Érik, e nos indicou um novo paso para Argentina, próximo à Vila O’Higgins, final da carretera Austral, pedindo que passássemos nos Carabineiros para checar se estava aberto. Foi o que fizemos e ficamos sabendo que faltam 2 quilômetros para finalizar esta ruta. Seguimos então para Puerto Yungay, que seria nosso destino final na carretera Austral, uma vez que para Vila O`Higgins é necessário atravessar em balsa para completar os 100 km finais e a balsa só atravessa 3 vezes ao dia, sendo necessário reservá-la no posto de Carabineiros em Cochrane. Achamos desnecessário este trecho final. Novamente o tempo chuvoso das primeiras horas melhorou no decorrer do dia e piorou mais tarde, mas foi o suficiente para belas fotos de lindos rios, lagos e montanhas, além da própria carretera, que por vezes passava em meio a bosques e por outras vezes ao lado de bonitos precipícios. Faltavam 30 quilômetros para Puerto Yungay e surgiu uma

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placa com 30 km à esquerda para Yungay e 22 km para direita para Caleta Tortel. Olhamos em nosso guia Turistel e resolvemos mudar o itinerário para Caleta Tortel. Bonita vila, fica no final do rio Baker, o de maior volume d’agua no Chile e no meio de fjords com saída para o Pacífico. No final da ruta há um grande pátio onde todos estacionam e vão à pé para Vila. Do alto é possível admirar toda a beleza de Caleta Tortel em meio às águas verde claras do Rio Baker. Todas as casas são interligadas por passarelas e escadarias suspensas de madeira. Não há ruas. Desci ao nível do mar para tirar algumas fotos. Fizemos um lanche e voltamos. Pegamos novamente a Carretera, rumo a Chile Chico ou Perito Moreno (Argentina). Encontramos um casal de brasileiros de Cotia, perdidos em Cochrane, em sua Land Rover, com destino ao norte. Indicamos a direção e seguimos adiante. Saímos da Carretera Austral rumo a Chile Chico, quando chegamos a região do Lago General Carrera. Aí a estrada piorou. Imaginem uma enorme serra caindo quase verticalmente no lago por quase uma centena de quilômetros. A estrada foi talhada na pedra. Perigosa e lenta, pois são várias subidas e descidas, com muitas pedras caídas no meio da pista. O rípio é duro e a grande maioria do percurso apresenta ondulações na pista que fazem os amortecedores e molas trabalharem bastante. No final da serra, chegamos a Chile Chico e o tempo ficou ensolarado, afinal estamos saindo de uma zona de floresta sub-tropical e entrando em um clima quase desértico. Novamente hotéis lotados pois a cidade vizinha na Argentina abriga um festival de cerejas e os turistas acabam procurando hotel do lado chileno. Conseguimos um razoável com banheiro coletivo por $ 18.000. Fomos jantar salmão. Depois fui à internet para enviar email para minha família que deveria estar preocupada, pois estamos tentando ligar a alguns dias e não estamos conseguindo. Sobre a Carretera Austral – Depois de 4 dias e 1075 quilômetros rodados (e mais 175 no retorno), acho que podemos ter uma visão do que é a Carretera. Difícil é definir uma ruta que apresenta tantas variações em cada pequeno trecho. O rípio é por vezes algo parecido com asfalto, outras vezes bem macio, mas no momento seguinte é todo ondulado e duro. A vegetação varia do mangue ao bosque sub-tropical, passando por pastos, mata fechada e locais quase desérticos. Os rios e lagos a cada momento mostram uma nova tonalidade de azul, verde ou mesmo preto. Tudo mudando em um ritmo frenético, muito longe do monótono. Trechos muito largos também se alternam com curvas fechadas e bem estreitas e seja o que Deus quiser. Só duas coisas são constantes, a falta de estrutura ampla ao turismo e os preços altos. Mas não se assustem, não chega ser necessário dormir no carro. Também não é necessário ir com um jipão 4x4. O nosso Adventure se comportou bem, mesmo com forte chuva, afinal o rípio com chuva é 10 vezes melhor que estradas de terra com chuva.

