segredo industrial e contratos de know how

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SEGREDOINDUSTRIALeCONTRATODEKNOWHOW1 CsarFlores

Resumo: Tratase de texto que aborda a problemtica do uso indevido do termo knowhow esuarelaocom o segredo industrial. Soanalisados os efeitose as teorias de fundamentao utilizadas por alguns dos ordenamentos jurdicos que influenciam o pensamento doutrinrio nacional, bem como as diferenas entre segredoempresarial,industrialeknowhow. Palavraschave: knowhow, segredo industrial, segredos empresarial,contratos de transfernciadetecnologia.

Introduo O termo Knowhow, de origem americana, surge dentro da doutrina da propriedade industrial, pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1916 e posteriormente, em 1933, surgenoconceituadodicionrio jurdicoconhecidocomo Blacks law dictionary, mas foi somente depois de trs dcadas que o termo adquiriurelevointernacionalforadosEstadosUnidosedoReinoUnido. Porissoseverificanadcadadesessentaesetentainmerostrabalhos publicadosnaEuropa,sobreotema,queatentoeradesconhecido.Oscontratos de knowhow eram to somente acessrios na poca, tendo em vista que se buscava a concesso de patentes de inveno ou de marcas, mas ainda no se tinhacomprecisoousodoknowhowporsis. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Yale pelos professores Klevorick,NelsoneWinter,sobre os mecanismos deproteo intelectualchegou concluso que a patente no mais um instrumento privilegiado para proteger os direitos de propriedade intelectual, e sugere outras formas de proteo como o segredo e o knowhow, atravs de um monoplio de fato, como salienta 2 PELISSIER , apesar de que no se pode ignorar os custos contratuais para negociaoeproteodoknowhowe/ousegredo. Obviamenteotermoiasenacionalizandoetomandocontornosregionais, principalmenteempasescomoaFrana,quesemprebuscounoidiomaumaforma dereforocultural.Porissoseencontraasexpressessavoirfaire eingnierie no direito francs, sendo o primeiro termo uma traduo literal de knowhow, e o segundo, se justifica porque nos contratos de engenharia muito comum a necessidadedesetransferirknowhowparaviabilizarainstalaodeumcomplexo industrial,ouseja,diantedacomplexidadedaexecuodoprojetohnecessidade de transmisso de conhecimentos tcnicos patenteados e no patenteados, bem como:planos,procedimentosetreinamentodepessoal.

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DoutoremDireitopelaUniversidadeFederaldeSantaCatarina,comestgionaUniversidadedeValncia (bolsistaCAPES)eprofessordoprogramadeMestradodaUniversidadeEstciodeS. [email protected] 2 PLISSIER,2001,p.290.

Mas de um modo geral o direito europeu adotou o termo em ingls e utiliza no idioma nacional somente como ilustrao, apesar das constantes refernciasemfrancs. NaAmricadoSuladiscussoedifusoseiniciammaistarde,refletindo a ausncia dacomercializao de tecnologia do pas, mas tambm a ausncia de um planejamento estratgico de fomento por uma realidade que se apresentaria dcadas depois, e que resulta hoje numa carncia de pessoal qualificado para atenderumademandajurdicanestamodalidadecontratual. OBrasildecertaformadestoadosdemaispasesdocontinente,porque noinciodadcadadesetentainstituiaLein.5648/70,comafinalidadederegulara transferncia de tecnologia no pas, outorgando ao INPI a competncia jurdica necessriapararegularoprocessodetransfernciadetecnologia. Estacompetnciafoiexercidaatravsdosatosnormativos,sendoomais conhecidooden.15/75,queestabeleciaosconceitosbsicosparaaaverbaodos contratos de transferncia de tecnologia. Atualmente vigora o Ato Normativo n. 135/97,queseranalisadomaisadiante. Entretanto, se pode afirmar que desde a criao do nosso Cdigo de Propriedade Industrial, em 1945, jsecelebravam contratos de knowhow,quando se licenciava o uso da marca (contrato principal) o titular da marca era obrigado a licenciarodireitodoprocessodefabricao,oquenadamaisdoqueoknowhow dosdiasatuais. O problema era que diantedaausncia deespecificaes,as empresas acabavamnojustificandoospagamentoseremessasparaoexterior,porquetanto poderia ser atribuda a licena da marca, quanto licena da explorao do processo. PensamentoCrticoconceitual Adificuldadeconceitualsurgeporduasrazesbsicas:umasedeveao fato de que o contrato de knowhow envolve obrigaes jurdicas que no esto subordinadas a um nico ordenamento jurdico, ou seja, a dificuldade normal do direitointernacional privado deatender a unificaoconceitual, diantedasdistintas realidades nacionais e uma segunda razo seria pela busca contnua, dos detentores da tecnologia, de ampliar este conceito para que se possa explorar economicamentealgumasdasfacetasdoobjetocontratual. 3 Autores espanhis como MASSAGUER justificam a dificuldade conceitual afirmando que a prtica rica em casos particulares e especiais, que dificultamautilizaodeumaexpressounitria. Partindose do objeto para definir o contrato de knowhow, somente a tecnologiacomaplicabilidadeindustrialenopatenteada,sejaporexclusolegalou por opo, que poder ser objeto do knowhow, e desde que plenamente identificada,oquenosignificamaterializada,ouseja,podetransferirumknowhow imaterialoutransferirumprodutoquecontenhaumdeterminadoknowhow,quefora desenvolvidocomumafinalidadeespecfica. Nosepodeconcordarcomodesmembramentoconceitualdoknowhow, poisumadascausasdadificuldadeedaimprecisodestecontrato.Dequalquer 4 modoMASSAGUER ,afirmaqueoknowhowumainformaoquenoreuniuos requisitosnecessriosparaapatente,emaisadianteampliaesteconceitoecoloca3 4

MASSAGUER1989,p.68. MASSAGUER, 1989, p. 39 ... Knowhow es la informacin que, sin reunir los requisitos necesarios para accederalsistemadepatentes,sirveparalafabricacindedeterminadoproducto....

a possibilidade de ser uma opo estratgica da empresa por no patentear o produto,ouporserumaopoparareduziroscustos,jqueapatenteimplicariaem custos administrativos junto aos diversos rgos de registro, onde a empresa iria atuar. Este problema se deve porque o segredo deveria ser subsidirio ao sistema patentrio e no o contrrio, mas a partir do momento que as empresas vislumbraramapossibilidadedeampliaremosganhos,oureduziremcustos,atravs da manuteno do segredo, passamos a ter mesmo nos casos de produtos que atendamaosrequisitosdepatenteabilidade,aopodenofazlo. Com relao aos custos no se ignora que manter o segredo tambm gera custos que muitas vezes so maiores que o da patente, pois a responsabilidadepelamanutenodosegredoemumcontratodeknowhowlevar os custos de ordem material e de pessoal, contratao de especialistas de segurana.Entretanto,quandoseafirmaqueoscustosadministrativosdapatente so elevados, se desconsidera que o maior custo da patente no o custo administrativo, mas o estratgico, pois quando uma empresa solicita a patente de determinado produto estsinalizando paraosconcorrentes a direocomercial da empresa, alm do fato de demonstrar determinada tendncia tecnolgica e onde estosendoinvestidososrecursosdaempresa. KnowhoweSegredo Abordar osegredo industrial juntamente com os contratos de knowhow, visa to somente atender aspectos didticos, mas no representa que nosso entendimentoodequesetratadomesmoinstitutojurdico. Diantedetantadivergnciadoutrinria,daausnciadedefinieslegaise de uma confuso jurisprudencial, se percebe que tem havido uma tendncia por definiroknowhowdeformaabstrataeabrangente,detalformaquepossaenglobar todososaspectosdatecnologiaasertransferida. Entretantodesdeoanode1974,quandonareuniodoComitExecutivo doConselhodosPresidentesdeMelbourneAIPPIdefiniramknowhowcomo:chamase savoirfaire (knowhow, saber fazer) os conhecimentos e experincias de natureza tcnica, comercial, administrativa, financeira ou outra,quesoaplicadasdentrodaprticaparaaexploraodeumaempresa ouparaoexercciodeumaprofisso.

