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ATUALIDADES
• AMÉRICA LATINA OU AMÉRICA DO SUL?
MUDANÇAS NA AMÉRICA LATINA
• Um dos maiores problemas da América do Sul contemporânea é que, desde sua democratização política e liberalização econômica nas últimas décadas do século XX, seus governos nacionais vêm sendo eleitos pelas "ruas“.
Paradoxo
• Os novos Presidentes, mesmo eleitos pela “rua” são forçados a agir em maior sintonia com os "mercados" e com todas as exigências de reformas e ajustes a um mundo cada vez mais globalizado e interdependente que isso implica.
Estelionato eleitoral
• Esta “incongruência” tem o nome de estelionato eleitoral em que a expectativa dos eleitores em termos de políticas públicas é deliberadamente frustrada pelos novos governos.
• Lembrar a obra: Mosca Azul ( Frei Betto)
Dicotomia
• capital ao trabalho
• elite ao povo
• Fórum mundial econômico ao fórum mundial social, segundo uma interpretação marxista
• Prometem o impossível, para que ninguém note que descumprem o obrigatório e o possível.
História recente
• Dois momentos: a) De 1970 a 1990 ( substituição dos
regimes autoritários e do nacional-desenvolvimentismo, em favor da democracia e da liberalização econômica.
b) De 1990 aos anos 2000, como reação popular nas urnas e nas ruas contra mais de uma década de reformas em direção ao mercado.
RESPOSTA DA POPULAÇÃO
• As maiorias silenciosas deixaram de ser silenciosas.
• Ferramenta do voto.
QUESTIONAMENTOS
• Podemos dizer efetivamente que o liberalismo econômico na América Latina acabou ?
• As reformas chegaram ao fim ???
• A modernidade chegou à sua plena maturidade ?
Afirmações
• O que se verificou entre 1999 e 2006 foi o esgotamento do modelo liberal na maioria dos países, com a manutenção de velhos problemas, incluindo a questão fiscal e o desafio da inserção no mundo globalizado.
• O fato de que o neoliberalismo tenha fracassado em termos de resultados não retira as reformas do horizonte dos países da América do Sul e muito menos significa que o nacionalismo tenha vencido e possa ser aplicado em toda América do Sul.
EXEMPLOS EMPÍRICOS
• Argentina: grande mudança de fundamentos da política econômica;
• Brasil: dose de continuidade da ortodoxia.“Terceiro ou quarto Governo Fernando
Henrique”.• Bolívia e Venezuela: revisão generalizada
de políticas adotadas no período neoliberal ( privatização )
• Colômbia: a mesma doutrina Liberal.
Não há uniformidade
• A guinada à esquerda e mais nacionalista está muito longe de ser uniforme ou representar o fim completo da liberalização econômica.
• Está mais para um ‘acerto de contas’ pós-euforia do que uma ruptura definitiva.
Decepção e esclarecimento
• As populações da América do Sul ficaram decepcionadas com as reformas estruturais e com o desempenho social da democracia e resolveram restaurar a esperança do que a racionalidade.
• “É preferível acreditar na ilusão de Lula do que na certeza do que foi o PSDB” (eleitor anônimo )
Listagem
• Hugo Chávez (Venezuela, 1998); Ricardo Lagos (Chile, 1999); Lula (Brasil, 2002); Nestor Kirchner (Argentina, 2003); Tabaré Vázquez (Uruguai, 2004); Evo Morales (Bolívia, 2005); Michelle Bachelet (Chile, 2006); Alan Garcia (Peru, 2006); Rafael Correia ( Equador ). EXCEÇÃO na Colômbia, com a vitória do conservador Álvaro Uribe.
A EXCEÇÃO É URIBE
• “Estranho olhar para a América do Sul hoje, com o distanciamento de 30 anos da repressão Chilena: a exceção não é mais Allende, mas URIBE, o fantoche latino-american” Antonio Negri.
Constatações …
• Seria mudança estrutural ou dinamismo político ?
• Seria uma experimentação ?
Novos paradoxos
• Entre os novos Presidentes existem representantes das duas classes: povo e elite.