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08/01 – Chile Chico – Gobernador Gregores – 530 km Ao levar as malas ao carro, vejo o pneu traseiro esquerdo furado. De novo, dois anos depois, também no Chile, o mesmo pneu. Enchi com nosso prático e pequeno compressor. Fomos à Aduana e, do lado chileno, a funcionária me disse que o documento de importação temporária do automóvel deveria ter duas vias e só havia uma. Sendo assim ela tirou uma cópia, assinou e me passou para que não tivesse problemas na Argentina. Mesmo assim, falou que qualquer problema, ligassem para ela. Do lado argentino foi mais tranqüilo. Após conversarmos sobre futebol, um dos funcionários da Gendarmeria me pediu carona até Perito Moreno. Passamos para a etapa da aduana, onde expliquei o problema do documento e a resposta foi simples – O Brasil é um dos países do Mercosul e não precisamos deste documento para entrar na Argentina, nosso trânsito é livre. Levamos o funcionário para Perito Moreno, antes passando em Los Antiguos, agitada pela festa da Cereja. Em Perito Moreno consertamos o pneu do carro, que apresentava um furo causado por uma pequena e pontiaguda pedra de origem vulcânica. Mais uns 15 km de asfalto e entramos no rípio. Numa região semi-desertica e mais plana, a ruta 40 que atravessa o país do Norte ao Sul, acompanhando os Andes, apresenta um rípio, no geral, mais macio e fácil de guiar que o rípio da Carretera Austral. Passamos pela entrada do Cueva de Las Manos, Patrimônio Cultural da Humanidade, mas a placa indicava 20 km + 2 km de trekking difícil. Seguimos 60 km adiante e entramos na entrada principal, onde praticamente retornaríamos quase 50 km. No problem. Chegamos por volta das 14:00 hs ao local. Um lindo canyon, com o centro de visitantes, recém inaugurado e ainda sem serviços básicos, como lanchonete, ocupando uma posição de destaque, quase no topo do canyon. Má notícia. Fomos informados que há somente visitas guiadas de 2 em 2 horas e a próxima seria às 15:00 hs. A boa notícia é que os boletos de estrangeiros haviam acabado e pagaríamos P$ 5 ao invés de P$ 15 por pessoa (P$ 5 é o preço para residentes da Província, P$ 3 para residentes nas cidades próximas e P$ 7 para os demais argentinos). Avistamos a outra entrada e realmente a opção foi boa. Se fizéssemos o outro caminho,

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teríamos que atravessar todo o canyon na ida e na volta, subindo-o e descendo-o por duas vezes. O local é muito bonito e as pinturas rupestres e das mãos são bastante interessantes. Eu nunca havia visto tantas pinturas juntas. Ouvimos todas as explicações das 3 fases de pinturas e das hipóteses de como os habitantes caçavam guanacos, há mais de 7 mil anos. Só estranhamos o fato do guia finalizar as explicações e solicitar que ninguém atravessasse as cercas, não jogassem lixo e que poderiam ficar olhando e tirando fotos. Ele foi o primeiro a voltar ao centro de visitantes. Ficamos preocupados se todos teriam consciência na preservação. Paramos em Bajo Caracoles para comprar lanches, colocar um pouco de combustível e checamos os preços do caro e desprovido hotel. No bar, conhecemos um casal de brasileiros. Eles estavam voltando de Ushuaia. Trocamos informações, emails, telefones e seguimos até Gobernador Gregores, onde ficamos em uma excelente cabaña por P$ 100.

09/01 – Gobernador Gregores – El Calafate – 627 km É quase1 h da manhã e estou no carro ao lado da barraca de camping fazendo o diário. De manhã conseguimos dar uma arrumada geral no carro. Erramos o caminho na saída de Gobernador Gregores, mas logo corrigimos o erro. A ruta secundária que nos leva até a Ruta 40 é excelente. Cheguei, sem perceber, a 110 km/h. Diversos animais atravessavam a pista, incluindo guanacos, zorros e vizcaias (lebres). Pegamos a ruta 40 e, logo após Três Lagos, havia asfalto novo, que nos levou até 10 km antes de El Chaltén. Linda visão do lago e dos enormes picos, incluindo o Fitz Roy e o glaciar Viedma.

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Em El Chaltén paramos no escritório de informações turísticas e fomos ao glaciar Huemul, uma caminhada de 2 km com desnível de 220 metros. Eu e o Érik subimos para ver um lindo lago no alto, com uma montanha do outro lado e um glaciar pendurado no meio. Do nosso lado, uma cachoeira. Lugar maravilhoso, que já havíamos visitado em 2001.

De lá, paramos em Chaltén para checar preços de hotéis. Tudo muito caro. Seguimos para El Calafate. No caminho, encontramos um casal de brasileiros fazendo a mesma expedição, mas em sentido horário. Trocamos informações, email e telefone e seguimos. Chegamos em Calafate após as 22:00 hs. Hotéis caríssimos, acima de P$ 160 e nos que ainda havia vaga, em torno de P$ 200. A solução foi o camping. O Érik resolveu dormir no carro e eu estou indo agora

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para a barraca. Tudo isto após uma pizza muito boa e, surpreendentemente barata (P$ 16). Boa Noite.

10/01 – El Calafate – El Calafate – 178 km Muito cedo acordamos e fomos direto ao Aventuras e Hielo, onde chegamos por volta das 7:30 hs para garantir lugar no caro passeio chamado Minitrekking. Sai P$ 210 por pessoa e mais a entrada para o parque (P$ 30 para estrangeiros). A Inês resolveu não ir por conta das fotos onde haviam pessoas pulando fendas de gelo. Compramos os tickets e fomos ao YPF tomar o café da manhã. O passeio foi bastante interessante. São 5 horas no total. Atravessamos o lago em um barco veloz e caminhamos 100 metros até o abrigo, onde há banheiro e um local para deixar os pertences. Caminhamos mais 500 metros até a entrada do glaciar Perito Moreno. Colocamos os gampones (estrutura metálica com pinos que fincam no gelo) nos tênis e iniciamos a caminhada. São 3 guias para cada grupo e no nosso horário haviam 2 grupos (inglês e espanhol).