Os contratos de knowhow surgem com uma finalidade de proteger os inventosquenoeramprotegidospelapatentedeinvenoedepoisvoadquirindo umafinalidadeestratgica,cujadecisodependedotipodeinveno,domercado, custo, concorrncia e at mesmo dos aspectos legais e administrativos junto ao INPI. Percebesequeemmomentoalgumoconceitoabordaanecessidadedo segredocomoelementoessencialdoknowhow,apesardeautorescomoSILVEIRA defenderem a tese: questo relevante saber se o knowhow tem por objeto apenasconhecimentossecretos.Parecequearespostadeveserpositiva,vistoque 5 semosegredo,oknowhowperdeoseuvalorcompetitivo.EntretantoWENIGER quando se refere ao conceito ressalta: um conceito mais vasto, que efetivamente noexigeoelementoconfidencialdainformao.5

WENIGER, 1994, p. 17. [...] un concept plus vaste, car il, car il nexige pas le caractre confidentiel de linformation[...]

Na Frana, diante de contratos de franquia, o conceito de savoirfaire definidocomo:umconjuntodeinformaesprticasnopatenteveis,resultante daexperinciadeumfranqueadoretestadaporele,queamantmsobsegredoe 6 substancialmenteidentificada. O direito francs procura de modo geral estabelecer parmetros de reciprocidade em matria de direito internacional privado, garantindo aos estrangeiros o mesmo tratamento dispensado aos franceses, ou seja, os estrangeiros podem invocar direito de propriedade intelectual dos seus respectivos pases, desde que este mesmo direito seja garantido aos franceses quando se encontremnosseusrespectivospases. Concordase com a tese de que o segredo, apesar deser um elemento importante no knowhow, juntamente com a vontade de manter o conhecimento protegido, e o interesse econmico do conhecimento no ser um elemento absoluto do knowhow, e para compreendermos melhor o nosso entendimento iniciaremosoestudodasteoriasexistentesparafundamentarosegredo. 7 LAS CUEVAS elenca como um elemento essencial do segredo, um elemento objetivo, que seria a limitao a um nmero reduzido de pessoas, a informao com valor econmico, sendo que este valor estar inversamente relacionado ao nmero de pessoas que tem acesso a esta informao e uma simplescomunicaopoderiadestruirosegredodeformairreversvel,comaperda dovaloreconmico. Quando se defende que o segredo no deve ser utilizado de forma absoluta,seaplicaalgicaconceitualfrancesaquandonadecisodacortedeAix 8 enProvence , de 24 de abril de 1964, procurou distinguir o knowhow do segredo industrialedainvenonopatentevel,poisrepresentaaexperinciatcnicaemsi enorepresentanecessariamenteumanovidade,nemumsegredo. Destaformanosediscordadadoutrinaquandodainclusodosegredo comoelementoessencial,masentendoqueumasituaocircunstancialedefato, quepodeseralteradaaqualquermomento. SegundoPONTESdeMIRANDA:todo meio ou processo de fabricao ou de produo. Se h meio ou processodefabricao,oudeindstria,quealgumconheceemsegredo,h segredodefbricaoudeindstria.Doisdireitosdepersonalidadeestoem causa, o direito autoral de personalidade, pois que algum descobriu ou inventou, eodireitodevelaraintimidade.Odireitodeexploraoexiste, masosegredofuncionacomoimpeditivodoexercciodedireitoformativo 9 gerador(direitopatente),queimplicaarevelaodosegredo .

Nosetratadedireitoligadopersonalidade,nodireitoautoralaobrade atespodeserproduzidaporele,estaindividualizada,resultadoesprito,enquanto que na descoberta no, pode ate ser por acidente. Indiscutivelmente tem valor patrimonial e independe da autoria, enquanto a obra de arte esta vinculada a intimidadeeapersonalidadedoautor,asuacriao. Evidentemente se deve considerar sempre que existe a possibilidade de termosumsegredoempresarialinterdependentecomalgumsegredopessoal,detal6 7

UNIOEUROPIA.RglementCEEn.4087/88,30dunovembre1988. LASCUEVAS,1984,p.55 8 MAGNIN,1974,p.30. 9 PONTESdeMIRANDA,1983,p.449.

formaquedeveremosmanterumarelaodeequilbrioentreodireitosubjetivodos titularesenvolvidos,paraevitarquesejavioladoosegredodacomunicaoecasos quepossamcausardanosintimidadedoempregadoouaosegredodaempresa.10 Nos ensinamentos de CORREA que apesar de ressaltar a importncia dosconhecimentossecretosedefazerrefernciaqueamaioriadosautoresquecita osegredocomoelementoessencialnoscontratosdeknowhow,orenomadojurista argentino faz a ressalva quese deve distinguir elemento de conhecimento tcnico, ondeseexigeumgraudeconfidencialidade. DestaformaCORREAcita:

O segredo certamente uma condio para a validez das obrigaes de confidencialidade ou a aplicao do direito de competncia desleal, no necessrio para qualificar certo conhecimento como tcnico. Em muitos casosas empresasreceptoras estointeressadas empagaratransfernciade conhecimentosnosecretos,quepodemencontrasemaisdacapacidadedo 11 pessoaldisponvel .

No mesmo sentido entendemos, que nem sempre os conhecimentos adquiridosnoscontratosdeknowhowsosecretos.Assim, se posiciona quanto noessencialidadedosegredoabsolutonumcontratodeknowhow,queapesarda sua aparente indispensabilidade, se pode ter na prtica um contrato de knowhow que envolva uma tecnologiaqueestnolimite dodomnio pblico e que j nose podeafirmarquesetratadesegredo. Desta lgica objetiva desdobra para uma subjetiva, onde os titulares do segredodevemtomarasmedidasnecessriasparaqueterceirostenhamacessoa estainformaoequeogrupodeindivduoscomacessoaumente,ecomissohaja 12 perda econmica deste bem, que segundo GOMEZ SEGADE uma situao ftica e um estado de fato, e que a vontade de se manter as informaes sob segredoseriaumelementosubjetivo. A definiodesegredo irvariar depas para pas,conforme variam os interesseseaplicabilidadedestecontrato.UmaimportantefonteoRestatementof Torts, 1939, art.757, b: conhecimento comercial pode ser qualquer frmula, desenho,mecanismo,oucompilaodeinformaoquesejautilizadopelaempresa comoobjetivodeobtervantagenssobreseuscompetidores,comousualmentese empregatradesecretsparaoobjetodeknowhow,sechegaaconclusodequeo objeto de knowhow nos Estados Unidos seria bem amplo, no que j se teve oportunidadedeexternaradiscordncia. 13 Uma classificao proposta por GOMEZ SEGADE o desmembramento em segredos empresariais, sendo alguns vinculados s informaes tcnicas industriais e outras puramente comerciais. Nesse sentido MORONLERMAafirmaque:osegredoindustrialjfoidefinidoporseuvnculoao 14 setor tcnico industrial de uma empresa , e complementa afirmando que: o segredo comercial foi levado a um modo residual do segredo industrial, como10 11

CORREA,1981,p.460. CORREA,1981,p.460.Pesequeelsecretoesciertamenteunacondicinparalavalidezdelasobligaciones deconfidencialidadolaaplicacindelderechodelacompetenciadesleal,noesnecesarioparacalificaracierto conocimiento como tcnico. En muchos casos as empresas receptoras estn interesadas en pagar por la transferencia de conocimientos no secretos, que pueden encontrarse ms all de la capacidad del personal disponible 12 GOMEZSEGADE,1974,p.43. 13 GOMEZSEGADE,1974,p.51e52. 14 MORONLERMA,2002.p.189.