• Setores indígena e operário ( Morales e Lula );
• Elites e classe média ( Tabaré, Bachelet, Kirchner, Alan Garcia e Uribe );
Pontos de partidas diferentes
• Quanto à chegada ao poder, caminhos distintos.
• Alguns chegaram após um longo processo de convencimento da sociedade ( Lula e Vazques );
• Outros ascenderam mais rapidamente como Morales e Kirchner.
Diferenças
• Lideranças do Cone Sul: consolidaram posições partidárias para alcançar o poder;
• Lideranças dos Andes: os partidos políticos foram suplantados pelos novos movimentos.
Comparações
• Lula faz pouco uso de sua força popular, prefere a negociação e os acordos partidários com lógica de alianças, dentro do sistema político ( mesmo que escusos ).
• Morales, mesmo usando os movimentos sociais, não abandonou o caráter institucional ( Alterou a constituição ).
• O apelo às "grandes massas" e uma relação direta com a sociedade é mais visível na Venezuela de Chávez porque o país esteve dividido como jamais esteve nos últimos 40 anos de história política.
• A exemplo de Lula, o Presidente argentino Nestor Kirchner é um caso de liderança carismática combinada com uma estrutura partidária já bastante consolidada.
Esquerda moderada
• No Uruguai, Tabaré Vázquez está assentado sobre uma base consistente de apoio partidário e desempenha uma liderança de esquerda mais moderada, tal qual Bachelet no Chile que, com sua Concertación, representa o modelo mais sólido e equilibrado de coalizão multipartidária no continente.
O quesito idade
• O mais velho desse grupo é Tabaré, com 67anos, seguido de Lula com 62 anos, e o mais jovem é Morales, com 48 anos. A média de idade de todos os presidentes em exercício em 2006 é de 56 anos. Trata-se, dessa forma, de uma geração que assistiu de perto as ditaduras militares nos anos 1960 e 1970 e participou ativamente dos processos de transição para a democracia nos anos 1980.
Afirmações
• O nacionalismo que emerge no começo do século XXI é uma resposta política ao que foi interpretado como equívoco imposto pela tese neoliberal nas décadas precedentes.
• Em essência, os anos 2000 marcam o fim do pensamento único, da hegemonia neoliberal, e o início de um período de maior pluralidade e de desdobramentos futuros, em que se encontram diferentes formas democráticas de enfrentar os problemas da liberalização econômica.
Dois grandes movimentos na A.L.
• Recuperação econômica vigorosa, com taxas de crescimento de exportação;
• Concorrência industrial, obrigando os países a se modernizarem ainda mais.
Oportunismo e competência
• o diferencial nessa nova onda política é que a região passa a experimentar formas de conter o ímpeto da liberalização já iniciada, e a tirar vantagens do bom momento mundial, enquanto aproveita para reorganizar a economia; reduzir a dívida pública, a vulnerabilidade externa e os índices de pobreza; restaurar a capacidade infra-estrutural; reindustrializar-se e buscar instrumentos próprios de financiamento na região.
Problematizações
• Visível antagonismo entre instituições e lideranças populistas.
• Visível antagonismo entre os modelos representativo e participativo de democracia.
• Há de fato na América Latina, populismo ou institucionalismo periférico ?
• Ou seria um debate entre democratização e Liberalização ?
• Estas novas lideranças são nocivas à democracia ?
• Ou enfraquecem o parlamento, os partidos políticos e mesmo instituições sociais como a Igreja e a Imprensa ?
Tese
• Teoricamente, o populismo prospera onde o institucionalismo periférico não consegue alcançar, o que não significa dizer que um seja menos democrático que o outro.
• Na realidade, os eleitores podem enxergar em líderes mais carismáticos uma saída para o desenvolvimento, quando as regras e organizações democráticas tradicionais não realizam bem o seu papel social.
Considerações finais
• As novas lideranças que ascendem ao poder na virada de século são, portanto, consequência de uma maneira plural de as sociedades tentarem reagir pelo voto a essa contradição de sua época.