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A caminhada não é muito difícil depois que nos adaptamos aos grampones. Os locais por que passamos são maravilhosos. Diversas pequenas fendas de um azul muito forte e várias cursos d’agua internos e externos ao glaciar estão presentes durante todo o percurso. Há explicações sobre a formação do glaciar. Interessante é que este é um glaciar considerado estável, pois cresce o mesmo que derrete. Muito em função de sua posição, que acaba dividindo o lago Buenos Aires em 2. No inverno o glaciar chega à península e impede a passagem de água entre os dois pedaços do lago. Como a parte sul só recebe água e não tem saída, o seu nível eleva-se. No verão, a força d’agua acaba rompendo este pedaço de gelo, e é quando temos o espetáculo mais esperado, quando toda esta estrutura de mais de 50 metros de altura cai sobre a água. Terminado o passeio, fui ver um pouco mais do glaciar nas passarelas que ficam bem em sua frente. Voltamos a cidade, troquei dólares por Pesos argentinos e por Pesos chilenos e fomos passear no movimentadíssimo centro. Comemos massa e pizza, para variar. Fomos também à internet.

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11/01 – El Calafate – Torres Del Paine – 501 km Demoramos em pegar a estrada neste dia. Combustível e café da manhã, depois de desarmarmos a barraca, foram os motivos para a demora. Saímos de El Calafate após as 10:00 hs. Errei o caminho. Fui seguindo o asfalto e acabamos chegando em Rio Turbio, num paso muito ao sul, atravessando para o lado chileno já em Puerto Natales. O outro caminho levaria a um Paso bem mais próximo de Torres Del Paine, economizando cerca de 150 km, com a desvantagem de rodarmos mais por rípio, mas com uma aduana bem menos movimentada. Em Natales compramos mantimentos e fomos às Torres. Chegamos por volta das 18:00 hs, pagamos a entrada ($ 10.000 por adulto e somente $ 500 por crianças). Ficamos no Camping de las Torres, por $ 3500 por adulto. Boa estrutura. Bom banheiro, num lugar fabuloso. Fizemos um pic-nic. Estou dentro de nossa barraca Iglu da Coleman (3 metros x 3 metros), escrevendo este diário.

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12/01 – Torres Del Paine – Puerto Natales – 274 km Pela manhã, seguimos até as principais atrações. Fotografamos rapidamente o maciço rochoso que fica a frente das torres, a partir do lago Nordenskjold e fomos realizar uma pequena caminhada de 500 metros ao Salto Grande, uma linda cachoeira, bem à frente das torres e do Cerro Paine (o mais alto, com mais de 3.000 metros de altura).

A temperatura ambiente, as nuvens sobre o maciço e tudo que se relacionasse com o clima, variava intensamente e em períodos de tempo muito curtos. Tudo em função dos fortes ventos. Na volta da caminhada do salto Grande, fui cumprimentado por um homem com boné da Varig. Respondi em português e acertei. Ele era piloto aposentado, e seu filho, piloto na ativa, ambos da Varig. Pessoal muito legal. Ficamos conversando por mais de uma hora. Eles estavam de ônibus e seguiriam para Puerto Montt, de onde atravessariam a Carretera Austral de bike. Trocamos muita informação e os emails. Fomos então ao centro de informações, onde fizemos um lanche no carro. Em seguida, lago Grey. Ao chegar estacionei ao lado de um Peugeot brasileiro, que também estava estacionando. Placa de Campinas. Cumprimentei-os e o rapaz perguntou de onde eu era. Quando respondi, ele falou que nasceu em São Bernardo. Nos olhamos melhor e percebemos mais uma grande coincidência, era meu antigo vizinho, o Adilson, que estava fazendo caminho inverso. Tiramos fotos juntos. Caminhamos bastante contra ou a favor de um vento muito intenso. O lago Gray recebe grandes icebergs, provenientes do Glaciar Gray. São pedaços que chegam bem próximos à praia onde caminhamos. Os pedaços de gelo são bem azuis. Da praia é possível ver o glaciar, embora a distancia seja bem razoável. Novamente no centro de informações, questionei se a saída para Puerto Natales, através do Rio Serrano estaria aberta, e nos informaram que ainda estava em construção. Fomos ao Camping e nossa barraca estava toda dobrada com pedras sobre ela. Um rapaz veio nos avisar que ela havia voado com os fortes ventos e ele a segurou e dobrou. Agradecemos e recolhemos rapidamente a barraca e tudo

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que havia dentro dela e fomos ao carro, pois estava começando a chover mais forte. Combinamos, sem convencer ao Érik, de dormir no carro. Como ainda era 20:00 hs, estava muito difícil dormir. O banheiro estava longe. Resolvemos seguir até Cerro Castilho para conseguir um lugar melhor para dormir. Lá só havia uma estância, cujo custo era de US$ 75. Pneu dianteiro esquerdo quase no chão. Enchi e seguimos para Puerto Natales. Ao chegar no asfalto, tivemos que enchê-lo novamente. Chegamos em Natales quase meia-noite e após uma rápida procura (os dois primeiros estavam bem caros), achamos um bom hotel por $ 20.000.