qualquer informao reservada atinente esfera estritamente comercial, 15 organizativa, e financeira da empresa . Desta forma se pode ter segredos comerciais,segredosindustriaiseknowhow,sendoesteltimooobjetodocontrato, que tanto poder conter informaes industriais ou at mesmo ambas, mas no seriaamelhorterminologiautilizarotermoknowhowparacontratosqueenvolvam exclusivamentesegredocomercial.. Concordose plenamente com esta distino, e aplicao, apesar de 16 algumascrticasfeitasporLASCUEVAS dequeapresentariadificuldadesquanto aosefeitosjurdicos. Ora, no se espera que o adquirente domine a complexidade do novo equipamento, e por isso alm da comercializao do objeto fsico, que tm tecnologiaagregada,deverobterasinformaesdeusodoequipamento. Estas informaes confidenciais so knowhow, e funcionam como um complemento do equipamento. De outra forma, toda e qualquer prestao de servio referente ao equipamento em questo seria classificada como assistncia tcnica, pois o titular da tecnologia apenas presta um servio para garantir a continuidade e viabilidade do equipamento, e no esta formando recurso humano, nemtransferindotecnologia,masrealizandoumaaotcnicainterventiva. Tambm seria ingnuo pensar que nessa aquisio de tecnologia o receptor de uma assistncia tcnica no acaba por absorver algum tipo de know how,poisevidentequeistoacabaocorrendo,assimcomooempregadodepoisde 17 anosdetrabalho numaempresaacabaaprendendoedominandomuitosaspectos tecnolgicosdaempresa.Masnosepodeatribuiresseconhecimentoacumulado a uma transferncia de knowhow, salvo claro se de forma objetiva for fornecido algumconhecimentotecnolgico,eissoseaplicatantoaoscontratosempregatcios quantoaosdeassistnciatcnica. Na realidade mundial onde cada vez mais aumenta a distncia tecnolgica entre as partes, fica mais evidente a necessidade dos contratos de assistnciatcnica,passandoaserquasequeobrigatria,sobpenadoadquirente noconseguirutilizaratecnologiaapropriadamente. Teoriasdefundamentao No plano terico surgem argumentos que tentam explicar o fundamento doknowhow. Umaprimeirateoriaretrataosegredocomoumaaoquebuscao enriquecimento ilegtimo, e foi defendida na Frana por CASALONGA, mas esta 18 teoria foi rejeitada pela grande maioria da doutrina, em especial por MAGNIN e FABRE. CASALONGA defendia a natureza pblica do conhecimento e por isso entendiaqueerailegtimaaaquisioeacomercializaodebensqueenvolviamo segredo.Atualmentenofariasentidoimaginarestateoria,masfoiimportantepara influenciarateoriadosegredocomoumaexclusividadedefato. A teoria deumaexclusividadedefato ficaembasada numa possesobre umbem imaterial, que persiste at o momento que estefatoseja relevante para o valoreconmicodoconhecimento,oudamanutenodosegredo,ouseja,mesmo queaindamantenhaapossedoconhecimento,masseestefordedomniopblico ter pouca importncia econmica e consequentemente a perda da vontade pela15 16

MORONLERMA,2002,p.271. LASCUEVAS,1984,p.64 17 GOMEZ SEGADE,1974,p.85. ...segredoindustrialeoconhecimentodoempregado,devidoasua habilidade. 18 MAGNIN,1974,p.203.

19 manutenodosegredo,queumelementodomesmo.DELEUZE ,SCHRAMMe TROLLER foram os principais defensores desta teoria, mas no explicaram o princpio da publicidadeem matria desegredos, basicamente porquea teoria da exclusividadedefatobuscavaumfundamentojurdicoparareprimirasviolaesdo segredo, tais como: crime, violao contratual, m f, concorrncia desleal, e principalmente no direito francs que repousa a busca por uma regra de responsabilidadecivildelitualoucontratual. Parece paradoxal, mas publicidade no significa necessariamente violao do segredo, pois se pode divulgar o processo omitindo os elementos essenciais. Um exemplo torna clara a teoria em matria de defesa nacional, pois temos um conflito aparente entre manter sob segredo as informaes e atender a publicidadesdosatosdaadministrao. Logo,noDirioOficialsepodeconstatarquesepublicaonmerodoato easinformaesbsicas,ousimplesmentenarefernciasecolocasecreto,ouseja, sepublicaoato,masnoainformao. Por ltimo surgiu a teoria do direito da personalidade, para manter o segredo,quesurgenodireitoalemo,823,BGB(paramanterasade,liberdade, 20 integridadefsica)eno22doKunstUrhG . Entretanto no so segredos objeto deste trabalho, pois expressam garantiasdadignidadedapessoahumana,masnovisamumaaplicaocomercial ouindustrial. Na Frana, CARBONNIER no consagrou um direito geral da personalidade para fundamentar o segredo, mas to somente um direito subjetivo paraprotegerasprerrogativasdohomemdetentordestesdireitos. A teoria francesa defendidaporuma minoria doutrinria, e nos parece mais adequada nos casos que envolvam segredos industriais, que poderiam ser patenteados. Podese visualizar um inventor que no patenteia seu produto e o mantm sob segredo. Apsalgum tempoalgum solicita e obtm a patente deste invento. O titular da patente poder explorar economicamente a patente de inveno,masnopoderimpediroinventordeutilizarseuinvento,poissetratade um direito subjetivo do inventor, mas no vislumbro um direito fundamental personalssimo,comonocasodaimagem,dahonra,daobraliterria,dentreoutros. No campo prtico o segredo, como instrumento jurdico, possui um 21 conceito amplo na maioria dos estados europeus, onde se busca na legislao penal,trabalhistaedodireitodasobrigaes,responsabilizaroautordaviolaodo segredo, dependendodovinculocom otitular doconhecimento ouda forma como adquiriu o conhecimento protegido, ou seja, o contexto e depender das circunstncias, pois oquese protege no osegredo em si (exceto noscasos de direito personalssimo, que no so objeto deste estudo), mas como se obteve a informao. NoBrasilaproteodosegredosednocontextocriminal,semprejuzo das protees cveis e econmicas. Isto se deve porque no direito brasileiro se verificaarepressoaoatoilcitodaviolao,comoporexemplo,aespionagem.

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DELEUZE,1984,p.6. Gesetz betreffend das Urheberrecht an Werken der bildenden Knste und der Photographie codigo respectivoelderechodelautorenobrasdelasArtesPlsticasydelaPhotographia,direitoaimagen.21

WENIGER,1994,p.121123.Nalegislao:alem71GWBe384,3ZPOfrancesa418CPF,1527 cdigodotrabalhoeSuaartigo321,4COe162CP.