13/01 – Puerto Natales – Punta Arenas – 332 km Acordamos tarde, em função do cansaço do dia anterior. Arrumamos o pneu e demos uma volta pela cidade, que cresceu bastante desde 2001. Compramos alguns mantimentos e consumimos na viagem. Cerca de 25 km antes de Punta Arenas, entramos na pinguineira Seno Otway (US$ 6 ou $ 3.500 – escolhemos pagar em dólares, pois a tabela foi definida já há algum tempo e o dólar esta caindo no Chile), um dos melhores locais para observação de pingüins que conhecemos. Uma passarela, com cerca de 1 km, passa por toda a pinguineira, onde podemos observá-los bem de perto. Em 2001, fomos em Dezembro e os filhotes estavam quase todos dentro das tocas. Agora, em Janeiro, já ficam fora e são quase do tamanho dos pais. Um passeio muito legal. Infelizmente a câmera do Érik travou durante este passeio. Da rodovia principal, o trajeto tem cerca de 70 km ida e volta, por carretera de rípio em bom estado. Passamos na Zona Franca para dar uma olhada nas lojas. Escolhemos um hostal muito bom, por US$ 50.

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14/01 – Punta Arenas – Punta Arenas – 38 km Este foi o dia mais tranquilo da viagem, ou ao menos o dia em que menos estivemos na estrada. Acordamos tarde e fomos até a empresa Transbordadora Austral, que opera os ferries até Porvenir. Mesmo chegando às 10:00 hs, não havia vaga para o dia seguinte. Deveremos então seguir para Primeira Angostura (o que seria o primeiro estreito do Estreito de Magalhães). Fomos à Zona Franca, ao mirante da cidade e ao centro. Não há grandes narrativas para este dia. Agora vou assistir Boca x River. 15/01 – Punta Arenas – Ushuaia – 656 km Mais um dia de estrada. 180 km até a balsa. A travessia foi ruim. O vento estava muito forte e a balsa balançava muito. Depois da balsa, a estrada segue por um território muito plano até chegar até as aduanas. Alguns quilômetros antes de chegar a aduana chilena, há um entroncamento com a carretera que vem de Porvenir. Um carro que vinha de Porvenir entrou bem na minha frente em alta velocidade. Uma pedrinha atingiu o pára-brisa e temos um pequeno trinco de recordação da Terra do Fogo. Na aduana argentina o oficial me perguntou se eu era Tricolor. Não. Perguntou se era Corintiano. Também não. Quando falei que era palmeirense, ele disse que a proporção é de 3 corintianos para 3 são-paulinos para 1 palmeirense e nenhum torcedor da Portuguesa. Outro oficial falou que iria sair para tomar uma caipirinha. É impressionante como temos sido bem tratados nas aduanas, especialmente nas argentinas, e como todos gostam de falar de futebol, principalmente sobre Tevez e Ronaldinho. Paramos em Rio Grande para abastecer e tomar um lanche. Chegamos em Ushuaia e começamos a procurar o Hotel de nossos amigos argentinos, Carlos e Alicia, no qual ficaríamos hospedados. Sua filha, Nathalia, trabalhando num escritório de Turismo em Ushuaia, fica numa cabana anexa ao hotel. Achamos o Hotel através da Internet e telefone, na realidade um SPA com atividades de inverno, que fica na ruta 3, em frente ao Rio Olívia, um local paradisíaco. E cá estamos.

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16/01 – Ushuaia – Ushuaia – 81 km Após um delicioso café da manhã neste excelente hotel, saímos rapidamente para não perder o trem. O trem do fim do mundo utiliza-se de um trecho de uma antiga estrada de ferro que levava os detentos de Ushuaia (a cidade nasceu abrigando uma famosa colônia penal, extinta em 1947, por ordem de Perón) ao bosque (hoje Parque Nacional Tierra Del Fuego), para extração de madeira para construções e aquecimento. As maquinas são muito bem cuidadas, sendo que duas delas são a vapor. O passeio, embora caro (P$ 55 + P$ 20, este último para entrada do parque) é imperdível. A narração em espanhol, que explica toda a história de Ushuaia e do presídio, também o é. O tempo, ruim no início do passeio, foi melhorando até que no final o sol já estava aparecendo.

Aproveitamos que já tínhamos as entradas, e fomos ao Parque Nacional, até o fim da Ruta 3, que se inicia em Buenos Aires e finaliza 3.063 km ao sul, na Baia de Lapataia.

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Fotografamos finalmente uma árvore torta pela ação do vento (procurávamos uma árvore destas desde 2001), visitamos uma represa construída por castores e seguimos rapidamente ao centro para comprar os tickets do catamarã que faz o tour pelo canal de Beagle até uma colônia de lobos-marinhos, uma de comoranes (pássaros) e pela mais esperada, a pinguineira. Salgado (P$ 145 + P$ 5 de taxa portuária, mas como brinde, dá direito à entrada no aquário de Ushuaia e um chocolate quente), mas este é o outro passeio imperdível de Ushuaia. O Catamarã é quase todo envidraçado e possui um grande corredor externo que margeia todo o barco, além de um grande terraço no alto. Perfeito para observação dos tão esperados animais. O passeio dura 6 horas, sendo que as 3 primeiras horas são as que realmente importam, passando por todos os pontos de observação e em frente ao vilarejo de Puerto Willians, base militar chilena, que está crescendo e almeja o posto de cidade mais austral do planeta, quando se tornar uma Municipalidad. Em cada parada há tempo suficiente para fotografar e filmar todos os animais, mas ficamos muito mais tempo em frente aos pingüins. Do outro lado da pinguineira ainda foi possível ver um raro (na região) pingüim Rei, de maior porte e com bico amarelo. A volta já não é tão atraente, contra a correnteza do canal de Beagle, o barco chacoalha mais, muito embora desta vez foi muito mais suave do que ocorreu em 2001. Chegamos ao hotel às 21:45 hs e o Érik e a Inês foram jantar no restaurante. Eu fiquei no quarto, pois estava um pouco enjoado.