Logo,reprimir aquele que de forma ilcita,obtminformaopraticando 22 conduta criminosa, como a espionagem industrial , ou que viola contrato de trabalho para obter vantagem pessoal, e no mbito empresarial na prtica da concorrnciadesleal. Acondutadoagentequereprovvelereprimvel,poisosegredopor si s era apenas um conhecimento que era protegido e tinha o acesso restrito. 23 Alis,adoutrinasua abordaosegredoindustrialoucomercial,comodeinteresse privado preponderantemente, ondese busca a vantagem competitiva e a proteo de um valor econmico, diferente de outros segredos, como a intimidade e o bancrio,queseriamdeinteressepblico. Evidentemente, se deve ter ateno ao fato de que alguns segredos industriais podem alcanar o interesse pblico, alis, tem havido uma mudana nestesentido,devidoproximidadetecnolgica,ouseja,cadavezmaisatecnologia temumaaplicabilidademltipla,oquelevaaserimportanteparasuaaplicaona indstria blica, para o controle ambiental, direitos do consumidor e para a sade pblica. Todos deinteresse predominantemente pblico,onde o Estadonopode seafastar,edeveexercerumcontroleparaevitarabusosdainiciativaprivada. Por isso fundamental afirmar que o segredo s ser legtimo, se justificvel o interesse do Estado, caso venha o ao conhecimento pblico e no campo privado, se pode legitimar o segredo quando possa influenciar sobre o resultadocomercialeaconcorrnciaentreasempresas. 24 O conceito desegredoest definido nalei n. 9279/96 , artigo 195, XI e XII e na CLT artigo 482, g mas no de forma explcita como no ordenamento europeu ou no direito Norte Americano, que define segredo como: informao, incluindo uma frmula, compilao, programa, mtodo tcnica ou processo que possua valor econmico prprio e que haja esforos suficientes para manter a 25 confidencialidadedoobjeto . Aps este conceito o Restatement of the Law Third Unfair Competition, editadoem1994,elaboradopeloAmericanLawInstitute,queconsolidaprincpiosda common law e normas legais relativas concorrncia desleal conforme a jurisprudncia firmada nos Estados Unidos, formulou a seguinte definio: um segredo comercial qualquer informao que possa ser usada dentro de uma operao de negcio poroutraempresa e que suficientemente valiosa e secreta 26 para fornecer um atual ou potencial vantagem econmica frente aos outros . A partirdestadefinio,oRestatementidentificaosseguintesrequisitosparaqueuma informaosejasuscetveldeproteocomotradesecretcomosendoovalor,que deve representar um negcio ou atividade empresarial propiciando vantagem econmica efetiva ou potencialcom relao a terceiros e osigilo: no e um sigilo absoluto, mas no de do conhecimento publico e medidas efetivas para manter o sigilo: segredo absoluto no h controle, mas o segredo relativo devera estar protegido.22

PELLETIER,2005,p.81.CasodeespionagemnaFrana,oautorretrataqueosladresnoroubarambens materiais,masapensasdocumentosedisquetesdecomputadorparaobterinformaes. 23 DESSEMONTET,1974,p.91. 24 BRASIL.Lein.9279/96,PublicadanoDOUde31.5.96 25 OUniformTradeSecretsAct8aoqualdoravantedesignaremossimplesmenteUTSA),leipadropromulgada em1979nosEstados Unidosque buscou codificar os princpios bsicos estabelecidos pelacommowlawcom relao proteo dos trade secrets e adotada em grande parte dos Estados norteamericanos, assim define o segredodenegcio 26 Atradesecretisanyinformationthatcanbeusedintheoperationofabusinessorotherenterpriseandthatis sufficiently valuableandsecrettoaffordanactualorpotentialeconomicadvantageoverothers

NoplanointernacionaloconceitodeKnowhowaparecenoartigo4ie6 27 iidoguiasobreredaodecontratosinternacionaisdetransfernciadetecnologia , elaborado pela Comisso Econmica para a Europa, que um rgo das naes Unidas. ACmaradeComrcioInternacionalCCI,atravsdacomissoparaa 28 proteodapropriedadeindustrial,tambmdefiniuoknowhow ,masdestacamos paraalgunsfatos,sendooprimeiroparaofatodequenorestringiaousodotermo knowhow somente para as tcnicas secretas, mas tambm aplicveis as tcnicas vinculadas a uma patente de inveno, quando utilizava algum processo mais amplo,sendoosegredomeroelementodoknowhow. Esteconceitoseguealgicadoempregomaisatualdoknowhow,ondeo knowhowcomplementacomoformadeproteoaspatentesdeinveno,inclusive porque que nem sempre quem fornece o equipamento patenteado ser o que ir desenvolveroknowhow. Osegundofatoquedeveserressaltadoqueotermoseraempregado 29 para a aplicao industrial segundo a CCI Comisso para a proteo da 30 Propriedade Intelectual , enquanto que atualmente empregado de forma ampla, pelajurisprudncianorteamericana,paraatenderaumprocessodeglobalizaoe depolticaeconmica. 31 No direito europeu o regulamento 772/04 contextualizava o knowhow noprembulo,item4,deformaquenodefiniuotermo,mastosomentedelimitou esta modalidade contratual, como aquela que garanta a segurana jurdica e a concorrncianaproteodocomrciodetecnologia. O problema desta matria surge exatamente na tentativa de se estabelecer um instrumento jurdico nico para atender as demandas prticas de umasociedademoderna,masdesigual,queexigeumapluralidadedeinstrumentos sendo que alguns no atendem ao paradigma dos pases desenvolvidos, e so rapidamentedescartadoscomopremissacontratual. Ocomrciodeprodutosseintensificou,masoquemaisagregavalornos dias de hoje est intrnseco ao produto. Logo, um produto material e um bem 32 imaterial vinculado a ele. Nesse sentido GOMEZ SEGADE faz referncia distino entre a parte material e imaterial do knowhow. Apesar de o autor espanhol afirmar, que o elemento material do knowhow so os meios fsicos de comunicao. Nos dias de hoje, na era da informtica pensoque devemos imaginar o knowhow pelo knowhow, ou seja, no se pode esperar encontrar um elemento material no knowhow, poispodemos nos depararcom o conhecimento produzindo conhecimento,atravsdoscentrosdepesquisacadavez maiscomumoproduto da empresa ser a prpria tecnologia e no um produto em si, numa perspectiva material.

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ComissionEconomiquepourlEuropeUnitedNations.TRADE/222/rev.I.NewYork,1970. CCI, Comission pour la protection de la proprit industrielle. Reunin des 17 e 18 de octubre de 1957, documentn.450/138. Leterme knowhowpeutdsigner nonseulementdes formuleset techniquessecrtes, maisaussiunetechniqueliedesprocdsetproduitsbrevets[...] 29 CCI.Documentn.450/198,du9janvier1961.connaissanceet expriencetechniquesouaccumulationdes connaissances[...]queserventdesbutsindustriels. 30 Documentn.450/164/6.2.1959.DEMIN,Paul. Lecontrat deknowhow.Bruxelles:tablissementsmile Bruylant,1968.p. 31 DirioOficialdelaUninEuropea. L123,p.1117,27deabrilde2004,p.11. 32 GOMEZSEGADE,2001,p.748.

Nossa posio se consolida, quando nos deparamos com diversas correntesparadefiniremqueconsisteoknowhow,edevidoamplitude,conceitual teramosmuitasformasdetransferiresteobjetoimaterial. Mas, para o professor GOMEZ SEGADE knowhow todo o conhecimento ou regra tcnica no protegido por um direito de exclusividade 33 (patente) e quese mantm sob segredo e como muito bem colocado, o know how comercial seria uma deformao do conceito devido a uma posio 34 jurisprudencialdosUSA ,queficaevidenciadanaevoluohistricadoknowhow nestepas.. Apesar da diversidade de conceitos doutrinrios e jurisprudenciais, concordase parcialmente com GOMEZ SEGADE, mas por razes distintas, jque para o autor espanhol, o knowhow no um conceito difuso e confuso, mas sim preciso e equivalente ao segredo industrial, e em outro sentido o knowhow o conhecimentoindustrialrestrito,enonecessariamentesecreto,poisosegredono serabsoluto.Osegredoindustrialespciedognerosegredocomercial,jqueo fim dos segredos industriais tm por objetivo adquirir competitividade e vantagens comerciaisatravsdaproduo. ParaGOMEZSEGADEosegredoconsiste:Osegredo,portanto,navidacomum,significaafaltadeconhecimentopor outras pessoas ou a impossibilidade de conhecer determinadas coisas, circunstncias e fatos [...] o segredo ser um certo saber, um certo conhecimento que se isola pondo obstculos para que no chegue a ser 35 conhecidoporoutraspessoas