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17/01 – Ushuaia – Tolhuim – 150 km O dia começou tarde, com um passeio ao Glaciar Martial, onde se sobe de carro até a entrada de um longo teleférico (P$ 15), que chega a uma trilha, também longa, ao Glaciar. Chegamos até um local da trilha onde a visão do Glaciar é total e resolvemos não enfrentar a longa subida que estava a nossa frente. Descemos pelo teleférico, apreciando uma bela vista da cidade, porto e aeroporto. Visitamos a Nathalia, e passeamos bastante pela cidade, almoçando filé de merluza em um café da cidade. Ainda fomos ao aquário (gratuito em função do passeio de barco, mas que custaria P$ 20). Sinceramente, não indico este passeio. Poderia ser melhor cuidado e ter mais espécies marinhas. Em seguida fomos ao Museu do Presídio. Uma visita guiada nos mostra o interior do antigo presídio, contando sobre o dia-a-dia dos mais famosos presos que ali estiveram. Não foi muito atraente pois o guia fala ininterruptamente por uma hora, e de forma extremamente rápida, ficando difícil o entendimento. Vida dura levavam os condenados naquela época. Estrada rumo a Tolhuim onde chegamos as 22:00 hs, ainda de dia, mas a cabaña que fomos procurar, onde ficamos em 2001, já não funcionava mais. Achamos outra, em um complexo turístico, ao preço de P$ 100. Nada muito bom, mas deu para descansar. 18/01 – Tolhuim – Rio Gallegos – 502 km Perdemos a hora. Acabamos acordando um pouco antes das 10:00 hs, pois não ouvi o despertador e a Inês, já acostumada em ser acordada por mim, ouviu, mas continuou dormindo. Foi o dia das Aduanas. Nada muito interessante no caminho. Paramos para trocar dólares por pesos em Rio Grande, atravessamos a primeira aduana em San Sebastian, onde houve um pouco de confusão pois carimbaram saída quando entramos 2 dias antes. A Inês dirigiu o próximo trecho, até a balsa. Demoramos bastante na fila, visto que aparentemente estavam limpando a balsa. Atravessando o estreito de Magalhães começou a chover, chuva que nos acompanhou até as proximidades de Rio Gallegos. Passamos pela segunda aduana e chegamos a

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Rio Gallegos por volta das 20:00 hs. Procurando hotel, passamos pelo centro e pela Costanera. Percebemos que em 2001 não havíamos chegado no centro, que é bonito e movimentado. Conseguimos um hotel bom por P$ 100 e fomos a um restaurante tipo fast-food. O restaurante, de uma rede de supermercados não foi grande escolha. 19/01 – Rio Gallegos – Caleta Olívia – 755 km Em meio a forte chuva, partimos após um fraco café da manhã. Rua inundadas. Choveu a noite inteira, algo anormal em local muito seco. Paramos 30 km adiante para visitar a dona do hotel que nos acolheu em 2001. Ela ficou muito contente com a nossa visita e nos serviu café e refrigerante. Ficamos conversando quase uma hora. O prédio do hotel tem 121 anos, e o Sr. Cortez a cada dia constrói algo em madeira para melhorar o local. Ainda existe o banheiro coletivo do tamanho de um quarto com uma banheira centenária. Seguimos até Caleta Olívia, parando apenas em Piedrabuena para almoço e em Puerto San Julian para abastecer e trocar de motorista. Dormi a tarde inteira. Demoramos um pouco para achar hotel em Caleta Olívia e ficamos em um recém inaugurado por P$ 98. Nenhum dos 3 hotéis que olhamos oferecia café da manhã.

20/01 – Caleta Olívia – Gaiman – 509 km Aproveitamos a manhã para trocar o óleo do carro, o que atrasou bastante a viagem. O rapaz que deveria chegar as 9:00 hs, acabou atrasando 40 minutos. Depois também houve demora para colocar o protetor do cárter, pois a porca fica solta em local totalmente inacessível. Paramos rapidamente em um supermercado em Comodoro Rivadavia para comprar mantimentos para um lanche, que comemos na estrada. Tentamos entrar em Punta Tombos (maior pinguineira do mundo) e não conseguimos pois a ruta sul estava fechada. Fomos então ao Museu de Paleontologia de Trelew (Museu Paleontológico Egidio Feruglio) o qual é, sem dúvidas um dos melhores, senão o melhor, que

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conheço. Há visitas guiadas, que explicam todas os períodos paleontológicos e mostram as réplicas e fósseis de todos os períodos. Extremamente moderno e montado de forma espetacular, é uma das melhores atrações da Patagônia. Depois procuramos hotéis e não achamos nenhuma boa opção. Fomos para Gaiman tomar o chá Gaulês, acompanhado de tortas e bolos. Muito bom. Conseguimos um simpático hostal, depois de muita procura, em Gaiman.