Alinhamosnoscom KRASSER, pois nosepode afirmar quesegredo sinnimo de knowhow, mas sim que aquele um elemento importante nesta modalidade contratual. Permite mais uma vez que se discorde parcialmente do brilhante mestre espanhol, quando este afirma que o knowhow est limitado ao segredo industrial e no a outras formas de conhecimentos estratgicos para as empresas,sendoummonopliodefatoequedurartantoquantodureosegredoda 36 criaoindustrialoucomercialqueconstituioobjetodosegredo .Adivergnciase deveaofatodequeosegredopodeserdescobertogradativamente,deformalcita, eaindamantervaloreconmico,enemporissodeixardehaverknowhow. Alm disso, o segredo existe por si s, por isso o prazo do segredo independe da relao obrigacional, de tal forma que as obrigaes assumidas permanecemmesmoqueoknowhowestejaemdomniopblico. Na prtica knowhow e segredo industrial esto mal delimitados, e possuemcaractersticascomunsaosdoisinstitutos,oquenosignificaafirmarque 37 se rata de sinnimo, como nos ensina MAGNIN , apesar de na poca ter sido 38 questionado por DESSEMONTET , que entendia se tratar desinnimo segredo e savoirfaire.33

GOMEZSEGADE,2001,p.752.todo conocimientoo reglatcnicano protegido porunderechode exclusivayquesemantienesecreto. 34 TIMBERG,1981,p.64 35 GOMEZSEGADE,1974,p.42.elsecreto,portanto,enlavidaordinariasignificafaltadeconocimientopor otras personaso imposibilidad de conocer determinadas cosas, circunstancias y hechos[...] el secreto ser un cierto saber, um cierto conocimiento que se asla, poniendo obstculos para que no llegue a ser conocido por otraspersonas 36 GOMEZSEGADE,2001,p.774. 37 MAGNIN,1974,p.109. 38 DESSEMONTET,1974,p.91.

39 Omestrefrancs,MAGNIN ,afirmaquesedeveobservarafinalidadee ocontedo,paradistinguirosegredodoknowhow,poisosegredoexclusivoede umasfirma,quenoquercomunicar,jquenoterocontroleabsolutoecitaa 40 frmuladacocacolaedolicordeChartreuse . Outroexemploparasecompreendermelhorsoosdesenhosdosnovos modelosdeautomveisoudaaltacostura,quesoguardadosasetechavesato momentodolanamento.Nestescasosnohtransfernciahsegredocomercial. Enquanto que quando se fala de knowhow se estar diante de conhecimentos restritos, mas no secretos, que, adquirem importncia econmica, poisviabilizamumganhodecompetitividade,seaproximandodanooprimitivada patente. LADAScitaque:

no se deve confundir o knowhow com os segredos de fabricao ou frmulas primeiramente ditas, tais como, por exemplo a frmula da coca cola. Esses segredos no constituem knowhow, pois no so jamais 41 divulgadosouconhecidos42 Concordase conceito de LLOBREGAT HURTADO , quando define o contrato de knowhow em sentido amplo, incluindo qualquer tipo de conhecimento ou experincia, no necessariamente secreta relativos aos setores da indstria e comrcio, com a finalidade de melhorar as tcnicas de produo ou distribuio. Apenassediscordaquantoaofatodeseincluirelementosdocomrcionoconceito deknowhow,poiscomojressaltamosfogeaoinstitutodapropriedadeindustrial,e adentranodireitoeconmicoedocomrcio,assimcomoadecisoestratgicapela patenteouknowhow. A deciso pelo segredo industrial e pela transferncia de tecnologia atravsdeumalicenaoucessodeknowhowpassaporvriasrazes,quefazem comqueumaempresaopteporestamodalidadeenopelapatentedeinveno,e jfoimotivodemuitadivergncianosEstadosUnidosecomoseveradiante. Numa comparao entre o segredo e a patente, elaborada por 43 CARVALHO no sepode afirmar que o custo da patente maior, at porque os 44 custosindiretosparaamanutenodosegredopodemserelevadssimos ,almde nogarantirodireitodeexclusividade,casosejadescobertodeformalcita. Claroqueexistemsituaesondealeivedaapatentedeinveno,como nocasodosprogramasdecomputador,sendovedadapelaConvenodeMunique art.52.2(CBE),restandocomoformadeproteoocontratodeknowhow. Alm disso, diante da formalidade excessiva para se conceder uma patente de inveno, e da dificuldade no combate a pirataria intelectual, acabam

39

MAGNIN,1974,p.115.[...]knowhowdiffredusecretdefabriquequantsafinalit.Secretdefabrique resteemgenerallexclusivitduneseulefirmeounestcommuniquparelle[...]parexemple,laCocacola[...] celledelaChartreuse lessencemmeduknowhow[...] 40 Licor famoso na Frana que fora desenvolvido pelos padres, que quando foram construir um mosteiro encontraramervasmedicinais,queacabaramsendoutilizadasnafabricaodestelicorquefoiregistradonoano de1605. 41 LADAS,1960,p.245246. 42 LLOBREGATHURTADO,2002,p.358. 43 CARVALHO,1994a,p.49. 44 PELLETER, 2005. p. 81 O grupo francs Sanofi Aventis foi furtado e os criminosos levaram apenas ordenadoresedocumentos,que continhaminformaesconfidenciais. Aindustriafarmacutica francesadisse quenosetratadeumcasoisolado.

servindodeestmuloparaqueasempresasoptemporcelebrarcontratosdeknow howentrematrizesuassubsidirias. Apesar do entendimento de que as patentes de inveno so instrumentos mais eficazes para o desenvolvimento, no se pode afirmar que o 45 knowhow aumenta a pobreza, porquegeraria um monoplioindeterminado . Isto, porqueseconstata,emalgunscasos,quedealgumaformaatecnologiatransferida peloknowhowpermitequeosreceptoresacabemabsorvendoestatecnologia.Mas 46 CORREA tem razo quando afirma que o knowhow pode facilitar ainda mais o monopliodatecnologia. Deoutromodoadmitirsemcontroleosegredo,quandosepodepatentear oinventopoderiaservirdedesestimuloparaaspatentes,epoderiaferiroprincipio daseguranajurdica,devidosincertezasquepoderiamadvirdestecontexto. Logo,seconstatanadoutrinaclusulascontratuaisvisandogarantiado 47 segredoesegundo,MAGNIN ,satisfatriaapresenadeclusulascontratuaisno direito francs, que protejam o knowhow quando no patenteado e da mesma 48 formaGOMEZSEGADE nodireitoespanholeBIANCHI,nodireitoitaliano. Apesardequeestasnormasestomuitomaisprximasdodireitopenale daconcorrnciadesleal doquedapropriedade industrial propriamente,em sentido estrito. Apesar da propaganda que se faz quanto aos custos mais elevados para se patentear um produto, o custo indireto pela manuteno dosegredo pode ser muito maior do que se imagina. Por isso neste sentido seconcorda com LAS 49 CUEVAS , quando afirma que os custos pela manuteno do segredo podem ser significativos, alm das dificuldades conceituais e de regulao, existem outras, como as dificuldades de redao e de definio dos direitos e das obrigaes de cadaum,edificuldadesnojurdicas,quepelaprpriaseguranafsicadorecinto ondeseencontraasinformaes. Apesar de que para alguns autores no h nada que justifique uma interveno estatal para coibir os contratos de knowhow, de modo que as partes possampatentearsuasinvenes,quandoforpossvel,nemmesmohumapoltica legislativanessesentido. Entretanto, o segredo, como o monoplio de fato, uma anttese do desenvolvimentoeconmicoesocial,eapatentecomoumdireitodeexclusividade, no chegaria a ser um monoplio, mas uma prerrogativa de exclusividade, que perfeitamenteadequadorealidadeinternacional. 50 Segundo LAS CUEVAS , o sistema de segredo industrial ter sempre como forma complementar de proteo da patente, de tal forma a garantir a completa proteo da tecnologia, alm disso, a atuao do estado nunca foi pressupostoparaadiminuiodaparticipaoprivada. Quando a Cmara de Comrcio Internacional estuda os contratos de knowhow e estabelece como problemtica a possibilidade de formao de monoplios de conhecimento, bem como a dificuldade de se estabelecer o limite entreoconhecimentoadquiridopeloempregadoeoknowhowtransferidochegam45

SILVA,2001,p.453.Utilizamosotermomonoplioindeterminadonosentidodeumsegredoabsoluto,eno tem osentidoutilizadopeloautor,quandocita em sua obra,apatente como um monoplio,poisjdefinimos anteriormenteapatentegeraumdireitodeexclusivaeno ummonoplio. 46 CORREA,1981,p.464 47 MAGNIN,1974p.126. 48 GOMEZSEGADE,1974,P.179. 49 LASCUEVAS,1984,p.69. 50 LASCUEVAS,1984,p.85.

exatamente s concluses que entendemosser o problema de um knowhow livre decontrole,ouseja,oabusododireitoporpartedosgrandescentrosdeformao deconhecimento. E mesmo a economia mais liberal do planeta, norte americana, admite restries moderadas nesta matria, quando se trata de knowhow sendo estas medidasquasesemprecontrriasaosinteressesdospasesemdesenvolvimento. No se pactuado pensamento eda declaraodo Secretrio Geral das 51 Naes Unidas , quando afirma que o contrato de knowhow ajuda os pases em desenvolvimento,poisnoseimaginaumarelaohorizontalecomliberdade,onde ambasaspartessejambeneficiadasdeformaeqitativa. Ainda se permanece uma relao de explorao colonial, s que neste momento diante de uma explorao virtual, mas com efeitos materiais potencialmente muito maisdestrutivosnosparaossereshumanos,masparao meio ambiente. Caso os argumentos paream equivocados basta atentar para o fato de que apesar de todo o desenvolvimento tecnolgico os problemas humanitrios e ambientais tm aumentado a cada ano, sendo crtico nas reas excludas,ouseja,osreceptoresdeajuda. Aexplicaoestemumparadigmaqueensinadoevendidocomuma premissa verdadeira, mas que nada mais que um subterfgio para aumentar os ganhos das grandes empresas, ou seja, quando GOMEZ SEGADE afirma que: a aquisio de knowhow ser imprescindvel para obter uma maior rentabilidade de 52 umapatente,quecedidadeformaisoladanoteriamaisutilidade estafirmando que onicocompromissodas grandes detentoresde tecnologia e fornecedores de knowhowolucro. Concordase com as palavras do catedrtico espanhol, e ignorar esta premissaseriacomoadmitiracompradeumequipamentosofisticadoecommuitos recursostecnolgicos,semummanualdeinstruesdecomofazerparaoperare explorartodososrecursosdoequipamento. Porissooknowhowhojeogrande trunfo da indstria, e de importncia econmica sem precedentes para os pases desenvolvidos. O knowhow acaba representando no campo prtico um direito de exclusiva,ondenonecessariamenteumasempresadetmoconhecimento,mas comojmencionamos,arelaodovaloreconmicoestardiretamenterelacionada aonmerodeempresasqueutilizemesteconhecimento. Neste sentido o BIRPI Oficinas Internacionais reunidas para la 53 Proteccin de la propiedad industrial , com sede em Genebra, registra em seus arquivos a posio de Secretan Troyanov, que afirma que o knowhow era prejudicialapatente. O douto catedrtico espanhol GOMEZ SEGADE coloca de forma mais equilibrada e muito pertinente, ou seja, afirma o professor espanhol: quando o knowhow tem por objeto uma inveno patentevel, mas no patenteada a anttesedapatente,masistonoocorresempre54 .Ecomplementaafirmandoque o knowhow acaba sendo um complemento da patente, desde que utilizado com51 52

ONU,ReportofGeneralSecretaryUN,NewYork,1964. GOMEZSEGADE,2001,p.742.....laaquisicindeknowhowserimprescindibleparalograrumamayor rentabilidaddeumapatente,que,cedidadeformaaislada,notendraaenasutilidad. 53 BIRPI,organizacinpredecesoradelaOMPI,disponiblehttp://www.cisac.org/web/content.nsf/,em23de agostode2005. 54 SEGADE,2001,p.770.cuandoelknowhowtieneporobjetoumainvencinpatentableperonopatentada, eslaanttesisdelapatenteperoestnosesucedesiempre OrganizaescomoaONUeUNCTADvmdedicandoespaoaoproblemasdoknowhow.

moderao este recurso, e no apensas como mais uma forma de prolongamento dasexploraeseconmicasdapropriedadeindustrial. 55 Neste sentido LAS CUEVAS j afirma da importncia do direito internacional privado como fonte doutrinria para regular este ramo do direito carentederegrasmaisuniformes,porquenaprticaseconstatanormasregionaise princpiosgerais,enquantoasdetentorasdatecnologiabuscamnostradesecrets a proteoefetivadosseusprodutos. Por isso se estudou a confidencialidade no captulo anterior e se constatouqueosegredonoscontratosdetransfernciadetecnologiaocorreemum nveljurdicoamplo,ouseja,noselimitaaodireitodapropriedadeintelectual,pois visa proteger toda e qualquer informao estratgica das partes envolvidas na transfernciadetecnologia. Com isso no se quer afirmar que os contratos de transferncia de tecnologia tm como objeto contratual um bem jurdico distinto da tecnologia identificada e transferida. Afirmase que h confidencialidade nesta modalidade contratual,queultrapassaoslimitesdatecnologiaqueestsendonegociada. Alis, pelo fato de se incluir uma clusula de confidencialidade nesta modalidadecontratual,paraproteger,porexemplo,informaescomerciaisacabam por gerar confuses doutrinrias igualando o segredo industrial aos segredos de comrcio,porexemploeistonoprocedecomoiremosverificarnestecaptulo. Ocorre uma generalizao da expresso Knowhow, tanto pela doutrina quanto pelos organismos internacionais, que so imprecisos no conceito, e que levamatratarcomosinnimoocontratodeknowhowcomosegredoindustrial. Quando se faz referncia ao knowhow se inclui os contratos puros de knowhow,ouseja,oqueenvolvesomentetecnologianopatenteada,sejaatravs de uma cesso ou atravs de uma licena, bem como se estar incluindo os contratosmistos,cujoobjetocontratualpossuielementospatenteadoseoutrosno patenteados. 56 Para GOMEZ SEGADE :knowhow sinnimo desegredoindustrial , masoqueexisteumarestriodoacessooumesmosegredo,masnodeforma essencial. Evidentementeoprofessorespanholeestudiosodotemahmuitosanos verifica uma lgica no elemento segredo e no contrato knowhow, mas que com a realidade virtual, informtica, e com a criptografia, os conceitos de segredo e de domniopblicoficammuitocomprometidos. AlinhamosnoscomLADAS,queafirma:Apesquisa,particularmente,constituiumprocessocontnuoconducenteao aperfeioamento progressivo da tcnica. Os aperfeioamentos que ela permiterealizarnosoforosamentepatenteveis,poisumprocessoda tcnicaquenoseimpemaisdoqueamaneiranaturalaumapessoaque normalmenteusaatcnicaconsiderada[...]oknowhowseracimadetudo, 57 penso,ocomplementoeumcomplementomuitovalioso .