21/01 – Gaiman – Puerto Madryn – 355 km Este seria o dia do rípio, se desse tempo. Não foi o que ocorreu. Nossa idéia era sair bem cedo, ir a Punta Tombo e depois rodar toda a Península Valdés. Saímos um pouco tarde, mas conseguimos chegar a Punta Tombo antes das 10:30 hs, mas como o local era realmente fora de série, demoramos muito. Também ficamos algum tempo conversando com um casal português que faria mais ou menos o mesmo percurso que o nosso, mas combinando aviões, táxis e excursões. É a maior pinguineira de pingüins magallanicos do mundo. São mais de 1 milhão de exemplares. Eles circulam até pelo estacionamento, onde devemos tomar muito cuidado ao manobrar. Há uma trilha por onde se chega muito próximo aos pingüins, visto que eles não respeitam muito a cerca e caminham pela trilha, junto com as pessoas. Os filhotes, já quase do tamanho dos pais são mais tranqüilos e não tem medo, enquanto os adultos são um pouco mais arredios. A praia onde fica Punta Tombo também é linda e além dos astros principais também há outros na redondeza, como guanacos, albatrozes, gaivotas e os cuis, roedores que se aparentam com esquilos. Saímos de Punta Tombo e passamos por Rawson, que não achamos muito interessante. Percebemos que o pneu traseiro direito estava furado. Enchi com o compressor e, a caminho de Trelew, fomos procurando uma Gomeria (Borracharia). A única, no caminho, estava fechada. Fomos então para Puerto Madryn, onde achamos uma Borracharia aberta, mas não consertaram por achar que era um defeito de fabricação (posteriormente, no Brasil, constatou-se que era apenas um furo, que fazia o ar vazar por vários pontos). Trocamos pelo estepe e fomos procurar hotel, pois já era quase 17:00 hs e não havia tempo

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de ir à Península. Hotéis lotados, fomos até o Centro de Informações turísticas. Nos deram 3 opções. Na primeira (onde acabamos ficando) o preço era de P$ 148 + P$ 5 pelo estacionamento. Nos cobraram preço de apartamento quádruplo, que era o único disponível. Na segunda opção não havia vaga e na terceira nem fomos, pois o preço informado era mais alto ainda. Ainda fizemos um passeio pelo Ecocentro, uma mistura de museu com centro de estudos e de artes. Interessante, mas poderia ser mais abrangente, com exposições, maquetes com animais marinhos ou mesmo algo parecido com aquários. Parece que faltou algo. Deixei a Inês e o Érik passeando pelo centro e fui ao hotel. Voltaram com uma pizza. Puerto Madryn, assim como Rio Gallegos era muito maior e mais movimentado do que imaginávamos. Em 2001 não passamos pelo centro, seguindo a Ruta 3, que passa apenas por um bairro, que pensávamos ser o centro.

22/01 – Puerto Madryn – General Conesa – 816 km Tentamos novamente sair cedo para que pudéssemos recuperar um pouco do atraso. Até que não saímos muito tarde. Fomos direto a Península Valdés. A idéia era ir diretamente ao norte (Punta Norte) ver os lobos-marinhos e leões-marinhos, passar por Caleta Valdés, onde há outra lobeira e uma pinguineira e depois tomar a ruta 3 rumo ao norte. Logo na primeira parada nosso planejamento foi perdido. Ocorre que chegamos em maré baixa, por volta do meio-dia e haveria possibilidade de aparecimento de orcas, que se alimentam de leões e lobos-marinhos, entre 2 horas antes da maré alta e 2 horas depois, que seria entre 14:10 e 18:10. Resolvemos ir rapidamente a Caleta Valdés e voltar a tempo de ver as orcas. Tanto em Punta Norte quanto em Caleta encontramos o mesmo casal português do dia anterior, com os quais conversamos bastante. Vimos rapidamente a pinguineira e a lobeira e voltamos a Punta Norte às 14:40 hs. Ficamos até 16:40 hs e não apareceu nenhuma orca. Como o mar estava agitado, a possibilidade de aparecimento das mesmas era muito pequeno. Sendo assim, pegamos a estrada novamente. Paramos em Puerto Pirámides para abastecer e tentamos conseguir um hotel

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em San Antonio do Oeste, mas estavam todos lotados. Já era quase 22:00 hs e tivemos que pegar a estrada rumo a General Conesa, onde havia um único hotel. Conseguimos, graças a Deus, chegar por volta de 23:30 hs e havia vaga. Estamos extremamente cansados. 23/01 – General Conesa – Lujan – 994 km Dia de estrada. Muita estrada. Depois de uma espera sem sentido para tomar o café da manhã, que era apenas uma media-luna (croissant argentino que é uma delícia) e café ou café com leite, rodamos quase 1000 km, em grande parte pela ruta 5, parando apenas para abastecer ou tomar lanches. Chegamos a Lujan e ficamos num hotel muito próximo a Catedral, com suas torres atingindo 107 metros de altura. 24/01 – Lujan – Buenos Aires – 90 km Demoramos bastante para sair. Chegamos a Buenos Aires por volta das 10:00 hs, diretamente no centro comercial (Lavalle x Florida). Passeamos pelas lojas e pelo bonito Shopping Galerias Pacífico. Fomos então, conforme combinado no dia anterior, por telefone, à casa de nossos amigos Alicia e Carlos, os mesmos que nos regalaram com duas noites em Ushuaia, no seu hotel. Conversamos bastante pela tarde, passeamos na Avenida Rivadavia, que tem um comércio intenso, mesmo estando a 6 km do centro. Começou a chover forte e esperamos passar para voltar ao apartamento. À noite chegaram o Sr. Alfredo e Sra Haydee, pais da Alicia, para um saboroso jantar, e ficamos conversando até quase 1:00 hr. Fui informado pelo Carlos sobre o problema da Fábrica de Papel que está sendo construída na margem uruguaia do Rio Uruguai, o que tem gerado fortes protestos e fechamento das pontes que ligam os dois países. Como não havia disponibilidade no Ferry boat para o Uruguai, nossa primeira opção de travessia, ficamos então de avaliar a situação, questionando a policia antes de ir até a primeira ponte, a qual fica longe da ruta 14 (se estivesse bloqueado teríamos que voltar vários quilômetros e tentar em outra ponte mais a frente). 25 – Buenos Aires – Montevideo – 643 km Despedimo-nos da família Montaldo após o café da manhã, agradecidos por termos sido tão bem recebidos e partimos adiante. Em Galeguachuy perguntei nas Informações turísticas e informaram que a ponte não estava bloqueada. Seguimos e passamos. Não troquei os Pesos argentinos por uruguaios pois achei que estavam convertendo com taxa baixa (a troca pode ser feita dentro da Aduana!! e utilizei como fator de comparação o pedágio da ponte). Ocorre que as taxas estavam corretas. Na ponte a conversão é prejudicial a quem paga com Pesos uruguaios. Entramos em Fray Bentos para trocar os pesos pela mesma cotação de 7,2 para 1. As estradas para Montevideo são boas, mas passam perto de áreas urbanas e os limites ficam variando entre 45, 60, 75 e 90 km/h. Somente nos últimos 100 km por vezes surgem avisos permitindo 110 km/h. Demoramos bastante para chegar. Fomos ao Ibis e estava lotado. Nos sugeriram o Hotel Europa, no centro, uma boa opção com bom preço (US$ 43 para 2 quartos). Jantamos no Mac Donalds.

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26/01 – Montevideo – Punta Del Este – 229 km Um café da manhã estilo brasileiro foi um bom começo de dia. A idéia era ir direto para Rio Grande, passando antes por Punta Del Este e depois pelo Chuí. Acabamos ficando em Punta Del Este, que estava muito bonita. Um hotel muito bom por preço alto (US$ 70), foi escolhido ainda antes do meio dia. Depois fomos ao Shopping para tomar um lanche. Passeamos pelo centro, pela Punta Ballenas e no fim da tarde fomos à praia. Começou a ventar muito forte e voltamos ao Hotel. Saímos a noite para jantar e passear novamente no centro. O Uruguai é um lugar legal para passar férias. Parece bem seguro, tem bonitas praias e o povo é muito educado.

27/01 Punta Del Este – Rio Grande – 539 km Tiramos as últimas fotos da cidade e rumamos ao norte. Há um local, chamado Barra, logo ao norte de Punta que também é muito bonito, com mansões e resorts imponentes. Unindo Punta e Barra há duas pontes que mais parecem montanhas russas. Divertido.

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Chegamos em Chuí no horário de almoço e fomos olhar as lojas (zona franca). Algumas mercadorias têm preços atrativos. Almoçamos e seguimos para Rio Grande, passando pelo Banhado do Taím, estação ecológica de preservação ambiental. Não estava tão povoada de animais como em 2001, talvez pelo nível d’agua estar mais baixo.

Em Cassino fomos ao Moles da Barra, uma muralha de pedras com cimento e um trilho, que nos leva até seu final através de vagonetes a vela. Um passeio interessante, mas achamos que a Prefeitura deveria melhorar a infra-estrutura, trocando os trilhos, que estão em péssimas condições. Fomos, pela praia, a mais extensa do mundo, com 212 km de extensão, que chega até o Chuí até Cassino e seguimos então para Rio Grande, onde atravessaríamos de balsa a São José do Norte no dia seguinte. Difícil achar um hotel bom. Poucas opções, antigos e com preços altos. No hotel onde foi hospedado Dom Pedro II, Hotel Paris, que estava lotado, nos indicaram um bom apart-hotel, que fica em um bairro e tem preços bons (R$ 91). Ainda voltamos ao centro para tomar sorvetes. O dono da sorveteria ligou de seu celular para descobrir o horário das balsas. Atendimento vip. O pessoal de Rio Grande é muito atencioso.