Imagina este texto, em portugus, disponvel numa biblioteca. Depois imagina o mesmo texto em ingls na internet, ou em um dialeto de um distrito chins. A criptografia nada mais do que uma forma de proteoeletrnica, que

55 56

LASCUEVAS,1984,p.70. GOMEZSEGADE,2001,p.738....knowhowessinnimo desecreto industrial..., 57 LADAS,1963,p.254.

tenta limitar o acessode terceiros aocontedo, mas queefetivamente se encontra disponvelseconseguirdecifraralinguagem. Da mesma forma como quem fala o dialeto chins ter acesso informao,queparaamaioriaserumgrandesegredo. Evidentemente que teremospercepesdiferentesdedomniopblicoedesegredo. Pensamos desta forma porque o prpio autor espanhol mais adiante 58 define a origem e conceito de knowhow como um termo que surge em 1916 da expresso inglesa to knowhow to do it , e que aps 1953 se disseminou pela doutrina mundial, absorvendoos mais distintosconceitos, e noserestringindo ao conceitooriginalequivalenteaoconhecimentodesegredosindustriais. Nem mesmo nos Estados Unidos h harmonia conceitual, e na jurisprudncia Norte americana podemos encontrar decises no mbito estatal definindoknowhowdeformadistinta. Assim, aquele que comunica uma informao poder impor uma obrigaodenodivulgao,assimsurgem oscontratosdeknowhow,como mais uminstrumentodeproteointelectual,cujajustificaofoiestudadapelorenomado ASCARELLIeganhaatualmentecontornosinteressantesquandocomparamoscom arealidadeexpostapeloautor. Dando continuidade o douto catedrtico espanhol, GOMEZ SEGADE, 59 nos ensina que: em muitos casos resultar mais econmico pagar um alto preo pelarecepodoknowhow,querealizarnombitodaempresaaspesquisasparaa obteno do knowhow. Evidentemente que ele est correto, e em determinados casos,mesmoqueoacessoaoknowhownosejasecretoeestejaemumaordem de conhecimento de domnio pblico reunir as informaes necessrias poder demandarmuitotempoedinheiro. Existem basicamente quatro ordens de conhecimento tecnolgico: o patenteado, o de domnio pblico absoluto, e os restritos, que se subdividem em duasordens,restriorelativaerestrioabsoluta. Nocasodapatenteedodomniopblicoabsolutonosoimportantes para o knowhow, pois efetivamente ningum pagaria por algo que est evidentementedisponvel,ouquegozedeproteolegaldeexclusividade. Na restrio relativase est diante deconhecimento, queapesar deser tratado como segredo industrial, muitas vezes est disponvel, mas apenas o aquisitor no tinha conhecimento de como fazlo, ou seja, o conhecimento tecnolgico estar disponvel de forma fragmentado, e limitado aos centros de pesquisauniversitrios,masosinteressadosnosabemexatamentecomoacess las,eporissopreferempagarporumknowhow. Um exemplo seria um conhecimento dos mecanismos operacionais de determinada mquina, que podem estar disponveis no meio acadmico, na forma de um artigo, ou em um equipamento similar, ou mesmo na internet, mas que aparentementenoestdisponvel. Joconhecimentorestritoabsolutoexigeelevadaspesquisasemesmo assim esbarra em problemas de ordem tecnolgica para se obter determinado conhecimento. Por exemplo, no se pode conseguir determinado knowhow em tecnologiadesatlites,semumsupercomputadorparafazerosclculosnecessrios paraaspesquisas,porissooconhecimentoserrestritoabsoluto.58 59

BlacksLawDictionary SEGADE,2001,p.742..[...]enmuchoscasosresultarmseconmicopagarunaltoprecioporla recepcindelknowhow,querealizarenelsenodelaempresalasinvestigacionesconducentesalaobtencindel knowhow[...].

PorissoCABANELLASmencionaqueoknowhowpodersertransferido deformaverticalouhorizontal,ouseja,naformaverticalimplicanumadependncia tecnolgica que dificilmente superada, enquanto que na relao horizontal pode trazerdesenvolvimentotecnolgico. Outrossim,noseafirmaaquiqueoconhecimentorestritoabsolutosejao mesmoquesegredoabsoluto,poisnocasodesegredoabsoluto,noestarsendo negociadoporcontratosdeknowhow,masnadaimpedequealgumdescubrapor 60 meiosprpriostecnologiasemelhanteoudemesmafinalidade . Com base exatamente no grau de restrio a empresa dever adotar o tipoecontratodeknowhowqueircelebrar,sendodecesso,licenaemistos. Knowhowesegredocomercial Quanto aconceito doknowhow seexpandeparaelementoscomerciais, entendemosqueumadistorojurdica,casocontrriotudopoderserobjetode um contrato de knowhow. Esta ampliao se deve ao uso da expresso trade secretemcontratosdeknowhow. A obrigao no caso de natureza comercial e no de propriedade intelectual, por isso se exclui a possibilidade de associar esta modalidade de segredo com o knowhow. Evidentemente, que nada impede que em um contrato desta natureza tenha diversos tipos de obrigaes, envolvendo diversas modalidadesdesegredo,oquejustificariaaamplitudeconceitual. No se concorda com tamanha amplitude como j fundamentamos anteriormente, pois a cincia jurdica se faz com base na preciso terminolgica e nonumatentativadeabrangerosinteressesdosetorprivado. 61 Entretanto quando LAS CUEVAS cita os segredos amparados juridicamente,noestampliandooconceitodesegredoobjetodoknowhow, mas fazendoumarefernciaaosegredorelativo,ouseja,aquelequeobjetodoestudo jurdico,poisdealgumaformaestasendonegociadoetransferido. Diferentemente do segredo absoluto, que no objeto do estudo do direito, pois no adentra neste campo e permanece na individualidade de quem o gerou. Por outro lado se poderia afirmar que a legislao norte americana e a 62 jurisprudncia muitasvezesincluemelementoscomerciaisnoscontratosdeknow how.Estasituaoexistedefatoeseatribuaistoaumdirecionamentoeconmico e poltico que exercido pelos pases desenvolvidos, para manter os interesses econmicosdassuasrespectivaselites. Entretanto,abordaraproblemticapolticaeeconmicasobreaquesto demandaria outra tese. O objetivo aqui to somente sinalizar que existem interessesdeoutraordem,quandoseincluiosegredodecomrcionoscontratosde knowhow. Com issonose quer afirmar que estas informaescomerciaisestaro desprotegidas,muitopelocontrrio,poisseroobjetodaconcorrnciadeslealedas normasinternacionaisdocomrcio,masdefinitivamentenosetratadepropriedade intelectual.

60 61

Enriquecimentodeurniocomafinalidadedecombustvelnuclear LASCUEVAS,p.57e58. 62 Disponvelem http://www.law.duke.edu/journals/dltr/articles/2005dltr0023.html,acessoem29deabrilde 2005.

Aprpriadoutrinapordiversasvezesabordaotemadoknowhowdentro dodireitodaconcorrnciadesleal,eistoocorreexatamenteporqueutilizamotermo amplodeknowhow,queincluiosegredodecomrcio. O prprio MASSAGUER afirma que: seria pouco apropriado falar em contrato de licena de knowhow toda vez que este no goze de um status de propriedadeintelectual63 . A preocupao do detentor da tecnologia, que na tentativa legtima de proteger seu investimento em pesquisa e desenvolvimento celebra contratos mais 64 abrangentes, incluindo no contexto segredos comerciais e informaes que so importantesdopontodevistaestratgicodaempresa,masquenosoknowhow. Ocorre que isto gera uma insegurana jurdica, tanto para o Estado que deveexercerocontroledastecnologiasqueacessamopas,quantoosempregados das empresas envolvidas que muitas vezes tm de assinar contratos de trabalho, que envolvem a confidencialidade, mas cujo objeto impreciso, e se confunde at comodesenvolvimentopessoaldoempregado. Da mesma forma que o segredo poder surgir na relao contratual do servidorpblico,quandoesteexercedeterminadaatividadequeexigeamanuteno do segredo, e o servidor adquiriu a informao em decorrncia da sua atividade profissional. Como exemplo os funcionrios do INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial que lidam com os contratos de transferncia de tecnologia funcionriosdoMinistriodaEconomia,quetmacessoinformaesestratgicas do Estado funcionrios do Banco Central do Brasil, Ministrio da Defesa, que trabalham com projetos militares e de defesa. Todos os exemplos devem e so protegidospelosegredo,enemporissoiremosafirmarquesetratadepropriedade industrial. Nasrelaestrabalhistaseestatutrias,comonoscontratosdeknowhow deve prevalecer o princpio da boa f, com relao ao dever dos empregados e servidorespblicos,demanterosegredoeasinformaesestratgicasdaempresa sobsigilo.Apesar, denoser oobjetoda nossa tese,oscontratosde trabalho ea relao estatutria poder trazer obrigaes de segredo, porm no se trata necessariamente de um segredo de knowhow, pois no se trata de tecnologia voltadaparaaproduo. Evidentemente, que existe a possibilidade de dentro de um contrato de trabalho o funcionrio ouservidor pblico obter conhecimento de um knowhow, e neste caso no seu contrato de trabalho constar uma clusula explcita mencionandoqueomesmoteveacessoadeterminadoknowhoweseusdeverese responsabilidadesdiantedesteacesso. A violao do segredo pelo empregado causa de despedida por justa 65 causa , diante de uma violao contratual por parte do empregado, pois se o empregadoviolaosegredoestamosdiantededescumprimentodecontrato,masse um terceiro, no empregado, utiliza de meios ilcitos para acessar a informao 66 estamosdiantedeumaproteopenal .

63

MASSAGUER,1989,p.74.[...]serapocoapropiadohablaremcontratodelicenciadeknowhowtodavez queestenogozadelestatusdepropiedadindustrial[...]64

CASTELLS,Manuel.AEradainformao:Economia,sociedadeecultura.Vol.I.ASociedadeemrede. Lisboa:FundaoCalousteGulbenkian,2002b,p.3840. 65 Art.72,LCTLegislaotrabalhistaespanhola 66 Art.499,e497.2LP,leipenalespanhola

Concordase com a legislao espanhola, j que no primeiro caso o empregadoobteveacessoaoknowhowregularmente,eaoviolarosegredoviolouo contratodetrabalhoeaboafentreaspartes,ecomoconseqnciaserdemitido diferentementedeumterceiroqueseutilizademeiosfraudulentosparaacessara umainformaoindustrial,comoumespioindustrial. Aquiseencontraumaspectorelevantedeproteodosegredodoknow how, que est inserido no direito das obrigaes, de natureza contratual, pr contratualeaextracontratual. No primeiro caso quando as partes esto negociando um knowhow e para obter mais informaes tcnicas o detentor da tecnologia informa algumas partes do knowhow, e desde j consta uma obrigao pr contratual sobre as informaesobtidas. Nosegundocasoocontratodeknowhowpropriamentedito,ondeconsta o objeto sob segredo, a responsabilidade de manuteno do mesmo e as respectivaspenalidades. No terceiro caso um terceiro que ilicitamente acessa informaes de segredoindustrial,earesponsabilidadepenalnoexcluiaresponsabilidadecivilde repararodanocausado.Entretantonocabearesponsabilidadecivil,seodetentor do segredo no adotou as medidas necessrias para a proteo do segredo, ou mesmocontribuiparaqueainformaofossedivulgada. Paralelamenteaestesaspectossetemquandoforocaso,aaplicao depenalidadesespecficasdeconcorrnciadesleal,quandosetratardeformailcita deconcorrnciaentreempresas. NaturezaJurdicadoKnowhow Anaturezajurdicadosconhecimentosdeknowhowsegundoadoutrina norte americana est vinculada propriedade intelectual, que difere um pouco do 67 conceitodepropriedadeedosdireitosreaisdesenvolvidopelosromanos .Istose deveporquenosistemacommonlawnorteamericanosetornamaisflexveladmitir 68 novosconceitosdepropriedade,porequidade . 69 Por outro lado, segundo LAS CUEVAS esta flexibilidade acaba por tornar o conceito muito mais impreciso, se comparado com o direito europeu de origemromana. Entretantooproblematemorigemnoprpriotermopropriedadeenoque 70 consiste a mesma, na ambigidade do termo segundo DESSEMONTET , quando afirma que devido equidade no sistema anglo saxo, permite uma adequao constante do termo, e uma impreciso natural, que facilita a sua utilizao, mas tambmcertainseguranajurdica. A Conveno de Paris, art. 1, 2 sobre a proteo da propriedade industrial, engloba dentro da mesma, alm da marca, patente, modelo industrial, e da indicao de procedncia, a represso concorrncia desleal, finalidade maior doscontratosdeknowhow.Destaformaabrangedentrodapropriedadeindustrial, todoequalquerbemimaterial,quepossibiliteumaconcorrnciadesleal. 71 A doutrina norte americana, digase DESSEMONTET manifesta se no sentidodequetudoquetemvalorpatrimonialpassveldeserapropriadoedese67 68

MATTOS,2001,p.102. MILGRIN,1989.,P.1.41 69 LASCUEVAS,1984,p.271.. 70 DESSEMONTET,1976,p.327e328. 71 DESSEMONTET,1976,p.328.

atribuir propriedade, mesmo que diante da imaterialidade. Concluso bvia para umaculturaquevalorizatudoquepossuivalorpatrimonial,emdetrimentodeoutros valoreseinteressesdifusos. Ajurisprudnciaespanholatemclassificadoanaturezajurdicadoknow howcomoumasituaodefatoouumbemimaterial,quecontenhaumaexistncia unitriaeindividualizada,sendosuaproteoinstrumentalizadaatravsdosegredo, queestariabalizadoporprincpiosjurdicos,comoaliberdadedaempresa. 72 Acompanhando a jurisprudncia MASSAGUER afirma que a natureza jurdica do knowhow um bem imaterial e suscetvel de ser objeto de negcios jurdicos patrimoniais, e na tentativa de facilitar a identificao da natureza jurdica 73 destescontratosautorescomocompara ocontratodecessodeknowhowcomo decompra evenda e o de licenacom o de locao, mas de qualquer modoesta proximidade no descaracteriza a atipicidade desta modalidade contratual, que carecedeumregimejurdicomaisespecfico. 74 Entretanto, STUPMF cita na doutrina alem e discorda da utilizao destacomparaodevidonaturezaimaterialdoobjetocontratual,poissegundoo autor alemo alemes no se poderia apropriar em sentido real, algo que essencialmenteimaterial. Alis, a doutrina europia, de um modo geral ressalta sempre a liberdadecomosendoumprincpiofundamentaleconstitucional,quandosecolocao problema da opo pelo segredo, mas se esquecem de mencionar que existem conceitos constitucionais, como o princpio da segurana jurdica, reserva legal, dentreoutros,quesodireitosfundamentaisepodemlimitaraliberdade. Concluso Como se percebe estaremos diante de muitas variveis, mas no podemos concordar com um sistema tradicional, que privilegia a manuteno da tecnologia e do conhecimento, atravs de mecanismos jurdicos que representam umsrioobstculoaodesenvolvimentohumano,aocapitalismoeademocracia. Defender o segredo industrial e o knowhow de forma absoluta pode representar uma ameaa ao prprio sistema da propriedade industrial, pois diferentemente da patente, o segredo restringe o conhecimento e verticaliza a dependncia tecnolgica, tudo em nome da concorrncia e da competitividade e assim assistimos as Guerras Mundiais, as catstrofes ambientais e o genocdio africano.Tudoemnomedaracionalizaodacompetitividade. Referncias: ASCARELLI,Tullio. TeoradeLaConcurrenciaydelosbienesinmateriales. Trad.E.VerderaeL.SuarzLlanos.Barcelona:Bosch,1970. CORREA,DanielRocha. Contratosdetransfernciadetecnologia.Belo Horizonte:MovimentoeditorialdafaculdadededireitodaUFMG,2005. DELEUZE,JM. Lecontratinternationaldelicencedeknowhow.(savoirfaire). Paris:Masson,1988. DESSEMONTET,F.ThelegalprotectionofknowhowintheUnitedStatus. Ginebra.1976

72

MASSGUER,1989,p.65.Elknowhowes,comoquedadicho,unbieninmaterialy,portanto,essuscetible deserobjetodenegciosjurdicosdecarcterpatrimonial. 73 MASSAGUER,1989,p.81 74 STUPMF,1977,p.38.apudMASSAGUER,1989,p.82

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