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28/01 – Rio Grande – Gramado – 519 km Conforme planejado fomos direto para balsa para perguntar aos que estavam atravessando sobre as condições da estrada (conhecida como “Estrada do Inferno”). Quem a utilizou ultimamente sugeriu que desistíssemos. Uma senhora atravessou de F1000 e falou que nunca mais. Resolvemos desistir e ir pelo caminho convencional, por Pelotas. Paramos no posto de pedágio (banheiros, café e informações turísticas) e conhecemos um casal de Porto Alegre (o Joubert e a Ângela), que estavam indo a Punta Del Este. Conversamos bastante sobre viagens e eles ficaram com vontade de fazer algo igual a esta viagem. Não deixamos de incentivar. Um rapaz que estava ao lado participou um pouco da conversa quando falamos da estrada para Mostardas (a qual desistimos). Ele falou que destruiu um Audi nesta estrada. Ou é areia fofa ou há grandes poças d’agua. Pegamos o cartão dele e seguimos. Almoçamos na estrada e, após duas paradas em Novo Hamburgo para ver sapatos, seguimos para Gramado. Estrada complicada, que passa por diversas cidades. Velocidade média baixa. A Inês ficou pelo centro e eu e o Érik fomos para o Alpen Park em Canela. Não estava barato. Cada 3 voltas de trenó custaram R$ 32. Mas é um passeio legal. Ficamos em Gramado, no mesmo hotel que ficamos em 2003. 29/01 – Gramado – Curitiba – 676 km Embora achássemos que seria um dia tranqüilo, chegando cedo em Curitiba, a realidade foi outra. Foram diversas as paradas que nos fizeram entrar no hotel as 23:30 hs. Primeiramente paramos para olhar lojas em Nova Petrópolis. Depois algumas paradas para fotos. Paramos para ir ao banheiro em um pedágio, para almoçar em Vacaria e para conhecer Lajes, onde tomamos sorvetes. Depois o Érik pediu para parar em um posto para ir ao banheiro. Como estava passando Pânico, acabamos ficando 1:30 horas no local, onde o Érik e a Inês jantaram. Já era quase 20 hs e faltavam 240 km para Curitiba. Muita estrada a noite. Chegamos e fomos direto ao Hotel Formule 1, de baixo

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custo e excelente qualidade. Bem moderno. Toda a estrada entre Gramado e Curitiba é lenta, com diversos caminhões, muitas curvas, subidas e descidas e passando por diversas cidades. Outra característica é que ou a estrada é boa e pedagiada (um custo bem alto) ou é bem ruim. Ao sair de Santa Catarina, onde o asfalto está bem irregular, entramos no Paraná e há trechos em obras onde há enormes desníveis com degraus, sem qualquer aviso. Saudades das rutas da Argentina, principalmente da Patagônia. 30/01 – Curitiba – São Bernardo – 784 km O Érik estava com pressa para chegar a São Bernardo. Então foi fácil acordá-lo cedo. Café não incluso torna a saída mais rápida. Passamos em um posto para tomar café e abastecer. Aproveitei para tirar fotos do museu Niemayer. Chegamos em Vila Velha e fizemos o passeio pelas formações de arenito. Não fomos às furnas nem lagoa Dourada, pois o passeio completo dura quase 4 horas e o elevador de furnas não está aberto por risco de danos ambientais. Há duas opções para visitar as formações de arenito. Parcial vendo o cálice e volta completa. Demos a volta completa que passa pela parte com mais mata e pelas formações tipo canions. Muito bonito. Agora, depois de dois anos fechado para reformas, o parque conta com uma infra-estrutura mais voltada a proteção do parque do que antigamente. Um vídeo é exibido antes do passeio onde mostra o que deve ser evitado. Guias não acompanham os visitantes, mas ficam em pontos chave. Os automóveis agora ficam longe das trilhas. Ônibus levam os turistas aos pontos de visitação. Este modelo deveria ser utilizado em vários parques nacionais, que sofrem com o turismo sem planejamento. Em seguida fomos ao Buraco do Padre, que fica bem próximo a Vila Velha, mas como não há estrada direta, o caminho é de cerca de 25 km, boa parte em estradas de terra. Chegamos ao local e não havia ninguém (propriedade privada). Há uma trilha de 800 metros que leva ao local. Indescritível, mas mesmo assim tentarei descrever. É uma formação parecida com Furnas, menor, mas com uma cachoeira. Na parte debaixo, por onde se chega há uma cavidade tipo gruta por onde a água sai. É mais ou menos o “cotovelo” de um encanamento. Lindo.

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Paramos para almoçar no Shopping de Ponta Grossa e seguimos para Castro e Itapetininga. Surpresa. Começaram a aparecer placas de Londrina, Jacarezinho e Ourinhos. Percebemos que estávamos em estrada errada. Estrada em péssima conservação por sinal e 78 km distante do ponto onde erramos.

Decidimos seguir até Avaré e pegar a Castelo Branco. Muita chuva em alguns trechos. Paramos para um lanche no Rodoserv Star e chegamos em casa às 23:00 hs, totalizando pouco mais de 18.500 km em 40 dias.

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